8/4/2019 AVALIAO DE BARREIRAS DE RADIOPROTECO - (V 0.1)
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AVALIAO DE BARREIRAS DE RADIOPROTECO PARA UMAFONTE DE RAIO-X DE DIAGNSTICO E TERAPUTICO
JOO MANUEL OLIVEIRA
Luanda, Agosto de 2011
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I -SUMRIO
II - INTRODUO ........................................................................................................ 3III - CONCEITOS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 5
III.1. TEMPO DE IRRADIAO (BOT) ................................................................ 5III.2. POTNCIA DA FONTE (P) ........................................................................... 5III.3. CARGA DE TRABALHO .............................................................................. 6III.4. DOSE LOCAL MXIMA PERMITIDA (HW) ............................................... 6III.5. FACTOR DE USO .......................................................................................... 7III.6. FACTOR DE OCUPAO ............................................................................ 7
IV - DOSE SEMANAL ESPERADA ............................................................................ 8V - AVALIAO DA EFICCIA DE UMA BARREIRA .......................................... 9
V.1. AVALIAO DE UMA BARREIRA DE RADIOTERAPIA ........................ 9V.2. AVALIAO DE UMA BARREIRA DE RADIODIAGNSTICO ........... 10
VI - CONCLUSO ...................................................................................................... 12VI.1. RECOMENDAES .................................................................................... 12
VII - BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 13
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II -INTRODUOA avaliao das barreiras de radioproteco constitui, talvez, o mais importante
requisito de garantia de segurana radioactiva de uma instalao que utilize radiaes
ionizantes como parte do seu negcio, ou como parte essencial da sua existncia. Isto se
aplica a todas as instalaes, inclusive as instalaes mdicas, as industriais, as cientficas, as
tecnolgicas, ou de qualquer outra natureza.
Ora, avaliar uma barreira de radioproteco, significa antes de mais garantir que esta
cumpre com os limites de doses de radiao internacionalmente aceites e que podem ser
encontrados na tabela 6, do relatrio 60 do ICRP ( International Commission on Radiation
Protection) (ICRP, 1990 p. 20) e que so por esta razo adoptadas pela IAEA (International
Atomic Energy Agency Agncia Internacional de Energia Atmica) (FAO, 1996 p. XI;
FAO, 2009 p. 1).
Entretanto, uma vez que, os limites de dose propostos pelo ICRP esto apresentados
em termos de dose efectiva (dose acumulada num certo intervalo de tempo), isto implica que
a correcta avaliao da dose a que as pessoas esto submetidas, segundo os limites supra-
citados s pode ser efectuada passado o tempo a que esto associadas, i.e., em rigor s se deve
avaliar a dose a que uma pessoa est submetida, causada directamente por uma fonte a que
uma barreira suposta proteger, passados no mnimo 1 ano. Ora, este cenrio contm duas
falhas potenciais que vo aqui ser apresentadas:
1. Para a obteno de tal dose necessrio algum tipo de dosimetria individual, paratodas as pessoas a que se pretende proteger, inclusivamente os membros do
pblico. Por razes tcnicas, prticas e econmicas bvias, tal desiderato no se
pode atingir;
2. Por ser um cenrio ps-activo, no caso de uma inefectividade da barreira, a suaavaliao somente seria realizada aps a ocorrncia do dano, o que iria requer
aces ps-dano com carcter paliativo apenas.
Estas falhas potenciais exigem dos responsveis de radioproteco e das autoridades, a
criao de algum tipo de conceito profiltico em radioproteco, que nos permita de forma
razovel aceder a dose que ir produzir numa pessoa qualquer, determinada fonte de radiao,
i.e., o princpio fundamental da avaliao de uma barreira consiste em determinar a dosemdia esperada durante um certo intervalo de tempo que uma fonte deposita numa pessoa em
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particular, e compar-la com a fraco dos limites a que esta mesma pessoa est sujeita dentro
deste mesmo intervalo de tempo.
Pesa embora a sua importncia, a correcta avaliao das barreiras de radioproteco,
as vezes, alvo de algumas ideias simplistas, que no representam correctamente o ambiente
radiolgico de uma instalao. Uma destas ideias que aparece de forma recorrente consiste na
avaliao das barreiras simplesmente pela observao da taxa de dose instantnea medida
durante o processo de levantamento radiomtrico. Entretanto, o NCRP (National Commission
on Radiation Protection and Measurements) deixa claro que1
Aquando do desenho das barreiras () usual assumir que a
carga de trabalho ser igualmente distribuda ao longo do ano. Por
isto, razovel desenhar uma barreira de formas a cumprir com um
valor semanal equivalente a um quinquagsimo2
(1/50) do limite
anual. Contudo, redues subsequentes () para intervalos menores
no so apropriadas3
e podem ser incompatveis com o princpio
ALARA. Especialmente o uso das taxas de dose equivalente
instantneas (). (NCRP, 2005 p. 62)
Assim sendo, deste pargrafo pode-se tirar a ilao de que como uma barreira desenhada para cumprir valores semanais, razovel que a sua avaliao seja feita de alguma
maneira sobre estes valores, e no em valores de taxa de dose medidos durante um intervalo
de tempo de alguns milissegundos (caso das salas de raios-x convencionais), ou de poucos
minutos (casos das salas de radioterapia, ou de raios-x de interveno). Deve-se notar ainda,
que a escolha da dose equivalente esperada, acumulada durante uma semana ainda descrita
como () til na avaliao da efectividade das barreiras na revista de relatrios de
segurana da IAEA n47 (IAEA, 2006 p. 8).
1 Traduo livre.2 O parntese nosso.3 A nfase nossa.
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(3) Por exemplo, um acelerador linear que debita uma taxa de dose de 200 UM/minuto,
durante um minuto produz uma dose de 200 UM ou seja 2 Gy, a um metro da fonte.
III.3.CARGA DE TRABALHOA carga de trabalho (W) usada para providenciar algum tipo de informao quanto a
quantidade de radiao emitida por semana pelas fontes a 1 metro das mesmas (IAEA, 2006).
Ela tem em conta o nmero n de pacientes tratados e o nmeroNde dias por semana em que
o centro est em funcionamento.
(4) III.4.DOSE LOCAL MXIMA PERMITIDA (HW)
Uma vez que o objectivo das barreiras protectoras fazer cumprir os limites de dose
legalmente estabelecidos, um limite mximo de dose fora das barreiras deve ser estabelecido.
Na TABELA 1 apresenta-se os valores tpicos para a dose local mxima permitida
anuais e semanais, durante o planeamento da construo das barreiras. Aqui considera-se um
ano como contendo 50 semanas.
TABELA 1 - VALORES TPICOS DE DOSE LOCAL MXIMA PERMITIDA NAS REAS ADJACENTES A UMA FONTE DE RADIAO[Fonte: (Deutsches Institut fur Normung e.V, 2008)]
rea de interesse Dose local mxima
anual [mSv/ano]
Dose local mxima semanal (Hw)
[mSv/sem] [Sv/sem]
Controlada 20 0,4 400
Supervisionada 6 0,12 120
Pblica 1 0,02 20
O NCRP (2006) e a IAEA (2006) denominam estes valores como o objectivo do
desenho das barreiras ou Shielding Design Goal na expresso em ingls. Esta definio tem a
particularidade de fazer sobressair a importncia e a razo de se definirem estes valores.
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III.5.FACTOR DE USOO factor de uso (U) representa a fraco do tempo em que a radiao primria aponta
directamente para uma determinada barreira ou parede. Por outras palavras, o factor de uso
representa a probabilidade do feixe primrio incidir sobre uma dada barreira durante o tempo
correspondente a uma semana, em que a mquina est efectivamente a funcionar. O factor de
uso para as barreiras primrias varia entre 0 e 1 (0 a 100%), sendo sempre igual a 1 para as
barreiras secundrias.
III.6.FACTOR DE OCUPAOO factor de ocupao (T) indica a fraco de tempo que um mesmo indivduo passa
numa sala adjacente, i.e., representa o grau de ocupao da rea em questo, sendo por isso
um factor pelo qual a carga de trabalho deve ser multiplicada para ter em considerao a
percentagem da dose que atinge um ponto que efectivamente absorvida por uma pessoa em
questo.
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IV -DOSE SEMANAL ESPERADASeja P um ponto qualquer fora da sala de irradiao (local a proteger). Seja agora,IDR
a taxa de dose instantnea medida neste ponto durante a realizao do levantamento
radiomtrico, a dose absorvidaDrneste ponto durante a realizao de um procedimento ser
(5) Assim a dose semanal debitada neste ponto durante a realizao de n procedimentos
por dia, com o centro a funcionar duranteNdias numa semana, ser
(6) Contudo, pela equao (4), pode-se observar que o produto n * N igual a razo entre
carga de trabalho pela dose absorvida a um metro, ou seja
(7) Entretanto, a dose semanal apresentada acima no leva em conta a mudana na
direco do feixe que ocorre na semana, devido a realizao dos diferentes procedimentos.
Por este motivo, o valor mais razovel para a taxa de dose semanal esperada, deve conter um
factor que leva em conta esta mudana na direco do feixe. Este desiderato atingidoadicionando a equao (7) o factor de uso. A dose semanal assim descrita denomina-se Taxa
de Dose Mdia no Tempo avaliada durante uma semana (weekly Time Averaged Dose Rate,
TADRw), e em geral representada pelo smbolo .
(8) A equao (8) representa a dose semanal mdia esperada, que a fonte de radiao
deposita num ponto P do espao, e equivale a dose esperada que um dosmetro TLD porexemplo, registaria se fosse colocado neste mesmo ponto durante a semana em questo, e
pode ser encontrada nas referncias (IAEA, 2006 p. 8) e (NCRP, 2005 p. 62)4.
4 A potncia da fonte se encontra representado por uma notao diferente nestas referncias.
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V -AVALIAO DA EFICCIA DE UMA BARREIRAEmbora a equao (8) nos fornea a dose semanal esperada num ponto, por si s, no
satisfaz a necessidade de avaliao da dose semanal que a fonte efectivamente deposita numa
pessoa em particular, durante o seu funcionamento no perodo em questo, porque, ela como
j foi referido representa a dose depositada num ponto do espao, e no leva em conta a
fraco de tempo que uma pessoa passa junto deste ponto. Assim, o prognstico correcto da
dose semanal absorvida por uma pessoa deve ser feito introduzindo o factor de ocupao na
equao (8), ou seja
(9)
Aqui,
a dose equivalente semanal mdia esperada para uma pessoal qualquer em
Sv/Semana;
IDRH a taxa de dose equivalente instantnea em Sv/h.
W a carga de trabalho em Gy/Semana;
P a potncia da fonte em Gy/h.
Uma vez prevista a dose equivalente que uma fonte protegida por uma barreira produz
numa pessoa qualquer durante o perodo de uma semana, para determinar a eficcia de uma
blindagem basta compararmos o valor esperado pela dose local mxima permitida. Ento
Barreira efectiva:
V.1.AVALIAO DE UMA BARREIRA DE RADIOTERAPIADurante o levantamento radiomtrico da instalao de radioterapia a mquina em geral
posta a funcionar nas condies mximas, conhecidas como pior cenrio possvel.
Neste caso a potncia da mquina exactamente igual a taxa de dose mxima da
mquina e medida em unidades de dose por unidade de tempo. A equao (9) pode ser
escrita como
(10)
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Alguns exemplos interessantes como o que se segue podem ser encontrados em
Rodgers5 (2006).
TABELA 2 - DESCRIO DOS PARMETROS DA BARREIRA
Localizao TipoW
[Gy/Semana]
[Gy/h]U T
Hw
[mSv/Semana]
A Pblica 1000 325 0,2 0,05 0,02
TABELA 3 - AVALIAO DA BARREIRA
LocalizaoIDRH
[Sv/h]
Rw
[Sv/Semana]
Hsemanal
[Sv/Semana]
Hw
[Sv/Semana]
Aplicvel Status
A 650 400 20 20 Sim OK
Este exemplo demonstra bem o cuidado a tomar na hora de avaliar a barreira
simplesmente pela taxa de dose instantnea medida. O valor de 650 Sv/h pode causar algum
impacto junto da pessoa que realiza o levantamento radiomtrico, entretanto como podemos
observar, esta barreira aplicvel, e tem OK como Status.
Raymond K. Wu (2006) afirma que O IDR medido pode ser enganoso. Por isto,
relembra-se que o processo de avaliao da efectividade de uma barreira de radioproteco
um processo analtico mais ou menos complexo, onde tm que ser lavados em conta vrios
aspectos, e no somente a taxa de dose instantnea medida.
V.2.AVALIAO DE UMA BARREIRA DE RADIODIAGNSTICOA avaliao das barreiras de radiodiagnstico feita de forma totalmente similar a
avaliao de uma barreira de radioterapia. Contudo, possui algumas peculiaridades, que
apresentam-se a seguir.
possvel demonstrar, seguindo uma cadeia sucessiva, que a dose semanal Rw
directamente proporcional a carga elctrica (geralmente medida em miliamperes x segundo ou
maA*s) total que passa pelo nodo terminico do tubo de raios-x. Assim, e como muito
5 James Rodger membro da Associao Americana de Fsicos na Medicina, e juntamente comRaymond K. Wu foi vice-presidente do comit cientfico 46-13 que criou o relatrio n151 do NCRP, j citadoneste trabalho.
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mais simples medir a carga em vez da dose, a carga de trabalho W, e a potncia dos tubos de
raio-x so escritos em funo da carga elctrica que atravessa o tubo. Ora, se a carga elctrica
proporcional a dose por similaridade pode ser provado que a taxa de dose directamente
proporcional a intensidade da corrente elctrica (geralmente em mA) total que atravessa o
nodo.
(11)
(12) Entretanto, esta mudana no afecta as equaes j apresentadas neste trabalho, uma
vez que a razo entre W e P continua a ter a mesma dimenso (unidade).
Se na equao (9) introduzirmos o termo
Ento, esta equao se converte em
(13) Onde,
IDRQ est em mSv/h*mA;
West em mA*min/Semana;
O factor 60 aparece aqui devido a converso de mA*h para mA*min.
A equao (13) pode ser encontrada em (AAPM, 2003 p. 23)6.
6 Nesta referncia o factor de uso considerado igual 1, e a taxa de dose em funo da intensidade dacorrente tem uma notao diferente.
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VI -CONCLUSOEmbora no seja um processo muito complexo, a avaliao da segurana de uma
barreira de radioproteco, pode conter armadilhas e levar a concluses enganosas. A
principal razo para tais problemas consiste essencialmente na simplificao do problema.
Na hora de avaliar uma barreira crucial levar em conta todos os factores que
concorrem para a estimativa da dose semanal depositada numa pessoa por uma fonte, a que a
barreira em questo deveria proteger.
VI.1.RECOMENDAES1. Evitar a simplificao do problema, e as concluses baseadas nas leituras dos
dosmetros aquando da realizao do levantamento radiomtrico;
2. Para a correcta avaliao e segurana das pessoas, talvez mais importante do que oprocesso de avaliao em si a colecta de dados fiveis. Assim recomenda-se o
uso de equipamento adequado para a realizao do levantamento radiomtrico.
Para a medio dos feixes primrios e secundrios dos raios-x, por causa da sua
natureza pulsante recomenda-se o uso de uma cmara de ionizao de pequeno e
grande volume respectivamente.
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VII -BIBLIOGRAFIAAAPM. 2003. Quality assurance for computed-tomography simulators and the computed-
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http://www.acmp.org/meetings/lasvegas2006/Rodgers.Practical%20Examples.NCRP
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