JOGOS COOPERATIVOS E BRINCADEIRAS: INCLUSÃO E EXCLUSÃO
NA ESCOLA
INCLUSÃO COM JOGOS COOPERATIVOS
Autor: Ana Luisa Baptista Nicoli RA 001200600027
William de Grandi Campmany RA 001200600050
Orientador Científico: Prof. Ms. Débora Reis Garcia
Universidade São Francisco
Curso de Educação Física – Licenciatura
Avenida São Francisco de Assis, 218
Jardim São José
CEP 12916-900
Bragança Paulista-SP
e-mail: [email protected]
RESUMO
Os jogos cooperativos fazem parte das ferramentas que o professor de
Educação Física, segundo Soller (2005) como facilitador, utiliza para que a
exclusão em suas aulas seja eliminada e torne a inclusão aceita dentro do
âmbito escolar fazendo com que os alunos possam trabalhar em conjunto
durante a infância e para toda a vida. As brincadeiras trazem consigo a parte da
diversão, sendo importante para o desenvolvimento lúdico da criança sem
intenção de competição e exclusão. A importância de incluir um aluno que, por
qualquer motivo, é excluído, trás à tona a discussão de como fazer com que
este indivíduo tenha interesse em participar das aulas e trabalhar em grupos
através de jogos cooperativos. Além de brincar e praticar atividades físicas, o
professor educa através das atividades aplicadas em aula sempre tendo
respeito e ética, sabendo separar as horas de amizade das horas de educar.
Palavras-chave: Educação, Jogos Cooperativos, inclusão, exclusão.
ABSTRACT
The cooperative games are part of the tools that professors in Physical
Education, according to Soller (2005), need to use to be sure that the exclusion
in classes are eliminated. This concept makes the inclusion accepted in the
school environment resulting in cooperative working from childhood to adult life.
Playing with this games the individual/student will have fun, helping eventually,
their development avoiding any intention of competition or exclusion. The
importance of the inclusion of any child who was excluded previously brings
discussion and debates about how can professors in this area can
inspire this individual to participate and to be involved in these cooperative
games. The objective of this programs is to give the individual/student the
opportunity to play and practice physical activities and to give the professors the
opportunity to educate through cooperative games and activities, teaching
students how to separate and manage friendship and education time.
Key words: Education, Cooperative Games, Inclusion, Exclusion, School.
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1. INTRODUÇÃO
A conduta entre professor e aluno torna o respeito mútuo fundamental
nas relações sociais e valoriza o ser humano ao longo de sua evolução
trazendo consigo caráter e moral, que são a chave da boa educação. Para isso
apresentamos a importância do profissional de Educação Física, na tarefa de
facilitador da inclusão dos alunos nos seus grupos sociais através de jogos
cooperativos e brincadeiras. Afirmamos essas palavras após a realização deste
trabalho.
Este estudo bibliográfico apresenta e explica o que vem a ser jogos
cooperativos, brincadeiras e seus conceitos citados e especificados por alguns
autores nos quais defendem, que o principal instrumento para que aconteça a
inclusão de alunos através da ludicidade é o professor de Educação Física, que
tem dever ético com todos e para si mesmo. Tendo como foco o envolvimento
do profissional de Educação Física e sua postura ética na relação saudável
entre o ser humano e o seu convívio. Com a importância de inserção das
crianças na escola, o professor de Educação Física precisa sempre estar
atualizado para que tenha estratégias de ensino com o intuito de inserir alunos
que são excluídos por outros colegas afetando sua auto-estima e
comportamento social.
Segundo Mantoan (2006), inclusão é a capacidade do ser humano de
entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e
compartilhar com pessoas diferentes. A educação inclusiva acolhe todas as
pessoas, sem exceção. É para o estudante com diferentes tipos de deficiência
física ou comprometimento, para os superdotados, para todas as minorias e
2
para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Podendo dizer
que estar junto é estar convivendo com outros na correria do dia-a-dia e
também com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é
interagir com o outro.
Existe uma dificuldade por parte do aluno do Ensino Fundamental em
compreender a função do professor de Educação Física, uma vez que este não
desenvolve atividades para o esporte apenas, mas também para a saúde, e
bem estar dos alunos. Desta forma durante os estágios desenvolvidos na
escola no período de graduação em Educação Física, nota-se que a inclusão e
exclusão de alunos é um fator dependente da persuasão do professor de
Educação Física.
Esta revisão apresenta a importância dos jogos cooperativos e das
brincadeiras no processo de inclusão de alunos em seus grupos sociais às
aulas, dando ênfase a ética e competência dos educadores físicos para que o
entretenimento e a socialização das crianças ocorram.
Através das diversas explicações sobre brincadeiras, jogos cooperativos,
ética e as condutas dos profissionais de Educação Física, este trabalho
apresentará estratégias de como um educador físico pode se comportar para
com as crianças, transmitindo conhecimento e diversão com brincadeiras,
atividades recreativas e muita alegria utilizando bom senso em suas ações
tendo como foco principal a inclusão.
Este trabalho tem como um dos objetivos informar as importâncias de
jogos cooperativos e brincadeiras para inclusão; a importância da ética
profissional e persuasão do professor de Educação Física com seus alunos
durante as aulas; a inclusão e exclusão dos alunos como tarefa do professor de
3
Educação Física; bem como os diferentes tipos de exclusão que ocorrem entre
alunos do ensino fundamental.
A metodologia do presente estudo baseou-se no levantamento de dados
bibliográficos sobre os temas: jogos cooperativos, brincadeiras, condutas
educativas, recreação, inclusão e exclusão de crianças do ensino fundamental
no âmbito escolar. Apresentando um capítulo sobre os Jogos Cooperativos, em
que discutimos a cooperação como método para trabalhar a inclusão de
qualquer aluno. Além de citações e adaptações de alguns autores e idéias que
afirmam o que vem a ser jogos cooperativos e como é importante para o
convívio das crianças. Tem também um capítulo sobre Brincadeiras, que
apresenta uma atmosfera em que o educador físico necessita ter ética para
haver uma didática e envolvimento profissional entre professor e aluno, que
pode influenciar as crianças a imitar o comportamento do educador físico. Um
capítulo que conta sobre a inclusão e exclusão na escola, apresentando os
diferentes tipos de exclusão e como superar a mesma nas aulas de Educação
Física. No último capítulo que apresenta a Educação Física e inclusão, onde
através de jogos cooperativos e brincadeiras, o profissional de Educação Física
encontra métodos didáticos para a inclusão de todos os alunos no seu
ambiente social escolar.
Portanto, profissional de Educação Física na sua atuação precisa ser o
elemento principal para o envolvimento da inclusão de crianças que, por algum
motivo são excluídas nas aulas de Educação Física escolar e em seus círculos
de amizade e na sociedade escolar. Este trabalho envolve a postura do
profissional de Educação Física com o futuro de nossa nação.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos Gerais
Verificar a importância das brincadeiras e jogos cooperativos nos
processos de inclusão nas aulas de Educação Física escolar.
2.2 Objetivos específicos
Avaliar se a partir da inserção de atividades que proponham cooperação,
competição, jogos e brincadeiras, trabalhando com constância a ludicidade da
criança, a Educação Física consegue desempenhar seu papel transformador.
Analisar o papel do professor de Educação Física como principal ator do
processo de inserção, pelo fato de trabalhar com atividades preferencialmente
em conjunto, como facilitador da convivência desses indivíduos incluindo
atividades lúdicas, brincadeiras e jogos cooperativos nas aulas regulares da
disciplina;
Investigar se a proposta de uma linha de ação pautada em uma conduta
ética adequada, pois se tratando de um público em fase de formação física,
emocional e social, favorece a inclusão do aluno tendo como fundamental o
papel do educador físico.
Verificar se as diferenças de aptidão físicas e habilidades motoras entre
as crianças é fator determinante para a não inclusão das mesmas nas aulas de
Educação Física tradicionalmente esportivistas.
5
3. DESENVOLVIMENTO
3.1. Jogos Cooperativos
Sendo a convivência uma importante condição da vida, é preciso
ressaltar que em situações onde acontece interação, como nas aulas de
Educação Física, é interessante praticar e exercer a cooperatividade entre os
alunos. Com a cooperação, trabalhar em conjunto, favorece a autonomia,
governar por si só, essas duas ações caminham para um bom desenvolvimento
do grupo utilizando os Pilares da Educação que são aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser, contribuindo para
que os alunos pratiquem as atividades de forma que haja integração e
participação de todos com a ludicidade e isenção de competitividade
acarretando na inclusão dos mesmos. (LOPES, 2000). Segundo o mesmo
autor os objetivos do jogo como, livrar-se do cotidiano e construir momentos de
prazer, passam para as crianças a capacidade de desenvolver e aperfeiçoar
potencialidades e criar novas formas de conviver. O jogo como uma atividade
de desenvolvimento humano nos mostra formas de aprendizagem e
contextualização num exercício de aprendizagem.
Da mesma forma Huizinga (1999) conceitua o jogo como uma atividade
voluntária executada dentro de certos e determinados limites de tempo e
espaço, seguindo regras livremente consentidas. Mas absolutamente
obrigatórias, dotado de um objetivo e uma meta por si mesmo, acompanhado
de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da
vida cotidiana livrando-se das tensões causadoras de ansiedade.
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Os jogos cooperativos nos mostram que nem sempre para ter uma
cooperação é necessário a competição, onde todos se ajudam melhorando sua
confiança própria quando é trabalhado a cooperatividade. Alguns dados de
Lopes (2000) mostram que a competição gera, entre outros sentimentos,
exclusão, medo, insegurança e frustração. Sendo possível ressaltar que os
jogos cooperativos integram valores e convivências dos indivíduos em
sociedade e no desenvolvimento de uma aprendizagem, e cabe ao professor de
Educação Física focar esses pontos de cooperação e competição para que a
inclusão pelas atividades lúdicas seja um caminho a ser seguido.
Nessa mesma linha de pensamento, Brotto (2001) compartilha da idéia
de que a competição e cooperação são dois lados de uma mesma moeda, que
não se opõe, mas se compõe. Entretanto essa ambigüidade é condicionada a
fatores de permanente atenção e cuidado. O senso das pessoas assimila
competição com o jogo, mostrando que jogo e competição não são separados,
andam juntos. É nesta dimensão que a cooperatividade tem um papel muito
importante propondo trabalho e ajuda mútua para que o jogo e as atividades
lúdicas sejam exercidos em equipe, é um processo onde os objetivos são
comuns e as ações trazem benefícios para todos. Em contrapartida dessa
realidade acontece a competição que dá ênfase aos objetivos com ações
individuais e que nem todos recebem benefícios no final.
Para que aconteça uma boa integração entre professor e aluno e a
divisão entre competição e cooperação, é necessário ter ética para que
diálogos e atividades sejam conciliados, para isso é apresentado um conceito
de ética, sendo este necessário para a viabilização dessa ação. Vãzquez
(1996) em sua definição afirma que “a ética é a teoria ou ciência do
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comportamento moral dos homens em sociedade”, ou seja, a ciência de uma
forma específica de comportamento humano entende-se que a ética é a ciência
da moral, isto é, de uma esfera do comportamento humano. Moral é o costume,
conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito, refere-se ao
comportamento adquirido ou modo de ser conquistado pelo homem. Ética é o
modo de ser ou caráter enquanto forma de vida também adquirida ou
conquistada pelo homem. No capítulo seguinte é dada uma importância da
ética profissional com o convívio na escola utilizando a cooperação.
3.1.1. Educação para a convivência e a cooperação:
relação professor X aluno.
A importância de saber a diferença entre cooperação e competição para
o aluno é da possibilidade desde trabalhar em sociedade e em grupo através de
processos sociais tornando esses dois dilemas na ludicidade do jogo e da
brincadeira, aspectos do mesmo jogo. A relação professor-aluno torna mais
aceitável e prática essa idéia de divisão dos aspectos da cooperação. Para
Soler (2005) o professor é um facilitador, aquele que facilita o processo de
aprendizagem, orienta o conhecimento, não sendo o dono da verdade. O
professor facilitador ajuda no caminho, colaborando para melhorar o
desenvolvimento do aluno ajudando-o a alcançar resultados mais satisfatórios.
É de extrema importância que o professor auxilie os alunos numa boa
aprendizagem facilitando sua linguagem para expor seus conhecimentos e se
importando com a cooperação, competição, o jogo e o brincar. Relacionando
suas atividades do dia a dia com suas emoções.
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Segundo Cavallari (1998), o profissional tem de contar com o apoio, a
parceria com as pessoas, colocando em primeiro lugar, em determinados
momentos, a iniciativa individual nos diferentes estágios da etapa de ação. Para
poder ser mais ético e ao mesmo tempo profissional é imprescindível ao
profissional olhar para dentro de si e verificar se foi e está sendo uma escolha
sua, ser um profissional de Educação Física. “A humanização do ofício
profissional em Educação Física se faz através da prática com sensibilidade,
competência e regada de emoções” (CORNELL, 1996).
O respeito e o bem-estar das pessoas envolvidas nas
atividades devem ser uma prioridade e é necessário estimular os
relacionamentos afetivos. A reciprocidade deve estar presente no
exercício profissional ela possibilita a aproximação sem aresta e
determina como é importante se respeitar mutuamente, procurando
respostas para as necessidades e expectativas das pessoas. (FARIAS
et. al, 2006, p. 118).
Sempre mantendo como prioridade os relacionamentos afetivos entre
professor e aluno, a Educação Física procura o respeito mútuo, sendo ela
transmissora de cultura, estimulando a aproximação entre as pessoas. Na
Educação Física é trabalhada essa aproximação através de jogos lúdicos e
brincadeiras. Onde as brincadeiras são aplicadas para ter o retorno de inclusão,
onde será discutido no próximo capítulo.
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3.2. Brincadeiras
Os recém-nascidos brincam, ou seja, exercitam suas possibilidades
sensoriais, mais do que suas habilidades motoras quando o efeito do ato torna-
se intenção (KISHIMOTO, 2002). As brincadeiras são necessárias para a
desenvoltura de atividades sem intenção produzindo sua diversão. O jogo da
criança não é equivalente ao jogo para o adulto, pois não é uma simples
recreação, o adulto que joga afasta-se da realidade, enquanto a criança ao
brincar/jogar avança para novas etapas de domínio do mundo que a cerca.
Sendo assim necessário o papel do educador físico de estabelecer uniões.
Mas afinal o que vem a ser brincadeira? Para Cavallari (1998),
brincadeiras acontecem enquanto houver motivação e interesse por ela, não
tem final predeterminado, podem ter regras, mas podem também não ter. Pode
ter o ápice ou talvez não, pode sofrer modificações de acordo com os
interesses dos participantes. Para que isso aconteça é preciso estabelecer
ordem e sentido para as atividades durante as aulas de Educação Física e o
tempo livre das crianças, ocupando o ócio das mesmas.
A Educação Física tem suas obrigações voltadas para a cultura corporal
de cada pessoa, na qual se aplicam os ensinos do desporto, das artes marciais,
dos jogos, o condicionamento físico com fins atlético ou não, atividades de
recreação e lazer, a prevenção, manutenção e em alguns casos até na
recuperação funcional da saúde dos praticantes. Outra função do profissional,
na área da Educação Física, é a ação de natureza administrativa, aí se incluem
as atividades de planejamento, gestão, controle, supervisão e avaliação das
atividades e das ações do profissional (DUMAZEDIER, 1975).
10
Quanto às ações direcionadas a ambientes educativos e afins, que
devem ser desenvolvidas nos diferentes espaços, o objetivo também é de
caracterizar a qualidade das atividades planejadas e executadas. Um bom
profissional preocupa-se em atualizar permanentemente suas técnicas de
trabalho, suas metodologias, seus conceitos com objetivo de aprimoramento do
esporte. No capítulo a seguir é envolvido este conceito de aprimoramento com
as brincadeiras e os jogos cooperativos.
3.3 Brincadeiras e Jogos Cooperativos
Como função de um educador físico, está, entre outras, ser responsável
pela ocupação do tempo livre das crianças com muita diversão e lazer,
propondo desde cedo o exercício exige no tempo livre em lugar apropriado para
satisfazer o seu ócio. (DE MASI, 2000). Para Kunz (2003) o decorrer da função
de recrear, durante as várias atividades, contribui para uma ação maior, educar.
Ao cooperar para a educação sustentável e continuada do ser humano, com os
cuidados relacionados aos fatores de ética no ambiente profissional,
estabilidade cotidiana e outras questões inseparáveis à formação da cidadania,
o profissional de Educação Física incentiva aproximações e desenvolve hábitos
de vida saudáveis.
Segundo Miranda (1995) ao provocar uma reflexão ainda que sobre a
atividade lúdica e, a partir dela, propor mecanismos capazes de estimular a
participação consciente de alunos e professores, abre-se um possível caminho
à tão almejada educação criativa. A forma como o profissional de Educação
Física comporta-se frente aos seus alunos é o tratamento dispensado na
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relação professor-aluno. Buscando ser atencioso, agradável e sempre estar
querendo uma relação mais próxima, em várias situações o profissional de
Educação Física utiliza termos que indicam aproximação, para estabelecer um
elo entre professor e aluno. Atitude essa que não deve ser estimulada, uma vez
que distorce a relação profissional.
Para Waichman (1997) quando é mantida uma visão sobre as
manifestações expressas nas atividades, o profissional permite ao ser humano
envolver-se como um todo. Desta forma, numa ação cooperativa deve limitar os
comentários pessoais e orientar a sua atenção para as situações nas atividades
e procurar revelar os movimentos e atitudes auxiliadoras no crescimento do
indivíduo e na melhor interação do grupo. Segundo Hinkelammert (1994) ao
exercer a profissão, é aconselhável nunca revelar ou ampliar boatos,
comentários e expressões maldosas, que possam prejudicar a vida das
pessoas e o andamento das atividades. O profissional de Educação Física faz
parte de uma grade social onde as dificuldades envolvidas com o preconceito
são sempre presentes, situação passível de amenização com a introdução no
grupo de jogos cooperativos.
Nos jogos cooperativos, todos os jogadores são aceitos pelo que são.
Esses jogos são um modo mais fácil de ensinar tanto para uma brincadeira,
quanto para um esporte. (BROTTO, 2001).
Para Brotto (2001), vale lembrar que o professor tem que estar ciente
das condições propostas pelos jogos. Que ele tenha a capacidade e a noção
que isso vá ocasionar em relação aos seus alunos. Caso contrário nada disso
terá efeito e a sua aula só será uma “aula”. Fará com que ocorra a exclusão e
não a inclusão de seus alunos.
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Os jogos cooperativos são um ótimo modo para ensinar os alunos em
relação à Educação Física Escolar. Fazendo assim, com que os alunos
aprendam de forma pedagógica os esportes. Levando em consideração o
conteúdo social, cultural, política e econômica. (SOLER, 2005).
No quadro a seguir estão exemplificados três modelos de percepção em
relação ao jogo.
TABELA 1. "Padrões de Percepção – ação" diante de um jogo para alcançar
uma meta comum ou solucionar um problema:
Fonte: MAIA, Raquel F. et al.
Mas muitos autores e profissionais defendem a competição, acreditando
que, assim os alunos estariam preparados para viver em nossa sociedade,
lembrando que a nossa sociedade é muito competitiva. Porém, muito da prática
da competição faz com que os alunos fiquem com a auto-estima baixa, além de
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fazer com que aumente o medo de errar ou de falhar, ocasionando uma
redução no desenvolvimento da criança. Um local onde ocorra somente à
competição faz com que o “ambiente” fique mais tenso podendo formar
comportamentos não aceitáveis para as aulas (MAIA, 2007).
Muitos profissionais têm ótimas experiências em relação aos jogos
competitivos. Mas poucos procuram um modo em relação aos cooperativos.
Ainda hoje existem poucas alternativas para as duas práticas. (MAIA, 2007).
3.4 Inclusão e exclusão na escola
Além do aluno comum, isento de ser portador de alguma deficiência, que
por simples inaptidão para os esportes se sentem excluído pelo grupo, outros
segmentos são afetados por situações similares, sendo o mais importante o
grupo formado por deficientes físicos que têm também o problema da
acessibilidade.
Para Eugênia (12/03/2008), a inclusão, a partir da década de 50 vem
acontecendo mundialmente. A inclusão dentro de uma sociedade transformou-
se em um pré-requisito para pessoas com deficiências, a busca e exercício de
sua cidadania. Para que uma sociedade aceite as diferenças individuais de
cada pessoa, nada melhor que ocorra mudanças e transformações em pessoas
consideradas “normais”, como também em portadores de deficiência.
Todavia é importante que o educador tenha em seu “currículo
profissional” alguns aspectos para ajudar e adequar as suas necessidades e as
necessidades de seus alunos como aprendizagem global e aprendizagem por
partes, importância da propriocepção, capacidade lingüística, tipo de ajuda
14
prestada e conhecimento dos resultados de seus alunos. Mas recordando que
não existe nenhum método perfeito para que seja aplicado ao processo de
inclusão. Dependerá do professor executar ações alternativas e superar
obstáculos para auxiliar esses alunos em seus históricos acadêmicos.
A inclusão é um modo que abrange a educação afetando o processo de
aprendizado da sua prática ao setor educacional (SASSAKI, 1997, p. 41).
Conceitua-se inclusão social como o processo pelo qual a
sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais
gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente,
estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão
social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas,
ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de
oportunidade para todos. (SASSAKI, 1997, p. 41).
Entende-se então que pessoas consideradas como “especiais” tem todo
o direito de seguir e ter uma vida “normal” como qualquer outra pessoa. Todo e
qualquer tipo de pessoa tem o direito de ter o seu papel dentro de sua
sociedade, não importando qual seja ela e que juntas elas possam resolver
qualquer tipo de problema (SASSAKI, 1997, p. 41).
Na visão de Falkenbach (2007), inclusão dentro da escola é recente. A
deficiência de um aluno, de modo geral, influência diretamente as pessoas a
sua volta. Como por exemplo, já no meio familiar onde essa criança desde
pequena será tratada e olhada diferentemente. Falkenbach (2007), ainda cita
15
que existe outro aspecto para a inclusão, que é a formação do professor. Já
que nesse ponto, a inclusão, é recente, muitos professores não tiveram uma
base para “tratar” e trabalhar com essas pessoas. Mas, as atitudes
pedagógicas de ensino desses professores têm ou terão um senso para os
mesmos. Como finalização da tarefa de inclusão através de brincadeiras e
jogos cooperativos, o capítulo seguinte trás a importância da Educação Física
para a inclusão.
3.5 Educação Física e inclusão
Obtendo como responsabilidade, a inserção de uma criança que não tem
uma boa adaptação nas aulas de Educação Física e com os outros alunos, é
uma tarefa que requer “jogo de cintura” e uma boa preparação profissional para
que possa ser mudado algo já estabelecido como a exclusão na escola.
Segundo Soler (2005) o professor de Educação Física precisa visualizar a sua
tarefa, de uma forma que, como educador, busque somar os seus sonhos e de
outras pessoas preocupadas com a mudança desse cenário, aprendendo mais
sobre as diferenças humanas, mudando a socialização interna das crianças na
escola e principalmente nas aulas de atividade física.
Quando é visualizada a tarefa de inclusão cabe ao educador físico
trabalhá-la com cooperatividade, onde Brotto (2001) afirma que através da
modificação gradativa de algumas regras é possível ter participação dos
considerados excluídos, onde os participantes externos, ou seja, educadores
podem favorecer uma mudança das estruturas e regras iniciando assim uma
transformação nos relacionamentos sociais e atitudes pessoais. Segundo
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Pedrinelli (1994: 69), "todo o programa deve conter desafios a todos os alunos,
permitindo a participação de todos, respeitando suas limitações, promovendo
autonomia e enfatizando o potencial no domínio motor". A partir do momento
que o educador físico como facilitador envolve todos os alunos, com suas
devidas adaptações para a inclusão, este desenvolve tarefas onde aconteça
participação de todos enfatizando suas qualidades analisadas durante o
processo de análise do professor, fazendo com que aconteça a inclusão a partir
do despertar das diversas qualidades dos alunos que são excluídos.
Sendo necessária como forma adicional, considerar as características da
cultura associadas às estratégias que serão utilizadas. Com base no que foi
colocado, o professor de Educação Física poderá conhecer a necessidade, os
interesses e as possibilidades de cada aluno e de cada grupo com que trabalha
(EUGÊNIA, 12/03/2008). Trazendo para as aulas de Educação Física
cooperação, trabalho em grupo e aprendizagem de convívio com os alunos
através da ludicidade das brincadeiras e jogos cooperativos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como conclusão deste trabalho, são apresentados os seguintes
resultados: a importância de ter ética e trabalhar com a sociedade mantendo
sempre caráter; é relevante a postura do educador físico no momento da aula
de Educação Física das crianças; a inclusão depende de fatores aplicados
pelo professor; é muito importante trabalhar com jogos cooperativos, pois é
trabalhado atividade com o grupo e em conjunto, onde cada habilidade e o
melhor de cada um é exposto no grupo evitando assim as diferenças.
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Definindo cooperação e brincadeiras, foi concluído que o trabalho em
conjunto sem competição traz ao ver de todos, que cada aluno pode oferecer
de melhor. Adaptando e desenvolvendo jogos em grupo, o professor
posiciona-se como facilitador, trazendo consigo uma carga de atividades e
estratégias para que aconteça a inclusão. As brincadeiras são aplicadas para
que os alunos sintam-se motivados para praticar jogos cooperativos e mais
adiante trabalhar a competição, mas não perdendo a sua essência: a busca
da verdade e a construção do saber, que são necessidades básicas do
espírito humano.
Como conclusão da relação de professor e aluno, o objetivo é cuidar de
corpo e mente, ao mesmo tempo entreter os alunos e prepará-los para a vida,
dando oportunidades e opções de lazer e entretenimento, tendo como objetivo
exercer a prática do bem-estar da sociedade.
A Educação Física tem função de trabalhar técnicas de convívio social
onde a ética no âmbito do profissional, torna-se prioridade no convívio entre
professor e aluno, e a pessoa com a sociedade. Os pensamentos dos autores
citados apresentam idéias semelhantes de inclusão, utilizando brincadeiras e
jogos cooperativos, onde em todo momento une o trabalho do facilitador e os
aspectos da ludicidade, para que aconteça a inclusão, eliminando a exclusão.
Para uma melhora de relacionamento aluno - professor, é expressa a
idéia de envolvimento maior e interesse maior das crianças em querer fazer
atividades diferentes nas aulas de Educação Física, e também um interesse
maior dos educadores físicos de sempre proporcionar novas brincadeiras e
jogos diferentes para que o interesse das crianças seja maior, e sempre
mantendo a ética em primeiro lugar.
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É finalizado com o desejo de que o interesse de ambos faça com que a
prática de brincadeiras e jogos cooperativos nas aulas de Educação Física
sejam sempre renovadas pelos que exercem a função de professor, facilitador
e pelos que querem ser inclusos e cooperativos, mas sempre com muito
caráter e ética dos dois lados.
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