Design Permacultural
Fazenda Terapêutica da ARCAH em
Botucatu/SP Botucatu e São Paulo – Dezembro de 2015
Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu
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crédito lhe seja atribuído.
Imagem de capa: Adaptada de http://permacultureprinciples.com. Acesso em 18 dez 2015.
Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu
Página
Introdução 4
Apresentação do projeto ................................................................................................................................................ 4
Escopo do projeto ........................................................................................................................................................... 6
Leitura da paisagem 7
Descrição da localidade ................................................................................................................................................... 7
Descrição da área ............................................................................................................................................................ 9
Zoneamento 13
Topografia e solos ........................................................................................................................................................... 13
Setorização ..................................................................................................................................................................... 16
Zonas ............................................................................................................................................................................... 18
Sistematização da água 4
Mapas de acesso 4
Energia no sistema 4
Análise de elementos 4
Diagrama de relações 4
Propostas de implantação do design ao longo do tempo 4
Situação atual ................................................................................................................................................................. 4
Pré-implantação .............................................................................................................................................................. 4
Fase 1 ............................................................................................................................................................................... 4
Fase 2 .............................................................................................................................................................................. 4
Fase 3 .............................................................................................................................................................................. 4
Referências 4
Sumário
Página
Introdução 4
Apresentação do projeto ................................................................................................................................................ 4 Escopo do projeto ........................................................................................................................................................... 6
Leitura da paisagem 7
Descrição da localidade ................................................................................................................................................... 7 Descrição da área ............................................................................................................................................................ 9
Zoneamento 13
Topografia e solos ........................................................................................................................................................... 13 Setorização ..................................................................................................................................................................... 16 Planejamento por zonas ................................................................................................................................................. 18
Sistematização da água 21
Cisternas .......................................................................................................................................................................... 22 Valas de infiltração .......................................................................................................................................................... 28 Açudes ............................................................................................................................................................................. 29 Aproveitamento máximo de água ................................................................................................................................... 33
Mapa de acesso 34
Energia no sistema 36
Análise de elementos 38
Propostas de implantação do design ao longo do tempo 50
Fase 1 ............................................................................................................................................................................... 51 Fase 2 .............................................................................................................................................................................. 55
Referências 59
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Este trabalho de design permacultural surgiu da união dos
sonhos e ações de dois grupos atuantes em locais diferentes.
A ARCAH (Associação de Resgate à Cidadania por Amor à
Humanidade) é um projeto desenvolvido em São Paulo/SP que
objetiva o resgate integrado de pessoas em situação de rua. O
Grupo Curare de Permacultura é um coletivo de Botucatu/SP
que desenvolve atividades em Permacultura, especialmente
ações educacionais, com o objetivo de popularizá-la.
Esses dois grupos se encontraram pela primeira vez em 2014,
quando a ARCAH começou a desenvolver um trabalho baseado
em Permacultura numa fazenda terapêutica parceira. Ali,
nascia a aproximação com a Permacultura, atualmente citada
como base de todas as ações do grupo.
Por esse movimento, um dos integrantes desse grupo veio
para Botucatu para participar do VII Curso de Design em
Permacultura (PDC) organizado pelo Curare, em 2015. A
amizade e a confiança iniciadas neste período culminaram com
o convite, pela ARCAH, da participação do Curare na
elaboração do projeto de design permacultural de uma
fazenda terapêutica, numa área localizada, por coincidência,
em Botucatu.
Assim, iniciamos os trabalhos conjuntos a partir de outubro de
2015. Depois de 2 meses, apresentamos o resultado desse
processo, o qual servirá de norte para as futuras ações
desenvolvidas na área. Além disso, esperamos também que ele
sirva de contribuição para outras iniciativas em permacultura,
fornecendo todos os elementos que utilizamos ao longo do
processo de forma detalhada.
O projeto de design segue a linha de pensamento proposta
pelo método de design permacultural. Num primeiro
momento, apresentamos o escopo do projeto, com os
objetivos da proposta.
A seguir, entramos em seções mais técnicas. De início, fazemos
a descrição da localidade e da área, chamada Leitura da
Paisagem. A próxima seção traz o Zoneamento da área, com a
apresentação de mapas com a topografia e histórico do local,
setorização e planejamento por zonas.
Após isso, trazemos a sistematização da água, com
proposições para a construção de açudes, valas de infiltração,
tratamento de esgoto e áreas de captação. Também atreladas
a esse planejamento que envolve movimentação de solo,
trazemos os mapas de acesso, que oferecem conexão entre
todos os elementos, seguido pela análise da energia no
sistema.
Apresentação do projeto
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Num próximo momento, trazemos a análise de elementos,
com a descrição detalhada das características intrínsecas,
necessidades, produtos, comportamento e funções de cada
um dos elementos que são propostos para a fazenda. As
relações entre esses elementos serão mais detalhadas durante
a apresentação das propostas de design.
Por fim, apresentamos as propostas de implantação do design
permacultural ao longo do tempo, tendo em vista a busca da
autossuficiência do local e a construção de relações
harmônicas com o entorno. Serão consideradas as seguintes
fases: situação atual, fase 1 (12 alunos, primeiros passos) e
fase 2 (240 alunos, o sonho).
Todo este trabalho técnico não faria sentido sem as bases
éticas trazidas pela Permacultura: o cuidado com a Terra, o
cuidado com as pessoas e a partilha justa dos excedentes são
a linha norteadora de todas as intervenções propostas com o
objetivo de criação uma comunidade humana sustentável ao
longo do tempo. A busca por sociedades humanas
ambientalmente equilibradas e socialmente justas perpassa
todo esse projeto e nos traz a motivação para seguir a
caminhada.
Boa leitura!
Equipe técnica de elaboração do design permacultural
Grupo Curare de Permacultura:
- André Santachiara Fossaluza – licenciado e bacharel em
Ciências Biológicas, mestre e doutorando em Educação para a
Ciência. Trabalha com Permacultura, Educação Ambiental e
ensino de língua inglesa. Atualmente vive em Botucatu/SP.
- César Claro Trevelin – licenciado e bacharel em Ciências
Biológicas. Trabalha com Permacultura e fotografia.
Atualmente vive em Botucatu/SP.
- João Paulo Becker Lotufo Júnior – licenciado e bacharel em
Ciências Biológicas. Trabalha com Permacultura e educação.
Atualmente vive em Amsterdã/Holanda.
- Thiago Silva de Carvalho – licenciado e bacharel em Ciências
Biológicas. Trabalha com Permacultura e pesquisa em Química.
Atualmente vive em Botucatu/SP.
ARCAH:
- Rodrigo Flaire – Engenheiro de Produção Mecânica, diretor
de operações da ARCAH. Trabalha com Permacultura focado
em comunidades terapêuticas. Atualmente vive em São Paulo.
Nossos agradecimentos a várias pessoas que contribuíram
conosco: Vivian Ferreira Franco, Edmar José Scaloppi,
Francisco Luiz Araújo Câmara, Fernando Soriano, Tomaz
Amaral Lotufo e a todo o Grupo Curare de Permacultura. Um
grande salve a Anselmo Nogueira e Vivian Tiemi Hamamoto
Cypriano pelos cafés, jantares e espaços para as longas e
produtivas reuniões de trabalho.
Apresentação do projeto
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O presente projeto de design permacultural cumpre o objetivo
de sistematizar e orientar a criação de uma comunidade
terapêutica. O grupo gestor dessa comunidade será a
Organização Não-Governamental ARCAH, que contratou os
serviços de design em permacultura do Grupo Curare de
Permacultura. Os dois grupos trabalharam em parceria para
atingir os objetivos de design.
O projeto foi realizado no período de 26 de outubro até 23 de
Dezembro de 2015. Na data de entrega do projeto foi realizada
uma apresentação oficial para os membros da ARCAH em São
Paulo.
Dentre os objetivos de destaque do processo ressalta-se o
reconhecimento da área e rede de contatos de possíveis
colaboradores na construção do projeto final, que foi chamado
de sonho. O projeto foi divido em duas etapas, sendo a etapa 1
os primeiros passos na implantação e a etapa 2 o design como
capacidade total (240 pessoas), além dos cuidadores,
professores, profissionais em cada setor e equipe completa
para o cuidado dos participantes do programa e
funcionamento da comunidade.
A comunidade tem como objetivo prioritário o acolhimento,
cuidado, adaptação e capacitação das pessoas em situação de
rua. A ARCAH acredita fortemente que pessoas em situação de
rua, que acabam desenvolvendo a dependência química, só
estão nessa situação pela falta de oportunidade. Por isso a
comunidade tem as frentes de trabalho como ponto
fundamental no seu funcionamento.
No mesmo patamar de importância, vem o objetivo de ser
autossustentável ao longo dos anos, pois um projeto deste
porte não pode depender apenas de doações, sendo
necessária uma frente de produção de fundamental
importância. Para isso designamos uma grande área dos
terrenos para produção vegetal através de sistemas
agroflorestais e setores animais.
Todo este projeto é baseado nos conhecimentos da
Permacultura, buscando o menor gasto energético nos
caminhos e acessos de cada área do terreno, fazendo a
setorização relativa e delimitando as zonas da propriedade.
Com estudo e cálculos para capacidade e utilização de água,
energia e diferentes fontes de suprimento e fluxograma dos
elementos presentes na propriedade atingindo as perspectivas
futuras.
Escopo do projeto
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Botucatu é uma cidade de aproximadamente 130.000
habitantes localizada no centro-oeste paulista (22°53'09" de
latitude sul, 48°26'42" de longitude oeste), próxima a Bauru.
Possui extensão territorial de 1.482,642km² e sua área abrange
está numa região transição entre o bioma cerrado e mata
atlântica. O nome da cidade tem origem tupi Ibytu-katu e
significa “bons ares” ou “bom vento”. Outra origem possível
faz referência à junção dos termos tupis ybytyra e katu, que
significam “serra boa”.
Seu clima é considerado subtropical úmido (Clima do tipo Cfa,
de acordo com a classificação Köppen e Geiger: clima
temperado quente – mesotérmico – úmido, com temperatura
média do mês mais quente superior a 22ºC), com presença de
ventos constantes. A pluviosidade média anual é de
1.501,4mm, bem distribuídos ao longo do ano, com período de
estiagem durante o inverno. Botucatu tem uma temperatura
média de 20,3 °C. Sua altitude média é 840m.
A cidade está localizada numa região chamada de Cuesta
Basáltica, formação que marca a transição entre a depressão
periférica e o planalto paulista. Além disso, é importante zona
de recarga do Aquífero Guarani, com afloramentos do arenito
que compõe a estrutura desse importante sistema natural de
armazenamento de água doce.
Descrição da localidade
Figura 1. Localização de Botucatu no estado de São Paulo. Adaptado de:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:SaoPaulo_Municip_Botucatu.svg. (Acesso em
20 dez. 2015)
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O vento em Botucatu é predominante Sudeste, com inversões
durante períodos de chuva (Noroeste) e velocidade média de
1,6m/s.
O ano mais chuvoso foi 1983 com 2.247 mm/ano, e o menos
chuvoso foi 1984, com 939 mm/ano. Janeiro é o mês mais
chuvoso com médias de 263 mm, sendo o mês critico
registrado em janeiro de 2011 com 496,1 mm. A máxima
precipitação diária registrada é de 30 mm, existindo a
possibilidade de chuva acumulada superior a 100 mm em dias
de chuvas seguidos no verão.
Descrição da localidade
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Figuras 2, 3 e 4. Gráficos (eixo X: dias do mês; eixo Y: mês) que
apresentam a umidade relativa do ar, velocidade do vento e
temperaturas médias de Botucatu/SP, respectivamente, no
período entre 1971 e 2008.
2. Observamos a variação da umidade relativa do ar de
57,7% (julho-setembro) a 81,8% (janeiro-fevereiro);
3. Percebemos que entre janeiro e julho os ventos são
menos intensos (1,3 a 1,5 m/s), com intensificação de agosto a
dezembro (1,5 a 2,0 m/s);
4. A temperatura média varia de 15,9°C no mês de
julho a 23,7°C entre janeiro e março. Fonte:
http://www.fca.unesp.br/#!/instituicao/departamentos/solos-recursos-
ambientais/sra/estacao-meteorologica/distribuicao-temporal-das-normais-
climatologicas. Acesso em: 20 dez. 2015
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Os terrenos doados para a construção da fazenda terapêutica
têm área total de 304.973,81m². Para efeito de padronização
durante o projeto, chamaremos o terreno maior de Área A
(164.037,31m²), o terreno menor de Área B (140.936,50m²) e a
união dos dois terrenos de Área (Figuras 5 e 6).
A área está localizada ao longo da Estrada Municipal Eduardo
Zuccari e era de uso da empresa Duratex, do ramo madeireiro.
Atualmente, a área encontra-se ocupada pela primeira rebrota
de eucalipto (Eucalyptus), árvore utilizada também no setor de
papel e celulose. Na área A, os rebrotes estão com 3 anos,
enquanto que na área B eles possuem 2 anos do primeiro
corte.
Entre as áreas A e B está o Aterro Sanitário Municipal de
Botucatu. O Aterro funciona desde 1997, com disposição
média diária de 90 toneladas de resíduos sólidos urbanos
(ZANON, 2014). Atualmente de acordo com a Lei Nacional de
Resíduos Sólidos, o Aterro também conta com central de
processamento de materiais recicláveis e central de reciclagem
de entulho (atualmente desativada). O lodo coletado no Aterro
passou a ser destinado para tratamento em outra localidade
após sua conversão em Aterro Sanitário recentemente.
Há recomendação da ABNT, CONAMA e CETESB que indicam
que não devem existir recursos d’água a 100m de aterros
sanitários.
A Área A possui duas clareiras que foram manejadas pela
equipe do Aterro Sanitário, localizado a oeste. Essas
movimentações criaram pontos planos e sem a presença de
eucaliptos, totalizando aproximadamente 40.000m². Sua face
leste faz divisa com outra área de produção de eucaliptos; a
face sul termina na área de servidão da CESP; já sua face norte
chega à Estrada Municipal Eduardo Zuccari. A topografia do
terreno é pouco acidentada, com diferença de 20 metros de
altitude entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo.
A Área B está completamente preenchida por eucaliptos e não
tem divisa direta com a área do Aterro Sanitário: na sua face
leste encontra-se a área de servidão da CESP. Ao Norte ela se
encontra com a Estrada Municipal Eduardo Zuccari; já a oeste,
faz divisa com uma área de produção de eucaliptos. Sua face
sul encontra uma estreita faixa de produção de eucaliptos,
seguida por um fragmento característico de mata ciliar
(encontrada ao longo de cursos d’água). A topografia do
terreno é pouco acidentada, mas com queda maior que da
Área A (40 metros de diferença de altitude entre o ponto mais
alto e o ponto mais baixo), com uma grande depressão na
extremidade sudeste. (Figuras 7 e 8).
Não há cursos d’água superficiais nos terrenos. Nas pesquisas
históricas, porém, encontramos que havia um curso d’água
que cortava o Aterro Sanitário antes da sua implantação em
1997. Além disso, nota-se um curso d’água barrado a leste da
Área A, o qual se comunicava com a mata ciliar comentada.
O levantamento fotográfico feito na área é apresentado em
arquivo anexo a este projeto.
Descrição da área
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Figura 5. Localização do terreno da Fazenda Terapêutica da ARCAH, na Estrada Municipal Eduardo Zuccari (ao contrário do indicado na imagem, que
coloca Rodovia João Hipólito Martins) ao lado do Aterro Sanitário Municipal. Fonte: https://www.google.com.br/maps/@-22.9522143,-
48.4955873,1722m/data=!3m1!1e3?hl=pt-PT. Acesso em: 20 dez.2015
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Figura 6. Área da Fazenda Terapêutica da ARCAH, com sua delimitação e dimensões. Notar a divisão das duas áreas pela área de servidão da CESP, com
rede de alta tensão.
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Figura 7. Planta da área da fazenda terapêutica da ARCAH com curvas de nível (a cada 5 metros de queda de altitude), antes das movimentações de terra
já realizadas pela Prefeitura Municipal de Botucatu no local.
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Figura 8. Foto área da fazenda terapêutica da ARCAH com curvas de nível (a cada 5 metros de queda de altitude) atualmente, considerando-se as
movimentações de terra realizadas pela Prefeitura Municipal de Botucatu.
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Como apresentado na seção anterior, ambas as áreas
apresentam baixa declividade. A Área B, porém, possui
declividade mais acentuada, sendo observados processos
inicias de erosão na estrada que delimita a face leste do
terreno e a separa da área de servidão da CESP.
A figura 8 apresenta a topografia do terreno já considerando as
alterações acarretadas pelas movimentações de terra
realizadas pelo Aterro Sanitário Municipal.
Apesar de não termos realizado a análise granulométrica do
solo, encontramos em Zanon (2014, p.52; figura 9), uma
descrição do solo adjacente à área. As coletas utilizadas na
pesquisa foram feitas no Aterro Sanitário Municipal e
apresentaram o seguinte resultado:
“Determinaram-se as seguintes frações granulométricas em massa de solo seco: 8% de argila, 4% de silte, 60% de areia fina e 28% de areia média. Pode-se observar que a presença de finos é igual a 12%” (ZANON, 2014, p.52).
Essa análise nos indica que o solo da área é provavelmente
arenoso, fato que exige alteração em sua composição para
construção de açudes e para utilização em construções.
Como a área da fazenda terapêutica está coberta por
eucaliptos, não foi possível determinar a porcentagem de
matéria orgânica existente no solo, assim como sua
permeabilidade à água e grau de compactação.
Independentemente disso e ao se analisar os resultados
apresentados por Zanon (2014) quanto à composição química,
de matéria orgânica, permeabilidade à água e grau de
compactação do solo, serão necessárias correções no solo
para atividades agrícolas e para construção de edificações.
Uma grande preocupação que tivemos durante o processo de
elaboração do design permacultural foi a possibilidade de
contaminação do solo e dos corpos d’água subterrâneas pela
lixiviação de substâncias do Aterro. Zanon (2014), em seu
trabalho, conclui que a área estudada não apresenta
contaminação:
“Apesar do fato do solo local ser arenoso e poroso, apresentar condutividade hidráulica elevada e possuir baixas fração de argila e capacidade de troca catiônica, os metais investigados (arsênio, cádmio, chumbo, cromo, cobre, níquel e zinco) foram parcialmente retidos no subsolo e não atingiram os valores máximos permitidos na legislação estadual aplicável, mesmo após 15 anos de armazenamento de lixiviado em uma lagoa sem revestimento de fundo” (ZANON, p.94).
Topografia e solo
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Figura 9. Distribuição granulométrica do solo da área do Aterro Sanitário Municipal de Botucatu realizada por ZANON, 2014 (p.53), adjacente à área da
fazenda terapêutica.
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O processo de setorização do terreno buscou tratar das
energias que não são controláveis numa área, como o sol, luz,
vento e chuva, energias que são produzidas fora dos sistemas e
passam por ele (MOLLISON; SLAY, 1994). Optamos por
apresentar os fluxos de água e sua sistematização numa seção
posterior do projeto, dada sua complexidade e importância
para o desenvolvimento do design.
A representação dos setores é feita na figura 10 na forma de
um diagrama de setores, o qual mostra os setores de insolação
e luz de verão e inverno, o caminho dos ventos pela
propriedade em situações de chuva e tempo firme
(diretamente relacionado ao caminho das chuvas), assim como
outros elementos externos que interferem no funcionamento
da fazenda terapêutica:
Aterro Sanitário Municipal: possibilidade de contaminação do
solo por substâncias lixiviadas e mau cheiro proveniente da
decomposição de matéria orgânica.
Rede de servidão da CESP: alto fluxo de energia elétrica a alta
tensão.
Áreas adjacentes produtoras de eucaliptos: ruídos no
momento de corte e possibilidade de contaminação do ar pelo
uso de agrotóxicos durante a produção.
Estrada Municipal Eduardo Zuccari: ruídos e poluição
provenientes do fluxo de veículos pesados.
Sol: no solstício de verão (21 de dezembro) do Hemisfério Sul,
temos o momento onde há maior incidência de luz nesse
hemisfério. A trajetória do Sol neste momento é representada
pelo arco em amarelo e indica o nascimento do Sol a sudeste e
seu pôr a sudoeste. A partir dessa data, a trajetória do Sol se
desloca a norte, atingindo o ponto de menor insolação no
Hemisfério Sul, o chamado solstício de inverno (21 de junho);
essa trajetória, representada pelo arco verde, indica o nascer
do Sol a nordeste e seu pôr a noroeste. A partir dessa data, sua
trajetória se desloca para o sul, e assim sucessivamente. Por
isso, a face norte é mais valorizada em todo o hemisfério sul
quando se busca incidência de luz solar ao longo do ano.
No design permacultural, a atenção dada à trajetória do Sol no
terreno é essencial à localização dos elementos.
Ventos e chuvas: o vento sudeste em Botucatu predomina
durante a maior parte do ano (em torno de 8 meses), mas seu
sentido se inverte em momentos de chuva (noroeste).
No caso da fazenda terapêutica em questão, esse
comportamento dos ventos favorece a ocupação da Área A, já
que essa se localiza a leste do Aterro Sanitário. Na área B é
notado um odor mais forte vindo do Aterro Sanitário, já que
ela se localiza a oeste deste.
Setorização
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Figura 10. Setorização da área da fazenda terapêutica da ARCAH. Os arcos correspondem à trajetória do Sol no momento dos solstícios de verão e
inverno.
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O planejamento de um sistema permacultural por zonas tem
como objetivo posicionar os elementos de acordo com o gasto
energético necessário para suprir suas próprias necessidades
e as necessidades de outros elementos do sistema. Em outras
palavras:
“(...) trata do posicionamento dos elementos de acordo com a frequência em que os utilizamos ou necessitamos visitá-los O zoneamento é decidido a partir de: (‘) o número de vezes que você precisa visitar o elemento (planta, animal, estrutura) para colheita ou retirada da produção; e (2) o número de vezes que o elemento necessita que você o visite” (MOLLISON; SLAY, 1994, p.22).
Assim sendo, o planejamento por zonas aconteceu num
período posterior à determinação da localização relativa dos
elementos. Aqui, por questão de organização, optamos por
apresentá-lo anteriormente à análise de elementos, já
oferecendo uma prévia dos elementos que serão alocados na
fazenda terapêutica. Por esse motivo, também, a descrição dos
elementos é feita de forma superficial, já que ela será
apresentada de forma bastante detalhada numa próxima
seção do projeto.
O planejamento tradicional por zonas na Permacultura divide a
área a ser trabalhada em 6 zonas (0 a 5), sendo que o nível de
energia utilizado em cada zona diminui quanto maior for o
número da zona. Isso significa dizer que a zona 0 é a mais
intensamente trabalhada ou frequentada pelas pessoas,
enquanto que a zona 5 recebe basicamente nenhuma
interferência humana.
É importante ressaltar que essa parte do design,
especialmente, tem como o foco o gasto energético dos seres
humanos para manutenção de cada elemento, ou seja,
planejamento por setores está diretamente relacionado à
quantidade de energia que vamos utilizar para nos relacionar
com um determinado elemento, e não na quantidade de
energia que um elemento não-humano utiliza para se
relacionar com outro.
Assim, apresentamos a proposta de planejamento por zonas
da fazenda terapêutica da ARCAH:
Zona 0: esta zona corresponde ao centro de atividades da
propriedade. No nosso caso, teremos duas zonas 0, uma em
cada área. Optamos por localizar os alojamentos, cozinha e
refeitório na Zona 0 da Área A. Já na Área B está localizada a
vila dos cuidadores. As cisternas para armazenamento da água
das chuvas também estarão nesta zona se forem construídas
no subsolo das casas ou verticalmente.
Planejamento por zonas
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Zona 1: esta zona é intensamente utilizada numa área com
design permacultural, exigindo cuidado e oferecendo
produtos/serviços diariamente. Por isso, na Zona 1 da área A
elencamos a horta agroecológica, escola, biblioteca, galpão de
ferramentas e garagem, área de convivência, lavanderia e
viveiro de hortaliças. Na área B ficarão elementos particulares
escolhidos por cada uma das famílias que habitarão o local,
além das bacias de evapotranspiração.
Zona 2: a Zona 2 também possui intenso manejo, mas já inclui
elementos de maior porte e que exigem área maior para
viverem com qualidade. Na área A, sugerimos a colocação das
oficinas de formação profissional (marcenaria, oficina de
automóveis, serralheria e de construção), quadra
poliesportiva, academia, campo de futebol, centro de saúde,
biopiscina, galinheiro, parte superior do SAF I, biodigestor
integrado, área de produção de laticínios, área de meditação
e viveiro de árvores. Na Área B, a Zona 2 corresponderia a
uma zona arborizada ao redor das casas dos cuidadores.
Zona 3: são elencados nesta zona elementos que necessitam
de menos cuidado ou atenção pontual ao longo do dia, assim
como animais e plantas de grande porte ou que vivem em
grupos. No nosso caso, dispusemos as áreas de compostagem,
porcos, chiqueiro, curral, vacas (sistema agrossilvopastoril),
parte inferior do SAF I, lavoura, abelhas sem ferrão, poços,
pequenas centrais de produção de energia eólica.
A Zona 3 da Área B seria ocupada futuramente por uma área
de produção de plantas para venda à empresa Centroflora, que
produz extratos vegetais.
Zona 4: a Zona 4 é vista como uma área de baixo manejo, onde
podem ser coletados e extraídos produtos a longo prazo, como
madeira, por exemplo. Optamos por fazer uma Zona 4
conjunta às duas áreas, ocupada pelo SAF II. Os diversos
açudes espalhados pelas áreas também fazem parte desta
zona devido à baixa necessidade de manejo que apresentam,
assim como os quebra-ventos, recepção e estacionamento.
Zona 5: num sistema permacultural, a Zona 5 é vista como uma
área não manejada, onde podemos ir para aprender com a
natureza. Para a fazenda terapêutica da ARCAH propomos a
regeneração de uma área atualmente ocupada por eucaliptos.
Dessa forma, esperamos delimitar essa área como reserva
legal da propriedade, já cumprindo a legislação aplicável e
promovendo a regeneração da vegetação característica da
transição cerrado e floresta estacional semidecídua.
Além disso, ao favorecermos o desenvolvimento de uma área
de vegetação natural compacta contribuímos para uma melhor
qualidade ambiental da área e permitimos a conexão futura
com áreas de vegetação natural já existentes no entorno, mas
que passam por um processo de degradação (com barragem
de corpos d’água e acúmulo de sedimentos devido à erosão
superficial nas áreas com altitudes maiores).
Planejamento por zonas
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Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu
Zo
ne
am
en
to
20
Figura 11. Planejamento por zonas da fazenda terapêutica da ARCAH, proposta que leva em consideração a quantidade de energia necessária para suprir
as necessidades de um elemento e a frequência que precisamos ir até esse elemento para atender às nossas necessidades.
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O trabalho de sistematização de água é essencial no
desenvolvimento de um design de qualidade. Quando não bem
manejada, a água pode ser um grande problema para uma
propriedade – seu excesso ou falta trazem grandes
dificuldades para nossa vida. Quando bem manejada, porém,
ela se torna uma grande solução, trazendo vida ao sistema.
Como já apresentado durante a leitura da paisagem, Botucatu
tem uma média pluviométrica anual de aproximadamente
1.501,4mm. Essas chuvas, porém, não se distribuem
uniformemente ao longo do ano.
Os dados coletados na Estação Meteorológica da Faculdade de
Ciências Agronômicas da UNESP, campus de Botucatu, entre os
anos de 1971 e 2008 indicam as seguintes médias
pluviométricas mensais para Botucatu (Quadro 1):
Quadro 1. Médias pluviométricas mensais em Botucatu
Mês Pluviosidade Mês Pluviosidade
Janeiro 230mm Julho 35mm
Fevereiro 210mm Agosto 35mm
Março 150mm Setembro 60mm
Abril 60mm Outubro 130mm
Maio 55mm Novembro 130mm
Junho 50mm Dezembro 185mm
Notamos, assim, que o maior volume chuvas se concentra
entre os meses de dezembro e março (150-230mm/mês), com
momentos de baixa precipitação entre abril e setembro (35-
60mm/mês). Essa variação mensal tem grande influência no
design permacultural, pois exige que manejemos corretamente
os momentos de escassez e abundância dessa substância tão
importante. Para se ter uma ideia, enquanto em janeiro
podemos coletar 230 litros numa superfície de 1m², em julho
coletaríamos 35 litros na mesma área.
Além dos valores médios, deve-se levar em conta valores
críticos máximos já registrados de pluviosidade para que o
sistema consiga suportar uma carga extra de água. Em
Botucatu, o mês com maior registro pluviométrico atingiu
496mm de chuva, e o dia com maior índice atingiu 30mm. No
período analisado, o ano mais chuvoso foi 1983, com
2.247mm, e o ano menos chuvoso foi 1984, com 939mm.
Tendo esses dados em mente, nosso processo de
sistematização da água visou analisar o caminho que ela
percorre na área e trabalhar para deixar o sistema cada vez
mais complexo, diminuindo sua velocidade de saída do terreno
através da conexão com o maior número possível de
elementos. Nesse sentido, propomos a utilização de cisternas
para captação de água da chuva, valas de infiltração (swales),
açudes, biopiscina e sistemas de tratamento de esgotos. É
importante ressaltar que a as áreas não estão conectadas à
rede de água e esgoto.
Caracterização
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A captação e armazenamento de água da chuva é umas das
formas mais simples e inteligentes para aproveitar essa
substância com qualidade, já que a água pluvial chega livre de
impurezas ao sistema. Aqui, qualquer superfície impermeável é
uma oportunidade para servir como ponto de coleta e
qualquer recipiente serve como local de armazenamento.
Na área A, teremos um total de 6.180m² de área de telhado,
os quais podem ser utilizados para captação de água da chuva.
Se considerarmos uma perda de 35% da água precipitada (água
de descarte, suja e outras perdas eventuais), podemos coletar
6.810.000 litros (ou 6.810m³, medida de volume que usaremos
para cálculos de maior magnitude) nessa área anualmente.
Todo esse sistema será conectado a cisternas individuais de
cada elemento e ao sistema de valas de infiltração e açudes.
Na área B, teremos um total de 1.260m² de área de telhado,
ou seja, podemos coletar 1.260m³ de água da chuva
anualmente. Nesta área, as únicas superfícies de telhado são
as das casas da Vila dos Cuidadores.
Optamos, neste momento, por não especificar o modelo de
cisterna a ser construído, já que esse dependerá do desenho
arquitetônico das estruturas. Como sugestões, preferimos a
construção de cisternas subterrâneas em cada uma das
estruturas construídas, pois esse formato permitiria o acúmulo
máximo de água.
Outra opção bastante interessante e de baixo custo, mas que
ocupa uma área externa à da construção, são as cisternas de
ferrocimento. Esse tipo de cisterna utiliza pequena quantidade
de cimento e possui uma resistência impressionante, além de
fácil manutenção.
Por fim, existem diversos modelos de cisternas pré-fabricadas
de plástico, as quais são mais caras, mas mais práticas.
Atualmente, são encontrados modelos verticais que podem ser
alocados nas paredes, ocupando uma superfície horizontal
pequena. Outro modelo, bastante comum, é a utilização de
caixas d’água com esse propósito.
No nosso sistema, buscamos destinar as águas das chuvas para
fins como lavagem de alimentos, utilização primária em
banheiros (pia, privada – quando não for possível a utilização
de água de reuso dos banhos –, banho), limpeza dos espaços,
consumo animal e, no caso de excedente, rega de plantas.
Todo o volume de água coletado, mas que não pode ser
armazenado nas cisternas será direcionado ao sistema de valas
de infiltração e açudes. Em algumas áreas, esse caminho será
feito através de canais impermeáveis superfícies, inclusive com
a geração de energia a baixas potências; noutras, o caminho da
água acontecerá por canais permeáveis, permitindo a
infiltração da água ao longo do caminho.
A seguir, apresentamos quadros com os cálculos feitos
relativos à água coletada e utilizada das cisternas.
Cisternas
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Quadro 2. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 1 (Capacidade de 12 alunos e 7 famílias de cuidadores)
Elementos integrados
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
1 Alojamento 8,0 6,7 -1,4
2 Cozinha 3,0 8,3 5,3
5 Refeitório 2,3 8,3 6,0
10 Escola 3,0 10,0 7,0
11 Biblioteca 0,7 10,0 9,3
18 Centro de Saúde 0,6 8,3 7,7
19 Oficina de construção 0,6 8,3 7,7
44 Galpão de ferramentas e garagem 0,0 12,5 12,5
TOTAL 18,2 59,9 54,2
Elementos isolados
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
4 Recepção 1,0 5,0 4,0
13 Galinheiro 1,0 4,2 3,2
15 Casa dos cuidadores 16,1 52,5 36,4
37 Lavanderia 1,8 3,3 1,5
23
No quadro 2 trazemos os valores médios de consumo e de captação possível mensais para a fase 1 de implantação do design. Neste momento, a
população de alunos será de 12 pessoas, além de 7 famílias de cuidadores. Notamos que há um grande excedente de água captada pelos telhados
(54,2m³/mês) nos elementos integrados, que se comunicam entre si (localizados nas Zonas 1 e 2), o qual será direcionado ao sistema de valas de
infiltração e açudes. A seguir, apresentamos os elementos isolados (Zonas 2 e 3), os quais não se comunicam com outros elementos, mas também são
autossuficientes. Há também um grande excedente conjunto, que totaliza 8,7m³/mês na Área A (também direcionado ao sistema de valas de infiltração e
açudes) e 36,4m³/mês na Área B, direcionado ao açude adjacente.
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Quadro 3. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 2 (Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)
(Continua)
Elementos integrados
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
1 Alojamento 80,0 67,0 -13,0
2 Cozinha 30,0 8,3 -21,7
5 Refeitório 23,0 8,3 -14,7
7 Marcenaria 1,4 12,5 11,2
8 Oficina mecânica de autos 1,4 12,5 11,2
9 Serralheria 1,4 12,5 11,2
10 Escola 6,8 10,0 3,2
11 Biblioteca 1,4 10,0 8,6
12 Quadra poliesportiva 1,4 203,3 202,0
17 Academia 0,8 5,8 5,0
18 Centro de Saúde 0,6 8,3 7,7
19 Oficina de construção 1,3 8,3 7,0
21 Área de convivência 3,3 26,2 22,9
44 Galpão de ferramentas e garagem 0,0 12,5 12,5
TOTAL 152,8 405,5 239,7
Elementos isolados
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
3 Área de produção de laticínios 17,6 12,5 -5,1
4 Recepção 1,0 5,0 4,0
13 Galinheiro 1,0 4,2 3,2
15 Casa dos cuidadores 16,1 52,5 36,4
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Quadro 3. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 2 (Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)
(Conclusão)
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
22 Sala de meditação 0,8 4,2 3,4
23 Chiqueiro 13,2 16,7 3,5
37 Lavanderia 18,0 3,3 -14,7
38 Viveiro de hortaliças 15,0 12,5 -2,5
39 Viveiro de árvores 15,0 12,5 -2,5
42 Curral 31,5 5,0 -26,5
25
O quadro 3 traz os valores médios de consumo e de captação possível mensais para a fase 2 de implantação do design. Neste momento, a população de
alunos será de 120 pessoas, além de 7 famílias de cuidadores. Há um grande excedente de água captada pelos telhados (239,7m³/mês), valor atribuído,
principalmente, à construção da quadra poliesportiva. Da mesma forma, esses elementos se encontram integrados, sendo que o excedente é direcionado
ao sistema de valas de infiltração e açudes.
Já no caso dos elementos isolados (Zonas 2 e 3), os quais não se comunicam diretamente com outros elementos, serão necessárias outras fontes de água
para sua manutenção. No total, o déficit de água de chuva nos elementos isolados na Área A é de 29,2m³/mês. Nossa sugestão, nesse caso é permitir a
conexão desses elementos com aqueles integrados, onde há um excedente de aproximadamente 240m³/mês, especialmente na área de produção de
laticínios, lavanderia, viveiro de hortaliças e viveiro de árvores. Na área do curral, sugerimos que o gado seja deslocado para os açudes para beber água,
diminuindo consideravelmente o volume de água necessário.
Na Área B, por outro lado, há um excedente de 36,4m³/mês, o qual será direcionado ao açude adjacente ou utilizado, futuramente, na área de produção
de plantas para a empresa Centroflora.
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Quadro 4. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 3 (Capacidade de 240 alunos e 14 famílias de cuidadores)
(Continua)
Elementos integrados
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
1 Alojamento 160,0 134,0 -26,0
2 Cozinha 60,0 8,3 -51,7
5 Refeitório 46,0 8,3 -37,7
7 Marcenaria 1,4 12,5 11,2
8 Oficina mecânica de autos 1,4 12,5 11,2
9 Serralheria 1,4 12,5 11,2
10 Escola 6,8 10,0 3,2
11 Biblioteca 1,4 10,0 8,6
12 Quadra poliesportiva 1,4 203,3 202,0
17 Academia 0,8 5,8 5,0
18 Centro de Saúde 0,6 8,3 7,7
19 Oficina de construção 1,3 8,3 7,0
21 Área de convivência 3,3 26,2 22,9
44 Galpão de ferramentas e garagem 0,0 12,5 12,5
TOTAL 285,8 472,5 186,7
Elementos isolados
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
3 Área de produção de laticínios 32,4 12,5 -21,3
4 Recepção 1,0 5,0 4,0
13 Galinheiro 1,0 4,2 3,2
14 Canil 1,2 3,0 1,8
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Quadro 4. Consumo e captação médios mensais de água da chuva durante a Fase 3 (Capacidade de 240 alunos e 14 famílias de cuidadores)
(Conclusão)
Elemento Consumo mensal (m³) Captação mensal (m³) Saldo mensal (m³)
15 Casa dos cuidadores 32,2 105,0 72,8
16 Arquibancada (campo) 0,0 33,3 33,3
22 Sala de meditação 0,8 4,2 3,4
23 Chiqueiro 13,2 16,7 3,5
37 Lavanderia 36,0 3,3 -32,7
38 Viveiro de hortaliças 15,0 12,5 -2,5
39 Viveiro de árvores 15,0 12,5 -2,5
42 Curral 31,5 5,0 -26,5
27
O quadro 4 traz os valores médios de consumo e de captação possível mensais para a fase 3 de implantação do design. Neste momento, a população de
alunos será de 240 pessoas, além de 14 famílias de cuidadores. Há um grande excedente de água captada pelos telhados (186,7m³/mês). Da mesma
forma, esses elementos se encontram integrados, sendo que o excedente é direcionado ao sistema de valas de infiltração e açudes.
Já no caso dos elementos isolados (Zonas 2 e 3), os quais não se comunicam diretamente com outros elementos, serão necessárias outras fontes de água
para sua manutenção, assim como na Fase 2. No total, o déficit de água de chuva nos elementos isolados na Área A é de 69,9m³/mês. Nossa sugestão,
nesse caso é permitir a conexão desses elementos com aqueles integrados, onde há um excedente de aproximadamente 185m³/mês, especialmente na
área de produção de laticínios, lavanderia, viveiro de hortaliças e viveiro de árvores. Na área do curral, sugerimos que o gado seja deslocado para os
açudes para beber água, diminuindo consideravelmente o volume de água necessário. A água coletada na arquibancada do campo de futebol será
diretamente utilizada na biopiscina adjacente; em caso de excedente, esse será direcionado ao campo.
Na Área B, por outro lado, há um excedente de 72,8m³/mês, o qual será direcionado ao açude adjacente ou utilizado, futuramente, na área de produção
de plantas para a empresa Centroflora.
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O sistema de valas de infiltração (swales) tem como objetivo
armazenar e distribuir a água por toda a área, diminuindo sua
velocidade pelo sistema. A ideia é que a água passe pelo maior
número possível de elementos antes de sair do sistema,
contribuindo para a formação de microclimas mais estáveis ao
longo do ano, mesmo em momentos de estiagem.
As valas de infiltração têm como função permitir a infiltração
da água escoada superficialmente pelo terreno e permite a
criação de um microclima de umidade e intensa atividade de
decomposição de matéria orgânica e produção de solo.
No nosso sistema, propomos que elas tenham 2,0m de largura
e 0,6m de profundidade. Chegamos a esses valores devido à
característica arenosa do solo (que permite infiltração mais
acelerada da água – daí a grande largura) e depois de
consultarmos vídeos do permacultor Geoff Lawton (que sugere
essa profundidade para valas de infiltração.
No esquema apresentado a seguir (figura 12), podemos ver a
conformação de uma vala de infiltração em vista lateral.
Observe que abaixo da linha de infiltração é criada uma
elevação do solo, a qual pode ser utilizada para o plantio de
árvores ou outros elementos vegetais, já que será uma área
com grande concentração de água. No nosso caso, a
composição de espécies varia de acordo com a utilização da
região, já que as valas de infiltração serão distribuídas ao longo
de todas as áreas cultiváveis.
As valas de infiltração têm como outra importante função a
conexão entre os açudes localizados na área. Dessa forma, o
excedente de água acumulado num açude pode ser transferido
a outro. Esse sistema, além de permitir uma distribuição mais
equilibrada de água por toda a área, garante segurança em
caso de chuvas extremas, já a água será compartilhada no
sistema todo.
A construção das valas deve seguir a orientação das linhas de
nível para que isso aconteça. A densidade de valas varia de
acordo com a utilização da região.
Valas de infiltração
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Figura 12. Desenho esquemático da vala de infiltração. Adaptado de:
https://www.flickr.com/photos/permaculturachuma/3043734164
(Acesso em 18 fev. 2019)
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No processo de leitura da paisagem notamos que não há
corpos d’água superficiais na área da fazenda terapêutica da
ARCAH. Por outro lado, durante a pesquisa do histórico da área
e de conformação da microbacia na qual está inserida,
descobrimos a existência de um curso d’água na área do
Aterro Sanitário antes da sua implantação em 1997.
Assim sendo, entendemos que há possibilidade de acúmulo da
água de escoamento superficial da área, mesmo com a
característica arenosa do solo. A melhor forma que
encontramos para tal foi a construção de uma série de açudes.
Os açudes terão como principal função o armazenamento e
distribuição de águas para as áreas produtivas animal e vegetal
no sistema e serão interconectados pelo sistema de valas de
infiltração. Após considerarmos a declividade do terreno e o
planejamento por zonas, optamos pela construção de açudes
de menor capacidade, mas distribuídos por toda a área.
Na Área A, propomos a construção de 6 açudes, num total de
7.200m² de área (volume de 36.000m³), os quais terão
conformação retangular, devido à baixa declividade dessa
área.
Na Área B, com menor densidade de elementos, optamos por
propor a construção de 4 açudes, num total 11.200m² de área
(volume de 56.000m³).
3 deles terão a mesma conformação dos açudes da Área A,
enquanto um deles, localizado no ponto mais baixo do terreno
(ponto ideal para a construção de um açude, de acordo com a
topografia), terá conformação de gota, com maior
profundidade.
A área e volume de cada açude são apresentados a seguir:
Quadro 5. Açudes na área da fazenda terapêutica da ARCAH
Açude Área (m²) Volume (m³)
A1 900 4.500
A2 900 4.500
A3 1.800 9.000
A4 1.800 9.000
A5 900 4.500
A6 900 4.500
TOTAL 7.200 36.000
B1 3.600 18.000
B2 1.800 9.000
B3 1.800 9.000
B4 4.000 20.000
TOTAL 11.200 56.000
A disposição dos açudes, valas de infiltração e áreas de
captação de água das chuvas é representada no mapa a seguir
(Figura 13):
Açudes
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Figura 13. Mapa de sistematização da água na área da fazenda terapêutica da ARCAH, elencando as áreas de captação da água da chuva (cisternas), valas
de infiltração (swales) e açudes, assim como o sentido do fluxo da água.
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Para fins de consumo, sugerimos a abertura de 2 poços, um em
cada área. A água coletada nesses poços seria armazenada em
caixas d’água adjacentes, planejadas para reter um volume de
água necessário à manutenção das pessoas por uma semana.
A seguir (quadro 6), apresentamos o consumo mensal de água
potável durante a fase 1 da fazenda terapêutica da ARCAH:
Quadro 6. Consumo mensal de água potável (poços) durante a Fase 1
(Capacidade de 12 alunos e 7 famílias de cuidadores)
Elemento Consumo (m³/mês)
2 Cozinha 6,0
4 Recepção 0,1
5 Refeitório 0,4
10 Escola 0,5
11 Biblioteca 0,2
18 Centro de saúde 0,1
19 Oficina de construção 0,2
TOTAL 7,5
15 Casa dos cuidadores 1,8
TOTAL 1,8
Poços
O consumo de água potável aumenta à medida que a fazenda
terapêutica se torna mais densamente povoada ao longo do
tempo. Apresentamos, a seguir, os cálculos de consumo para
as fases 2 e 3 (quadros 7 e 8):
Quadro 7. Consumo mensal de água potável (poços) durante a Fase 2
(Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)
Elemento Consumo (m³/mês)
2 Cozinha 60,0
3 Área de produção de laticínios 0,5
4 Recepção 0,1
5 Refeitório 4,0
7 Marcenaria 0,1
8 Oficina mecânica de autos 0,1
9 Serralheria 0,1
10 Escola 0,9
11 Biblioteca 0,2
12 Quadra poliesportiva 0,1
17 Academia 0,2
18 Centro de saúde 0,1
19 Oficina de construção 0,3
21 Área de convivência 13,3
22 Sala de meditação 0,3
TOTAL 80,3
15 Casa dos cuidadores 1,8
TOTAL 1,8
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Quadro 8. Consumo mensal de água potável (poços) durante a Fase 3
(Capacidade de 240 alunos e 14 famílias de cuidadores)
Elemento Consumo (m³/mês)
2 Cozinha 120,0
3 Área de produção de laticínios 0,5
4 Recepção 0,1
5 Refeitório 8,0
7 Marcenaria 0,1
8 Oficina mecânica de autos 0,1
9 Serralheria 0,1
10 Escola 0,9
11 Biblioteca 0,2
12 Quadra poliesportiva 0,1
17 Academia 0,2
18 Centro de saúde 0,1
19 Oficina de construção 0,3
21 Área de convivência 13,3
22 Sala de meditação 0,3
TOTAL 144,3
15 Casa dos cuidadores 3,6
TOTAL 3,6
Poços
Com esse consumo mensal máximo ao atingirmos a fase 3 do
projeto, temos que é necessário o acúmulo de um volume de
36m³/semana de água para suprir as necessidades da fazenda.
Isso significa dizer que a bomba do poço será utilizada apenas
uma vez por semana, promovendo economia de energia
elétrica.
Assim sendo, indicamos a construção de uma caixa d’água de
40m³ ao lado do ponto de captação de água subterrânea na
Área A. Há modelos pré-fabricados de caixas d’água com esse
volume, mas com alto custo. Como opção mais econômica e de
baixo impacto ambiental, sugerimos a instalação de 2 cisternas
de ferrocimento com 20m³ de capacidade cada uma.
Já na Área B, o consumo de água potável é bem menor, sendo
0,9m³/semana de água para suprir as necessidades das
famílias dos cuidadores.
Assim sendo, sugerimos a instalação de uma caixa d’água de
2m³ ao lado do ponto de captação de água subterrânea para
garantir o volume necessário para duas semanas de consumo.
Como poderemos ver mais a seguir, os locais sugeridos de
perfuração dos poços em ambas as áreas estão no ponto mais
alto do terreno: apesar de isso exigir uma profundidade maior
de perfuração, favorece o processo de distribuição da água
entre os elementos.
Anexo a este projeto compartilhamos um orçamento realizado
numa empresa em Botucatu.
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Aproveitamento máximo de água
Além das ações e movimentação da terra e aproveitamento da
água da chuva, trazemos no design outras opções para o reuso
da água e para o a diminuição do consumo ao longo do
sistema.
Como primeira proposta neste sentido, sugerimos o reuso da
água dos banhos e da pia dos banheiros para as descargas.
Essa pequena adaptação, que já dispõe da tecnologia
apropriada, permite as seguintes economias de água nas áreas
ao longo das fases:
Quadro 9. Utilização de água de reuso durante a Fase 1 (Capacidade de 12 alunos e 7 famílias de cuidadores)
Elemento
Consumo (m³/mês)
Água de reuso (m³/mês)
Saldo
1 Alojamento 3,9 7,4 3,5
15 Casa dos cuidadores 7,8 14,9 7,1
TOTAL 11,7 22,3 10,6
Quadro 10. Utilização de água de reuso durante a Fase 2 (Capacidade de 120 alunos e 7 famílias de cuidadores)
Elemento
Consumo (m³/mês)
Água de reuso (m³/mês)
Saldo
1 Alojamento 39,0 74,0 35,0
15 Casa dos cuidadores 7,8 14,9 7,1
TOTAL 46,8 98,9 42,1
Quadro 11. Utilização de água de reuso durante a Fase 3 (Capacidade de 220 alunos e 14 famílias de cuidadores)
Elemento
Consumo (m³/mês)
Água de reuso (m³/mês)
Saldo
1 Alojamento 78,0 148,0 70,0
15 Casa dos cuidadores 15,6 29,8 14,2
TOTAL 93,6 177,8 84,2
Outra forma importante de utilização inteligente da água é o
uso de técnicas de manejo agroecológico do solo na área de
produção vegetal. Essas técnicas permitem menor perda de
água por evaporação durante os períodos mais quentes do ano
e reduz o volume necessário de água para irrigação. Como
técnicas que consideramos apropriadas ao sistema, citamos a
cobertura do solo com matéria orgânica seca (palha, folhas ou
serragem) e irrigação por gotejamento, ao invés de aspersão.
Além disso, a implantação de sistemas de produção que
integram espécies de diferentes portes (característica de
Sistemas Agroflorestais – SAF) e a rotação de culturas, com
atenção às espécies mais apropriadas a cada estação,
permitem redução significativa do uso de água nessas áreas.
Apesar de estarmos certos da economia de uso de água nos
sistemas agroecológicos, não encontramos, na literatura e em
conversas com profissionais, valores que indicassem qual a
taxa de economia de água. Por isso, todos os valores de
consumo de água utilizados no trabalho foram padronizados
em 50m³/água.dia para 1 hectare de área de produção
vegetal, valor médio de consumo utilizado em culturas
convencionais.
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A rede de caminhos que conecta os diversos elementos
alocados no terreno é parte essencial num projeto de design
permacultural. Todos os caminhos pensados para a área da
fazenda terapêutica levaram em consideração que devemos
trabalhar para que cada elemento tenha mais de uma função
no sistema.
Elaboramos 3 opções de caminhos, demarcadas em cores e
larguras diferentes na figura 14: caminho principal, caminho
secundário e trilhas.
O caminho principal, com extensão de 1,4km, conecta as
entradas da Área A e Área B e possui largura de 5 metros, já
que permite a passagem de maquinário pesado e caminhões
para chegada de materiais e escoamento da produção.
Sugerimos que o piso seja de material permeável, composto
por pedregulhos e areia, para que ocorra infiltração das águas
da chuva no sistema. Paralelamente a essa via, sugerimos
caminhos para bicicletas e pedestres, com largura de 2 metros,
esse construído com material impermeável ou
semipermeável. Ao longo do caminho principal, que, no total,
terá 7 metros de largura, sugerimos a construção de canais
que conectem as valas de infiltração, distribuindo a água pelo
sistema e aproveitando o excedente escoado superficialmente
na própria estrada (especialmente nas áreas para bicicletas e
pedestres).
Caminhos
O caminho principal terá conformação diferente na Área B
durante as fases de implantação da fazenda terapêutica. Nos
primeiros cinco anos, quando boa parte da área ainda estará
ocupada por eucaliptos (mais detalhes durante a descrição da
implantação do design ao longo tempo), a conexão com a Área
A será feita através da estrada já existente ao longo da área
de servidão da CESP. Após esse período, o caminho será
refeito de forma mais apropriada aos elementos existentes.
O caminho secundário terá 5 metros de largura e servirá para
o deslocamento de veículos pequenos, bicicletas e pedestres,
com extensão aproximada de 0,6km. Sugerimos o mesmo tipo
de revestimento do caminho principal, com 3 metros de
material permeável (areia e pedregulhos) e 2 metros de
material permeável ou semipermeável. Essas vias também
servirão para conectar o sistema de valas de infiltração.
As trilhas serão caminhos de menor largura (2 metros) e com
extensão aproximada de 0,4km. Terá como objetivo a conexão
de elementos que não necessitem do acesso de veículos
automotivos. Sugerimos que o material utilizado permita a
infiltração de água, mas também seja adequado à passagem de
bicicletas. Acreditamos que uma boa opção seja o uso de
pequenos blocos de cimentos, com vãos entre si, permitindo o
crescimento de grama.
Por fim, apesar de não estarem determinados no mapa, haverá
uma série de caminhos de menor largura ao longo da área para
acesso às áreas de produção vegetal e animal, sala de
meditação e área da reserva legal (Área B).
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Figura 14. Mapa com a representação dos caminhos na área da fazenda terapêutica da ARCAH: caminhos principais (amarelo) e caminhos secundários
(salmão). As trilhas, de menor largura, não estão representadas no esquema.
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O planejamento do consumo de energia elétrica foi realizado
utilizando equipamentos encontrados facilmente no mercado,
como uma estimativa para os cálculos (quadro 12).
Propomos, porém, que algumas medidas sejam realizadas para
diminuir esse consumo ou torná-lo mais eficiente, caso seja
economicamente viável:
Instalação de lâmpadas LED: utilizamos a potência fornecida
por lâmpadas fluorescentes (em média, 9W); há, porém,
crescentes opções de lâmpadas LED, que economizam até 70%
de energia elétrica com a mesma iluminação. Nos caminhos,
sugerimos à instalação de luminárias de LED mantidas por
energia solar, facilmente encontradas no mercado (por esse
motivo, esse gasto energético não foi computado no quadro ao
lado).
Forno e desidratadores solares: a utilização de equipamentos
à base da energia solar passível é uma grande aliada na
redução dos gastos com energia elétrica e a gás. A empresa
Pleno Sol desenvolve equipamentos viáveis em diferentes
situações: http://plenosol.com.
Bicimáquinas: equipamentos que utilizam o mecanismo de
funcionamento de bicicletas para diversas funções, como
liquidificador, máquina de lavar roupas, centrífuga, bomba
d’água, triturador de matéria orgânica, etc., sem gasto de
energias elétrica.
Consumo e produção de energia
elétrica
Quadro 12. Consumo de energia elétrica durante as fases de
implantação do design
Elemento
Consumo de energia elétrica mensal (kWh/mês)
Fase 1 Fase 2 Fase 3
1 Alojamento 1.500,0 7.500,0 15.000,0
2 Cozinha 0,0 2.000,0 2.000,0
3 Área de produção de laticínios 15.300,0 30.600,0 30.600,0
4 Recepção 256,0 256,0 256,0
5 Refeitório 60,0 60,0 60,0
6 Biopiscina 0,0 51,0 51,0
7 Marcenaria 0,0 650,0 650,0
8 Oficina mecânica de autos 0,0 650,0 650,0
9 Serralheria 650,0 650,0 650,0
10 Escola 280,0 280,0 280,0
11 Biblioteca 0,0 330,0 330,0
12 Quadra poliesportiva 0,0 530,0 530,0
14 Canil 1,0 1,0 1,0
15 Casa dos cuidadores 0,0 2.500,0 5.600,0
17 Academia 25,0 25,0 25,0
18 Centro de saúde 10,0 10,0 10,0
19 Oficina de construção 30,0 30,0 30,0
21 Área de convivência 0,0 9,0 9,0
22 Sala de meditação 0,0 9,0 9,0
23 Chiqueiro 10,0 10,0 10,0
24 Estacionamento 250,0 250,0 250,0
37 Lavanderia 41,5 207,5 415,0
42 Curral 0,0 0,4 0,4
TOTAL 18.372,0 46.401,4 57.416,4
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Gerador eólico de energia elétrica: a geração de energia
elétrica a partir da força dos ventos é particularmente
interessante em Botucatu. Sugerimos a instalação de duas
pequenas centrais de captação de energia eólica, além de ser
possível a instalação descentralizada em cada estrutura
construída. A empresa Enersud possui equipamentos viáveis
para a zona rural, tanto para energia eólica quanto solar:
http://www.enersud.com.br.
Gerador solar de energia elétrica: a instalação de painéis
fotovoltaicos é também uma ótima oportunidade de geração
de energia elétrica. Sugerimos a utilização da superfície dos
telhados direcionada a norte para sua colocação, aproveitando
o ângulo de maior incidência luminosa ao longo do ano.
Aquecedor solar de água: outro equipamento que pode ser
instalado na superfície dos telhados voltada para a face norte.
Ele promove o aquecimento da água a partir da energia solar
passiva, através de um sistema de mangueiras que se aquecem
e transmitem essa energia à água. Diversos modelos estão
disponíveis, inclusive de baixo custo.
Gerador hidráulico de energia elétrica de pequeno porte: o
sistema conectado de águas permite a instalação de pequenos
pontos de geração de energia elétrica, especialmente na área
A, onde estão adensadas quase todas as estruturas.
Acreditamos que seja possível gerar, pelo menos, energia
elétrica para manter a água em circulação na área de jardins
mais próxima à área de convivência e refeitório.
Além da produção de energia elétrica no sistema, planejamento um
sistema de produção de biogás a partir de um sistema de
biodigestão integrado. O biodigestor integrado permite a utilização
de matéria orgânica para essa produção, a qual pode ser utilizada na
cozinha.
O sistema é composto por uma série de tanques confinados e
abertos, onde acontecem processos de decomposição aeróbica e
anaeróbica. Como produto, além do biogás, há a liberação de água já
tratada, rica em nutrientes: uma parte dela é direcionada à irrigação
direta de plantas (especialmente de árvores), enquanto outra é
armazenada num lago com macrófitas, patos e peixes. Esse lago
também é conectado ao sistema de valas de infiltração e açudes,
contribuindo para o equilíbrio hídrico da área.
No nosso caso, o biodigestor será prioritariamente mantido pela
matéria orgânica proveniente das estruturas construídas na Área A,
sendo responsável pelo tratamento escuras (privada). Caso seja
necessário, podemos adicionar esterco suíno ou bovino ao sistema,
especialmente quando é preciso aumentar a quantidade de
microrganismos decompositores no sistema. As águas cinzas (pia,
banho, lavagem de roupas, lavagem de alimentos, cozinha) podem
ser direcionadas diretamente à zona de raízes do sistema.
Na seção de análise de elementos apresentamos mais detalhes sobre
a produção de biogás pelo biodigestor integrado; acreditamos que,
com ele, não seja possível atender totalmente às demandas de gás
na cozinha. Mesmo assim, ele gera uma quantidade significativa de
gás diariamente.
Consumo e produção de biogás
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O momento de análise de elementos é uma situação de estudo
minucioso do que existe na área onde vamos trabalhar e
daqueles elementos que ainda não existem, mas que podem
ser inseridos futuramente no sistema.
A análise de elementos no design permacultural consiste num
processo fenomenológico de observação das características
intrínsecas, necessidade, produtos, funções e
comportamento de cada um dos elementos (animal, planta ou
estrutura) em uma dada localidade. Deve-se, num primeiro
momento, analisar o elemento de forma descontextualizada
para, num passo seguinte, avaliar se ele é ou não adequado
àquele local.
A seguir, buscamos estabelecer as relações entre os
elementos, levando-se em consideração duas premissas
básicas:
- Toda função deve ser desempenhada por, no mínimo, 2
elementos: essa premissa garante que o sistema seja
resiliente, ou seja, consiga responder bem e se recuperar de
eventuais danos ou imprevistos.
- As necessidades de um elemento devem ser supridas por,
no mínimo, 2 elementos: isso significa que um elemento
nunca dependerá de somente um outro elemento,
estabelecendo relações complexas dentro do sistema.
Descrição da análise
Na nossa situação, partimos de um contexto onde não havia
elementos a serem analisados. Essa situação pode ser confortável e
desconfortável ao mesmo tempo: por não temos um “Ponto de
partida” claro, havia muitas opções de elementos possíveis que
poderiam ser introduzidos, fato que despertou nossa criatividade e
busca incessante por informações. Como Bill Mollison diz em seu
livro Permaculture: A Designers’ Manual, o rendimento de um
sistema só é limitado pela nossa capacidade de imaginação.
Assim, elencamos 43 elementos para análise, os quais surgiram,
primeiramente, dos sonhos e aspirações da equipe da ARCAH para a
fazenda terapêutica. Depois, ao fazermos a análise desses
elementos, percebemos possibilidade/necessidade da colocação de
outros para que o sistema se tornasse o mais sustentável, resiliente e
complexo possível. Desses 43 elementos iniciais, apenas 2 foram
excluídos da proposta de design neste momento: cabras e ovelhas.
Consideramos que elas não seriam adequadas para o propósito da
área, pelo menos num primeiro momento.
Os dados apresentados no quadro 13 foram obtidos de diversas
fontes: pesquisas on-line, conversas com agricultores, professores
universitários, leitura de livros e mais livros de Permacultura,
agroecologia e afins, vídeos e muitas trocas de ideias com outros/as
permacultores e permacultoras. Sabemos que, dentro do vasto
universo de possibilidades, essas análises ainda são limitadas e
carecem de um olhar mais aprofundado por pessoas que detenham
um conhecimento mais específico de cada um desses elementos. Por
isso, não nos atentamos a detalhes como o material a ser utilizado
nas construções, sua forma, raças específicas de animais e
variedades de plantas para todas as áreas.
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
1
Alojamento (Módulo para 24 pessoas: 4
casas e 4 banheiros)
Aconchegante, termicamente confortável, ventilado, com espaços para dormir e guardar objetos, com
superfície de coleta de água, telhado verde, construído com
materiais apropriados, com superfície de coleta de água, reuso de água do banho e pia na privada.
Área: 160m²
Água (cisterna): 45.000l/ano, socialização, energia física e
mental, ervas condimentares e medicinais. Água (cisterna): 6.500l/ano, papel higiênico, resíduos orgânicos, águas cinzas (130l/dia) e escuras
(70l/dia)
Água (cisterna): limpeza (40l/dia), banho (400l/dia), pia
(96l/dia), privada (260l/dia), rega do telhado verde
(120l/dia), limpeza, manutenção, luz, plantas
crassuláceas, energia elétrica – 240 + 1.260 = 1.500kWh/mês,
móveis
Abrigo, relaxamento, socialização, depósito de
objetos pessoais. Higiene pessoal
Não se aplica
2
Cozinha (Capacidade de produção para 300 pessoas)
Limpeza rígida, fluxo constante de entrada e saída de alimentos e
pessoas, alto consumo energético, alto volume de resíduos, espaços
para recebimento, estocagem, produção e escoamento de
alimentos. Área: 100m²
Água (cisterna): 130.000l/ano, socialização, refeições, energia
térmica, matéria orgânica: 0,5kg/pessoa.dia
Ventilação, refrigeração, gás, iluminação, assepsia, manejo
de resíduos, controle de animais oportunistas, energia elétrica: 2.000kWh/mês, água:
4.000l/dia (preparo – poço), 2.000l/dia (louça – cisterna),
gás: 16kg/dia, forno a lenha e solar, mão de obra
Produção e conservação de
alimentos, socialização, separação de
resíduos, formação técnico-
profissional
Não se aplica
3
Área de produção de
laticínios (Capacidade
para 15 pessoas)
Limpeza constante, circulação de ar, área de maturação, área de
refrigeração, constante fluxo de entrada e saída de materiais e
pessoas. Área: 150m²
Água: 150.000l/ano, 150l/dia de leite ou 15kg/dia de queijo
ou 157l/dia de iogurte ou 3,5kg de manteiga ou 60kg de
doce de leite
Água: ordenha – 540l/dia, limpeza, manutenção, entrada
de luz, energia elétrica (510kWh/dia), leite, mão de
obra
Armazenamento, beneficiamento e
produção de laticínios,
socialização, formação técnico-
profissional
Não se aplica
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
4 Recepção
Termicamente confortável, ventilado, com espaços para
recepcionar visitante e famílias, com superfície de coleta de água,
telhado verde, tratamento de água cinza e escura, construído com
materiais apropriados. Área: 60m²
Água (65.000l/ano), socialização, ervas
condimentares e medicinais, frutas e folhas (pequena bacia de EVP), resíduos recicláveis e
não-recicláveis
Energia elétrica: 256kWh/mês; água: consumo (3l/dia - poço), banheiro (20l/dia - cisterna);
iluminação, segurança
Recepção, exposição de atividades,
impressão de documentos,
contato com o ambiente externo
Não se aplica
5 Refeitório
(Módulo para 50 pessoas)
Termicamente confortável, ventilado, com espaços para
alimentação, tratamento de águas cinzas e escuras, alto fluxo de
pessoas em períodos específicos. Área: 100m²
Resíduos orgânicos, água (130.000l/ano)
Água – consumo (25l/dia – poço), banheiro (125l/dia – cisterna), limpeza (25l/dia –
cisterna); limpeza, manutenção, entrada de luz,
energia elétrica – 60kWh/mês
Espaço para alimentação e
socialização Não se aplica
6 Biopiscina Plantas; filtros naturais, Segurança,
Pequeno Bioma – Peixes. Área Semiolímpica: 25m x 12,5m = 312m²
Área de lazer, Oxigenação
Necessidade menor, Água: 436m³ (iniciais), Bomba
hídrica, Plantas aquáticas, energia elétrica: 50,94
kWh/mês
Lazer e entretenimento
Não se aplica
7
Marcenaria (Capacidade
para 15 pessoas)
Espaço, setores, Unidades de trabalho, Estação. Área: 150m²
Água: 150.000l/ano, Móveis, Qualificação
Maquinário: Serra destopo, serra-circular,
desengrussadeira. Exaustor, extintor. Energia elétrica
(*cada máquina em média): 1.500W/220V = 647,24
kWh/mês
Ensino, manutenção,
móveis Não se aplica
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
8
Oficina mecânica de
autos (Capacidade
para 15 pessoas)
Estações, espaçoso, áreas sinalizadas. Área: 150m²
Água: 150.000l/ano, Qualificação, Peças, Conserto
de automóveis
Telhas translúcidas (60% economia de energia elétrica),
Caixa d’água (limpeza de peças), Óleo diesel renovável (3-/45 dias), energia elétrica:
647,24kWh/mês, limpeza
Ensino, Manutenção de
automóveis Não se aplica
9
Serralheria (Capacidade
para 15 pessoas)
Estações, espaçoso, áreas sinalizadas. Área: 150m²
Água: 150.000l/ano, Qualificação, Peças
Telhas translúcidas – 60% economia, Caixa d’água:
limpeza de peças, Óleo diesel renovável – 3-/45 dias, energia
elétrica: 647,24kWh
Ensino, Manutenção
ferramentas e estruturas
Não se aplica
10
Escola (4 salas de aula com
capacidade para 80 pessoas)
Dinâmico, salas, modular (4 Salas). Área: 120m²
Água: 120.000l/ano. Conhecimento, autonomia,
libertação
Espaços para diferentes tipos de atividades e públicos,
projetor (escuro às vezes), lousa, carteiras, equipamento audiovisual, energia elétrica:
278,35kWh/mês, água: banheiro (200l/dia - cisterna),
consumo (30l/dia)
Ensino, Pesquisa, Trocas
Não se aplica
11
Biblioteca (Espaço de estudo e depósito)
Silêncio, arejado, criativo. Área: 100m²
Água: 100.000l/ano. Artigos, Conhecimento, Texto,
Trabalhos
2m² por pessoa + 15m² por funcionário, redes, sofás, pufes, Iluminação natural,
funcionários, energia elétrica: 331,80kWh/mês
Ensino, Pesquisa Não se aplica
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
12 Quadra
poliesportiva
Ginásio coberto – captação de água, sinalização, iluminado, acesso facilitado. Área: 40m x 61m =
2440m²
Água: 2.440.000l/ano, Aulas, Times
Resina colorida, lama asfáltica, Pedrisco, pedra, vestiário, Iluminação LED (2000W),
energia elétrica: 530,94kWh/mês
Esporte, Apresentação,
Dança, Feira/Workshop,
Campeonato
Não se aplica
13 Galinheiro
(Módulo para 24 galinhas)
5 aves/m² (área coberta), 3m²/ave (piquete), fundo dos ninhos voltados para oeste, área de
postura, poleiros, área de abate, 10 piquetes de 80 m² (10 dias por piquete). Área interna: 50m²
Água: 50.000l/ano
Manutenção, cercado, área interna revestida com
substrato revestido com palha seca (5 a 8 cm) – trocado
periodicamente; galinhas (24); galos (2); árvores frutíferas
(poleiro e alimento –mamoeiro, castanhas, pitanga,
bananas e acerola)
Abrigo para as galinhas, Área de cultivo (piquetes), Coleta de água da chuva, proteção de predadores
Não se aplica
14 Canil
Espaços: área administrativa, alojamentos (box – espaço para
sono+banho de sol), sala do médico veterinário, área de
recreação/treinamento, depósito, área de quarentena. Área: 36m²
Água: 36.000l/ano, excrementos
Energia elétrica (lâmpadas 1 kWh/mês – 6 horas por dia), ficar distante das residências
Abrigo para os cães, coleta de água da chuva
Não se aplica
15
Casa dos cuidadores e bacia de EVP (Módulo para 7 famílias: 7
casas e bacias de
evapotrans-piração – EVP)
Conjuntos de casas próximas, construída com materiais
apropriados. Área: 90m² de área coberta por casa. Confortável
termicamente. Área da bacia de evapotranspiração: 6m²
100g fezes/pessoa.dia. Água: 630.000l/ano (Etapa 1);
1.260.000l/ano (Etapa 2). Embalagens de produtos.
Frutas e biomassa
Água (cisterna): limpeza (40l/dia), banho (400l/dia), pia
(96l/dia), privada (260l/dia), localização em área privada
água (poço): 60l/dia; energia elétrica
(2800kWh/pessoa.mês), gás (120m³/mês); internet,
manutenção, bacia de EVP
Habitação, convívio social, tratamento de
resíduos
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
16 Campo de
futebol
Dimensões: 100 a 110 metros de comprimento, 64 a 75 metros de
largura; Grama: Bermudas (Cynodon dactylon), a grama cresce até 1
cm/dia (altura ideal 24mm), laterais 30 cm mais baixas que o centro
(evita poças). Área: 10800m². Área de arquibancada: 400m²
Alimento para animais de pastoreio de pequeno e médio
porte, biomassa, água (arquibancada): 400.000l/ano
Grande Iuminosidade, tinta PVA (à base de água) ou cal.
Água (25mm de água/semana = 800m³/mês) – regar 2 vezes
por semana, pela manhã, arear o solo periodicamente
para minimizar a compactação pelo pisoteio (oficial). Corte de grama duas vezes por semana,
arquibancada
Lazer, Atividades físicas, Área de
pastagem Não se aplica
17
Academia (Capacidade
para 15 pessoas)
Vestiário (armário, chuveiros, vasos sanitários); área de musculação,
Área: 70 m²
Disposição, socialização, saúde física, água: 70.000l/ano
Mínimo de 14m² de janelas para iluminação, energia
elétrica (25kWh/mês), conforto térmico e arejado,
água: 10l/dia (poço) equipamentos (esteiras (2),
bicicletas (2), supino, leg press, chest press, puxador costas com remo, espaldar,
caneleiras, jogo de pesos (1 a 10kg), cadeira adutora e
abdutora, de flexão e extensão, bolas de pilates (2),
espelhos, som
Condicionamento físico, Saúde,
Lazer, Entretenimento
Não se aplica
18 Centro de
saúde
Local deve ser reservado, confortável e aconchegante; Sala de espera + consultório + lavabo. Área:
100m²
Água: 100.000l/ano, saúde física e mental
20% da área com janelas, água: 3l/dia (poço), banheiro (16l/dia - cisterna), limpeza (2l/dia – cisterna), energia
elétrica (10kWh/mês)
Atendimento psicológico,
odontológico e médico
Não se aplica
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
19
Oficina de construção (Capacidade
para 15 pessoas)
Ambiente interno com poucas divisões (espaço amplo), banheiro, área administrativa. Área: 100m²
Construções, Material didático próprio, Água – 100.000l/ano
Portas grandes; ferramentas; armários; lousa; cadeiras (20); energia elétrica (30kWh/mês), água: 10l/dia (poço), limpeza
(25l/dia – cisterna)
Espaço educativo, Capacitação em
diferentes técnicas
construtivas, Coleta de água da
chuva
Não se aplica
20 Biodigestor integrado
Acelera o processo de decomposição, possuem três fases
de fermentação: acidogênica, acetogênica e metanogênica.
Modelos: cúpula fixa, campana móvel ou lona. Partes: caixa de entrada com grade, biodigestor,
biofiltro, zona de raízes, tanque de macrófitas, tubulação de ferti-
irrigação, tanque de peixes. Área: 68m² (tratamento) + 540m² (lago)
Biogás (CO2 + metano) (50l/pessoa.dia); Biofertilizante
Biomassa disponível, 1m³ implantado para cada 10
pessoas (Ex.: 42 pessoas X 60 litros/dia X 2 dias retido =
5m³), limpeza feita a cada 5 anos; verificar entupimentos
semanalmente
Decomposição de matéria orgânica,
Reciclagem de nutrientes,
tratamento de resíduos,
Eliminação de patógenos
Não se aplica
21
Área de Convivência (Capacidade
para 250 pessoas)
Externo, anexo ao refeitório, Iluminação, conforto, harmônico.
Área: 314m² (1º andar – coberto, 2º andar – vista e mirante). Sugestão de formato: geodésica. Forno de
pizza e churrasqueira
Água: 314.000l/ano, socialização
Cadeiras, bancos, mesas, 2 andares, água, acessos, espaço
amplo, energia elétrica: 9kWh/mês
Trocas, Experiências,
Esperança Não se aplica
22
Sala de meditação
(Capacidade para 15 pessoas)
Silêncio, área afastada, próxima a área de contemplação. Área: 50m²
Água: 50.000l/ano, paz, Tranquilidade, Felicidade
Quadro vivo, decoração harmônica, Almofadas,
energia elétrica: 2kWh/mês
Exercício da prática
Não se aplica
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
23
Chiqueiro (Capacidade
para 20 porcos)
Espaço em piquetes (600 a 900m² matriz instalada). Área coberta:
200m²
20-40 leitões/ano, água: 200.000l/ano
Área total (área coberta+piquetes): 2000m² - 2
matrizes (1.200-1.800m²) e área coberta (200m²), cercado
elétrico (um fio, 0,83kWh/mês), energia
elétrica: 10kWh/mês
Abrigo para os suínos, área de cultivo (plantas
com raízes profundas –batata
doce, dente de leão, urtiga e
confrei), Coleta de água da chuva
Não se aplica
24 Estaciona-
mento
Localização próxima ao destino dos visitantes (com vagas preferenciais).
Dimensões das vagas: Carros – 5,00x2,50 m Ônibus –
12,00mx3,50m. Área: 1.000 m². Formato circular, com praça e lago
no centro (recepção e despedida de visitantes), bancos
Recepção de visitantes, venda de produtos da fazenda
Ser construído em área com pouca declividade; marcas as
delimitações das vagas; árvores entre as vagas com copas densas e altas para o
sombreamento dos veículos; substrato que aguente
grandes cargas e não acumule água, iluminação (Lâmpada de
sódio 70W: 250kWh)
Organização a acomodação de
veículos (12 carros e 3 ônibus) em
uma determinada área; infiltração
de água
Não se aplica
25
Caminhos (pista de corrida,
bicicletas e maquinário)
3 larguras: 7m, 5m e 2m (dependendo do uso), material permeável, resistente a pesos.
Comprimento total: aproximadamente 2,4km
Socialização, bem-estar físico.
Iluminação, material adequado, dreno, energia
elétrica: 0,09kWh/mês, a cada luminária solar de 9 LEDs)
Conectar os terrenos, criar
rotas de acesso às estruturas físicas,
escoar os produtos
Não se aplica
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
26 Açude
Grande volume de água concentrado. Área terreno A: 1ha, dividido em 6 açudes. Área terreno
B: 1,5ha, dividido em 4 açudes, contenção impermeável,
ecossistema úmido
Água - área A: 10.000m³/ano, área B: 15.000m³/ano,
umidade, biota
Adequação do solo (impermeabilização),
movimentações de terra, bombas hidráulicas
Acumular água, criar microclima, conter erosões
Não se aplica
27 Cachorro Raça, tamanho, temperamento,
coloração, expectativa de vida (de 9 a 15 anos)
Filhotes, fezes, pelos
Água (60ml/kg.dia); ração/comida (10g /kg –
adultos e 100g + 10g/kg – filhotes); abrigo, outros cães, veterinário (quando doente),
atenção, espaço para se exercitar, “brinquedos”, banho (a cada 30 dias)
Interação com o ser humano,
guarda, pastoreio
Abanar a cauda, escavar, cheirar, lamber, saltar,
mastigar, morder, latir, marcar com
urina
28 Galinha
Raça – caipira (resistente) coloração, tolerância climática, peso médio –
caipira poedeira 2,3kg (adulta); Reprodução 6-24 meses (1 galo para
10 a 12 galinhas); 200 ovos/ano; expectativa de vida (15 anos), os pintinhos demoram 21 dias para
nascer
Pintinhos, ovos, carne (2,1 a 2,8kg), penas (mói e adiciona
aspegilos para deixar a queratina mais disponível –
ração), esterco (o mais rico em Nitrogênio e Fósforo –
140g/dia, curtir por 30 dias antes do uso), metano
Água (0,3l de água/dia - cisterna), comida 250g/dia de
alimento (milho e proteína, caule de bananeira, cana de
açúcar, tenebrio (larva), folhas secas de leucena), O2, abrigo,
outras galinhas, terra, luz, proteção de predadores
Limpar a terra, revolver a solo,
comer artrópodes indesejados (escorpiões,
baratas), adubar o solo, produzir
alimento
Ciscar, empoleirar, ativas
durante o dia, botam no início
da manhã
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
29 Vaca
Mamífero, grande porte, tempo de vida médio (20 anos), ruminante,
alta taxa de emissão de CO2 e metano, sociabilidade. Peso médio:
400kg
Leite (10l/dia), esterco (40kg/dia) e, eventualmente,
carne e couro
Água (cisterna) – consumo (70l/dia), limpeza (1.000l/dia), alimentação (capim), vacinas, abrigo, companhia, sombra,
acompanhamento veterinário, mão de obra. Área de 1,3ha (piquetes para 15 animais)
Produzir de leite, carne e adubo,
promover a socialização, controlar a pastagem
Vive em grupos, cuidado com a prole, calma
30 Ovelha Dócil, tempo de vida médio de 15 anos,
convive bem com outros animais, vai bem com bovinos, peso médio: 100kg
Leite (0,7l/dia), lã, fezes (0,16kg/dia.kg)
10l/dia de água, piquetes, limpeza, casqueamento, aleitamento a mão,
grama e trevo (herbáceas). Área: 4000 m² (5 ovelhas); 10.000 m² (18
ovelhas)
Produzir leite e lã, promover a
socialização, controlar a pastagem
Dócil, não tem mecanismos de defesa, sendo a
exceção o macho
31 Cabra Vida média de 10 a 12 anos, rústicos,
pequeno ruminante, peso médio: 50kg Leite (0,6l/dia), carne, fezes,
(0,16kg/dia.kg)
10l/dia de água, piquetes, companhia de outros da mesma espécie. Área
de: 4,57m² internos e 60m² externos por cabra, veterinário e vacinas
Produzir leite, controlar a pastagem
Abre portões, pula cerca, cava buraco
32 Porco
Piau – médio e rústico, muitas crias, boa para carne e banha. Nilo-canastra – sem pelos, grande,
produz muita banha e toucinho. Pirapitinga – poucos pelos, couro
preto, vai bem pastoreio ou pocilga, produz toucinho de qualidade. Caruncho – pequenos, pouco exigentes para alimentação, tranquilos, produzem muito
gordura, expectativa de vida (10 a 12 anos); leitegada de 11, gestação
(até 6 de 114 dias), lactação – 35 dias, 1,9 leitegada/ano. Peso médio:
250kg
Esterco 3,6kg/dia, Leitões, Carne (115kg – peso médio no
abate), banha, metano. No nosso caso: esterco (72kg/dia),
carne (2.300kg/ano)
Alimento 2,5kg/dia (milho, mandioca, aguapé, cana-de-
açúcar, feijão guandu, soro de leite), água (suíno de 50 a
150kg – 5 a 10 litros/dia, porca em lactação 35l/dia), abrigo,
O2, área de abate isolada, enriquecimento ambiental
(bolas de borracha, brinquedos, caixas)
Revirar o solo, comer insetos, adubar o solo,
dispersar sementes,
controlar ervas
Cheirar, fuçar, lamber, mastigar. Caudofagia – se ficarem ociosos
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
33 SAF I
(Manejo intensivo)
Composto por espécies frutíferas e de alto manejo, diverso,
autorregulável, estratificado, espécies perenes e anuais, porte
médio. Área: 2ha
Frutas, madeira para cobertura do solo, biomassa, legumes e
grãos
Próximo aos alojamentos (zona 2), adubo, cobertura vegetal, iluminação, poda,
irrigação, manutenção. Água: 50m³/ha.dia
Produzir alimentos, madeira e
biomassa, ciclar nutrientes, criar
microclimas, recuperar o solo
Similar ao de uma floresta
34
SAF II (Manejo menos
intensivo)
Composto por espécies lenhosas e de baixo manejo, diverso,
autorregulável, estratificado, espécies perenes, porte grande.
Área: 2ha
Madeira para lenha e construção, biomassa, bambu
Distante dos alojamentos (zona 3), adubo, cobertura vegetal, iluminação, poda,
irrigação, manutenção. Água: 50m³/ha.dia
Produzir madeira, bambu e
biomassa, ciclar nutrientes, criar
microclima, recuperar o solo.
Similar ao de uma floresta
35 Horta
agroecológica
Espécies: tomate, tomate-cereja, alho-poró, berinjela, jiló, chuchu,
repolho, couve, couve-flor, brócolis, batata, batata-doce, escarola, alface, rúcula, rabanete, nabo,
cebola, alho, pimentão, pimenta, solo coberto, diverso. Área: 1,5ha
Hortaliças, legumes, restos de matéria orgânica
Água (açude): 50.000l³/ha.dia, Composto: 200kg/dia
(5kg/dia.m²)
Produzir alimentos, ciclar
nutrientes Não se aplica
36 Sistema
agrosilvo-pastoril
Composto por espécies vegetais arbóreas (eucalipto, acácia, teca,
pau-de-balsa, mogno) e forrageiras (milho, sorgo, braquiária), bovinos e
ovinos, rotação. Área:
Lenha, grãos, biomassa Demarcação dos piquetes, cerca, água: 50m³/ha.dia,
plantio em aleias
Produzir madeira, grãos e biomassa,
reduzir as emissões de
carbono, promover bem-
estar animal
Não se aplica
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Quadro 13. Análise de elementos (Continua)
Elemento Características Intrínsecas Produtos Necessidades Funções Comportamento
37 Lavanderia Próximo aos alojamentos, grande
volume água. Área: 40m²
Roupas limpas, água: 1200l/dia (120l/lavagem - 60 ciclos por
semana)
Água (cisterna): 1.200l/dia (120l/lavagem - 60 ciclos por
semana). Energia elétrica: 415kWh/mês, iluminação
Lavar (eventualmente, secá-las e passá-
las) as roupas, reutilizar a água
Não se aplica
38 Viveiro de hortaliças
Próximo as hortas. Área: 100m² Mudas de hortaliças para
expansão da horta Necessidade de 500l/dia de
água. Boa iluminação Gerar mudas Não se aplica
39 Viveiro de
arvores Próximo ao SAF I. Área: 100m²
Mudas de árvores para expansão dos SAFs
Necessidade de 500l/dia de água. Boa iluminação
Gerar mudas Não se aplica
40 Gerador solar
Instalado em telhados ou áreas agricultáveis. Voltado para a face norte. Custo médio de 7 reais por
kWh/mês
Conversão de energia solar em elétrica
Boa luminosidade, área designada
Promover autonomia energética
Não se aplica
41 Gerador
eólico Menor área, maior manutenção.
Conversão da energia do vento em elétrica
Menor área designada, manutenção no gerador, menos eficiente que solar
Promover autonomia energética
Não se aplica
42 Curral
(capacidade para 30 vacas)
Área: 60m² (4m²/animal), cerca, área coberta com divisórias
Abrigo, bem-estar animal, leite. Água (cisterna):
120.000l/ano
Água (descrito no elemento "Vaca"), conforto térmico,
cama, áreas para ordenha e armazenamento de leite.
Energia elétrica
Ordenhar, armazenar e
distribuir leite cru, abrigar as vacas
Não se aplica
43 Abelhas sem
ferrão
Jataí é a espécie mais popular. Fácil manejo e pouco gasto energético.
Alta taxa de nidificação
Mel: 1l por ano por ninho. Esse mel é pelo menos três vezes
mais valioso do que o de abelhas com ferrão
Caixa-isca, ninho e árvores Polinizar
Insetos sociais, formadores de colônias. Não
agressivas
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Trazemos, nas próximas páginas, o resultado do processo de
elaboração do design permacultural. Lembramos, porém, que
esse resultado é uma proposta que pode e deve sofrer
modificações ao longo do tempo.
Optamos por organizar a apresentação do processo de
implantação ao longo do tempo. Para isso, dividimos esse
processo em 2 momentos (Fase 1 e Fase 2), os quais são
representados na forma de mapas de vistas aéreas.
Acompanhando cada mapa, fazemos a descrição de seu
funcionamento e das relações entre os elementos dispostos.
A Fase 1 mostra as primeiras modificações que propomos para
as áreas antes do início da inserção de novos elementos. Como
já exposto, a área se encontra, atualmente, ocupada por
eucaliptos e sem nenhum tipo de edificação. Supomos que
esse processo inicial deva levar entre 6 meses e um ano para
acontecer, dependendo do volume de recursos disponíveis.
Trabalhamos com o cenário de acolhimentos dos primeiros
alunos do projeto – 12 pessoas. Além deles, contamos com a
presença de 7 famílias de cuidadores, que serão responsáveis
por dar início às atividades da fazenda terapêutica.
Aqui, elencamos os elementos que são essenciais para a vida
na área. Entendemos, porém, que ainda haverá necessidade
de um aporte grande de recursos externos, especialmente
para alimentação e outros materiais essenciais à vida.
Gradativamente, chegaremos ao cenário da Fase 2, que
contará com uma população de 240 alunos e 14 famílias de
cuidadores. Neste momento, a Área B, antes pouco manejada,
passar a ser mais integrada ao sistema e estabelecer conexões
com o entorno. Aqui, também, são iniciadas ações que
possuem objetivos em longo prazo, da ordem de 30 anos ou
mais.
As propostas de design que trazemos são apenas uma das
possibilidades de uso e ocupação das áreas possíveis – cada
grupo que desenvolvesse esse processo de design
permacultural chegaria a soluções diferentes para as questões
apresentadas, certamente. Esperamos que nossa pequena
contribuição possa ajudar nesse lindo processo de trabalho
que se inicia.
Além disso, é importante ressaltar que, devido a limitações
financeiras e de mão de obra, não temos certeza quanto
tempo levaremos para atingirmos a Fase 2, a capacidade
máxima da Fazenda Terapêutica. Assim sendo, os passos
intermediários serão variáveis, de acordo com as
possibilidades de implantação das novas estruturas.
Apresentação
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Figura 15. Mapa durante a Fase 1 do design permacultural na fazenda terapêutica da ARCAH, que representa as primeiras intervenções na área.
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A Fase 1 compreende as primeiras intervenções que faremos
na área. Atualmente ocupada por uma monocultura de
produção de eucaliptos, ela apresenta as características e
riscos típicos desse sistema produtivo: uso de agrotóxicos e
fertilizantes sintéticos, empobrecimento do solo e baixa
diversidade (apesar da existência de um sub-bosque inicial).
Como a área não foi manejada após o primeiro corte, houve
rebrota em todas as árvores plantadas: cada uma delas possui
entre 3 ou 4 troncos desenvolvidos, com diâmetro que variam
de 0,1 a 0,25 metros e altura entre 10 e 15 metros. Por essa
característica, também, pouca luz incide entre as fileiras, as
quais são orientadas seguindo o perfil do terreno (de acordo
com as curvas de nível).
Após uma série de reuniões e propostas de intervenção,
optamos por elencar a maior parte dos elementos da fazenda
terapêutica na Área A, já que algumas regiões já sofreram
movimentações de terra, sua declividade é menor e ela se
encontra a leste do Aterro Sanitário, evitando que o cheiro
forte de decomposição de matéria orgânica seja constante. Na
Área B, elencaríamos a Vila dos Cuidadores e outros elementos
de maior extensão e menor manejo, os quais seriam ocupados
futuramente – talvez com outra situação de ocupação da área
do aterro (encontramos informações que ele tem capacidade
para mais 10 ou 20 anos, dependendo da fonte).
Por isso, propomos como primeira intervenção na área o corte
dos eucaliptos e posterior destoque de suas raízes na parte
superior da Área A (do limite superior até a primeira curva de
nível) e das áreas destinadas aos Alojamentos e Biodigestor,
com exceção de uma faixa de 20 metros nas bordas para
circundar o terreno, a qual servirá como quebra-ventos.
A madeira retirada neste momento pode ser estocada para
utilização em construções (sugerimos as técnicas cordwood e
pau-a-pique) e lenha ou ser vendida. Nas áreas destinadas à
Horta Agroecológica, não há necessidade da realização do
destoque das árvores, já que é possível a realização do manejo
nas entrelinhas e seu sistema radicular será decomposto ao
longo do tempo, garantindo um bom estoque de matéria
orgânica em decomposição.
Após essa retirada de eucaliptos desta região, recomendamos
a realização das movimentações de terra necessárias para a
adequação do terreno, com terraplenagem e construção dos
primeiros açudes e caminhos principais. Neste momento, seria
mais indicado a construção dos 6 açudes previstos para a Área
A (A1, A2, A3, A4, A5 e A6), além das swales que os conectam,
para que pudéssemos aproveitar o maquinário pesado
utilizado nesse tipo de intervenção. Além disso, o biodigestor,
que tem o tanque de piscicultura como seu último estágio, já
poderia ser construído.
Fase 1
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Neste momento, também, daríamos início à implantação da
Horta Agroecológica, a qual pode ser integrada a piquetes com
galinhas. O planejamento desse sistema de produção de
alimentos contempla a expansão modular da área ocupada
proporcionalmente à quantidade de pessoas que habitarem a
fazenda terapêutica.
Na Fase 1, compreende-se que a fazenda terapêutica ainda
precisará de recursos energéticos externos, os quais serão
gradativamente diminuídos. Por isso, sugerimos aqui a
abertura de dois poços, um em cada área, para o fornecimento
de água potável aos moradores. Além disso, seria interessante
trabalhar para a implantação da zona de produção de energia
elétrica a partir de painéis fotovoltaicos e dos ventos.
Quanto às estruturas, pensamos em construir aquelas
consideradas essenciais ao início das atividades. Assim sendo,
na Área A seriam construídos um módulo dos alojamentos, a
cozinha e o refeitório e o galpão destinado à manutenção das
ferramentas e equipamentos. Um pouco mais distante desse
núcleo, propomos a instalação da lavanderia.
No restante da Área A, sugerimos o manejo dos eucaliptos já
estabelecidos para viabilizar a implantação do Sistema
Agrossilvopastoril. Por isso, seria importante a construção de
um curral para abrigar os animais, essenciais a esse sistema
produtivo.
Fase 1
Nesse sistema, através do consórcio de uma espécie arbórea
(eucalipto), lavoura (soja, milho, cana-de-açúcar, mandioca,
pastagem, adubos verdes, etc.) e animais (gado bovino e/ou
ovelhas), há a possibilidade de um aproveitamento maior e
sustentável da área.
As árvores geram um ambiente mais adequado ao bem-estar
dos animais, os quais contribuem para o restabelecimento da
fertilidade do solo com o esterco que produzem. Nas
entrelinhas dos eucaliptos, as lavouras promovem um
descanso, descompactação e nitrogenização do solo, além de
produzir alimentos ao gado e para consumo humano.
O manejo básico do Sistema Agrossilvopastoril consiste na
manutenção de um indivíduo de eucalipto a cada três
existentes atualmente, formando um intervalo de 6 metros
entre cada eucalipto. Nos intervalos de 6 metros aconselha-se
plantar árvores nativas para aumentar a diversidade do
sistema. São indicadas espécies como bracatinga, acácia
manjum, bananeira, pau-jacaré, ingá, cedro e mogno, além de
outras espécies de diferentes estágios sucessionais, tanto
típicas do cerrado quanto de mata atlântica.
Entre as linhas já existentes de eucaliptos, sugerimos a
supressão de duas a cada três delas, com o intuito de formar
uma área de pastagem de 14 metros de largura entre as linhas
mantidas.
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O preparo básico do solo consiste, primeiramente, no uso de
um subsolador (grade pesada e em sequência grade leve). A
seguir, promove-se a semeadura: a área de pastagem será
semeada a lanço com gramíneas, crotalária, soja-perene,
feijão- guandu, milheto, girassol, stylosanthe-mineirão e outras
espécies adequadas de adubação verde ao longo das estações.
Para incorporação dessas sementes ao solo, sugerimos o uso
de uma grade leve. A seguir, sugerimos subdividir as áreas do
sistema em piquetes delimitados por cerca elétrica, alimentada
por painel solar. Propormos a implantação de 8 piquetes com
áreas médias de 0,7ha, respeitando a disposição dos
elementos no design final. Esse sistema tem a capacidade de
comportar 4 ou 5 vacas, além de 1 touro, os quais serão
rotacionados nos piquetes a cada 4 dias. Ao longo do tempo,
com a melhoria da qualidade do solo, é possível comportar um
número maior de animais.
Quanto à Área B, sugerimos o corte dos eucaliptos e destoque
de suas raízes na região mais superior do terreno, com
exceção da borda (20m) a oeste. Essa porção do terreno seria
utilizada para a construção da Vila dos Cuidadores. No restante
da área, sugerimos a continuidade do manejo dos eucaliptos
plantados, já que eles podem gerar renda nos primeiros anos
do projeto – seriam necessários 5 anos de manejo até sua
venda. Há a opção de manter o manejo ou buscar outros
possíveis compradores do material que permitam o manejo da
área sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos.
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Figura 16. Design da Fase 2 da fazenda terapêutica da ARCAH, que representa o funcionamento completo da propriedade, com população máxima.
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A Fase 2 do projeto de Design Permacultura da Fazenda
Terapêutica da ARCAH representa o sonho, o momento em
que ela atinge sua capacidade de moradores e todos os
elementos planejados estão construídos. Nessa fase, podemos
compreender o funcionamento integrado da propriedade.
Ao levarmos em considerações os passos do método de design
permacultural, buscamos dispor os elementos na propriedade
de acordo com a setorização, planejamento por zonas e maior
aproveitamento energético.
Assim sendo, a maior parte das estruturas construídas está
localizada na região Norte da Área A. A seguir, elencamos
elementos e regiões onde há menor necessidade de visitas
foram elencados a distâncias maiores. A descrição mais
detalhada das características, funções, comportamentos,
necessidades e produtos de cada elemento estão apresentadas
na seção “Análise de elementos”.
A primeira estrutura construída, à nordeste do terreno, é a
recepção, acompanhada do estacionamento. Esses elementos
objetivam receber os visitantes da fazenda, assim como
controlar a entrada e saída de pessoas e produtos. Ao
adentrarmos a fazenda, passaremos por uma área de floresta,
como uma transição para o novo ambiente que o local traz aos
moradores e visitantes.
Ao caminharmos pela estrada principal, deparamo-nos com
uma série de estruturas, todas elas construídas de forma a
captar e armazenar as águas pluviais. Todas essas estruturas
estão conectadas entre si, direcionando o excedente de água
para o sistema de valas de infiltração e açudes. Além disso,
toda a água liberada a partir de pias, chuveiros, privadas e
máquinas de lavar (águas escuras e cinzas), é direcionada ao
sistema do biodigestor integrado.
Tomando a direita da estrada na bifurcação, ao lado do poço e
da zona de produção de energia elétrica, encontram-se as
oficinas de formação profissional dos alunos: oficina
mecânica, serralheria, marcenaria e de construção. Voltando
à bifurcação e olhando à esquerda, encontramos o galpão de
manutenção, que atenderá a todas as oficinas e também
servirá como abrigo ao maquinário e equipamentos
necessários ao dia a dia da fazenda terapêutica.
Logo após, à nossa frente, observamos o ginásio e a academia,
os quais ficam próximos da biopiscina e do campo de futebol,
este com uma arquibancada que, além de permitir a presença
de pessoas para acompanhar as partidas, também coletará
água das chuvas e a direcionará à biopiscina. Próximo a essa
área de esportes, localiza-se o canil, disposto aqui por estar
relativamente próximo às Zonas 0 e 1 da propriedade, mas não
a ponto de incomodar os alunos devido ao barulho.
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Para continuar o passeio pelo design da fazenda terapêutica,
retornamos à bifurcação inicial, mas agora caminharemos pela
estrada principal em direção ao Sul. Ali, em meio a um belo
jardim florestal, passaremos pela zona de produção de ervas
condimentares e medicinais, localizada ao lado do refeitório e
da cozinha, todos ao lado direito da estrada. Do lado esquerdo
dela, estarão os alojamentos, com capacidade para 240
alunos, bem próximos aos quebra-ventos que criarão um
microclima aconchegante na área. Próximo a eles, fica a
lavanderia, acessada por meio de uma trilha. Ainda mais
isolada fica a área de meditação.
A seguir, tomaremos à direita por um caminho secundário e
chegaremos à área de convivência, onde todos podem se
reunir nos períodos anteriores e posteriores às refeições, além
de receberem visitas e participarem de eventos culturais e de
formação. Logo à frente, estão a escola e a biblioteca, locais
de formação dos alunos. Um pouco mais reservado, a Norte,
está o Centro de Saúde.
Ainda no mesmo secundário, olhando à esquerda, veremos os
dois primeiros açudes (A1 e A2) e, caminhando um pouco
mais, chegaremos à região da horta agroecológica, integrada
com as galinhas. Próximo aos açudes, temos o viveiro de
produção de hortaliças, ali disposta por ser uma região mais
sombreada e bastante úmida, além de ser próxima à horta.
Ao continuarmos pelo caminho secundário, voltaremos à
estrada principal. Nela, já podemos visualizar o SAF I e, no
meio dele, os açudes A3 a A6. Logo à frente, encontramos o
tanque de piscicultura, última etapa do sistema de biodigestão
integrado e que, além de fornecer alimento aos moradores,
também produz água rica em nutrientes para ser utilizada no
SAF.
Ao voltarmos a caminha pela estrada principal, observamos à
direita a região de criação de porcos e o chiqueiro. Atrás deles,
vemos a região de compostagem, que produzirá húmus
utilizado em todas as regiões de produção vegetal da fazenda
terapêutica.
Logo abaixo dessa região, há o espaço para produção de
laticínios e o curral, à direita, além de um viveiro de espécies
arbóreas à esquerda. O curral serve de abrigo ao gado bovino,
que integra o sistema agrossilvopastoril.
É importante ressaltar, aqui, que o sistema agrossilvopastoril
contribuiu enormemente para a recuperação da qualidade do
solo e que sua área foi reduzida ao longo do tempo para a
construção dos elementos acima citados. Além disso,
ressaltamos que o manejo integrado de plantas e animais
permite que a localização dessas áreas se modifique
constantemente, sendo possível o deslocamento dos animais
para diferentes áreas e a rotação de culturas no solo, para que
ele permaneça sempre fértil.
Fase 2
Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu
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Assim, chegamos aos limites da área A e cruzaremos a zona de
servidão de energia elétrica, por baixo das torres de alta
tensão. Mesmo nessa área, visando o máximo aproveitamento
do terreno, sugerimos a manutenção de lavouras, com
espécies como cana-de-açúcar, mandioca, abóbora, batata-
doce, milho, feijão, etc.
Assim, caminhando mais um pouco, adentramos pela face Sul
da Área B, onde se encontra o SAF II, parte da reserva legal. Ali
encontramos árvores de interesse madeireiro, especialmente.
No meio dele, há o açude B3, que cria uma região de umidade
e permite a rega das mudas das plantas.
Se olharmos para a área mais baixa do terreno, a Sul,
visualizaremos a área de regeneração da reserva legal, nossa
zona 5. Ali está o açude B4, na região onde é possível coletar o
maior volume de água, devido à topografia do terreno. Essa
zona foi aqui alocada pela observação realizada durante a
leitura da paisagem, quando percebemos alguns fragmentos
naturais e uma zona de umidade nesta região – a conexão
desses fragmentos traz uma maior qualidade ambiental a essa
área, promovendo o restabelecimento de populações nativas
de plantas e animais.
Ao continuarmos a caminhada pela estrada principal,
observamos, à direita, uma região de produção de plantas
medicinais, as quais foram planejadas em parceria com a
empresa Centroflora.
Nessa região, encontramos mais um açude (B2), que tem como
principal função irrigar a plantação. Do outro lado da estrada,
já podemos observar o açude B1.
Por fim, chegamos a mais um belo jardim florestado e, em
meio a ele, nem percebemos a presença de bacias de
evapotranspiração, já totalmente integradas ao contexto. Elas
se encontram ali pela Vila dos Cuidadores, local onde residem
as 14 famílias que gerenciam a fazenda terapêutica e cuidam
da recuperação e formação dos alunos.
Todo este sonho que aqui descrevemos traz os elementos
característicos de um design permacultural, de forma que a
fazenda terapêutica seja sustentável ao longo do tempo, com
intensa complexidade (muitas relações) entre os elementos
dispostos.
Além disso, ele carrega consigo os princípios éticos que
nortearam todas as escolhas que fizemos: se não tivéssemos
como fundamentação o cuidado com as pessoas, cuidado com
a Terra e a partilha justa dos excedentes, nada neste design
permacultural faria sentido.
Por fim, reforçamos novamente: esta proposta de design não é
estática e, certamente, sofrerá modificações ao longo do
tempo. Nossa principal intenção foi criar um norte para as
ações deste belíssimo projeto, mas seus detalhes ainda devem
ser estudados para que ele funcione de maneira harmônica.
Fase 2
Design Permacultural – Fazenda Terapêutica da ARCAH em Botucatu
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