Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
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ETNIAS INDÍGENAS BRASILEIRAS
RELATÓRIO 2010
Organizador: Ronaldo Lidório
universo indígena brasileiro, diversificado e multicultural, tem sido constante alvo de
dimensionamento estatístico e sociocultural. Neste documento apresentarei o relatório da
Coordenação de Pesquisa do Departamento de Assuntos Indígenas (DAI) da Associação de
Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), que possui 41 agências missionárias filiadas as quais
abrigam missionários vinculados a mais de 120 diferentes denominações evangélicas.
O presente relatório é fruto da análise do Banco de Dados do DAI e conclusões no que se refere às
tendências demográficas, composição étnica e iniciativas evangélicas entre os povos indígenas em
diversas áreas. Observaremos as 37 etnias indígenas vivendo em risco de extinção, as 41 emergentes
e o processo de urbanização em 111 diferentes grupos. Veremos as 121 etnias pouco ou não
evangelizadas, as 95 sem presença missionária e as 38 línguas com clara necessidade de tradução
bíblica ou projeto especial de oralidade. Seremos também informados sobre os 257 programas e
projetos sociais coordenados pela força missionaria evangélica junto aos povos indígenas e sua
expressiva relevância.
A Coordenação de Pesquisa concluiu em 2010 uma ampla pesquisa e revisão de dados
juntamente com seus parceiros: Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas
(CONPLEI), ETHNOLOGUE/SIL, PNA100, SEPAL, Instituto Antropos, diversos pesquisadores de campo
e colaboradores de análise. As pesquisas étnicas têm caminhado de forma frutífera no movimento
missionário evangélico brasileiro. Carl Harrison, Rinaldo de Mattos, Isaac Souza, Ana Bacon, Osvaldo
Álvares, Ted Limpic, Enoque Faria e Paulo Bottrel, entre outros, desenvolveram com competência ao
longo dos anos esta pesquisa, organização e análise de dados, cujo resultado é o Banco de Dados do
Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB.
Nesta presente revisão (DAI/AMTB 2010) foram feitas 27 pesquisas de campo, 76 entrevistas,
consultados os bancos de dados do IBGE, FUNASA e FUNAI, entre outros, com um total de 4.200
dados avaliados. Um grupo de trabalho foi formado para a revisão do Banco de Dados: Edson Bakairi,
Stan Anonby, Wilsamara Filgueiras, Andreas Fuchs, Richard Eger e Ronaldo Lidório . Vários irmãos
colaboraram de maneira preciosa ao longo da revisão, aos quais somos imensamente gratos.
Agradecemos de forma especial também a Elisabete Wiens, Cassiano Luz, Adriano Hedler, David
O
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Philips, Marcelo Carvalho e Gedeon Lidório que investiram tempo e esforço nesta tarefa. Os
diretores do DAI/AMTB, Rocindes Correia e Edward Luz, coordenaram o andamento do trabalho e o
processo de conclusão das análises.
Os resultados apresentam um quadro eclético, que envolve crescente migração urbana, uma
explosão de indivíduos que passam a se autodeclarar indígenas nos últimos 15 anos, acelerada perda
da língua materna nas etnias periféricas às áreas urbanas e intensificação dos problemas de saúde,
educação e subsistência nos ambientes de aldeamento.
O demonstrativo estatístico quanto à presença evangélica e missionária também nos
apresenta dados que informam e nos fazem refletir. A Igreja indígena está em franco crescimento, e
isto se dá a partir das relações inter-tribais locais, atuação missionária com ênfase no discipulado e
treinamento indígena e três fortes movimentos indígenas nacionais. A presença missionária
coordena mais de duas centenas de programas e projetos sociais de relevância que minimizam o
sofrimento em áreas críticas, sobretudo em educação e saúde, e valorizam a sociedade indígena
local. O registro linguístico, associado a produção de material para letramento, é outro vigoroso
fruto das iniciativas missionárias que se envolvem, especialmente, com grupos à margem do cuidado
e interesse da sociedade.
A seguir serão apresentados os dados e algumas implicações associadas aos mesmos. Na
segunda parte deste relatório será fornecido o demonstrativo estatístico com um resumo dos dados
e visualização de gráficos.
TENDÊNCIAS DEMOGRÁFICAS
O crescimento da população geral dos povos indígenas no Brasil é muito significativo. Em 1991
a população indígena oficial do Brasil era formada por 294.000 indivíduos. A partir do ano 2000,
porém, o IBGE passa a registrar aumentos de até 150% de indivíduos que se autodeclaram indígenas,
principalmente nas áreas urbanas ou em urbanização. 734.000 pessoas se declararam indígenas na
pesquisa do IBGE do ano 2.000 perfazendo um total de quase 900.000 em 2010. Há diversos motivos
para tal crescimento estatístico. Observa-se que tal fenômeno de autodeclaração em grande escala
ocorreu principalmente nas regiões urbanas e em urbanização do Nordeste e Sudeste. Os motivos
são os mais diversos, mas avaliamos que três sejam principais: reavivamento cultural , movimentação
política ou busca pelos incentivos governamentais.
A Fundação Nacional da Saúde (FUNASA), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, apresentou
relatórios recentes onde 520.000 indigenas estão sendo atualmente atendidos em 34 Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI’s) vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). 54.2% dessa
população localiza-se na Amazônia legal e 26% em estados da Região Nordeste.
O DAI/AMTB, analisando as etnias conhecidas e em estudo, reconhece a população de 616.000
indígenas em 2010. Dentre estes, 52% habitam em aldeamentos e 48% em regiões urbanizadas ou em
urbanização. Cerca de 60% da população indígena brasileira habita a Amazônia Legal, composta pelos
estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do
Maranhão. A partir das leituras de movimentos demográficos, porém, em 5 anos haverá igualdade
entre aqueles que habitam as aldeias e os que habitam as pequenas e grandes cidades. A partir de
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2015 a quantidade de indígenas habitando centros urbanos será certamente maior, e em gradual
aumento.
Há uma marcante presença de etnias minoritárias no quadro geral. 35 etnias são formadas por
até 100 pessoas; 85 entre 101 e 500 pessoas; 31 entre 501 e 1.000 pessoas; 56 entre 1.001 e 5.000
pessoas; 10 entre 5.001 e 10.000 pessoas; 7 entre 10.001 e 20.000; e 4 formadas por população acima
de 20.000 pessoas. 76 etnias não possuem situação populacional determinada e 36 partilham sua
população com países limítrofes.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) há 611 Terras Indígenas (TIs) reconhecidas ou
em fase de reconhecimento que correspondem a 13% das terras do país, sendo 21% da Amazônia
legal.
COMPOSIÇÃO ÉTNICA
A percepção do dimensionamento étnico passa por diversos filtros que nublam uma estatística
mais segura. Um destes filtros é a existência dos grupos ainda isolados, ou seja, etnias que habitam
em áreas remotas e que possuem pouco ou nenhum contato com os demais segmentos indígenas ou
não indígenas. Há 37 grupos listados nesta categoria, mas eles podem chegar a 52.
Há também várias etnias tratadas de forma unitária, que de fato são grupos com distintas
identidades socioculturais e lingüísticas. Um exemplo seriam os Yanomami, frequentemente listados
como um grupo indígena, mas que compõem diversas etnias distintas. O mesmo ocorre com os
chamados “Maku”, um termo genérico e pejorativo, utilizado para se referir a pelo menos 5
diferentes etnias.
Por fim, há também os grupos ressurgidos (ou emergentes) que, pela miscigenação com não-
indígenas (e outros fatores de dispersão), perderam por algum tempo sua auto-identificação étnica.
Por diversos motivos vários voltaram a solicitar seu reconhecimento como povos indígenas e
formam 41 etnias em todo o território nacional. Se incluirmos nesta categoria aqueles que, mesmo
não tendo perdido a sua auto-identificação por um período, experimentaram um intenso e crescente
envolvimento com a sociedade externa (também chamados de “aculturados” em alguns meios)
teremos o total de 94 grupos.
Desta forma, entre as etnias conhecidas (228), as isoladas (27), as parcialmente isoladas (10), as
possivelmente extintas (9), as ressurgidas (41) e as ainda a pesquisar (25), reconhecemos um quadro
formado por 340 grupos.
É importante destacar que 37 destas etnias vivem com risco de extinção, levando em
consideração sua população (inferior a 35 pessoas), elementos socioambientais desfavoráveis,
limitado acesso a assistência de saúde, conflitos e dispersão, que são os 5 principais fatores no
processo de extinção de um grupo.
Um dado relevante refere-se ao crescente processo de urbanização. 111 etnias possuem
representação em pequenas e grandes cidades, e declaram que os elementos de atração são
(1) busca por educação formal em Português; (2) proximidade de uma melhor assistência à saúde;
(3) acesso a produtos assimilados (especialmente roupas, alimentos, entretenimento e álcool); e (4)
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expectativa de melhor subsistência. Os dados quanto ao processo de urbanização e suas implicações
socioculturais, sociolinguísticas e familiares ainda são inconclusivos, porém, apontam, em grande
parte, para um cenário por demais preocupante, formado por sérias deficiências de inclusão social;
empobrecimento da dieta alimentar e dificuldade de acesso às iniciativas de assistência pública.
INICIATIVAS EVANGÉLICAS
A Igreja Indígena está presente, em diferentes níveis de representação, em 150 etnias,
possuindo igreja local com liderança própria em 51 e sem liderança própria em 99.
Há presença missionária evangélica em 182 etnias indígenas. Esta presença representa mais de
30 Agências Missionárias Evangélicas e quase 100 diferentes Denominações.
Em 165 destas etnias há programas e projetos sociais coordenados por missionários
evangélicos. Destas, 92 possuem um programa social ativo, 54 possuem dois programas sociais
ativos, e 19 possuem 3 ou mais programas perfazendo 257 programas e projetos com ênfase nas
áreas de educação (análise linguística, registro, letramento, publicações locais e tradução), saúde
(assistência básica, primeiros socorros e clínicas médicas), subsistência e sociocultural (valorização
cultural, promoção da cidadania, mercado justo e inclusão social). Apenas 17 etnias com presença
missionária evangélica não possuem um programa social ativo. Mais de 90% de todos os programas e
projetos são subsidiados por igrejas, empresas e representantes evangélicos do Brasil. Estes
números demonstram que a presença missionária evangélica está, histórica e tradicionalmente,
sempre associada a iniciativas sociais e culturais, especialmente àquelas com forte valor para o povo
local.
Dentre as 182 etnias com presença missionária evangélica, 132 possuem indígenas evangélicos
e 50 não possuem. Há 16 seminários e cursos bíblicos no Brasil com ênfase no preparo indígena e 3
movimentos nacionais de iniciativa e coordenação indígena evangélica: o Conselho Nacional de
Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI); a Associação de Mulheres Evangélicas
Indígenas (AMEI) e a Associação Indígena de Tradudores Evangélicos (AITE).
Um outro movimento nacional com ênfase nos direitos humanos e especial combate ao
infanticídio foi iniciado pela ATINI – VOZ PELA VIDA, e aglutinou nos últimos anos apoio e
participação de todos os segmentos evangélicos despertando o debate, expondo fatos
contundentes e resultando em ações de valorização à vida e apoio a crianças em risco de infanticídio.
Há 121 etnias pouco ou não evangelizadas, ou seja, aquelas em que não há presença
missionária evangélica nem mesmo presença da igreja indígena. Outros fatores como acesso a outras
etnias evangelizadas e dispersão demográfica também foram considerados nesta categoria. Destas
121 etnias pouco ou não evangelizadas, 74 habitam áreas viáveis. O restante se divide entre áreas
parcialmente restritas (13) ou restritas (34).
Não há presença missionária em 95 etnias conhecidas, 27 etnias isoladas e 25 a pesquisar,
totalizando 147 etnias sem presença missionária.
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Dentre as 150 etnias com presença evangélica indígena, 99 não possuem liderança própria e 54
não dispõe de acesso a nenhum programa de ensino bíblico, o que demonstra que a Igreja indígena
está em franco crescimento, porém não há proporcional desenvolvimento do ensino e treinamento,
o que pode gerar graves problemas como sincretismo e nominalismo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA E TRADUÇÃO DA BÍBLIA
Consideramos a existência de 181 línguas indígenas no Brasil, apesar das diferentes discussões
e estudos ainda inconclusivos sobre várias delas.
Em 54 línguas há programas de análise linguística e letramento em andamento, sob iniciativa
evangélica. Em 31 destas línguas há também programas de tradução bíblica em andamento. No
momento contamos com 58 línguas que possuem porções bíblicas, o Novo Testamento ou a Bíblia
completa em seu próprio idioma, material este que serve a 66 etnias.
Em 3 línguas há a Bíblia completa (que serve a 7 etnias); em 32 há o Novo Testamento
completo (que serve a 36 etnias) e em 23 há porções bíblicas, que servem ao mesmo número de
etnias.
Há 10 línguas com clara necessidade de tradução bíblica, 28 com necessidade de um projeto
especial de tradução com base na oralidade e 31 com situação ainda indefinida, a avaliar. Estas 31
línguas a avaliar são faladas por 59 etnias. Tanto as línguas com necessidade de projetos de tradução
quanto aquelas com necessidade de um projeto especial de oralidade possuem pouquíssima
possibilidade de compreensão do Evangelho em alguma outra língua, por outros meios de
comunicação ou outros grupos próximos.
Há cerca de 132 etnias indígenas que falam o Português. 66 destas etnias falam somente o
Português e 66 são bilíngues ou trilíngues com o Português. 48 destas 132 etnias manifestam a
necessidade de uma nova versão da Bíblia em Português, que facilite o seu entendimento. Este
assunto estará sendo alvo de maiores pesquisas e se avalia a possibilidade de desenvolvimento de
um material oral para esta finalidade.
Segundo Moore, dentre as línguas vivas indígenas brasileiras 13% possui descrição completa,
38% possui descrição avançada, 29% possui descrição incipiente e 19% possui pouca ou nenhuma
descrição. 1% em situação indefinida.
O pesquisador alemão Michael Kraus afirma que 27% das línguas sul-americanas não são mais
aprendidas pelas crianças. Isso significa que um número cada vez maior de crianças indígenas perde
o poder de comunicação em uma língua indígena a cada dia. As razões vão desde a imposição
socioeconômica nas etnias mais próximas dos vilarejos e povoados até a falta de valorização
sociocultural do grupo, o que fortalece os fatores de atração em direção à sociedade envolvente.
Estima-se que, na época da conquista pelos portugueses, eram faladas 1.273 línguas. Ou seja,
perdemos 85% de nossa diversidade lingüística em 500 anos. Estudiosos afirmam que há uma crise
sociolingüística no estado de Rondônia, onde 65% das línguas estão seriamente em perigo por não
serem mais usadas pelas crianças e por terem pequeno número de falantes.
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A perda lingüística está associada a perdas culturais irreparáveis, como a transmissão do
conhecimento, formas artísticas, tradições orais, perspectivas ontológicas e cosmológicas.
A presença de linguístas, educadores e tradutores missionários, através de iniciativas ligadas a
AITE (Associação Indígena de Tradutores Evangélicos), ALEM (Associação Lingüística Evangélica
Missionária), AMEM (A Missão de Evangelização Mundial), Amanajé, APMT (Agência Presbiteriana de
Missões Transculturais), ATE (Associação Transcultrural Evangélica), JAMI (Junta Administrativa de
Missões) da Convenção Batista Nacional, JOCUM (Jovens com Uma Missão), JMN (Junta de Missões
Nacionais) da Convenção Batista Brasileira, MEIB (Missão Evangélica aos Índios do Brasil), MICEB
(Missão Cristã Evangélica do Brasil), Missão Evangélica Caiuá, Missão Indígena UNIEDAS, MEVA
(Missão Evangélica da Amazônia), MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil), SIL (Sociedade
Internacional de Lingüística), entre várias outras, catalogando, analisando e produzindo material de
letramento nas línguas indígenas, colabora para a valorização lingüística, social e cultural da
população indígena como um todo.
Assim, entende-se que o evangelho não apenas responde aos questionamentos da alma
humana, como também contribui para a sobrevivência individual, social, cultural e lingüística dos
povos indígenas no Brasil.
DESAFIOS REPRESENTADOS
Perante tal quadro vários desafios se aprensentam, e destacarei os que estão ligados à (1)
pesquisa e avaliação, (2) evangelização e discipulado, (3) tradução e uso das Escrituras bíblicas, (4)
treinamento indígena, (5) necessidade de novos missionários, (6) necessidade de apoio aos projetos
já em andamento e (7) apoio especializado .
De pesquisa e avaliação
O objetivo é dimensionar a realidade étnica, linguística e sociocultural e colaborar na
elaboração de novas iniciativas de relevância junto aos povos indígenas do Brasil.
As 42 etnias remotas e as 37 etnias com risco ou já em processo de extinção demandam
atenção.
As 121 etnias pouco ou não evangelizadas demandam pesquisa para avaliação de estratégias
adequadas de cooperação e interação com tais povos.
Ampla pesquisa necessita também ser realizada entre as 111 etnias em processo de
urbanização, os fatores de atração e as implicações para tais grupos.
As 59 etnias que falam línguas ainda a serem avaliadas demandam pesquisa sociolinguística.
É necessário também avaliar a demanda de 48 etnias que são monolíngues, bilíngues ou
trilíngues do Português e expressam a necessidade de uma versão mais compreensível da Bíblia no
próprio Português.
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De evangelização e discipulado
Das 121 etnias pouco ou não evangelizadas, 79 habitam áreas chamadas viáveis, ou seja, em
que é possível uma interação com os povos indígenas sem maiores barreiras. Outras 47 habitam
áreas restritas ou parcialmente restritas. Chama a nossa atenção o alto número de etnias sem
conhecimento do evangelho em áreas relativamente abertas e sem iniciativas evangélicas e
missionárias.
Há ainda 95 etnias indígenas conhecidas sem presença missionária, o que manifesta que a
grande necessidade dos movimentos missionários ainda são os recursos humanos. Pensando que
mais de 40% das ações missionárias em andamento demandam com urgência mais pessoas para
assegurar o seu prosseguimento, e que 95 etnias permanecem sem presença missionária, podemos
estimar a necessidade de no mínimo 357 novos misssionários para reforçar o trabalho existente e
iniciar os novos. Levando em consideração as ações especializadas bem como o trabalho
administrativo, logístico e pastoral que tanto precedem quanto acompanham tais iniciativas,
asseguradamente seriam necessários um total de 500 novos missionários para fazer frente ao
presente desafio total. Isto não será possível sem (1) a mobilização da Igreja brasileira no
recrutamento e envio, (2) o apoio às organizações missionárias, (3) o apoio às instituições de ensino
e preparo missionário, teológico, missiológico, antropológico e linguístico, e (4) muita oração.
As 37 etnias com confirmado ou possível risco de extinção bem como as 111 em processo de
urbanização formam dois grupos com movimentos demográficos distintos, mas igualmente carentes
de evangelização e discipulado.
De tradução e uso das Escrituras
O desafio nesta área se faz presente tanto nas 10 línguas com carência confirmada de tradução
bíblica, nas 28 com necessidade de um projeto especial de oralidade, como também nas 54 que
possuem projetos linguísticos e de tradução em andamento. É imperativo apoiarmos aqueles que já
estão no caminho, com longo trabalho já realizado, e não somente investirmos em novas iniciativas.
Há também um desafio apresentado em muitas etnias que já possuem a Bíblia, ou porções
bíblicas, em sua língua materna, e se refere ao uso das Escrituras. Há 17 etnias com acesso à Bíblia
(seja porção, Novo Testamento ou Velho Testamento) na língua materna, mas sem indígenas
evangélicos entre eles. Ou seja, a Bíblia está presente, mas não está sendo usada. Há ainda outras 25
etnias com o mesmo acesso à Bíblia, e com existência da igreja indígena local, mas sem liderança
própria.
Vemos, portanto, que nesta área precisamos olhar para os que já estão caminhando, para que
não parem ao longo do caminho; para os que irão iniciar a caminhada com novos desafios, e para
aqueles cujo trabalho de tradução já foi concluído, mas o uso das Escrituras necessita ser reavivado.
Precisamos de educadores e mestres na mesma proporção que linguistas e tradutores.
De treinamento indígena
As 99 etnias com igreja evangélica, mas sem liderança própria, representam a extensão do
desafio de treinamento em nossos dias. Junta-se a isto o fato de que 67 destas etnias possuem
pouco acesso a cursos bíblicos, e 54 não possuem nenhum acesso.
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A Igreja Indígena vive um momento de crescente interesse na capacitação bíblica e em outras
diversas áreas, porém sofre com a ausência de treinamento perante a demanda e necessidade. É
necessário observarmos para onde o vento sopra e nos juntarmos a este movimento. Entre os anos
de 2006 e 2007 há registro de 1.690 indígenas que participaram de encontros e congressos do
CONPLEI ou apoiados pelo CONPLEI. Em 2008 e 2009 este número subiu para 2.350, demonstrando o
grande interesse pela comunhão inter-étnica, treinamento e capacitação.
Há, portanto, necessidade de fortalecer os seminários e cursos já implementados para o
treinamento indígena, investir em novas iniciativas como a Capacitação Bíblica Missionária Indígena
(CBMI) e também encorajar os movimentos de treinamento de própria iniciativa indígena, como o
CONPLEI.
Uma das conclusões estratégicas mais claras e urgentes nestes últimos anos é esta: é
necessário investir de forma intencional e abundante no treinamento dos líderes indígenas
evangélicos.
De novos missionários e iniciativas
Como foi mencionado há grande necessidade de no mínimo 500 novos missionários nos
próximos anos para fazer frente às demandas e oportunidades. É de senso comum que eles (1)
tenham compromisso com Cristo e a obra missionária entre os povos indígenas; (2) estejam
desejosos de se envolverem com desafios e programas de médio e longo prazo; (3) sejam aptos ao
aprendizado de uma nova língua e cultura; (4) tenham forte desejo de se envolverem com o universo
indígena de forma integral; (5) sejam aprovados segundo a Palavra de Deus (1 Timóteo 3).
Há necessidade de novos missionários tanto para a condução de projetos mais antigos, em
andamento, como em novas iniciativas. Em ambas as situações as principais atividades são:
(1) Evangelização e plantio de igrejas; (2) Discipulado e treinamento de líderes indígenas;
(3) Desenvolvimento de ações sociais relevantes; (4) Tradução bíblica e projetos especiais de
oralidade; (5) Apoio especializado: logística, transporte e comunicação; missiologia, linguística e
antropologia; (6) Pesquisa e desenvolvimento de estratégias.
De apoio a projetos em andamento
É necessário atenção às atividades missionárias em andamento, especialmente aquelas que
estão em fase de consolidação ou conclusão (mais de 10 anos). Pela índole da Igreja Evangélica
Brasileira, e seu afã por novas iniciativas, não raramente deixamos para trás preciosas sementes que
foram lançadas na terra há uma ou mais décadas e que precisam de maior atenção e apoio. Refiro-
me, portanto, à presença missionária em 182 etnias, aos 257 programas sociais em atividade, aos
projetos de linguística e tradução em 54 línguas, aos três grandes movimentos evangélicos indígenas
e aos 16 seminários e cursos com ênfase no treinamento indígena. Há clara necessidade de apoio
para a consolidação e continuidade de tais atividades.
De apoio especializado
Em diversas atividades missionárias há necessidade de apoio técnico especializado, essencial
para a qualidade da produção. Podemos citar áreas como a linguística, antropologia, missiologia,
pesquisa, desenvolvimento comunitário, ações sociais, consultoria jurídica, transporte, comunicação
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e logística. Sem um adequado fortalecimento no apoio especializado as ações missionárias entre os
povos indígenas perderão força, qualidade e oportunidade.
Podemos observar instituições e iniciativas como Asas do Socorro e sua atuação no apoio
logístico, transporte, comunicação e ações sociais. Tais iniciativas, especializadas, multiplicam as
ações missionárias, melhoram a qualidade do serviço e são parte fundamental para o trabalho
realizado.
CONCLUSÃO
O sincero desejo de se relacionar de forma relevante com os povos indígenas não é suficiente
para assegurar posturas, abordagens e iniciativas acertadas. Faz-se necessário um relacionamento
dialógico, constante auto-avaliação e discernimento.
A AMTB, em seu código de valores, expresso na introdução do livro A Questão Indígena,
Editora Ultimato, afirma que o movimento missionário evangélico possui alvos de forte colaboração
com a preservação cultural, social e lingüística das sociedades indígenas de nosso país, tais como:
– Contribuir para que o indígena valorize e permaneça em sua própria terra natal (sua ‘homeland’)
evitando migrações tempestivas e com conseqüência social negativa para as beiras dos
grandes rios, centros em urbanização ou urbanizados.
– Colaborar para que haja um bom programa de educação na própria língua materna, valorizando-a
e possibilitando que seus fatos históricos e sociais sejam por eles registrados, preservados e
transmitidos perante este contexto de rápida influência social externa que não raramente
invalida o valor da língua materna para um grupo.
– Colaborar para que haja programas em áreas vitais, como a saúde, que responda às necessidades
essenciais dos grupos indígenas.
– Contribuir para que, em processos já em andamento de integração com a sociedade não indígena,
se colabore com os mecanismos de valorização étnica, cultural e lingüística, a fim de que o
grupo não seja diluído perante a sociedade maior. Também colaborar com o grupo em sua
busca por uma convivência digna com outros, quando fora da sua terra natal.
Mais adiante expõe sua crença no evangelho que liberta e, como tal, seu desejo de partilhá-lo
com todos os povos. Para tal, distingue a evangelização da catequese dizendo: Esta evangelização
difere-se da catequese em relação ao conteúdo, abordagem e comunicação. O conteúdo da catequese é
a Igreja, com seus símbolos, estrutura e práticas, sua eclesiologia. O conteúdo da evangelização é o
evangelho, os valores cristãos centrados em Jesus Cristo. A abordagem da catequese é impositiva e
coercitiva. A abordagem da evangelização é dialógica e expositiva. A catequese se comunica a partir dos
códigos do transmissor, sua língua e seus costumes, importando e enraizando valores. A evangelização
se dá com a utilização dos códigos do receptor, sua língua, cultura e ambiente, respeitando os valores
locais e contextualizando a mensagem.
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Cremos, portanto, que a experiência transformadora de João Batista é plano de Deus para
todo o mundo: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo”. (Jo 1: 29)
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
IBGE, 2005. Tendências demográficas: uma análise dos indígenas com base nos resultados da
amostra dos censos demográficos 1991 e 2000. Rio de Janeiro: IBGE.
FUNASA, 2009. Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena – Siasi – Demografia dos Povos
Indígenas. Quantitativos de pessoas. Consulta online: www.funasa.gov.br
KRAUSS, M. The world’s languages in crisis. Language, n. 68, 1992.
LEWIS, Paul, editor. Ethnologue: Languages of the World. 16th edition. Dallas, Tex.: SIL International.
Online version: www.ethnologue.com
MOORE, D. Brazil: Language Situation. In: BROWN, K. (org. geral). Encyclopedia of language and
linguistics. Oxford: Elsevier, 2006.
PAGLIARO, Heloísa (org.), Demografia dos Povos Indígenas no Brasil, Rio de Janeiro, Editora Fiocruz
e Associação Brasileira de Estudos Populacionais, 2005.
RICARDO, C. A. & Ricardo, Fany. Povos indígenas no Brasil 2000/2006. São Paulo: Instituto
Socioambiental, 2006.
SILVA, Cácio. Tradução da Bíblia para línguas indígenas do Brasil: Realizações, desafios e
possibilidades. Revista Povos, ano 1, n.2. Rio de Janeiro: Betesda, 2006.
SOUZA, Isaac Costa de & Lidório, Ronaldo (Org). A questão indígena: Uma luta desigual.
Viçosa: Ultimato, 2008
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ETNIAS INDÍGENAS BRASILEIRAS
DEMONSTRATIVO ESTATÍSTICO 2010
Organizador: Ronaldo Lidório
Demonstrativo Étnico
Total de etnias: 340
Reconhecidas oficialmente: 228
Isoladas: 27
Parcialmente isoladas: 10
A pesquisar: 25
Possivelmente extintas: 09
Ressurgidas: 41
111 etnias urbanizadas ou em processo de urbanização. Principais fatores:
Busca por educação formal em Português
Proximidade à uma melhor assistência de saúde
Acesso a produtos assimilados (especialmente roupas, alimentos, material de
caça e pesca, entretenimento e álcool)
Busca por melhor subsistência
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Demonstrativo Demográfico
População total: 616.000 indivíduos
52 % vivendo em aldeamentos
48 % vivendo próximo a áreas urbanizadas ou em áreas urbanas
Distribuição da população nas Etnias
De 1 a 100 pessoas: 35
De 101 a 500 pessoas: 85
De 501 a 1.000 pessoas: 31
De 1.001 a 5.000 pessoas: 56
De 5.001 e 10.000 pessoas: 10
De 10.001 a 20.000 pessoas: 07
Com mais de 20.000 pessoas: 04
Com população partilhada com países limítrofes: 36
Com população indeterminada: 76
611 Terras Indígenas (TIs) reconhecidas ou em fase de reconhecimento
13% das terras do país
21% da Amazônia legal
Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
13
Demonstrativo de Risco de Extinção
Total de Etnias: 49
Etnias recentemente reconhecidas como extintas: 03
Etnias possivelmente extintas: 09
Etnias com confirmado risco de extinção: 11
Etnias com possível risco de extinção: 26
Principais contribuintes para o processo de extinção:
População inferior a 35 pessoas
Elementos socioambientais desfavoráveis
Limitado acesso à assistência de saúde
Conflitos e dispersão
Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
14
Demonstrativo de Representatividade Evangélica
Etnias com representantes evangélicos indígenas: 150
Com igreja e liderança local: 51
Com igreja, mas sem liderança local: 99
Etnias com presença missionária evangélica: 182
Com representantes evangélicos indígenas: 132
Sem representantes evangélicos indígenas: 50
Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
15
Etnias com presença missionária evangélica: 182
Com um programa social ativo: 92
Com dois programas sociais ativos: 54
Com três ou mais programas sociais ativos: 19
Sem programas sociais ativos: 17
Seminários e cursos com ênfase no preparo indígena: 16
Movimentos nacionais evangélicos indígenas: 3
CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas)
AMEI (Associação de Mulheres Evangélicas Indígenas)
AITE (Associação Indígena de Tradudores Evangélicos)
Indígenas evangélicos que participaram de encontros do CONPLEI
2006 – 2007: 1.690
2008 – 2009: 2.350
Líderes evangélicos indígenas que participaram de seminários, cursos e treinamento
2006 – 2007: 485
2008 – 2009: 512
Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
16
Demonstrativo quanto à Evangelização
Etnias pouco ou não evangelizadas: 121
Com acesso viável: 74
Com acesso restrito: 34
Com acesso parcialmente restrito: 13
Etnias sem presença missionária evangélica: 147
Conhecidas: 95
Isoladas: 27
A pesquisar: 25
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17
Demonstrativo Linguístico e de Tradução Bíblica
Línguas indígenas do Brasil: 181
Descrição linguística
13% possui descrição completa
38% possui descrição avançada
29% possui descrição incipiente
19% possui pouca ou nenhuma descrição
1% em situação indefinida
Projetos em andamento: 54 línguas (servem a 57 etnias)
Análise linguística em andamento: 23
Tradução bíblica em andamento: 31
Com a Bíblia completa, NT ou porções: 58 línguas (servem a 66 etnias)
Bíblia completa: 03 línguas (servem a 7 etnias)
Novo Testamento completo: 32 línguas (servem a 36 etnias)
Porções bíblicas: 23 línguas (servem a 23 etnias)
Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
18
Sem a Bíblia traduzida: 69 línguas
Com clara necessidade de tradução: 10
Com necessidade de projeto especial de oralidade: 28
Situação indefinida e a avaliar: 31
Etnias com línguas a avaliar: 59
Acesso restrito ou parcialmente restrito: 30
Acesso viável: 25
Situação indefinida: 04
Etnias falantes do Português: 132
Falantes somente do Português: 66
Bilíngues ou Trilíngues com o Português: 66
Etnias que expressam necessidade de nova versão bíblica em Português: 48
Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
19
Demonstrativo do Desafio Representado
Desafio de Pesquisa e Avaliação
Etnias remotas (com pouco ou nenhum contato externo): 37
Etnias com risco ou em processo de extinção: 37
Etnias pouco ou não evangelizadas: 121
Etnias urbanizadas ou em processo de urbanização: 111
Etnias com línguas a avaliar, quanto à tradução bíblica: 59
Necessidade de uma nova versão bíblica em Português: 48
Desafio de Evangelização e Discipulado
Etnias pouco ou não evangelizadas: 121 Em áreas viáveis: 74 Em áreas restritas ou parcialmente restritas: 47
Etnias conhecidas e sem presença missionária: 95
Etnias com confirmado ou possível risco de extinção: 37
Etnias em processo de urbanização: 111
Desafio de Tradução e Uso das Escrituras
Etnias com clara necessidade de tradução bíblica: 10
Etnias com necessidade de projeto especial de oralidade: 28
Etnias com acesso à Bíblia na língua materna, mas sem representação evangélica ou uso das Escrituras: 17
Etnias com acesso à Bíblia na língua materna e igreja local, mas sem liderança própria: 25
Coordenação de Pesquisa – Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB 2010
20
Desafio de Treinamento Indígena
Etnias com igreja evangélica, mas sem liderança própria: 99
Etnias com igreja evangélica, mas pouco acesso a treinamento bíblico: 67
Etnias com igreja evangélica, mas nenhum acesso a treinamento bíblico: 54
Desafio de Novos Missionários
Com compromisso com Cristo e a obra missionária
Com envolvimento de médio/longo prazo
Aptos ao aprendizado de uma nova língua e cultura
Com forte desejo de um envolvimento integral com o desafio indígena
Desafio de Novas Iniciativas
Evangelização e plantio de igrejas
Discipulado e treinamento de líderes indígenas
Desenvolvimento de ações sociais relevantes (saúde, educação e inclusão social)
Tradução bíblica e projetos especiais de oralidade
Apoio especializado: transporte, logística, comunicação, linguística e antropologia
Pesquisa e desenvolvimento de estratégias
Desafio de apoio a projetos em andamento
Atividades missionárias em fase de consolidação ou conclusão (mais de 10 anos)
Atividades missionárias especializadas (linguística, antropologia, desenvolvimento de ações sociais e apoio logístico)
Atividades de treinamento indígena
Departamento de Assuntos Indígenas da AMTB Coordenação de Pesquisa – A/C Ronaldo Lidório
Caixa Postal 4237 - Manaus-AM - 69053-971 Email: [email protected] Site: www.indigena.org.br
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