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DESTINO DE LÂMPADAS FLUORESCENTES PÓS-
CONSUMO – ESTUDO DE CASO EM UM
ESTABELECIMENTO DE GOVERNADOR VALADARES -
MG
Rinara Cruz de Souza Aguilar – Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto
Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG –
Campus Governador Valadares. [email protected]
Professor Orientador: Mestre Luiz Fernando da Rocha Penna – Instituto
Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG –
Campus Governador Valadares. [email protected]
RESUMO
Hodiernamente nota-se o uso de lâmpadas na iluminação de ruas,
casas, e estabelecimentos. Após seu uso as lâmpadas devem ser descartadas,
e o descarte indevido pode acarretar danos ao meio ambiente via poluição por
metais pesados, e por consequência, danos à saúde. Este trabalho tem como
objetivo descrever o destino das lâmpadas fluorescentes pós consumo em um
estabelecimento comercial na cidade de Governador Valadares- MG,
identificando como o estabelecimento comercial estudado acondiciona as
lâmpadas fluorescentes e como é feito o descarte e destinação final das
lâmpadas neste estabelecimento.
Palavras – chave: lâmpadas, descarte pós-consumo, meio ambiente.
ABSTRACT
It is well known the use of lamps in lighting streets, houses, and stores.
After its use the bulbs should be discarded, and the improper disposal can
cause damage to the environment via pollution by heavy metals, and therefore,
damage to health. This paper aims to describe the fate of post consumer
fluorescent bulbs in a commercial establishment in the city of Governador
Valadares, Minas Gerais, identifying the premises as studied packaging
fluorescent lamps and how is the disposal and disposal of the bulbs at this
property.
Keywords: bulbs, discard post-consumer, environment.
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1 INTRODUÇÃO
Para Carvalho Filho et. al. (2010), a população atualmente vem crescendo
e com isso aumenta exponencialmente o consumo de produtos, assim nos
deparamos com um grande problema ambiental: os resíduos sólidos.
Os resíduos são gerados após a produção, utilização ou transformação
de bens de consumo. Grande parte destes resíduos são gerados nos grandes
centros urbanos e são originados principalmente, em residências, escolas,
indústrias e construção civil como as lâmpadas, computadores,
eletrodomésticos, pneus (PORTAL BRASIL - RESÍDUOS SÓLIDOS, 2010).
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE, o Brasil gerou no ano de 2012
181.228 toneladas de resíduos sólidos urbanos, por dia. Com base nestes
dados, 58%, são levados para aterros sanitários, e o restante, 42%, ou seja,76
mil toneladas diárias são levadas para lixões ou aterros controlados. Do total
gerado, a região sudeste é responsável por mais de 50% de Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU).
A destinação final de resíduos sólidos pode ser feita de várias maneiras,
os processos térmicos que são: incineração, coprocessamento, pirólise e
plasma, os processos físicos: centrifugação, separação gravitacional, redução
de partículas, compostagem, reciclagem e aterro sanitário, mas existem opções
como aterro controlado ou lixões que não são uma opção ecologicamente
correta, a opção correta seria o aterro sanitário, nessas áreas os resíduos são
lançados indiscriminadamente sem nenhuma preocupação com o meio
(MAROUN, 2006). Com isso surgem problemas de ordem ambiental, como a
contaminação dos solos e corpos d’água pelo chorume, surgem também
problemas de saúde pública, por exemplo, proliferação de vetores e insetos,
além disso, o descarte incorreto de lâmpadas que pode ocasionar
envenenamento por intoxicação.
Os primeiros estudos com lâmpadas foram feito pelo Humphry Davy,
que descobriu vários elementos químicos que os unindo surgiria à lâmpada
usada na segurança de mineiros, que protegiam das explosões causadas pelo
metano, a lâmpada de arco, que consistia em um circuito de corrente contínua,
alimentando duas barras de carbono vegetal, dispostas horizontalmente,
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formava-se uma coluna gasosa em forma de arco capaz de emitir luz
(FERNANDES, 2011)
A primeira lâmpada incandescente foi criada pelo cientista Thomas
Edison 1880, depois de várias tentativas surgiu as feitas com filamento de
tungstênio microenrolado e ambiente interno constituído de vácuo ou gás
quimicamente inerte (nitrogênio ou argônio), desta forma foi possível a
construção de lâmpadas com maior vida útil e melhor rendimento (PINHEIRO,
2012), sendo que as lâmpadas do tipo fluorescentes ou de descarga em gases
nasceram quando surgiu os estudos sobre descargas elétricas em atmosferas
gasosas, por volta da metade do século XIX (PINHEIRO, 2012).
Dependendo do princípio utilizado para a geração da luz, elas podem
ser classificadas como lâmpadas incandescentes ou lâmpadas de descarga.
As lâmpadas incandescentes irradiam luz através do aquecimento de um
condutor sólido, quando da passagem de uma corrente elétrica, enquanto que
as lâmpadas de descarga emitem luz devido à passagem da corrente através
de um gás. Existem ainda as lâmpadas mistas, que utilizam os dois processos
anteriores durante seu funcionamento (PINHEIRO, et. al.; 2009).
As lâmpadas incandescentes são classificadas em dois tipos principais:
lâmpadas incandescentes convencionais, e halógenas.
Segundo Pinheiro, et. al. (2009), as lâmpadas incandescentes
convencionais foram as primeiras lâmpadas comercialmente viáveis,
funcionando devido à passagem da corrente elétrica por um filamento de
tungstênio, aquecendo-o e deixando-o incandescente (emitem mais calor do
que luz) na prática, apenas 6% do que consome de energia é transformado
em luz visível, e o restante (94%) é transformado em calor, seu
rendimento luminoso é fraco e sua durabilidade é cerca de 1000 horas, pelo
fato de o filamento ir se tornando mais fino devido ao aquecimento, causando a
depreciação do fluxo luminoso até o momento em que o filamento se
rompe e a lâmpada queima.
Estas são adequadas para aplicações pontuais, como lâmpadas
decorativas, por exemplo, ou onde a iluminação não é constante, possuem
como vantagem a excelente reprodução de cores, o baixo custo e a fácil
substituição, dispensando qualquer dispositivo auxiliar para operarem (ABNT-
5413,1992)
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As lâmpadas incandescentes halógenas são indicadas onde se
necessita uma fonte de luz intensa e bem direcionada, a alta intensidade
luminosa e a excelente reprodução de cores tornam as lâmpadas
incandescentes halógenas adequadas para serem utilizadas em vitrines de
lojas, por exemplo, possuem um rendimento inferior a 22 lm/W e uma vida
útil de cerca de 2000 horas, o dobro das lâmpadas incandescentes
convencionais (ABNT 5413, 1992)
As lâmpadas fluorescentes, cujo funcionamento baseia-se em descargas
a gás, têm sido a principal fonte de iluminação desde o seu desenvolvimento,
com alta eficiência e longa durabilidade, emitem luz pela passagem da corrente
elétrica através de um gás, provocando uma descarga quase que totalmente
formada por radiação ultravioleta (invisível ao olho humano), a radiação
convertida em luz, pelo pó fluorescente que reveste a superfície interna do
bulbo, a composição deste pó que resultam as nas diferentes alternativas de
cores de luz adequadas a cada tipo de aplicação. Além de determinar a
qualidade e quantidade de luz, a eficiência na reprodução das cores, elas são
amplamente utilizadas em setores industriais, comerciais e de serviços, as
primeiras produzidas possuíam o formato tubular (WITKOVSKI, 2012).
No Brasil, o setor de lâmpadas fluorescentes chegou a produzir 70
milhões de lâmpadas fluorescentes tubulares e importou 6 milhões para uso
doméstico em 2002, chegando a cerca de 20 milhões em 2003. No entanto o
uso de cada lâmpada é limitado à cerca de 20000 horas (PHILIPS, 2000). O
seu descarte requer cuidados, com o transporte, armazenamento e tratamento
antes da colocação em aterro ou incineração (MILAZZO, 2004)
As lâmpadas de descarga são divididas em dois grupos principais:
lâmpadas de descarga de baixa pressão e de alta pressão.
Segundo Souza (2005), as lâmpadas de sódio de baixa pressão são
umas das mais encontradas no mercado (102 a 117 lm/W), a sua deficiência
encontra-se na emissão de uma luz monocromática amarela, provocando uma
elevada distorção nas demais cores, a sua utilização restringe-se a ambientes
onde a fidelidade de cores não é crítica, como pontes, viadutos, estradas e
monumentos.
As lâmpadas de sódio de alta pressão apresentam elevada eficiência
luminosa, acima de 110 lm/W e tempo de vida que chega a 16000 horas,
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geralmente são utilizadas onde não é exigida uma alta fidelidade cromática,
como iluminação pública, igrejas (ABNT-5413, 1992).
São lâmpadas nas quais o tubo de descarga contém um excesso de
sódio, para saturar o vapor quando ela está funcionando (a uma pressão de 13
a 26 kN/m2), e permitir a absorção interna na superfície. O tubo de descarga,
feito de óxido de alumínio sintetizado, para resistir à intensa atividade química
do vapor de sódio à temperatura de operação de 700 graus, é colocado num
invólucro de vidro duro, à vácuo (PEREIRA, et. al.; 2005). A vida útil de uma
lâmpada de mercúrio é de 3 a 5 anos, ou um tempo de operação de,
aproximadamente, 20.000 horas, sob condições normais de uso (ZANICHELI
et. al; 2004).
Apresentam vapor de mercúrio sob alta pressão no interior do seu bulbo,
de tal forma que as radiações ocorrem, em sua maioria, na região espectral da
luz visível, apresentam uma eficiência luminosa inferior a das lâmpadas
fluorescentes e possuem tempos de reacendimento e estabilização altos,
em torno dos 5 minutos, geralmente utilizadas em ambientes de iluminação
não intermitente como estacionamentos, praças e quadras poliesportivas
(ALVAREZ, 1998).
De acordo com Alvarez (1998), as lâmpadas mistas utilizam a tecnologia
que englobam as lâmpadas incandescentes e as lâmpadas de descarga,
utilizam um filamento para limitar a corrente de descarga no gás, possuem uma
vida útil que chega a 6000 horas, podendo ser substituídas pelas
incandescentes convencionais, baixo rendimento luminoso e os tempos de
reacendimento e estabilização duram cerca de 5 minutos.
As lâmpadas podem ser consideradas um dos componentes principais
em um sistema de iluminação. O surgimento dessas lâmpadas veio com a
constante modificação da demanda de serviços mais baratos, que a economia
fosse passada para os consumidores, e podendo também ser ecologicamente
tratadas com reciclagem ou na logística reversa.
As lâmpadas pós-consumo contendo mercúrio, do tipo fluorescente, são
resíduos que requerem gerenciamento adequado para evitar impactos ao meio
ambiente e risco à saúde de seres humanos, devido a manuseio,
armazenamento e principalmente destinação final inadequado. O mercúrio
também compõe lâmpadas não fluorescentes, como as de descarga (mista,
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vapor de mercúrio, vapor de sódio e vapor metálico) (DURÃO; WINDMOLLER,
2008).
Com a possibilidade da quebra do tubo, ocasionaria o desprendimento e
a emissão do vapor de mercúrio que há risco de contaminação, mesmo que
uma lâmpada quebrada libere apenas uma pequena quantidade de mercúrio, o
problema ambiental pode ser gerado pelo efeito acumulativo e persistente
desse metal pesado. Além disso, o descarte realizado em aterros não
industriais pode fazer com que esses resíduos contaminem o solo e, mais
tarde, os cursos d’água, chegando à cadeia alimentar (SANCHES, 2008).
O autor também afirma que ciclo de intoxicação do mercúrio causado
pelo descarte inadequado dessas lâmpadas pode ocorrer não só por via
respiratória, mas também por via cutânea, devido ao manuseio inadequado,
assim esse resíduo merece cuidados especiais quanto aos procedimentos de
manuseio (retirada/coleta), acondicionamento, transporte, armazenagem e
destinação final.
De acordo com Durão e Windmoller (2008), o mercúrio utilizado na
fabricação dessas lâmpadas tem uma grande capacidade de se acumular nos
organismos vivos ao longo da cadeia alimentar, processo esse conhecido como
bioacumulação.
Sua toxicidade já é conhecida de longa data, sendo que o mercúrio não
seja funcional ao organismo humano. Dentre as espécies alquiladas do
mercúrio, as de cadeia curta são normalmente acumuladas em organismos
vivos, devido à sua maior facilidade de transporte através de membranas
celulares e com o acúmulo do mercúrio, em especial do metilmercúrio em
peixes de águas contaminadas, pode resultar em risco para o homem, além
dos pássaros e mamíferos que se alimentam dos peixes (UNEP, 2007).
As lâmpadas pós-consumo contendo mercúrio são classificadas como
resíduo perigoso de fontes não específicas, Classe I, sob o código F044, pela
Norma ABNT 10.004/04. Esta norma classifica os resíduos quanto aos riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, indicando aqueles que devem
ter manuseio e destinação mais rigidamente controlados (ABNT, 2004).
A Lei 12.305/10 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS
que estabelece a responsabilidade compartilhada pela destinação final e
ambientalmente correta de produtos, no pós-consumo. Isso significa que
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fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e poder
público são igualmente responsáveis pelo destino correto dos resíduos, que
devem ser reaproveitados, reciclados ou, apenas no caso de rejeitos,
encaminhados para aterros sanitários.
Conforme a PNRS, rejeito é todo resíduo sólido que, depois de
esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. Não
podendo esquecer que existem vários tipos de lâmpadas, que a PNRS não
contempla. Com a PNRS, também será criado no país o sistema de logística
reversa, fazendo com que os produtos retornem, após o uso, para o ciclo
produtivo, através de seu tratamento e de sua reciclagem.
O Governo Federal instalou, no dia 17 de fevereiro de 2011, o Comitê
Orientador para Implementação de Sistemas de Logística Reversa. O Comitê é
formado pelos ministérios do Meio Ambiente, da Saúde, da Fazenda, da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior e tem por finalidade definir as regras para devolução dos
resíduos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reutilizado) à
indústria, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos
(MMA, 2014)
A PNRS também responsabiliza o consumidor, que deve descartar o
produto corretamente. Se as lâmpadas estiverem em boas condições, é
possível empregar o vidro, o alumínio e o mercúrio na fabricação de outros
produtos. Mas se estiverem quebradas e, consequentemente, contaminadas,
não podem ser reaproveitadas.
A Lei 13.766, de novembro de 2000, aborda sobre a disposição final de
lâmpadas fluorescente. No nível do Conselho Nacional do Meio Ambiente-
Conama, criou um Grupo de Trabalho, responsável pela elaboração do
“Documento de Recomendações a Serem Implementadas pelos Órgãos
Competentes em Todo o Território Nacional Relativas às Lâmpadas com
Mercúrio”.
O Grupo Técnico Temático- GTT das lâmpadas fluorescentes, de vapor
de sódio e mercúrio e de luz mista, são coordenadas pelo Ministério do Meio
Ambiente e tem por objetivo elaborar proposta de modelagem da Logística
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Reversa e subsídios para elaboração do Edital de chamamento para Acordo
Setorial, com o propósito de subsidiar o Grupo Técnico de Assessoramento -
GTA e o Comitê Orientador na tomada de decisões pertinentes ao tema. Vale
destacar que as empresas fabricantes dessas lâmpadas tornaram-se,
praticamente, importadoras, o que causa uma preocupação maior, pois não
existe legislação brasileira que estabeleça limites de concentração de mercúrio
nas lâmpadas, portanto sua composição ainda não é controlada (MMA, 2014).
No Brasil não existe legislação federal específica que abarca os diversos
aspectos para o descarte e disposição de lâmpadas usadas contendo mercúrio.
A Constituição Federal de 1998, no Capítulo VI, ao tratar do meio ambiente, faz
uma abordagem genérica e atribui ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras.
O Brasil comercializa cerca de 100 milhões de lâmpadas por ano,
portanto o risco oferecido pelo descarte destas em grande quantidade se
agrava enormemente, enquanto se pensa em uma única lâmpada é quase
nulo, sem contar que as indústrias de reciclagem de lâmpadas de mercúrio são
responsáveis pelo controle de apenas aproximadamente 6% do estoque de
lâmpadas queimadas no país (LUMIÈRE, 2007).
Atualmente há algumas poucas empresas espalhadas pelo Brasil que
realizam a reciclagem de lâmpadas, listadas abaixo:
Apliquim Equipamentos e Produtos Químicos Ltda – localizada
em Paulínia, São Paulo
Brasil Recicle Ltda. – localizada em Indaial, Santa Catarina
HG Descontaminação Ltda. – localizada em Nova Lima, Minas
Gerais
Mega Reciclagem de Materiais Ltda. – localizada em Curitiba,
Paraná
Naturalis Brasil Desenvolvimento de Negócios – localizada em
Jundiaí, São Paulo
Recitec – Reciclagem Técnica do Brasil Ltda. – localizada em
Pedro Leopoldo, Minas Gerais
Silex Indústria e Comercio de Produtos Químicos e Minerais Ltda.
– localizada em Morro da Fumaya, Santa Catarina
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Uma delas é a Naturalis Brasil, uma empresa localizada em Itupeva, no
interior de São Paulo, vem prestando um serviço que auxilia empresas a
reciclarem de forma devida as suas lâmpadas fluorescentes com um aparelho,
chamado de “Papa Lâmpadas”. Funciona da seguinte forma, as lâmpadas a
serem recicladas são introduzidas em um tubo de alimentação e quebradas ao
passarem por uma catraca, os materiais pesados, como o vidro e o alumínio se
depositam no fundo do tambor, já o pó de fósforo, micropartículas de vidro e o
vapor de mercúrio ficam em suspensão e são sugados por um tubo coletor,
passando por 2 filtros de celulose que liberam apenas o mercúrio, este viaja até
um filtro à base de carvão ativado, que o adsorve e libera na atmosfera apenas
o ar já descontaminado, o vapor de mercúrio coletado é posteriormente
processado e retorna para seu estado metálico, sendo possível, assim, ser
reutilizado como matéria prima, o vidro coletado para reciclagem é feito pela
própria Naturalis.
Este trabalho se justifica pelo aumento do consumo de lâmpadas no
país e seu descarte inadequado que pode provocar problemas de grandes
proporções. Diante do exposto, as questões que ficam é: qual a quantidade de
lâmpadas fluorescentes utilizadas no estabelecimento estudado? Como é feito
o acondicionamento dessas lâmpadas, após serem consumidas? E como são
descartadas?
Este trabalho tem como o objetivo geral avaliar o destino das lâmpadas
fluorescentes pós consumo em um estabelecimento comercial na cidade de
Governador Valadares- MG. Os objetivos específicos: Identificar o numero e o
tipo de lâmpadas utilizadas no estabelecimento, identificar como
estabelecimento comercial estudado acondiciona as lâmpadas fluorescentes
pós-consumo, identificar como é feito o descarte e destinação final das
lâmpadas pós-consumo neste estabelecimento.
2 Procedimentos Metodológicos
2.1 Caracterização da Área de Estudo
Governador Valadares é um município
brasileiro no interior do Estado de Minas Gerais, pertencente à mesorregião do
Vale do Rio Doce (Figura 01). Situa-se a 18° 51’ 03’’ latitude sul e 41° 56’ 56’’
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longitude oeste, a 170 metros de altitude, localiza-se à 320 quilômetros a
nordeste da capital do estado, Belo Horizonte, pela BR-381 com
uma população de 275.568 habitantes (IBGE, 2013), sendo assim o nono mais
populoso do estado de Minas Gerais e o primeiro de sua mesorregião, ocupa
uma área de 2.342,319 km², sua densidade demográfica é de 112,58 hab./km²,
segundo o IBGE, no ano de 2013.
Figura 01 – Localização geográfica do município de Governador
Valadares - MG
Fonte: IBGE (2013); CRUZ (2013)
O estabelecimento comercial estudado está localizado no centro da
cidade (Figura 02). É o chamado shopping-feira, localizado na rua Belo
Horizonte, 549, centro. Esse estabelecimento é um galpão que possui vários
boxes, com lojas, praça de alimentação. São vendidas roupas, eletrônicos,
calçados.
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Figura 02 – Faixada do Shopping Feira
Fonte: Própria autora (janeiro, 2014).
2.2 TIPO DE ESTUDO
Este trabalho se trata de uma pesquisa qualitativa e descritiva. De
acordo com Moresi (2003), a pesquisa qualitativa é uma relação dinâmica entre
o mundo real e o sujeito, que não pode ser traduzidos em números, enquanto a
pesquisa descritiva expõe características de uma determinada população ou de
um determinado fenômeno, não tendo o compromisso de explicar os
fenômenos que descrever, embora sirva de base explicação.
2.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Para atingir os objetivos propostos foi realizada uma entrevista com a
administradora do estabelecimento a senhora Nathalia Pereira dos Reis, e
realizadas registros fotográficos do estabelecimento, e do local onde as
lâmpadas pós-consumo são acondicionadas.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estabelecimento estudado possui um total de 77 lâmpadas, sendo 65
lâmpadas fluorescentes e 12 HQI`s (Lâmpadas de alta pressão).
O armazenamento é feito após a queima ou a inutilização das lâmpadas
utilizadas no estabelecimento, segundo a administradora, é feito pelo pessoal
responsável pela limpeza e as lâmpadas são colocadas em um deposito
(Figura 03). Entende-se por armazenamento de resíduos sua contenção
temporária em área autorizada pelo órgão de controle ambiental, à espera de
reciclagem, tratamento ou disposição final adequada, desde que atenda às
condições básicas de segurança (ABNT- NBR 12235). A estocagem deve ser
em área separada (princípio da segregação dos resíduos) e demarcada
(MILAZZO, et. al.; 2004).
Figura 03 – Local de armazenamento temporário das lâmpadas pós-
consumo até o descarte
Fonte: Própria autora (fevereiro, 2014)
De acordo com o manual de descarte da Eletrobrás de 2004, as
lâmpadas queimadas ou inservíveis devem ser mantidas intactas,
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acondicionadas preferencialmente em suas embalagens originais, protegidas
contra eventuais choques que possam provocar a sua ruptura, e armazenadas
em local seco, o que não é observado no estabelecimento estudado.
Quando possui uma quantidade considerável de lâmpadas inúteis o
descarte é feito. A maneira que o estabelecimento descarta essas lâmpadas é
a partir da quebra das mesmas, colocando-as em um recipiente e as
identificando. São colocadas junto com o resíduo comercial ou resíduo comum.
Para realizar o descarte de lâmpadas que são quebradas, no caso das
fluorescentes, deve-se ter cuidado especial com relação ao vapor de mercúrio
e ao pó de fósforo que são desprendidos das lâmpadas (MILAZZO, 2004).
Com a quebra das lâmpadas são liberados 12 elementos existentes em
lâmpadas que podem originar impactos ambientais negativos como: mercúrio,
antimônio, bário, chumbo, cádmio, índio, sódio, estrôncio, tálio, vanádio, ítrio e
elementos de terras raras (ETR) (PINHEIRO et al, 2009).
Ainda de acordo com Puente, et.al. (2004), em nenhuma hipótese as
lâmpadas devem ser quebradas para serem armazenadas, pelo risco de
contaminação ambiental e à saúde humana, o descarte das lâmpadas
incandescentes pode ter seu destino final em aterros sanitários sem restrições
de contaminação ambiental por elementos tóxicos. Deve-se sempre pensar que
a reciclagem é o melhor caminho para a destinação final de qualquer resíduo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estabelecimento estudado mostra desconhecimento das normas
ambientais que regem o descarte de lâmpadas, uma vez que as lâmpadas são
destruídas (quebradas) e acondicionadas de forma irregular, além deste fato
elas seguem para o local de resíduo comum o que vai de encontro a legislação
do país que diz que este tipo de material deve ser destinado a reciclagem de
suas partes pelas as empresas que as produzem, no chamado sistema de
Logística Reversa. Esse acordo da logística reversa ainda está sendo feito
pelos setores fabricantes das lâmpadas, pois ainda não há acordo entre eles
com relação ao descarte das lâmpadas.
Este desconhecimento por parte da responsável do local reflete uma
carência nacional, a população não possui informação sobre como proceder no
descarte de uma simples lâmpada, assim como outros materiais.
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Recomendamos um melhor gerenciamento de lâmpadas pós-consumo
no estabelecimento estudado, ou seja, um armazenamento adequado e evitar
realizar a quebra das mesmas, diminuindo os riscos para quem manipula
diretamente esses resíduos e para o meio ambiente.
Enquanto o sistema de logística reversa para os resíduos como as
lâmpadas pós-consumo não estiver em pleno funcionamento no país as
pessoas que manipulam esse tipo de resíduo e o meio ambiente estarão em
risco.
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