AUTO DA BARCA DO INFERNO EM BANDA DESENHADA
Trabalho realizado por: Tiago Alcântara Manuel Silva
CENA I
Vamos embora! Está na hora! Mexe-te homem, despacha-
te!
É para já!
Cena II
Bom dia meu caro fidalgo! O que o traz por
cá?
Nada! Não fiz nada de mal!
Isso dizes tu! Toda a vida a passear, com uma e com
outra! Sobe já, que estamos atrasados!
Nem penses nisso! Vou mas é para aquela barca.
Aqui não entra você! Tratou mal toda a gente
e ainda quer favores! Isso é que era bom
Já olhou bem para mim? Quando estava
vivo, todos me tiravam o chapéu!
Já de volta? Eu bem te disse! Vá, pega nos remos e dá cá
uma ajuda
Maldita hora! Ai, que pouca sorte
a minha…
Cena III
Até que enfim meu rico onzeneiro!
Estava a ver que nunca mais
chegavas. Onde tens andado? A trabalhar no
duro. Mas tive esta infelicidade! Logo eu, que não
devo nada a ninguém.
Tu és cá dos meus. Somos da mesma
cepa, irmão! Embora
Aí não vou! Aquela barca parece-me bem
melhor.
Aqui só entram pessoas de bem! Não gente como tu,
que só pensa em roubar os outros!
Eu? Sou o mais pobre dos homens! Nunca tive
nada na vida
Rema mas é! Vamos aproveitar a maré
Amigo diabo, deixa-me ir buscar o meu
dinheiro!
Cena IV
Sou o Joane! Não me conheces? Posso entrar
na tua linda barca?
Quem aí vem?
O que te aconteceu?
Intestinos! Uma diarreia sem fim!
Não houve médico que me salvasse. Para onde vais?
Oh seu filho de um . . . malandro! Ladrão, bandido, velhaco, cornudo dum raio,
que sejas maldito para sempre tu e toda a tua
família!Inferno amigo
Joane! Um sítio bem quentinho.
Vais adorar!
Tu não tens culpa de nada! A tua cabeça é que não ajuda. Espera só umbocadinho. Pode ser que venha ainda alguém que mereça mais do que tu.
Anjinho, leva-me contigo anjinho!
Cena V
Sapateiro! Homem de bem, honesto e
trabalhador. Para onde vais?
Quem lá vem?
Para onde levo todos os
vigaristas!
Eu não!
Tu sim! Roubaste e enganaste que te fartaste!
Mas tantas vezes fui à igreja, tantas
prendas aos santos, missas,
confissões!Isso não serviu de
nada?
Estás carregado deles! Esta barca
não é para pecadores. Aqui
não cabes
Valha-me deus! Só trago estas
forminhas comigo! Para fazer uns
sapatinhos
Cena VI Nem penses! Sou homem da igreja. O meu lugar é
naquela barca. Anda
Florença minha.
Sabes dançar frade? E a tua
querida também?
Vamos bailar no convés!
Entra.
Podemos entrar, meu
anjo?
Some-te já daqui! Seu
safado!
Cena VII Viva! Trago aqui todos os meus bens e umas
raparigas bem jeitosas que
trabalharam para mim.
Já cá devias estar! Estamos mesmo de saída. Não me faças perder mais tempo.
Podes voltar para trás.
Não venhas para aqui
maçar-me.
Vou mas é à outra barca! Penei tanto em vida que bem
mereço o céu. Ajudei tanta gente
que se dizia devota. É esta a minha
paga?
Cena VII
Deixa-me embarcar com o meu bode! Pago
o que for preciso
Nem penses nisso! Aqui só vão
crentes, gente da igreja
Seu ratoneiro!
Grande patife me
saíste! Ainda vais acabar
mal!
Malandro Excomungado!
Agarra-te judeu, que
vais a reboque! Tu
e o teu animal!
Cena IX
Suba, suba corregedor! Já
que aqui estais!
Entratur nesta barcati no para
mi esti!
Esta é a sua barca sem
dúvida. Burlões e
corruptos, é comigo!
Minha mulher recebia as
prendas! Não eu! Que culpa
tenho?
Mais um. Confessaste-te
amigo?
Não! Para quê? Não contava morrer tão cedo. Anda, corregedor
vamos àoutra barca.
Ladronastis tudo, roubastis
o que puderam,
aldrabastis toda a gente,
seusmiserabilis!
Vamos! Não há
remédio.
Todos os pecadores
deste mundo têm lugar naquela
barca. Ide, juntai-vos aos
outros!
Cena X
Engano amigo! Isso é
o que tu pensas! Entra
já
Quem morre da corda tem direito ao
paraíso
Cena XI Então
cavaleiros!? Onde ides?
Nem perguntam
nada?
Nós lutámos por Jesus Cristo. Ao
paraíso nos vamos que a
ele sabemos terdireito!
FIM