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ENTREVISTA COM CHICO PEREIRA

ChicoPereiraFrancisco Pereira da Silva Jnior, Campina Grande-PB, 1944. Vive e trabalha em Joo Pessoa.Artista plstico e professor (Depto. de Artes Visuais/UFPB). Estudos bsicos na Escola de Artes Campina Grande). Participa ativamente de movimentos culturais na Paraba desde o incio dos anos 1960, quando, junto aos artistas Eldio Barbosa e Anacleto Eli, criou o grupo Equipe 3, em Campina Grande. Exposies: Bienal Nacional da Bahia (Salvador, 1968); XVI Bienal Internacional de So Paulo eBienal Internacional de Valparaso (Chile, 1986); I Salo MAM-Bahia(Salvador, 1994); e, de inmeras mostras coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Atua nas reas de museologia, arte-educao, histria da arte, semitica e artes grficas, em que publicou livros e ensaios. Ocupou diversas funes e cargos: Diretor do Museu de Arte Assis Chateaubriand-MAAC (Campina Grande, 1969-74); fundador e coordenador do Ncleo de Arte Contempornea da UFPB; Vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura; Pr-Reitor Adjunto de Assuntos Comunitrios e coordenador de Extenso Cultural da UFPB; Subsecretrio de Cultura da Paraba; membro da Sociedade Brasileira de Educao Atravs da Arte; do Conselho Internacional de Museologia; da Associao Internacional de Artes Plsticas (AIAP/UNESCO); da Associao Brasileira de Crticos de Arte-ABCA; de jri de seleo e de premiao em diversos sales de arte no Brasil; presidente da Associao Cultural Le Hors-L/Paraba, de intercmbio Brasil-Frana.A trajetria de Chico Pereira se enquadra na dicotomia entre permanncia e morte, sem compromissos que no sejam as suas prprias vontades e escolhas. um artista infiel a si mesmo, sem pudor de fazer o que quer e sem pensar no proveito material que poderia lhe trazer uma fidelizao ao mercado, j que senhor do saber e das tcnicas artsticas. Na exposio, Conexes desconexas(Usina Cultural Energisa, 2009), o prprio ttulo j afirma o carter do seu fazer artstico, em que cada evento (ou obra) simboliza uma ideia a respeito de algumas coisas que decodificada abrir a mente do espectador para suas prprias ideias sobre o que v. Cada obra a chave para o territrio da percepo quando a arte deixa de ser um mero objeto contemplativo para ser o Outro Ser que se inicia a partir dele, sem perder em nenhum momento a poesia, condio indispensvel para uma obra artstica. Situaes estticas que no pretendem se esclarecer atravs da beleza, mas problematiz-la. Essas Desconexesentre as obras apenas uma aparncia porque, no conjunto, elas so convergentes quando pertencem cultura geral do nosso tempo. Representam a materializao de ideias que o artista extrai da sua viso do mundo e que ela pode ser compartilhada. Afinal, no essa a funo do artista? (Amlia Couto, artista e museloga pernambucana)Chico Pereira no um artista comercial que busca os holofotes nas colunas sociais. Melhor seria v-lo como misto de Dom Quixote e Sancho Pana, embora qualquer definio que a ele se atribua seja de fato insuficiente. Chico um homem de mil instrumentos: aquele que atua em vrias frentes da diversidade de linguagens profuso de suportes e para quem tudo se torna campo de ao e objeto de investigao. Meios e tcnicas no determinam sua prtica artstica, Chico Pereira revela-se um colecionador de lembranas arquivadas aleatoriamente durante dcadas e reconstitudas artisticamente como um quebra-cabea. (Dygenes Chaves, ABCA/AICA)

Dygenes ChavesNum verbete de seu Dicionrio de Artes Visuais da Paraba [http://artesvisuaisparaiba.com.br], o artistas plstico e historiador da Arte Dygenes Chaves assim apresenta seu colega Francisco Pereira da Silva Jnior (Chico Pereira), nascido em 1944, em Campina Grande, mas vivendo e trabalhando h dcadas, em Joo Pessoa, e Autor do livro a ser lanado hoje em Joo Pessoa:Artista plstico e professor (Depto. de Artes Visuais/UFPB). Estudos bsicos na Escola de Artes (Campina Grande). Participa ativamente de movimentos culturais na Paraba desde o incio dos anos 1960, quando, junto aos artistas Eldio Barbosa e Anacleto Eli, criou o grupo Equipe 3, em Campina Grande. Exposies: Bienal Nacional da Bahia (Salvador, 1968); XVI Bienal Internacional de So Paulo e Bienal Internacional de Valparaso (Chile, 1986); I Salo MAM-Bahia (Salvador, 1994); e, de inmeras mostras coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Atua nas reas de museologia, arte-educao, histria da arte, semitica e artes grficas, em que publicou livros e ensaios. Ocupou diversas funes e cargos: Diretor do Museu de Arte Assis Chateaubriand-MAAC (Campina Grande, 1969-74); fundador e coordenador do Ncleo de Arte Contempornea da UFPB; Vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura [N. B.: poca em que foi escrita esta ntula]; Pr-Reitor Adjunto de Assuntos Comunitrios e coordenador de Extenso Cultural da UFPB; Subsecretrio de Cultura da Paraba; membro da Sociedade Brasileira de Educao Atravs da Arte; do Conselho Internacional de Museologia; da Associao Internacional de Artes Plsticas (AIAP/UNESCO); da Associao Brasileira de Crticos de Arte-ABCA; de jri de seleo e de premiao em diversos sales de arte no Brasil; presidente da Associao Cultural Le Hors-L/Paraba, de intercmbio Brasil-Frana.

Chico por Amlia CoutoEis o que escreveu sobre Chico Pereira a artista e museloga pernambucana Amlia Couto, ainda apud Dygenes Chaves: A trajetria de Chico Pereira se enquadra na dicotomia entre permanncia e morte, sem compromissos que no sejam as suas prprias vontades e escolhas. um artista infiel a si mesmo, sem pudor de fazer o que quer e sem pensar no proveito material que poderia lhe trazer uma fidelizao ao mercado, j que senhor do saber e das tcnicas artsticas. Na exposio, Conexes desconexas (Usina Cultural Energisa, 2009), o prprio ttulo j afirma o carter do seu fazer artstico, em que cada evento (ou obra) simboliza uma ideia a respeito de algumas coisas que decodificada abrir a mente do espectador para suas prprias ideias sobre o que v. Cada obra a chave para o territrio da percepo quando a arte deixa de ser um mero objeto contemplativo para ser o Outro Ser que se inicia a partir dele, sem perder em nenhum momento a poesia, condio indispensvel para uma obra artstica. Situaes estticas que no pretendem se esclarecer atravs da beleza, mas problematiz-la. Essas Desconexes entre as obras apenas uma aparncia porque, no conjunto, elas so convergentes quando pertencem cultura geral do nosso tempo. Representam a materializao de ideias que o artista extrai da sua viso do mundo e que ela pode ser compartilhada. Afinal, no essa a funo do artista?

Posso afirmar sem o mnimo dos mnimos temores de equvoco: Paraba Memria cultural, livro de Chico Pereira editado pela Grafset, uma das mais importantes obras realizadas no Nordeste desde os anos 70 deste ainda to prximo sculo passado.Sou um homem razoavelmente bem informado e desconheo qualquer coisa semelhante produzida nos Estados nordestinos. Em 304 pginas, Chico Pereira conta tudo do que a Paraba fez na rea cultural desde os primrdios, quando a nossa construo urbana comeou, em 4 de novembro de 1585.Com muitas ilustraes e fotografias, Paraba Memria cultural expande-se, dos pioneiros aos contemporneos, a todas as vertentes, como o bero do cordel, as artes plsticas e grficas, o artesanato, a fotografia, o cinema, a fora do teatro (incluindo o de rua), o humor, o circo, o mundo da dana, os ciclos carnavalesco e junino, os folguedos populares a exemplo da Nau Catarineta e das cirandas, o movimento hip hop, a msica, o patrimnio histrico, etc. Nada falta.Como pesquisador e memorialista tanto quanto Dygenes Chaves o classificou: o mais exato artista contemporneo. Foi Dygenes que observou com acuidade que Chico Pereira claramente convoca todos que enveredem nos meandros da prpria histria da arte em busca de algumas das perguntas e respostas que do sentido construo de nossa identidade cultural.O diretor-presidente da Grafset, Jos Neiva Freire, destaca uma das coisas que o fizeram investir em Paraba Memria cultural: No livro de Chico Pereira, que agora publicamos, imagens e relatos revelam uma das faces do seu trabalho apaixonado em busca do registro cuidadoso da afirmao da cultura em nosso Estado.Nesta sexta-feira (dia 11), s 7 da noite, ser o lanamento de Paraba Memria cultural, na Estao Cabo Branco Cincia, Cultura e Artes, com apresentao de Hildeberto Barbosa Filho.Considero que devemos lotar a Estao Cincia numa homenagem a um artista e pesquisador que gastou alguns bons dias e noites, durante os ltimos oito anos, para que a Paraba tenha sua memria cultural registrada com perfeio. Como escreveu Gonzaga Rodrigues em seu prefcio: um livro, sobretudo, de amor Paraba e ao gnio ou riqueza de talento dos seus filhos.Registro ainda os excelentes trabalhos de Juca Pontes e Milton Nbrega nos projetos editorial e grfico, respectivamente, do livro de Chico.

Estas entrevistas com Chico pereira foi realizada-----. Esta eh a segunda vez que este o artista concede uma entrevista que investiga seu processo criativo, suas influncias, e percepes respeito da obra de arte. Antes havia concedido entrevistas para a enciclopedia de artes visuais paraibana escrita pelo e historiador de arte Dyogenes no ano de 1977. Estas entrevistas constituem um importante registro , sobre os ensinamentos e percursos pessoais de um importante artista e seu processo criativo.

A arte imita as forcas de criacao do mundo. Mundo e arte originam-se de um mesmo principio , o da forca de criacao que gera todo um movimento capaz de transmutar-se em materia. Como pode ser gerada essa forca criativa capaz de transformar o imaterial, a realidade sensivel do mundo ou do nosso interior em arte? ( atraves de uma ideia, inquietacao, problema insigth)Segundo o artista Alemao Joseph Beyus, todo ser humano eh um artista, voce acredita que a criatividade eh uma habilidade?Voce considera sua obra autobiografica Ou seja a sua arte de alguma maneira conta sua historia?Arte e vida?Graham Wallas, 1929 em seu livro identifica 4 etapas da Criao. Sao elas a Preparacao, possibilidades de solucao de problemas, Incubacao o artista desliga-se do problema, Iluminacao ou Insigth e Verificacao submete a obra a analise do mundo. Voce concorda com essa ideia? Caso sim qual o campo de criacao mais voce se identifica? Caso nao como voce descreveria essas possiveis etapas para criacaoComo se incicia seu processo criativo? Segue algum tipo de ritual ?

Marchel Duchamp com suas enigmaticas obras, consideradas para epoca contravencoes, uma vez que transporta objetos do cotidiano e os coloca no museu. Qual foi a importancia desse gesto?Com isso ele leva o questionamento dos suportes da arte ate sua dissolucao completa, reinventando a maneira de ver as coisas preparando o territorio do imaginario conceitual , ou ao que viria se chamar de arte conceitualDo mesmo modo que a palavra muda de sentido quando desloca-se de um determinado contexto para outro, os objetos encontram nos usos contextuais a conssumacao de seu significado

A criao assim observada como um estado de continua metamorfose, um percurso subjetivo guiado por bussula intuitiva que aponta possveis caminhos repletos de experimentacoes. Se o ato criativo segue um percurso prprio, inerente a cada artista, voce consideraria o processo percorrido como obra de arte? Qual a sua filiacao estetica?Seria o ato criativo inerente ao ser humano?E qual o papel da arte no desenvolvimento do ser humano?

Voc j trabalhou ou tentou trabalhar com outras tcnicas, assim como outros materiais e tendncias como escultura e outros?

Em geral, voc utiliza bastante cor nas suas telas, qual ou quais os artistas que exerceram maior influncia na sua arte e porque a preferncia por natureza, especialmente as frutas (melancias, peras, cajus, etc.)

A forca criadora escapa a toda denominacao; segue sendo, em ultima instancia, um misterio indizivel. Mas nao um misterio inacessivel, incapaz de nos comover ate as entranhas. Nos mesmos estamos impregnados desta forca ate o ultimo atomo da medula. (paul klee, Filosofia da criao). Fale um pouco sobro seu processo de criacao, por onde ele se inica?A arte eh uma geneses - conjunto de fatos ou elementos que contriburam para produzir uma coisa,