Tatiana Lika Franco da Rocha
HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA – HPB
SÃO PAULO 2008
FMU
Tatiana Lika Franco da Rocha
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Hiperplasia Prostática Benigna – HPB
Trabalho de conclusão de curso do curso de Medicina Veterinária da FMU, sob orientacão da Professora Ms. Aline Machado de Zoppa.
FMU
Tatiana Lika Franco da Rocha
Hiperplasia Prostática Benigna – HPB
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Defendido e aprovado em 19 de Dezembro de 2008, pela banca examinadora constituída pelos professores:
____________________________________________________ Prof. Ms. Aline Machado de Zoppa FMU – Orientadora ____________________________________________________ Prof. Ms. João Francisco de Azevedo Mattos FMU ____________________________________________________ Mv. Jamara Siqueira FMU
Dedico esta obra a meus amados “filhos”
Zeus e Thor que se mantiveram sempre em
meu coração e pensamento.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu marido Affonso e a meus pais, Lúcia e Roberto, por estarem
sempre ao meu lado, não medindo esforcos para ver meus sonhos realizados.
Aos meus grandes Mestres Dr. Aloísio Gelsi e Dr. Paulo César Conelian, pelos
conhecimentos transmitidos, bem como pela paciência e amizade dispensadas em todo o
processo de aprendizado.
Aos novos amigos, Dra. Bianca Bourbon e Josinaldo que me apoiaram no
aperfeiçoamento da prática e no trato diário com os animais.
A minha orientadora Prof. Ms. Aline Machado de Zoppa pela compreensão e
paciência.
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SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................07
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................08
2. DEFINIÇÃO..............................................................................................................10
3. ETIOLOGIA..............................................................................................................11
4. FISIOPATOGENIA................................................................................................. 12
5. SINTOMAS CLÍNICOS...........................................................................................13
6. DIAGNÓSTICO DAS PATOLOGIAS PROSTÁTICAS......................................15
6.1 História clínica..................................................................................................15
6.2 Exame físico......................................................................................................16
6.3 Urinálise; hemograma completo/quadro bioquímico...................................16
6.4 Exame radiográfico..........................................................................................16
6.5 Exames ultrassonográficos............................................................................. 17
6.6 Exame do sêmen...............................................................................................18
6.7 Massagem prostática........................................................................................18
6.8 Citologia prostática..........................................................................................19
6.9 Biópsia prostática.............................................................................................20
7. TRATAMENTO DA HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA.....................21
7.1 Orquiectomia....................................................................................................22
8. PROGNÓSTICO......................................................................................................23
9. CONCLUSÃO..........................................................................................................24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................25
RESUMO
A hiperplasia prostática benigna é uma enfermidade que acomete cães com
idade avançada (meia idade a idosos) afetando a qualidade de vida do animal, uma vez
que este terá a defecação e micção comprometidas.
Para se ter um diagnóstico definitivo, o veterinário deve tomar como base vários
tipos de exames: ultrassom, radiografia e biópsia da próstata. É de extrema importância
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que tal exploração seja feita para servir como base para diagnóstico diferencial a outras
doenças.
O tratamento de eleição para hiperplasia prostática é a orquiectomia, pois a
terapia medicamentosa traz inúmeras limitações, uma vez que os estrógenos causam
diversos efeitos colaterais, podendo induzir a metaplasia escamosa, agravando a
sintomatologia clínica, além de aumentar as alterações císticas e a inflamação da
próstata, deprimindo a espermatogênese e causando anemia aplásica, trombocitopenia e
leucopenia.
A dose de estrógenos e a duração da terapia podem causar intoxicação,
dependendo da presença de outros fatores, como o estado físico do animal e
parasitismo, os quais poderão alterar o funcionamento da medula óssea.
1. INTRODUÇÃO
A próstata é a única glândula sexual acessória no cão macho, sendo um órgão
bilobulado, com septo mediano na superfície dorsal, localizado predominantemente no
espaço retroperineal, caudal à bexiga, na área do colo da bexiga, proximal à uretra.
(ETTINGER, 1992)
Quando a vesícula urinária está cheia a próstata se localiza em posição pré-
púbica e quando está vazia a mesma se encontra por completo na cavidade pélvica.
(KEALY, MCALLISTER, 2005)
Histologicamente a próstata se apresenta envolta por uma cápsula fibroelástica
rica em músculo liso, enviando septos que penetram na glândula, formando assim um
estroma rico que envolverá os constituintes glandulares. (ETTINGER,1992)
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O epitélio glandular é muito variável, sendo na maioria das vezes identificado
como cilíndrico simples ou pseudo-estratificado. Ainda se verifica o epitélio de
transição, semelhante ao da porção prostática da uretra, perto da terminação dos ductos.
(ROSS; ROMRELL, 1993)
As células no interior da glândula são o epitélio secretor colunar alto e o epitélio
basal, localizado ao longo da membrana basal. (ETTINGER, 1992)
A hiperplasia prostática benigna é o aumento de tamanho da próstata, na qual
ocorre o aumento de número de células prostáticas secundárias à estimulação com
hormônios androgênicos. (FOSSUM, 2002)
A hipertrofia da glândula representa um aumento hipertrófico dependente de
alterações hormonais e é amplamente comum em cães mais velhos que possuem
testículos funcionantes. (FOSSUM, 2002)
A próstata se torna mais pesada com o envelhecimento, ocorrendo o aumento
aparente na sensibilidade da mesma, em virtude do crescimento da glândula pelo
aumento da testosterona, sendo que as concentrações de dihidrotestosterona e
testosterona prostática diminuem com a idade. (ETTINGER, 1992)
As causas principais da hiperplasia incluem proporção anormal de andrógenos
com relação a estrógenos, aumento no número de receptores androgênicos e na
sensibilidade tecidual a andrógenos. O andrógeno primário que promove a hiperplasia é
a dihidrotestosterona. (FOSSUM, 2002)
A função da próstata é produzir o líquido prostático, que representa a totalidade
do líquido seminal. Este líquido possui ácido cítrico, frutose, colesterol, proteínas e, em
algumas espécies animais, aminoácidos livres, sendo rico em zinco. Contém também as
enzimas proteases, glicosidases, aspartato e as fosfatases alcalina e ácida. (ETTINGER,
1992)
O líquido secretado pela glândula é ácido (pH 6,5), incolor e contém enzimas
proteolíticas, inclusive uma fibrinolisina que funciona na liquefacão do sêmen. O nível
de fosfatase ácida e de ácido cítrico representa um índice da função prostática, sendo
uma parte da fosfatase ácida produzida liberada para a corrente sanguínea. (ROSS;
ROMRELL, 1993)
O tamanho da glândula varia de acordo com a idade, o nível hormonal, porte do
animal e a raça. (PIEROBON, 1991)
No decorrer da vida do animal, a próstata passa por três fases. Na primeira
ocorre o crescimento normal da glândula, que é observado em animais jovens. A fase
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hiperplásica ocorre em animais de meia-idade e nos idosos; a fase final é da involução
senil. (ETTINGER, 1992)
Devido a natureza glandular da próstata, podem se desenvolver cistos prostáticos
intraparenquimais em associação com a hiperplasia. Ainda podem ser descritas outras
moléstias tais como: prostatite bacteriana, metaplasia escamosa, abscesso prostático e
neoplasia prostática. (ETTINGER, 1992)
2. DEFINIÇÃO
A hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma enfermidade caracterizada tanto
pelo aumento de número de células (hiperplasia) como pelo aumento do tamanho
celular (hipertrofia). (HARARI, 2004)
Trata-se de uma alteração do envelhecimento, que ocorre apenas em duas
espécies: cães e homem. A hiperplasia é basicamente uniforme e epitelial nos cães, ao
passo que no homem é basicamente estromal e nodular. (BARSANTI; FINCO, 1997)
Uma vez que a hiperplasia é uma alteração observada ao longo do
envelhecimento, esta ocorre concomitantemente com outras moléstias. (ETTINGER,
1992)
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3. ETIOLOGIA
Em cães, a hiperplasia prostática benigna está associada com a relação
androgênio-estrogênio, a qual pode aumentar o número de receptores para andrógenos.
Mesmo com a diminuição da produção de androgênio junto com o envelhecimento do
animal e com o aumento da produção estrogênica a hiperplasia se desenvolve. Vale a
pena ressaltar que é indispensável a presença dos testículos. (BARSANTI ; FINCO,
1997; FOSSUM, 2002)
Além do desbalanço entre os níveis de andrógenos e estrógenos, há um número
de receptores para andrógenos em nível celular, sugerindo um aumento de sensibilidade
tecidual aos andrógenos circulantes. (FOSSUM, 2002)
Com o envelhecimento, ocorre aumento aparente na sensibilidade do
crescimento da glândula prostática pela testosterona, uma vez que a secreção de
testosterona e as concentrações de dihidrotestosterona e testosterona prostática
diminuem com a idade. (ETTINGER, 1992)
Devido às mudanças no catabolismo e ao aumento na sua ligação aos receptores,
a dihidrotestosterona se acumula. (BARSANTI; FINCO, 1997)
A hiperplasia é comum em animais a partir de 05 (cinco) anos de idade, sem
predisposição de raça e muitas vezes não há manifestação clínica patológica
significativa, podendo levar, em outros casos em sua evolução, a outros processos
inflamatórios agudos e crônicos, bacterianos, abscessos, neoplasias e formações císticas.
(ETTINGER, 1992)
É comum também a ocorrência simultânea de hérnia perineal com
comprometimento da próstata. (PIEROBON, 1991)
4. FISIOPATOGENIA
A função da próstata é produzir líquido prostático como meio de transporte e
suporte para os espermatozóides durante a ejaculação. Sob o estímulo parassimpático
que ocorre durante a ereção, a próstata aumenta a taxa de produção de líquido e sob o
estímulo simpático, expulsa o líquido durante a ejaculação. (ETTINGER, 1992)
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A testosterona sofre a ação da enzima 5 alfa redutase, transformando-se em
dihidrotestosterona. Este último hormônio no interior da glândula provavelmente serve
como um mediador hormonal para a hiperplasia e se acumula devido às mudanças no
catabolismo. O processo hiperplásico pode ser facilitado pelos estrógenos, os quais
podem aumentar o número de receptores para andrógenos. (BARSANTI; FINCO, 1992;
FOSSUM, 2002)
A hiperplasia prostática benigna se manifesta devido a uma conversão
anormalmente elevada de testosterona em dihidrotestosterona que se acumula de
maneira anormal. (FOSSUM, 2002)
Mesmo havendo uma baixa produção de andrógenos, o que ocorre com o
envelhecimento do animal, desde que ocorra um aumento da produção de estrógenos
(estroma e radiol), a hiperplasia se desenvolve. Embora o tamanho aumente com a
hiperplasia, a função secretória da próstata diminui. (BARSANTI; FINCO, 1992)
A vascularidade da próstata fica aumentada nos casos de HPB e a glândula fica
com tendência ao sangramento. (BARSANTI; FINCO, 1997)
No cão, a hiperplasia começa na forma de hiperplasia cística. Frequentemente
cistos intraparenquimatosos se comunicam com a uretra, e podem ser maiores na
periferia da glândula. Quase todos os machos sexualmente intactos apresentarão
hiperplasia prostática benigna com o passar do tempo, contudo a maioria não
apresentará sinais clínicos. (BARSANTI; FINCO, 1997)
5. SINAIS CLÍNICOS
Muitas vezes a hiperplasia prostática benigna pode estar presente sem estar
associada a outros sinais clínicos da doença, pois o cão acometido mostra-se alerta,
ativo e não febril, sendo um achado post-mortem em cães de meia idade ou idosos.
(BARSANTI; FINCO, 1992)
Há duas formas: a não complicada, que se caracteriza por não apresentar
sintomatologia clínica ou apenas o tenesmo como sintoma; e a complicada apresenta
quadros de comprometimento de outros sistemas, principalmente de trato urinário.
(BARSANTI; FINCO, 1997)
Os sintomas mais comuns nas alterações prostáticas, segundo ETTINGER
(1992), BARSANTI; FINCO (1997) e HARARI (2004) são:
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• Tenesmo: ocorre quando a ampliação da próstata atravessa o reto, devido à
compressão no canal pélvico; a constipação pode ocorrer secundariamente, anulando a
dor associada a defecação.
• Hematúria: dá-se devido ao refluxo de sangue proveniente da uretra prostática
para dentro da bexiga. Pode estar associada com uma cistite bacteriana concorrente.
• Retenção urinária: ocorre devido ao estreitamento do lúmen da uretra
prostática. Quando esta for crônica, haverá distensão permanente da bexiga,
promovendo atonia do órgão, que resultará em incontinência urinária.
• Disúria/estrangúria: estão presentes quando há obstrução parcial ou total da
uretra, resultante do aumento prostático.
• Corrimento uretral: apresenta-se sempre com traços de sangue, devido
exudação de sangue, pus, e/ou fluido prostático na uretra.
• Infecção recidivante do trato urinário: no macho canino está relacionada à
prostatite bacteriana crônica.
• Hipertermia, depressão, anorexia, vômito e diarréia: são sinais de
comprometimento sistêmico mais comumente encontrado nos casos de prostatites
bacterianas e abscessos prostáticos.
• Distensão abdominal: causada por cisto paraprostático ou abscesso prostático.
• Dor abdominal caudal, dor lombar e/ou comprometimento de membro
pélvico: associados com metástase de neoplasia prostática para musculatura, estruturas
ósseas ou então a peritonite por abscesso prostático.
• Edema de membro pélvico: secundário ao comprometimento linfático por
metástase de neoplasia prostática.
• Outras condições clínicas associadas: prejuízo da libido, infertilidade,
septicemia, hérnia perineal e tumor testicular.
A hérnia perineal provavelmente é resultado de esforço abdominal que causa
debilidade do diafragma pélvico. Existem evidências que a hérnia perineal e
enfermidades prostáticas se relacionem endocrinamente, já que ambas são observadas
em machos idosos. (HOWARD, 1980)
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6. DIAGNÓSTICO DAS PATOLOGIAS PROSTÁTICAS
As principais técnicas de diagnóstico para as moléstias prostáticas são o
histórico, palpação da próstata, radiografia, ultrassonografia, exame citológico e
microbiológico do líquido prostático coletado por ejaculação ou após massagem
prostática.
O diagnóstico definitivo só é possível por meio de obtenção de biópsia. O
diagnóstico presuntivo pode ser firmado pela história clínica e exame físico, com ajuda
da hematologia, urinálise e análise do líquido prostático, dependendo da gravidade da
queixa de apresentação. A biópsia não é recomendável para a confirmação de
diagnóstico se os sinais clínicos forem típicos. A resposta à castração poderá ser
utilizada com meio auxiliar para a confirmação do diagnóstico. (ETTINGER, 1992,
BARSANTI; FINCO, 1997)
6.1 História clínica
Deve ser obtida a história clínica completa, incluindo a queixa principal e a
revisão do estado geral da saúde do cão. Deve-se determinar a natureza, gravidade,
duração e progressão do sinal de apresentação anormal. (ETTINGER, 1992)
A ocorrência de qualquer sinal sistêmico de enfermidade (dor não localizada,
depressão, anorexia, vômito, diarréia), qualquer claudicação ou qualquer alteração na
ingestão de água ou na produção urinária podem ser pistas importantes para elucidação
da natureza da afecção. (BARSANTI; FINCO, 1997)
O diagnóstico para a hiperplasia prostática benigna é sugerido quando se
observam tenesmo, hemorragia uretral e/ou hematúria no cão não castrado, de meia
idade ou mais velho, sadio. (NELSON; COUTO, 1994)
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Se houver comprometimento sistêmico, o animal irá apresentar febre,
depressão, anorexia, vômitos e diarréia, que são sinais comumente encontrados nos
casos de prostatite bacteriano ou abscesso prostático. (KAY, 1994)
Dentre os sintomas menos comuns há a hipertermia, infertilidade, obstrução
uretral e anormalidade na postura devido à metástases ósseas no caso de neoplasia
prostática. (ETTINGER, 1992)
6.2 Exame físico
O exame da próstata é efetuado mais adequadamente com a abordagem com as
duas mãos, utilizando a palpação retal digital e a palpação abdominal caudal. A mão
que está apalpando a porção caudal do abdômen pode avaliar os aspectos craniais da
glândula, pode simultaneamente empurrar a próstata para o interior do canal pélvico, ou
para suas proximidades, para a palpação via retal mais adequada. (BARSANTI; FINCO,
1997)
Deve-se avaliar o tamanho, simetria, contorno da superfície glandular,
consistência, mobilidade e dor da próstata. A glândula prostática normal é simétrica,
possui a superfície lisa, o sulco está conservado, a consistência é normal e a dor é fraca
ou nula. (BARSANTI; FINCO, 1997)
O tamanho varia com a idade, tamanho corporal e raça, de forma que julgar se o
tamanho está normal é muito subjetivo. Se houver suspeita de aumento de tamanho, as
medidas devem ser registradas para que a progressão possa ser seguida. (OLSON, et al.,
1988)
O estado de repleção da vesícula urinária também influi na localização da
glândula. Quando está repleta, a próstata se encontra cranialmente ao arco púbico, e
quando vazia situa-se intrapélvica, facilitando a sua avaliação pelo toque retal.
(KEALY, MCALLISTER, 2005)
6.3 Urinálise; hemograma completo/quadro bioquímico
A análise do fluido prostático é de difícil utilização devido à dificuldade de
obtenção da amostra, grau de invasibilidade, possibilidade de contaminação por agentes
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provenientes via urina ou uretra e até mesmo pela inabilidade de confirmação do fluido
na coleta obtida por um técnico não experiente. (KAY, 1994)
6.4 Exame radiográfico
Radiologicamnente a próstata pode ser avaliada quanto ao tamanho, formato,
localização e densidade. Entretanto, as variações dessas características não revelam
especificamente qualquer das patologias, servindo apenas como auxiliares no
diagnóstico diferencial de algumas delas. (KEALY; MCALLISTER, 2005)
A radiografia abdominal raramente determina a etiologia específica da doença
prostática, mas pode revelar alterações da glândula como: assimetria, formacão
anormal no abdômen caudal preenchida por fluido, mineralização da glândula
prostática, ampliação do nódulo linfático ilíaco, reações periostais do osso vertebral ou
pélvico, retenção urinária ou fecal ou presença de tecido macio no abdômen caudal.
(ETTINGER, 1992; KEALY, MCALLISTER, 2005)
A glândula de dimensões normais não desloca o cólon ou a bexiga de sua
posicão normal. (BARSANTI; FINCO, 1997)
Na maioria dos casos a presença de um aumento da próstata pode ser
demonstrada somente com o uso de um contraste. (ETTINGER, 1992; KEALY,
MCALLISTER, 2005)
A uretrocistografia retrógrada por distensão da bexiga permite melhor avaliação
da uretra prostática e próstata, mas traz complicações como hematúria, indução da
infecção do trato urinário e a possibilidade de ruptura da bexiga. (BARSANTI; FINCO,
1992)
A uretra prostática pode se apresentar normal, estreitada e sinuosa na hiperplasia
prostática benigna. O refluxo na uretra prostática pode estar maior do que o normal.
Radiografias de tórax devem ser realizadas quando houver suspeita de neoplasia
prostática, para evidência de metástase. O adenocarcinoma prostático faz metástase
através da via linfática para linfonodos sublombares, corpos vertebrais e pulmões.
(BARSANTI; FINCO, 1992)
Quando a próstata está significativamente aumentada, frequentemente haverá
necessidade de uretrografia excretora, para que seja determinado se está ocorrendo
obstrução uretral. (BARSANTI; FINCO, 1997)
6.5 Exames ultrassonográficos
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A consistência da próstata pode ser melhor avaliada pela ultrassonografia,
comparativamente à radiografia. A glândula prostática pode ser frequentemente
visualizada pela ultrassonografia, visto que este órgão, quando aumentado, assume
posição abdominal por haver poucas estruturas entre a pele e a próstata, e visto que a
bexiga pode ser utilizada como ponto de referência. Geralmente os cães podem ser
examinados em decúbito dorsal, sem sedação. (ETTINGER, 1992; BARSANTI;
FINCO, 1997)
Estruturas císticas, pequenas, múltiplas e difusas são identificadas comumente à
ultrassom. O exame ultrassônico demonstra um envolvimento relativamente simétrico,
difuso em toda a próstata. (ETTINGER, 1992; FOSSUM, 2002)
O ultrassom pode ser utilizado para avaliação da glândula e para guiar a
aspiração com agulha ou biópsia, podendo se observar: prostatomegalia; cisto prostático
(hipoecóico) ou abscesso (anecóico); cisto paraprostático; áreas focais ou multifocais de
aumento de ecogenicidade (prostatite bacteriana ou neoplasia) e linfoadenopatia ilíaca.
(ETTINGER, 1992)
Nas diversas patologias a ecogenicidade está geralmente aumentada. Na
hiperplasia prostática benigna a glândula frequentemente apresenta-se dentro da
normalidade, porém pode se apresentar hiperecogênica. (KEALY, MCALLISTER,
2005)
A combinação da uretrocistografia retrógrada com a ultrassonografia pode ser válida,
visto que a distensão da bexiga pode ajudar na identificação da glândula prostática.
(ETTINGER, 1992)
6.6 Exame do sêmen
O ejaculado do cão é valioso na determinação de moléstias prostáticas, pois o
líquido prostático compõe mais de 95% do sêmen. O líquido prostático é a última fração
do ejaculado. Para coletar o sêmen pode-se utilizar a estimulação manual ou a utilização
de um manequim. Parte do ejaculado é utilizado para o exame microscópico e outra
parte é utilizada para cultura bacteriana quantitativa. Os altos números de organismos
gram-positivos ou gram-negativos com um grande número de leucócitos ocasionais
indicam infecção. Pode ser encontrado sangue no ejaculado de cães com infecção
bacteriana, cistos prostáticos, neoplasia prostática e hiperplasia. Uma anormalidade no
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ejaculado não localiza o problema na próstata, uma vez que os testículos, epidídimo,
ductos deferentes e uretra compõem e transportam o ejaculado. (ETTINGER, 1992)
6.7 Massagem prostática
Uma forma alternativa para obter o líquido prostático é a massagem quando não
se consegue coletar o sêmen. O cão deve estar com a bexiga vazia (permitindo assim,
que ele urine primeiramente) e com a introdução de um cateter urinário lavá-la com
solução salina para assegurar que ela esteja vazia. A última lavagem é guardada como
amostra pré-lavagem. A próstata é massageada por via retal, abdominal ou por ambas
durante dois minutos; logo após se adiciona novamente a solução salina pelo catéter e a
uretra é ocluída ao redor do catéter para evitar o refluxo para fora do orifício uretral. O
catéter é avançado até atingir a bexiga com aspirações repetidas. Tanto a amostra pré-
massagem quanto a pós-massagem são examinadas microscopicamente e através da
cultura quantitativa. Através da comparação das duas amostras é possível identificar se
a alteração encontrada foi devido ao líquido prostático e não infecção de bexiga ou
uretra. (ETTINGER, 1992)
A amostra pós-massagem deve ser transparente em cães normais, são observadas
apenas algumas hemácias, leucócitos, células epiteliais pavimentosas e de transição.
Quando o número de bactérias nessa amostra for superior ao número de bactérias
contidas na amostra pré-massagem, será provável a infecção. (BARSANTI; FINCO,
1997)
6.8 Citologia prostática
Na hiperplasia prostática benigna, a citologia revela hemorragias e inflamação
leve sem sepse; apresentando células epiteliais prostáticas, hemácias e alguns
leucócitos. O que confirmará as alterações hiperplásicas será a histopatologia.
(FOSSUM, 2002)
6.9 Biópsia prostática
O método diagnóstico mais definitivo para diferenciar patologias prostáticas é a
biópsia, mas também é o mais invasivo. (NELSON; COUTO, 1994)
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É utilizado quando achados clínicos menos invasivos não indicam provável
diagnóstico, quando a terapia para a afecção subjacente suspeitada não obtém êxito ou
quando o provável diagnóstico é enfermidade séria. As amostras obtidas pela biópsia
podem ser utilizadas para cultura bacteriana e citologia, bem como serão fixadas e
processadas para exame histológico. (BARSANTI; FINCO, 1997)
A biópsia pode ser realizada por via perirretal ou transabdominal, ou então ser
realizada diretamente durante o ato cirúrgico. O procedimento percutâneo pode ser
realizado com tranquilização e anestesia local, sendo a agulha direcionada através da
palpação retal ou de ultrassom. A amostra de tecido é utilizada para cultivo
microbiológico e exame histológico. Como complicações da biópsia podem ser citadas
a hematúria branda e a hemorragia significativa. A biópsia é indicada para o diagnóstico
de metaplasia escamosa, neoplasia e hiperplasia prostática benigna, embora alguns
autores não a recomendem se os sinais clínicos da hiperplasia prostática benigna forem
típicos. (ETTINGER, 1992)
7. TRATAMENTO DA HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA
A orquiectomia é a melhor solução, portanto não provoca efeitos secundários, e
resultará em diminuição de 70% do tamanho da próstata. A glândula começa a involuir
dentro de dias, esperando-se o decréscimo palpável no tamanho da próstata dentro de 7
a 14 dias. A secreção prostática se tornará mínima por volta de 7 a 16 dias após a
castração. (BARSANTI; FINCO, 1997)
Quando a castração não for possível, utilizam-se baixas doses de estrógenos. Os
estrógenos provocam atrofia prostática devido à diminuição da concentração dos
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andrógenos, através da depressão da secreção das gonodatropinas pela glândula
pituitária. Esses hormônios atuam principalmente diminuindo o tamanho da próstata
mediante a diminuição da massa celular. (BARSANTI; FINCO, 1997)
Em um estudo, 0,1 mg de dietilstilbestrol injetável por dia, por 5 dias reduziu
notavelmente a capacidade secretora da próstata durante 2 meses. (BARSANTI;
FINCO, 1997)
Segundo (FOSSUM, 2002), a terapia estrogênica não é recomendada, pois pode
induzir a metaplasia escamosa agravando a sintomatologia clínica, podendo causar
também infertilidade, abscedação e anemia aplásica.
O uso de antiandrógenos a longo prazo não são tão eficazes quanto a castração.
As drogas que inibem a síntese andrógena ou “neutralizam” os efeitos dos andrógenos
podem inibir a espermatogênese e causar oligospermia/azoospermia. (BARSANTI;
FINCO, 1997; NELSON; COUTO, 1994)
O acetato de megestrol é um progestágeno com propriedade antiandrogênica
inibidor da 5 alfa redutase e age interferindo na conversão de testosterona para
dihidrotestosterona. A dose recomendada é 0,55 mg por Kg por via oral durante 4
semanas ou 0,11 mg por Kg por via oral durante 1 ano. Supostamente o acetato de
megestrol reduz o tamanho da próstata sem reduzir o número de espermatozóides.
(KAY; NELSON; COUTO, 1994)
A flutamida (antiandrógeno) evita os efeitos dos estrógenos; ela bloqueia a
atividade da dihidrotestosterona na próstata ao competir pelos receptores para este
agente. Foi administrado em cães em pesquisa na dose de 5 mg por Kg por dia via oral
durante 1 ano. Dentro de 6 semanas o tamanho da próstata diminuiu sem que houvesse
alteração na libido, na produção de espermatozóides ou fertilidade, porém, a hiperplasia
recidivou dois meses após a interrupção da medicação. (BARSANTI; FINCO, 1997)
O acetato de delmadinone é um inibidor androgênico licenciado para uso em
cães com hiperplasia. A dose recomendada é de 1,5 a 2 mg por Kg para cães com peso
inferior a 10 Kg, 1 a 1,5 mg por Kg para cães com peso entre 10 e 20 Kg e 1 mg por kg
para cães com peso maior de 20 kg. A administração é subcutânea ou intramuscular.
Embora seja licenciada, é contra indicada para cães com histórico de decréscimo da
fertilidade ou diminuição da libido ou macho reprodutor. (KAY, 1994)
Cetoconazol é um medicamento anti-fúngico, análogos do hormônio liberador
de gonodatropinas (GnRH) que bloqueia a liberacão de hormônios luteinizantes, são
também antiandrogênicos. Estes são essencialmente, castradores químicos, não trazendo
então vantagens superiores a castração cirúrgica em cães. (BARSANTI; FINCO, 1997)
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7.1 Orquiectomia
Existem 3 tipos de orquiectomia: castração pré-escrotal aberta, castração pré-
escrotal fechada e castração perineal. (BOJRAB, 1996; FOSSUM, 2002)
Nos cães, a orquiectomia é realizada sob anestesia geral e geralmente é utilizada
uma sonda endotraqueal para desobstrução das vias aéreas. (BOJRAB, 1996)
8. PROGNÓSTICO
O prognóstico é considerado excelente nos casos em que se realiza a
orquiectomia. (FOSSUM, 2002)
A terapia sintomática sozinha pode ser útil no início, mas sem a orquiectomia os
sintomas recidivam ou pioram. (FOSSUM, 2002)
20
9.CONCLUSÃO
Dentre as moléstias prostáticas a mais comum em cães é a hiperplasia prostática
benigna.
A hiperplasia prostática benigna é mais comum em cães inteiros e idosos, e não
existe predisposição de raça.
Os sintomas clínicos mais comuns são tenesmo, hematúria e disúria decorrentes
do aumento do volume da próstata.
O diagnóstico para a hiperplasia prostática benigna se resume em exame clínico
(histórico do animal) e toque retal da próstata, que se confirmará com exame
ultrassonográfico.
O tratamento de eleição é a orquiectomia, mas como alternativa pode ser
utilizada uma terapia medicamentosa à base de estrógenos ou antiandrogênicos.
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