FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DA REGIÃO DOS LAGOS – FERLAGOS
ESTUDO PRELIMINAR PARA A
TAXONOMIA DE ALGUNS GÊNEROS
DE FORAMINÍFEROS DA
LAGOA DE ARARUAMA
por
BERNARDO SOUZA DUNLEY
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ESTUDO PRELIMINAR PARA A TAXONOMIA DE ALGUNS GÊNEROS
DE FORAMINÍFEROS DA LAGOA DE ARARUAMA
por
BERNARDO SOUZA DUNLEY
FERLAGOS – Fundação Educacional da Região dos Lagos
Faculdade de Educação, Filosofia, Ciências e Letras de Cabo Frio
Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas
Monografia apresentada à Coordenação do
Curso de Pós-Graduação em Ciências Bio-
lógicas da FERLAGOS, Cabo Frio.
Orientador: Profº. Elton Brandão.
Cabo Frio, segundo semestre de 2000.
A meus pais, que foram meus verda-
deiros formadores, e à minha esposa Car-
men e minha filha Yasmin, pelo amor e
companheirismo.
Agradeço ao Prof.º Elton Brandão (UFRJ) por sua atenção especial e
paciência; ao Dr. Ricardo Coutinho (CENTRAB) pela concessão do material para estu-
do, e à Cia. Nacional de Álcalis, pelo apoio na infraestrutura laboratorial e pesquisa.
Agradeço, especialmente: à prof.ª Drª. Maria Helena C. B. Neves por
seu auxílio e concessão de uso dos equipamentos de pesquisa do IEAPM – Instituto de
Estudos do Mar Almte. Paulo Moreira; ao prof. Inácio D. da Silva Neto (Laboratório de
Protistologia – Departamento de Zoologia/UFRJ); à profª. Wanda Maria Monteiro Ribas
(IEAPM); e aos colegas Fernando Muzitano (CDPA/CNA) e Eduardo de Araújo Velas-
co (FIPAC).
A imaginação é mais importante que
o conhecimento.
Albert Einstein.
RESUMO
DUNLEY, Bernardo Souza. Estudo preliminar para a taxonomia de alguns gê-neros de foraminíferos da lagoa de Araruama. Cabo Frio: FERLAGOS, 2000.
A lagoa de Araruama é um ambiente hipersalino, com quase o dobro da salinidade
do mar em algumas áreas, apresentando, por isso, um baixo índice de biodiversidade. Este ambiente tem sido estudado com maior intensidade nos últimos anos, e o conheci-mento acerca de sua biota torna-se cada vez mais relevante. Foraminíferos são organis-mos unicelulares, extremamente diminutos (da escala de décimos de milímetro), que fa-zem parte do plâncton e/ou do bentos, e nutrem-se principalmente de fitoplâncton. O es-tudo de suas carapaças é importante para estudos de paleoevolução de corpos d’água e até em análises de prospecção de campos petrolíferos. Quando estes animais morrem, deixam suas carapaças como registro de sua passagem ou presença em seus locais de re-sidência.
Foram analisadas e identificadas as carapaças de espécies de foraminíferos encon-trados em amostras de duas áreas distintas da lagoa de Araruama. As espécies encontra-das são representantes dos gêneros Quinqueloculina, c.f. Pyrgo, c.f. Rosalina, c.f. Cri-broelphidium, e c.f. Peneroplis, sendo todos bentônicos. Não foi possível identificar com exatidão as espécies estudadas. As duas áreas pesquisadas, identificadas como blo-cos IV e VII diferem, principalmente, na granulometria de fundo e nível trófico do cor-po d’água (ambas as características são maiores para o bloco IV). No bloco IV ocorreu uma dominância quase total do gênero Quinqueloculina, enquanto que no bloco VII, predominou o gênero c.f. Cribroelphidium. Foram feitas medições das dimensões má-xima e média predominante do comprimento das carapaças e relacionadas as incidên-cias relativas das espécies por bloco, e as carapaças foram fotografadas e ilustradas em detalhes relevantes para a sistemática.
Os foraminíferos apresentaram uma estreita relação com o aumento do nível trófi-co da lagoa, podendo servir, assim, como um indicador da influência antrópica através do despejo de efluentes inadequadamente tratados naquele corpo d’água. Os dados bio-físico-químicos e o material estudado (amostras) são provenientes do trabalho de moni-toramento da lagoa de Araruama, realizado pela Cia. Nacional de Álcalis em conjunto com a CENTRAB – Centro de Estudos e Projetos Ambientais.
ABSTRACT
DUNLEY, Bernardo Souza. Preliminary study for the taxonomy of some foraminiferal genera of Araruama lake. Cabo Frio: FERLAGOS, 2000.
The Araruama lake is a hypersaline environment with almost the double of sea sa-
linity in some areas, displaying, therefore, a low index of biodiversity. This environment had to be studied with more intensity at later years, and the knowledge on its biota be-comes more and more relevant. Foraminifera are unicellular organisms, extremely tiny (from scale of tenth part of millimeter) what takes part in plankton either benthos, and nourish mainly of phytoplankton. The study of their carapaces is important for re-searches on paleoevolution of water bodies and even in prospecting analysis of petrolif-erous fields. When these animals dead, given your carapaces as a record of its passage or presence in your residence sites.
Be analyzed and identified the carapaces of foraminiferal species encountered in samples of two distinct areas by Araruama lake. The encountered species are represent-ing of genera Quinqueloculina, c.f. Pyrgo, c.f. Rosalina, c.f. Cribroelphidium, and c.f. Peneroplis, all be benthic. Not was possible to identified certainly the studied species. The two investigated areas, identified as blocks IV and VII differs, mainly, on granu-lometry of bottom and the trophic level of water body (either the characteristics are big-gest for the block IV). On block IV occurs a dominance almost total of the genus Quin-queloculina, while on block VII, predominating the genus c.f. Cribroelphidium. Was made measurements of maximum and predominant media of length of carapaces and re-lated the relative incidence of specie per block, and the carapaces were photographed and illustrated in relevant details for the systematic.
The foraminifera displayed a tight relationship with the increase of the trophic level by the lake, able to serve as an indicative of the anthropic influence through the waste of inadequate treated effluents in that water body. The biophysic-chemical data and the studied material (samples) are proceeding from the monitorial work of Ara-ruama lake, made by Cia. Nacional de Álcalis (National Company of Alkali) together with CENTRAB – Centro de Estudos e Projetos Ambientais (Center of Studies and En-vironmental Projects).
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 7.1 – Dados biofísico-químicos dos blocos, p. 65
Gráfico 7.2 – Incidência relativa de espécies/bloco, p. 67
Gráfico 7.3 – Espécies – Bloco IV, p. 67
Gráfico 7.4 – Espécies – Bloco VII, p. 69
Gráfico 7.5 – Espécies encontradas por EICHLER (1998), nas áreas equivalentes aos
blocos IV e VII, p. 69
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 6.1 – Posição aproximada dos blocos estudados na lagoa de Araruama, p. 51
Prancha 6.2 – O gênero Quinqueloculina, p. 53
Prancha 6.3 – O gênero c.f. Pyrgo, p. 55
Prancha 6.4 – O gênero c.f. Cribroelphidium, p. 57
Prancha 6.5 – O gênero c.f. Rosalina, p. 59
Prancha 6.6 – O gênero c.f. Peneroplis, p. 61
Prancha 6.7 – Outros gêneros encontrados por EICHLER (1998), nas áreas equivalentes
aos blocos IV e VII, p. 63
LISTA DE TABELAS
Tabela 8.1 – Coordenadas e dados físico-químicos dos blocos IV e VII , p. 71
Tabela 8.2 – Contagem dos foraminíferos (espécie/amostra) do bloco IV, p. 73
Tabela 8.3 – Contagem dos foraminíferos (espécie/amostra) do bloco VII, p. 73
Tabela 8.4 – Grau de incidência relativa das espécies por bloco, p. 75
Tabela 8.5 – Dimensão máxima e média predominante das espécies amostradas, p. 75
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 1
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 11
3 DESENVOLVIMENTO, p. 21
4 CONCLUSÃO, p. 41
5 BIBLIOGRAFIA, p. 47
6 ANEXO 1 – ILUSTRAÇÕES, p. 51
7 ANEXO 2 – GRÁFICOS, p. 65
8 ANEXO 3 – TABELAS, p. 71
9 ANEXO 4 – FICHA DE AVALIAÇÃO, p. 77
1 INTRODUÇÃO
Os foraminíferos compreendem uma classe (segundo a mais recente
classificação, apresentada por MARGULIS (1990), classe Foraminiferea, filo Granulo-
reticulosa (Foraminifera)) de protozoários (animais unicelulares), na maioria marinhos,
que apresentam o corpo protegido por uma carapaça secretada pelo próprio animal ou
construída a partir de microfragmentos, simples ou dividida, contendo esta uma ou mais
aberturas por onde protraem os seus pseudópodes finos e ramificados (rizópodos), usa-
dos para locomoção e captura de alimento. As carapaças podem ser calcárias, quitino-
sas, silicosas, ou de agregados de microdetritos do fundo, tais como grânulos de areia,
fragmentos de carapaças de outros organismos marinhos, fibras, etc.
A ordem dos foraminíferos é muito numerosa. Até 1962 haviam
26.500 espécies descritas. Deste total, pouco mais da metade são fósseis, aproximada-
mente um terço são representados por fósseis viventes, e de 10 a 15% são exclusiva-
mente viventes (atuais). Atualmente, devem existir em torno de 35.000 a 40.000 espé-
cies reconhecidas de foraminíferos, distribuídos em 1.200 gêneros, em 120 famílias
(MARGULIS, 1990).
Existem dois grupos gerais de foraminíferos; um compreende as espé-
cies litorâneas, e o outro, as espécies pelágicas. Após a morte do animal, as carapaças
afundam, formando grandes bancos sedimentares no fundo do mar (vasas). Compreen-
dem cerca de 18.000 espécies de grande importância econômica (LAROUSSE, 1998, p.
2495). Grandes pirâmides do Egito foram esculpidas com depósitos calcários de fora-
miníferos, e geólogos do petróleo os estudam para identificação de estratos petrolíferos
(STORER, 1991, p. 296). O estudo dos foraminíferos tem uma grande importância em
vários ramos das ciências naturais, especialmente em biologia, geologia e oceanografia.
Os foraminíferos constituem um material muito apropriado para os es-
tudos de diferentes problemas de biologia geral. Explica-se pelo seguinte: a) seu número
possibilita estudos estatísticos; b) presença de um indivíduo de dois ou mais estados fi-
logenéticos; c) presença de vários traços estruturais de importância na superfície da
maioria das espécies; d) facilidade relativa para cultivá-los (nem todas as espécies); e e)
seu tamanho diminuto, que permite manter cultivos em espaços pequenos.
Graças à sua variabilidade, os foraminíferos são excelentes indicado-
res de idade geológica. Devido à sua sensibilidade ao meio ambiente representam orga-
nismos muito úteis para a reconstrução das condições ecológicas de épocas passadas.
Seu pequeno tamanho é muito adequado para fins geológicos (testemunhos de perfura-
ção, lama de injeção, etc.). Assim, um malacólogo em 1 kg de sedimentos pode encon-
trar, no melhor dos casos, algumas dezenas de moluscos. A mesma amostra pode conter
mais de 200.000 foraminíferos. Isto é muito cômodo, especialmente em campo, já que
com uma simples lupa binocular de 30 aumentos pode-se fazer um estudo preliminar e
obter conclusões, em caso de urgência.
Os tratamentos das amostras para separar as carapaças de foraminífe-
ros, assim como os métodos para seu estudo são relativamente simples, o que também
significa uma vantagem indubitável. Cada instituição e companhia petrolífera moderna
têm uma equipe de especialistas em foraminíferos, com os laboratórios correspondentes.
Porém, o papel dos foraminíferos cresce enormemente também em outros ramos da Ge-
ologia, tais como: preparação de mapas geológicos, exploração de águas subterrâneas,
etc.
Os foraminíferos são quase exclusivamente marinhos e em seu ambi-
ente têm uma distribuição muito ampla. Este fato, assim como suas características bio-
lógicas, explicam porque os foraminíferos desempenham um papel tão grande nos estu-
dos oceanológicos. Ao usar os foraminíferos, pode-se investigar: a) os movimentos das
massas d’água, assim como suas propriedades físico-químicas; b) problemas de ecolo-
gia e zoogeografia; c) vários problemas paleoceanográficos, como, por exemplo, a for-
mação de passagens, idade de diferentes conexões entre continentes, etc; d) problemas
paleoclimatológicos; e e) diversos estudos no campo da geologia submarina. Esta lista
ainda poderia ser maior, já que os problemas oceanológicos, dos quais os foraminíferos
resultam ser de grande utilidade e ajuda, são diversos e numerosos.
Em uma mesma espécie, a carapaça pode apresentar-se nas mais vari-
adas formas e tamanhos. Esta variação decorre, em primeiro lugar, do fato de os fora-
miníferos possuírem, em geral, um ciclo duplo reprodutivo, ou seja, com alternância de
gerações entre um estágio sexual e outro assexual, sendo que o primeiro pode estar au-
sente. E, em segundo lugar, as variações morfológicas são estimuladas pelas interações
com as variáveis abióticas do meio em que vivem, tais como salinidade, temperatura,
teor de oxigênio, demanda nutricional, etc.
Com relação ao tamanho, este também se revela em um elevado gra-
diente, pois mesmo sendo um animal unicelular, necessita crescer e acumular bastante
material citoplasmático para, na reprodução assexual, gerar vários descendentes em uma
única múltipla cisão. À medida que o animal cresce, este vai secretando (ou construin-
do) nova e maior câmara por sobre a anterior, no mesmo padrão, gerando, na maioria
das vezes, uma bela figura simétrica e perfeita.
Durante os trabalhos do programa de monitoramento da lagoa de Ara-
ruama, realizado pela Companhia Nacional de Álcalis em 22/04/2000, o material prove-
niente da triagem de sedimentos para a macrofauna bentônica da lagoa foi utilizado para
este estudo, de onde foram verificadas e analisadas, para contagem e identificação, as
carapaças de alguns tipos variados de foraminíferos, então presentes na amostra. Apesar
das amostras terem sido coletadas do substrato, não significa necessariamente que as ca-
rapaças encontradas sejam exclusivamente de espécies bentônicas; também podem o-
correr foraminíferos no plâncton, que, ao morrerem, deixam suas carapaças no fundo.
O objetivo deste trabalho é o estudo taxonômico, através da descrição
e identificação por meio de análises de dimensionamento, ilustrações e fotomicrografias
das carapaças, das espécies de foraminíferos encontradas no substrato do fundo da lagoa
de Araruama (RJ), através de amostras coletadas em duas áreas distintas. Estas áreas
distinguem-se não somente pela sua posição, como também pelas características físico-
químicas do substrato e do corpo d’água, o que deve refletir uma diferença no padrão de
incidência relativa das espécies de foraminíferos nas referidas áreas, que também será
verificada para ambas.
Têm sido realizados estudos de datação geológica na lagoa de Araru-
ama e a caracterização desta fauna poderia auxiliar tais estudos, ou ainda, em pesquisas
sobre a evolução da restinga em seu entorno, por meio de análise de “testemunhos” (co-
re). Por fim, deve-se considerar a relevância de um estudo taxonômico acerca de mais
um grupo de organismos que compõe este ecossistema atualmente ameaçado. Dos pou-
cos trabalhos que se tem referência nesta abordagem específica, não há ilustrações das
espécies estudadas (EICHLER, 1998), e este trabalho vem preencher parcialmente esta
lacuna.
2 REVISÃO DE LITERATURA
BOLTOVSKOY (1965) expõe as inter-relações dos fatores ecológicos
e a fauna de foraminíferos. Ao final de cada item, há uma breve comparação com os da-
dos das duas áreas, extraído do relatório da CNA – Companhia Nacional de Álcalis
(2000), visando facilitar a compreensão inicial de tais parâmetros:
Temperatura – Do ponto de vista ecológico, a temperatura desempe-
nha um duplo papel: a) condiciona o caráter de distribuição dos foraminíferos; b) tem
certa influência sobre a morfologia da carapaça. Neste estudo, contudo, a temperatura
não variou significativamente entre os dois blocos. A temperatura encontrada de 20°C
aproximadamente para os dois blocos, revela uma faixa térmica agradável para boa par-
te das espécies.
Salinidade – Foraminíferos podem suportar desde salinidades da faixa
de 5 a até 71 ppm (partes por mil), nos extremos, e a maioria das espécies sobrevive na
faixa de 30 a 40 ppm em condições ideais. Assim, a alta salinidade encontrada (aproxi-
madamente 70 ppm nos dois blocos) atua como limitador da diversidade de espécies
(comparado com o mar, há pouquíssimas espécies na lagoa). Como os valores de salini-
dade são muito semelhantes nos dois blocos, este não é um parâmetro comparativo.
Profundidade – A profundidade é um fator ecológico muito comple-
xo para determinar, já que à medida que esta varia, se modificam outros fatores, como
temperatura, a luz, a concentração de oxigênio, etc., e em um ambiente natural é impos-
sível separar a influência da profundidade, de forma isolada. É um fator importante, mas
muito pouco estudado. Variando, nos cultivos, a pressão e conservando sem alteração
todas as demais condições, podemos deduzir sobre a influência da profundidade em di-
ferentes graus. A zonação vertical dos foraminíferos se explica em maior grau por sua
influência.
As diferentes espécies se diferenciam por sua relação com as diferen-
tes profundidades (pressões). Os foraminíferos aglutinados, em geral, são menos sensí-
veis que os calcários. É provável que em várias espécies, certos traços morfológicos das
carapaças relacionem-se com a profundidade, e as mudanças da última levem a constru-
ir determinadas mudanças morfológicas. Esta suposição é promissora em relação ao
aumento dos conhecimentos no campo da paleoecologia. Neste estudo, as profundidades
aproximadas de 5 e 2 metros, entre os blocos IV e VII respectivamente, não são consi-
deradas suficientemente diferentes, portanto, para influenciar nos resultados.
Nutrição – Este fator, indubitavelmente, condiciona a distribuição
quantitativa dos foraminíferos, e a nutrição pode influenciar no tamanho e na morfolo-
gia das carapaças. Em ambientes eutrofizados normalmente se observa um grande de-
senvolvimento de vida vegetal, no caso, fitoplâncton, que por sua vez constitui a dieta
essencial dos foraminíferos. Portanto, embora a diversidade encontrada na lagoa de Ara-
ruama seja pequena, a quantidade de carapaças encontradas por amostra, especialmente
as de Quinqueloculina, confirma esta relação, uma vez que o bloco IV encontra-se, de
fato, sob intensa ação antrópica (despejo de efluentes) que o eutrofiza gradativamente.
Substrato – Não há dúvidas que existe uma relação entre a fauna de
foraminíferos bentônicos e o substrato. Esta influência se faz notar tanto na distribuição
relativa de espécies, como também na quantidade de indivíduos totais entre áreas de tex-
turas de substrato distintas. No que diz respeito à última influência (quantidade de indi-
víduos totais), BOLTOVSKOY (1965, p.275) mostra os seguintes resultados: areia
grossa (149 exemplares), areia fina (578 exemplares), limo (568 exemplares) e limo ar-
giloso (536 exemplares), portanto, evidenciando, ainda que de uma forma genérica, uma
preferência dos foraminíferos pela textura intermediária de areia fina, em detrimento
dos extremos de areia grossa e argila. Neste estudo, verificou-se, de fato, maior quanti-
dade de indivíduos totais na textura de areia fina (bloco IV), e também uma variação na
dominância entre espécies das duas áreas, confirmando esta relação ecológica. BOL-
TOVSKOY (1965) considera, ainda, que o substrato também influencia na forma das
carapaças, mas isto não foi considerado neste estudo.
Com relação à taxonomia, não foram localizadas obras significativas
que permitissem uma análise profunda para a identificação até o nível de espécies. Con-
tudo, algumas obras consultadas forneceram as pistas para eventuais trabalhos que se
façam necessários futuramente. EICHLER (1998) encontrou 74 espécies de foraminífe-
ros ao longo de toda a lagoa de Araruama, sendo que nas áreas correspondentes aos blo-
cos IV (equivale às estações 18 e 19) e VII (estações 25 e 26) deste estudo, identificou
15 espécies e mais outros 4 gêneros, distribuídos da seguinte forma (apresentados por
ordem decrescente de dominância – para uma visualização gráfica destes valores, vide
anexo 7.5): bloco IV (Ammonia tepida; Triloculina oblonga; Cribroelphidium spp.;
Haynesina germanica; Discorinopsis aguayoi Bermúdez; Brizalina spp.; Fissuna luci-
da; Pseudomassilina sp.; Pseudotriloculina sp.; e Gavelinopsis praegeri); e bloco VII
(Ammonia tepida; Triloculina oblonga; Cribroelphidium spp.; Miliolinella cf. subro-
tunda Montagu; Brizalina sp.; Fissuna lucida; Lagena laevis; Pyrgo sp.; e Quinquelocu-
lina poyeana Orbigny).
O estudo de RIBAS (1969) analisou os foraminíferos bentônicos da
plataforma continental brasileira, entre Vitória e Rio de Janeiro, sendo que várias espé-
cies eram representantes da Corrente das Malvinas, em virtude do fenômeno da ressur-
gência. Apesar de sua pesquisa envolver o ambiente marinho, ressalta-se, aqui, as espé-
cies identificadas na região próxima a Cabo Frio (em seu trabalho, estação EFD-9; tam-
bém por ordem de dominância): Ammonia becarii; Bulimina marginata; Liebusella sol-
dani; Amphistegina lessoni gibbosa Orbigny; Cassidulina crassa; Globigerinoides ru-
ber Orbigny; Pyrgo comata f. sarsi; Quinqueloculina seminulum; e Q. horrida Cush-
man. Em seu trabalho há a ilustração de Peneroplis proteus Orbigny, porém não há in-
dicação de qual estação ela pertence.
Sobre o aspecto da hipersalinidade, BOLTOVSKOY (1965) considera
que o limite superior para a vida dos animais marinhos é da ordem de 200 a 220 ppm.
Os foraminíferos toleram, em média, salinidades máximas de 45 a 50 ppm (como Rota-
lia beccarii e Elphidium poeyanum Orbigny, no mar Cáspio). Tinoco (1958) relatou que
Rotalia beccarii catesbyana foram encontrados em uma lagoa brasileira, em uma salini-
dade que oscilava entre 54,67 e 70,58 ppm (BOLTOVSKOY, 1965, p. 159), similar à
condição intermediária de algumas áreas da lagoa de Araruama.
3 DESENVOLVIMENTO
Foram encontrados e considerados 5 padrões (tipos) diferentes de ca-
rapaças, e é possível que este número seja maior (talvez o dobro em espécies), em virtu-
de de algumas formas variadas, e mesmo considerando o aspecto de alterações morfoló-
gicas causadas pela alternância de gerações e influências externas, porém, somente estas
foram consideradas. O material triado foi proveniente das amostras utilizadas no traba-
lho de monitoramento da lagoa de Araruama, realizado pela CENTRAB para a Cia. Na-
cional de Álcalis.
O trabalho baseia-se na análise de material coletado em duas áreas dis-
tintas da lagoa de Araruama (vide anexo 6.1). Estas áreas diferem principalmente na
textura de seu substrato, que em uma (bloco IV) é mais arenoso, e na outra é mais lodo-
so (bloco VII). Utilizaram-se amostradores cilíndricos de PVC, com diâmetro de 7 x
10cm de altura. Para cada estação foram coletadas cinco amostras, totalizando um vo-
lume amostral de 1.900cm³/área. A coleta foi realizada no dia 22/04/2000, das 13:00 às
15:00hs, com tempo nublado e vento sudoeste moderado a forte. Para dados específicos
de coordenadas e físico-química das duas áreas, vide tabela 8.1.
As amostras do sedimento foram lavadas em água doce corrente, so-
bre peneira de abertura 0,297mm. Em seguida, todo o material foi cuidadosamente a-
condicionado em frascos com formol a 4% para a triagem. Para cada bloco, foram tria-
das 6 amostras de 2cm³, para contagem dos foraminíferos por espécie. Foram feitas me-
dições das dimensões máximas e médias predominantes durante a triagem. As espécies
contabilizadas foram classificadas, segundo a média dos valores encontrados, por seu
grau de incidência relativa (segundo classificação proposta por RIBAS, 1969, que é uma
adaptação, por sua vez, da classificação proposta por BOLTOVSKOY, 1965).
Para cada espécie, foram tiradas fotomicrografias em lupa monocular,
e também feitas ilustrações de detalhes relevantes (sob microscópio ótico) para a siste-
mática das carapaças, principal elemento taxonômico dos foraminíferos. Estão mantidas
preservadas para eventuais conferências ou análises complementares, amostras do sedi-
mento coletado na lagoa e das carapaças dos foraminíferos isolados em frascos com
formol a 4%, e também algumas carapaças fixadas em lâminas com xilol.
Os resultados estatísticos da contagem das amostras por bloco, a com-
paração entre a incidência relativa das espécies por bloco, e uma comparação entre os
dados biofísico-químicos dos blocos foram representadas através de gráficos para uma
melhor visualização e diferenciação das duas áreas estudadas. As carapaças foram agru-
padas em 5 grupos (gêneros) distintos:
Quinqueloculina sp.: Este foi o único gênero identificado sem mar-
gem de dúvida, pois o padrão quinqueloculinoide é único. Sua forma é bicôncava e pos-
sui uma abertura contendo um dente bifurcado. Sua textura superficial é bem lisa (sem
poros aparentes), branco-leitosas com leve opacidade, permitindo observar as câmaras
internas, e apresenta média resistência, sendo quebradas com alguma facilidade no ma-
nuseio. Este gênero é representado por espécies bentônicas e pertence à ordem Rotalii-
da.
Freqüentemente, neste estudo, foram observadas algumas variações
morfológicas no padrão básico, em diversos graus, o que pode sugerir tanto influência
dos fatores ecológicos, como também a ocorrência de mais de uma espécie, e até de ou-
tros gêneros, pois o gênero Triloculina pode ser confundido com este (EICHLER (1998)
encontrou um número considerável de carapaças de T. oblonga nas áreas equivalentes
aos dois blocos, sendo maior no bloco IV), e o gênero Pyrgo possui um estágio inicial
quinqueloculinoide (BOLTOVSKOY, 1965, p. 237). É provável, ainda, que o gênero
Pseudotriloculina, encontrado por EICHLER (1998), esteja representado por poucos
exemplares incluídos neste grupo, mas, como não foram encontradas ilustrações ou ou-
tras referências deste gênero, não foi possível confirmar esta relação.
Este gênero foi o que apresentou maior taxa de variabilidade na forma
das carapaças, e também no tamanho destas. Neste estudo, Quinqueloculina dominou
expressivamente o bloco IV e apareceu em menor número no bloco VII (para outros de-
talhes, vide anexos 6.2 [prancha], 7 [gráficos] e 8 [tabelas de dados]). Com certeza, é
um gênero vivente nas áreas estudadas. EICHLER (1998), no entanto, encontrou um
número inexpressivo de Q. poyeana Orbigny apenas no bloco VII, mas menciona que
TINOCO (1955) identificou a espécie Quinqueloculina costata Orbigny como sendo
dominante para a maioria das áreas estudadas, e que esta dominância perdurou até o seu
estudo, 40 anos depois (porém, ela identificou esta espécie como sendo Q. poyeana Or-
bigny).
C.f. Pyrgo sp.: Apesar de não ter sido possível confirmar a identifica-
ção deste gênero, as evidências indicaram-no como o correto. A carapaça apresenta as-
pecto globular, ou sub-globular, com a superfície de textura lisa, sem poros aparentes,
com uma abertura única apresentando uma leve concrescência, semelhante a um dente
em formação. Compõe-se de duas semi-esferas pouco irregulares, uma maior que a ou-
tra, lembrando o encaixe das tecas de uma diatomácea.
Foram observados tamanhos e morfologias mais homogêneas, embora
tenham sido observadas, em número proporcionalmente bastante reduzido, carapaças
com textura estriada. Chama a atenção o aspecto de algumas serem parecidas com o gê-
nero Quinqueloculina, principalmente as câmaras mais internas (estágios mais jovens),
quando apresentam um bom índice de transparência. Na sua maioria, são de coloração
branco-intensa, opacas e pouco resistentes (mais que em Quinqueloculina). Gênero re-
presentado por espécies bentônicas, representando o segundo grupo dominante do bloco
IV (certamente vivente nesta área) e bem pouco representado no bloco VII (não parece
indicar que sobreviva no sedimento desta área). EICHLER (1998), porém, encontrou a
presença do gênero Pyrgo apenas nas áreas equivalentes ao bloco VII, em seu estudo
(para outros detalhes, vide anexos 6.3 [prancha], 7 [gráficos] e 8 [tabelas de dados]).
C.f. Cribroelphidium sp.: Não foi possível confirmar a exatidão na
identificação deste gênero. As referências pesquisadas e comparadas com as carapaças
apontam semelhanças com o gênero Haynesina e Elphidium. EICHLER (1998) encon-
trou a espécie Haynesina germanica nas estações equivalentes ao bloco IV deste estudo,
e não encontrou nenhum representante do gênero Elphidium em toda a lagoa de Araru-
ama. Contudo, EICHLER (1998) encontrou 5 espécies do gênero Cribroelphidium, sen-
do que a espécie dominante C. excavatum var. lidoensis foi a mesma registrada por TI-
NOCO (1955) como sendo Elphidium morenoi, que mencionou também como freqüente
a espécie E. discoidale Orbigny, identificada por EICHLER (1998) como E. poeyanum
Orbigny (porém sem referência quantitativa ou do local de incidência). Mesmo sem ob-
ter referências mais detalhadas ou ilustrações do gênero Cribroelphidium, é provável
que seja este, de fato, o gênero representativo deste grupo, ou da maioria das carapaças
aqui enquadradas.
As carapaças deste grupo são de aspecto menos leitoso, apresentando
um certo grau de transparência, são as mais resistentes ao manuseio, e apresentam con-
siderável variedade de tamanhos e poucas alterações morfológicas. Apresenta enrola-
mento evoluto e a superfície da carapaça é toda perfurada por poros comunicantes entre
os meios interno e externo. Externamente, no nível dos septos que separam as câmaras
na forma de gomos em espiral (semelhante a um “rocambole”, ou amonite), há manchas
de pseudoporos, que não comunicam os dois meios. A frente da última e maior câmara é
fechada, contendo apenas a abertura do tipo múltipla. Verificou-se, com alguma fre-
qüência, variações no número de gomos (mesmo em diâmetros espirais semelhantes) e
também na largura relativa destes, o que poderia indicar espécies diferentes ou sim-
plesmente interferência de fatores ecológicos na morfologia das carapaças.
Com certeza se tratam de carapaças de espécie(s) bentônica(s). Pouco
representativo no bloco IV, mas dominante no bloco VII, este grupo parece ser seletivo
em relação à granulometria do fundo, e possivelmente a inversão de sua dominância en-
tre os dois blocos, com o gênero Quinqueloculina, pode guardar alguma relação com o
nível trófico destas áreas (para outros detalhes, vide anexos 6.4 [prancha], 7 [gráficos] e
8 [tabelas de dados]). EICHLER (1998) menciona que este gênero, em concordância
com aquele identificado por TINOCO (1955), manteve sua dominância relativa, junta-
mente com Quinqueloculina, durante o intervalo de 40 anos que separaram ambos os es-
tudos. Curiosamente, parece ser esta a situação confirmada também por este estudo.
C.f. Rosalina sp.: As evidências apontam para que este grupo seja re-
presentado por este gênero, pelo menos a maior parte das carapaças encontradas. Há
grande semelhança também com o gênero Trochammina, e os dois gêneros foram en-
contrados por EICHLER (1998) não exatamente nas mesmas áreas equivalentes aos
blocos aqui estudados, mas em uma estação eqüidistante aos blocos IV e VII, sendo que
a espécie Trochammina inflata Montagu em número bem menos expressivo que o gêne-
ro Rosalina, representado nesta mesma área pelas espécies R. globulans e R. vilardebo-
ana (também encontrou R. rugosa, porém em uma estação mais distante, no local co-
nhecido como Ponta da Peça, na Enseada da Tiririca, porção oeste da lagoa).
As carapaças são de coloração mais vítrea, com relativa transparência,
e algumas tomam uma coloração rosada, e são muito frágeis, quebrando com facilidade
no manuseio. A carapaça é toda recoberta de poros comunicantes com os dois meios
(estes, porém, são de menor diâmetro que os do grupo c.f. Cribroelphidium), têm forma
plano-convexa e o enrolamento é do tipo trocoidospiral, contendo uma única abertura
simples e bem estreita, na última e maior câmara (gomo) da espiral
Este grupo apresentou a maior homogeneidade em relação ao tamanho
e morfologia das carapaças e sua incidência relativa não variou muito nas duas áreas,
sendo mais numericamente representado no bloco VII (de uma maneira geral, no bloco
VII são verificadas as carapaças mais bem preservadas e de maior tamanho, o que pare-
ce indicar maior preferência deste grupo por esta área). Pelo estado e quantidade das ca-
rapaças encontradas, é possível afirmar que este grupo vive de fato neste ambiente. Tra-
ta-se de gêneros representados por espécies bentônicas (para outros detalhes, vide ane-
xos 6.5 [prancha], 7 [gráficos] e 8 [tabelas de dados]).
C.f. Peneroplis sp.: EICHLER (1998) não encontrou nenhum repre-
sentante deste gênero em todas as áreas pesquisadas na lagoa de Araruama, e, apesar de
não ser possível afirmar com certeza que seja este o gênero, a comparação com ilustra-
ções encontradas nos trabalhos de RIBAS (1969) e BOLTOVSKOY (1965), bem como
algumas considerações deste último autor, parecem apontar para este gênero como o
mais provável.
O fato de EICHLER (1998) não haver encontrado este gênero em seu
estudo e a incidência encontrada por esta pesquisa ser consideravelmente irrelevante,
indica a possibilidade de se tratar de uma espécie não-vivente nesta região da lagoa, e as
carapaças encontradas neste estudo podem ser registros “fósseis” preservados pela hi-
persalinidade que foi aumentando quando a lagoa se fechou em quase a sua totalidade
da porção litorânea, ou talvez sejam carapaças de indivíduos que adentraram na lagoa
atualmente, sendo arrastadas desde o canal do Itajurú, em Cabo Frio, até o interior da
lagoa (hipótese mais provável). No trabalho de RIBAS (1969) há uma ilustração da es-
pécie Peneroplis proteus Orbigny, porém não há a indicação de qual das estações estu-
dadas ela proveio.
A carapaça apresenta uma forma discoidal irregular e plana, despro-
porcionalmente delgada (como uma placa), com as câmaras apresentando um padrão de
crescimento espiral, sendo que as anteriores ficam totalmente fechadas por septos com-
pletos, isolando-as uma das outras. Sob um aumento de 1.000 vezes ao microscópio óti-
co, observou-se a presença de pequenas marcas que parecem ser reduzidíssimos poros
em sua superfície, mas não foi possível confirmar se são de fato poros verdadeiros. A
coloração é branco-leitosa, com relativa transparência e a carapaça é muito frágil e de
difícil manuseio devido à sua forma. Este gênero é representado por espécies bentônicas
(para outros detalhes, vide anexos 6.6 [prancha], 7 [gráficos] e 8 [tabelas de dados]).
Algumas considerações que merecem destaque são: a) EICHLER
(1998) encontrou a espécie Ammonia tepida como sendo a mais representativa (domi-
nante) nas áreas equivalentes aos dois blocos, mas não foram encontradas ilustrações ou
outras referências acerca desta espécie ou mesmo do gênero. É possível que ela repre-
sente algum dos grupos considerados neste estudo, mas, pela falta de dados, não foi
possível confirmar isto; b) as outras espécies dominantes nestas duas áreas encontradas
por EICHLER (1998) foram (pela ordem decrescente de dominância) Triloculina ob-
longa e o gênero Cribroelphidium sp., sendo que ocorreu inversão de dominância nas
duas áreas entre T. oblonga e A. tepida; c) diversos gêneros diferentes, com incidências
relativas bem reduzidas, foram também encontrados por EICHLER (1998) nestas duas
áreas, apesar do seu método de coleta do material ser semelhante ao adotado pela CEN-
TRAB (in CNA, 2000) (para maiores detalhes, vide anexos 6.7 e 7.5); e d) apesar de
EICHLER (1998) reconhecer Quinqueloculina poyeana Orbigny em concordância com
TINOCO (1955), estatisticamente isto não se confirma em seu trabalho, principalmente
nas áreas equivalentes às deste estudo (blocos IV e VII).
Com relação ao número total de foraminíferos encontrados por bloco,
o bloco IV apresentou maior número de indivíduos por amostra, o que é confirmado pe-
la estreita relação entre o crescimento populacional de foraminíferos em ambientes com
maiores teores de nutrientes, que faz com que aumente a concentração de fitoplâncton,
principal alimento dos foraminíferos (BOLTOVSKOY, 1965). Os dados físico-
químicos extraídos do relatório da campanha de monitoramento dessas duas áreas
(mesma amostragem) mostram que o bloco IV estava mais eutrofizado do que o bloco
VII (vide gráfico 7.1 e tabela 8.1).
Para a incidência relativa das espécies, no bloco IV houve quase que
total dominância do gênero Quinqueloculina (94,53%), seguido de c.f. Pyrgo (2,27%),
c.f. Cribroelphidium (1,60%), c.f. Rosalina (1,37%), e c.f. Peneroplis (0,23%). O bloco
VII foi dominado principalmente por c.f. Cribroelphidium (70,54%), seguido por c.f.
Rosalina (18,72%), Quinqueloculina (10,43%), e c.f. Pyrgo (0,31%, na verdade, apenas
parte de uma carapaça). O gênero c.f. Peneroplis não foi localizado nas amostras do
bloco VII. (Para maiores detalhes dos valores encontrados, vide tabelas 8.2 e 8.3, e para
uma melhor visualização destes dados combinados, vide gráficos 7.2, 7.3 e 7.4.)
A maior parte das carapaças encontradas estava em bom estado, o que
provavelmente indique que os gêneros encontrados (pelo menos, os mais representati-
vos) façam parte da comunidade ativa (viva) da lagoa, e não sejam apenas carapaças
fósseis. Para os resultados de medições das dimensões principais das carapaças analisa-
das, vide tabela 8.5.
4 CONCLUSÃO
A condição hipersalina da lagoa de Araruama (de 58 a 64 ppm, em
média), em contraste com a do mar (cerca de 35 ppm, em média) reduz consideravel-
mente o índice de biodiversidade do seu meio, e isto também se reflete nas populações
de foraminíferos. Enquanto que, nesse estudo, foram encontradas apenas 5 gêneros (po-
dendo chegar talvez a 10 espécies aproximadamente) de foraminíferos, e em uma amos-
tra marinha semelhante poderia haver dezenas de espécies distintas.
Além do caráter sistemático deste trabalho, que caracterizou e procu-
rou fornecer as bases para auxiliar na identificação, através de fotomicrografias e ilus-
tração de detalhes das carapaças, das espécies encontradas, também foi identificado um
padrão de distribuição destas espécies na lagoa, referente aos dados encontrados para as
duas áreas estudadas. Os dois blocos apresentam salinidade e temperaturas iguais, mas
diferem na textura de seu substrato (bloco IV é mais arenoso e o bloco VII é mais lodo-
so), na profundidade e no grau trófico (o bloco IV é mais eutrofizado do que o bloco VI-
I). Isto faz com que o bloco IV tenha um maior número de espécies por volume de a-
mostra (este fato é também confirmado para outros organismos estudados naquelas á-
reas, conforme o relatório de monitoramento da Álcalis).
A inversão de dominância entre os blocos IV e VII, Quinqueloculina e
c.f. Cribroelphidium, respectivamente, pode indicar que Quinqueloculina seja mais de-
pendente de nutrição fitoplanctonica do que o gênero c.f. Cribroelphidium, ou que ocor-
ra uma variação de seletividade de fitoplâncton entre estas duas espécies, ou seja, talvez
Quinqueloculina alimente-se de determinados componentes do fitoplâncton que aumen-
tem consideravelmente de número quando o ambiente se torna mais eutrófico, e c.f.
Cribroelphidium, por sua vez, seja mais seletivo com espécies do fitoplâncton mais tole-
rantes a baixos índices de nutrientes, porém estas hipóteses precisam ser confirmadas
por outros estudos complementares.
O bloco IV é mais eutrófico devido a maior influência antrópica (prin-
cipalmente lançamento de efluentes domésticos) nas suas proximidades, e no dia da co-
leta, o vento estava relativamente forte e originava-se do quadrante sudoeste, o que au-
mentava ainda mais a taxa de acúmulo de resíduos e nutrientes nesta área da lagoa.
Com relação à discrepância entre o grande número de espécies encon-
tradas por EICHLER (1998) e o reduzido equivalente neste estudo, e provável que aque-
la autora possa ter superestimado estes táxons e, ao mesmo tempo, este trabalho tenha
subestimado estas espécies, sendo mais provável a segunda hipótese, pelas seguintes ra-
zões: a) relembrando as considerações de BOLTOVSKOY (1965) sobre as influências
dos fatores ecológicos diversos na alteração da morfologia das carapaças, bem como da
alternância de gerações, ambos descritos na introdução deste trabalho, a lagoa de Araru-
ama pode ser considerada um ambiente relativamente estressante, o que poderia masca-
rar tais identificações; e b) a dificuldade na aquisição de material satisfatório de pesqui-
sa taxonômica específica de foraminíferos e diferenças na metodologia aplicada (volu-
me amostral, sazonalidade, nível trófico da lagoa, etc.).
5 BIBLIOGRAFIA
BARNES, R. D., RUPPERT, E. E. Invertebrate Zoology. 6th ed. [s. l.]: Saunders Col-lege Publishing, 1994. p. 38.
BOLTOVSKOY, E. Los foraminíferos recientes: Biologia, métodos de estudio, apli-cación oceanográfica. Editorial Universitaria de Buenos Aires. 1965. 510p.
COMPANHIA NACIONAL DE ÁLCALIS. Programa de monitoramento da lagoa de Araruama: Relatório da campanha realizada antes da dragagem, nos blocos IV e VII. Arraial do Cabo: CENTRAB – Centro de Estudos e Projetos Ambientais, 2000.
COSTA, A. F. G. Guia para elaboração de relatórios de pesquisa: Monografias. 2. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: UNITEC, 1998. 219 pp.
EICHLER, B. B., et al. Distribuição de foraminíferos e diatomáceas na lagoa de A-raruama. Instituto Oceanográfico – Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 1998.
LAROUSSE. Grande Enciclopédia Larousse Cultural. [s. ed.]. [s. l.]: Nova Cultu-ral, 1998. v. 10, p. 2495.
MARGULIS, L., et al. Handbook of Protoctista: The structure, cultivation, habitats and life histories of the eukaryotic microorganisms and their descendants exclusive of animals, plants and fungi: a guide to the algae, ciliates, foraminifera, sporozoa, water molds, slime molds and the other protoctists. Boston: Jones and Bartlett Publishers, 1990. 524-547.
RIBAS, L. B. Foraminíferos bentônicos da costa entre Espírito Santo e Cabo Frio. Publ. n.º 032. Instituto de Pesquisas da Marinha. 1969. 9p.
STORER, T. I. et al. Zoologia Geral. 6. ed. rev. e aum. São Paulo: Editora Nacional, 1991. p. 295-319.
TINOCO, I. M. Foraminíferos recentes de Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro. Dep. Nac. Prod. Min., Div. Geol. Miner., Bol., 159, 1955.
_____. Foraminíferos quaternários de Olinda, estado de Pernambuco. Monografia XIV. Rio de Janeiro: Div. Geol. Min., 1958.
TRÉGOUBOFF, G., ROSE, M. Manuel de planctonologie méditerranéenne. Tome I (Texte). Paris: Centre National de La Recherche Scientifique, 1957.
_____. Manuel de planctonologie méditerranéenne. Tome II (Planches). Paris: Cen-tre National de La Recherche Scientifique, 1957.
6 ANEXO 1 – ILUSTRAÇÕES
Ilustração 6.1 – Posição aproximada dos blocos estudados na lagoa de Araruama.
Prancha 6.2 – O gênero Quinqueloculina.
A
B
C D
1 2
E
A. Desenho de uma carapaça padrão (maioria e tamanho médio) de Quinqueloculina;B. Carapaça de Quinqueloculina, deformada provavelmente por influência de fatoresecológicos (comprimento de 0,77 mm); C. Fotografia tirada em lupa monocular, mos-trando uma carapaça bem desenvolvida (notar as câmaras internas); D. Fotografia tira-da em lupa monocular, mostrando vários padrões de carapaças de Quinqueloculina; E.Detalhes ampliados das extremidades de uma carapaça de Quinqueloculina, analisadossob microscópio ótico: 1) Extremidade oposta à abertura da carapaça. É possível obser-var a abertura anterior a atual, totalmente recoberta pela nova câmara; 2) Extremidadecontendo a abertura por onde protraem os pseudópodos do animal. O dente duplo apre-senta uma porção externa à carapaça (visível até mesmo na foto diapositiva). Ilustrações efotografias feitas pelo próprio autor (DUNLEY, B. S.).
Prancha 6.3 – O gênero c.f. Pyrgo.
1 A
2
3
B
C D E
A. Carapaça de c.f. Pyrgo, na principal forma encontrada: 1) vista lateral; 2) vista inferior;3) vista frontal, mostrando a abertura. Nestas duas últimas, notar o que parece ser o rudi-mento de um dente na margem da abertura; B. Padrão estriado observado em um peque-no, mas não raro, número de carapaças; C. A carapaça em seus estágios mais iniciais(câmaras mais internas) assemelha-se com o padrão quinqueloculinoide; D. Várias cara-paças vistas sob lupa, apresentando morfologia bem homogênea; E. Como exemplo ilus-trativo, a espécie Pyrgo williamsoni (compr. = 0,44 mm; larg. = 0,29 mm). De A a D, ilustra-ções e fotografia sob lupa do próprio autor (DUNLEY, B. S.), e E, extraído da internet (CUSHMAN Institu-te).
Prancha 6.4 – O gênero c.f. Cribroelphidium.
D
B 2 A 1
C
E F
A. Padrão de carapaça de c.f. Cribroelphidium mais comumente encontrado: 1) vista la-teral; 2) vista frontal, mostrando a abertura do tipo múltipla; B. Outra carapaça compadrão distinto de divisão das câmaras (gomos); C. Fotografia de uma carapaça de c.f.Cribroelphidium sob lupa monocular; D. Detalhe da margem de uma carapaça, evi-denciando os poros comunicantes, os pseudoporos sobre os septos, e uma porção da es-piral interna (estágios iniciais); E. Como exemplos, a espécie Elphidium bartletti (di-âm. = 0,62 mm; esp. = 0,29 mm); e F. Haynesina orbicularis (diâm. = 0,51 mm; esp. =0,29 mm). De A a D, ilustrações e fotografia sob lupa do próprio autor (DUNLEY, B. S.); E e F, extra-ídos da internet (CUSHMAN Institute).
Prancha 6.5 – O gênero c.f. Rosalina.
1 2 A
3
B C
D
A. Padrão mais freqüente de carapaça de c.f. Rosalina encontrado: 1) vista superior; 2)vista inferior; 3) vista lateral, evidenciando a abertura simples e o enrolamento trocoi-dospiral; B. Fotografia de várias carapaças de c.f. Rosalina, sob lupa monocular; C.Como exemplo, a espécie Rosalina leei Hedley, mostrando os pseudópodos protraídos;D. As três principais vistas do gênero Trochammina sp. A e B, ilustrações e fotografia sob lu-pa do próprio autor (DUNLEY, B. S.); C, ilustração extraída de MARGULIS, L. (1990, p. 533); e D, ilus-tração extraída de BOLTOVSKOY, E. (1965, p. 59).
Prancha 6.6 – O gênero c.f. Peneroplis. A B
2 1
1
2 C
E
D
A. Carapaça de c.f. Peneroplis encontrada e fixada em lâmina com xilol: 1) vista late-ral; 2) vista superior; B. Fotografia sob lupa monocular da carapaça de c.f. Peneroplis(a mesma utilizada como referência para as ilustrações); C. Ampliação de alguns deta-lhes da carapaça: 1) Ponto de encontro das câmaras mais iniciais com as tardias; 2)Terminações fechadas das câmaras tardias; D. A espécie Peneroplis proteus Orbigny;E. Outro representante do gênero Peneroplis. De A a C, ilustrações e fotografia sob lupa dopróprio autor (DUNLEY, B. S.); D, extraído de RIBAS, L. B. (1969, p. 10); E, extraído de BOLTOVS-KOY, E. (1965, p. 41).
Prancha 6.7 – Outros gêneros encontrados por EICHLER (1998), nas áreas equivalentes aos blocos IV e VII. A B C
A. O gênero Brizalina sp. (compr. = 0,24 mm; larg. = 0,07 mm); B. A espécie Lagenalaevis (compr. = 0,67 mm); C. O gênero Triloculina sp. (compr. = 0,56 mm; larg. =0,49 mm). Ilustrações extraídas da internet (CUSHMAN Institute).
7 ANEXO 2 – GRÁFICOS
Gráfico 7.1 - Dados biofísico-químicos dos blocos.
0
2
4
6
8
10
12
14
temp.x
10 (.C
)
prof. (
m)
Secchi
salin.
x10 (
ppm)
oxig.
(mgO
2/l)
RNFT (mg/l
)
N.org.x
100 (
%)
P.org./
10 (U
gP-to
tal/g)
Organis
m.totai
s/100
0
Parâmetros biofísico-químicos
Val
or r
elat
ivo
Bloco IV Bloco VII
Gráfico 7.2 - Incidência relativa de espécies / bloco.
0
10
20
30
40
50
60
Quinqueloculina x10
c.f. Pyrgo c.f. Peneroplis c.f. Rosalina c.f. Cribroelphidium
Espécies
Val
or re
lativ
o
Bloco IV Bloco VII
Gráfico 7.3 - Espécies - Bloco IV.
Quinqueloculina c.f. Pyrgo c.f. Cribroelphidium c.f. Rosalina c.f. Peneroplis
Gráfico 7.4 - Espécies - Bloco VII.
Quinqueloculina c.f. Pyrgo c.f. Cribroelphidium c.f. Rosalina
0
20
40
60
80
Núm
ero
de c
arap
aças
100
120
140
160
Amm
onia
tepi
da
Briz
alin
a sp
.
Cri
broe
lphi
dium
sp.
Dis
cory
nops
is a
gayo
i
Fiss
una
luci
da
Gav
elin
opsi
s pra
eger
i
Hay
nesi
na g
erm
anic
a
Mili
olin
ella
cf.
subr
otun
da
Pseu
dom
assi
lina
sp.
Pseu
dotr
ilocu
lina
sp.
Pyrg
o sp
.
Qui
nque
locu
lina
poey
ana
Espécies encontradas
Trilo
culin
a ob
long
a
Gráfico 7.5 - Espécies encontradas por EICHLER (1998), nas áreas equivalentes aos blocos IV e VII.
Bloco IV Bloco VII
8 ANEXO 3 – TABELAS
Tabela 8.1 – Coordenadas e dados físico-químicos dos blocos IV e VII.
Bloco GPS LAT/LONG.° Temperatura média (°C)
Profundidade média (m)
Disco de Secchi (m)
IV 794820/7469850 39°37’30’’W - 22°51’30’’S 19,5 5,0 1,05
VII 783587/7465082 39°42’30’’W - 22°53’30’’S 20,0 2,3 1,70
Bloco Salinidade (ppm) Oxigênio (mgO2/l) RNFT* (mg/l) N orgânico (%) P orgânico (UgP-total/g)
IV 70,7 5,08 10,0 0,060 122,0
VII 70,5 5,25 2,0 0,022 34,0
* RNFT – Resíduos não filtráveis totais.
Tabela 8.2 – Contagem dos foraminíferos (espécie/amostra) do bloco IV.
Amostras Quinqueloculina c.f. Pyrgo c.f. Cribroelphidium c.f. Rosalina c.f. Peneroplis
1A 225 22 14 5 4
2A 215 7 7 2 1
3A 177 10 9 2 3
1B 940 13 11 12 0
2B 890 15 7 15 0
3B 800 11 7 11 0
Σ 3.247 78 55 47 8
X 541,17 13,00 9,17 7,83 1,33
EP 99,89 1,40 0,78 1,51 0,49
IC99% 402,6 5,6 3,1 6,1 2,0
—
Tabela 8.3 – Contagem dos foraminíferos (espécie/amostra) do bloco VII.
Amostras Quinqueloculina c.f. Pyrgo c.f. Cribroelphidium c.f. Rosalina
1A 0 0 1 1
2A 0 0 5 1
3A 0 0 4 0
1B 6 0 46 12
2B 15 0 73 23
3B 13 1 101 24
34 1 230 61
5,67 0,17 38,33 10,17
ΣX —
EP 1,86 0,11 11,35 3,02
IC99% 7,5 0,4 45,7 12,2
Tabela 8.4 – Grau de incidência relativa das espécies por bloco*
Espécies Bloco IV Bloco VII
Quinqueloculina A F
c.f. Pyrgo C MR
c.f. Cribroelphidium F A
c.f. Rosalina F F
c.f. Peneroplis MR ausente
LEGENDA:
MR – muito rara = de 1 a 2 exemplares / 2cm3 de sedimento;
R – rara = de 3 a 5 exemplares / 2cm3 de sedimen-to;
F – freqüente = de 6 a 10 exemplares / 2cm3 de se-dimento;
C – comum = de 11 a 25 exemplares / 2cm3 de se-dimento;
A – abundante = mais de 25 exemplares / 2cm3 de sedimento.
* Os valores de incidência relativa referem-se às médias arredondadas das espécies por bloco (RIBAS, 1969).
Tabela 8.5 – Dimensão máxima e média predominante das espécies amostradas.
Espécies Quinqueloculina c.f. Cribroelphidium c.f. Pyrgo c.f. Rosalina c.f. Peneroplis
Dimensão máxi-ma (∅ ou comp.
em mm) 0,68 0,57 0,55 0,41 0,88
Dimensão média predominante (∅ ou comp. em mm)
0,31 0,42 0,38 0,30 0,88*
* A dimensão máxima de Peneroplis foi repetida para a média predominante devido ao número de indivíduos encontrados ser muito reduzido.
9 ANEXO 4 – FICHA DE AVALIAÇÃO
FICHA DE AVALIAÇÃO DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS,
PROJETOS E RELATÓRIOS DE PESQUISA
CURSO: Pós-graduação em Ciências Biológicas – FERLAGOS.
TÍTULO: Estudo preliminar para a taxonomia de alguns gêneros de foraminíferos da lagoa de Araruama.
ALUNO: Bernardo Souza Dunley. _______________________________
AVALIADORES: ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
PARTE CONCEITUAL E METODOLÓGICA (7,5 pontos)
AVALIAÇÃO (1,5 pontos de
cada item)
A - TÍTULO 1 - CLAREZA = OBJETIVIDADE (SÍNTESE DO PROBLEMA)
B - PROBLEMA 1 - DEFINIÇÃO 2 - SIGNIFICÂNCIA 3 - JUSTIFICATIVA 4 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO 5 - APRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS 6 - FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES
C - REVISÃO DA LITERATURA 1 - EVIDÊNCIA E RELEVÂNCIA 2 - ORGANIZAÇÃO
D - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 1 - DESCRIÇÃO CLARA DA METODOLOGIA ADOTADA 2 - ADEQUAÇÃO AO TIPO DE ESTUDO 3 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
E - CONCLUSÃO 1 - RELACIONAMENTO ENTRE AS CONCLUSÕES E OS
RESULTADOS OBTIDOS 2 - RELEVÂNCIA DAS CONCLUSÕES 3 - RECOMENDAÇÕES FINAIS
PARTE ESTRUTURAL (2,5 pontos) AVALIAÇÃO
(1,0 ponto de cada item)
A - ORGANIZAÇÃO 1 - ESTRUTURA DO TRABALHO (TÍTULOS, CAPÍTULOS,
NUMERAÇÃO DAS PÁGINAS, DISPOSIÇÃO GRÁFICA, SUMÁRIO / ÍNDICE)
2 - ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE REFERÊNCIAS BI-BLIOGRÁFICAS
B - FORMA E ESTILO 1 - CORREÇÃO GRAMATICAL, CLAREZA, PRECISÃO DE
REDAÇÃO, ORGANIZAÇÃO LÓGICA, IMPARCIALIDADE NO TOM
(1,5 pontos de ca-da item)
NOTA FINAL ⇒ N.° DE PONTOS ⇒
OBSERVAÇÕES: ____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
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