Fernando Pessoa Ortónimo
Síntese
Adaptado de http://projectoviarapida.wikispaces.com/file/view/PESSOA-ort%C3%B3nimo.pdf
Externato Nossa Senhora de Fátima
Português
12º AnoA professora: Raquel Martins
A fragmentação do “eu”/o tédio existencial• Tendência para a intelectualização
• Permanente processo de auto-análise • Dúvida e indefinição face à sua identidade, a
angústia do auto-desconhecimento (“Por isso, alheio, vou lendo / Como páginas meu ser”)
-Incapacidade de viver a vida-Tédio e angústias existenciais-Desalento e cepticismo profundos
A “dor de pensar” –a solidão de ser
• A procura constante da racionalidade
• Consequente tragédia íntima que o dilacera…
… querer sentir de forma racional… conciliar o binómio
sentir/pensar
A nostalgia de uma infância mítica
• F. Pessoa sente saudade da infância
Trata-se de nostalgia -imaginada intelectualmente-trabalhada-literariamente sentida como-“um sabor de infância triste”
A saudade é uma “atitude literária”, símbolo de pureza, inconsciência, sonho, paraíso perdido.
carta a João Gaspar Simões, 11/12/1931
A nostalgia de uma infância mítica
• tom de lamento é consequência do confronto com a criança que outrora foi…
… numa Lisboa sonhada,… numa Lisboa real, porque familiar.
(onde passou 5 anos da sua vida, numa forte relação com a mãe)
A nostalgia de uma infância mítica
• A infância como refúgio
Motivações -insatisfação com o presente -incapacidade de viver o presente em plenitude
Características -desprovida de experiência biográfica;-submetida a um processo de intelectualização.
A nostalgia de uma infância mítica
Avidaésentidacomoumacadeiadeinstantesqueunsaosoutrossevãosucedendo,semqualquerrelaçãoentreeles,provocandonopoetaosentimentodafragmentaçãoedafaltadeidentidade;Opresenteéoúnicotempoporeleexperimentado(emcadamomentoseédiferentedoquesefoi);Opassadonãoexistenumarelaçãodecontinuidadecomopresente;
Temumavisãonegativaepessimistadaexistência;ofuturoaumentaráasuaangústia,porqueéoresultadodesucessivospresentescarregadosdenegatividade
O tempo e a degradação: o regresso à infância
• “Quando as crianças brincam”
a evocação da infância surge como motivo de criação poética:
-o real (a brincadeira das crianças) como pretexto para uma reflexão introspectiva“Quando as crianças brincam / E eu as oiço brincar”
-a infância como um tempo onírico“E toda aquela infância / Que não tive me vem”
-a infância como um tempo de felicidade apenas pressentida;
-a articulação passado / presente / futuro: o jogo dos tempos verbais“fui”, “serei”, sou”;
-a permanência da dualidade pensar / sentir“Quem sou ao menos sinta / Isto no coração”.
O tempo e a degradação: o regresso à infância•“Pobre velha música!”
o ouvir da “velha música” faz convergir o passado e o presente:
-presente marcado pela nostalgia do passado“Enche-se de lágrimas / Meu olhar parado.”
-percepção de dois modos de ouvir“Recordo outro ouvir-te,”
-desejo violento de recuperar o passado“Com que ânsia tão raiva / Quero aquele outrora!”
-permanente incapacidade de ser feliz“E eu era feliz? Não sei:/ Fui-o outrora agora.”*
*Oxímoro: intensificação de uma antítese
O tempo e a degradação: o regresso à infância
• Conclusões:
• Desencantoeangústiaacompanhamosentidodabrevidadedavidaedapassagemdosdias;
• Pessoabuscamúltiplasemoçõeseabraçasonhosimpossíveis,masacaba“semalegrianemaspirações”,inquieto,sóeansioso;
• Opassadopesa“comoarealidadedenada”eofuturo“comoapossibilidadedetudo”.OtempoéparaPessoaumfactordedesagregação,namedidaemquetudoébreveeefémero;
• Procurasuperaraangústiaexistencialatravésdaevocaçãodainfânciaedesaudadedessetempofeliz-nostalgiadobemperdido,domundofantásticodainfância.
A fragmentação do “eu”/o tédio existencial
• Correspondências biográficas:-a morte do seu amigo Sá-Carneiro (Abril 1916)-procura insistente da felicidade-dificuldade sem ser entendido (?)-dificuldade em sair do turbilhão em que se enredou-dificuldades de relacionamento–sente-se um ser marginal-insatisfação face ao presente –incapacidade de o viver em plenitude
(fragmentação do ser)-ânsia por vivências, ilusões, sonhos–que possibilitem coisas
impossíveis-desejo de viajar, de ser o que não é
-insatisfação permanente-mesmo o próximo é sentido como longínquo
A fragmentação do “eu”• Sou um evadido• -o sujeito caracteriza a sua realidade pessoal• -concebe uma reflexão filosófica. Temas:• o cansaço de ser uno;• convicção que “Ser um é cadeia”;• tenciona viver fugindo de si mesmo.• -Caracteriza a sua realidade fragmentada (palavras do campo semântico de
prisão e fuga)• -Vê-se como um evadido disposto a fugir sempre do seu próprio ser (vv. 2-
4)
• -As ironias (vv. 4, 11, 12) mostram assunção da fuga aos limites• -É um fugitivo que quer escapar à prisão–SER UNO (est.4)• -O processo de fuga tem um carácter permanente:
• “fugi”; “sou”; “Oxalá”, “Viverei”
• Viajar! Perder países!• -a fragmentaçãotraduzida metaforicamente (v. 1)• -a constante despersonalização(vv. 2, 3, 5)• -a descrençanos motivos para se viver a vida (v. 4)• -a solidãoe a melancoliado sujeito (vv. 4, 5, 10, 11)• -paradoxo: a perda é após a viagem acontecida (v. 1)• -preço a pagar:• fica-se apenas com o sonho tido (vv. 10, 11)
A fragmentação do “eu”/o tédio existencial
• Tudo o que faço ou medito• -a frustraçãoresultante da dualidade “querer” / “fazer”• -a auto-análise conduz a um desdobramento:• -Euque analisa• -Euanalisado• -sentimento de náuseadiante do que realiza (v. 5)• -procura o auto-conhecimento, mas só encontra um espelho sem
reflexo (vv. 11, 12)• -a contradição/conflitoentre a alma e o ser (vv. 7, 8)• -percebe a pulverização do “eu” –a fragmentação em que a unidade
(“mar de além”, passado) se converteu (v. 10)• -a impossibilidadede concretizar os seus anseios(vv. 11, 12)• o conhecimento de si
O tédio existencial• FernandoPessoacontaechoraainsatisfaçã
odaalmahumana.• •Asuaprecaridade,asualimitação,adorde
pensar,afomedeseultrapassar,atristeza,adordaalmahumanaquesesenteincapazdeconstruireque,comparandoaspossibilidadesmiseráveiscomaambiçãodesmedida,desiste,adormece“nummardesargaço”edissipaavidanotédio
O tédio existencial• •“Náusea. Vontade de nada.”• -a desistência da vida• -a incapacidade de agir• -a imagem de um eu “espectador” da vida• -o tédio de tudo:Tudo quanto penso,• Tudo quanto sou• É um deserto imenso• Onde nem eu estou. Extensão parada• Sem nada a estar ali,• Areia peneirada• Vou dar-lhe a ferroada• Da vida que vivi.
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