Desenvolvimento sustentável e educação ambiental: uma trajetória comum com muitos desafios
José Carlos Barbieri – mestre e Doutor pela FGVProfessor da FGV
Dirceu da SilvaMestrado em FísicaDoutor em EducaçãoProfessor da Unicamp
Objetivo
Apresentar a gênese de uma concepção de educação ambiental (EA)
Proposta de educação para o desenvolvimento sustentável (EDS)
Duas concepções complementares
Construindo um consenso sobre a EA associada ao Desenvolvimento Sustentável
• Origens da Educação Ambiental ligada à criação da A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO
• Conferência sobre a Biosfera – Paris, 1968: marco inicial do movimento pelo desenvolvimento sustentável
• Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano – Estocolmo, 1972
• Declaração sobre o Ambiente Humano:
▫ “O homem tem direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna [...]”
Plano de trabalho com 110 resoluções
Objetivos da Educação Ambiental: Carta de Belgrado - 1975
• Conscientização• Conhecimento• Atitudes• Habilidades• Capacidade de
avaliação• Participação
Críticas: Falta de proposições
concretas
Conferência intergovernamental sobre EA – Tbilisi (1977)
A EA deve ser endereçada a:
1. Ao público em geral
2. Grupos profissionais ou sociais específicos
3. Formação de profissionais e grupos que tratam de problemas ambientais específicos
Criação do Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA) – seminário sobre educação ambiental: Carta de Belgrado
A agenda 21: capítulo 36 – promoção do ensino, conscientização pública e do treinamento•Aprovada na Rio-92•Total de 40 capítulos•Coordenação de atividades a cargo da
UNESCO
3 áreas de programas:1.Reorientação do ensino no sentido do
desenvolvimento sustentável2.Aumento da consciência pública3.Promoção do treinamento
Educação para o desenvolvimento sustentável
•1997: Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade – Tessalônica
reafirma a ideia do conceito de sustentabilidade que envolve meio ambiente, pobreza, população, saúde, segurança alimentar, democracia, direitos humanos e paz.
Declaração de Tessalônica
•Recomenda planos de ação elaborados em nível local
•Redução da pobreza como meta e condição para sustentabilidade
▫Principal causa da degradação: associada ao consumo exagerado
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CMDS) - JohannesburgoObjetivo de tratar 5 temas específicos:1.Água e saneamento 2.Energia3.Saúde4.Agricultura5.Biodiversidade e gestão de ecossistemas
Plano de ação com 153 recomendaçõesExemplos: recursos para universalização do ensinoErradicação das disparidades entre gêneros
Recomendação 117
•A assembleia Geral da ON: Decênio das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – 2005 a 2014▫Promoção do ensino e da aprendizagem
para todos•Baseada no conceito de desenvolvimento
sustentável da Comissão de Brundtland
Ecos de Tbilisi•A meta da EA é fazer com que se compreenda
o caráter complexo do meio ambiente
•Objetivo da EA: evidenciar a interdependência econômica, política, ecológica
•Compreender as relações entre desenvolvimento socioeconômico e melhoramento do meio ambiente
Opiniões sobre EA e EDS
•EDS diferente da EA apolítica e científica
•EA como componente da EDS
•EDS – questões sociais; EA – dimensão ambiental
•EDS prevê orientação par aEA
•EA: atenção sobre as forças naturais; pouca consideração pelas forças sociais
•Falha da EA em abrir a discussão com tomadores de decisão
•EDS com foco mais crítico
Perspectivas sobre a relação entre EA e EDS
EA é parte da EDS EDS é parte da EA
EA e EDS sobrepostas parcialmente
EDS é um estágio na evolução da EA
(Hasselink, Kempen e Wals, 2000, apud Barbieri e Silva, 2011)
De Educação Ambiental para Educação para o desenvolvimento sustentável
•Especialistas da América Latina entendem que:▫as dimensões sociais e econômicas devem
estar presentes na EA▫A EA já incorpora a dimensão social e
econômica
Críticas e objeções ao desenvolvimento sustentável•Desenvolvimento x Crescimento•Aumento da riqueza x Distribuição
O que significa desenvolvimento?
Críticas• Daly (1991): necessidade
de limitar as atividades humanas à capacidade de suporte do planeta
• McNeil (2000): o crescimento se tornou um fetiche
• Pedrini (2006): proposta da Unesco de educação vinculada ao desenvolvimento sustentável tem ênfase nas regras de mercado
• Lélé (1991): uso indiscriminado da expressão desenvolvimento sustentável
• Porrit (2003): visão positiva da disseminação do tema
• O’Riordan (1997): desenvolvimento sustentável como artigo de fé e conforto
• Caldwell (1993): conceito positivo e inespecífico
A escolha do termo ‘Sustentável’•Elkington (2000): Tripé da
sustentabilidade▫Princípio que assegura as ações de hoje e
não limita as ações das gerações futuras
•Savitz e Weber (2006): ▫Arte de fazer negócios num mundo
interdependente
O papel das instituições de ensino superior•Seminário de Belgrado:
▫Desenvolvimento de programas para alunos de nível superior
•Tbilisi▫Formação de profissionais específicos
•Agenda 21▫Apoio a universidades
•Declaração de Talloires▫Acordo voluntário específico para IES
Principais iniciativas voluntárias das IES de caráter geralDocumento Descrição/fontes
Declaração de Talloires (França)
1990. Iniciativa voluntária
Declaração de Halifax (Canadá)
1991. Iniciativa da Universidade das Nações Unidas e da Associação de Universidades Canadenses
Declaração de Swansea (País de Gales)
1993. Associação das Universidades de Commonwealth
Declaração de Kyoto 1993. Oito ações
Carta Copernicus 1994. Define o papel das universidades na busca pelo desenvolvimento sustentável
Declaração de Lüneburg (Alemanha)
2001. Necessidade de implantar as recomendações do cap. 36 da Agenda 21
Declaração de Ubuntu 1992-2000. retoma a necessidade de colocar em prática a Agenda 21
Princípios para a educação de gestão responsávelPrincípio Enunciado
1 – Propósito Desenvolver capacidades para estudantes serem geradores de valores sustentáveis
2 – Valores Incorporar nas atividades os valores de responsabilidade social global
3 – Método Criar estruturas educacionais que permitam experiências de aprendizagem
4 – Pesquisa Buscar pesquisas que aumentem o entendimento sobre o papel e impacto das empresas
5 – Parceria Interagir com gestores de empresas e explorar juntos abordagens eficazes
6 – Diálogo Facilitar o diálogo e o debate
Resumo
•EA não deve ser disciplina específica, mas incluída em todos os níveis de ensino
•Processo lento x urgência de ação: iniciativas voluntárias
•Gestão ambiental: aplicação de conhecimentos aos problemas ambientais por processos administrativos típicos
Educação para a sustentabilidade nos cursos de Administração: reflexão sobre paradigmas e práticas
Pedro Roberto JacobiMestrado em planejamento urbanoDoutor em SociologiaProfessor da USP
Emmanuel RauffletPhD em GestãoProfessor Escola de Negócios Internacional - Quebec
Michelle Padovese de ArrudaMestranda em Ciência Ambiental - USP
A temática da sustentabilidade socioambiental nas empresas e seu diálogo com a academia
•Sustentabilidade: capacidade de resistir, durar
•Objetivo do texto:▫Contribuir para o debate sobre o papel da
educação superior – cursos de Administração e Gestão
Emergência da sociedade de risco•Urich Beck (1992):
•Alterações estruturais da sociedade •Intensidade das mudanças
Todos corremos os mesmos riscos
Parte 1
Ecologia e economia
•Paradigma convencional▫Crescimento econômico para alcançar a
sustentabilidade•Economia ecológica
▫Economia estacionária•Reconfiguração do processo produtivo
▫Ecoeficiência, redução do consumo de energia
Propostas para a educação: em direção a paradigmas que abordem a complexidade•Práticas educativas que apontam para
propostas pedagógicas centradas na criticidade dos sujeitos, com vistas à mudança de comportamento e atitudes
•Proposta de diálogo de saberes
Educação superior e a inserção do temaComponentes do papel das IES:
1.Espaços de formação, intercâmbio e educação
2.Espaços de pesquisa e geração de ideias3.As organizações, com orçamentos e
processos de tomada de decisão
A década das Nações Unidas da Educação para o desenvolvimento sustentável
Parte 2
Princípios para a educação de gestão responsávelPrincípio Enunciado
1 – Propósito Desenvolver capacidades para estudantes serem geradores de valores sustentáveis
2 – Valores Incorporar nas atividades os valores de responsabilidade social global
3 – Método Criar estruturas educacionais que permitam experiências de aprendizagem
4 – Pesquisa Buscar pesquisas que aumentem o entendimento sobre o papel e impacto das empresas
5 – Parceria Interagir com gestores de empresas e explorar juntos abordagens eficazes
6 – Diálogo Facilitar o diálogo e o debate
Desafios (THOMAS, 2004)
•Superar barreiras, •Falta de consenso sobre sustentabilidade, •Falta de interesse e comprometimento•Recompensas limitadas para a inovação•Falta de experiência e apoio financeiro
Desafios para as instituições
•Ambiguidade da definição de sustentabilidade
•Enfoque fragmentado – iniciativas de ‘esverdeamento’
•Resistência à interdisciplinaridade •Processo organizacional nas instituições
▫Necessidade de ampliar as visões de colaboração
Competências para o desenvolvimento sustentável
Competência Descrição
Perspectivas de futuro Ser capaz de imaginar um mundo melhor
Pensamento crítico e reflexão Aprender a questionar os sistemas atuais
Pensamento sistêmico Reconhecer as complexidades, procurar ligações
Construção de parcerias Promover o diálogo e a negociação, aprender a trabalhar em equipe
Participação nas tomadas de decisão
Empoderar as pessoas
Vantagens do quadro de competências
1. Ir além da visão fundamentada no conhecimento sobre sustentabilidade
2. Possibilitam a formulação de um curso que vá além dos tradicionais
Implicações para as escolas de Administração•Conceito de sustentabilidade difundido de
duas maneiras:▫Introdução de novos cursos▫Sustentabilidade como oportunidade em
determinada disciplina
Parte 3
Raufllet: três formas de gestão ambiental das empresas•Incremental
▫Comportamento reativo•Adaptativa
▫Sistemas organizacionais com base em uma visão dinâmica
•Radical▫Formas de consumo atuais levam à
degradação
Obstáculos aos avanços da sustentabilidade no currículo das escolas de administração
•Disciplinar•Abordagens de ensino•Valor da sustentabilidade e desafio de sua
mensuração•Integração
Como integrar sustentabilidade no ensino da administração?
Princípios (TILBURY e WORTMAN, 2008)
•Pensamento sistêmico•Interdiscipilinaridade•Três pilares do desenvolvimento
sustentável para tomada de decisões: social, ambiental, econômico
Duas condições para promoção do desenvolvimento sustentável:
Planejar como a sustentabilidade será implantadaStatus da sustentabilidade num contexto disciplinar
Parte 4
Reflexões finais: quatro caminhos
• Construir comunidades de aprendizagem
• Valorizar o cuidado com a diversidade cultural e biológica, promover formas democráticas de governança, favorecer economias locais (GLASSER, 2007)
• Integração do conhecimento▫ Buscar quadros
conceituais que promovam a mudança
• Educação para sustentabilidade na direção da aprendizagem social▫ Abordagem sistêmica da
sustentabilidade ▫ Reforço da dimensão
participativa
• Educar indivíduos responsáveis e comprometidos▫ Repensar o papel da
Administração e a educação de gestores
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