UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA
LILA COSTA QUEIROZ
ESTUDOS COMPARATIVOS DE ÁREAS COM ANOMALIAS GEOFÍSICAS NA REGIÃO DA
FAZENDA MIRABELA, SUL DA BAHIA.
Salvador, Bahia. Junho 2012
TERMO DE APROVAÇÃO
LILA COSTA QUEIROZ
Salvador, 15 de junho de 2012.
ESTUDOS COMPARATIVOS DE ÁREAS COM ANOMALIAS GEOFÍSICAS NA REGIÃO DA FAZENDA
MIRABELA, SUL DA BAHIA.
Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Orientador: Prof. Dr. José Haroldo da Silva Sá (UFBA)
Co-Orientadora: Prof. Dra. Adalene Moreira Silva (UnB)
BANCA EXAMINADORA Prof. José Haroldo da Silva Sá (UFBA)
Prof. Telésforo Martinez Marques (UFBA)
Dr. Ives Garrido (CBPM)
“Tudo em mim fora reivindicado pelo começo
dos tempos e pelo meu próprio começo. Eu
passara a um primeiro plano primário, estava
no silêncio dos ventos e na era de estanho e
cobre – na era primeira da vida.”
Clarice Lispector
AGRADECIMENTOS
• Aos meus amados pais por todo o amor do mundo !
• À Professora Adalene Moreira por ter me apresentado o universo da
geofísica e por toda dedicação enquanto Professora, co-orientadora e
amiga.
• Ao Professor Haroldo Sá pelo amor à ciência tão visível em suas aulas e
conversas e por ter sido o melhor orientador possível durante todo o
período em que trabalhamos juntos.
• Ao Geólogo Gustavo Mello por ter enriquecido este trabalho com suas
sugestões, colaborações e correções. Por sua amizade, por tudo que
me ensinou e ainda ensina.
• À Marina Morenna, sua irmã Anna Flávia e sua mãe Euriza por uma
imensa amizade que me faz sentir parte da família. Agradeço também a
Luis que chegou há pouco tempo no mundo, mas, fez este último ano
mais alegre e risonho.
• Aos queridos amigos Ramon Arouca, Eduardo Carrilho e André Luis por
terem me proporcionado uma vida universitária maravilhosa e
divertidíssima, pelo amor à geologia que construímos juntos e por uma
amizade e carinho muito grandes.
• As Geólogas Aline Evaristo, Ana Santana, Carolina Reis e Luisa
Rodrigues por terem sido meus referenciais de geólogas na vida.
• Aos amigos da UFBA e da UnB por todos os momentos felizes que vivi
na graduação, em especial Cristiane Lobo querida amiga e antropóloga.
• Ao Geólogo Ives Garrido (CBPM) pela atenção e correções/sugestões
sobre o trabalho.
• À empresa Mirabela Mineração do Brasil Ltda. que proporcionou e
viabilizou este projeto em especial aos Geólogos Eurípedes Mariano e
Anderson Cunha e ao técnico Caicó.
RESUMO
O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá é um importante segmento crustal
de idade arqueana, situado na porção setentrional do Cráton São Francisco,
que tem sido alvo de inúmeras investigações geológicas devido ao potencial
metalogenético para mineralizações de Ni, Cu, EGP, dentre outros. Essas
mineralizações ocorrem em intrusões máfica-ultramáficas indeformadas e
encaixadas em terrenos metamórficos de alto grau do embasamento.
Este trabalho apresenta o processamento, análise e a interpretação
integrada de dados geológicos e aerogeofísicos (magnéticos e
gamaespectrométricos) que recobrem a Folha Ipiaú, associados a trabalhos de
campo e de petrografia. O uso destes dados permitiu obter informações
importantes sobre o arcabouço tectônico e unidades lito-estruturais da área,
visando mapear corpos circulares ou alongados, conhecidos por hospedar
níquel .
Os produtos magnéticos gerados neste trabalho refletem a distribuição e
a segregação metamórfica de minerais magnéticos, principalmente magnetita,
no embasamento rochoso da área de estudo. Os eventos deformacionais
podem ser interpretados a partir do alinhamento destes minerais, que na Folha
Ipiaú produzem uma tendência geral NNE-SSW, compatível com os esforços
regionais gerados pela Orogenia Paleoproterozóica. A partir da integração de
dados multi-fontes foi delimitada uma extensa faixa que segue o trend regional,
na qual está inserida a mina de Santa Rita, relacionada com um domínio
magnético de paisagem movimentada, composto por zonas anômalas bem
definidas e por baixos teores de radioelementos, tornando-se interessante sob
o ponto de vista prospectivo. Este domínio foi descrito petrograficamente como
composto por granulitos chanoquíticos.
Este estudo tem importância acadêmica e em trabalhos exploratórios
desenvolvidos pelas empresas de mineração, pois estabelece parâmetros
geofísicos para os depósitos e contribui para o entendimento da geologia
regional do sul do estado da Bahia.
Palavras-Chave: Itabuna-Salvador-Curaçá, Magnetometria,
Gamaespectrometria, Granulito.
ABSTRACT
The Itabuna-Salvador-Curaçá Belt is an important segment of Archean
crust, situated in the northern portion of the São Francisco Craton, which has
been the subject of numerous geological investigations due to their
metallogenetic potential for mineralizations of Ni, Cu, PGE, among others.
These mineralizations occur in undisturbed mafic-ultramafic intrusions at the
high-grade metamorphic basement.
This paper presents the processing, analysis and integrated
interpretation of geological and geophysical (magnetic and gamma ray
spectrometric) that cover the Ipiaú Topographic Chart associated with field work
and petrography. The use of these data revealed important information about
the tectonic and litho-structural units in the area, aiming to map circular or
elongated bodies, known to host nickel and define its expression in sub-surface
as well as the extension of the regions which may contain potential.
The magnetic products generated in this study reflect the distribution and
metamorphic segregation of magnetic minerals, majorly magnetite, in the
basement of the study area. The deformational events can be interpreted from
the alignment of these minerals, which in Ipiaú Topographic Chart produce a
general trend NNE-SSW, consistent with regional efforts generated by
Paleoproterozoic Orogeny. The integration of data from multi-sources was
delimitated a long strip that follows the regional trend, which is inserted the
Santa Rita mine, related to a magnetic field crowded landscape, composed of
well-defined anomalous areas and low levels of radioelements, becoming
interesting from the prospective viewpoint.
Key-words : Itabuna-Salvador-Curaçá Belt, Magnetometry, Gamma Ray
Spectrometry, Granulites.
SUMÁRIO AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1.1 Apresentação ............................................................................................ 1
1.2 Localização e Vias de acesso ............................................................... 2
1.2 Aspectos Fisiográficos .......................................................................... 3
1.3 Justificativa e Objetivos ......................................................................... 5
1.4 Metodologia ........................................................................................... 5
2. GEOLOGIA REGIONAL E GEOTECTÔNICA .................. .......................... 6
3. GEOLOGIA LOCAL..................................... ............................................. 11
4. CARACTERÍSTICAS DO CORPO MINERALIZADO DA FAZENDA MIRABELA .......................................... ............................................................ 12
5. GEOFISICA .............................................................................................. 13
5.1 Introdução .............................................................................................. 13
5.2 Dados utilizados ..................................................................................... 14
5.2.1 Dados Aerogeofísicos ...................................................................... 14
5.2.2 Dados Cartográficos ......................................................................... 15
5.3 Processamento dos dados e geração dos produtos transformados ............................................................................................... 15
5.3.1 Produtos derivados a partir do Campo Magnético Anômalo ............ 16
5.3.1.1 Análise e interpretação dos produtos derivados do campo magnético anômalo ................................................................................... 24
5.3.2 Produtos derivados a partir da Gamaespectrometria ....................... 28
5.4.3 Integração de Dados Aerogeofísicos ............................................... 39
6. PETROGRAFIA ....................................... ................................................. 41
7. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES ............................................................. 47
8. REFERENCIAS ........................................................................................ 48
INDICE DE FIGURAS Figura 1: Mapa do Estado da Bahia com destaque para a área de estudo, em cinza, e para a Folha Topográfica de Ipiaú com contorno preto......................... 3 Figura 2 : Mapa das vias de acessos para a área de estudo a partir de Salvador e seguindo-se pela BR 101. ............................................................................... 4 Figura 3: Colisão dos Blocos Gavião, Jequié, Serrinha e Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá durante a Orogenia Paleoproterozóica em 2.3-2.0 Ga (modificado de Barbosa e Sabaté 2002). ........................................................... 9 Figura 4: Mapa geológico da porção sul-sudeste do Cráton do São Francisco com destaque para o Complexo da Fazenda Mirabela (modificado de Barbosa et al 2003). ...................................................................................................... 10 Figura 5: Corpo máfico-ultramáfico da Fazenda Mirabela e os depósitos de Ni-Cu de Santa Rita e Peri-Peri (Modificado de Cunha et al. 1992). .................... 13 Figura 6 : Mapa do campo magnético anômalo (CMA) da Folha Ipiaú, com o contorno do Depósito de Santa Rita. ................................................................ 18 Figura 7: Fluxograma ilustrando as etapas de processamento, análise e interpretação dos dados aerogeofísicos, derivados do campo magnético anômalo, e utilizados para a confecção dos mapas de domínios e lineamentos magnéticos. ...................................................................................................... 19 Figura 8 : Mapa da Primeira Derivada Vertical (Dz) do campo magnético anômalo da Folha Ipiaú, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico Mirabela ........................................................................................................... 21 Figura 9: Mapa da Amplitude do Sinal Analítico (ASA) da Folha Ipiaú, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico Mirabela. ....................................... 22 Figura 10: Mapa da Amplitude do Gradiente Horizontal Total (AGHT) da Folha Ipiaú, com o contorno do Depósito Máfico-Ultramáfico de Mirabela. ............... 23 Figura 11: Imagem da Primeira Derivada Vertical (Dz) do campo magnético anômalo da Folha Ipiaú integrada ao modelo digital do terreno. ..................... 24 Figura 12 : Mapa de Lineamentos Magnéticos da Folha Ipiaú, gerada a partir dos produtos derivados do Campo Magnético Anômalo, em que foram definidos 4 grupos de lineamentos magnéticos e unidades com alta amplitude no ASA, denominadas unidades magnéticas. ................................................................ 27
Figura 13 : Imagem 2,5D da Folha Ipiaú a partir da composição ternária, falsa cor, RGB, utilizada para mapear a influência da topografia na dispersão de radioelementos. ................................................................................................ 29 Figura 14: Diagrama da relação entre o teor de SiO e os radioelementos K, U e Th com as litologias associadas (Blum, 1999). ................................................ 31 Figura 15: Mapa do canal de Contagem Total, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela e unidades de altas e baixas contagens delimitadas. ..................................................................................... 33 Figura 16: Mapa do canal de potássio, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela. ................................................................... 34 Figura 17: Mapa do canal de tório, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela. ................................................................... 35 Figura 18 : Mapa do canal de urânio, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela. ................................................................... 36 Figura 19: Mapa da composição ternária, falsa cor, RGB de K, Th e U da Folha Ipiaú, associado ao contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela............................................................................................................ 37 Figura 20: Mapa da composição ternária, falsa cor, CMY de K, Th e U da Folha Ipiaú associado ao contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela............................................................................................................ 38 Figura 21 : Mapa Litogeofísico da Folha Ipiaú, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico Mirabela em amarelo. ........................................................ 40 Figura 22: Imagem de Satélite Quickbird com a localização dos pontos amostrados para petrografia. ........................................................................... 43 Figura 23: Aspecto macroscópico das amostras analisadas petrograficamente: ......................................................................................................................... 44 Figura 24: Diagrama Q-A-P modal (Streckeisen, 1976) com a localização das amostras de granulitos charnoquíticos. ............................................................ 45 Figura 25: Fotomicrografias das amostras de granulitos charnoquíticos. ....... 46
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
No Estado da Bahia, porção sul-sudeste do Cráton do São Francisco,
ocorrem diversas intrusões máfica-ultramáficas encaixadas em terrenos de alto
grau metamórfico do embasamento. Algumas destas intrusões detêm
mineralizações de Ni-Cu como as do Complexo Fazenda Mirabela, que estão
associadas a um corpo máfico-ultramáfico alojado sobre rochas granulíticas da
porção sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Abram 1994, Fróes 1993).
Apesar das rochas encaixantes estarem fortemente deformadas, o corpo
máfico-ultramáfico apresenta estruturas ígneas bem preservadas, indicando
uma colocação tardi a pós tectônica em relação à evolução do orógeno (Silva
et al. 1992).
As mineralizações sulfetadas deste Complexo, que constituem os
depósitos de Santa Rita e Peri-Peri, ocorrem em concentrações econômicas
associadas aos horizontes ultramáficos da intrusão. Estes depósitos pertencem
à empresa Mirabela Mineração do Brasil Ltda., que produz concentrado de
níquel a partir do minério de Santa Rita desde janeiro de 2010, sendo
atualmente a terceira maior mina de níquel sulfetado a céu aberto do mundo,
com capacidade instalada para produção de 18,5 kt de Ni em concentrado
(www.mirabela.com.br).
Este trabalho é resultado de estudos comparativos de áreas com
anomalias geofísicas inseridas na Folha Ipiaú (SD-24-Y-B-II), que engloba o
corpo máfico-ultramáfico de Mirabela, buscando identificar e caracterizar novos
alvos mineralizados, tendo em vista o grande potencial metalogenético da
região. Para a realização desta pesquisa, a empresa Mirabela deu suporte a
este estudo, visando o reconhecimento da área baseado na interpretação de
dados aerogeofísicos integrados a trabalhos de campo e de petrografia. A partir
da leitura e análise dos dados aerogeofísicos, pode-se individualizar as
principais feições estruturais da Folha Ipiaú, que associadas aos domínios
gamaespectrométricos compuseram o mapa litogeofísico, apresentado no
2
capítulo de geofísica desta monografia. Estes produtos foram integrados a
trabalhos de petrografia.
Estes estudos têm importância acadêmica e em trabalhos exploratórios
desenvolvidos pelas empresas de mineração, pois estabelecem parâmetros
geofísicos para os depósitos e contribuem para o entendimento da geologia
regional do sul do estado da Bahia.
1.2 Localização e Vias de acesso
A área em que foram desenvolvidos os trabalhos de campo e de
petrografia é delimitada pelos paralelos 13º59’10” S e 14º03’30”S e pelos
meridianos 39º35’15”W e 39º39’15”W, formando um polígono
aproximadamente retangular, de 61 km². Fica situada ao norte do município de
Ibirataia, sul do estado da Bahia (Figura 1), distante cerca de 260 km de
Salvador e 20 km a nordeste de Ipiaú. O acesso principal a área de trabalho, a
partir de Salvador, se faz através da BR-324 até o município de Amélia
Rodrigues, de onde se segue pela BR-101 até o entroncamento de Gandú, em
que se acessa a BA-120 que leva ao município de Ibirataia (figura 2).
Alternativamente pode-se utilizar a BR-116 partindo de Feira de Santana de
onde se têm acesso ao município de Ipiaú e à BA-120.
A Folha Topográfica de Ipiaú corresponde a um polígono de 3000 km² que
engloba o Complexo da Fazenda Mirabela. Nesta região foi realizado o
processamento e interpretação dos dados aerogeofísicos, apresentados no
capítulo 5 deste trabalho, e seus limites estão marcados na figura 1.
3
Figura 1: Mapa do Estado da Bahia com destaque para a área de estudo, em cinza, e para a Folha Topográfica de Ipiaú com contorno preto.
1.2 Aspectos Fisiográficos
O clima característico da região que abrange a área de estudo é do tipo
subúmido a seco, marcado por um período de poucas precipitações, que se
concentram de outubro a janeiro, tendo precipitação média anual de 800 mm.
O ecossistema principal de região é a Floresta Caducifólia Tropófila
(Lima 1981), o qual se relaciona diretamente com as condições climáticas e
geológicas da área, e vem sofrendo ações antrópicas, para a implantação e
desenvolvimento da pecuária, principal atividade da região.
Geomorfologicamente a região em estudo situa-se numa área de relevo
ondulado, marcado por porções mais elevadas que correspondem às Serras
das Araras, de Anápolis e das Palmeiras. Ocorre também um relevo mais
aplainado, que corresponde às rochas do embasamento. Seus rios fazem parte
da Bacia Hidrográfica do Rio de Contas.
4
Figura 2 : Mapa das vias de acessos para a área de estudo a partir de Salvador e seguindo-se pela BR 101.
5
1.3 Justificativa e Objetivos
Corpos máfico-ultramáficos têm sido amplamente estudados e descritos
na literatura devido ao potencial metalogenético para mineralizações de Ni, Cu,
EGP, Fe, Ti, V, Cr, Co e Au. Este tipo de intrusão pode hospedar depósitos de
origem magmática, formados por processos de fracionamento ígneo e de
imiscibilidade de líquidos sulfetados.
No Estado da Bahia, porção sul-sudeste do Cráton do São Francisco,
ocorrem diversas intrusões máfica-ultramáficas encaixadas em terrenos
metamórficos de alto grau do embasamento. Algumas destas intrusões detêm
mineralizações sulfetadas e desta forma, o estudo e caracterização do contexto
geológico local associado às assinaturas geofísicas tem grande importância
para trabalhos geológicos exploratórios.
O objetivo geral deste trabalho consiste em estudar a região do
Complexo da Fazenda Mirabela, em que hajam possíveis mineralizações de
sulfetos de Ni-Cu. Este estudo foi feito através da análise comparativa com
locais onde, efetivamente, são conhecidas mineralizações associadas a
características geológicas e padrões geofísicos.
1.4 Metodologia
A metodologia deste trabalho consiste em:
- Identificar e caracterizar respostas aerogeofísicas, assim como as feições
geológicas, estruturais, litológicas associadas com as áreas em que de fato
ocorram mineralizações conhecidas de Ni-Cu.
- Identificar, caracterizar e selecionar para estudos, outras áreas com
respostas aerogeofísicas semelhantes àquelas observadas nas porções
mineralizadas. Serão levantadas suas características geológicas e litológicas
com base em dados e informações já disponíveis, complementadas por
levantamentos de campo e suporte de técnicos da empresa Mirabela.
- Analisar e comparar os padrões e características geofísicas e
geológicas associadas com as áreas mineralizadas e àquelas selecionadas
para estudos.
6
- Avaliar os resultados obtidos com as análises comparativas, buscando
indicadores que possam estar relacionados às potencialidades de novas
mineralizações.
2. GEOLOGIA REGIONAL E GEOTECTÔNICA
O Complexo Máfico-Ultramáfico Fazenda Mirabela é uma intrusão
Paleoproterozóica localizada na região sul do Estado da Bahia, em terrenos
metamórficos de alto grau, onde predominam rochas granulíticas do Cráton do
São Francisco. Este é definido por Almeida (1977) como uma entidade
geotectônica estabilizada durante o final do evento Orogênico
Paleoproterozóico (2.0 a 1.8 Ga) e margeada por cinturões de dobramento
desenvolvidos durante o evento Brasiliano (1.1 a 0.45 Ga); Araçuaí, a
sul/sudeste; Brasília, a oeste; Rio Preto, a noroeste; Riacho do Pontal, a norte
e Sergipano, a nordeste.
O embasamento do Cráton do São Francisco na Bahia é dividido em
quatro seguimentos crustais distintos (Barbosa e Sabaté, 2004): O Bloco
Gavião, Bloco Serrinha, Bloco Jequié e o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá
(Figura 3). O Bloco Gavião é o mais antigo destes segmentos, ocorrendo na
parte oeste do embasamento e sendo composto por uma crosta continental
granítica, granodiorítica e migmatítica e largamente coberto em sua parte norte
por coberturas Meso e Neoproterozóicas. O Complexo Jequié, situado a leste
do Bloco do Gavião, consiste de rochas plutônicas enderbíticas-charnockíticas
e seqüências vulcanossedimentares, todas da fácies granulito (Barbosa 1986).
No nordeste do cráton ocorre o Bloco Serrinha, composto por ortognaisses e
migmatitos que formam o embasamento de greenstone belts
Paleoproterozóicos. O segmento mais novo é o Cinturão Itabuna-Salvador-
Curaça, que tem como rochas dominantes, tonalitos, trondhjemitos e como
rochas subordinadas granulitos supracrustais. Sua origem é relacionada a um
arco magmático (Figueiredo, 1989) desenvolvido no Arqueano (~2,6 Ga). Estão
presentes nesse Cinturão, rochas shoshoniticas de 2,4 Ga, além de tonalitos e
trondhjemitos sin-colisionais de 2,1 Ga. Durante a convergência e colisão
paleoproterozóica, todos os constituintes foram deformados e metamorfisados
na fácies granulito.
7
Durante a Orogenia Paleoproterozóica (2.3-2.0 Ga), os Blocos Jequié,
Serrinha e Gavião e o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá colidiram resultando
na formação do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, importante cadeia de
montanhas que se entende cerca de 800 km, em direção aproximada N-S, do
sudeste da Bahia ao longo da costa atlântica até Salvador. O início da colisão
resultou em uma superposição tectônica do Cinturão Itabuna-Salvador- Curaçá
acima do Bloco Jequié e ambos sobre o Bloco Gavião (Figura 3), (Barbosa e
Sabaté 2002).
A porção norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá é composta por
rochas metamórficas das fácies granulito e anfibolito (Melo et al 1995),
representadas por Tonalitos-Trondhjemitos-Granodioritos (TTG) e rochas
supracrustais (Teixeira 1997) em contato oeste com rochas máficas-
ultramáficas (Melo 1991; Loureiro 1991). Uma geometria em flor positiva
permitiu que rochas granulíticas fossem colocadas sobre rochas da fácies
anfibolito. A porção sul é caracterizada por granulitos charnoquíticos arqueanos
(Silva et al 1997), granulitos tonalíticos-trondhjemíticos paleoproterozóicos a
arqueanos, rochas metassedimentares, gabros e basaltos de fundo oceânico
e/ou de bacias back-arc, monzonitos shoshoníticos e por intrusões máfica-
ultramáficas (Barbosa et al 2007). A parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-
Curaçá assemelha-se a modernos arcos vulcânicos ou associações de
margem continental ativa magmática (Barbosa 1990) em que predominam
arcos de ilhas, bacias back-arc e zonas de subducção.
O metamorfismo granulítico do sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá
tem idade entre 2086 ± 7 Ma e 2087 ± 11, e em sua porção central entre 2082
± 5 Ma (Peucat et al 2011). Estes dados demonstram que o evento de alto grau
metamórfico ocorreu no mesmo momento em toda a extensão do Cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá.
Entre os Blocos Itabuna-Salvador-Curaçá e Jequié ocorre uma estreita
faixa em condições metamórficas de fácies anfibolito, definida por Banda de
Ipiaú, também denominada por Complexo Ibicuí-Ipiaú (Barbosa et al 2007). A
Banda de Ipiaú é composta por rochas anfibolíticas, graníticas e migmatíticas
em fácies anfibolito (Barbosa et al 2007), com direção SSW-NNE de Nova
Canaã para Aratuípe (Silva et al 1992; Misi e Silva 1992).
8
Na interface entre os terrenos metamórficos de alto grau dos Blocos
Jequié e Itabuna-Salvador-Curaçá existem corpos intrusivos de natureza
máfica-ultramáfica e gabro-anortosítica, de dimensões inferiores a 100 km²,
associadas a anomalias magnéticas significativas. De norte para sul, são
conhecidos os maciços do Rio Piau (Cruz 1989), Samaritana/Carapussê (Jesus
1997, Macêdo 2000, Burgos 2005), Mirabela (Abram 1993) e Palestina (Fróes
& Soares 1998, apud Macêdo 2000), ver figura 4.
O alojamento das intrusões acamadadas Mirabela e Palestina durante a
deformação Paleoproterozóica está subordinado a um regime transpressivo sin
a tardi tectônico associado a um espessamento crustal (Abram e Silva 1992).
Estas rochas são intrusivas ao longo de um lineamento estrutural que se
estende por mais de 100 km adjacente à margem oeste do Cinturão Itabuna-
Salvador-Curaçá (Silva et al 1992). Análises isotópicas δ34
S na Intrusão
Mirabela indicam uma sulfetação associada a um magmatismo mantélico
mineralizado (Lazarin, 2011). Resultados Sm-Nd para o complexo máfico-
ultramáfico corroboram com uma contaminação crustal do magma por rochas
encaixantes, e a ocorrência de um pulso magmático que fracionou e originou o
corpo acamadado (Lazarin, 2011).
9
Figura 3: Colisão dos Blocos Gavião, Jequié, Serrinha e Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá durante a Orogenia Paleoproterozóica em 2.3-2.0 Ga (modificado de Barbosa e Sabaté 2002).
10
Figura 4: Mapa geológico da porção sul-sudeste do Cráton do São Francisco com destaque para o Complexo da Fazenda Mirabela (modificado de Barbosa et al 2003).
11
3. GEOLOGIA LOCAL
As rochas encaixantes do Complexo Mirabela correspondem a
sucessões de ortognaisses e rochas supracrustais equilibradas em fácies
granulito. Os ortognaisses têm composição charno-enderbítica e são pobres
em sulfetos. As rochas supracrustais são representadas por gnaisses quartzo-
feldspáticos intercalados por horizontes de metavulcânicas máficas, sills
metagabronoríticos, formações ferríferas bandadas, khondalitos (gnaisses com
quartzo, feldspato, granada e silimanita) e raros serpentinitos, derivados a partir
de metassedimentos intercalados, basaltos e gabros de assoalho oceânico
e/ou bacias de back-arc (Barbosa and Sabaté 2004).
Estas rochas foram submetidas a três fases de deformação segundo e a
progressão da deformação produziu um padrão de interferência de dobras do
tipo domos e bacias. A primeira fase produziu dobras recumbentes, a segunda
produziu dobras isoclinais e coaxiais com a primeira e a terceira gerou dobras
abertas com plano axial vertical ortogonal ao das duas primeiras (Barbosa e
Dominguez, 1996). Houve um encurtamento leste-oeste nas duas primeiras
fases de deformação, enquanto a última foi resultado de uma compressão
norte-sul.
Embora as encaixantes locais estejam fortemente deformadas, o corpo
máfico-ultramáfico apresenta estratificação críptica e rítmica, com texturas
cumuláticas muito bem preservadas, indicando uma colocação tardi a pós
tectônica em relação à evolução do orógeno (Silva et al. 1996). A intrusão da
Fazenda Mirabela possui temperatura de reequilíbrio subsolidus em torno de
850ºC, baseada na termometria de piroxênios (Barbosa e Sapucaia, 1996).
Estudos isotópicos permitiram o cálculo de uma idade modelo TDM Sm-
Nd de 2200 Ma para a geração do magma fonte das rochas máfico-
ultramáficas (Silva et al.1996). Datações geocronológicas U-Pb obtidas pelas
análises em zircões (Lazarin, 2011) definiram idades Paleoproterozóicas para o
Complexo Mirabela (1990 ±28 Ma) e Arqueana para a rocha encaixante (2541
±15 Ma) à Intrusão Mirabela.
12
4. CARACTERÍSTICAS DO CORPO MINERALIZADO DA FAZENDA
MIRABELA
O Complexo Fazenda Mirabela é caracterizado por mineralizações de
Ni-Cu associadas às rochas máficas e ultramáficas, cujos depósitos são
denominados como Santa Rita e Peri-Peri, em zonas de minério sulfetado, e
Serra Azul, em área de mineralização laterítica. A área exposta desta intrusão
tem forma oval de com área aproximada de 7 km² alojada em terrenos
metamórficos de alto grau.
O depósito de Santa Rita se encontra na base da intrusão máfica-
ultramáfica acamadada formada por uma associação de harzburgitos, olivina
ortopiroxenitos e ortopiroxenitos (Abram 1993; Cunha & Fróes 1992), enquanto
o depósito de Peri-Peri se encontra no topo da intrusão, possivelmente na zona
superior do sistema magmático, posição incomum para mineralizações de Ni-
Cu-EGP associadas a intrusões acamadadas.
A intrusão do Complexo da Fazenda Mirabela, de afinidade toleítica, tem
composição ultrabásica na base sobreposta por uma zona gabronorítica
cortadas por diques de dolerito e pegmatitos (Figura 5). Abram 1994 dividiu
esta intrusão em 4 unidades: (i) zona inferior, constituída por olivina-cumulado
e olivina-ortopiroxênio cumulado (serpentinito, dunito e peridotito); (ii) zona
intermediária, composta de ortopiroxênio-cumulado (ortopiroxenito e
clinopiroxênio- norito) e clinopiroxênio-ortopiroxênio cumulado (websterito e
gabronorito), (iii) zona superior, composta por gabronorito com típica textura
gabróica, e (iv) zona de borda, representada por gabronorito de granulação
fina. Os agregados policristalinos de sulfetos de Ni-Cu ocorrem disseminados
associados a um forte controle litoestratigráfico, dos harzburgitos até os
websteritos em Santa Rita, e websteritos aos harzburgitos em Peri-Peri,
sugerindo a ocorrência de rochas mais primitivas no topo da câmara
magmática (Lazarin, 2011).
As respostas aerogeofísicas do corpo são marcadas por baixos teores de
radio elementos (U, Th, K), produzindo tonalidade cinza escura na composição
ternária RBG em falsa cor. Estas características serão descritas mais
detalhadamente no capítulo de geofísica deste trabalho.
13
Figura 5: Mapa geológico
Figura 5: Corpo máfico-ultramáfico da Fazenda Mirabela e os depósitos de Ni-Cu de Santa Rita e Peri-Peri (Modificado de Cunha et al. 1992).
5. GEOFISICA
5.1 Introdução
O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá é um importante segmento crustal
de idade arqueana, situado na porção setentrional do Cráton São Francisco e
tem sido alvo de inúmeras investigações geológicas devido ao potencial
metalogenético para mineralizações de Ni, Cu e EGP, dentre outros. Essas
mineralizações ocorrem em intrusões máfica-ultramáficas encaixadas em
terrenos metamórficos de alto grau do embasamento (Silva et al. 1992).
O espesso manto de intemperismo e a escassez de afloramentos na
região sul da Bahia dificultam o entendimento das relações de contato entre as
unidades, bem como o mapeamento da extensão real destas e dos possíveis
corpos intrusivos hospedeiros das mineralizações. Neste contexto as novas
tecnologias aplicadas ao mapeamento geológico são fundamentais por
permitirem a identificação de estruturas e rochas em sub-superfície, através de
levantamentos aerogeofísicos e do processamento e integração de dados em
Depósito de Santa Rita
Depósito de Peri-Peri
14
ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas). No Brasil, foram
realizados alguns estudos de casos, no intuito de auxiliar a sistematização
deste método como, por exemplo, os trabalhos de Silva 1999, Blum 1999, Silva
2003, Uchoa 2005, Carrino 2010, dentre outros.
Este capítulo objetiva apresentar o processamento, análise e a
interpretação integrada de dados geológicos e aerogeofísicos (magnéticos e
gamaespectrométricos) que recobrem a Folha Ipiaú, visando auxiliar na
geração de critérios prospectivos para mineralizações de níquel na região. Os
resultados obtidos foram confrontados com as assinaturas de regiões
conhecidas por hospedar mineralizações de Ni, Depósitos de Santa Rita e Peri-
Peri, e extrapoladas para toda a região de interesse. Para tanto, são
apresentadas as diversas etapas de trabalho, que permitiram identificar as
principais estruturas geológicas e os litotipos presentes na área. O produto
final, o mapa litogeofísico, redefine as bordas e limites das principais unidades
presentes na área, mostrando como este tipo de mapa pode efetivamente
contribuir para um mapeamento geológico mais eficiente. Será apresentada
uma discussão sobre os métodos utilizados, visando mostrar as vantagens e
desvantagens de cada produto integrado no processo de interpretação
estrutural e litológica para o ambiente estudado.
5.2 Dados utilizados
5.2.1 Dados Aerogeofísicos
Os dados utilizados foram originais dos levantamentos aerogeofísicos,
de magnetometria e gamaespectrometria, realizados pela Fugro e contratados
pela CBPM (Levantamento da área Ipirá-Ilhéus). Os dados foram cedidos para
este trabalho pela Mirabela Mineração do Brasil e fornecidos pela empresa em
formato .gdb, distribuídos em 2 arquivos, que correspondem a carta
topográfica, em escala 1:100.000, do denominado Bloco Ipiaú.
Os levantamentos aerogeofísicos foram executados com linhas de
produção na direção leste-oeste, espaçadas de 500 metros, e, linhas de
controle espaçadas de 5.000 metros, com altura constante de voo de 100
metros.
15
Os dados magnéticos foram expressos em campo magnético total, que
recebe sua maior influência da contribuição do núcleo da Terra, ou seja, fontes
muito profundas. Em exploração mineral é necessário retirar sua influência
subtraindo o IGRF (International Geomagnetic Reference Field), que
corresponde a modelos matemáticos que estimam o valor do campo residual.
Desta forma, foi calculado o valor do Campo Magnético Anômalo, a partir do
qual foram gerados os produtos apresentados neste trabalho.
Os dados gamaespectométricos foram divididos em canais de energia
com o canal de contagem total expresso em µR/h, enquanto os canais de
potássio foram expressos em porcentagem. Os canais de Th e U foram
expressos em ppm.
O sistema banco de dados georreferenciado (SBDG) elaborado para o
presente trabalho engloba todos os produtos derivados dos dados
aerogeofísicos, mapas geológicos (litotipos e estruturas mapeadas em campo),
modelos digitais de terreno e ocorrências minerais disponíveis na literatura.
5.2.2 Dados Cartográficos
Os dados cartográficos utilizados foram mapa geológico na escala
1.2.500.000 (Bizzi et al., 2002) e o mapa do corpo máfico-ultramáfico da
Fazenda Mirabela, na escala 1:25.000 (Cunha et. al 1992).
5.3 Processamento dos dados e geração dos produtos
transformados
Os dados aerogeofísicos utilizados neste trabalho foram processados
utilizando-se o sofware Geosoft-Oasis Montaj 7.2 licenciado para o Laboratório
de Geofísica Aplicada (LGA) da Universidade de Brasília. O método de
interpolação mais eficiente para os dados magnéticos foi o bi-direcional
(implementado no Oasis Montaj como bigrid), com célula quadrada de 125
metros de lado. Para os dados gamaespectrométricos o método de
16
interpolação mais eficiente foi o de Curvatura Mínima, também com célula
quadrada de125 metros de lado.
A interpretação qualitativa conjunta das imagens gamaespectrométricas e
magnéticas foi efetuada em ambiente SIG, utilizando-se o ArcGIS 9.3 (ESRI),
assim como todos os mapas elaborados para este trabalho. As imagens em
2,5D foram confeccionadas com o programa ENVI 4.7, utilizando-se da
composição ternária RGB e o modelo digital de terreno (MDT) no canal de
intensidade.
5.3.1 Produtos derivados a partir do Campo Magnét ico
Anômalo
Para o tratamento destes dados, utilizou-se técnicas eficientes para a
determinação de parâmetros geométricos, como localização de limites
(geológicos e estruturais), profundidades de corpos e feições estruturais, tais
como: amplitude do sinal analítico (ASA) e inclinação do sinal analítico (ISA),
derivadas vertical (Z) e horizontais (X e Y) e a amplitude do gradiente
horizontal total (AGHT). Objetiva-se com estes produtos mapear corpos
circulares ou alongados conhecidos por hospedar mineralizações de níquel,
sua expressão em sub-superfície, bem como o prolongamento das mesmas em
regiões arrasadas e que possam conter potencial.
O campo magnético anômalo representa as anomalias magnéticas
situadas na crosta e acima da superfície Curie. É obtido pela remoção do
campo magnético terrestre do campo magnético total medido no levantamento.
A resposta magnética observada no campo magnético anômalo pode ser de
natureza profunda como, por exemplo, fontes situadas na base da crosta, ou
de natureza rasa.
O mapa do campo magnético anômalo (CMA), figura 6, apresenta as
anomalias com padrão dipolar e/ou como linhas de dipolos. Este caráter
dificulta sua interpretação e faz com que os produtos derivados sejam mais
adequados. O corpo mineralizado da Fazenda Mirabela está associado com
uma pequena zona anômala dipolar, com amplitude moderada. Nas
vizinhanças, as zonas são expressivas e possuem fortes linearidades e
amplitudes associadas com as rochas encaixantes.
17
As anomalias magnéticas apresentam uma complexidade, pois não
dependem apenas da distribuição da magnetização M (x, y, z), como também
das direções de magnetização na qual o campo é medido. Neste sentido, as
derivadas horizontais (Dx e Dy) realçam as altas frequências, produzindo picos
anômalos aproximadamente localizados sobre as bordas de grandes corpos,
aumentando a definição dos limites dos mesmos (Milligan & Gunn, 1997). A
figura 7 apresenta o fluxograma que ilustra as etapas de processamento,
análise e interpretação dos dados aerogeofísicos magnéticos utilizados para
confecção dos mapas de domínios e lineamentos magnéticos.
18
Figura 6 : Mapa do campo magnético anômalo (CMA) da Folha Ipiaú, com o contorno do Depósito de Santa Rita.
19
Figura 7: Fluxograma ilustrando as etapas de processamento, análise e interpretação dos dados aerogeofísicos, derivados do campo magnético anômalo, e utilizados para a confecção dos mapas de domínios e lineamentos magnéticos.
Neste trabalho optou-se por fazer uma abordagem estrutural da área,
buscando reconhecer possíveis corpos mineralizados pela sua geometria,
circular ou elíptica. Para isto, foram utilizados os mapas da Primeira Derivada
Vertical (Dz), figura 8, da Amplitude do Sinal Analítico (ASA), figura 9, e da
Amplitude do Gradiente Horizontal Total (AGHT), figura 10.
A primeira derivada vertical (Dz) é fisicamente equivalente à medida do
campo magnético simultaneamente em dois pontos verticalmente separados
por uma distância h, subtraindo-se estes dois valores e dividindo este resultado
pela separação espacial vertical dos pontos medidos (Milligan & Gunn, 1997).
O sinal analítico é formado pela combinação de gradientes horizontais e
verticais de uma anomalia magnética (Blakely, 1996) e independe da direção
de magnetização da fonte e da direção do campo magnético terrestre, ou seja,
corpos com mesma geometria possuem o mesmo sinal analítico. Os picos do
20
sinal analítico são simétricos e ocorrem diretamente sobre as bordas de
grandes corpos e no centro de corpos estreitos, permitindo a identificação da
posição das fontes e da geometria magnética ( Roest et al., 1992; Milligan &
Gunn, 1997).
O filtro de derivada vertical promove a amplificação do conteúdo de alta
frequência em detrimento ao de baixa frequência, funcionando como um filtro
passa-alta. Estes realçam as regiões de maior gradiente magnético ressaltando
bordas e contatos de corpos rasos. De forma geral estes filtros são conhecidos
como filtros de derivada direcional sendo também aplicados na direção
horizontal. As derivadas horizontais e verticais são empregadas para o cálculo
do sinal analítico.
A partir do uso destas derivadas, especialmente a primeira derivada
vertical, foi possível determinar a posição espacial das fontes e caracterizar
feições lineares. A imagem da Amplitude do Sinal Analítico apresenta uma
assinatura localizada das fontes magnéticas realçando as bordas em corpos
largos e o centro em corpos estreitos, independe das direções magnéticas da
fonte e do campo magnético da Terra (Blum et al. 1999). As derivadas
horizontais permitiram mapear os limites laterais destas mesmas fontes, neste
sentido foi gerado o mapa de AGHT. A imagem da primeira derivada vertical
associada ao modelo digital de terreno (Figura 11) possibilitou a integração dos
lineamentos magnéticos e unidades magnéticas com a topografia. Desta forma
foi possível associar as unidades com altas amplitudes no ASA com as regiões
mais elevadas topograficamente, sugerindo que as litologias mais ricas em
minerais magnéticos são também mais resistentes ao intemperismo.
21
Figura 8 : Mapa da Primeira Derivada Vertical (Dz) do campo magnético anômalo da Folha Ipiaú, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico Mirabela
22
Figura 9: Mapa da Amplitude do Sinal Analítico (ASA) da Folha Ipiaú, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico Mirabela.
23
Figura 10: Mapa da Amplitude do Gradiente Horizontal Total (AGHT) da Folha Ipiaú, com o contorno do Depósito Máfico-Ultramáfico de Mirabela.
24
Figura 11: Imagem da Primeira Derivada Vertical (Dz) do campo magnético anômalo da Folha Ipiaú integrada ao modelo digital do terreno.
5.3.1.1 Análise e interpretação dos produtos der ivados
do campo magnético anômalo
A partir da leitura e análise da amplitude do sinal analítico, primeiras
derivadas horizontais e verticais, segunda derivada vertical e amplitude do
gradiente horizontal total foi elaborado o mapa de lineamentos magnéticos,
apresentado na figura 12. Os lineamentos puderam ser divididos em 4 grupos,
que foram apresentados juntamente com as unidades definidas como
magnéticas. Estas unidades possuem alta amplitude no sinal analítico e são
possíveis unidades hospedeiras de mineralizações, devendo ser integradas
25
com outra informações e checadas em trabalhos de campo. Abaixo estão
caracterizados os grupos e as unidades magnéticas:
- Grupo 1: Este grupo é composto por estruturas orientadas na direção
WNW-ESSE, que foram interpretadas, em sua maioria, como zonas de
cisalhamento destrais. Estas estruturas são bem marcadas no mapa da
primeira derivada vertical e também no mapa de amplitude do sinal analítico e
truncam as estruturas dos Grupos 2 e 3.
-Grupo 2: Este grupo é composto por estruturas orientadas N-S gerando
dobras fechadas, isoclinais, sem raiz e com eixo horizontalizado. São bem
marcadas pela primeira derivada vertical por lineamentos magnéticos realçados
no relevo magnético. Estão distribuídos por toda a área, especialmente na
porção central do mapa.
- Grupo 3 : Este grupo é composto por lineamentos magnéticos com
orientação NE-SW e N-S, compatíveis com a estruturação regional da área de
estudo gerada pela Orogenia Paleoproterozóica. São estruturas bem marcadas
em todos os produtos magnéticos gerados.
- Grupo 4: Este grupo corresponde as estruturas orientadas E-W, que
estão restritas a porção central da Folha Ipiaú. Estas estruturas são poucas e
bem marcadas pela primeira derivada vertical, associadas também a altos
topográficos. Logo acima do Complexo da Fazenda Mirabela pode ser vista
uma dessas estruturas.
- Unidades Magnéticas: As unidades magnéticas apresentadas são
referentes a domínios de alta amplitude no ASA, que se destacam das
unidades ao redor. Seguem o trend NNE-SSW dos lineamentos magnéticos
delimitados. Estas unidades correspondem em sua maioria a rochas máficas
do embasamento, ricas em magnetita, como por exemplo, enderbitos que
contornam o Complexo Mirabela ou formações ferríferas que estão presentes
na região de estudo.
26
Após a interpretação dos lineamentos magnéticos pôde-se observar que
a maioria das estruturas acompanha o trend regional NNE-SSW, concordantes
com os esforços da Orogenia Paleoproterozóica, com dobras fechadas de
direção N-S, indicando uma fase dúctil de deformação e zonas de cisalhamento
destrais como representantes de uma fase rúptil e posterior de deformação na
área de estudo. Estes resultados foram obtidos a partir da integração dos
produtos geofísicos com os trabalhos de campo. O Complexo Máfico-
Ultramáfico Mirabela encontra-se preservado desta deformação, como pode
ser visto no mapa de lineamentos magnéticos, sem estruturas deformacionais
associadas, concordando com o caráter pós-tectônico e indeformado deste
Complexo.
27
Figura 12 : Mapa de Lineamentos Magnéticos da Folha Ipiaú, gerada a partir dos produtos derivados do Campo Magnético Anômalo, em que foram definidos 4 grupos de lineamentos magnéticos e unidades com alta amplitude no ASA, denominadas unidades magnéticas.
28
5.3.2 Produtos derivados a partir da Gamaespectro metria
Os raios gama são radiações eletromagnéticas, similares aos raios X,
com pequeno comprimento de onda que não são desviados por campos
magnéticos ou elétricos, por não possuírem carga. As principais fontes de
radiação gama provêm da desintegração natural do potássio (40K), urânio (238U)
e tório (232Th) que são os únicos elementos encontrados naturalmente na
crosta capazes de produzir raios gama com energia e intensidade suficientes
para que sejam medidos em aerolevantamentos. A média para abundância
crustal destes elementos é de 2% para o K, 2,7 ppm para o U e 8.5 ppm para o
Th. Estes elementos têm decaído continuamente desde sua criação, assim
com sua concentração na Terra, porém seus isótopos tem uma meia-vida muito
longa, permitindo que eles continuem abundantes. As energias dos raios gama
de interesse geológico variam entre 0,2 e 3 MeV, equivalentes a comprimentos
de onda de aproximadamente 3 x 10-10 cm e frequência de cerca de 3 x 1019
Hz (Adams e Gasparini, 1970; Minty, 1997). Atualmente na literatura as
principais referências sobre interpretações de dados gamaespectrométricos
baseiam-se em trabalhos sobre aplicação desta metodologia para mapeamento
geológico e definição de áreas de interesse para estudos prospectivos, como
por exemplo, os trabalhos de Ward, 1981; Wilford et al., 1997; Minty, 1997 e
Pires, 1995.
As imagens dos canais de K, U, Th e contagem total (radiométrica)
permitem estudar a importância relativa e qualificar as respostas energéticas
dos raios gama no espectro total de energia para cada ponto medido. As
composições ternárias RGB (K:Th:U) e CMY (K:Th:U) são uma forma de
integrar as respostas geradas através dos canais K, Th e U, devido a suas
peculiaridades e assinaturas produzidas por combinações das cores primárias
(RGB – K em vermelho : Th em verde : U em azul e CMY – K em ciano : Th
em magenta : U em amarelo). Desta forma, podem-se mapear diferentes
unidades gamaespectrométricas e suas estruturas associadas e representar a
litodiversidade na área de interesse.
29
Para o uso adequado destas imagens visando o reconhecimento da
geologia local e regional é necessário um conhecimento do comportamento
geoquímico e mineralógico das rochas expostas e dos solos assim como dos
mecanismos de alteração e mobilização da geologia aflorante e os modelos
físicos de detecção, processamento e discriminação dos canais de K, U, Th e
Contagem Total.
A área de estudo encontra-se em uma região submetida a forte
intemperismo, com regimes sazonais de chuvas intensos e temperaturas
médias elevadas. Nestes climas, os radioelementos são liberados total ou
parcialmente das fases minerais primárias da rocha (in situ), podendo ser
incorporados a argilas, óxidos de ferro, água subterrânea e matéria orgânica
(Minty, 1997). Visando mapear a influência da topografia na dispersão de
radioelementos foi gerada uma imagem em 2,5D da área com o programa
ENVI 4.7 (SULSOFT), utilizando-se da composição ternária RGB e o modelo
digital de terreno (MDT) no canal de intensidade (Figura 13).
Figura 13 : Imagem 2,5D da Folha Ipiaú a partir da composição ternária, falsa cor, RGB, utilizada para mapear a influência da topografia na dispersão de radioelementos.
30
O K é elemento extremamente móvel durante o intemperismo, em
especial em climas tropicais a subtropicais, podendo ser lixiviado de minerais
como micas e K-feldspatos para solução e/ou ser absorvido em minerais de
argila neoformada como a ilita e a esmectita. Em contrapartida, o U e Th são
considerados menos móveis que o K e devem ficar retidos no solo residual, em
minerais “resistentes”, com possibilidade de enriquecimento seletivo por
transporte coluvial para níveis topográficos inferiores (Wilford et al., 1997). O U
quando liberado de minerais pelo intemperismo, é móvel sob condições
oxidante e se precipita em condições redutoras. Já o Th, em geral fica retido
quase totalmente nas fases de “resistatos” ou nos óxidos de ferro e, quando
liberado, é incorporado nas substâncias pedogênicas orgânicas e inorgânicas
(Wilford et al., 1997). É o elemento mais inerte dos três radioelementos. Sua
concentração quando superior a dos outros radioelementos indica região de
maior intemperismo químico.
Com o aumento do teor de SiO nas rochas há também um aumento no
teor dos rádio-elementos, especialmente do K, como está ilustrado na figura
14. Desta forma, podemos associar os domínios com baixas respostas na
gamaespectrometria às litologias mais máficas, que na área de estudo podem
corresponder a charnoquitos, enderbitos, charnoenderbitos, tonalitos e/ou
gabros.
31
Figura 14: Diagrama da relação entre o teor de SiO e os radioelementos K, U e Th com as litologias associadas (Blum, 1999).
No presente trabalho foram geradas imagens dos canais de contagem
total, potássio, tório e urânio (Figuras 15, 16, 17 e 18, respectivamente) com a
localização da intrusão máfica-ultramáfica da Fazenda Mirabela em todas as
imagens, com o intuito e facilitar a análise e interpretação. A partir destes
canais foram elaboradas composições ternárias, em falsa cor, utilizando os
padrões de cores RGB (K, Th, U) e CMY (K, Th, U) (Figuras 19 e 20,
respectivamente). A cada canal (K, eTh e eU) atribuiu-se uma determinada cor
com sua intensidade, sendo proporcional à concentração dos elementos
naquele ponto de observação.
As unidades gamaespectrométricas estão estruturadas seguindo o trend
regional NE-SW, sendo compatíveis com os lineamentos magnéticos
interpretados e com a geologia regional. No mapa de Contagem Total foram
delimitadas unidades com baixas contagens, destacando-se uma extensa faixa
32
que segue o trend regional na qual está inserida a mina de Santa Rita. Esta
faixa está relacionada com um domínio magnético com paisagem movimentada
composto por zona anômalas bem definidas, tornando-se interessante sob o
ponto de vista prospectivo.
Por se tratar de um terreno predominantemente arqueano, exposto a
longo período intempérico, não houve a preservação de estruturas de destaque
no relevo. Por esse motivo foi utilizado exagero vertical de sete vezes, na
tentativa de ressaltar algumas feições na topografia. Aparentemente, não foram
observadas influências que pudessem comprometer as interpretações. A única
relação entre a topografia e os radioelementos foi encontrada nas imagens de
contagem total e K mostram algumas anomalias positivas mapeando os
aluviões, principalmente do Rio de Contas que corta a Folha Ipiaú no sentido
oeste- leste.
33
Figura 15: Mapa do canal de Contagem Total, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela e unidades de altas e baixas contagens delimitadas.
34
Figura 16: Mapa do canal de potássio, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela.
35
Figura 17: Mapa do canal de tório, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela.
36
Figura 18 : Mapa do canal de urânio, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela.
37
Figura 19: Mapa da composição ternária, falsa cor, RGB de K, Th e U da Folha Ipiaú, associado ao contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela.
38
Figura 20: Mapa da composição ternária, falsa cor, CMY de K, Th e U da Folha Ipiaú associado ao contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico da Fazenda Mirabela.
39
5.4.3 Integração de Dados Aerogeofísicos
A partir da integração dos produtos elaborados com os dados
aeromagnéticos e aerogamaespectométricos pôde-se confeccionar o mapa
litogeofísico, apresentado na figura 21, em que estão contempladas as
informações referentes aos lineamentos magnéticos e unidades
gamaespectrométricas. A metodologia utilizada na interpretação dos dados
gamaespectrométricos envolveu: a análise do canal de contagem total para a
definição de grandes domínios gamaespectrométricos, bem como a análise da
contribuição relativa de cada um dos outros canais; a comparação da imagem
correspondente a cada canal discriminado (K, eTh eU) com a topografia para
estudar a influência do relevo sobre estes dados; o uso de composições
ternárias em falsa cor do tipo RBG e CMY e seu estudo espacial para definir
unidades e/ou domínios com assinaturas gamaespectrométricas semelhantes.
Os teores dos radioelementos foram divididos de acordo com a coloração da
imagem falsa-cor RGB, através da localização da cor no triângulo ternário.
Cada radioelemento foi classificado em baixo, médio ou alto, resultando em
nove classes distintas, aqui denominadas de unidades litogeofísicas. Embora
se aceite que os teores de radionuclídeos em rochas ácidas sejam maiores que
em rochas ultrabásicas (Ferreira & Souza, 2002), dentro de um dado tipo de
rocha pode existir uma ampla variação de concentrações, o que impossibilita
uma classificação petrográfica com base apenas nas unidades
gamaespectrométricas definidas.
A análise do mapa litogeofísico associado às informações geológicas
existentes não possui uma correlação muito eficiente, já que todos os produtos
das análises em foco possuem um detalhe muito maior que o da base
cartográfica disponível. Contudo, é notável a riqueza de detalhe que esta
integração traz e que deverá ser mais bem contemplada na medida em que
haja uma maior informação geológica disponível. O trabalho de campo
possibilitou definir a litologia que acompanha o domínio de baixo K, Th e U, ao
norte da mina de Santa Rita, e que foi caracterizada, através da petrografia,
como charnoenderbitos e charnoquitos. Quando confrontamos os dados
geofísicos com os dados geológicos prévios observa-se um refinamento dos
dados geológicos existente. O que comprova o potencial desta técnica tanto no
mapeamento geológico quanto na exploração mineral.
40
Figura 21 : Mapa Litogeofísico da Folha Ipiaú, com o contorno do Complexo Máfico-Ultramáfico Mirabela em amarelo.
41
6. PETROGRAFIA
Nesta etapa do trabalho foram descritas 9 amostras de rocha, localizadas
ao norte da Intrusão Máfica-Ultramáfica de Mirabela, como mostra a figura 22.
Destas, 8 amostras foram caracterizadas como granulitos charnoquíticos e
apenas uma foi classificada como sienogranito, pela ausência de piroxênios.
Macroscopicamente os granulitos charnoquíticos são mesocráticos, com
coloração cinza clara, apresentam-se foliados e possuem granulação média. O
sienogranito possui coloração rosada, granulação média e está fracamente foliado
(Figura 23).
Estas amostras foram nomeadas seguindo-se as recomendações da IUGS
(Streckeisen, 1976) e, de acordo com estes critérios são classificadas como
charnoquitos, sendo portanto equivalentes granulíticas de rochas sieno-
graníticas, monzograníticas e quartzo-monzoníticas, contendo ortopiroxênio
(hiperstênio), ver figura 24. As rochas analisadas são granoblásticas e
inequigranulares, com granulação média (1-6 mm) e apresentam grãos anédrico à
sub-édricos. Seus contatos são curvos e retos entre si. Estas amostras são
constituídas essencialmente por plagioclásio (15-25 %), ortoclásio (15–30 %),
quartzo (10–35 %), augita (10-20 %), hisperstênio (10-20%) e minerais opacos,
majoritariamente magnetita, (3 - 15 %). Também é notável a presença de
hornblenda (5-10 %) na maioria das amostras, como componente retrógrado da
paragênese mineral, ocorrendo associada aos piroxênios. Os minerais acessórios
mais frequentes são zircão e apatita (< 1%). Na maioria das amostras observa-se
textura mirmequítica, intercrescimento de quartzo e plagioclásio, presente nas
regiões de contato entre o plagioclásio e o ortoclásio. Alguns minerais encontram-
se fraturados, especialmente o quartzo.
O plagioclásio aparece sub-euédrico á anédrico, possui geminações albita
e albita-periclina e por vezes, possui inclusões de quartzo arredondado,
ortopiroxênio, clinopiroxênio, opacos e apatita. Ocorrem anti-pertitas e
mesopertitas em diversas amostras. O ortoclásio aparece sem geminação, com
dimensões entre 0,5 e 8 mm, sendo em algumas amostras o componente modal
mais representativo, podendo apresentar pertitas. Os cristais de quartzo são
anédricos, com dimensões variando entre 0,3 a 8 mm. Seus contatos são
definidos pelas faces dos cristais dos feldspatos e piroxênios, exibindo extinção
42
ondulante com intensidade e formas variadas. A augita ocorre anédrica à sub-
anédrica, com dimensões entre 0,3 a 6mm e pleocroísmo de tonalidades verde a
rosa. Eventualmente ocorrem inclusões de ortopiroxênio, plagioclásio e opacos. O
hiperstênio ocorre anédrico à sub-anédrico com dimensões entre 0,3 a 7 mm e
pleocrísmo em tons de rosa. A hornblenda é verde, ocorre em pequenas
proporções e situa-se ao redor, ou ao lado de cristais de piroxênio e de opacos,
com texturas de corrosão e sendo interpretadas como retrometamórficas. Os
minerais opacos são intersticiais e foram segregados durante a recristalização
metamórfica. Correspondem majoritariamente a magnetita. A biotita é marrom,
ocorre em ripas de 0,25 a 5 mm apresentando-se eventualmente alterada. A
figura 25 apresenta as principais feições encontradas nas amostras aqui
apresentadas.
As descrições petrográficas caracterizam os charnoquitos do embasamento
da área de estudo como altamente magnéticos, devido aos altos teores de
minerais opacos, principalmente magnetita, em sua composição modal. Desta
forma as respostas aerogeofísicas obtidas nos pontos amostrados refletem a alta
suscetibilidade magnética destas rochas. Estas análises foram importantes por
definirem os teores de elementos magnéticos na região ao redor do Complexo
Máfico-Ultramáfico de Mirabela.
43
Figura 22: Imagem de Satélite Quickbird com a localização dos pontos amostrados para petrografia.
44
Figura 23: Aspecto macroscópico das amostras analisadas petrograficamente: (A) Afloramento de granulito bandado, localizado ao norte do município de Ibirataia, amostra IB-LQ-18; (B) Amostra, IB-LQ-04, correspondente ao granulito charnoquítico contendo augita e hi
45
Figura 24: Diagrama Q-A-P modal (Streckeisen, 1976) com a localização das amostras de granulitos charnoquíticos, que caem nos campos 3a, 3b e 8, correspondendo a sienogranitos, monzogranitos e quartzo-monzonitos, respectivamente.
46
Figura 25: Fotomicrografias das amostras de granulitos charnoquíticos: (A) Opacos intersticiais envoltos por ortoclásio, quartzo e plagioclásio. Observação sobre luz polarizada plana; (B) Amostra contendo cristais de hornblenda (hbl), ortopiroxênio (opx) e clinopiroxênio (cpx), observação com nicóis cruzados; (C) Orto e clinopiroxênios envoltos por quartzo, plagioclásio e ortoclásio; observação sobre luz polarizada plana; (D) Cristal de hornblenda (hbl) substituindo ortopiroxênio (opx); (E) Aspecto granoblástico das rochas charnoquíticas, com contatos curvos e retos entre os minerais constituintes. Observação com nicóis cruzados; (F) Opacos intersticiais envoltos por k-feldspato e clinopiroxênio. Observação com nicóis cruzados; A escala das fotomicrografias está em micrometros.
47
7. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
Os dados aeromagnéticos interpretados mostram que a área de estudo
sofreu uma intensa deformação NNE e NS, produzida pela Orogenia
Paleoproterozóica, que realinhou os minerais magnéticos do embasamento,
apagando quase que completamente as assinaturas magnéticas de eventos
geológicos anteriores a ele. A intensidade deste evento foi tão grande que os
esforços definiram a topografia atual da área que muitas vezes coincide com as
estruturas magnéticas e gamaespectrométricas.
Os depósitos de níquel tendem a ocorrer associados a rochas básicas e
ultrabásicas, que geralmente possuem respostas magnéticas. Porém, devido a
alta suscetibilidade magnética das rochas presentes na área de estudo,
principalmente granulitos máficos e formações ferríferas, a distinção das
respostas do mapeamento magnético entre as litologias torna-se mais difícil de
ser reconhecido.
Uma extensa faixa que segue o trend regional, na qual está inserida a
mina de Santa Rita, está relacionada com um domínio magnético com
paisagem movimentada, composto por zona anômalas bem definidas e baixos
teores de radioelementos, tornando-se interessante sob o ponto de vista
prospectivo.
A petrografia das amostras localizadas ao norte do Complexo Máfico-
Ultramáfico Mirabela, associada a testes de campo, permitiu definir o caráter
altamente magnético dessas rochas, causado pelos teores elevados de
minerais opacos, majoritariamente magnetita (entre 7 e 15% da composição
modal).
Apesar da associação de estruturas magnéticas e de unidades
litogeofísicas interpretadas pela gamaespectometria apenas estes resultados
não são suficientes para identificar corpos mineralizados. Sugere-se o uso de
outros métodos geofísicos para a locação dos corpos, particularmente métodos
eletromagnéticos, que possuem boa resposta para mineralizações sulfetadas e
campanhas geoquímicas de sedimento de corrente e de geoquímica de solo
nas áreas de interesse que seguem o trend NW-SE, no qual está inserido o
Complexo Máfico-Ultramáfico de Mirabela.
48
8. REFERENCIAS
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