1
CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS PARA O CRESCIMENTO
ECONÔMICO: A QUINTA LEI DE KALDOR
Msc. Adilson Giovanini1
Dr. Marcelo Arend2
Resumo
Kaldor e Thirlwall propuseram quatro leis segundo as quais apenas o crescimento do
setor industrial resulta em crescimento econômico. As evidências empíricas mais
recentes indicam que o crescimento econômico é na realidade aumento na quantidade de
conhecimento produtivo. O setor industrial é constituído por atividades que demandam
diferentes quantidades de conhecimento. As atividades com maior conteúdo tecnológico
requerem mais conhecimento e são mais difíceis de serem realizadas. A execução destas
atividades demanda serviços que fornecem ao setor industrial o conhecimento que ele
necessita. Dadas estas evidências, este estudo defende a existência de uma quinta lei de
Kaldor, o crescimento econômico depende do tamanho do setor de serviços. A
existência desta lei é testada através da estimação de modelos VAR em painel para oito
países desenvolvidos no período 1980-2009. Os resultados obtidos corroboram a
hipótese levantada. O crescimento do setor de serviços causa Granger a crescimento
econômico.
Palavras-chave: Kaldor; serviços; complexidade; crescimento econômico
Abstract
Kaldor and Thirlwall proposed four laws under which only the growth of the industrial
sector results in economic growth. The most recent empirical evidence indicates that
economic growth is actually increasing the amount of productive knowledge. The
industry consists of activities that require different amounts of knowledge. Activities
with higher technological content require more knowledge and are more difficult to
perform. The implementation of these activities demand services that provide the
industry knowledge it needs. Given this evidence, this study supports the existence of a
fifth law of Kaldor, economic growth depends on the service sector size. The existence
of this law is tested by VAR models pet panel for eight developed countries in the
period 1980-2009. The results support the hypothesis. The growth of the service sector
because Granger to economic growth.
Key-words: Kaldor; services; complexity; economic growth
1 Doutorando, UFSC, [email protected] 2 Professor em economia - UFSC, [email protected]
2
1. INTRODUÇÃO
Segundo Kaldor (1967), a indústria de transformação, doravante denominada
apenas indústria, possui papel central nas economias, sendo o setor mais dinâmico e o
responsável pela disseminação do progresso técnico. O referido autor apresentou três
leis que buscam na indústria a explicação para as diferenças observadas nas taxas de
crescimento econômico apresentado pelos países. Estas leis assumem que as mudanças
observadas no processo produtivo se propagam de forma cumulativa, influenciando na
produtividade dos países.
A primeira lei de Kaldor defende que o aumento da participação da indústria no
PIB resulta em maiores taxas de crescimento do PIB. A segunda lei de Kaldor, também
conhecida como “lei Kaldor-Verdoorn”, afirma que o crescimento do valor adicionado
da indústria resulta em aumento na produtividade deste setor. Esta lei mostra que o
progresso técnico é endógeno à indústria. Isto é, o próprio crescimento da indústria
induz o crescimento da produtividade deste setor.
A terceira lei de Kaldor mostra que o crescimento da produtividade na economia
é determinado pelo crescimento da produção e do emprego na indústria. O raciocínio
econômico associado à terceira lei de Kaldor está diretamente ligado à ideia de mudança
estrutural. Claro é para Kaldor que a indústria apresenta produtividade mais elevada do
que os demais setores da economia. Deste modo, a expansão da indústria resulta na
transferência de trabalhadores que se encontram em situação de desemprego oculto em
outros setores para este setor (THIRLWALL, 1983).
Além destas três leis, Thirlwall (1979) propôs uma quarta lei de Kaldor. Esta
defende a existência de uma relação entre a elasticidade-renda da produção nacional e a
existência de restrições na balança de pagamentos ao crescimento da renda.
Em um exemplo claro de contradição, enquanto Kaldor defende que apenas o
crescimento da produção industrial resulta em desenvolvimento a realidade insiste em
mostrar o contrário. Os países que possuem elevado nível de renda possuem elevado
PIB industrial per capita, mas também apresentam elevada participação do setor de
serviços no valor adicionado, eixo secundário (Gráfico 1). Os países que compõem os
BRICS também possuem participação elevada do setor de serviços no PIB, contudo o
3
seu PIB industrial per capita é baixo. Qual a explicação para esta contradição? As leis
de Kaldor ainda são válidas ou elas precisam ser relaxadas? Será que o setor de serviços
explica o maior nível de renda observado nestes países? Conforme se demostrará neste
estudo é a participação do setor de serviços intermediários que explica o maior PIB
industrial per capita dos países desenvolvidos.
Gráfico 1 – Valor adicionado industrial per capita e participação do setor de serviços no
PIB – 2014 (%)
Fonte: Adaptado de Banco Mundial
Em oposição às leis propostas por Kaldor, a partir da década de 60 se observou o
aumento da participação dos serviços como insumo intermediário utilizado pela
indústria. A discriminação dos bens finais vendidos aos consumidores em serviços e
indústria se tornou cada vez mais inadequada. Proporção crescente dos produtos passou
a ser vendida em “pacotes” que incorporam produção física e serviços de forma
simbiótica. Como consequência, o debate econômico sobre a contribuição do setor de
serviços para o crescimento econômico se encontra em expansão (ARBACHE, 2015).
As evidências empíricas são bastante esclarecedoras e apontam para a existência
de elevado descompasso entre a realidade e a teoria. No campo teórico, as leis de
Kaldor se encontram entre as principais justificativas utilizadas pelos países em
desenvolvimento para a realização de políticas voltadas exclusivamente para o
desenvolvimento do setor industrial. Conforme visto, estas leis defendem que a
indústria possui ganhos de escala e, logo, apenas o seu desenvolvimento resulta em
0,01,02,03,04,05,06,07,08,0
01020304050607080
Participação serviços no valor adicionado
Valor adicionado per capita indústria
4
aumento da renda. Contudo, se o setor de serviços realmente contribui para o aumento
da competitividade industrial políticas voltadas exclusivamente para o setor industrial
podem não serem capazes de conduzirem os países ao desenvolvimento. A realização de
políticas voltadas para desenvolvimento do setor de serviços se torna necessário.
Apenas a realização destas políticas é capaz de aumentar a complexidade econômica
dos países fazendo-os superar a armadilha da renda média.
Essas evidências criam espaço para a proposição de uma quinta lei de Kaldor.
Esta mostra que a indústria não é composta por um conjunto de atividades homogêneas.
Conforme os países se industrializam eles passam à fabricar produtos cada vez mais
complexos e que demandam maior volume de conhecimento. O desenvolvimento de um
setor de serviços intermediários, especializado no fornecimento de conhecimento, é o
que viabiliza a fabricação de produtos industriais cada vez mais intensivos em
tecnologia. Logo, se defende a hipótese de que a fabricação de produtos mais
complexos na indústria depende do tamanho do setor de serviços utilizados como
insumo pela indústria. O aumento do conhecimento produtivo necessário para a
fabricação de produtos industriais mais complexos demanda o surgimento de novos
serviços que fornecem conhecimento especializado.
Esta hipótese é testada através de modelos VAR em painel para oito países
desenvolvidos (Japão, Estados Unidos, Dinamarca, Espanha, França, Reino Unido,
Itália e Holanda) no período 1980-2009. A justificativa para a utilização apenas destes
países é que a literatura mostra que o setor de serviços intermediários é desenvolvido
apenas nos países com maior renda. O recorte analítico realizado considera que dois dos
cinco setores de serviços discriminados pelo Groningen Growth and Development
Centre (Timmer et al, 2014) são serviços intermediários: Transportes, Armazenagem e
Comunicação; e Intermediação financeira, arrendamento e serviços empresariais.
Seis modelos VAR em painel serão estimados. O primeiro verificará se o
crescimento do valor adicionado do setor de serviços explica o crescimento da
produtividade do setor industrial. O segundo testará se o crescimento da densidade
industrial explica o crescimento do valor adicionado do setor de serviços. O terceiro
identificará se o crescimento do valor adicionado do setor de serviços explica o
crescimento da densidade industrial. O quarto analisará se o crescimento da densidade
industrial resulta em crescimento do PIB. O quinto identificará se o crescimento do
5
setor de serviços resulta em crescimento da complexidade econômica. Por fim, o sexto
verificará se o crescimento da complexidade econômica explica o crescimento do setor
de serviços.
Em suma, os resultados estimados corroboraram a hipótese levantada. O
crescimento da produtividade industrial é explicado pelo crescimento do setor de
serviços. Ademais, o crescimento do setor de serviços explica o crescimento da
densidade industrial e da complexidade econômica. Os países que possuem setor de
serviços maior possuem maiores produtividade; densidade industrial e complexidade
econômica. Com isto, os resultados corroboram a hipótese de que existe uma quinta lei
de Kaldor. O crescimento econômico é explicado pelo crescimento do setor de serviços.
Como corolário, se argumenta que apenas o incentivo ao desenvolvimento do setor de
serviços intermediários é capaz de fazer com que a renda per capita brasileira aumente,
fazendo o país superar a armadilha da renda média.
O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: além desta introdução, a
seção 2 realiza uma contextualização do setor de serviços, mostrando as diferentes
formas, através das quais este setor pode influenciar na produtividade industrial. Na
sequência, a seção 3 apresenta algumas argumentações favoráveis à existência de uma
quinta lei de Kaldor. Em seguida, a seção 4 apresenta o procedimento utilizado para
testar a existência da quinta lei de Kaldor. Posteriormente, na seção 5 se encontram os
resultados obtidos. Por fim, a seção 6 apresenta algumas considerações finais.
6
2. EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR DE
SERVIÇOS PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO
Historicamente, a dinâmica de crescimento econômico era atribuída à indústria e
ao setor agropecuário. O setor de serviços foi pouco estudado, a literatura não
reconhecia a sua contribuição (OLIVEIRA, 2011). As primeiras definições do setor de
serviços foram realizadas por Fisher (1933) e Clark (1940) e surgiu com a necessidade
de caracterizar um conjunto heterogêneo de atividades consideradas residuais. Na
década de 1960 cresceu o debate sobre mudança estrutural e sobre a contribuição deste
setor para a produtividade e para o crescimento econômico (BAUMOL, 1967;
KATOUZIAN, 1970; GERSHUMY, 1973). Contudo, o setor de serviços ainda era visto
como atividade residual e de pouca importância.
Nas décadas de 70 e 80 o crescimento relativo do setor de serviços nos países
desenvolvidos deu maior visibilidade a este setor. Neste período passaram a ser
discutidas as consequências da emergência das novas tecnologias de comunicação sobre
o crescimento econômico (SUMMERS, 1985; GRILICHES, 1979 e 1985).
Segundo OCDE (2013), o desenvolvimento das novas tecnologias de informação
e comunicação contribuiu diretamente e indiretamente para o crescimento do setor de
serviços e para o aumento da influência deste setor sobre o setor industrial. Diretamente,
pois as novas tecnologias utilizam muitos serviços e a maior parte dos investimentos
neste setor se destina a serviços. E, indiretamente, pois o desenvolvimento das novas
tecnologias facilitou a comunicação, o que reduziu a exigência de proximidade física na
prestação de serviços.
A maior facilidade de comunicação contribuiu para a ocorrência de diversas
modificações na dinâmica econômica, entre as quais se destacam: o aumento no
comércio de serviços; crescimento dos serviços de negócios relacionados à gestão das
cadeias globais de valor; terceirização e offshore de atividades de serviço. Todos estes
fatores contribuíram para o crescimento do setor de serviços; surgimento de novas
7
atividades; maior especialização e aumento da sua produtividade. Parte considerável
deste aumento de produtividade foi repassado para o setor industrial3.
Ademais, a difusão das novas tecnologias de comunicação resultou na
introdução de inovações nos processos produtivos da indústria. A natureza destas
inovações induziu o surgimento de demanda por novas especialidades em serviços
intensivos em conhecimento, adquiridas de empresas prestadoras de serviços. Estas
obtiveram ganhos de escala e se tornaram capazes de substituir os serviços produzidos
internamente na indústria (MELO, 1998).
Deste modo, a terceirização de atividades tecnológicas e produtivas a
prestadores de serviços especializados estimulou o crescimento do setor e o seu
crescimento viabilizou o aumento da produtividade e o surgimento de novo leque de
serviços intermediários. O resultado foi a formação de um ciclo virtuoso de
crescimento, terceirização, especialização e ganho de produtividade (JORGENSON,
2007; LESHER e NORDÅS, 2006; FRANKE e KALMBACH, 2005; PARK e CHAN,
1989; MARKUSEN, 1989).
Os ganhos de produtividade reduziram o preço dos serviços. Esta redução foi
repassada para a indústria, resultando em aumento na sua produtividade (TRIPLETT e
BOSWORTH, 2004). Os ganhos de produtividade são maiores para as indústrias que
fazem maior uso de serviços de negócios e para as indústrias que apresentam maior taxa
de crescimento destes serviços4.
O aumento na velocidade e a maior segurança na circulação das informações
acelerou o ritmo de formação das CGV (MIOZZO e SOETE, 1999 e OCDE, 2014). O
que resultou no aumento da complexidade associada às transações realizadas e nos
problemas de coordenação (RODRIGUE, 2006). Isto foi contornado através do
desenvolvimento de diversas atividades de serviços relacionados à gestão das CGV.
Assim, o crescimento das CGVs resultou na expansão do setor de serviços e no
surgimento de novas atividades neste setor (VOSS, 1992; YOUNGDAHL, 1996).
A crescente utilização de serviços no processo produtivo levou Shih (1992) a
propor a “Curva Sorridente”. Esta advoga que a produção de bens demanda um
3 Freund e Weinhold (2002); Hesse e Rodrigue (2004); Rodrigue (2006); Bryson et Al. (2004); Hill et Al.
(2007); Miozzo e Soete (1999); Francois e Woerz (2008); Berlingieri (2013); Cuadrado-Roura e Maroto-
Sanches (2011); Jorgenson e Timmer (2011). 4Berlingieri (2013); Amiti e Wei (2005b); Francois e Woerz (2008); Barker e Forssell (1992).
8
conjunto de atividades oriundas do setor industrial e do setor de serviços, sendo que as
atividades de serviços agregam mais valor ao bem final do que o chão de fábrica, Figura
1 (OCDE, 2013)5.
Figura 1 - Curva Sorridente
Fonte: OCDE/ OMC (2013, p. 216).
Outro fator que contribuiu para o crescimento do setor de serviços é a
diferenciação dos produtos vendidos para os consumidores. As novas tecnologias de
comunicação aproximaram firmas e consumidores. O resultado foi a produção de bens
customizados e diferenciados (KOMMERSKOLLEGIUM, 2012 e MARSH, 2012).
A partir da década de 1990 o setor de serviços passou a ser associado à
capacidade de inovação dos países (MIOZZO E SOETE, 2001). A literatura de serviços
intensivos em conhecimento (KIBS) mostra que o setor de serviços supre o setor
industrial com o conhecimento necessário para a realização de inovações. As inovações
surgem da interação entre atividades de serviços e atividades industriais e não de
atividades específicas encontradas em um destes setores (eg. equipes de P&D). Grande
parte das inovações que emergiram a partir da década de 1980 surgiram no setor de
serviços (MILES et Al., 1994, 1995, 2008; HERTOG, 2000; MULLER, 2001;
CZARNITZKI e SPIELKAMP, 2000).
5Para mais detalhes consultar De Borja Reis (2014); Hesseldahl (2010); Linden et Al. (2009); Sousa
(2009); Humphrey (2004); Cruz-Moreira e Fleury (2003); Gereffi e Memedovic (2003); Tempest (1996);
Hobday (1995).
9
Dadas estas evidências, Arbache (2012) desenvolveu a representação cartesiana
conhecida como “espaço-indústria” (Erro! Fonte de referência não encontrada.2).
Esta é composta por quatro quadrantes que mostram as diferentes mudanças estruturais
pelas quais um país passa para sair de uma condição de pobreza e obter renda per capita
elevada. Ele é constituído por três dimensões: (i) participação da indústria no PIB; (ii)
densidade industrial, definido como o valor adicionado da indústria de transformação
dividido pela população do país, e (iii) participação dos serviços comerciais no PIB.
Figura 2- Espaço-Indústria
Fonte: Adaptado de Arbache (2012).
NO quadrante R1 a população é predominantemente rural e a agropecuária é o
setor dominante. Neste quadrante o país possui estrutura produtiva especializada em
atividades primárias (MCMILLAN; RODRIK, 2011), se encontrando preso na
armadilha da renda baixa (RODRIK, 2004).
O quadrante R2 é caracterizado pela crescente demanda por produtos industriais
básicos e pelo desenvolvimento de uma indústria de baixo valor adicionado e serviços
gerais. Estes se desenvolvem em paralelo à redução da participação da agropecuária no
PIB. Nesta fase ocorre a urbanização da população e a diversificação da estrutura
produtiva. Conforme demostrado por Imbs e Wacziarg (2003), as economias se tornam
mais diversificadas conforme a sua renda aumenta. Elas se especializam apenas após
obterem nível de renda elevado. Com base neste resultado, Rodrik (2004) conclui que é
a diversificação das economias e não a sua especialização que resulta em aumento da
renda. Rodrik (2012) mostra que a indústria possui convergência incondicional de
Participação da indústria no PIB (%) – D1
Densid
ade indústr
ia e
Com
ple
xid
ade E
conôm
ica –
D2
R1 R2
R4 R3
A
Part
icip
ação d
os s
erv
iços
com
erc
iais
no P
IB (
%) – D
3
B Armadilha da
pobreza
Renda
Elevada
Armadilha da
renda média
Diversificado Especializado
10
produtividade, o que garante a migração do país para um nível de renda média Rodrik
(2014).
Assim, a migração do quadrante R1 para o quadrante R2 é explicada por Kaldor.
Este autor consegue demonstrar com perfeição esta fase de mudança. Contudo,
conforme se argumentará neste artigo, ele não consegue explicar as fases posteriores,
marcadas pela migração do quadrante R2 para o quadrante R3 e deste para o R4. Nestas
fases, como a capacidade de crescimento via convergência incondicional já foi exaurida,
é preciso incentivar outros fatores para garantir a migração de um nível de renda
intermediário para um nível de renda elevado.
Os países que conseguem continuar com o processo de mudança estrutural e
expansão de suas capacidades produtivas migram para o quadrante R3. Neste, as
atividades industriais passam a requerer cada vez mais serviços intermediários e a sua
participação no PIB começa a cair (Buera e Kaboski (2011),
Conforme argumentado por Rodrik (2014), a industrialização é suficiente para o
país sair da armadilha da pobreza, contudo o incentivo exclusivo a este setor faz o país
cair em uma armadilha de renda média (ponto A). A realização de políticas a la Kaldor
tira o país da sua trajetória natural de desenvolvimento, o deslocando para fora do
equilíbrio setorial dinâmico, para um ponto não sustentável no longo prazo. O que as
políticas de desenvolvimento devem fazer é estimular o setor de serviços intermediários.
Apenas o desenvolvimento deste setor resulta na migração do país para a produção de
bens mais sofisticados.
Segundo Rowthorn e Ramaswamy (1997, p.6), o termo desindustrialização é
“usado na literatura para se referir ao declínio secular da participação do emprego
industrial nas economias avançadas”. O referido fenômeno não deve ser percebido
como algo negativo, ou patológico, já que é “uma característica inevitável do
desenvolvimento econômico”. Com isso, os autores procuram deixar claro que
“desindustrialização é simplesmente o resultado natural do processo de
desenvolvimento econômico bem sucedido, e é, em geral, associada com o aumento do
nível de vida.” (Rowthorn e Ramaswamy, 1997, p.14). Isto é, a migração do quadrante
R2 para o quadrante R3, não se mostra prejudicial ao país.
Contudo, Rodrik (2016) mostrou que os países da América Latina e da África
Subsaariana estão passando por um processo patológico de desindustrialização (recuo
em direção ao ponto B). Isto é, eles estão observando a diminuição no grau de
11
diversificação de suas estruturas produtivas e redução da participação da indústria e dos
serviços intermediários no valor adicionado.
Ademais, a região R4 representa o estágio mais avançado do desenvolvimento
industrial. Neste quadrante, o processo de expansão da densidade industrial continua e é
acompanhado pela existência de demanda mais do que proporcional por serviços
intensivos em conhecimento, ao passo que a participação da indústria “tradicional”
declina (ARBACHE, 2014). Este estágio também é caracterizado pela elevada demanda
da indústria por serviços específicos e inovações neste setor, com o objetivo de fabricar
bens cada vez mais sofisticados (HELPER et al. 2012, apud ARBACHE, 2014).
No quadrante R4, se encontram os países industrializados, que possuem renda
elevada. Conforme demostrado por Imbs e Wacziarg (2003), este quadrante é
caracterizado pela especialização após os países obterem renda elevada. Neste
quadrante, a demanda por serviços avançados cresce, de modo que estes países se
caracterizam pela fabricação de serviços de elevada complexidade. Seguindo Rodrik
(2014), se pode argumentar que os países que migram para ele são aqueles que
conseguiram desenvolver as capacitações necessárias ao desenvolvimento do setor de
serviços intermediários.
Conforme enfatizado, o crescimento da participação do setor de serviços resulta
no aumento da complexidade econômica. Este conceito é apresentado por Hidalgo e
Hausmann (2009). De acordo com estes autores, a forma encontrada pela sociedade para
fabricar bens sofisticados é a divisão do conhecimento necessário para sua fabricação
em “pedaços”. Estes pedaços de conhecimento são divididos entre os trabalhadores.
Conforme enfatizado por Hidalgo et al. (2012), a capacidade produtiva de cada
sociedade pode ser mensurada pela sua capacidade de reter, criar, modificar, organizar,
distribuir e utilizar as capacidades possuídas pelos trabalhadores. As sociedades mais
desenvolvidas são aquelas que conseguem gerir de modo mais eficaz os conhecimentos
que possuem. O segredo da prosperidade de alguns países em detrimento dos demais se
encontra na sua capacidade organizacional, de distribuir o conhecimento entre os
trabalhadores e de utilizar coletivamente volumes maiores de conhecimento.
Stojkoski et al. (2016) mostram que os países que apresentam maior exportação
de serviços apresentam índices mais elevados de complexidade. Isto indica que os
serviços requerem maior quantidade de conhecimento para serem produzidos, do que os
demais bens. Ademais, os resultados obtidos mostram que as economias cuja pauta de
12
exportação é baseada em serviços têm estrutura produtiva mais complexa e maior
potencial de crescimento no longo prazo.
3. A QUINTA LEI DE KALDOR
Conforme discutido na introdução, em um exemplo impar de ironia, bastou que
as leis de Kaldor (1966, 1967, 1970 e 1976) fossem propostas para que o
comportamento da economia se modificasse. Com a emergência das novas tecnologias
de comunicação a indústria, amplamente defendida por Kaldor como o setor mais
dinâmico da economia, perdeu relevância. As novas tecnologias de comunicação
fizeram do setor de serviços um dos principais responsáveis por ditar o ritmo de
crescimento econômico no período após 1970.
Esta seção propõe a existência de uma quinta lei de Kaldor. A proposição desta
nova lei permite a reconciliação das leis propostas por Kaldor com as evidências
empíricas mais recentes. Ela mostra que o crescimento da indústria continua sendo
responsável pelo desenvolvimento econômico. Contudo, se argumenta que o
desenvolvimento deste setor depende do crescimento do setor de serviços.
Seguindo Hidalgo e Hausmann (2009), Hidalgo et al. (2012) e Foster-McGregor
e Verspagen (2016), se considera que conforme um países se desenvolve ele passa a
fabricar bens industriais que demandam mais conhecimento. Esta complexidade
crescente da indústria resulta no aumento da demanda pelo surgimento de atividades
especializadas de serviços na medida em que a renda da economia cresce. O resultado é
a formação de uma espiral positiva de especialização, caracterizado pelo aumento do
conteúdo tecnológico e aumento da interdependência entre serviço e indústria. Pois, o
desenvolvimento do setor industrial demanda o surgimento de atividades de serviços
fornecedoras de conhecimento especializado e o crescimento e especialização deste
setor viabiliza a produção de produtos com maior conteúdo tecnológico. Isto, por sua
vez, permite a diversificação do setor industrial em direção à atividades mais complexas
e que demandam ainda mais serviços, formando-se um ciclo que se perpetua ad
infinitun.
13
A medida que a renda do país cresce a gestão do conhecimento produtivo
necessário para que ela continue crescendo se torna cada vez mais complexa e a união
do conhecimento produtivo que se encontra disperso entre os agentes econômicos
demanda cada vez mais esforços. Desenvolver os mecanismos capazes de gerir e prover
a indústria destas quantidades cada vez maiores de conhecimento representa o grande
desafio enfrentado pelos países.
A demanda por quantidades cada vez maiores de conhecimento produtivo faz
com que a complexidade da indústria assuma tal magnitude que surgem diversas
atividades de serviços responsáveis por fornecer o conhecimento demandado pelo setor
industrial. Isto é, o desenvolvimento do setor de serviços ocorre como uma resposta a
esta demanda crescente por conhecimento observada no setor industrial (KON, 2015, p.
120). Por conseguinte, o grau de sofisticação industrial, a densidade industrial, a
produtividade industrial e, de modo mais amplo, a complexidade econômica
apresentada pelos países dependem do crescimento do setor de serviços.
4. METODOS E PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
Esta seção se encontra dividida em três subseções. A subseção 4.1 apresentará a
quinta lei de Kaldor. Em seguida, a subseção 4.2 definirá o procedimento de teste
utilizado para verificar se esta lei é corroborado pelos dados. Por fim, a subseção 4.3
apresenta os dados utilizados.
4.1 Quinta lei de Kaldor: a contribuição do setor de serviços para o dinamismo
industrial
Apresentada a dinâmica de crescimento da renda centrada na expansão do
conhecimento produtivo se tem os argumentos necessários para se elaborar uma quinta
lei de Kaldor. Esta define o setor de serviços intermediários como responsável por
determinar a competitividade industrial e o crescimento da renda per capita a partir de
determinado nível de renda. Com base nas evidências elucumbradas nas sessões 2 e 3 se
apresenta o seguinte teorema:
14
Teorema: O crescimento do setor de serviços resulta em aumento da
produtividade da indústria, da densidade industrial e da complexidade econômica.
Este teorema é verificado através da aplicação de um teste de causalidade. Para
isto, se estima o seguinte modelo VAR em painel:
𝑒𝑚,𝑡 = 𝛼0 + ∑ 𝛼𝑙𝑔𝑚𝑠,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ 𝛽𝑙𝑔𝑠,𝑡−𝑙
𝑝𝑙=1 + ∑ 𝛾𝑙𝑔𝑘,𝑡−𝑙
𝑙𝑙=1 , (1)
em que, 𝑒𝑚,𝑡 ⊂ ℝ é a taxa de crescimento do seu emprego utilizada como proxy para a
produtividade industrial; 𝑔𝑠,𝑡 ⊂ ℝ é a taxa de crescimento do valor adicionado do setor
de serviços e 𝛼0 > 0 ∈ ℝ; 𝛼𝑙 > 0 ∈ ℝ; 𝛽𝑙 > 0 ∈ ℝ e 𝛾𝑙 > 0 ∈ ℝ são constantes
paramétricas.
Dado que o setor de serviços é utilizado como insumo intermediário pela
indústria se argumenta que a análise separada do setor de serviços e da indústria se
mostra inadequada e pode resultar em interpretações equivocadas sobre a contribuição
do setor de serviços para o crescimento econômico. Conforme visto, o crescimento
deste setor depende das características assumidas pela fabricação industrial, mas a
fabricação de produtos industriais mais sofisticados também demanda o surgimento de
serviços especializados6. Deste modo, qualquer análise realizada precisa,
necessariamente, olhar para a relação existente entre estes setores.
Conforme já exposto, o desenvolvimento do setor de serviços viabiliza a
fabricação de produtos industriais com maior conteúdo tecnológico. A densidade
industrial é uma proxy que pode ser utilizada para medir o conteúdo tecnológico
inserido na indústria. Seguindo Arbache (2012), se estima um modelo VAR em painel
que verifica se a variação no valor adicionado do setor de serviços, 𝑔𝑠,𝑡 ⊂ ℝ, influencia
na variação da densidade da indústria, 𝐷𝑡 ⊂ ℝ, conforme segue:
𝐷𝑖,𝑡 = 𝜔0 + ∑ 𝜔𝑙𝐷𝑖,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ Υ𝑙𝑔𝑠𝑖,𝑡−𝑙
𝑝𝑙=1 , (2)
6 Estimou-se um modelo VAR em painel para verificar a presença de causalidade entre o valor adicionado
da indústria e o valor adicionado do setor de serviços. O mesmo não evidenciou a existência de
causalidade entre estes setores.
15
em que 𝜔0 > 0 ∈ ℝ; 𝜔𝑙 > 0 ∈ ℝ; Υ𝑙 > 0 ∈ ℝ são constantes paramétricas.
Também se testa a hipótese de que o aumento na densidade da indústria resulta
em maior crescimento do setor de serviços, a saber:
𝑔𝑠𝑖,𝑡 = 𝜗0 + ∑ 𝜗𝑙𝑔𝑠𝑖,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ 𝜃𝑙𝐷𝑖,𝑡−𝑙
𝑝𝑙=1 , (3)
sendo 𝜗0 > 0 ⊂ ℝ e 𝜗𝑙 > 0 ⊂ ℝ e 𝜃𝑙 > 0 ⊂ ℝ constantes paramétricas. Caso os
valores estimados indiquem que 𝜗𝑙 é significativo em termos estatísticos há evidências
de que o crescimento do setor de serviços resulta em aumento da densidade industrial.
Ademais, se 𝜃𝑙 for significativo a hipótese de que o aumento na densidade industrial
contribui para o crescimento do setor de serviços é corroborada pelos dados.
Dado que Stojkoski et al. (2016) argumentam que a complexidade econômica
dos países está relacionada ao grau de especialização e ao tamanho do setor de serviços,
se estima um modelo VAR em painel que testar se o aumento da participação do setor
de serviços resulta em aumento na complexidade econômica:
𝐶𝑖,𝑡 = 𝜑0 + ∑ 𝜌𝑙𝐶𝑖,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ 𝜋𝑙𝑔𝑠𝑖,𝑡−𝑙
𝑝𝑙=1 , (5)
sendo 𝐶𝑖,𝑡 o indicador de complexidade econômica; 𝑔𝑠𝑖,𝑡 a taxa de crescimento do setor
de serviços; e 𝜑0 > 0, 𝜌𝑙 > 0 e 𝜋𝑙 > 0 constantes paramétricas.
4.2 Dados utilizados
Os dados de estoque de capital, disponibilizado pelo Pen World Table; de
complexidade econômica, disponíveis no Observatório de Complexidade Econômica; e
os dados de produção e produtividade setoriais, extraídos do Groningen Growth and
Development Centre (GGDC) foram utilizados para estimar os modelos VAR em painel
para o período 1980-2009.
16
Um problema enfrentado ao se utilizar esta base de dados se refere à definição
do setor de serviços, dos cinco setores de serviços discriminados pelo GGDC, apenas
dois foram classificados como serviços intermediários7: 1) Transportes, Armazenagem e
Comunicação e 2) Intermediação financeira, arrendamento e serviços empresariais.
5. RESULTADOS ENCONTRADOS PARA AS REGRESSÕES
ESTIMADAS
A Tabela 1 mostra os resultados encontrados para o teste de raiz unitária. Os
testes de Levin, Lin & Chu (2002); Im, Pesaran e Shin (2003); ADF - Fisher e PP –
Fisher (MADDALA; WU, 1999; CHOI, 2001) são utilizados para definir a ordem de
integração das séries. Como o resultado encontrado por estes testes divergem entre si se
define uma série como estacionária quando dois ou mais testes assim indicam.
Conforme se observa na Tabela 1, os testes indicaram que todas as séries são
estacionárias em primeira diferença.
Tabela 1 - Valor encontrado para o teste de raiz unitária
Teste/série Levin, Lin & Chu# Im, Pesaran e Shin ADF - Fisher PP - Fisher
Estatística pvalor Estatística pvalor Estatística pvalor Estatística pvalor
𝒈𝒎,𝒊𝒕 -27,738 0,0028 -0,48282 0,3146 148,264 0,5374 135,698 0,6307
d(𝒈𝒎,𝒊𝒕) 0,77513 0,7809 -376,082 0,0001 463,859 0,0001 347,795 0,0043
𝒈𝒊𝒕 -419,266 0,000 -0,77167 0,2202 165,049 0,4183 11,077 0,8047
d(𝒈𝒊𝒕) 410,337 1,000 -107,952 0,1402 236,749 0,0968 169,857 0,3865
𝒈𝒌,𝒊𝒕 -0,30354 0,3807 0,3658 0,6427 242,364 0,0845 859,831 0,929
d(𝒈𝒌,𝒊𝒕) 0,33163 0,6299 -182,718 0,0338 258,573 0,0561 847,738 0,9334
𝒈𝒔,𝒊𝒕 1,59113 0,9442 1,08911 0,8619 11,3001 0,7906 7,44069 0,9638
d(𝒈𝒔,𝒊𝒕) 2,95379 0,9984 -1,1998 0,1151 23,9795 0,09 24,0779 0,0878
7 Isto é, que fornecem insumos para o setor industrial.
17
𝑫𝒊𝒕 3,10994 0,9991 -0,66549 0,2529 18,7074 0,2841 27,0941 0,0404
d(𝑫𝒊𝒕) -1,78953 0,0368 -2,34399 0,0095 32,4757 0,0087 83,4216 0,0000
𝐂𝐢𝐭 1,7038 0,9558 1,8571 0,9684 5,4948 0,9927 7,4836 0,9628
D(𝐂𝐢𝐭) -2,9223 0,0017 -6,2923 0 70,2253 0 151,997 0
Fonte: Elaboração própria. *d é a série diferenciada uma vez.
#pvalor abaixo de 0,05 indica que a série é estacionária. A única exceção é o teste de Levin, Lin & Chu,
para o qual o p-valor deve ser superior à 0,95.
Conforme destacado na seção 4, se estima um modelo VAR em painel que
identifica se a taxa de crescimento do emprego industrial, utilizada como proxy para a
produtividade da indústria, é explicada pelo crescimento do valor adicionado deste setor
e do setor de serviços. Os critérios de informação de Schwarz e Hanna-Quin indicam
que o modelo VAR em painel deve ser estimado com uma defasagem.
O valor encontrado para os coeficientes estimados corroboram a hipótese de que
o crescimento no valor adicionado do setor de serviços (𝑔𝑠,𝑖𝑡) causa o crescimento da
produtividade industrial (𝑒𝑚,𝑖𝑡), Tabela 2. De modo mais específico, a variação em 1%
no valor adicionado do setor de serviços resulta em variação de 0,090% na
produtividade da indústria. Ademais, a variação em 1% na produção industrial (𝑔𝑚,𝑖𝑡)
resulta em variação de 0,294% na produtividade deste setor (𝑒𝑚,𝑖𝑡) e a variação de 1%
na sua produtividade defasada resulta em variação de 0,424% nesta mesma série.
Tabela 2 – Valor encontrado para o modelo VAR em painel com a produtividade
industrial como variável dependente
Variável Coeficiente Erro
padrão
Variável Coeficiente Erro padrão
D(𝐞𝐦,𝐢𝐭−𝟏) 0,424* -0,079 D(𝑔𝑘,𝑖𝑡−1) -0,035 -0,165
D(𝐠𝐦,𝐢𝐭−𝟏 ) 0,294* -0,052 C -0,016* -0,005
D(𝐠𝐬,𝐢𝐭−𝟏) 0,090* -0,049
R2 0,410 -0,165 F 38,127
Autocorrelação - Portmanteau 49,815 pvalor 0
Breusch Pagan - 239,654 pvalor 0
18
Heterocedasticiade
Fonte: Elaboração própria
Estes resultados corroboram a hipótese levantada. Isto é, confirmam a existência
de uma quinta lei de Kaldor. Conforme colocado pela literatura apresentada nas seções
2 e 3, o aumento do tamanho do setor de serviços contribui para o aumento da
produtividade industrial.
No entanto, esta regressão não fornece nenhuma informação sobre o modo como
os serviços contribuem para o aumento da produtividade industrial. A estimação da
densidade industrial contra o tamanho do setor de serviços é capaz de indicar se este
setor contribui para a produção de bens mais sofisticados.
A densidade industrial pode ser utilizada como proxy para identificar se existe
relação entre a variação no valor adicionado do setor de serviços e a variação no
conteúdo tecnológico da produção industrial. A Tabela 3 mostra os valores encontrados
para o modelo VAR em painel estimado para estes indicadores. Os resultados
encontrados para ambas as regressões são significativos indicando que o crescimento da
densidade industrial, 𝐷𝑖𝑛𝑑 , causa Granger o crescimento do valor adicionado do setor de
serviços, gs. As variações no valor adicionado do setor de serviços também resultam em
variações na densidade industrial.
Tabela 3 – Resultados encontrados para o modelo VAR em painel para a densidade
industrial contra o valor adicionado do setor de serviços
𝒈𝒔 𝑫𝒊𝒏𝒅
Variável Coeficiente Erro padrão Variável Coeficiente Erro padrão
𝑫(𝒈𝒔,𝒊𝒕−𝟏) 0,606* 0,084 𝐷(𝐷𝑖𝑛𝑑,𝑖𝑡−1) 1,318* 0,07822
𝑫(𝑫𝒊𝒏𝒅,𝒊𝒕−𝟏) 20587,532* 4608,7 𝐷(𝑔𝑠,𝑖𝑡−1) -6,30E-06* 1,40E-06
C -14175,350 437592 C 1,354 -7,42703
R2 0,950 R2 0,957
F 2201,427 F 2580,795
Autocorrelação –
Portmanteau
18,594 pvalor 0,0009
19
Breusch Pagan –
Heterocedasticiade
98,713 pvalor 0,00
Fonte: Elaboração própria. * significativa ao nível de confiança de 95%.
Estes resultados corroboram as evidências obtidas por Arbache (2014) e indicam
que a relação de causalidade é bidirecional. O desenvolvimento do setor industrial
demanda o surgimento de atividades de serviços. Contudo, o surgimento de atividades
de serviços também contribui para o aumento do conteúdo tecnológico do setor
industrial.
Além das regressões supracitadas também foi estimado um modelo VAR em
painel para verificar se a variação na densidade industrial explica a variação no
crescimento do PIB. Os resultados obtidos se encontram consolidados na Tabela 4. Os
resultados encontrados para o modelo VAR em painel indicam que o PIB defasado é
significativo. Isto é, ele explica o crescimento da densidade industrial. Ademais, o
coeficiente estimado para a densidade industrial com uma defasagem também é
significativo. Este resultado indica que o crescimento da densidade industrial explica o
crescimento do PIB com uma defasagem.
Tabela 4 - Resultados encontrados para a regressão do valor adicionado contra a
densidade industrial
Indicador Coeficientes Erro padrão
𝑷𝑰𝑩𝒊𝒕−𝟏 1,310* -0,08718
𝑷𝑰𝑩𝒊𝒕−𝟐 -0,572* -0,08729
𝑫𝒊𝒕−𝟏 -1,08E+06* -2,30E+05
𝑫𝒊𝒕−𝟐 4,77E+04 -2,40E+05
Constante 5,50E+04 -2,00E+05
R2 0,606156
Autocorrelação – Portmanteau 36,12704 Pvalor = 0,00
Breusch Pagan – Heterocedasticiade 357,8458 Pvalor = 0,00
Fonte: Elaboração própria, * significativa ao nível de confiança de 95%.
A Tabela 5 apresenta os resultados estimados para o modelo VAR em painel
para a regressão do Índice de Complexidade Econômica contra o valor adicionado do
20
setor de serviços. Os coeficientes estimados indicam que as variações no valor
adicionado do setor de serviços causam Granger variações no Índice de Complexidade
Econômica. Ademais, as variações observadas no Índice de Complexidade Econômica
também causam variações no valor adicionado do setor de serviços.
Tabela 5 - Resultados encontrados para a regressão do Índice de Complexidade
Econômica contra o valor adicionado do setor de serviços
𝑪𝒊𝒕 𝒈𝒔𝒊
Coeficientes estimados Desvio Padrão Coeficientes estimados Desvio Padrão
𝑪𝒊𝒕−𝟏
-0,024105 -9,02E-09 4606819* -2225880
𝑪𝒊𝒕−𝟐 0,026717 0 5951860* -2219411
𝒈𝒔𝒊,𝒕−𝟏
0,00000000949* 0,00E+00 1,202374* -0,0811
𝒈𝒔,𝒊𝒕−𝟐
-0,00000000902* 0,00E+00 -0,462816* -0,08336
C -0,008105 0 125536,3 -206001
R2 0,0779 0,585582
F 4,456376 74,53707
Fonte: Elaboração própria, * significativa ao nível de confiança de 95%.
Estes resultados corroboram as evidências levantadas por Stojkoski et al. (2016).
O aumento do tamanho do setor de serviços explica a complexidade econômica. Isto
pode indicar que o grau de desenvolvimento do setor de serviços influencia no grau de
complexidade da estrutura produtiva dos países. Assim, o surgimento de atividades de
serviços de apoio viabiliza a fabricação de produtos que demandam maior quantidade de
conhecimento. Contudo, a relação de causalidade é bidirecional, o aumento da
complexidade econômica também demanda o crescimento do setor de serviços.
Em suma, os resultados encontrados para os modelos estimados corroboram a
hipótese levantada. Todos os coeficientes estimados foram significativos indicando que
o crescimento do valor adicionado do setor de serviços causa Granger o crescimento da
produtividade industrial, densidade industrial e da complexidade econômica. Ademais,
o aumento da densidade industrial também causa Granger o crescimento do PIB. Deste
modo, não se rejeita a hipótese da presença de uma quinta lei de Kaldor. A adoção de
políticas que olham apenas para o setor industrial e que negligenciam a contribuição do
setor de serviços para o crescimento econômico não são capazes de promover o
aumento do nível de renda.
21
Ademais, as regressões estimadas apontaram para a presença de causalidade
bidirecional entre o crescimento do setor de serviços e os indicadores: produtividade
industrial, densidade industrial e complexidade econômica. Isto indica que é o
desenvolvimento simultâneo do setor industrial e do setor de serviços que resultam em
desenvolvimento econômico e não o crescimento de um destes setores em detrimento
do outro conforme apontado por Kaldor (1966, 1967, 1970 e 1976) e Thirlwall (1979,
1983).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Kaldor propôs quatro leis que definem o setor industrial como o setor
responsável pelo desenvolvimento econômico. Segundo este autor, para que os países se
desenvolvam eles devem adotar políticas que estimulem o crescimento e o aumento da
participação deste setor no valor adicionado.
Paralelo a isto, a literatura de serviços mostra que a contribuição da indústria
para o desenvolvimento econômico aumentou consideravelmente a partir da década de
1980, com o advento das novas tecnologias de comunicação. Em especial, a literatura de
KIBS mostra que grande parte das inovações, observadas a partir da década de 1980,
surgiu no setor de serviços. A literatura de serviços de negócios evidencia que este setor
realiza diversas funções, sem as quais a produção industrial não poderia ser levada a
cabo.
Por sua vez, a literatura de complexidade econômica advoga que o
desenvolvimento econômico deve ser visto como a expansão dos conhecimentos
produtivos. Arbache (2012, 2014) encontram relação positiva entre a densidade
industrial e a participação do setor de serviços. Rodrik (2014) argumenta que apenas a
adoção de políticas de desenvolvimento de capacitações e o incentivo ao setor de
serviços intermediários consegue retirar o país da armadilha de renda média.
Segundo Stojkoski et al. (2016), a produção de bens mais complexos está
associada ao desenvolvimento do setor de serviços. Apesar disto, seguindo Kaldor, a
22
literatura de desenvolvimento econômico continua defendendo o desenvolvimento do
setor industrial como condição suficiente para que os países se desenvolvam.
Dadas estas evidências, este artigo propõem a existência de uma quinta lei de
Kaldor. Isto é, o aumento da produtividade do setor industrial é explicado pelo
desenvolvimento do setor de serviços. Para testar esta hipótese são estimados modelos
VAR em painel que verificam se a produtividade do setor industrial, a densidade
industrial e o Índice de Complexidade Econômica são explicados pelo tamanho do setor
de serviços. Uma regressão adicional é estimada para verificar se o crescimento do PIB
é explicado pela densidade industrial. Todas as regressões estimadas foram
significativas.
Os resultados encontrados para as regressões evidenciaram o caráter simbiótico
existente entre serviços e indústria. A ideia de que o crescimento do setor de serviços
resulta em diminuição da produtividade é errada. O crescimento da participação do setor
de serviços intermediários resulta em aumento da produtividade industrial. Esta é uma
forte evidência de que está ocorrendo repasse de produtividade do setor de serviços para
a indústria.
Ademais, consideradas as especificidades do setor de serviços, os resultados
encontrados para as regressões estimadas corroboraram a hipótese levantada. As leis
propostas por Kaldor não estão incorretas, mas são limitadas. Elas atribuem
inadequadamente todo o crescimento da economia ao crescimento da indústria. Kaldor
atribuiu importância demasiada a este setor, considerando que ele é independente dos
demais setores da economia. Conforme evidenciado pelos resultados encontrados, o
aumento prévio na oferta de serviços intermediários contribui para o crescimento da
produtividade da indústria.
Baumol e Kaldor analisaram o processo histórico de desenvolvimento antes de
ocorrer o fenômeno da desindustrialização natural nas economias avançadas. Este
fenômeno representa uma nova fase no desenvolvimento econômico dos países, na qual
os serviços contribuem para o aumento da competitividade industrial. De modo que a
participação deste setor aumenta em detrimento da participação do setor industrial.
Posterior a análise realizada por estes autores surgiu uma nova relação entre a indústria
e serviços, sendo a simbiose entre estes setores que viabiliza a produção de bens mais
sofisticados em termos tecnológicos e o aumento de complexidade econômica dos
países.
23
Os resultados encontrados vão de encontro às evidências levantadas por
Imbs e Wacziarg (2003). Estes mostram que as economias se diversificam conforme a
sua renda aumenta. Eles também corroboram o modelo proposto por Rodrik (2014), que
defende o estímulo ao setor de serviços como única forma de retirar os países da renda
média.
Como corolário, se tem a seguinte proposição: o processo de desenvolvimento
econômico dos países se dá em dois estágios. No primeiro estágio se observa o aumento
da produtividade e da diversificação industrial, enquanto a renda per capita e baixa. No
segundo, se tem o surgimento de serviços de apoio ao setor industrial e o aumento da
especialização industrial, o que viabiliza a obtenção de elevado nível de renda.
No segundo estágio o crescimento da indústria ocorre através do surgimento de
atividades com maior conteúdo tecnológico, sendo o que explica o aumento da renda
per capita conforme os países se desenvolvem. Conforme evidenciado pela literatura de
KIBS, de serviços de valor e pela curva sorridente, a fabricação de produtos industriais
com maior conteúdo tecnológico depende da presença de serviços de apoio. Isto é, o
aumento da densidade industrial e da complexidade econômica está condicionado ao
desenvolvimento do setor de serviços.
24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMITI, Mary; WEI, Shang-Jin. Fear of service outsourcing: is it justified? Economic
policy, v. 20, n. 42, p. 308-347, 2005.
ARBACHE, J. Industrial-Space and Industrial Development [Mimeo]. Departamento de
Economia, Universidade de Brasília, 2012.
ARBACHE, Jorge e Aragão, C. Infraestrutura e competitividade da indústria brasileira.
Confederação Nacional da Indústria – Brasília: Confederação Nacional da Indústria,
2014.
ARBACHE, Jorge. Produtividade nos serviços. In: Produtividade no Brasil desempenho
e determinantes. Volume 2, IPEA, 2015.
BARKER, Terry; FORSSELL, Osmo. Manufacturing, Services and Structural Change,
1979-1984. In: Structural change in the UK economy. Cambridge University Press
Cambridge, 1992.
BAUMOL, William J. Macroeconomics of unbalanced growth: the anatomy of urban
crisis. The American economic review, p. 415-426, 1967.
BERLINGIERI, Giuseppe. Essays on international trade and firm organization. Tese de
Doutorado. London School of Economics, 2013.
BRYSON, John; DANIELS, Peter; WARF, Barney. Service worlds: People,
organisations, technologies. Routledge, 2013.
BUERA, Francisco J.; KABOSKI, Joseph P. Scale and the origins of structural change.
Journal of Economic Theory, v. 147, n. 2, p. 684-712, 2012.
CHOI, In. Unit root tests for panel data. Journal of international money and Finance, v.
20, n. 2, p. 249-272, 2001.
CLARK, Cohn. The Conditions of Economic Progress. Macmillan, London, 1940.
CRUZ-MOREIRA, J.; FLEURY, A. Cadeias de fabricação de roupas em Honduras e no
Brasil: uma comparação em termos do progresso industrial. XXIV Congresso
Internacional da Associação de Estudos Latino-Americanos. Disponível em:
<http://lasa.international.pitt.edu/Lasa2003/CruzMorei-raJuanRicardo.pdf>. Acesso em:
10.01.2016.
CUADRADO-ROURA, Juan R.; MAROTO-SANCHEZ, Andres. Regional
productivity growth in European countries. The role of services. In: ERSA conference
papers. European Regional Science Association, 2011.
25
CZARNITZKI, Dirk; RAMMER, Christian; SPIELKAMP, Alfred. Interaktion
zwischen Wissenschaft und Wirtschaft in Deutschland: Ergebnisse einer Umfrage bei
Hochschulen und öffentlichen Forschungseinrichtungen. ZEW-Dokumentation, 2000.
DE BORJA REIS, Cristina Fróes; DE ALMEIDA, Julio Sérgio Gomes. A inserção do
Brasil nas cadeias globais de valor comparativamente aos BRIICS. 2014.
FISHER, Irving. Statistics in the Service of Economics. Journal of the American
Statistical Association, v. 28, n. 181, p. 1-13, 1933.
FOSTER-MCGREGOR, Neil; VERSPAGEN, Bart. The role of structural
transformation in the potential of asian economic growth. 2016.
FRANCOIS, Joseph; WOERZ, Julia. Producer services, manufacturing linkages, and
trade. Journal of Industry, Competition and Trade, v. 8, n. 3-4, p. 199-229, 2008.
FRANKE, Reiner; KALMBACH, Peter. Structural change in the manufacturing sector
and its impact on business-related services: an input–output study for Germany.
Structural Change and Economic Dynamics, v. 16, n. 4, p. 467-488, 2005.
FREUND, Caroline; WEINHOLD, Diana. The Internet and international trade in
services. The American Economic Review, v. 92, n. 2, p. 236-240, 2002.
GEREFFI, Gary; MEMEDOVIC, Olga. The global apparel value chain: What prospects
for upgrading by developing countries. Vienna: United Nations Industrial Development
Organization, 2003.
GERSHUMY, Jonathan; ROBINSON, John P. Historical changes in the household
division of labor. Demography, v. 25, n. 4, p. 537-552, 1988.
GRILICHES, Zvi. Issues in assessing the contribution of research and development to
productivity growth. The bell journal of economics, p. 92-116, 1979.
GRILICHES, Zvi. Productivity, R&D, and basic research at the firm level in the 1970s.
1985.
HERTOG, Pim D. Knowledge-intensive business services as co-producers of
innovation. International Journal of Innovation Management, v. 4, n. 04, p. 491-528,
2000.
HESSE, Markus, and Jean-Paul RODRIGUE. The Transport Geography of Logistics
and Freight Distribution. Journal of Transport Geography 12, no. 3: 171–84.
RODRIGUE, Jean-Paul. Transportation and the Geographical and Functional
Integration of Global Production Networks. Growth and Change, v. 37, n. 4, p. 510–25,
2004.
HESSELDAHL, Arik. The iPad: more than the sum of its parts; $270 more, actually.
Bloomberg Business Week, v. 22, p. 24, 2010.
26
HIDALGO, C. A et al. The Economic Complexity Observatory: An analytical tool for
understanding the dynamics of economic development. Workshops at the Twenty-Fifth
ÀAI Conference on Artificial Intelligence 2011. 2012.
HIDALGO, C. A; HAUSMANN, R. The building blocks of economic complexity.
Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 106:
10570 – 5, 2009.
HILL, Samuel; LESHER, Molly; NORDÅS, Hildegunn Kyvik. TAD/TC/WP (2007)
7/FINAL Un classified. 2007.
HOBDAY, Mike. East Asian latecomer firms: learning the technology of electronics.
World development, v. 23, n. 7, p. 1171-1193, 1995.
HUMPHREY, John. Upgrading in global value chains. Available at SSRN 908214,
2004.
IMBS, Jean; WACZIARG, Romain. Stages of diversification. The American Economic
Review, v. 93, n. 1, p. 63-86, 2003.
IM, Kyung So; PESARAN, M. Hashem; SHIN, Yongcheol. Testing for unit roots in
heterogeneous panels. Journal of econometrics, v. 115, n. 1, p. 53-74, 2003.
JOHNSON, B.; LUNDVALL, B. “Why all this fuss about codifiedknowledge?”,
DRIUD Winter Conference , january 18-20, 2001.
JORGENSON, Dale W.; HO, Mun S.; STIROH, Kevin J. A retrospective look at the
US productivity growth resurgence. FRB of New York Staff Report, n. 277, 2007.
JORGENSON, Dale W.; TIMMER, Marcel P. Structural Change in Advanced Nations:
A New Set of Stylised Facts. The Scandinavian Journal of Economics, v. 113, n. 1, p. 1-
29, 2011.
KALDOR, Nicholas et al. Strategic factors in economic development. 1967.
KALDOR, Nicholas. Causes of the slow rate of economic growth of the United
Kingdom: an inaugural lecture. Cambridge University Press, 1966.
KALDOR, Nicholas. Inflation and recession in the world economy. The Economic
Journal, v. 86, n. 344, p. 703-714, 1976.
KALDOR, Nicholas. The irrelevance of equilibrium economics. The Economic Journal,
v. 82, n. 328, p. 1237-1255, 1972.
KATOUZIAN, M. A. The development of the service sector: a new approach. Oxford
Economic Papers, v. 22, n. 3, p. 362-382, 1970.
KOMMERSKOLLEGIUM (Swedish National Board of Trade). Everybody Is in
Services: The Impact of Servicification in Manufacturing on Trade and Trade Policy.
Kommerskollegium Report 2012.
Kon, Anitta. A Nova Economia Política dos Serviços. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2015.
27
LESHER, Molly; NORDÅS, Hildegunn Kyvik. Business services, trade and costs.
2006.
LEVIN, Andrew; LIN, Chien-Fu; CHU, Chia-Shang James. Unit root tests in panel
data: asymptotic and finite-sample properties. Journal of econometrics, v. 108, n. 1, p.
1-24, 2002.
LINDEN, Greg; KRAEMER, Kenneth L.; DEDRICK, Jason. Who captures value in a
global innovation network?: the case of Apple's iPod. Communications of the ACM, v.
52, n. 3, p. 140-144, 2009.
MADDALA, Gangadharrao S.; WU, Shaowen. A comparative study of unit root tests
with panel data and a new simple test. Oxford Bulletin of Economics and statistics, v.
61, n. S1, p. 631-652, 1999.
MARKUSEN, James R. Trade in producer services and in other specialized
intermediate inputs. The American Economic Review, p. 85-95, 1989.
MARSH, Peter. The new industrial revolution: consumers, globalization and the end of
mass production. Yale University Press, 2012.
MCMILLAN, Margaret S.; RODRIK, Dani. Globalization, structural change and
productivity growth. National Bureau of Economic Research, 2011.
MELO, Hildete Pereira de et al. O setor serviços no Brasil: uma visão global-1985/95.
1998.
MILES, I. et al. Knowledge Intensive Business Services: Their Roles as Users, Carriers
and Sources of Innovation. PREST, Manchester, 1994.
MILES, Ian et al. Knowledge-intensive business services: users, carriers and sources of
innovation. European Innovation Monitoring System (EIMS) Reports, 1995.
MILES, Ian. Patterns of innovation in service industries. IBM Systems journal, v. 47, n.
1, p. 115-128, 2008.
MIOZZO, Marcela; SOETE, Luc. Internationalization of services: a technological
perspective. Technological Forecasting and Social Change, v. 67, n. 2, p. 159-185,
2001.
MULLER, Emmanuel; ZENKER, Andrea. Business services as actors of knowledge
transformation: the role of KIBS in regional and national innovation systems. Research
policy, v. 30, n. 9, p. 1501-1516, 2001.
OCDE. Global value chains in services: a case study on costa rica. 2014.
OCDE/OMC. Interconnected economies: benefiting from global value chains.
PreliminaryVersion. Genebra, 2013.
OLIVEIRA, Pedro; VON HIPPEL, Eric. Users as service innovators: The case of
banking services. Research Policy, v. 40, n. 6, p. 806-818, 2011.
28
PARK, Se-Hark; CHAN, Kenneth S. A cross-country input-output analysis of
intersectoral relationships between manufacturing and services and their employment
implications. World Development, v. 17, n. 2, p. 199-212, 1989.
RODRIK, Dani. Industrial policy for the twenty-first century. 2004.
RODRIK, Dani. Unconditional convergence in manufacturing. The Quarterly Journal of
Economics, p. qjs047, 2012.
RODRIK, Dani. The past, present, and future of economic growth. Challenge, v. 57, n.
3, p. 5-39, 2014.
RODRIK, Dani. Premature deindustrialization. Journal of Economic Growth, v. 21, n.
1, p. 1-33, 2016.
ROWTHORN, Robert Eric; RAMASWAMY, Ramana. Deindustrialization: causes and
implications. 1997.
SHIH, S. Millenium transformation: change management for new Acer. Aspire
Academy Séries. 1992.
SOUSA, Aline Correia de. Indústria calçadista brasileira e concorrência internacional:
uma análise da qualidade dos produtos exportados e das estratégias adotadas pelas
firmas (1989-2006). 2009.
SUMMERS, Robert. Services in the international economy. Managing the service
economy: prospects and problems, p. 27-48, 1985.
STOJKOSKI, Viktor; UTKOVSKI, Zoran; KOCAREV, Ljupco. The Impact of
Services on Economic Complexity: Service Sophistication as Route for Economic
Growth. arXiv preprint arXiv:1604.06284, 2016.
TEMPEST, Rone. Barbie and the World Economy, Los Angeles Time. 1996.
THIRLWALL, A. P. The balance of payments constraint as an explanation of
international growth rate diferences. 1979. In: McCombie, J.S.L.; Thirlwall, A.P. Essays
on Balance of Payments Constrained Growth: Theory and Evidence. Routledge,
Londres, 2004.
THIRLWALL, Anthony P. A plain man’s guide to Kaldor’s growth laws. Journal of
post Keynesian economics, v. 5, n. 3, p. 345-358, 1983.
M.P. Timmer, G.J. de Vries, and K. de Vries. Patterns of Structural Change in
Developing Countries. GGDC research memorandum 149, 2014.
TRIPLETT, Jack E. BOSWORTH, Barry P. Baumol’s Disease’has been cured: IT and
multifactor productivity in US services industries. The new economy and beyond: Past,
present, and future, p. 34-71, 2006.
VOSS, Chris. Applying service concepts in manufacturing. International Journal of
Operations & Production Management, v. 12, n. 4, p. 93-99, 1992.
29
YOUNGDAHL, William E. An investigation of service-based manufacturing
performance relationships. International Journal of Operations & Production
Management, v. 16, n. 8, p. 29-43, 1996.
Top Related