UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
EFEITO DO TREINAMENTO CONCORRENTE NO
CONTROLE AUTONÔMICO CARDÍACO, DESEMPENHO
CARDIORRESPIRATÓRIO, FORÇA MUSCULAR E NA
COMPOSIÇÃO CORPORAL DE PESSOAS VIVENDO COM
HIV/AIDS
Ricardo Dias de Andrade
NATAL – RN
2016
ii
EFEITO DO TREINAMENTO CONCORRENTE NO
CONTROLE AUTONÔMICO CARDÍACO, DESEMPENHO
CARDIORRESPIRATÓRIO, FORÇA MUSCULAR E NA
COMPOSIÇÃO CORPORAL DE PESSOAS VIVENDO COM
HIV/AIDS
RICARDO DIAS DE ANDRADE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Física da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como requisito
para obtenção do título de Mestre em Educação
Física.
ORIENTADOR: PROF. DR. PAULO MOREIRA SILVA DANTAS
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Adelino de Andrade e Liliane Dias, por terem me
educado e serem meus exemplos de vida, pela ética, humildade, resiliência e por terem me
ensinado a me esforçar ao máximo por tudo que quiser. Á minha irmã, Kivya Dias de Andrade,
por me ajudar em todos os momentos e por compartilhar todas as glórias e frustrações da vida
acadêmica.
À todos que me ajudaram e estiveram comigo todo o tempo, que entenderam a minha
ausência em diversas horas pelas atribuições da vida acadêmica, e que mesmo assim me
apoiaram para conquistar meus objetivos.
Aos membros da Base de pesquisa Atividade física e Saúde por me ajudarem a me
esforçar para atingir os objetivos, e que fazem de um local de estudos, trabalhos e estresse, mais
ameno e agradável para suportar todas as dificuldades.
iv
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente aos meus pais, por serem meus exemplos de vida, e por me
apoiarem em todos os momentos e decisões em minha vida, e desde o momento em que decidi
seguir a mesma profissão dos meus pais, saibam que são meus exemplos de atuação profissional,
por me mostrarem como ser responsável, ético e competente em tudo que me submeter a fazer,
a buscar sempre o meu melhor. Por suportarem me ver quando acordo e quando chego em casa
para dormir, e todos os meus estresses da vida acadêmica, mas vendo em seus olhos o orgulho
do filho que criaram. E também a minha irmã, que me ajuda sempre a suportar e por dividir as
angustias da vida acadêmica.
Agradeço a todos os membros da Base de Pesquisa Atividade Física e Saúde por sempre
me apoiarem, desde a época de graduação, e que me ajudaram a buscar o meu melhor em prol
do grupo. Mas especialmente à alguns que sempre estão ao meu lado, ao Jason Medeiros, por
ser parceiro nas ideias mirabolantes ou no café, à Rafaela Medeiros e a Tatiane Lima por
suportarem os estresses e ajudarem a resolver os problemas com mais paciência. Ao Prof. Paulo
Dantas, por ter me incentivado a continuar na vida acadêmica, e por ter confiado no meu
potencial desde o início, e por compartilhar o humor ácido que nos é particular.
v
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 15
2.1. Objetivo geral ...................................................................................................... 15
2.2. Objetivos específicos ........................................................................................... 15
3. HIPÓTESES ............................................................................................................ 16
3.1. Hipótese Nula – h0 .............................................................................................. 16
3.2. Hipótese Derivada ................................................................................................ 16
4. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 17
4.1. Prescrição de exercícios para pessoas vivendo com HIV/Aids ........................... 17
4.2. Treinamento resistido para PVHA ....................................................................... 18
4.3. Treinamento aeróbico para PVHA ...................................................................... 20
4.4. Treinamento concorrente para PVHA ................................................................. 21
4.5. Controle Autonômico Cardíaco ........................................................................... 22
5. MÉTODOS .............................................................................................................. 25
5.1. Delineamento do estudo ....................................................................................... 25
5.2. Sujeitos ................................................................................................................. 25
5.3. Protocolo de treinamento ..................................................................................... 27
5.3.1. Treinamento resistido ....................................................................................... 27
5.3.2. Controle de cargas do treinamento resistido .................................................... 29
5.3.3. Treinamento aeróbico ....................................................................................... 29
5.4. Avaliação cardiorrespiratória e do controle autonômico cardíaco ...................... 29
5.5. Composição Corporal .......................................................................................... 31
5.6. Tratamento estatístico .......................................................................................... 31
6. RESULTADOS ....................................................................................................... 33
7. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 37
8. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 41
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Efeito do treinamento concorrente sobre a composição corporal de PVHA.......................... 33
Tabela 2 - Efeito do treinamento concorrente sobre o desempenho cardiorrespiratório de PVHA. ....... 33
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma das etapas da intervenção com treinamento concorrente ................................... 26
Figura 2 - Periodização do treinamento durante a intervenção. ..................................................................
Figura 3 - Modelo de periodização ondulatória de treinamento resistido. .............................................. 28
Figura 4 - Resposta da frequência cardíaca de PVHA após treinamento concorrente. ........................... 34
Figura 5 - Variação da resposta da frequência cardíaca de recuperação após treinamento concorrente. 34
Figura 6 - Efeito do treinamento concorrente sobre o controle autonômico cardíaco de PVHA. ........... 35
Figura 7 - Desenvolvimento da força muscular ao longo dos microciclos durante intervenção com
treinamento concorrente, com periodização ondulatória, para PVHA. ................................................... 35
Figura 8 - Desenvolvimento da força muscular ao longo dos mesociclos durante intervenção com
treinamento concorrente, com periodização ondulatória, para PVHA. ................................................... 36
viii
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
ACSM – American College of Sports Medicine
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AZT – Zidovudina
ECG – Eletrocardiograma
FC – Frequência cardíaca
FCmáx – Frequência cardíaca máxima
HAART – High Active Antiretroviral Therapy
HF – High Frequency
HIV – Vírus da imunodeficiência Humana
LF – Low frequency
PSE – Escala de Percepção de Esforço Subjetivo
PVHA – Pessoas Vivendo com HIV/Aids
RM – Repetição máxima
SNA – Sistema Autonômico Cardíaco
TA – Treinamento Aeróbico
TARV – Terapia Antirretroviral
TC – Treinamento Concorrente
TR – Treinamento Resistido
VFC – Variabilidade da Frequência cardíaca
VO2máx – Consumo de oxigênio máximo
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RESUMO
EFEITO DO TREINAMENTO CONCORRENTE NO CONTROLE AUTONÔMICO
CARDÍACO, DESEMPENHO CARDIORRESPIRATÓRIO, FORÇA MUSCULAR E
NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS
Autor: Ricardo Dias de Andrade
Orientador: Paulo Moreira Silva Dantas
O controle da infecção pelo HIV através da TARV, acarretou em diversos efeitos adversos as
pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), como as síndromes lipodistrófica e de wasting. O
treinamento físico tem sido indicado como forma de retardá-los ou amenizá-los, os estudos com
treinamento físico para PVHA têm mostrado efeitos positivos sobre o controle autonômico
cardíaco, composição corporal, força muscular e na capacidade cardiorrespiratória. Sete PVHA,
do sexo masculino, sob uso da TARV, foram submetidas a uma intervenção com treinamento
concorrente durante 18 semanas. O treinamento resistido teve característica de periodização
ondulatória, e o treinamento aeróbio prescrito em intensidade leve e de forma linear. O controle
autonômico cardíaco foi avaliado pela variabilidade da frequência cardíaca através dos domínios
da frequência (HF, LF e a razão LF/HF). Foi aplicado o teste de caminhada de seis minutos para
a avaliação da capacidade cardiorrespiratória e do desempenho neuromuscular. Para a avaliação
da força muscular foi utilizado o método da tonelagem absoluta, calculada a cada microciclo e
mesociclo. As variáveis antropométricas foram analisadas por segmento corporal, sendo obtidas
a massa gorda total, do tronco e dos membros superiores e inferiores, além da massa corporal e
IMC.A análise estatística foi realizada através do cálculo do tamanho do efeito (d de Cohen),
exceto para a análise da tonelagem absoluta, que foi analisada através do teste ANOVA one-
way, com post hoc de scheffe. Foram encontrados tamanhos de efeito alto (d>0,80) para a
análise da variabilidade da frequência cardíaca para as variáveis LF e HF, mas não para a razão
LF/HF, após 18 semanas. Também foram encontrados efeitos moderados (d>0,50) ou fracos
(d>0,20) para a composição corporal e no desempenho cardiorrespiratório. Além de diferenças
significativas para a força muscular a partir do 4º mesociclo. O treinamento concorrente induziu
efeitos positivos no controle autonômico cardíaco, na composição corporal, no desempenho
cardiorrespiratório e na força muscular, assim, a prescrição de treinamentos com variações de
cargas, como aplicado neste estudo, deve ser indicado como forma de intervenção não
medicamentosa para PVHA.
x
ABSTRACT
EFEITO DO TREINAMENTO CONCORRENTE NO CONTROLE AUTONÔMICO
CARDÍACO, DESEMPENHO CARDIORRESPIRATÓRIO, FORÇA MUSCULAR E
NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS
Autor: Ricardo Dias de Andrade
Orientador: Paulo Moreira Silva Dantas
The control of HIV infection by HAART, brought a many of adverse effects to people living
with HIV/Aids (PLHA), as a lipodystrophy and wasting syndromes. The physical training has
been indicated as means to delay or soften then, the studies with physical training to PLHA have
been showed positive effects on cardiac autonomic control, body composition, muscular
strength and cardiorespiratory fitness. Seven PLHA, male and under HAART use, Underwent a
concurrent training protocol during 18 weeks. The resistance training has an ondulatory
periodization, and the aerobic training was conducted in low intensity and linear model. The
cardiac autonomic control was evaluated by heart rate variability, through frequency domains
(LF, HF and LF/HF ratio). Was applied the six minute walking test evaluate the
cardiorespiratory fitness and neuromuscular performance. For the muscular strength evaluation
was used the absolute tonnage method, calculated for each microcycle and mesocycle. The
anthropometric variables were analyzed for each body segment, being get the total fat mass,
trunk and the upper and lower limbs, further body mass and BMI. The statistical analyze was
conducted by effect size formula (Cohen’s d), except the absolute tonnage, that was analyzed
by ANOVA one-way test, with scheffe post hoc. Were found high effect sizes (d<0,80) to
analyze the heart rate variability to the LF and HF variables, but not to LF/HF ratio, after 18
weeks. Also were found moderate (d>0,50) and lower (d>0,20) effect size to body composition
and cardiorespiratory fitness. Further the significant difference in muscular strength since fourth
mesocycle. The concurrent training induced positive effects on cardiac autonomic control, body
composition, cardiorespiratory fitness and the muscular strength, so, the training prescription
with load variations, as applied in this study, have be indicated as non-medicine intervention to
PLHA.
11
1. INTRODUÇÃO
As infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da
imunodeficiência humana (AIDS), síndrome causada pela ausência de controle da infecção,
começaram a ser descobertas no início da década de 1980, com o aumento dos inicialmente na
África, mas com um aumento posterior em todo o mundo, se tornando uma pandemia. No início
da pandemia, não se tinham opções de tratamento para o controle da infecção, assim, o
diagnóstico da infecção pelo HIV era considerado uma pena de morte. Contudo, entre o fim da
década de 1980 e o início da década de 1990, foram desenvolvidos medicamentos que foram
capazes de controlar a infecção de forma mais eficaz, sendo a mais conhecida a zidovudina
(AZT), porém, com muitos efeitos colaterais, e sem garantias de sobrevida ao paciente.
Em 1996, com a inclusão da classe de medicamentos inibidores de protease ao
tratamento medicamentoso, surgiu a conhecida High Activity Antiretroviral Therapy (HAART),
que a partir deste momento, houve um controle eficaz da infecção, dando a paciente infectado
sobrevida. No Brasil, desde o início dos registros dos casos de infecção pelo HIV, foram
registrados 798.366 casos de Aids, sendo o público mais afetado gays e homens que fazem sexo
com homens, travestis e transexuais, pessoas que usam drogas e profissionais do sexo. Vale
ressaltar que mesmo com as estratégias de prevenção adotadas pelo Ministério da Saúde do
Brasil, nos últimos 10 anos vêm se verificando um aumento nos casos de infecção na população
jovem (de 15 à 24 anos).
Contudo, apesar da HAART ter levado a um controle da infecção e sobrevida, são
observados diversos efeitos adversos às Pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), como
hiperglicemia, hipertrigliceridemia, dislipidemia, síndrome metabólica, doenças
cardiovasculares, síndrome lipodistrófica e síndrome de wasting. Entre os efeitos adversos mais
conhecidos do tratamento medicamentoso, estão as alterações corporais, como as síndromes
lipodistrófica e Wasting, estas alterações corporais são as responsáveis por alguns estigmas da
doença, por caracterizar de forma visível o quadro da infecção, servindo como uma marca para
as PVHA, influenciando diretamente em fatores psicossociais, como depressão, isolamento
social e redução na qualidade de vida. A síndrome lipodistrófica está relacionada com a
redistribuição de gordura corporal, reduzindo a concentração de gordura nas periferias (Face,
membros superiores e inferiores) e aumento da adiposidade na região central (tronco superior,
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tronco inferior e nuca). Já a síndrome de wasting, se caracteriza pela perda de massa muscular
ao longo da infecção. A perda de massa muscular gera prejuízos à saúde de PVHA, por reduzir
a capacidade funcional destes indivíduos, acentuando ainda mais os efeitos deletérios da
infecção.
Outra alteração fisiológica com alta prevalência em PVHA, são as doenças
cardiovasculares, que estão associadas as demais alterações, como a lipodistrofia e no perfil
lipídico. Estudos relatam modificações desde doenças controláveis, como a hipertensão, até
alterações no controle autonômico cardíaco, como um aumento na dispersão das curvas Q-Tc
em eletrocardiogramas, e reduzida variabilidade da frequência cardíaca.
Como forma de prevenção e/ou controle dos efeitos colaterais da HAART, são indicadas
terapias não-medicamentosas, como a adesão de a um estilo de vida mais saudável, como a
prática de exercícios físicos regulares e uma alimentação equilibrada, para que tais efeitos
adversos sejam reduzidos ou retardados. Tais terapias não-medicamentosas tem a capacidade de
influenciar parâmetros fisiológicos e psicológicos.
Entre as terapias não-medicamentosas indicadas para o tratamento da infecção pelo vírus
HIV, tem tido destaque o exercício físico, por ter ação em diversos parâmetros biológicos e
psicossociais, como o retardo ou redução dos efeitos adversos da HAART, ressocialização e
melhora na qualidade de vida. Contudo, a prática de exercícios físicos no início da pandemia de
infecção foi vetada às PVHA, por gerar estresse ao organismo, e como no período não se tinha
o controle da infecção pela terapia antirretroviral, poderia gerar um quadro de imunossupressão,
favorecendo o acometimento por doenças oportunistas.
Após o surgimento da HAART, e consequente controle da infecção e de efeitos adversos,
estudos envolvendo exercícios físicos específicos para esta população começaram a ser
publicados, mostrando efeitos positivos clinicamente, como o aumento da massa muscular, da
aptidão cardiorrespiratória e capacidade funcional. A partir dos resultados dos primeiros estudos
surgiram as primeiras diretrizes para a prescrição de exercícios para PVHA, onde foi sugerida a
prática de exercícios com intensidade leve a moderada, com frequência de três vezes por
semana, e com o objetivo de desenvolvimento de capacidades físicas globais. Vale ressaltar, que
inicialmente os exercícios físicos para PVHA, foram orientados por médicos.
Atualmente, os manuais e diretrizes para a prescrição de exercícios físicos para PVHA
tem mostrado cada vez mais a importância de práticas de exercícios físicos, se aproximando da
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prescrição de exercícios para a população geral, ou seja, com variações de intensidades,
estímulos e duração tais como as recomendações para outros grupos.
A prescrição de exercícios para PVHA têm sido focadas em métodos tradicionais de
treinamento, o treinamento resistido e o treinamento aeróbico, ou mesmo o treinamento
concorrente, a combinação entre o treinamento resistido e aeróbico. O treinamento aeróbico
(TA) para PVHA, visa a melhora nos sistemas cardiovascular e respiratório, e na redução dos
adipócitos, agindo como modulador do perfil lipídico, reduzindo o risco cardiovascular(7-9). Já
o treinamento de força (TF), tem como objetivo o aumento da massa e força muscular, reduzindo
as características das síndromes lipodistrófica e wasting, refletindo na capacidade funcional do
indivíduo (7, 10-12). O TC tenta unificar as adaptações neuromusculares e metabólicas dos TA
e TF, sendo indicado como método de desenvolver melhor a capacidade funcional, por
desenvolver uma quantidade maior de sistemas, porém as adaptações decorrentes dos
treinamentos aeróbico e de força disputam e não ocorrem as adaptações máximas propostas
pelos métodos de treinamento(4, 5).
Os estudos que objetivam verificar o efeito de métodos de treinamento físico sobre
diversos parâmetros fisiológicos, funcionais ou psicossociais, se baseiam nas diretrizes e
manuais para a avaliação e prescrição de exercícios para PVHA, principalmente nas diretrizes
do American College of Sports Medicine (ACSM). Porém, as diretrizes indicam para a
prescrição de exercícios moderados e com frequência de 3 vezes por semana, com duração de
30 a 60 minutos.
Até o presente momento, que se tenha conhecimento, nenhum estudo verificou o efeito
de algum método de treinamento físico com variações de cargas, chegando a intensidades altas
(>80%), a variação de estímulos proposta pelo método de prescrição ondulatória tem se
mostrado eficiente nas adaptações neuromusculares ao treinamento em diversas populações,
mas até o presente momento não há estudos com PVHA. Para a prescrição de exercícios em
intensidades maiores para PVHA são necessários cuidados prévios, já que esta população é
acometida por um quadro de infecção crônica, mesmo que a infecção esteja controlada. Entre
os cuidados prévios, destaca-se o estado de saúde (Contagem de CD4 > 500 células/mm³ e carga
viral indetectável), histórico de doenças oportunistas e a presença de doenças crônicas não-
transmissíveis (Doenças cardiovasculares e diabetes).
Verificando se a condição de saúde do indivíduo, a prescrição de exercícios deve ter um
controle de cargas de treinamento adequado, já que o exercício físico se trata de um estresse ao
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organismo, que pode levar a quadros agudos de imunossupressão, caso não haja os devidos
cuidados. Assim, o controle das cargas de treino se torna fundamental para a prescrição de
exercícios independente da intensidade. Este controle pode ser realizado por parâmetros
fisiológicos, como a frequência cardíaca, percentuais da força muscular máxima (%RM), ou por
parâmetros psicofisiológicos, com destaque a percepção subjetiva de esforço (PSE).
Para PVHA sedentárias, a prescrição deve considerar a PSE como método prioritário,
pois a infecção pelo HIV altera algumas reações fisiológicas, com destaque a cinética do lactato,
observando se um quadro de acidose lática nesta população quando comparada a pessoas sem a
infecção. O que pode subestimar a carga de treino, fato que a PSE pode reverter nos períodos
iniciais de treinamento.
15
2. OBJETIVOS
2.1.Objetivo geral
O estudo teve como objetivo principal avaliar o efeito de 18 semanas de treinamento
concorrente sobre o controle autonômico cardíaco, desempenho neuromuscular e
cineantropométrico em Pessoas Vivendo com HIV/Aids (PVHA).
2.2.Objetivos específicos
Avaliar o efeito do treinamento concorrente sobre componentes do domínio do tempo
da variabilidade da frequência cardíaca de PVHA;
Avaliar o efeito do treinamento concorrente sobre a Frequência cardíaca de recuperação
após 1 e 2 minutos;
Avaliar o efeito do treinamento concorrente sobre a força muscular de PVHA;
Avaliar o efeito do treinamento concorrente sobre a composição corporal de PVHA;
16
3. HIPÓTESES
O presente estudo antecipa a existência de uma relação entre o treinamento concorrente
e benefícios controle autonômico cardíaco, no desempenho neuromuscular e em parâmetros
cineantropométricos de pessoas vivendo com HIV/AIDS.
As hipóteses estatísticas serão enunciadas na sua forma nula (H0) e derivada, para cada
um dos grupos de variáveis dependentes: variabilidade da frequência cardíaca, frequência
cardíaca de recuperação, na força muscular e na composição corporal, com mais de 95% de
probabilidade ou p < 0,05 para que a hipótese seja aceita, ou seja, não se cometa o erro do tipo
I.
3.1.Hipótese Nula – h0
Não há influência do treinamento concorrente após 18 semanas sobre o controle
autonômico cardíaco, desempenho neuromuscular e cineantropométrico em Pessoas Vivendo
com HIV/Aids (PVHA).
3.2.Hipótese Derivada
O treinamento concorrente após 18 semanas tem influência sobre o controle autonômico
cardíaco, desempenho neuromuscular e cineantropométrico em Pessoas Vivendo com HIV/Aids
(PVHA).
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4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1.Prescrição de exercícios para pessoas vivendo com HIV/Aids
A prática de exercícios físicos regulares é indicada para qualquer população, por trazer
benefícios a diversos parâmetros fisiológicos, psicológicos e sociais, e para as PVHA não é
diferente (GARBER et al., 2011). A prática regular de exercícios físicos em PVHA têm ganhado
cada vez mais notoriedade da comunidade científica por ser uma ferramenta com potencial de
modificar os efeitos deletérios da infecção. Assim, o exercício físico tem sido indicado como
uma das principais formas de tratamento não-medicamentoso (SOUZA et al., 2009;
LAZZAROTTO; DERESZ; SPRINZ, 2010).
Após o advento da terapia antirretroviral de alta atividade (HAART), houve o controle
da infecção e uma maior sobrevida as PVHA, a adesão a um estilo de vida saudável se tornou
indispensável para a melhora do estado de saúde das PVHA (FELEKE; FEKADE;
MEZEGEBU, 2012). A prática de exercícios físicos regulares é uma das mudanças
indispensáveis para a adoção de um estilo de vida saudável, pois tem o potencial de melhorar a
capacidade funcional, a qualidade de vida, controlar os perfis lipídico e glicêmico e reduzir a
presença de doenças cardiovasculares e lesões osteomioarticulares (LAZZAROTTO; DERESZ;
SPRINZ, 2010; GOMES-NETO et al., 2013).
A prescrição de exercícios físicos para PVHA tem sido voltada para a prática de
exercícios aeróbicos e de força, de forma individual ou conjunta, se caracterizando como
treinamento concorrente (TC) (SOUZA et al., 2009; LAZZAROTTO; DERESZ; SPRINZ,
2010). O treinamento aeróbico (TA) para PVHA, visa a melhora nos sistemas cardiovascular e
respiratório, e na redução dos adipócitos, agindo como modulador do perfil lipídico, reduzindo
o risco cardiovascular. Já o treinamento de força (TF), tem como objetivo o aumento da massa
e força muscular, reduzindo as características das síndromes lipodistrófica e wasting (DE
SOUZA et al., 2013; GOMES NETO et al., 2013). O TC tenta unificar as adaptações
neuromusculares e metabólicas dos TA e TF, sendo indicado como método de desenvolver
melhor a capacidade funcional, por desenvolver uma quantidade maior de sistemas, porém as
adaptações decorrentes dos treinamentos aeróbico e de força disputam e não ocorrem as
adaptações máximas propostas pelos métodos de treinamento (DE SOUZA et al., 2013; FYFE;
BISHOP; STEPTO, 2014).
18
4.2.Treinamento resistido para PVHA
A prescrição de exercícios físicos resistidos para PVHA tem como principais objetivos
o aumento da massa e força muscular, melhora na capacidade funcional e modificações na
composição corporal (SOUZA et al., 2009; SANTOS; OLIVEIRA; CARVALHO, 2014).
Alguns dos principais efeitos adversos da HAART são as síndromes lipodistrófica e de wasting,
que alteram a composição corporal, na lipodistrofia as modificações ocorrem através da
redistribuição da gordura, reduzindo a concentração de adipócitos nas periferias e aumentando
na região central, com destaque na área visceral, sendo um risco para o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares (DUDGEON et al., 2006; SINGHANIA; KOTLER, 2011; FELEKE;
FEKADE; MEZEGEBU, 2012). Já a síndrome de wasting é caracterizada pela perda de massa
muscular ao longo do tempo de infecção. O diagnóstico da síndrome de wasting pode ser feita
ao se observar perdas superiores a 10% por ano, ou maiores que 5% em dois semestres
consecutivos (NAHLEN et al., 1993). Assim, o treinamento resistido é capaz de reverter,
retardar ou reduzir os efeitos das síndromes lipodistrófica e de wasting (DUDGEON et al., 2006;
GLOVER; PHILLIPS, 2010).
Estudos com treinamento resistido têm mostrado modificações significativas na
composição corporal, na força muscular, na capacidade funcional e na qualidade de vida de
PVHA (BRITO et al., 2013). Os treinamentos são prescritos em sua maioria em intensidades
moderadas, entre 60-80% da repetição máxima (RM), adotando se o método de periodização
linear, onde a carga é fixada em todo o período de intervenção, com frequência de 3 vezes por
semana e duração entre 16 e 24 semanas, na maioria dos estudos (SOUZA et al., 2009). Vale
ressaltar, que em alguns estudos com treinamento resistido o uso de agentes anabólicos, como a
testosterona, foram utilizadas como forma de induzir um aumento de massa muscular (BHASIN
et al., 2000; GRINSPOON et al., 2000).
O uso de agentes anabólicos em PVHA começaram desde o início da pandemia, com o
objetivo de reduzir os efeitos colaterais da infecção e dar sobrevida as pessoas infectadas. Estes
estudos com agentes anabólicos mostraram diferenças significativas no aumento da massa e da
força muscular em comparação ao grupo controle (sem uso de agentes anabólicos). Contudo, a
falta de um grupo controle sem uso de agentes anabólicos, porém com a intervenção de
exercícios físicos, impede que os resultados sejam atribuídos a intervenção com o treinamento
resistido (BHASIN et al., 2000; GRINSPOON et al., 2000).
19
Os estudos que objetivaram avaliar somente o efeito do treinamento resistido, também
mostraram resultados positivos. Em relação a composição corporal, são mostrados um aumento
da massa muscular e redução da adiposidade, porém não observadas mudanças significativas na
massa corporal e no índice de massa corporal, o que demonstra a necessidade de estudos à longo
prazo para se observar modulações significativas na composição corporal (ROUBENOFF et al.,
1999; SOUZA et al., 2009; SANTOS; OLIVEIRA; CARVALHO, 2014).
Todos os estudos com treinamento resistido observaram aumentos significativos da força
muscular, independentemente do tempo de intervenção. Em relação a indivíduos sedentários, a
literatura descreve que os ganhos de força nas semanas iniciais (entre 8 e 12 semanas) são mais
relacionadas as adaptações neuromusculares ao treinamento, ocorrendo uma redução dos ganhos
nas semanas seguintes, mas com tendências a incrementos na força muscular (FLECK;
KRAEMER, 2006; WILMORE; COSTILL; KENNEY, 2013). Em PVHA, devido à síndrome
de wasting, os ganhos de força muscular podem ser retardados, devido à perda crônica de massa
muscular (SANTOS; OLIVEIRA; CARVALHO, 2014). Roubenoff e Wilson (2001)
compararam o efeito de 16 semanas de treinamento resistido em sujeitos com e sem presença
da síndrome de wasting, onde observaram que os sujeitos com a presença da síndrome de
wasting apresentaram ganhos próximos ou até maiores, a partir da variação bruta dos dados, de
força muscular nos exercícios testados (supino reto, Leg press, extensão de joelhos e puxada
aberta), porém sem diferenças significativas entre os grupos, mostrando que o treinamento
resistido teve efeitos maiores em sujeitos com a síndrome de wasting.
Outro benefício do treinamento resistido são alterações em indicadores de risco
cardiovascular, por promover melhoras nos perfis lipídicos e glicêmicos (YARASHESKI et al.,
2001), redução da adiposidade visceral (GLOVER; PHILLIPS, 2010; DUDGEON et al., 2012;
BRITO et al., 2013) e também no controle autonômico cardíaco, mesmo que em menor
magnitude em comparação ao treinamento aeróbico (BORGES; SOARES; FARINATTI, 2012).
O efeito do treinamento sobre o controle autonômico cardíaco pode ser avaliado a partir de
métodos diretos, sendo os mais comuns o eletrocardiograma, a variabilidade da frequência
cardíaca e a frequência cardíaca de recuperação após um esforço máximo ou submáximo
(MALIK et al., 1996).
Alguns estudos apontam para a melhora no controle autonômico cardíaco após a prática
de exercícios físicos, contudo, são escassos os estudos que avaliaram o efeito de intervenções
com treinamento físico sobre o controle autonômico cardíaco em PVHA. A literatura aponta
20
para uma alta prevalência de doenças cardiovasculares em PVHA, desta forma, se fazendo
necessária alternativas para o controle destas doenças. O treinamento físico tem sido indicado
como uma das principais formas de modulação do controle autonômico cardíaco, sendo assim,
fundamental o desenvolvimento de estudos que avaliem o efeito do treinamento sobre
parâmetros da saúde cardiovascular.
4.3.Treinamento aeróbico para PVHA
Desde os primeiros estudos sobre o efeito de programas de exercícios físicos para PVHA,
o treinamento aeróbico tem tido a atenção da comunidade científica, pois desde as primeiras
diretrizes para a prescrição de exercícios para PVHA, o TA tem sido indicado em intensidades
moderadas por se mostrar seguro para o sistema imune. Os primeiros estudos foram realizados
no início da década de 1990, momento em que foi possível através da TARV, o controle da
infecção, assim, se buscando alternativas para o desenvolvimento de parâmetros fisiológicos, da
capacidade funcional e psicossociais.
Os primeiros estudos com TA para PVHA, mostraram benefícios sobre a capacidade
cardiorrespiratória, na qualidade de vida e sem efeitos deletérios ao sistema imunológico. Lox,
McAuley e Tucker (1995) compararam o efeito do TA, com o TR e um grupo controle, sem
exercício, onde verificaram o aumento da capacidade cardiorrespiratória (VO2máx) em
comparação com o TC e o grupo controle, aumento da força muscular em comparação ao grupo
controle e melhoras no humor e na satisfação de vida nos grupos TA e TC em comparação ao
grupo controle. Os resultados deste estudo, demonstra que a prática de exercícios físicos
regulares é capaz de reverter ou amenizar efeitos deletérios da infecção.
Após o advento da HAART, um controle mais eficaz da infecção foi possível, fazendo
com que a AIDS passasse a ser considerada como uma doença crônica, onde quando há o
controle da infecção pela terapia medicamentosa não haverá risco de morte em decorrência da
doença. Assim, alguns estudos investigaram o efeito de intervenções com TA em alta
intensidade. Terry, Sprinz e Ribeiro (1999) comparam os efeitos do TA em intensidades
moderada (55-60% FCmáx) e alta (75-85% FCmáx), com duração de 12 semanas. Os resultados
demonstraram que o TA em alta intensidade aumentou a capacidade cardiorrespiratória, sem
21
alterações significativas no sistema imunológico (contagem de células CD4 e carga viral),
mostrando que o TA em alta intensidade não é capaz de causar imunossupressão crônica.
Atualmente, as intervenções têm associado o TA ao TR, se caracterizando como
treinamento concorrente, este método tem sido indicado por desenvolver uma quantidade maior
de sistemas em um menor período de tempo. Porém, até os dias de hoje, o TA foi o método mais
utilizado para a prescrição de exercícios para PVHA, se mostrando seguro e eficaz.
4.4.Treinamento concorrente para PVHA
O treinamento concorrente tem como principal objetivo a junção das adaptações aos
métodos de treinamento resistido e aeróbico, assim, desenvolvendo uma quantidade maior de
sistemas em um menor tempo. Porém, as adaptações aos métodos de treinamento competem e
impedem que ocorram de forma máxima. O TC tem sido indicado para PVHA pelo potencial de
desenvolvimento da capacidade funcional, considerando que PVHA são acometidas de efeitos
deletérios em diversos sistemas.
As prescrições do TC para PVHA em sua maioria são compostos por exercícios
resistidos de séries múltiplas ou simples (circuito), com exercícios aeróbicos contínuos. As
sessões de treino têm em torno de 60 a 90 minutos, sendo de 20 a 30 minutos de exercícios
aeróbicos. Para os exercícios resistidos são adotadas intensidades moderadas, entre 60-80% da
repetição máxima, e os exercícios aeróbicos com intensidade de leve a moderada, entre 50 e
70% da frequência cardíaca máxima ou do consumo máximo de oxigênio. A frequência de
treinamento na maioria dos estudos fica em três vezes por semana, com variação entre 2 e 4
vezes por semana.
Os estudos com TC para PVHA em sua maioria adotam intensidades lineares, ou seja,
fixam a intensidade durante toda o período de intervenção, até o presente momento, que se tenha
conhecimento, apenas um estudo utilizou a variação da intensidade como método de
treinamento, contudo, a variação ocorreu dentro da faixa de intensidade leve a moderada, entre
50 e 80%. Os estudos apontam para resultados positivos para o desenvolvimento da força
muscular e da capacidade cardiorrespiratória, revertendo os efeitos deletérios da infecção, do
uso crônico da HAART e da síndrome de wasting. Tiozo et al. (2013) avaliaram 37 PVHA,
22
randomizadas em grupos intervenção e controle, onde a intervenção com TC foi prescrita com
progressão de cargas, 60% FC/RM a 75% FC/RM, neste estudo foi possível encontrar diferenças
significativas no consumo máximo de oxigênio (VO2máx), em componentes da qualidade de
vida, nas funções imunológicas (contagem de células CD4 e Carga viral) e na força muscular,
quando comparados ao grupo controle no mesmo período.
Desde os primeiros casos de infecção pelo HIV são observadas modificações corporais.
Inicialmente, a perda de massa corporal ocorria devido à falta de controle da infecção, o que
aumentava a taxa metabólica basal, consequentemente o gasto energético, reduzindo a massa
corporal. Após o advento da HAART, as modificações corporais são associadas às síndromes
lipodistrófica e de wasting. Então, intervenções com o objetivo de reverter, retardar ou reduzir
os efeitos adversos de tais síndromes são fundamentais. O TC tem sido utilizado como forma de
intervenção para melhora da composição corporal. Em estudos com TC, mostram em sua
maioria manutenção da massa corporal, com aumento da massa muscular e redução da massa
gorda, contudo como são em geral proporcionais, não é possível se verificar as modificações a
partir da massa corporal. Vale ressaltar que a composição corporal sofre grande influência da
dieta, o que não é controlado na maioria dos estudos.
4.5. Controle Autonômico Cardíaco
O sistema cardiovascular tem como principal objetivo a circulação sanguínea através dos
vasos sanguíneos, para o suprimento de oxigênio e nutrientes para as células, tendo o coração
como a bomba responsável por esta circulação. O controle do coração ocorre através dos nodos
sinoatrial e atrioventricular, que recebem impulsos nervosos involuntários para a contração e
relaxamento do músculo liso cardíaco.
O controle cardíaco é autônomo, ou seja, os batimentos cardíacos são controlados de
forma involuntária através do sistema nervoso autônomo (SNA), pelos sistemas nervosos
simpático e parassimpático. Estes sistemas agem por feedback positivo, quando há um estímulo
a um dos sistemas ocorre uma redução da atividade do outro sistema, contudo, eles não deixam
de agir pela ação do outro, ocorrendo apenas uma ação maior de um dos sistemas. O controle
autonômico cardíaco sofre alterações advindas de diversos estímulos, como visuais, sensitivos
23
ou térmicos, as respostas autonômicas cardíacas ocorrem a partir de liberações hormonais,
principalmente de hormônios adrenérgicos, como a epinefrina e norepinefrina, onde regulam a
frequência cardíaca, pressão arterial e o ritmo cardíaco.
Em Pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), são observadas alterações no controle
autonômico cardíaco, com alto índice de presença de doenças cardiovasculares. Estas alterações
são associadas ao tratamento medicamentoso (HAART), principalmente à classe de
medicamentos inibidores de protease, à síndrome lipodistrófica e ao estilo de vida destes
pacientes. Desta forma, intervenções com o objetivo de reduzir ou retardar o acometimento de
doenças cardiovasculares são de fundamental importância.
Clinicamente, o controle autonômico cardíaco fornece informações importantes da
saúde cardiovascular, onde através da avaliação dele pode se diagnosticar doenças
cardiovasculares, como hipertensão e arritmia cardíaca. A avaliação do controle autonômico
cardíaco pode ser realizada por diversos equipamentos, em sua maioria de forma não-invasiva,
sendo considerado gold standard para a sua avaliação o Eletrocardiograma (ECG), porém com
pouca facilidade de acesso e aplicação para grandes grupos. Desta forma, a Variabilidade da
Frequência Cardíaca (VFC) tem sido amplamente utilizada para a avaliação e diagnóstico de
doenças cardiovasculares. A VFC é analisada através de domínios do tempo (SDNN, SDANN,
pNN50, entre outros), pelo domínio da frequência (Low Frequency, High Frenquency e a razão
das frequências) e pela análise espectral (análise de point of care).
A VFC têm sido o método não-invasivo mais utilizado para o monitoramento do controle
autonômico cardíaco por ser de fácil aplicação em grandes populações e por fornecer dados
fidedignos, quando comparado ao exame de ECG. A variabilidade da frequência cardíaca utiliza
o intervalo entre batimentos cardíacos consecutivos (intervalo R-R), como forma de análise da
ação do SNA. Entre as análises possíveis da VFC, a análise por domínio da frequência tem sido
utilizada mais comumente, por ser de mais fácil interpretação, comparado aos demais métodos.
A análise do domínio da frequência é feita através de registros da intensidade das ondas
verificadas em intervalos de tempo menores, sua unidade de medida é o Hertz e seus
componentes espectrais são: High Frequency (HF): variação de 0,15 a 0,4Hz, que corresponde
à modulação respiratória e é um indicador da atuação do nervo vago sobre o coração; Low
Frequency (LF): variação entre 0,04 e 0,15Hz, decorrente da ação conjunta dos componentes
parassimpático e simpático sobre o coração, com predominância do simpático; VLF Very Low
Frequency (VLF) e Ultra Low frequency (ULF): são indicadores menos utilizados por não ter
24
uma explicação fisiológica bem estabelecida (FRANCESCO et al., 2012; XHYHERI et al.,
2012).
Além da VFC, o controle autonômico cardíaco pode ser avaliado de forma indireta por
outros índices, como a frequência cardíaca de recuperação (FCR). A FCR fornece um índice da
redução de batimentos cardíacos após um estresse máximo ou submáximo. A recuperação da
frequência cardíaca nos dois primeiros minutos é um indicativo de risco cardiovascular, onde
quanto maior a recuperação, menor será o risco (30). A melhora nas funções cardiovasculares é
importante para PVHA devido apresentarem alta prevalência de doenças cardiovasculares (31,
32). Desta forma, reduzindo o risco cardiovascular.
Alterações nos padrões da VFC podem servir como diagnóstico da ação do SNA,
podendo representar a presença de alterações cardiovasculares. O exercício físico tem sido
amplamente utilizado como forma de modulação do SNA, tanto para condições clínicas quanto
para atletas de alto rendimento.
A variabilidade da frequência cardíaca tem sido utilizada amplamente por se tratar de
um método indireto de fácil aplicabilidade e baixo custo em comparação com o ECG. Quando
se analisa a VFC a partir do domínio da frequência, se associa os dados da high frequency (HF)
ao predomínio da atividade parassimpática e da low frequency (LF) a atividade simpática, já a
razão LF/HF ao balanço simpatovagal (VANDERLEI et al., 2009). O exercício físico então tem
sido indicado por ter o potencial de melhorar o controle autonômico cardíaco, devido ao seu
efeito crônico levar a uma braquicardia de repouso, através do tono parassimpático aumentado
e redução das respostas cronotrópicos e da frequência cardíaca de repouso (KINGSLEY;
FIGUEROA, 2014).
25
5. MÉTODOS
5.1. Delineamento do estudo
A pesquisa realizada se caracteriza como semi-experimental, em que a variável
independente foi manipulada para medir seus efeitos sobre as variáveis dependentes, com o
propósito maior de determinar o grau de mudança produzido pelo treinamento concorrente,
estabelecendo uma relação de causa e efeito (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012)
5.2. Sujeitos
A amostra foi composta por 7 homens vivendo com HIV/Aids, sob uso da HAART,
sedentários, com idade média de 41,57 ± 11,31 anos, contagem de linfócitos TCD4 igual ou
superior à 350 cópias/mm³ (901 ± 542) e carga viral indetectável (≤ 50 cópias/mm³). Todos os
sujeitos obtiveram liberação prévia do médico infectologista responsável por seu
acompanhamento médico para a participação na pesquisa.
Todos os procedimentos, riscos e benefícios foram esclarecidos previamente a realização
do estudo, e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido. O estudo foi aprovado no
comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob protocolo
229/11, seguindo a resolução 466/12 do CONEP.
As avaliações aconteceram em um ambiente reservado, com temperatura variando entre
23º e 25ºC, e umidade relativa do ar entre 40-60%, controladas por um termohigrômetro digital,
no mesmo turno em que os sujeitos realizam a prática de exercícios físicos. Em momento prévio
às avalições, todos os sujeitos foram familiarizados com os procedimentos, com o objetivo de
reduzir os vieses de erro sobre a execução dos testes.
26
Figura 1 - Fluxograma das etapas da intervenção com treinamento concorrente
27
Figura 2 - Periodização do treinamento durante a intervenção.
5.3.Protocolo de treinamento
5.3.1. Treinamento resistido
O protocolo de treinamento adotado foi o do método concorrente, treinamento resistido
e aeróbico de forma conjunta, com enfoque nas regiões mais afetadas pela lipodistrofia
(Membros superiores, inferiores e tronco) e respeitando os princípios de treinamento
(LAZZAROTTO; DERESZ; SPRINZ, 2010; AMERICAN COLLEGE OF SPORTS, 2013). A
prescrição do treinamento resistido se baseou no modelo de periodização ondulatória semanal,
onde ocorre a variação de estímulos através de mudanças no volume dos treinos a cada
semana(AMERICAN COLLEGE OF SPORTS, 2013; PRESTES et al., 2015). A variação
ocorreu através de estímulos de força, hipertrofia e resistência. A periodização foi dividida em
macrociclo, mesociclos e microciclos. O macrociclo com duração de 18 semanas foi separado
em dois momentos, a cada 9 semanas, para a realização das avaliações, sendo os macrociclos
subdivididos em 3 mesociclos, com 3 microciclos cada (1 força, 1 hipertrofia e 1 resistência). A
intensidade do treinamento foi controlada pela escala de percepção subjetiva de esforço OMNI-
Res (ROBERTSON et al., 2003). Cada sessão de treinamento teve duração entre 60 e 80
minutos. Com intervalo de 1 minutos entre as séries. Os treinos foram prescritos e controlados
de acordo com o quadro 1.
28
Figura 3 - Modelo de periodização ondulatória de treinamento resistido.
Os microciclos foram formados por três sessões de treinamento, que foram aplicadas nas
segundas, quartas e sextas-feira, das respectivas semanas. O intervalo de treinamento teve como
o objetivo de se ter entre 48 e 72h entre as sessões de treino para o favorecimento da regeneração
muscular e evitar a imunossupressão, overreaching e overtraining. Os treinos foram divididos
de acordo com os grupamentos musculares, em formato A-B-C, nos treinos A tiveram como
foco as musculaturas Dorsal, tríceps braquial e Bíceps femoral, o treino B no Peitoral, Bíceps
braquial e Quadríceps, e o treino C nas musculaturas abdominais, deltoide e panturrilha.
AVALIAÇÃO INICIAL
1º Semana 2º Semana 3º Semana
Força Hipertrofia Resistência
PSE 8 – 9 PSE 7 - 8 PSE 6 - 8
4 Séries - 6 - 8 Repetições 3 Séries - 8 - 12 Repetições 3 Séries - 12 - 15 Repetições
4º Semana 5º Semana 6º Semana
Força Hipertrofia Resistência
PSE 8 – 9 PSE 7 - 8 PSE 6 - 8
4 Séries - 6 - 8 Repetições 3 Séries - 8 - 12 Repetições 3 Séries - 12 - 15 Repetições
7º Semana 8º Semana 9º Semana
Força Hipertrofia Resistência
PSE 8 – 9 PSE 7 - 8 PSE 6 - 8
4 Séries - 6 - 8 Repetições 3 Séries - 8 - 12 Repetições 3 Séries - 12 - 15 Repetições
AVALIAÇÃO APÓS 9 SEMANAS
10º Semana 11º Semana 12º Semana
Força Hipertrofia Resistência
PSE 8 – 9 PSE 7 - 8 PSE 6 - 8
4 Séries - 6 - 8 Repetições 3 Séries - 8 - 12 Repetições 3 Séries - 12 - 15 Repetições
13º Semana 14º Semana 15º Semana
Força Hipertrofia Resistência
PSE 8 – 9 PSE 7 - 8 PSE 6 - 8
4 Séries - 6 - 8 Repetições 3 Séries - 8 - 12 Repetições 3 Séries - 12 - 15 Repetições
16º Semana 17º Semana 18º Semana
Força Hipertrofia Resistência
PSE 8 – 9 PSE 7 - 8 PSE 6 - 8
4 Séries - 6 - 8 Repetições 3 Séries - 8 - 12 Repetições 3 Séries - 12 - 15 Repetições
AVALIAÇÃO FINAL
29
5.3.2. Controle de cargas do treinamento resistido
O desenvolvimento da força muscular foi avaliado de forma contínua, através do método
da tonelagem absoluta. Onde é calculado a carga de treinamento de cada sessão, semanal e de
cada mesociclo, como mostrado na equação abaixo (HISCOCK; DAWSON; PEELING, 2015).
Desta forma, controlando de forma individualizada a carga de treinamento. A tonelagem foi
analisada ao fim de cada semana de treinamento e de cada mesociclo (a cada três semanas).
Sendo considerado como Mesociclo 1 (1ª a 3ª semana), Mesociclo 2 (4ª a 6ª semana), Mesociclo
3 (7ª a 9ª semana), Mesociclo 4 (10ª a 12ª semana), Mesociclo 5 (13ª a 15ª semana) e Mesociclo
6 (16ª a 18ª semana).
𝑇𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑔𝑒𝑚 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑥 𝑅𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠 𝑥 𝑆é𝑟𝑖𝑒𝑠
5.3.3. Treinamento aeróbico
O treinamento aeróbico foi controlado através da escala de percepção subjetiva de
esforço de Borg adaptada (BORG, 1998), com intensidade leve (escala 5), caracterizando como
uma caminhada rápida. O exercício aeróbio foi realizado após a sessão de treino resistido, com
duração de 20 minutos. A ancoragem com a escala de Borg era realizada a cada dois minutos
com o intuito de manter a intensidade constante.
O treinamento aeróbico foi prescrito com intensidade leve com o objetivo de reduzir a
possibilidade de lesões osteomioarticulares, por ser realizado após o treinamento, assim, já tendo
um desgaste muscular e metabólico, e por se aproximar da característica do teste de caminhada
de seis minutos, teste de esforço submáximo aplicado para a avaliação.
5.4.Avaliação cardiorrespiratória e do controle autonômico cardíaco
Para se avaliar o desempenho cardiorrespiratório foi utilizado o teste de caminhada de
seis minutos (TC6M), onde foram verificadas as frequências cardíacas em quatro momentos,
em repouso (FC repouso), ao final do teste (FC máxima), e em recuperação após 1 e 2 minutos
(FCRec1 e FCRec2). Além da frequência cardíaca, forma analisadas durante o teste, a distância
30
percorrida e número de passos. Para a análise do controle autonômico cardíaco foi utilizado o
método de variabilidade da frequência cardíaca (VFC).
A VFC foi verificada com os sujeitos deitados em decúbito dorsal para reduzir influência
de fatores externos e internos. Em um ambiente sem estímulos visuais ou auditivos, durante 10
minutos. Para a aquisição dos dados da VFC foi utilizado um frequencímetro Polar® RS800CX,
com registros das curvas R-R. A análise dos dados da VFC foi realizada através do software
Kubios HRV® (TARVAINEN et al., 2014), considerando os parâmetros dos domínios da
frequência, low frequency (LF) power (0,04–0,15 Hz; units: ms2), High frequency (HF) power
(0,15–0,40 Hz; units: ms2) e a razão LF/HF.
Posteriormente foram direcionados ao local de realização do TC6M, dando-se início ao
teste de caminhada de 6 minutos. Para o TC6min, os sujeitos seguiram as recomendações do
protocolo sugerido pela American Thoracic Society (ATS) (ENRIGHT, 2003). Os indivíduos
foram orientados a usarem roupas confortáveis, calçados adequados para caminhada, a não
consumirem alimentos e bebidas cafeinadas nas 24h precedentes aos testes. Os testes foram
realizados em local coberto, em uma pista de 20 metros demarcada nas extremidades e a cada
cinco metros. Os avaliados foram instruídos a cam inhar (sem correr) pelo corredor de 20m,
indo de uma extremidade à outra, num ritmo contínuo o mais rápido possível sendo estimulado
verbalmente pelo avaliador como recomendado pela ATS. Após o teste os avaliados se
mantiveram em pé na posição ortostática sem movimentos para serem coletados a frequência
cardíaca de um minuto (FCRec60”) e dois minutos (FCRec120”).
Através da análise da distância percorrida e do tempo de teste, foi analisada a velocidade
média a partir do cálculo Vmédia = ΔS/ΔT(s) x 3,6. Desta forma, se obtendo o valor em Km/h.
Também foi calculado o comprimento da passada, a partir da divisão do número de passos e da
distância percorrida.
31
5.5.Composição Corporal
A avaliação da composição corporal seguiu as diretrizes da International Society of
Advancement of Kinanthropometry (ISAK) (MARFELL-JONES; STEWART; RIDDER,
2012). Foram mensuradas as medidas de massa corporal, estatura, circunferências do braço,
cintura e coxa medial, dobras cutâneas de tríceps, bíceps, subescapular e suprailiaca, e a altura
trocantérica maleolar lateral.
A composição corporal foi avaliada através da massa corporal, IMC, razão cintura-
quadril (RCQ), e do cálculo da massa livre de gordura, massa gorda total e de cada segmento
corporal (Tronco, membros superiores e membros inferiores), através da fórmula proposta para
homens vivendo com HIV (BERALDO et al., 2015).
5.6. Tratamento estatístico
Para a inferência da significância dos dados foi utilizado o effect size, onde compara a
variação dos dados, refletindo a significância clínica dos resultados da intervenção. A análise
através do effect size é indicada para se avaliar o efeito de intervenções em populações clínicas,
com amostras inferiores a 20 sujeitos, para se verificar a relação dose-resposta, pois a análise de
diferenças estatísticas em pequenas amostras através da significância (p value) pode não refletir
de forma real a importância clínica dos dados (RHEA et al., 2003; SULLIVAN; FEINN, 2012).
Desta forma, a análise da variabilidade da frequência cardíaca, do desempenho
cardiorrespiratório e da composição corporal foram realizadas através do effect size.
O cálculo do effect size foi realizado através do teste de Cohen’s (d), como proposto por
Rhea et al. (2003), como mostrado na fórmula abaixo. Os valores de referência do Effect size
são os mesmos adotados para os testes de correlação, onde d > 0,80 = forte, d > 0,50 = Moderado,
d > 0,20 = Fraco.
𝐸𝑓𝑓𝑒𝑐𝑡 𝑠𝑖𝑧𝑒 =(𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑝ó𝑠 − 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑝𝑟é)
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 𝑝𝑟é
32
Somente as análises da tonelagem nos microciclos e mesociclos foram realizadas através
da significância estatística, devido a prescrição do protocolo de treinamento resistido objetivar
a homogeneização das cargas entre os microciclos, assim, se fazendo necessária a comparação
das diferenças significativas das cargas de treinamento. Para a análise da significância
estatística, foi aplicado o teste ANOVA one-way, adotando-se nível de significância p < 0,05,
ou seja, mais de 95% de chance de não se cometer o erro estatístico do tipo I.
As comparações foram realizadas entre os microciclos do mesmo mesociclo, com o
objetivo de se verificar a homogeneidade das cargas dentro dos mesociclos, e também foram
comparadas as cargas entre os mesociclos, com o objetivo de verificar o aumento da carga de
treinamento ao longo da intervenção.
33
6. RESULTADOS
Tabela 1 - Efeito do treinamento concorrente sobre a composição corporal de PVHA.
Variável Pré 9 semanas 18 semanas Cohen’s d –
Pré - 9 semanas
Cohen’s d –
Pré – 18 semanas
Cohen’s d –
9 – 18 semanas
Massa corporal 67,83 (± 7,27) 67,87 (± 7,78) 67,81 (± 7,60) -0,03 0,00 0,02
IMC 23,76 (± 2,10) 23,68 (± 2,26) 23,51 (± 2,16) -0,04 -0,12 -0,08
RCQ 0,96 (± 0,06) 0,97 (± 0,06) 0,97 (± 0,07) 0,01 0,05 0,03
∑DC 51,86 (± 19,51) 51,73 (± 20,22) 42,03 (± 13,97) -0,01 -0,50* -0,48†
MLG 49,90 (± 6,52) 49,79 (± 6,94) 51,44 (± 6,33) -0,02 0,24† 0,24†
Gordura MMSS 0,73 (± 0,19) 0,73 (± 0,20) 0,71 (± 0,20) -0,04 -0,11 -0,06
Gordura tronco 7,88 (± 2,01) 8,08 (± 2,22) 7,41 (± 1,99) 0,10 -0,24† -0,30†
Gordura MMII 1,81 (± 0,50) 1,78 (± 0,52) 1,74 (± 0,49) -0,05 -0,14 -0,57*
MGT 17,92 (± 3,33) 17,84 (± 3,46) 16,36 (± 2,64) -0,02 -0,47† -0,43†
AM braço 29,62 (± 3,15) 30,26 (± 3,26) 31,08 (± 3,28) 0,20† 0,20† 0,25†
AM coxa 46,25 (± 2,89) 46,11 (± 2,92) 45,69 (± 2,74) -0,05 -0,19 -0,14
IMC – Índice de massa corporal; RCQ – Relação cintura-quadril; ∑DC – Somatório de dobras cutâneas; MLG – Massa livre de
gordura; MMSS – membros superiores; MMII – Membros inferiores; MGT – Massa gorda total; AM – Área muscular; * - Effect size >
0,50 (Moderado); † - Effect size > 0,20 (Fraco);
Tabela 2 - Efeito do treinamento concorrente sobre o desempenho cardiorrespiratório de PVHA.
Variável Pré 9 semanas 18 semanas Cohen’s d –
Pré - 9 semanas
Cohen’s d –
Pré – 18 semanas
Cohen’s d –
9 – 18 semanas
Distância percorrida 663,13 (± 41,05) 671,88 (± 37,41) 671,43 (± 39,34) 0,21† 0,20† -0,01
VO2 máximo predito 27,17 (± 1,66) 27,22 (± 1,65) 27,20 (± 1,73) 0,03 0,02 -0,01
Velocidade média 6,63 (± 0,41) 6,72 (± 0,37) 6,71 (± 0,39) 0,21† 0,20† -0,01
Taxa de trabalho 44.955 (± 5.560) 45.389 (± 5.537) 45.554 (± 6.109) 0,08 0,11 0,03
FC repouso 68,75 (± 9,41) 69,13 (± 8,10) 67,71 (± 12,30) 0,04 -0,11 -0,17
FC máxima 144 (± 25) 153 (± 19) 151 (± 24) 0,33† 0,26† -0,08
FCR 60 segs. 111 (± 22) 114 (± 16) 107 (± 21) 0,16 -0,18 -0,46†
FCR120 segs. 99 (± 17) 105 (± 15) 96 (± 19) 0,30† -0,18 -0,55*
ΔFCmáxima_FCR60” 29 (± 15) 39 (± 8) 44 (± 12) 0,62* 1,01‡ 0,74*
ΔFCmáxima_FCR120” 39 (± 20) 48 (± 9) 55 (± 12) 0,44† 0,77* 0,76*
VO2 – Consumo de oxigênio; FC – Frequência cardíaca; FCR – Frequência cardíaca de recuperação; Δ – Variação;
‡ - Effect size > 0,80 (forte); * - Effect size > 0,50 (Moderado); † - Effect size > 0,20 (Fraco)
34
5 0
1 0 0
1 5 0
2 0 0
P ré in te rv e n ç ã o
9 s e m a n a s
F C re p o u s o F C m á x im a F C R 6 0 s e g s . F C R 1 2 0 s e g s
Ba
tim
en
to p
or
min
uto
(b
pm
)
1 8 s e m a n a s
Figura 4 - Resposta da frequência cardíaca de PVHA após treinamento concorrente.
Figura 5 - Variação da resposta da frequência cardíaca de recuperação após treinamento
concorrente.
35
* - Nível de significância (p<0,05)
Figura 6 - Efeito do treinamento concorrente sobre o controle autonômico cardíaco de PVHA.
M ic r o c ic lo s
To
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1º
2º
3º
4º
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7º
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10º
11º
12º
13º
14º
15º
16º
17º
18º
0
7 0 0 0
1 4 0 0 0
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3 5 0 0 0
*
U A - U n id a d e s a rb itrá r ia s ; * - p < 0 .0 5
Figura 7 - Desenvolvimento da força muscular ao longo dos microciclos durante intervenção
com treinamento concorrente, com periodização ondulatória, para PVHA.
36
Figura 8 - Desenvolvimento da força muscular ao longo dos mesociclos durante intervenção
com treinamento concorrente, com periodização ondulatória, para PVHA.
37
7. DISCUSSÃO
O presente estudo objetivou avaliar o efeito de um programa de 18 semanas de
treinamento concorrente sobre o controle autonômico cardíaco, composição corporal e força
muscular. O principal achado do estudo, aponta para uma melhora no controle autonômico
cardíaco, analisado através da variabilidade da frequência cardíaca, onde foi observado um
aumento do HF com redução do LF, e manutenção da razão LF/HF. Esta melhora também ser
observada pelo aumento das variações das FCR 60 segundos e 120 segundos, que são indicativos
de reativação parassimpática após um esforço máximo ou submáximo.
Um dos principais efeitos adversos do tratamento medicamentoso são alterações
fisiológicas, com destaque a alterações cardíacas, tanto no controle autonômico quanto pela alta
incidência de doenças cardiovasculares (LEBECH et al., 2007; ASKGAARD et al., 2011;
LIPSHULTZ et al., 2012). A melhora nas funções cardiovasculares é importante para PVHA
devido apresentarem alta prevalência de doenças cardiovasculares, o que fortalece o uso de
programas de exercícios físicos como forma de tratamento não-medicamentoso com o objetivo
de reverter, retardar ou amenizar os efeitos deletérios da infecção e do tratamento
medicamentoso, assim, reduzindo o risco cardiovascular (ROUTLEDGE et al., 2010;
BORGES; SOARES; FARINATTI, 2012; KOCHER et al., 2015).
A literatura aponta para uma disfunção autonômica prejudicada, com uma atividade
simpática aumentada e com redução da atividade parassimpática (LEBECH et al., 2007;
ASKGAARD et al., 2011; BORGES; SOARES; FARINATTI, 2012). Esta disfunção
autonômica pode ser observada em nosso estudo, onde apresentaram uma atividade simpática
(LF) aumentada com redução da atividade parassimpática (HF) em repouso. Os resultados deste
estudo apresentam que após a intervenção com treinamento concorrente os pacientes
apresentaram uma melhora no controle autonômico, com aumento da atividade parassimpática
e redução da atividade simpática. Porém, vale ressaltar que a razão LF/HF não foi alterada, o
que indica que a disfunção autonômica não pode ser considerada como revertida, mas com um
melhor controle.
Clinicamente, esse aumento da ação parassimpática pode ser considerado como uma
ação benéfica do treinamento concorrente, pois PVHA apresentam alterações no CAC, como
uma baixa variabilidade da frequência cardíaca e reduzida recuperação da frequência cardíaca
38
após esforço. Clinicamente, esse aumento da ação parassimpática pode ser considerado como
uma ação benéfica do treinamento concorrente, pois PVHA apresentam alterações no controle
autonômico cardíaco, como uma baixa variabilidade da frequência cardíaca e reduzida
recuperação da frequência cardíaca após esforço. A literatura tem apontado que o treinamento
físico e o uma melhora no desempenho físico está associado a um aumento na VFC e redução
da frequência cardíaca de repouso(STEIN et al., 1999). O treinamento físico tem como efeito
uma braquicardia de repouso, através do tono parassimpático aumentado e redução das respostas
cronotrópicos e da frequência cardíaca de repouso (LEVY et al., 1998; PEDRO et al., 2016).
A FCR tem se mostrado como um indicador da reativação parassimpática após um
estresse, como um teste de esforço máximo ou submáximo (COLE et al., 2000; CADE et al.,
2008), pode ser observada no gráfico 1, onde houve um effect size forte após a intervenção. Os
resultados do presente estudo apontam para uma maior atividade parassimpática, ou uma ação
parassimpática mais rápida, após o TC6M. A FCR tem sido utilizada como forma de análise do
efeito de programas de treinamento em diversas populações, contudo, em PVHA tem sido pouco
investigada a validade do uso da FCR como um indicador de modulação do CAC
(LINDEMBERG et al., 2014). A recuperação da frequência cardíaca nos dois primeiros minutos
é um indicativo de risco cardiovascular, onde quanto maior a recuperação, menor será o risco
(COLE et al., 2000; CADE et al., 2008; LINDEMBERG et al., 2014).
No presente estudo, pode se observar nos gráficos 2 e 3 que o treinamento concorrente
foi capaz de influenciar de forma positiva a resposta da FCR após o TC6M. Após 18 semanas
de treinamento concorrente foi observada uma maior recuperação da FC após 60 e 120 segundos.
Esta melhora indica que o treinamento concorrente induziu alterações cardiovasculares, como
melhora no CAC, o que clinicamente é importante devido a PVHA apresentarem alterações
cardiovasculares. Cade et al. (2008) avaliaram a resposta da FCR após um teste de esforço
máximo, avaliando a FCR a cada 30 segundos. Neste estudo observou que a FCR de PVHA
apresenta alterações, sendo assim, um importante indicador de risco cardiovascular.
Alterações na composição corporal são observadas em PVHA desde os primeiros casos
de infecção, contudo no início as modificações corporais eram devido ao não controle do quadro
de infecção, que atualmente com a H AART não há esta possibilidade. Atualmente, as alterações
corporais são observadas, principalmente pelas síndromes lipodistrófica e de wasting, que têm
impacto tanto em parâmetros fisiológicos, devido a redistribuição de gordura para a região
39
central (visceral) e pela sarcopenia, mas também por caracterizar um estigma da Aids
(NAHLEN et al., 1993; DUDGEON et al., 2006; SINGHANIA; KOTLER, 2011; FELEKE;
FEKADE; MEZEGEBU, 2012). Então, estratégias que corroborem com o combate ou
amenização de tais efeitos adversos são necessárias para a saúde física e mental de PVHA
(DUDGEON et al., 2006; SOUZA et al., 2009).
Em nosso estudo, foram encontradas reduções na gordura da região central e nos
membros inferiores, porém com o effect size fraco ou moderado (d= 0,30 e 0,57,
respectivamente). Contudo, mesmo pequenas modificações na composição corporal de PVHA
devem ser consideradas, pois clinicamente, seu impacto na saúde deste paciente é importante.
A literatura tem reportado que mesmo após longos períodos de intervenção não são capazes de
alterar de forma significativa a composição corporal, principalmente quando observada a massa
corporal, que tende a se permanecer estável(PAES et al., 2014). Paes et al. (2015) avaliou o
comportamento da composição corporal de PVHA durante dois anos de intervenção com
treinamento concorrente e alongamentos, e não observou modificações significativas ou com
percentuais de variação (Δ%) consideráveis.
Alguns estudos com treinamento concorrente para PVHA apresentam modificações
significativas na composição corporal, principalmente no aumento da área muscular transversal
dos membros e na massa livre de gordura, contudo, a maioria destes estudos utilizaram de
agentes anabólicos (metformina e testosterona) de forma conjunta com a intervenção com
treinamento concorrente (DRISCOLL et al., 2004). De forma isolada, Garcia et al. (2013)
verificou aumento significativo da massa livre de gordura após 20 semanas de treinamento
concorrente, mas com manutenção da massa corporal e da massa gorda. A maioria dos estudos
que objetivam avaliar a composição corporal de PVHA após treinamento concorrente não
conseguem verificar modificações significativas, o que reforça o uso da análise do effect size
para se verificar a magnitude de mudança das variáveis (RHEA et al., 2003).
A sarcopenia causada pela síndrome de wasting é um fator a ser considerado como
limitante para a observação de modificações na composição corporal de PVHA (NAHLEN et
al., 1993; DUDGEON et al., 2006). Somente o fato de observar a manutenção da massa
muscular nesta população deve ser considerado como benefício da intervenção proposta, pois a
perda crônica de massa muscular impacta diretamente sobre a capacidade funcional e na
qualidade de vida, levando a uma maior dependência física e a quadros de isolamento social e
de depressão. A perda de massa muscular também pode refletir na força muscular, onde alguns
40
estudos mostram que a infecção e a o tratamento medicamentoso associado a comportamentos
sedentários, favorecem a presença da síndrome de wasting (ROUBENOFF; WILSON, 2001).
O desenvolvimento da força muscular em PVHA também pode sofrer interferência de
outra doença associada a infecção, a neuropatia, dificulta a indução de impulsos nervosos,
apresentado quadros de dor muscular periférica, com isso, potenciais de ação de grandes
magnitudes não são induzidos, reduzindo a capacidade de gerar força (SANDOVAL et al., 2013;
KAKU; SIMPSON, 2014). A neuropatia associada ao HIV pode dificultar a execução de
exercícios em intensidades moderada alta e alta, por gerar desconforto ao sujeito. Contudo, em
nosso estudo, foram prescritos exercícios resistidos em intensidade alta, e foram observados
ganhos de força significativo a partir do 4º mesociclo em comparação com o 1º mesociclo.
Aponta-se que as semanas iniciais (entre a 8º e 12º semanas) do treinamento os ganhos de força
são prioritariamente relacionados as adaptações neurais, ocorrendo uma estabilização dos
ganhos de força nas semanas seguintes (KRAEMER et al., 2002; FLECK; KRAEMER, 2006).
Os ganhos de força observados no nosso estudo, acompanha os achados da literatura
tanto quando são prescritos treinamento resistidos de forma isolada ou de forma conjunta com
o treinamento aeróbico. Paes et al. (2015) verificou que homens vivendo com HIV/Aids
conseguem desenvolver a força muscular ao longo do primeiro ano de adesão ao treinamento
concorrente, com manutenção da força muscular após este período. Mas os ganhos de força não
são observados somente a longo prazo, a maioria dos estudos com intervenções com treinamento
concorrente variam entre 12 e 24 semanas, e também são observados ganhos significativos de
força muscular (LAZZAROTTO; DERESZ; SPRINZ, 2010).
Os estudos com treinamento concorrente para PVHA tem focado nos modelos de
prescrição do ACSM, onde objetiva a prescrição de exercícios em intensidades moderadas, e de
forma linear (GARBER et al., 2011; AMERICAN COLLEGE OF SPORTS, 2013). Contudo, a
periodização linear acaba por não abranger o princípio de treinamento de variação de cargas,
fato que a periodização ondulatória objetiva (BARTOLOMEI et al., 2014; PRESTES et al.,
2015). A periodização ondulatória tem se mostrado eficiente no desenvolvimento de adaptações
neuromusculares à curto prazo em outras populações (SOUZA et al., 2014) Em PVHA, Zanetti
et al. (2016), avaliou o efeito do treinamento de força com periodização ondulatória diária sobre
parâmetros da síndrome metabólica (composição corporal, perfil lipídico e glicêmico),
encontrando redução na massa gorda e aumento da massa magra, e melhoras significativas no
perfil lipídico e glicêmico. Em nosso estudo, tal modelo de periodização foi utilizado como
41
ferramenta para a indução das adaptações neurais mais rápidas, com o intuito de reverter os
efeitos deletérios da síndrome de wasting e da neuropatia associada ao HIV.
Os resultados do presente estudo devem ser considerados como indicativos importantes
do uso de treinamentos periodizados para PVHA, porém é importante ressaltar que há limitações
nos resultados do estudo. A falta de um grupo controle pode interferir na confiabilidade dos
resultados, mas a ausência do grupo controle é justificada pela dificuldade de se ter um controle
adequado ao grupo de intervenção, pois além da infecção, outros fatores podem interferir, como
o tempo de infecção, classe de medicamentos, faixa etária e hábitos de vida. Além do reduzido
tamanho amostral que pode ser observado no fluxograma de seleção da amostra, onde neste
estudo, houve uma perda amostral relevante (≈ 50%), o que se caso fosse incluído um grupo
controle, poderia refletir em um tamanho amostral ainda menor, o que invalidaria os dados.
Outro fator que poderia potencializar os resultados do estudo é o controle da dieta, pois a
ingestão energética e de macronutrientes principalmente de carboidratos e proteínas, podem
modular modificações na composição corporal e ganho de força(HASHIMOTO et al., 2016;
ZIBELLINI et al., 2016).
8. CONCLUSÃO
A partir dos achados deste estudo, é possível concluir que o treinamento concorrente
após 18 semanas apresentou melhorias no controle autonômico cardíaco, a partir da análise da
variabilidade da frequência cardíaca (domínios da frequência) e pela frequência cardíaca de
recuperação após teste de esforço submáximo. Também foi capaz de induzir o aumento da força
muscular, e a manutenção da composição corporal, com indicativos (effect size fraco a
moderado) de efeito sobre a redistribuição de gordura corporal causada pela lipodistrofia e do
aumento da massa muscular, combatendo os efeitos deletérios da síndrome de wasting.
Considerando os achados do estudo, deve ser indicada a prescrição de treinamentos com
variações de cargas, tal como a periodização ondulatória, por seguir os princípios de treinamento
e segundo a literatura induz adaptações neuromusculares e metabólicas mais rápidas em
comparação aos métodos lineares. Além disso, este método, mesmo atingindo intensidades altas,
não foi capaz de gerar malefícios ao estado de saúde de PVHA.
42
9. REFERÊNCIAS
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47
ANEXOS
Anexo 1 – Ficha de avaliação cineantropométrica
Anexo 1 – Ficha de avaliação cineantropométrica
48
Anexo 2 – Escala de Borg adaptada
49
Anexo 3 – Escala OMNI-res para treinamento resistido
b
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