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Calçados Femininosrelatório de inteligênciaFEVEREIRO | 2014
Fabricação de calçadosAlternativas de matérias-primas
Boa parte da produção de calçados ainda é fabricada com couro, matéria-prima tradicional e sinônimo de
durabilidade e qualidade. Este relatório mostrará aos pequenos negócios do setor calçadista que é possível
expandir o mercado para além do couro, por meio de alternativas mais ecológicas, conceito conhecido como
ecoshoes. Algumas empresas já têm despertado para esse nicho.
A indústria de couros é cada vez menor como fornecedor para a indústria de calçados, a qual também não é usuária predominante no consumo de matéria-prima do curtimento. Nos últimos anos, muitos empresários têm aderido ao uso de materiais alternativos para a fabricação de calçados.
Fonte: Mauro Borges Lemos et al. Estudos Setoriais de Inovação: Indústria do Couro, Calçados e Artefatos (2008)
Fonte: Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) (2013)
“Em setores muito competitivos, como a indústria de calçados, a di-
ferenciação é essencial. Apostar num mercado que não tem suas necessi-dades completamente atendidas é a
melhor estratégia.”
Wlamir Bello, consultor do Sebrae-SP
Fonte: Larissa Coldibeli. Economia Uol. Empresário descarta couro e faz calçados veganos com algodão e borracha (2013)
O Brasil é o 3º maior produtor mundial de calçados.
Em 2012 foram fabricados no país 864 milhões de pares.
São mais de 8 mil empresas calçadistas pelo país.
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Redução do uso do courona fabricação de calçados
Classificação dos resíduos
Selo para produtos sustentáveis
Buscar novas alternativas é essencial para se sobressair em um mercado muito concorrido. Os calçados
ecológicos têm se mostrado um ótimo diferencial, dado o apelo sustentável crescente da sociedade. A
redução do uso do couro na fabricação de calçados está diretamente ligada à esta tendência.
De acordo com suas propriedade e características, os resíduos apresentam diferentes níveis de periculosidade.
Os resíduos de classe I, em função de suas propriedades físico-químicas e infecto-contagiosas, são os mais
perigosos ao homem e ao meio ambiente. Os acidentes mais graves e de maior impacto ambiental são
causados por esta classe. Os de classe II são menos nocivos, e na maioria dos casos podem ser reciclados.
Muitas empresas estão
buscando novas alternativas
de materiais para uma
produção sustentável, visando
surpreender os consumidores do
mercado calçadista. O conceito
de ecodesign está em
alta no setor.
Resíduos da classe I
Ecodesign
Resíduos da classe II
A expansão do nicho ecológico tem feito com que entidades se mobilizem para estimular a produção. O
selo Produção Consciente = Amanhã Mais Feliz é concedido pelo Sindicato das Indústrias de Calçados,
Componentes de Calçados de Três Coroas (RS). No total, 17 empresas já foram certificadas, mas, para isso,
precisam seguir uma série de critérios.
Inflamáveis,
corrosíveis, reativos,
tóxicos ou patogênicos,
conforme classificação
disponível na Norma
ABNT 10 004 de
09/1987.
É todo o processo que contempla os aspectos ambientais em que o objetivo principal é projetar ambientes, desenvolver produtos e executar serviços que, de alguma maneira, reduzirão o uso dos recursos não-reno-váveis ou ainda minimizar o impacto ambiental dos mesmos durante seu ciclo de vida. Isto significa reduzir a geração de resíduo e economizar custos de disposição final.
Apesar da evolução nos processos de fabricação de
calçados de couro, alguns materiais utilizados ainda se
encaixam nesta classificação. Os restos de couro cur-
tido ao cromo, por exemplo, contêm metais pesados
em sua composição que podem ser cancerígenos.
Podem apresentar uma das propriedades: combus-
tibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água.
Grande parte deles pode ser reciclada.
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Comparativo de materiaiscalçados ecológicos e convencionais
Um estudo elaborado pelo Curso Técnico em Calçados da Escola Senai Márcio Bagueira Leal, em Franca (SP),
produziu calçados usando materiais ecológicos, e os comparou com calçados convencionais.
O gráfico abaixo compara os custos de matéria-prima do calçado convencional e do ecológico:
foi o acréscimo no custo final de um sapato ecológico se comparado ao mesmo tipo de calçado utilizado no mercado
9,38%
Fonte: Ecodesign: o calçado ecológico economicamente viável - Revista Eletrônica de Educação e Tecnologia do Senai-SP, Vol. 2, nº 3. (2008)
Couro ecológico curtido ao titânio, forro em malha
de bambu, solado em borracha látex gel, as espu-
mas de látex natural, a couraça e o contraforte (ter-
moconformantes) recicláveis e os adesivos (ou colas)
à base d´água.
Couro curtido ao cromo, forro em couro também
curtido ao cromo, o v solado em TR, as espumas em
P.U., a couraça e contraforte não-recicláveis e os ade-
sivos à base de solventes.
Calçado ecológico
Custos de matéria-prima de calçados convencionais e ecológicos
Calçado comum
10 20 30 40 50 60
Couro curtido ao cromo
Malha fina
Solado em TR
Espuma de PU
Adesivo à base de solvente
Termoconformantes convencionais
valores em R$
Imagens: Calçados ecológicos fo-tografados pelos autores da Escola Senai Márcio Bagueira Leal.Fonte: Ecodesign: o calçado ecológico economicamente viável - Revista Eletrônica de Educação e Tecnologia do Senai-SP, Vol. 2, nº
Couro curtido ao titânio
Malha de bambu
Solado em gel
Espuma de látex
Adesivo à base d’água
Termoconformantes recicláveis
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Exemplosde matérias-primas alternativas
Casos de sucessoempresas que desenvolvem calçados ecológicos
Chinelo com folha de bananeira foi a aposta da grife Green Valley, de Balneário
Camboriú (SC), resultado de parceria com a comunidade de bananicultoras da ci-
dade de Corupá (SC). As tiras do chinelo são feitas de látex biodegradável produzi-
do no Acre e no Amazonas, por famílias ribeirinhas, com tecnologia desenvolvida
pela Universidade de Brasília.Fonte imagem: Click Camboriú (2010)
Fonte: Rotary Jahu Leste
Fonte imagem: Ahimsa (2014)
Chinelo de bananeira
Green Valley
AhimsaCalçados veganos de algodão
Gabriel Silva, diretor da Ahimsa, em Franca (SP), optou pela fabricação de calçados e carteiras sem o uso de
matérias-primas de origem animal. Em entrevista concedida ao portal Uol, em 2013, Silva contou que a ideia
surgiu após adotar o estilo de vida vegetariano e hoje seu público-alvo são vegetarianos, veganos e simpati-
zantes. Ele também visa uma produção sustentável. “Não usamos couro em nenhuma peça, apenas tecido
100% algodão. Os solados são de borracha natural, que vêm do látex. A cola é à base d’água, por isso é menos
agressiva ao ambiente”, revelou o empresário. O fundador da Ahimsa destaca que o que possibilita a produção
de calçados veganos ser mais barata do que a tradicional é que o tecido custa menos do que couro.
Para a fabricação de peças de saltos,
solados, forros, avessos e palmilhas:
EVA (Etil Vinil Acetato)
SBR (borrachas termoplásticas)
PU (Poliuretano)
PVC (Policloreto de Vinil)
Couro sintético
Laminado sintético
Couro de peixe, cobra e rã
Bucho de boi
Pé de peru
Pneus
Crochê
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Fonte imagens: UOL Economia (2012)
Aposta na sustentabilidade
Sapatos em couro de peixe
Fundada em 2000, a empresa Green Obsession, de Manaus (AM), fabrica calçados e bolsas a partir de couro
de peixe, associado à juta e buriti, produtos biodegradáveis típicos da região. Matéria veiculada em 2012 pela
Agência Sebrae de Notícias, destaca que 90% do couro do peixe no Brasil é descartado no mar e em rios.
“Para inovar em seus produtos, a Green Obsession conta com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisa da
Amazônia (Inpa) usando a tecnologia desenvolvida pelo instituto para o tratamento do couro de peixe”, expli-
cou o empresário Aidson Ponciano.
A Piccadilly há anos vem investindo em pesquisa de novos materiais, e atualmente nenhum calçado da
marca é produzido com matéria-prima de origem animal. A Picadilly recebeu o selo de sustentabilidade do
Programa Origem Sustentável, iniciativa lançada em 2013 pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
(Abicalçados) e a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos
(Assintecal), em parceria com o Laboratório de Sustentabilidade (LaSSu) da Universidade de São Paulo (USP) e
do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Fonte imagem: Piccadilly (2014)
Fonte: Portal Vista-se (2008)
Green Obsession
Piccadilly
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Calçados femininosrelatório de inteligência
FEVEREIRO | 2014
AÇÕESRECOMENDADAS
Buscar parceria com universidades e centros de pesquisas tecnológicas pode ser fundamental
para adaptar uma matéria-prima. Inclusive, por meio do convênio com universidades, é possível
buscar editais de subvenção da Financiadora de Projetos (Finep) e o Sebrae, que financiam
projetos de pequenos negócios que investem em inovações tecnológicas;
A dificuldade em encontrar insumos e materiais utilizados na fabricação dos calçados ecológicos
pode parecer uma primeira barreira, entretanto a cartilha Ideias de negócios sustentáveis: fábrica
de calçados ecológicos de 2012, enfatiza que é preciso, antes de tudo, pesquisar e criar uma
rede de fornecedores de matérias-primas;
Em 19 de dezembro de 2005 foi sancionada a Lei nº 11.211, que estabelece as condições exi-
gidas para a identificação do couro e de matérias-primas utilizados na confecção de calçados
e artefatos. As empresas fabricantes ou importadoras são obrigadas a identificar, por meio de
símbolos, os materiais empregados na fabricação dos respectivos produtos, quando inseridos no
mercado brasileiro. Os símbolos devem caracterizar a natureza do material empregado na fabri-
cação do cabedal, forro e sola;
Acompanhar as tendências de mercado pode servir de inspiração para novas e boas ideias. A
cultura da inovação é fundamental para atrair mais clientes e gerar lucros;
Procure conhecer as necessidades dos consumidores desse mercado. Para isso, é possível fazer
parceria com lojistas para ouvir vendedores ou até mesmo clientes;
Fique atento, pois os baixos preços praticados pelo mercado asiático necessariamente não estão
vinculados à qualidade dos produtos, sendo este, muitas vezes, um item mais importante para
agradar as consumidoras;
O Sebrae proporciona apoio aos pequenos negócios por meio do Sebraetec, programa de
abrangência nacional, que visa ajudar a melhorar ainda mais os negócios por meio da qualifica-
ção. Orienta nas áreas de design, inovação, produtividade, propriedade intelectual, qualidade,
sustentabilidade e tecnologia da informação e comunicação;
Para entrar no segmento de calçados ecológicos é essencial ter preocupação e responsabilidade
ambiental. O Relatório de Inteligência, do SIS/Sebrae/SC, intitulado Ecoshoes: sustentabilidade
como oportunidade de mercado, de 2011, apresenta casos de algumas empresas de componen-
tes ecológicos.
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