UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Jonathan Rehbein dos Santos
DETERMINAÇÃO DO TRAÇO E CARACTERIZAÇÃO DA
RESISTÊNCIA MECÂNICA DE UM CONCRETO DRENANTE
Santa Maria, RS
2017
Jonathan Rehbein dos Santos
DETERMINAÇÃO DO TRAÇO E CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA DE UM CONCRETO DRENANTE
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Engenharia
Civil, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito parcial
para obtenção do título de Engenheiro
Civil.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Tatiana Cureau Cervo
Santa Maria, RS
2017
Jonathan Rehbein dos Santos
DETERMINAÇÃO DO TRAÇO E CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA DE UM CONCRETO DRENANTE
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Engenharia
Civil, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito parcial
para obtenção do título de Engenheiro
Civil.
Aprovado em 27 de Novembro de 2017.
Tatiana Cureau Cervo, Dr.ª (UFSM)
(Presidente/Orientadora)
Lucas Alves Lamberti, M. Sc. (UFSM)
Eng.ª Chaveli Brondani (UFSM)
Santa Maria, RS
2017
RESUMO
DETERMINAÇÃO DO TRAÇO E CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA DE UM CONCRETO DRENANTE
AUTOR: Jonathan Rehbein dos Santos
ORIENTADORA: Prof.a Dr.a Tatiana Cureau Cervo
Diante da impermeabilização dos solos dos grandes centros urbanos, as chuvas intensas causam transtornos à população em geral, pois alagamentos, enchentes e inundações são comuns em dias de precipitação elevada. Para resolver esse problema está sendo estudado o uso de concreto drenante nos principais centros de pesquisa do país. Trata-se de um concreto sem adição de agregados finos, que por sua vez fica poroso, permitindo que a água drene pela sua estrutura até chegar ao destino, seja um sistema de armazenamento ou o contato com o solo para que vá ao lençol freático. Este trabalho estuda uma dosagem de concreto com resistências adequadas para esse material, iniciando por moldar três traços distintos variando as relações água/cimento e o teor de agregados (M). A partir da análise dos resultados dessas misturas, foi escolhida a mais adequada para prosseguir com a pesquisa. Com o traço estabelecido executou-se duas moldagens, uma com o agregado utilizado conforme percentagens de faixas de tamanhos granulométricos, chamado de mistura M1, e outra somente com a utilização de brita de classificação 0, mistura M2, com o objetivo de verificar a interferência dessas duas maneiras de utilizar o agregado no produto final da mistura. Então, calculou-se o índice de vazios dos traços e ainda realizaram-se ensaios de resistência à compressão axial, resistência à tração por compressão diametral, resistência à tração na flexão e determinou-se o módulo de elasticidade dinâmico. No fim foi efetuada análise dos resultados obtidos, concluindo que a modificação no agregado pouco interferiu nos resultados de resistência e que a utilização de concretos drenantes é possível de acordo com a NBR 16416: Pavimentos permeáveis de concreto – Requisitos e procedimentos.
Palavras–chave: Concreto drenante. Resistências mecânicas. Índice de vazios.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Curvas granulométricas típicas de concreto permeável. ........................... 13 Figura 2 - Mistura coesa. ........................................................................................... 16 Figura 3 - Mistura não coesa. .................................................................................... 16 Figura 4 - Relação entre o índice de vazios e a condutividade hidráulica do concreto permeável.................................................................................................................. 18 Figura 5 - Relação entre 1/10 da resistência à compressão e o índice de vazios. .... 20 Figura 6 - Efeito da energia de compactação na resistência à compressão. ............ 21 Figura 7 - Efeito da energia de compactação na relação entre a resistência à compressão e resistência à tração por compressão diametral.................................. 21
Figura 8 - Efeito da energia de compactação na variação da massa unitária em função do índice de vazios. ....................................................................................... 22 Figura 9 - Resistência à tração por compressão diametral dos diversos traços........ 23
Figura 10 - Permeabilidade dos diversos traços. ...................................................... 23 Figura 11 - Relação entre o módulo de elasticidade e a resistência à compressão. . 24 Figura 12 – Resultados encontrados por Brito e Santos (2010). ............................... 28
Figura 13 – Resultados encontrados por Höltz (2011) na primeira etapa. ................ 32 Figura 14 – Fluxograma resumo da metodologia. ..................................................... 44
Figura 15 – Metodologia adotada para a mistura dos materiais. ............................... 46 Figura 16 – Amostra ainda sem coesão. ................................................................... 46 Figura 17 – Amostra já coesa. ................................................................................... 47
Figura 18 – Corpo de prova sobre mesa vibratória. .................................................. 47 Figura 19 – Acabamento da amostra. ....................................................................... 48
Figura 20 – Aspecto dos corpos de prova após a desmoldagem. ............................. 49 Figura 21 – Corpos de prova na câmera úmida. ....................................................... 49 Figura 22 – Curvas granulométricas dos agregados utilizados no estudo preliminar. .................................................................................................................................. 52
Figura 23 - Curvas granulométricas dos agregados utilizados no estudo do traço definitivo. ................................................................................................................... 55 Figura 24 - Balança Hidrostática utilizada na medição dos vazios. ........................... 56
Figura 25 – Capeamento das amostras. ................................................................... 57 Figura 26 – Ensaio de resistência à compressão. ..................................................... 58 Figura 27 – Corpo de prova após ensaio de resistência à compressão axial............ 58
Figura 28 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral. .................... 59 Figura 29 - Amostra já ensaiada. .............................................................................. 60
Figura 30 – Ensaio de resistência à tração na flexão. ............................................... 61 Figura 31 – Ruptura da amostra. ............................................................................... 61 Figura 32 – Ensaio para determinação do módulo de elasticidade dinâmico. ........... 62
Figura 33 – Resultados de resistência à compressão axial; estudo preliminar. ........ 65 Figura 34 – Resultados de resistência à tração na flexão; estudo preliminar. .......... 66
Figura 35 – Resistência à compressão axial do traço definitivo. ............................... 69 Figura 36 – Resistência à tração por compressão diametral do traço definitivo........ 70
Figura 37 – Resistência à tração na flexão do traço definitivo. ................................. 70 Figura 38 – Módulo de elasticidade dinâmico do traço definitivo. ............................. 71 Figura 39 – Resistência à compressão axial x Índice de vazios................................ 73 Figura 40 – Resistência à compressão axial x Resistência à tração por compressão diametral.................................................................................................................... 73 Figura 41 – Resistência à compressão axial x Resistência à tração na flexão. ........ 74 Figura 42 – Resistência à compressão axial x Módulo de elasticidade dinâmico. .... 75
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Consumos e proporções típicas utilizadas em concreto permeável. ........ 13 Tabela 2 - Traços estudados por Monteiro (2010). ................................................... 25 Tabela 3 - Resultados encontrados por Monteiro (2010). ......................................... 26 Tabela 4 - Traços analisados por Brito e Santos (2010). .......................................... 27
Tabela 5 - Resistência à compressão dos traços vistos por Brito e Santos (2010). .. 28 Tabela 6 - Índices de vazios para os traços com relação a/c de 0,38. ...................... 29 Tabela 7 - Traços pesquisados na primeira etapa por Höltz (2011). ......................... 30 Tabela 8 - Resistências à compressão média dos traços estudados na primeira etapa. ........................................................................................................................ 31
Tabela 9 - Traços moldados na segunda etapa. ....................................................... 33 Tabela 10 - Resistência à compressão com variação dos agregados. ..................... 33 Tabela 11 - Efeito da vibração em um determinado traço. ........................................ 34
Tabela 12 - Comparação da resistência à compressão entre amostras moldadas e extraídas.................................................................................................................... 35 Tabela 13 - Frações de agregados de cada traço. .................................................... 36
Tabela 14 - Resultados encontrados por Batezini (2013). ........................................ 37 Tabela 15 - Resultados encontrados por Sandoval (2014). ...................................... 39
Tabela 16 - Traços estudados por Castro (2015). ..................................................... 40 Tabela 17 - Resultados obtidos por Castro (2015). ................................................... 41 Tabela 18 - Resistência à compressão de acordo com o método de cura. ............... 42
Tabela 19 – Quadro resumo de resultados encontrados para o concreto permeável. .................................................................................................................................. 43
Tabela 20 – Traços moldados para estudo preliminar. ............................................. 50 Tabela 21 – Propriedades do cimento utilizado. ........................................................ 51 Tabela 22 – Granulometria dos agregados utilizados no estudo preliminar; percentagem passante. ............................................................................................. 51
Tabela 23 – Propriedades dos agregados utilizados no estudo preliminar. .............. 52
Tabela 24 – Proporção dos agregados utilizados na mistura. ................................... 53 Tabela 25 – Granulometria dos agregados utilizados no estudo do traço definitivo; Percentagem passante. ............................................................................................ 54 Tabela 26 – Propriedades dos agregados utilizados no estudo do traço definitivo. .. 55 Tabela 27 – Resistência à compressão axial; estudo preliminar. .............................. 64
Tabela 28 – Resistência à tração na flexão; estudo preliminar. ................................ 64 Tabela 29 – Índices de vazios; Estudo do traço definitivo. ........................................ 67
Tabela 30 – Resultados dos ensaios de resistência realizados para o traço definitivo. .................................................................................................................................. 68
Sumário 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 8
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 8 1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 9 1.1.2 Objetivos específicos: .................................................................................................. 9
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................................... 9 2. REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................................................11
2.1 CONCRETO DRENANTE ..................................................................................................... 11 2.2 MATERIAIS QUE COMPÕEM O CONCRETO DRENANTE ................................................. 12 2.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO DRENANTE ................................................................. 15
2.3.1 Estado fresco ............................................................................................................... 15 2.3.2 Estado Endurecido ...................................................................................................... 17
2.4 TRAÇOS, EXECUÇÃO E RESULTADOS DE ESTUDOS RECENTES ................................ 25 2.4.1. Monteiro (2010) .................................................................................................................. 25 2.4.2. Brito e Santos (2010) ......................................................................................................... 26 2.4.3. Höltz (2011) ........................................................................................................................ 29 2.4.4. Batezini (2013) ................................................................................................................... 35 2.4.5. Sandoval (2014) ................................................................................................................. 38 2.4.6. Castro (2015) ...................................................................................................................... 39 2.4.7. Schwetz et al. (2015) ......................................................................................................... 41 2.4.8. Resumo dos Valores Encontrados para o Concreto Permeável .................................. 42
3. METODOLOGIA .......................................................................................................................................44 3.1 PREPARAÇÃO DOS AGREGADOS ..................................................................................... 45 3.2 PROCESSO DE MOLDAGEM .............................................................................................. 45
3.2.1 Mistura .......................................................................................................................... 45 3.2.2 Adensamento ............................................................................................................... 47
3.3 CURA E DESMOLDAGEM .................................................................................................... 48 3.4 ESTUDO PRELIMINAR DO TRAÇO ..................................................................................... 49 3.5 ESTUDO DO TRAÇO DEFINITIVO ....................................................................................... 53 3.6 ENSAIOS ............................................................................................................................... 55
3.6.1 Índice de vazios ........................................................................................................... 56 3.6.2 Resistência à compressão axial ................................................................................ 57 3.6.3 Resistência à tração por compressão diametral ..................................................... 58 3.6.4 Resistência à tração na flexão ................................................................................... 60 3.6.5 Módulo de elasticidade dinâmico .............................................................................. 62
4. RESULTADOS E ANÁLISES........................................................................................................................64 4.1 ESTUDO PRELIMINAR ......................................................................................................... 64 4.2 TRAÇO DEFINITIVO ............................................................................................................. 67
4.2.1 Relações entre os parâmetros ................................................................................... 72 5. CONCLUSÕES ..........................................................................................................................................76 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................................78
8
1. INTRODUÇÃO
Devido a crescente urbanização das cidades, o solo dos grandes centros
tornou-se impermeável. Isso aliado à deficiência das estruturas de drenagem desses
locais, em ocasiões de chuvas com intensidades elevadas, as inundações são
constantemente prejudiciais ao nosso meio, causando danos materiais irreversíveis
à população. Ainda, sobre as vias, a película de água formada durante as chuvas
acarretam em riscos de acidentes de trânsito por aquaplanagem.
Este trabalho estudará resistências de um concreto sem adição de finos, que
devido as suas características possui elevado índice de vazios e, portanto, será
poroso. Devido a sua porosidade o concreto terá alta capacidade drenante,
permitindo assim que a água percole entre seus vazios e alcance o solo,
aumentando a capacidade de infiltração da região e reduzindo o fluxo superficial de
águas pluviais.
O concreto drenante ou permeável é capaz de controlar ou, ao menos,
amenizar esse picos de cheias, podendo ser aplicado em calçadas,
estacionamentos, ciclovias, praças, parques, vias de tráfego leve e estabilização de
encostas. A utilização deste material, além de auxiliar no controle das cheias,
permite reutilizar a água da chuva e abastecer o lençol freático com material mais
adequado, pois o concreto drenante atuaria como filtro de impurezas e metais
pesados. Em algumas cidades, os órgãos competentes entendem que parte do
concreto permeável pode ser considerada como área verde, logo os terrenos podem
ser mais bem aproveitados.
Assim sendo, para que o concreto drenante possa ser utilizado como um
moderador do pico das cheias em grandes metrópoles necessita-se de mais estudos
sobre sua composição e produção para atender aos requisitos de viabilidade
técnica.
1.1 OBJETIVOS
A seguir os objetivos do trabalho.
9
1.1.1 Objetivo geral
Determinar propriedades mecânicas e o índice de vazios de diferentes traços
de concreto para o emprego como pavimento drenante.
1.1.2 Objetivos específicos:
Determinar as resistências à compressão simples, tração por compressão
diametral, tração na flexão e o módulo dinâmico de diferentes misturas de
concreto drenante;
Determinar os índices de vazios dos diferentes concretos;
Comparar a variação nas resistências mecânicas dos 14 para os 28 dias
devido à utilização do CPV-ARI;
Verificar a alteração nos resultados de ensaios com amostras em que se
utiliza agregado peneirado e conforme faixas de tamanho granulométrico,
quando comparada a sua utilização sem esse procedimento;
Avaliar se os resultados estão de acordo com a NBR 16416/2015.
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O presente trabalho possui 5 capítulos além dos referenciais bibliográficos.
Neste primeiro capitulo introdutório, consta a contextualização do assunto e os
objetivos da pesquisa.
No capítulo 2, são apresentados os conhecimentos prévios vistos na revisão
de literatura, onde se aborda desde os materiais a serem utilizados e suas
influências, passando por procedimentos adequados de moldagem, compactação,
cura, realização de ensaios e chegando a resultados de resistência mecânica. Por
fim, ainda apresentam-se estudos recentes de diversos autores, em que se explicita
o quanto é versátil os resultados encontrados para mudanças em algumas variáveis
do concreto drenante.
10
Posteriormente, no capítulo 3, é apresentada a metodologia adotada, desde
os procedimentos de mistura, compactação e cura adotados e os ensaios
realizados.
O quarto capítulo traz os resultados e as análises para cada fase de estudo
do concreto drenante.
Por sua vez, no capitulo 5, as conclusões admitidas ao fim do trabalho.
11
2. REVISÃO DE LITERATURA
Neste item serão discutidos os conhecimentos prévios sobre o concreto
drenante adquiridos através da literatura.
2.1 CONCRETO DRENANTE
Conforme Batezini (2013) o concreto drenante, conhecido também por
concreto permeável ou concreto poroso, é um material formado por água, ligante
hidráulico e brita de granulometria uniforme com a mínima quantidade de finos.
Ainda podem ser utilizados aditivos e adições que melhorem o desempenho e a
durabilidade do concreto drenante.
Monteiro (2010) apresenta o Quadro 1 com um comparativo entre concreto
permeável e o concreto convencional.
Quadro 1 - Comparação entre concreto convencional e drenante.
Tipo Areia Brita Aditivo Resistência à compressão
(MPa)
Convencional
30% a 50% do
agregado total
Bem graduada, grãos
arredondados Opcional 20 a 60
Drenante Pouco ou nenhum
Graduação aberta, grãos
angulosos (Brita "0" e pedrisco)
Redutor de água, retardador de
pega e incorporador de
ar
3 a 30
Fonte: (Adaptado de Monteiro 2010).
O concreto permeável é conhecido há mais de 150 anos, porém sua utilização
em grande escala surgiu em torno de 25 anos atrás nos EUA. O desenvolvimento
dessa técnica tornou-se abrangente atualmente, visto que a utilização de concreto
poroso viabiliza melhores condições de drenagem em áreas urbanas, onde o solo
encontra-se amplamente impermeável (LI, 2009 apud BATEZINI, 2013).
12
Dellate e Clearly (2006 apud BATEZINI, 2013) revelam uma caracterização do
concreto drenante que o classifica pela sua resistência e drenabilidade em três
níveis. Primeiramente, concretos permeáveis com baixa resistência e alta
permeabilidade são conhecidos como concretos permeáveis hidráulicos e não são
utilizados para fins estruturais. O concreto permeável considerado normal apresenta
resistências e permeabilidades médias sendo produzido sem adição de materiais
finos e pode ser aplicado em ciclovias e calçadas. Quando se adiciona agregados
miúdos na composição, obtêm-se resistências mecânicas maiores e
permeabilidades moderadas, logo se tem o concreto permeável estrutural e esse
pode ser aplicado em estacionamentos, ruas e avenidas que disponham de tráfegos
mais carregados.
2.2 MATERIAIS QUE COMPÕEM O CONCRETO DRENANTE
Conforme Huang et al. (2009 apud MONTEIRO, 2010) a resistência a
compressão, permeabilidade e a porosidade de um concreto permeável, não são tão
influenciadas pela relação a/c, mas sim diretamente afetadas pela graduação,
tamanho das partículas e pela relação massa de agregados por massa de cimento
(M).
Os materiais que constituem o concreto permeável são, conforme Tennis et
al.(2004), os mesmos que são utilizados na produção do concreto convencional
utilizados em estruturas. Somente eliminam-se completamente os agregados miúdos
ou grande parte desses. Já os agregados graúdos devem possuir granulometria bem
uniforme, sem variações nos seus tamanhos com granulometria máxima de 19 mm.
Ainda sugere-se o uso de granulometrias inferiores no caso de haver necessidade
de um aspecto estético mais agradável, pois materiais maiores causam certo
desconforto na beleza do concreto drenante, entretanto se deve sempre considerar
que grãos maiores são favoráveis a segurança de frenagem por exemplo, pois
aumentam o atrito pneu-pavimento. Porém, quando utilizados agregados com
variação no diâmetro, habitualmente, adotam-se brita de classificação zero, de 4,8 a
9,5 mm, e brita um, de 9,5 até 19 mm.
13
Na Figura 1 são exibidas curvas granulométricas com diâmetros máximos de
19 mm, que são recomendadas para concretos permeáveis.
Figura 1 - Curvas granulométricas típicas de concreto permeável.
Fonte: Li (2009, apud BATEZINI, 2013).
Batezini (2013) diz que para uma melhor qualidade nos materiais utilizados,
esses devem passar por ensaios de laboratório. Na Erro! Fonte de referência não
encontrada. aparecem consumo e proporções típicas de concreto drenante.
Tabela 1 - Consumos e proporções típicas utilizadas em concreto permeável.
MATERIAIS Consumo/proporção
Ligante hidráulico (kg/m³) 270 a 415
Agregado graúdo (kg/m³) 1190 a 1700
Relação água/cimento (a/c) em massa 0,27 a 0,34
Relação cimento agregado em massa 1:4 a 1:4,5
Relação agregado miúdo/agregado graúdo em massa 0 a 1:1
Fonte: Batezini (2013).
Ainda segundo ACI (2006 apud Batezini, 2013) a relação água/cimento (a/c)
juntamente com o modo de compactação na moldagem do corpo de prova são os
fatores que mais interferem na resistência mecânica do concreto poroso.
Assim como nos concretos convencionais, o cimento Portland é o
aglomerante mais utilizado nos concretos drenantes. Cinza volante, escória
granulada de alto forno moída e sílica ativa, também são matérias adaptáveis à
utilização nas dosagens de concreto permeável. Entretanto, salienta-se que a fração
14
utilizada deve compreender uma faixa que aprimore as propriedades mecanicistas
resultantes e não interfira na qualidade de drenabilidade final do concreto
(BATEZINI, 2013).
Conforme Helene 1992 o cimento pode ser escolhido de acordo com as
propriedades que melhor se enquadrem nas condições de utilização do concreto. O
autor ainda sugere que a disponibilidade de um determinado cimento em uma região
intervirá na escolha do mesmo.
Monteiro (2010) salienta que segundo Ferguson (2005) o concreto permeável
requer mais cimento em seus traços do que os concretos convencionais. Todavia
traços com consumo elevado de cimento resultam em resistências mecânicas
superiores, mas diminuem os vazios do concreto poroso de maneira que diminui sua
permeabilidade. Para obter valores de resistência e permeabilidade propícios
aconselha-se utilizar consumo de cimento na faixa de 270 kg/m³ a 415 kg/m³
(AZAÑEDO et al., 2007 apud MONTEIRO, 2010). Já para NCPTC (2010 apud Brito
e Santos, 2010) o consumo de cimento deve compreender-se entre 180 kg/m³ e 360
kg/m³ para alcançar os resultados almejados de resistência e permeabilidade.
Além de reagir com o cimento, a água regula a trabalhabilidade do concreto.
Sabe-se que a relação água/cimento e a resistência à compressão são
inversamente proporcionais em concretos convencionais, mas nos concretos
drenantes essa relação tem mais complexidade. Propõe-se que se utilize de 0,35 a
0,50 quando realizada a compactação (OSPINA e ERAZO, 2007 apud MONTEIRO,
2010).
Monteiro (2010) lembra que para Huang et al.(2009) a relação a/c não
interfere demasiadamente nas características do concreto permeável. Monteiro
(2010) ainda relata que para Azañedo et al.(2007) essa relação varia com a
quantidade e tipo de cimento bem como com a granulometria do material pétreo.
Também cita que se adota como um valor adequado de relação a/c, quando a pasta
adquire brilho metálico. Os autores ainda referem que usualmente essa relação
compreende-se entre 0,24 e 0,45.
Monteiro (2010) também cita que Lian e Zhuge (2010) examinaram relações
a/c de 0,30 a 0,38 e entenderam que quando essas passam de 0,34 a resistência à
compressão diminui e a permeabilidade aumenta. Ainda salienta-se que o melhor
desfecho está na relação de 0,32 e não se recomenda valores inferiores a 0,30.
15
Ainda pode-se adicionar ao traço do concreto drenante aditivos pelas mesmas
razões que são somados aos concretos convencionais, obter um concreto com
maior qualidade alterando suas características de maneira a converter o produto em
um material mais trabalhável, resistente, econômico e durável (TARTUCE, 1990
apud MONTEIRO, 2010). Por exemplo, dependendo da relação a/c, utiliza-se
aditivos redutores de água. No concreto permeável a pega transcorre rapidamente,
para corrigir esta propriedade, pode-se adicionar aditivo retardador de pega
(TENNIS et al., 2004).
2.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO DRENANTE
Nesse item serão estudadas as principais propriedades do concreto drenante
nos seus estados fresco e endurecido.
2.3.1 Estado fresco
A trabalhabilidade do concreto drenante é inferior a do concreto convencional
devido à consistência elevada. O ensaio de abatimento do concreto estudado
resulta, habitualmente, em valores menores que 20 mm (TENNIS et al., 2004).
Batezini (2013) diz que dificilmente o abatimento do concreto permeável atinge
valores maiores que 50 mm.
O ensaio de abatimento de tronco de cone é utilizado como um controlador ao
confeccionar concretos convencionais. Entretanto, como visto anteriormente, para a
produção do concreto drenante é inviável o seu emprego devido à consistência do
material. Com isso, para o concreto em estudo adota-se o controle visual e o ensaio
de massa unitária. A massa unitária do concreto poroso é cerca de 70% da massa
unitária do concreto convencional. Visualmente é possível verificar a coesão da
mistura, recomenda-se comprimir uma amostra com as mãos e analisar se há
aglomeração dos materiais (Figura 2), dessa forma entendendo que o material é
coeso, caso contrário, que o material se disperse (Figura 3), diz-se que o material
não está coeso e deve ser adicionada água (TENNIS et al., 2004). Sandoval (2014)
16
realizou estudos onde constatou que um tempo de 5 minutos no processo de mistura
é o que mais apresenta homogeneidade e consistência ao concreto poroso.
Figura 2 - Mistura coesa.
Fonte: Tennis et al. (2004).
Figura 3 - Mistura não coesa.
Fonte: Tennis et al. (2004).
Outro fator importante é o tempo de pega. Segundo Tennis et al.(2004), o
tempo máximo recomendado entre o fim da mistura e o lançamento do concreto
drenante é de 60 minutos. Batezini (2013) registra que, normalmente, quando
comparado o concreto permeável ao concreto convencional o tempo útil de trabalho
é inferior e cita que para ACI (2008), assim como para Tennis et al. (2004) o tempo
útil é de 1 hora após a mistura com água. O autor ainda comenta que esse tempo
pode se estender para 90 minutos com a utilização de aditivos retardadores,
variando com o clima do local e com o tipo de aditivo aplicado na mistura.
17
Tennis et al. (2004) expressa que, no estado fresco, as massas específicas
aparentes do concreto drenante são da grandeza de 1300 kg/m³ a 2000 kg/m³. A
NBR 16416/2015 exige que o valor mínimo de massa específica seja de 1600 kg/m³.
Considera-se ainda que a compactação adotada e o traço utilizado interfiram nesse
valor, bem como no índice de vazios das amostras.
2.3.2 Estado Endurecido
Considerando que o traço do concreto permeável possui pouco ou nada de
materiais finos o produto final tem coeficiente de atrito alto, pois tem superfície
rugosa. Essa característica diferencia o concreto drenante do convencional
(BATEZINI, 2013).
Batezini (2013) cita que as resistências mecânicas do concreto permeável são
influenciadas pelo índice de vazios. Se o índice é menor que 15% entende-se que o
material possui baixa porosidade. Para se obter um concreto com porosidade alta, o
referido índice deve atingir pelo menos 30%. Tennis et al. (2004) recomenda adotar
índices de vazios em torno de 20% de maneira que o concreto possua boa
resistência e permeabilidade conjuntamente.
A taxa de percolação de um concreto drenante para Tennis et al. (2004) são
na ordem de 0,21 cm/s a 0,54 cm/s. O autor considera esse dado como uma das
característica mais relevante do concreto permeável. Batezini (2013) comenta que
Bean et al. (2007) encontraram valores em campo oscilando entre 0,07 cm/s e 0,77
cm/s. A NBR 16416/2015 define uma permeabilidade mínima de 10−3 m/s.
Schaefer et al. (2006) analisaram a relação da taxa de percolação e o índice
de vazios e apresentaram o gráfico da Figura 4.
18
Figura 4 - Relação entre o índice de vazios e a condutividade hidráulica do concreto permeável.
Fonte: Batezini (2013) adaptado de Schaefer et al. (2006).
Ao se verificar o conteúdo dos estudos obtidos para o concreto drenante
foram encontrados trabalhos focados na sua resistência à compressão simples e no
seu desempenho quanto à drenabilidade. Isso, possivelmente, devido à
irregularidade final de uma amostra do concreto permeável, que dificulta a realização
de outros ensaios, como por exemplo, de tração na flexão e módulo de elasticidade.
Os resultados de ensaios de tração na flexão são relevantes se essa mistura for ser
utilizada como revestimento de pavimento (BATEZINI, 2013).
Batezini (2013) ainda apresentou resultados de uma revisão realizada por
Kevern et al. (2009) onde o autor diz que a geração de concreto poroso se dava por
material pétreo graúdo e com uniformidade na distribuição granulométrica, obtendo-
se altas taxas de infiltração, em torno de 0,60 cm/s. Mas, tratando-se de concreto
drenante, para atingir essa elevada permeabilidade os traços apresentavam redução
nas resistências à compressão, entre 6,70 MPa e 17,50 MPa. A Environmental
Protection Agency (EPA) informou que, em decorrência do método ilustrado, 75%
dos pavimentos drenantes dos EUA fracassaram no final da década de 90, atribuído
ao fato das resistências inadequadas causadas pelo índice de vazios alto, ou ainda,
por práticas incorretas na fase de construção. Batezini (2013) também expõe o
conhecimento de Beeldens (2001) onde ele fala que países europeus, Japão e
Austrália tinham mais êxito na utilização da técnica do concreto permeável. Nessas
19
nações, eles utilizaram misturas que apresentavam resistência à compressão ao
redor de 32 MPa, no entanto, as taxas de infiltração eram menores quando
comparado aos traços americanos.
Por meio de análise, é notório que a realização de pesquisas mais complexas
sobre a relação de resistência com permeabilidade é fundamental para melhor
entendimento da funcionalidade do concreto drenante, pois o material deve resistir
aos esforços solicitados de tráfego, quando utilizado como pavimento, e ainda,
simultaneamente, deve ter um coeficiente de permeabilidade adequado às
condições climáticas do local de sua execução (BATEZINI, 2013).
Batezini (2013) também apresentou uma importante pesquisa realizada por
Dellate et al. (2009) onde foram realizadas análises visuais e ensaios em laboratório
de amostras retiradas de pavimentos revestido com concreto drenante de 20 locais
distintos nos EUA. No trabalho foram identificados que em grande parte das regiões,
as amostras tiveram, em pequena escala, desagregação superficial com perda de
agregados. Isso ocorre devido à quebra do contato entre agregado e ligante e o
agregado se solta da estrutura do pavimento. Ainda, segundo levantamento da
pesquisa, seis áreas tinham vestígios de fissuração precoce. Ainda sobre a
pesquisa, os ensaios de laboratório revelaram que os índices de vazios da parte
superior eram menores que os da parte inferior em algumas amostras. Isso,
possivelmente é decorrente da colmatação dos poros na parte superior do
revestimento ou do procedimento construtivo. Esse problema pode ser corrigido com
os reparos que o concreto drenante exige durante sua vida útil.
Sobre a relação entre o volume de vazios e as resistências à compressão e à
tração na flexão, o estudo estipulou que é inversamente proporcional, de maneira
que para o traço ter resistências altas, a mistura deve possuir poucos vazios. A
Figura 5 apresenta essa relação.
20
Figura 5 - Relação entre 1/10 da resistência à compressão e o índice de vazios.
Fonte: Batezini (2013) adaptado de Dellate et al. (2009).
Conforme citado anteriormente, a maneira que a mistura é compactada
interfere diretamente nas propriedades do concreto sem finos. Batezini (2013) relata
que Schaefer et al. (2006) pesquisaram sobre o assunto referido. Corpos de prova
cilíndricos foram moldados e compactados com 25 golpes por camada, sendo 3
camadas por CP. Em seguida, as amostras eram levadas à mesa vibratória onde
eram vibradas por 5 segundos. A maneira de se ter energias de compactação
distintas foi a utilização de mesas vibratórias com amplitudes diferente. Para uma
compactação chamada de regular, a mesa vibratória possuía uma amplitude de
vibração de 0,000127 mm. Já para uma energia baixa, a amplitude era de
0,0000864 mm. Os corpos de prova foram rompidos à compressão axial e à tração
por compressão diametral e analisados frente a ciclos de gelo e degelo e as suas
massas unitárias. As Figura 6, 7 e 8 ilustram os resultados obtidos no estudo.
21
Figura 6 - Efeito da energia de compactação na resistência à compressão.
Fonte: Batezini (2013) adaptado de Schaefer et al. (2006).
Figura 7 - Efeito da energia de compactação na relação entre a resistência à compressão e resistência à tração por compressão diametral.
Fonte:
Batezini (2013) adaptado de Schaefer et al. (2006).
22
Figura 8 - Efeito da energia de compactação na variação da massa unitária em função do índice de vazios.
Fonte: Batezini (2013) adaptado de Schaefer et al. (2006).
Por meio da análise dos resultados apresentados nas figuras, percebe-se que
quanto menor a energia de compactação maior a variação nos desfechos dos
ensaios. Dessa maneira, é possível dizer que para o trabalho em questão, os
resultados da energia de compactação regular se correlacionam melhores que os da
energia baixa. Também, sobre a análise mais específica da Figura 6, compreende-
se que para índices de vazios maiores, menores são as diferenças na resistência
para as duas energias de compactação (BATEZINI, 2013).
Segundo Batezini (2013), com o intuito de aumentar as resistências sem
diminuir sua capacidade de infiltração, Huang et al. (2010) adicionaram ao traço do
concreto poroso fibras de polipropileno e látex, juntamente com pequenas
quantidades de agregado miúdo. Os autores adicionaram esse material como um
reforço na produção de diferentes misturas do concreto permeável. A Figura 9
mostra os resultados encontrados para a resistência à tração por compressão
diametral, a Figura 10 apresenta as características obtidas nos ensaios de taxa de
infiltração.
23
Figura 9 - Resistência à tração por compressão diametral dos diversos traços.
Fonte: Batezini (2013) adaptado de Huang et al. (2010).
Figura 10 - Permeabilidade dos diversos traços.
Fonte: Batezini (2013) adaptado de Huang et al. (2010).
Examinando a figura 10, nota-se que a taxa de infiltração se conservou alta e
que o menor valor detectado foi de, aproximadamente, 1,25 cm/s no traço que
possuía látex e areia e cujo diâmetro máximo é de 4,75 mm. Lê-se na figura que o
diâmetro máximo dos materiais pétreos parece não ter influência direta na
condutividade hidráulica das amostras, sendo então a interconectividade dos poros
24
das misturas que mais influencia nessa propriedade do concreto drenante
(BATEZINI, 2013).
Goede (2009) encontrou o módulo de elasticidade estático e o coeficiente de
Poisson em ensaios de compressão. Para isso, foram moldados corpos de prova
cilíndricos com agregado de diâmetro único de 12,50 mm e a relação água/cimento
variando entre 0,27 e 0,28. Devido ao alto índice de vazios, era esperado que os
valores a serem encontrados fossem menores que os valores correntemente
encontrados para concretos convencionais. Os resultados para o módulo de
elasticidade variaram entre 12.100 MPa e 15.100 MPa, conforme era esperado,
menores que de concretos convencionais. A Figura 11 mostra uma curva de relação
entre o módulo de elasticidade e a resistência à compressão das amostras. Para
coeficiente de Poisson, foram encontrados resultados de 0,14 a 0,34 e a média de
0,22. Os valores são muito parecidos, mas apresentam maior dispersão que os
encontrados por Ghafoori e Dutta (1995) apud Batezini (2013), que apontaram que o
coeficiente de Poisson do concreto drenante e do concreto convencional são
aproximados e estão entre 0,15 e 0,20.
Figura 11 - Relação entre o módulo de elasticidade e a resistência à compressão.
Fonte: Batezini (2013) adaptado de Goede (2009).
25
2.4 TRAÇOS, EXECUÇÃO E RESULTADOS DE ESTUDOS RECENTES
A seguir serão apresentados procedimentos de moldagem, cura, os diversos
traços estudados e os resultados obtidos por alguns autores que pesquisaram
recentemente sobre concretos permeáveis.
2.4.1. Monteiro (2010)
Para a realização da moldagem do estudo, a autora utilizou brita zero oriunda
de rocha de micaxisto e cimento Portland CP II F-32. Foram confeccionados moldes
cilíndricos e prismáticos. Os ensaios realizados foram índice de vazios, absorção de
água, massa específica da amostra seca e saturada, resistência à compressão
simples e resistência à tração na flexão.
O trabalho consistiu na elaboração de dois traços diferentes exibidos na
Tabela 2.
Tabela 2 - Traços estudados por Monteiro (2010).
Traço Relação água/cimento Proporção cimento/agregado (1:M)
T1 0,26 1:3
T2 0,30 1:4
Fonte: (Adaptado de MONTEIRO, 2010).
Foi realizado ensaio de abatimento do tronco de cone – Slump Test. Aplicou-
se 25 golpes em cada camada, sendo três camadas. Devido às características do
concreto drenante não serem adequadas para esse ensaio, ocorreu
desmoronamento da massa para os dois traços e a autora considerou que o
concreto não é plástico e coeso para se avaliar sua consistência por esse método.
O adensamento dos corpos de prova foi executado em mesa vibratória tanto
para os moldes cilíndricos quanto para os prismáticos e o procedimento consistiu em
vibrar por 30 segundos cada camada, sendo que foram feitas três camadas por CP.
26
As amostras cilíndricas foram desmoldadas após 24 horas e as prismáticas
após 48 horas. Os ensaios foram realizados 28 dias depois de moldar.
Os resultados encontrados pela autora estão dispostos na Tabela 3.
Tabela 3 - Resultados encontrados por Monteiro (2010).
Absorção de água (%)
Volume de vazios (%)
T1 T2 T1 T2
5,77 6,30 15,25 16,67
Massa específica da amostra seca (g/cm³)
Massa específica da amostra saturada
(g/cm³)
T1 T2 T1 T2
2,64 2,65 2,80 2,81
Resistência à compressão (MPa)
Resistência à tração na flexão (MPa)
T1 T2 T1 T2
9,39 10,70 0,90 0,50
Fonte: (Adaptado de MONTEIRO, 2010).
Analisando os resultados verifica-se que apesar dos traços serem distintos
tanto na relação água/cimento e no teor de agregados a resistência à compressão
se manteve próxima, contrariando os valores encontrados para a resistência à
tração na flexão em que o traço com menor teor de agregados teve resultados mais
satisfatório. Ainda percebe-se que o aumento no consumo de cimento não
representou ganho significativo de resistência.
2.4.2. Brito e Santos (2010)
Em sua pesquisa os autores estudaram 16 traços distintos, que estão
dispostos na Tabela 4, variando a relação a/c e a proporção cimento/agregado. As
amostras foram submetidas ao ensaio de resistência à compressão e a
determinação do índice de vazios.
27
Tabela 4 - Traços analisados por Brito e Santos (2010).
Proporção cimento/agregado (1:M)
a/c, mín. a/c, 1 a/c, 2 a/c, máx.
1:4 0,27 0,31 0,34 0,38
1:5 0,27 0,31 0,34 0,38
1:6 0,27 0,31 0,34 0,38
1:7 0,27 0,31 0,34 0,38
Fonte: (Adaptado de BRITO e SANTOS, 2010).
O cimento utilizado foi o CP II – Z – 32. O material pétreo foi brita de
classificação número um. O adensamento das amostras foi realizado com a
aplicação de 24 golpes por CP divididos em duas camadas. O desmolde foi
realizado após 24 horas da moldagem. A cura úmida foi realizada com submersão
das amostras em uma solução de água e cal hidratada, onde permaneceram até a
idade do ensaio de resistência à compressão.
Para a realização do ensaio é conveniente que se faça o capeamento do CP,
porém os autores não o fizeram devido aos equipamentos disponíveis. Dessa forma,
as amostras foram colocadas na prensa somente com os apoios de neoprene com o
anel de confinamento. Os ensaios de resistência à compressão foram realizados aos
7, 14 e 28 dias e os resultados estão expostos na Tabela 5.
28
Tabela 5 - Resistência à compressão dos traços vistos por Brito e Santos (2010). C
ime
nto
/agre
ga
do
1:4
a/c
Resistência a compressão (MPa)
Cim
ento
/agre
ga
do
1:5
a/c
Resistência a compressão (MPa)
7 dias 14 dias 28 dias 7 dias 14 dias 28 dias
0,27 2,40 3,33 3,00 0,27 2,05 2,17 2,24
0,31 3,39 3,36 3,74 0,31 2,42 2,75 3,41
0,34 2,82 3,39 4,44 0,34 3,47 4,09 4,25
0,38 5,86 3,86 5,25 0,38 3,83 4,06 4,57
Cim
ento
/agre
ga
do
1:6
a/c
Resistência a compressão (MPa)
Cim
ento
/agre
ga
do
1:7
a/c
Resistência a compressão (MPa)
7 dias 14 dias 28 dias 7 dias 14 dias 28 dias
0,27 1,08 1,35 1,39 0,27 1,11 1,17 1,01
0,31 1,98 1,97 2,56 0,31 1,63 1,77 1,59
0,34 2,48 2,9 3,82 0,34 2,15 2,33 2,31
0,38 2,75 3,41 3,58 0,38 2,94 2,82 2,87
Fonte: (Adaptado de BRITO e SANTOS, 2010).
Na Figura 12 os resultados da resistência à compressão são expressos em
forma de gráfico a fim de facilitar o entendimento.
Figura 12 – Resultados encontrados por Brito e Santos (2010).
Fonte: Arquivo do autor.
Na Tabela 6 encontram-se os valores dos índices de vazios determinados
para as variações de proporção cimento/agregados com a relação a/c de 0,38.
0
1
2
3
4
5
6
0,27 0,31 0,34 0,38
Re
sist
ên
cia
a co
mp
ress
ão (
MP
a)
Relação água/cimento
Cimento/agregado 1:4
Cimento/agregado 1:5
Cimento/agregado 1:6
Cimento/agregado 1:7
29
Tabela 6 - Índices de vazios para os traços com relação a/c de 0,38.
Proporção cimento/agregado Índice de vazios (%)
1:4 39,41
1:5 28,88
1:6 40,53
1:7 36,03
Fonte: (Adaptado de BRITO e SANTOS, 2010).
De modo geral os resultados de resistência à compressão devem ser
prejudicados pelas irregularidades das amostras, considerando a falta de
capeamento dos corpos de prova. Na Figura 12, nota-se que conforme o teor de
agregados aumentou, as resistências diminuíram e conforme a relação a/c crescia
também evoluíam os valores de resistência, indicando existir uma relação a/c
mínima para hidratar os grãos de cimento e atingir as máximas resistências. Os
índices de vazios não apresentaram comportamento lógico, variando aleatoriamente,
o que pode ser uma característica desse tipo de material.
2.4.3. Höltz (2011)
O autor separou seu trabalho em etapas. Em um primeiro momento
desenvolveu estudos de resistência e permeabilidade para 12 traços de concreto
drenante. Os traços são descritos na Tabela 7 e possuem alterações nos teores de
agregado (M) e nas relações água/cimento.
30
Tabela 7 - Traços pesquisados na primeira etapa por Höltz (2011).
Proporção cimento/agregado (1:M) Relações água/cimento
1:5 0,26 0,30 0,35 0,45
1:7 0,26 0,30 0,35 0,45
1:9 0,26 0,30 0,35 0,45
Fonte: (Adaptado de HÖLTZ, 2011).
Esses traços foram executados com brita 1, diâmetro máximo de 19 mm e
cimento CP V – ARI. As amostras foram desmoldadas após 24 horas e então
levadas para a câmera úmida, com temperatura de 23ºC e umidade relativa superior
a 95%, e lá permanecerem até as datas dos ensaios.
A Tabela 8 apresenta as resistências à compressão médias das amostras de
cada traço. Para o traço com teor de agregados M = 5 e com relação a/c de 0,45,
nas palavras do autor, o concreto resultante não se configurou em um concreto
permeável.
31
Tabela 8 - Resistências à compressão média dos traços estudados na primeira etapa.
Cim
ento
/agre
ga
do
1:5
a/c
Resistência à compressão (MPa)
7 dias 14
dias 28 dias
0,26 3,78 3,85 4,11
0,30 6,67 7,03 6,84
0,35 6,96 8,22 9,05
0,45 - - -
Cim
ento
/agre
ga
do
1:7
a/c Resistência à compressão (MPa)
7 dias 28 dias
0,26 1,64 2,24
0,30 6,03 6,17
0,35 6,13 6,74
0,45 4,91 6,32
Cim
ento
/agre
ga
do
1:9
a/c
Resistência à compressão (MPa)
7 dias 14
dias 28 dias
0,26 3,25 2,56 2,61
0,30 2,42 3,03 2,33
0,35 4,76 4,02 4,80
0,45 4,91 6,56 6,84
Fonte: (Adaptado de HÖLTZ, 2011).
Abaixo, a Figura 13 apresenta graficamente os resultados de Höltz (2011)
para o ensaio de resistência à compressão na primeira etapa de seu trabalho.
32
Figura 13 – Resultados encontrados por Höltz (2011) na primeira etapa.
Fonte: Arquivo do autor.
A partir de uma análise do autor sobre a Figura 13, verificou-se que o traço
mais adequado para dar sequência na pesquisa era o que possuía M = 5 e relação
a/c de 0,30, considerando que este traço apresentou boa porosidade. Adotado o
traço da segunda etapa, ainda optou-se por investigar os impactos relacionados ao
anexo de brita 0 e de pequenas quantidades de areia.
Ainda nesta segunda etapa, escolheu-se variar o teor de agregados e utilizar
um traço com a relação cimento/agregado de 1:4, com o intuito de adquirir
resistências mais elevadas. Também se questionou a forma em que se produziam
as amostras e decidiu-se moldar placas de concreto e extrair as amostras dessas.
Sobre a compactação, foram analisadas nessa etapa três formas de executá-
la:
Por meio de mesa vibratória, onde a vibração é vigorosa;
Com vibrador tipo agulha com diâmetro de 25 mm, essa considerada
uma vibração normal e;
Sem vibrar.
Para o prosseguimento, foram moldados corpos de prova com os traços
descritos na Tabela 9, com relação a/c mantida em 0,30, M = 4, M = 5 e variando as
percentagens de quantidade dos diferentes tamanhos do material pétreo, inclusive
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,26 0,30 0,35 0,45
Re
sist
ên
cia
a co
mp
ress
ão (
MP
a)
Relação água/cimento
Cimento/agregado 1:5
Cimento/agregado 1:7
Cimento/agregado 1:9
33
com adição de agregado miúdo. O material foi adensado com vibrador do tipo
agulha.
Tabela 9 - Traços moldados na segunda etapa.
Relação a/c
Proporção cimento/agregado
(1:M) Areia (%)
Brita 0 (%)
Brita 1 (%)
0,30
1:4
0 0 100
0 100 0
7 0 93
1:5
0 0 100
0 100 0
7 0 93
Fonte: (Adaptado de HÖLTZ, 2011).
Como parte dos resultados dessa segunda etapa de estudos do autor, a
Tabela 10 apresenta as resistências obtidas para o traço com M = 4 e relação a/c de
0,30, apenas verificando a influência da alteração nos tamanhos dos agregados.
Tabela 10 - Resistência à compressão com variação dos agregados.
Composição de agregados 100% Brita 1 100% Brita 0 97% Brita 1 + 7% Areia
Resistência à compressão média (MPa)
3,46 8,54 4,08
Fonte: (Adaptado de HÖLTZ, 2011).
Através dos resultados constata-se que a areia favoreceu a resistência do
traço com brita 1, mas o traço com brita 0 obteve melhores resistências, devido,
provavelmente, há um melhor encaixe entre os agregados, por serem de menor
tamanho, e consequente menor índice de vazios.
Para verificar a interferência da vibração, moldou-se o traço com M = 4,
relação a/c de 0,30 e a composição dos agregados com 93% de brita 1 e 7% de
areia. Então foram compactadas amostras com as três formas de compactação
34
citadas anteriormente. Os resultados dessa experiência estão expostos na Tabela
11.
Tabela 11 - Efeito da vibração em um determinado traço.
Tipo de vibração Resistência à compressão média (MPa)
Sem vibrar 4,82
Vibrador tipo agulha com diâmetro de 25 mm
5,26
Mesa vibratória (10 segundos por camada)
6,99
Fonte: (Adaptado de HÖLTZ, 2011).
De acordo com este estudo, a compactação por mesa vibratória pode ser
considerada a mais eficiente, quando comparado ao vibrador do tipo agulha, ou a
não vibração. Trata-se de um tempo pequeno de vibração em mesa vibratória, caso
contrário pode haver segregação dos constituintes do concreto drenante.
Conforme declarado anteriormente, para analisar o modo em que se
confeccionavam as amostras, o autor fabricou corpos de prova moldados e extraiu
outros de uma placa, moldada conforme execução em campo, para posterior
comparação entre os resultados de resistência à compressão. O traço escolhido
para produzir essas amostras é o com teor de agregado igual a 4 (1:4), relação a/c
de 0,30 e variou-se a composição dos agregados da mesma forma que fez-se antes.
Na Tabela 12 estão dispostas as resistências encontradas para cada método
de formação do CP.
35
Tabela 12 - Comparação da resistência à compressão entre amostras moldadas e extraídas.
Composição de agregados
100% Brita 1 100% Brita 0 97% Brita 1 + 7% Areia
Forma de obtenção do corpo
de prova Moldado Extraído Moldado Extraído Moldado Extraído
Resistência à compressão média
(MPa) 1,99 3,68 4,22 3,66 8,40 5,04
Fonte: (Adaptado de HÖLTZ, 2011).
A execução de amostras de laboratório difere em muito com a realização em
campo e a preocupação com a representação do concreto para estudo é pertinente,
porém no trabalho do autor, não se tem através da análise dos resultados uma
clareza na diferença entre os corpos de prova moldados e os extraídos, que
representariam melhor o concreto no campo. Os resultados apresentam ampla
variação e, para melhor compreensão, são necessários estudos mais precisos de
análise comportamental das estruturas de concreto drenante.
2.4.4. Batezini (2013)
Batezini (2013) moldou corpos de prova cilíndricos e prismáticos para realizar
ensaios de resistências e permeabilidade. O autor executou três traços alterando o
tamanho máximo do agregado graúdo. O material pétreo utilizado foi de origem
granítica e seu diâmetro variava entre 4,8 mm e 12,5 mm.
Para a composição das misturas esse material foi peneirado e reservado em
função do seu diâmetro. Além disso, como possuía pouco material pulverulento, o
autor optou por não lavar o material para a utilização.
Adotou-se o cimento CP III 40 RS, pois o autor menciona que esse
aglomerante possui boa resistência a sulfatos, que é adequado para concretos com
índice de vazios elevados, de maneira que é apropriado para o concreto drenante.
A Tabela 13 apresenta as frações utilizadas pelo autor em suas misturas.
36
Tabela 13 - Frações de agregados de cada traço.
Misturas % Material retido
4,8 a 6,3 mm 6,3 a 9,5 mm 9,5 a 12,5 mm
M1 0 100 0
M2 50 50 0
M3 30 40 30
Fonte: (Adaptado de BATEZINI, 2013).
A relação a/c adotada foi de 0,3 em todas as misturas. O consumo de cimento
e agregados utilizados equivalem a uma proporção cimento/agregado de 1:4,44 (M =
4,44).
Batezini (2013) baseou-se no trabalho de Schaefer et al. (2006) em que os
autores determinaram que o modo em que se executa a mistura do concreto
permeável influência nas propriedades do material. Com isso, os autores
propuseram um mecanismo de mistura em que encontraram melhores
características mecânicas e hidráulicas. O processo é o seguinte:
i. Adiciona-se na betoneira o agregado e 5% do cimento;
ii. Mistura-se durante 60 segundos;
iii. Acrescentam-se os demais materiais do traço;
iv. Mistura-se durante 3 minutos;
v. Mantém-se a mistura em repouso durante 3 minutos;
vi. Mistura-se durante mais 2 minutos.
A compactação das amostras consistiu em golpes com bastão metálico e um
período em mesa vibratória. Os corpos de prova cilíndricos obtiveram 45 golpes com
o bastão, sendo divido em 3 camadas. Já nas amostras prismáticas foram
empregados 50 golpes em duas camadas. Todas as amostras foram levadas a
vibração por 10 segundos.
O autor seguiu a NBR 5738 (ABNT, 1994) para o procedimento de cura. Os
corpos de prova foram colocados em câmera úmida com umidade constante de
98%. Durante os sete primeiros dias os corpos de prova permaneceram nos moldes,
pois conforme o autor, as amostras de concreto permeável, diferentemente das de
concreto convencional, não possuíam estrutura estável para serem desmoldadas
passadas 24 horas da moldagem.
37
Com os métodos de moldagem apresentados, o autor realizou ensaios nas
amostras aos 28 dias e a Tabela 14 apresenta os valores médios encontrados para
cada mistura.
Tabela 14 - Resultados encontrados por Batezini (2013).
Índice de vazios Massa Específica
Aparente Seca (kg/m³)
M1 M2 M3 M1 M2 M3
0,24 0,25 0,25 1851 1851 1841
Taxa de Infiltração (cm/s) Módulo de Elasticidade
Dinâmico (GPa)
M1 M2 M3 M1 M2 M3
0,14 0,13 0,14 22,7 22,97 23,97
Resistência à compressão (MPa)
Resistência à tração na
flexão (MPa)
M1 M2 M3 M1 M2 M3
8,45 8,68 7,51 2,16 2,03 2,22
Módulo de elasticidade Estático (GPa)
Resistência à tração
indireta por compressão diametral (MPa)
M1 M2 M3 M1 M2 M3
15,98 15,52 16,49 1,24 1,45 1,39
Fonte: (Adaptado de BATEZINI, 2013).
Como a relação a/c e o teor de agregados M não foi o foco principal do
estudo, e sim apenas a influência do tamanho dos agregados utilizados, os
resultados das três misturas foram muito próximos em todos os ensaios realizados.
Assim sendo, em concordância com o trabalho do autor, para um concreto drenante,
as relações água/cimento e cimento/agregado determinam os valores de
resistências mecânicas, salvo se utilizado aditivos ou adições.
38
2.4.5. Sandoval (2014)
Em um primeiro momento em seu trabalho, o autor produziu amostras de
concreto poroso a fim de determinar a granulometria mais adequada para ser
utilizada. Dessa forma, Sandoval (2014) moldou corpos de prova com teor de
agregados M de 3,26 (1:3,26) e relação a/c de 0,34. Foram fabricadas amostras
somente com brita 0, somente com brita 1 e com 50% de cada material. O cimento
utilizado foi o CP II F 32. A mistura foi executada da seguinte maneira:
i. Adição do agregado graúdo e metade da água;
ii. Mistura por 2 minutos;
iii. Adição do cimento;
iv. Mistura por 60 segundos;
v. Adição do restante da água;
vi. Mistura por mais 2 minutos.
O adensamento das amostras cilíndricas foi realizado na mesa de
consistência, sendo 40 golpes divididos em duas camadas. Já as placas foram
adensadas com 5 golpes de martelo de borracha no entorno da forma por camada,
também utilizadas duas camadas.
Os corpos de prova foram imersos em água e cal até a idade do ensaio para
obterem cura adequada.
Os valores de resistências mecânicas aos 28 dias encontrados pelo autor,
bem como a porcentagem de vazios e a permeabilidade das proporções de
agregado utilizadas estão dispostas na Tabela 15.
39
Tabela 15 - Resultados encontrados por Sandoval (2014).
Composição dos agregados 100% brita 0 100 % brita 1 50% brita 0 + 50% brita 1
Resistência à compressão média (MPa)
9,49 9,96 19,19
Resistência à flexo-tração média (MPa)
1,49 1,28 1,83
Índice de vazios (%) 36,44 32,26 31,47
Coeficiente de permeabilidade (mm/s)
1,52 2,77 1,56
Fonte: (Adaptado de SANDOVAL, 2014).
Averiguando os resultados de resistência percebe-se que tanto a resistência à
compressão e a resistência à flexo-tração tiveram resultados significativamente
superiores para o traço que possuía 50% de cada material, possivelmente esse
traço obteve melhor entrosamento entre os materiais e por consequência obteve o
menor índice de vazios, bem como pode ser visto nos resultados.
2.4.6. Castro (2015)
A partir da análise de sua revisão de literatura, o autor decidiu prosseguir seu
estudo realizando 4 traços, sendo dois destes iguais, somente com diferentes
formas de compactação das amostras. Os traços possuem relação a/c de 0,30 e
diferenciam-se pelo teor de agregado M ou por uma composição de brita 0 e areia
média, como pode ser visto na Tabela 16.
40
Tabela 16 - Traços estudados por Castro (2015).
Traço a/c Proporção
cimento/agregado (1:M)
Brita 0 (%)
Areia média (%)
1
0,30
1:4 100 0
2 1:4 90 10
3 1:3 100 0
4* 1:4 90 10
* Traço com compactação diferenciada.
Fonte: (Adaptado de CASTRO, 2015).
O cimento utilizado foi o CP IV 32, o processo de mistura realizou-se da
mesma maneira que Batezini (2013), explicado no item 2.4.4 deste trabalho. A
compactação dos traços 1, 2 e 3 foram feitas com 15 golpes com soquete por
camada, em três camadas, pois Castro (2015) comenta que Suleiman et al. (2006)
afirmam que esta maneira de compactar mantém a permeabilidade da amostra e
favorecem as resistências mecânicas. A compactação do traço 4, foi executada com
o soquete Marshall, com energia normal seguindo a NBR 7182/88 sendo mantido os
45 golpes divididos em três camadas. A desmoldagem foi realizada 24 horas após, e
a partir de então as amostras foram submersas em água para a efetivação da cura.
A Tabela 17 encontra os valores médios encontrados para os ensaios de
resistência, coeficiente de permeabilidade e índice de vazios.
41
Tabela 17 - Resultados obtidos por Castro (2015).
Traço 1 2 3 4
Índice de vazios 0,33 0,28 0,24 0,20
Coeficiente de Permeabilidade (m/s) 0,067 0,051 0,029 0,011
Resistência à compressão (MPa)
7 dias 1,46 2,73 2,58 6,38
14 dias 1,6 2,88 3,08 5,98
28 dias 2,35 4,64 4,85 8,37
Resistência à tração na compressão diametral (MPa)
7 dias 0,43 0,25 0,29 0,96
14 dias 0,24 0,44 0,33 0,93
28 dias 0,24 0,51 0,4 1,13
Resistência à tração na flexão (MPa) 28 dias 0,31 0,65 0,51 1,46
Fonte: (Adaptado de CASTRO, 2015).
A partir dos resultados encontrados pelo autor pode-se considerar que o
modo de compactação marshall elevou consideravelmente as resistências,
diminuindo o índice de vazios e a permeabilidade da amostra. Ainda, quando
comparado os traços com compactação com soquete, é possível, novamente,
verificar que o traço com menor teor de agregado M é o mais resistente e que
quando adicionado areia a um traço, esta também contribui favoravelmente para as
resistências mecânicas do concreto drenante.
2.4.7. Schwetz et al. (2015)
A pesquisa dos autores tem como principal distinção das demais o estudo da
influência do processo de cura dos corpos de prova. Para a realização do estudo
foram moldados três traços, variando o teor de agregados M. Foram estudados os
traços 1:3, 1:4 e 1:5, sendo que todos com relação água/cimento de 0,30. O
agregado utilizado foi o pedrisco (brita zero).
Para a obtenção de amostras foram moldadas placas e posteriormente
extraídos corpos de prova para a realização dos ensaios. A compactação foi
realizada com auxílio de um rolo. O procedimento de concretagem ocorreu da
seguinte maneira:
i. Adicionou-se o agregado;
ii. Misturou-se por 1 minuto;
42
iii. Colocou-se o cimento;
iv. Novamente misturou-se por 1 minuto;
v. Inseriu-se a água;
vi. Misturou-se por mais 2 minutos.
Então, 24 horas após a moldagem as amostras foram desmoldadas e postas
a cura. Algumas placas foram submersas em água para que tivessem sua cura
saturada, outras placas foram mantidas expostas ao ambiente durante o período da
cura e, ainda, placas foram envoltas por um geotêxtil chamado de BIDIM e mantidos
encharcados simulando a cura úmida.
A Tabela 18 ilustra as resistências à compressão encontradas para as
diferentes curas.
Tabela 18 - Resistência à compressão de acordo com o método de cura.
Cura Imerso em água (Cura saturada)
Ambiente Envolto do BIDIM
(Cura úmida)
Resistência à compressão média (MPa)
Traço 1:3 6,78 8,98 5,11
Traço 1:4 4,93 4,21 6,19
Traço 1:5 3,60 4,92 3,90
Fonte: (Adaptado de SCHWETZ et al., 2015)
Neste experimento não é possível definir um comportamento padrão, pois os
resultados de resistência à compressão foram dispersos, de modo que não tenha
relação entre as resistências e os modo em que as amostras foram mantidas
durante o processo de cura. Os autores ainda citam que durante a extração dos
corpos de prova das placas de concreto, obtiveram dificuldades em manter as faces
lisas, o que pode ter influenciado nos valores encontrados.
2.4.8. Resumo dos Valores Encontrados para o Concreto Permeável
Na Tabela 19 apresentam-se dados divulgados por autores que já estudaram
o concreto permeável.
43
Tabela 19 – Quadro resumo de resultados encontrados para o concreto permeável.
Autor Índice de
vazios
Massa Unitária (kg/m³)
Resistência à
compressão aos 28 dias
(MPa)
Resistência a Tração na
flexão (MPa)
Taxa de infiltração
(cm/s)
Tennis et al., 2004 0,15 a 0,25 1600 a 2000
5,5 a 20,6 1 a 3,8 0,2 a 0,53
Olek et al., 2003 0,15 a 0,35 n/a n/a 2,5 a 3,9 n/a
Beeldens et al., 2003 0,19 n/a 26 4,4 n/a
Beeldens, 2001 0,20 a 0,30 1890 a 2080
17,6 a 32,1 3,9 a 5,7 n/a
Kajio et al., 1998 0,11 a 0,15 n/a n/a 4,2 a 7,5 0,03 a 0,18
Park e Tia, 2004 0,18 a 0,31 n/a 11 a 25 n/a n/a
Chindaprasirt et al., 2008
0,15 a 0,25 n/a 22 a 39 n/a n/a
Pintado et al., 1999 n/a n/a 14 a 27 n/a n/a
Lee et al., 2009 0,03 a 0,29 1856 a 2227
7,5 a 18,8 n/a 0,003 a
0,22
Delatte et al., 2009 0,05 a 0,35 n/a 4,1 a 55,8 n/a 0,01 a 1
Huang et al., 2010 n/a n/a 4,5 a 14,5 n/a 0,7 a 1,6
Henderson et al., 2009 n/a 1835 a 2392
10,5 a 32,8 n/a 0,01 a 0,92
Monteiro, 2010 n/a 2640 a 2810
9,4 a 10,7 0,5 a 0,9 n/a
Brito e Santos, 2010 0,29 a 0,41 n/a 1,0 a 5,9 n/a n/a
Batezini, 2013 0,24 a 0,25 1841 a 1851
7,5 a 8,7 2,0 a 2,2 0,13 a 0,14
Sandoval, 2014 0,31 a 0,36 n/a 9,5 a 19,2 1,3 a 1,8 0,15 a 0,28
Castro, 2015 0,20 a 0,33 n/a 1,5 a 8,4 0,3 a 1,5 n/a
*n/a: ensaios não realizados.
Fonte: (Adaptado de BATEZINI, 2013).
44
3. METODOLOGIA
Neste item serão descritos todos os procedimentos adotados para o
desenvolvimento da pesquisa, desde a seleção dos agregados e a moldagem dos
corpos de prova até a realização dos ensaios. Ainda, ressalta-se que este trabalho
de conclusão de curso é fruto de um projeto mais amplo que gerou outros dois
trabalhos, Porte (2017) e Melo (2017).
A Figura 14 apresenta a estrutura adotada para a metodologia da pesquisa
em forma de fluxograma.
Figura 14 – Fluxograma resumo da metodologia.
Fonte: Arquivo do autor.
Materiais
- CPV - ARI
- B0 e B1
- Sem finos
Estudo preliminar do traço
Traços
- 1:3; a/c=0,33
- 1:3,5; a/c=0,30
- 1:4; a/c = 0,33
Ensaios (28 dias)
- Compressão Axial
- Tração na flexão
Estudo do traço definitivo (1:3; a/c = 0,33)
Misturas
- M1 (B0 e a menor fração da B1)
- M2 (100% B0)
Ensaios (14 e 28 dias)
- Compressão axial
- Tração por compressão diametral
- Tração na flexão
- Módulo de elasticidade dinâmico
-Índice de vazios
45
3.1 PREPARAÇÃO DOS AGREGADOS
Inicialmente os agregados eram devidamente lavados com água para a
retirada dos materiais pulverulentos e secos em estufa. O material pétreo foi
peneirado, separado e armazenado em frações de materiais passantes da peneira
½” e retidos na 3/8”, passantes da 3/8” e retidos na ¼” e passantes da ¼” e retidos
na peneira de número 4, conforme a NBR 7211/2009.
3.2 PROCESSO DE MOLDAGEM
Para cada traço eram moldados amostras cilíndricas de 10 x 20 cm, sendo
utilizados nos ensaios de resistência à compressão axial e resistência à tração por
compressão diametral, amostras prismáticas de 10 x 10 x 40 cm para a realização
do ensaio de resistência à tração na flexão, e ainda amostras cilíndricas menores
com cerca de 10 x 8 cm, essas utilizadas no ensaio ultrassônico para obtenção do
módulo de elasticidade dinâmico.
Os moldes utilizados eram limpos e revestidos internamente com óleo
desmoldante e, para a execução das misturas, os agregados, o cimento e a água
eram devidamente pesados de acordo com a dosagem realizada previamente.
3.2.1 Mistura
O processo de mistura empregado na presente pesquisa foi semelhante ao
adotado por Batezini (2013) e, por Castro (2015). Além disso, o tempo de mistura
deste sistema após a adição da água soma 5 minutos e, conforme visto na revisão
de literatura, Sandoval (2014) fala que esse tempo é o mais adequado para a
homogeneização do concreto drenante. Logo, a mistura foi realizada na sequência
apresentada na Figura 15.
46
Figura 15 – Metodologia adotada para a mistura dos materiais.
Fonte: Arquivo do autor.
O ensaio de consistência adotado foi o tátil-visual. A Figura 16 apresenta uma
amostra de um dos traços não coesa, enquanto que na Figura 17 o mesmo material
já se encontra coeso, sendo possível verificar o comportamento do material
semelhante ao apresentado na revisão bibliográfica.
Figura 16 – Amostra ainda sem coesão.
Fonte: Arquivo do autor.
Misturou-se por mais 2 minutos.
Adicionou-se o restante da água;
Repouso por 3 minutos;
Misturou-se por 3 minutos;
Adicionou-se o restante do cimento e 90% da água do traço;
Misturou-se por 60 segundos;
Colocou-se todo o agregado e 5% do cimento na betoneira;
47
Figura 17 – Amostra já coesa.
Fonte: Arquivo do autor.
3.2.2 Adensamento
O adensamento ou compactação dos corpos de prova foi executado com
golpes de uma haste metálica e por mesa vibratória.
Os corpos de prova cilíndricos de 10 x 20 cm foram compactados em três
camadas de 15 golpes com haste cada, os menores de 10 x 8 cm em 2 camadas
com o mesmo número de golpes. Já os prismáticos receberam 25 golpes por
camada sendo duas camadas por amostra. Ainda, todos os corpos de prova
independente de forma e tamanho foram mantidos por 7 segundos em mesa
vibratória, conforme ilustra a Figura 18. Com auxilio de colher de pedreiro as
amostras receberam melhor acabamento da face livre (Figura 19).
Figura 18 – Corpo de prova sobre mesa vibratória.
Fonte: Arquivo do autor.
48
Figura 19 – Acabamento da amostra.
Fonte: Arquivo do autor.
3.3 CURA E DESMOLDAGEM
A cura dos corpos de prova transcorreu em câmera úmida desde a data de
moldagem até a idade de ensaio. Como se trata de um concreto sem adição de
finos, as amostras não possuem estrutura sólida para serem desmoldadas em
apenas 24 horas como o concreto convencional. Em vista disso, somente aos sete
dias ocorreu a desmoldagem dos corpos de prova, então os corpos de prova eram
devidamente identificados, medidos, pesados e logo após eram levados novamente
para a câmera úmida para concluir seu processo de cura. A Figura 20 exibe o
aspecto dos corpos de prova já desmoldados e identificados, enquanto a Figura 21
apresenta-os na câmera úmida.
49
Figura 20 – Aspecto dos corpos de prova após a desmoldagem.
Fonte: Arquivo do autor.
Figura 21 – Corpos de prova na câmera úmida.
Fonte: Arquivo do autor.
3.4 ESTUDO PRELIMINAR DO TRAÇO
Nesta fase da pesquisa foram moldados corpos de prova a fim de se obter uma
melhor dosagem de concreto permeável para posteriormente desenvolver estudos
mais profundos sobre o material.
50
Para tanto, executou-se amostras de três traços distintos (Tabela 20) e
realizaram-se ensaios de resistência à compressão axial e resistência à tração na
flexão, ambos aos 28 dias.
Tabela 20 – Traços moldados para estudo preliminar.
Traço Teor de agregados Relação a/c
1 3 0,33
2 3,5 0,30
3 4 0,33
Fonte: Arquivo do autor.
Salienta-se que a relação água/cimento do traço 1 era, inicialmente, de 0,27.
Não obstante, durante o procedimento de moldagem, através da verificação tátil-
visual notou-se que a mistura não era coesa, então ocorreu à adição de água até
uma melhor homogeneização da pasta, elevando essa propriedade a 0,33.
Foram moldados 9 corpos de prova cilíndricos e 12 corpos de prova
prismáticos, sendo que foram rompidos 3 amostras cilíndricas para cada traço no
ensaio de resistência à compressão axial e 4 amostras prismáticas por traço no
ensaio de resistência à tração na flexão.
Para a obtenção das amostras foi utilizado CPV ARI, disponível no LMCC da
UFSM. Ainda, a utilização de um aglomerante com alta resistência inicial era de
interesse, pois restavam dúvidas sobre a consistência desse concreto sem finos no
momento do desmolde. A Tabela 21 traz resultados dos ensaios físicos do cimento
utilizado.
51
Tabela 21 – Propriedades do cimento utilizado.
Ensaio Resultado
Expansibilidade à quente (mm) 0,23
Tempo de pega (h:min) inicio 3:41
fim 4:18
Consistência normal (%) 30
Finura na peneira #200 (%) 0,03
Finura na peneira #325 (%) 0,34
Resistência à compressão (MPa)
1 dia 22,3
3 dias 39,7
7 dias 45
28 dias 52,9
Fonte: Adaptado de Itambé Cimentos (fabricante). Disponível em: http://www.cimentoitambe.com.br/relatorios-de-ensaio/?pro=371
O agregado utilizado é proveniente do processo de britagem da empresa
Della Pasqua Engenharia e Construção LTDA. A origem do material pétreo é
vulcânica da cidade de Itaara/RS. A granulometria é apresentada na Tabela 22 e a
curva granulométrica na Figura 22. Na Figura 22 também é possível verificar a curva
granulométrica da composição adotada para os agregados nesta etapa do estudo.
Tabela 22 – Granulometria dos agregados utilizados no estudo preliminar; percentagem passante.
Peneira Abertura (mm) Brita 0 (%) Brita 1 (%)
1" 25,4 100 100
3/4" 19,1 100 100
1/2" 12,7 100 32,4
3/8" 9,5 100 10,7
n 4 4,8 9,7 0,2
n 10 2 0,5 0,2
Fonte: Arquivo do autor.
52
Figura 22 – Curvas granulométricas dos agregados utilizados no estudo preliminar.
Fonte: Arquivo do autor.
A Tabela 23 apresenta outros ensaios de caracterização dos agregados
utilizados nesta fase do estudo.
Tabela 23 – Propriedades dos agregados utilizados no estudo preliminar.
Propriedades Brita 0 Brita 1
Sanidade (%) 0,51 -
Perda por abrasão Los Angeles (%) 11,82 -
Massa específica (g/cm³) 2,49 2,49
Absorção de água (%) 2,53 2,53
Índice de lamelaridade (%) 2,2 -
Fonte: Arquivo do autor.
A composição dos agregados utilizados na moldagem foi realizada em
percentagem de material por faixa granulométrica. Utilizou-se a brita 0 e a brita 1
para conseguir agregados passantes da peneira ½” e retido nas peneiras
subsequentes. Então foi utilizado 20% de agregado retido na peneira 3/8”, 50%
retido na peneira ¼” e os 30% restantes de agregados retidos na peneira de número
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
Po
rce
nta
gem
Pas
san
te
Diâmetro dos Grãos (mm)
Brita 0
Brita 1
Composição utilizada
53
4, bem como apresenta a Tabela 24. A curva granulométrica resultante já foi
apresentada na Figura 22.
Tabela 24 – Proporção dos agregados utilizados na mistura.
Peneira Abertura (mm) % Material Retido
1/2" a 3/8" 12,5 a 9,5 20
3/8" a 1/4" 9,5 a 6,35 50
1/4" a 4 6,35 a 4,75 30
Fonte: Arquivo do autor.
Com esses materiais nas devidas proporções foram moldadas as amostras e
os resultados serão apresentados e discutidos na sequência do trabalho.
3.5 ESTUDO DO TRAÇO DEFINITIVO
Este item tem por objetivo estudar o traço estabelecido como mais adequado
no item anterior. Para este fim foram realizadas duas moldagens com o traço
selecionado. No entanto, em uma das moldagens, ao invés de utilizar as
percentagens de faixas granulométricas do agregado, como feito durante o estudo
preliminar e apresentado na Tabela 24, optou-se por utilizar somente brita 0, sem o
procedimento de peneirar o material pétreo. Na outra moldagem foram mantidas as
percentagens de agregado por peneira, do mesmo modo que no estudo preliminar.
A mistura continha as percentagens de 20% de agregado retido na peneira 3/8”,
50% retido na peneira ¼” e 30% retido na peneira de número 4, bem como no
estudo preliminar, foi chamada de mistura M1 e a mistura que foi utilizada brita de
classificação zero foi denominada mistura M2.
Nessas moldagens foram moldados corpos de prova para os ensaios de
resistência à compressão axial, resistência à tração por compressão diametral,
resistência à tração na flexão e para a determinação do módulo de elasticidade
dinâmico. Para os dois traços, tanto para o M1 quanto para o M2, foram moldados 6
54
amostras por ensaio, sendo 3 para os 14 dias e 3 para os 28 dias, exceto o ensaio
para determinação do módulo que elasticidade dinâmico que, por ser não destrutivo,
foram utilizados as mesmas amostras nas duas idades, sendo então moldados 3
corpos de prova apenas.
O cimento utilizado foi o mesmo empregado no estudo preliminar, de
características já apresentadas. Por questões de disponibilidade, o agregado foi
substituído e não foi o mesmo aplicado no estudo preliminar. A granulometria do
novo agregado encontra-se na Tabela 25, na Erro! Fonte de referência não
encontrada. a curva granulométrica e, ainda, na Tabela 26 estão algumas
propriedades do material pétreo substituinte, de origem basáltica, oriundo da
pedreira Brita Pinhal, localizada na cidade de Itaara/RS.
Tabela 25 – Granulometria dos agregados utilizados no estudo do traço definitivo; Percentagem passante.
Peneira Abertura (mm) Brita 0 (%) Brita 1 (%)
1" 25,4 100 100
3/4" 19,1 100 100
1/2" 12,5 100 29,37
3/8" 9,5 100 4,05
1/4" 6,3 41 0
n 4 4,8 22 0
n 10 2 0 0
Fonte: Arquivo do autor.
55
Figura 23 - Curvas granulométricas dos agregados utilizados no estudo do traço definitivo.
Fonte: Arquivo do autor.
Tabela 26 – Propriedades dos agregados utilizados no estudo do traço definitivo.
Propriedades Brita 0 Brita 1
Módulo de finura 5,75 6,96
Diâmetro máximo característico (mm) 9,5 19
Massa específica (g/cm³) 2,44 2,5
Massa unitária (g/cm³) 1,36 1,46
Índice de forma - 3,39
Perda por abrasão Los Angeles (%) 11,04 15,2
Absorção de água (%) 3,16 2,36
Fonte: Arquivo do autor.
3.6 ENSAIOS
Neste item serão apresentados os ensaios realizados durante a pesquisa.
0
20
40
60
80
100
0,01 0,1 1 10 100
Po
rce
nta
gem
Pas
san
te
Diâmetro dos Grãos (mm)
Brita 0
Brita 1
56
3.6.1 Índice de vazios
Os índices de vazios das amostras dos traços utilizados na presente pesquisa
foram calculados de acordo com a equação (1) utilizada por Batezini (2013) em seu
trabalho. Foram utilizadas para cada mistura 6 amostras cilíndricas e 3 prismáticas.
𝑉𝑟 = 1 − (
𝑊𝑠𝑒𝑐𝑜 − 𝑊𝑠𝑢𝑏
𝜌𝑤 x 𝑉𝑜𝑙)
(1)
Sendo:
𝑉𝑟: Índice de vazios;
𝑊𝑠𝑒𝑐𝑜: Peso da amostra seca em kg;
𝑊𝑠𝑢𝑏: Peso da amostra submersa em kg;
𝜌𝑤: Massa específica da água em kg/m³;
𝑉𝑜𝑙: Volume da amostra em m³.
Na Figura 24 é apresentado o equipamento utilizado para a medição dos
pesos seco e submerso dos corpos de prova.
Figura 24 - Balança Hidrostática utilizada na medição dos vazios.
Fonte: Arquivo do autor.
57
3.6.2 Resistência à compressão axial
A execução deste ensaio seguiu as orientações da NBR 5739/2007. Cabe
ressaltar que o capeamento das amostras foi realizado com uma massa de enxofre
como pode ser visto na Figura 25. Foram ensaiadas 3 amostras para os 14 dias e
outras 3 para os 28 dias para cada mistura analisada. O cálculo da resistência é
dado pela equação (2). A Figura 26 ilustra a realização do ensaio e a Figura 27 as
amostras depois de ensaiadas.
𝑓𝑐 =
4𝐹
𝜋 𝑥 𝐷2
(2)
Sendo:
𝑓𝑐: Resistência à compressão, em MPa;
𝐹: Força máxima alcançada, em N;
𝐷: Diâmetro da amostra em mm.
Figura 25 – Capeamento das amostras.
Fonte: Arquivo do autor.
58
Figura 26 – Ensaio de resistência à compressão.
Fonte: Arquivo do autor.
Figura 27 – Corpo de prova após ensaio de resistência à compressão axial.
Fonte: Arquivo do autor.
3.6.3 Resistência à tração por compressão diametral
Conforme a NBR 7222/2011 a resistência à tração por compressão diametral
é calculado de acordo com a expressão (3). Da mesma forma que o ensaio anterior,
para cada uma das misturas foram rompidas 6 amostras, 3 para cada idade de 14 e
28 dias. Para uma melhor distribuição das forças ao longo do corpo de prova, o
59
ensaio contém chapas de madeira entre a amostra e a prensa como pode ser visto
na Figura 28. Na Figura 29 uma das amostras já ensaiada.
𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 =
2 𝐹
𝜋 𝑑 𝑙
(3)
Sendo:
𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝: Resistência à tração por compressão diametral, em MPa;
𝐹: Força máxima obtida no ensaio, em N;
𝑑: Diâmetro do corpo de prova, em mm;
𝑙: Comprimento do corpo de prova, em mm.
Figura 28 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral.
Fonte: Arquivo do autor.
60
Figura 29 - Amostra já ensaiada.
Fonte: Arquivo do autor.
3.6.4 Resistência à tração na flexão
Ao considerarmos a pavimentação de ciclovias, calçadas e vias de tráfego
leve, por exemplo, o ensaio de resistência à tração na flexão é imprescindível, pois a
NBR 16416/2015 estipula valores mínimos de resistência para a aplicação do
material em estudo.
Segundo a instrução de projeto IP – 02/2004 do Estado de São Paulo, tráfego
leve é caracterizado por ruas ou avenidas, sobretudo residenciais, sem previsão de
trânsito de veículos comerciais (caminhões e ônibus), mas podendo ocorrer
fortuitamente cerca de 20 passagens diárias destes por faixa de tráfego para um
período de projeto de 10 anos.
O ensaio de resistência à tração na flexão foi realizado de acordo com a NBR
12142/2010 e os valores de resistência calculados com a equação (4). Salienta-se
que a ruptura, neste trabalho, ocorreu sempre no terço médio do corpo de prova
prismático. Para a realização deste ensaio foram utilizadas 3 amostras para os 14
dias e 3 para os 28 dias para cada mistura.
𝑓𝑐𝑡,𝑓 =
𝐹 𝑥 𝑙
𝑏 𝑥 𝑑2
(4)
Sendo:
𝑓𝑐𝑡,𝑓: Resistência à tração na flexão, em megapascals;
𝐹: Força máxima registrada na máquina de ensaio, em N;
61
𝑙: Dimensão do vão entre apoios, em mm;
𝑏: Largura média do corpo de prova, em mm;
𝑑: Altura média do corpo de prova, em mm.
A Figura 30 ilustra o procedimento de ensaio, enquanto que na Figura 31 é
possível verificar a ruptura no terço médio.
Figura 30 – Ensaio de resistência à tração na flexão.
Fonte: Arquivo do autor.
Figura 31 – Ruptura da amostra.
Fonte: Arquivo do autor.
62
3.6.5 Módulo de elasticidade dinâmico
Este ensaio foi realizado de acordo com a NBR 15630/2009, adaptado ao
concreto drenante, pois se trata de uma norma para argamassas. As amostras não
foram retificadas e nem capeadas, logo os transdutores não eram adequadamente
posicionados no corpo de prova devido às irregularidades características do
material. Foi utilizado vaselina gel para contato entre os transdutores e a amostra.
Na Figura 32 é possível visualizar o procedimento de ensaio e suas peculiaridades,
bem como o equipamento utilizado. O ensaio contou com 3 amostras cilíndricas de
tamanho 10x8 cm para cada mistura, utilizaram-se os mesmos corpos de prova nas
idades de 14 e 28 dias, sendo possível por se tratar de um ensaio não destrutível.
Figura 32 – Ensaio para determinação do módulo de elasticidade dinâmico.
Fonte: Arquivo do autor.
O procedimento de cálculo inicia-se com a determinação da velocidade de
propagação de onda ultrassônica com a expressão (5).
𝑉 =
𝐿
𝑡
(5)
63
Sendo:
𝑉: Velocidade de propagação de onda ultrassônica em mm/µs;
𝐿: Distância entre os pontos de acoplamento dos transdutores em mm;
𝑡: É o tempo registrado pelo mostrador digital em µs.
Com esse valor é possível calcular o módulo de elasticidade dinâmico conforme
a equação (6).
𝐸𝑑 = 𝑣2𝜌
(1 + 𝜇)(1 − 2𝜇)
1 − 𝜇
(6)
Sendo:
𝐸𝑑: Módulo de elasticidade dinâmico em MPa;
𝑣: Velocidade de propagação de onda ultrassônica em mm/µs;
𝜌: Densidade de massa aparente do corpo de prova em kg/m³;
𝜇: Coeficiente de Poisson, 0,22 para concretos drenantes conforme estudado
na revisão de literatura do presente trabalho.
64
4. RESULTADOS E ANÁLISES
Neste item serão apresentados os resultados obtidos no estudo preliminar,
além de analisa-los e optar pelo traço considerado definitivo. Posteriormente
também serão expostos os resultados dos ensaios do traço definitivo.
4.1 ESTUDO PRELIMINAR
Os resultados do estudo preliminar serão dispostos a seguir.
A Tabela 27 apresenta os resultados do ensaio de resistência à compressão
axial bem como a Tabela 28 refere-se aos valores de resistência à tração na flexão.
Tabela 27 – Resistência à compressão axial; estudo preliminar.
Traço 1 2 3
Resistência à compressão axial das amostras (MPa)
16,91 - 14,72
13,68 11 14,13
16,32 12,37 15
Média (MPa) 15,64 11,69 14,62
Desvio padrão (MPa) 1,72 0,97 0,44
Coeficiente de variação (%) 11,00 8,29 3,04
Fonte: Arquivo do autor.
Tabela 28 – Resistência à tração na flexão; estudo preliminar.
Traço 1 2 3
Resistência à tração na flexão das amostras (MPa)
3,44 2,56 2,33
3,83 2,36 2,38
3,33 2,22 2,41
3,14 - 2,61
Média (MPa) 3,44 2,38 2,43
Desvio padrão (MPa) 0,29 0,17 0,12
Coeficiente de variação (%) 8,47 7,18 5,05
Fonte: Arquivo do autor.
65
Devido a inconveniências ocorridas durante os ensaios perdeu-se duas
amostras do traço 2, uma em cada ensaio. Por essa razão há falta de dados nas
tabelas anteriores.
Para uma melhor análise, Figura 33 apresenta o gráfico com as resistências médias de compressão axial de cada traço enquanto que a
Figura 34 exibe os resultados médios de resistência à tração na flexão dos
traços.
Figura 33 – Resultados de resistência à compressão axial; estudo preliminar.
Fonte: Arquivo do autor.
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Traço
66
Figura 34 – Resultados de resistência à tração na flexão; estudo preliminar.
Fonte: Arquivo do autor.
Ao analisar os gráficos verifica-se resistências mais elevadas para os traços
com maior relação água/cimento, traços 1 e 3. Dessa forma, o traço 2, com relação
a/c de 0,30 foi descartado para continuação da pesquisa. Os traços 1 e 3, com teor
de agregados M de 3 e 4, respectivamente, obtiveram resistências à compressão
axial próximas, apenas cerca de 6,52% de diferença. Contudo, nos ensaios de
resistência à tração na flexão, percebeu-se uma vantagem ao traço 1, com menor
quantidade de agregados, quando comparado ao traço 3.
Tendo em vista que para dimensionamento de pavimentos, como, por
exemplo, uma ciclovia ou via de tráfego leve, a resistência à tração na flexão é de
extrema importância, optou-se por seguir com o traço 1, teor de agregados M de 3 e
relação a/c de 0,33, para a sequência do estudo, pois esse obteve cerca de 30% de
resistência maior nos resultados do ensaio mencionado, sendo então o traço
definitivo.
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
1 2 3
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na
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dia
(M
Pa)
Traço
67
4.2 TRAÇO DEFINITIVO
A partir dos ensaios realizados para o traço definitivo foi possível encontrar os
seguintes resultados.
O consumo de cimento do traço definitivo é 390 kg/m³.
Os índices de vazios médio dos traços estão dispostos na Tabela 29.
Tabela 29 – Índices de vazios; Estudo do traço definitivo.
Mistura M1 M2
Índice de vazios médio (%) 17 20
Desvio padrão 0,01 0,02
Coeficiente de variação (%) 7,52 9,58
Fonte: Arquivo do autor.
De acordo com a revisão bibliográfica, o índice de vazios em torno de 20% é
considerado o mais adequado para este tipo de concreto, pois permite resistência
boa e condutividade hidráulica adequada ao material.
As resistências mecânicas estão dispostas na Tabela 30.
68
Tabela 30 – Resultados dos ensaios de resistência realizados para o traço definitivo.
Mistura M1 M2
Idade 14 dias 28 dias 14 dias 28 dias
Resistência à compressão axial das amostras (MPa)
18,97 19,15 16,96 19,28
20,96 19,83 17,38 14,99
16,47 17,73 18,42 19,19
Média (MPa) 18,80 18,90 17,59 17,82
Desvio padrão (MPa) 2,25 1,07 0,75 2,45
Coeficiente de variação (%) 11,97 5,67 4,27 13,76
Resistência à tração por compressão diametral das
amostras (MPa)
2,03 2,27 1,97 2,06
2,34 2,18 1,66 1,7
2,56 2,06 2,02 2,25
Média (MPa) 2,31 2,17 1,88 2,00
Desvio padrão (MPa) 0,27 0,11 0,20 0,28
Coeficiente de variação (%) 11,53 4,86 10,36 13,94
Resistência à tração na flexão das amostras (MPa)
2,75 2,99 2,73 3,22
3,42 3,26 3,08 3,26
3,14 3,15 3,28 4,02
Média (MPa) 3,10 3,13 3,03 3,50
Desvio padrão (MPa) 0,34 0,14 0,28 0,45
Coeficiente de variação (%) 10,84 4,33 9,19 12,88
Módulo de elasticidade dinâmico das amostras
(MPa)
27936,35 21956,07 22335,94 28671,22
22210,46 23584,04 20267,94 21615,57
23397,21 20832,6 19940,45 26530,41
Média (MPa) 24514,67 22124,24 20848,11 25605,73
Desvio padrão (MPa) 3022,08 1383,41 1298,86 3617,57
Coeficiente de variação (%) 12,33 6,25 6,23 14,13
Fonte: Arquivo do autor.
A Figura 35 apresenta graficamente os resultados obtidos de resistência à
compressão axial, para o traço definitivo, nas suas duas composições de agregado
(M1 e M2) tanto aos 14 dias quanto aos 28 dias. Ainda mostra resultados
encontrados por outros autores estudados nesse trabalho, porém é importante
ressaltar que trata-se de traços diferenciados e matérias distintos.
69
Figura 35 – Resistência à compressão axial do traço definitivo.
Fonte: Arquivo do autor.
Os ensaios de resistência à compressão axial das misturas M1 e M2 oriundas
do presente estudo apresentaram valores elevados quando comparados com os
resultados encontrados por outros autores. Entretanto, entre as misturas M1 e M2 a
diferença foi mínima neste parâmetro.
A Figura 36 exibe os valores encontrados nos ensaios de resistência à tração
por compressão diametral para as misturas analisadas no traço definitivo.
Novamente é possível averiguar uma vantagem para os resultados obtidos nesta
pesquisa, obtendo as melhores resistências no parâmetro.
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4
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7 dias 14 dias 28 dias
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Idade
Mistura M1 Mistura M2 Castro (2015)
Batezini (2013) Sandoval (2014) Monteiro (2010)
70
Figura 36 – Resistência à tração por compressão diametral do traço definitivo.
Fonte: Arquivo do autor.
A resistência à tração na flexão do estudo do traço definitivo está exposta na
Figura 37, bem como os resultados de pesquisas semelhantes.
Figura 37 – Resistência à tração na flexão do traço definitivo.
Fonte: Arquivo do autor.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
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Idade
Mistura M1 Mistura M2 Castro (2015) Batezini (2013)
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Idade
Mistura M1 Mistura M2 Batezini (2013)
Castro (2015) Sandoval (2014) Monteiro (2010)
71
Conforme comentado anteriormente, os resultados do ensaio de resistência à
tração na flexão das amostras tem grande importância, pois a NBR 16416/2015
define como resistência mínima 2 MPa para a utilização do concreto drenante em
vias de tráfego leve. Dessa forma, observa-se que as resistências à tração na flexão
encontradas para qualquer uma das misturas analisadas no presente estudo são
satisfatórias. O estudo de Batezini (2013) está no limite, enquanto que Monteiro
(2010), Sandoval (2014) e Castro (2015) não atingiram a exigência mínima da
norma.
A Figura 38 expõe o módulo de elasticidade dinâmico encontrado para as
misturas M1 e M2 e o valor encontrado por Batezini (2013) em um traço semelhante.
Figura 38 – Módulo de elasticidade dinâmico do traço definitivo.
Fonte: Arquivo do autor.
A análise do gráfico indica uma inconsistência no ensaio para a mistura M1,
considerando que não é trivial o módulo de elasticidade dinâmica diminuir dos 14
para os 28 dias. O regular seria ocorrer um ganho conforme ocorreu com a mistura
M2. Entretanto o anormal pode ter ocorrido devido à utilização do cimento CPV –
ARI, que obtém ganho de resistência rapidamente devido as suas características.
20000
22500
25000
27500
14 dias 28 dias
Mó
du
lo d
e e
last
icid
ade
din
âmic
o (
MP
a)
Idade
Mistura M1 Mistura M2 Batezini (2013)
72
Quanto aos resultados encontrados é possível constatar semelhança com o de
Batezini (2013), sendo o único ensaio que não apresentou significativo ganho de
resistência quando comparado com resultados apresentados por outros autores.
4.2.1 Relações entre os parâmetros
Para analisarmos o comportamento do material a resistência à compressão
axial será relacionada graficamente com os outros parâmetros analisados no estudo
definitivo do traço.
Na Figura 39 tem-se o gráfico da resistência à compressão axial relacionado
com o índice de vazios. Ao realizar-se uma análise não se observa uma lógica no
comportamento do concreto drenante em função do índice de vazios. É possível
verificar que Sandoval (2014) com praticamente a mesma resistência à compressão
axial atingiu um índice de vazios duas vezes maior que Monteiro (2010),
contrariando a teoria de que quanto maior o índice de vazios menor será a
resistência. Já se compararmos os resultados obtidos no presente estudo para as
misturas M1 e M2 com os resultados de Castro (2015) e Batezini (2013), por
exemplo, a teoria se confirma, pois para índice de vazios menores são alcançadas
resistências mais elevadas.
73
Figura 39 – Resistência à compressão axial x Índice de vazios.
Fonte: Arquivo do autor.
Na Figura 40 está relacionada à resistência à compressão axial com a
resistência à tração por compressão diametral.
Figura 40 – Resistência à compressão axial x Resistência à tração por compressão diametral.
Fonte: Arquivo do autor.
Considerando o comportamento dos resultados expostos no gráfico, é
possível verificar um comportamento tendencioso, quanto maior a resistência à
0
4
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16
20
0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
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Índice de vazios
Mistura M1 Mistura M2 Batezini (2013)
Castro (2015) Sandoval (2014) Monteiro (2010)
0
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20
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
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(M
Pa)
Resistência à tração por compressão diametral (MPa)
Mistura M1 Mistura M2 Batezini (2013) Castro (2015)
74
compressão axial mais alta a resistência à tração por compressão diametral do
concreto drenante.
A relação entre a resistência à compressão axial e a resistência à tração na
flexão é exibida na Figura 41 e o comportamento do material nestes parâmetros é
análogo à análise anterior. Quanto maior a resistência à compressão axial, maior a
resistência à tração na flexão do material.
Figura 41 – Resistência à compressão axial x Resistência à tração na flexão.
Fonte: Arquivo do autor.
A Figura 42 apresenta graficamente a relação entre a resistência à
compressão axial e o módulo de elasticidade dinâmico.
0
4
8
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20
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
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(M
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Resistência à tração na flexão (MPa)
Mistura M1 Mistura M2 Batezini (2013)
Castro (2015) Sandoval (2014) Monteiro (2010)
75
Figura 42 – Resistência à compressão axial x Módulo de elasticidade dinâmico.
Fonte: Arquivo do autor.
A relação entre estes parâmetros não apresenta um comportamento bem
definido. Batezini (2013) mesmo com resistência à compressão axial inferior obteve
um módulo de elasticidade dinâmico intermediário em relação às misturas
examinadas no presente estudo.
Considerando os ensaios e relações apresentadas, é possível verificar um
comportamento variável nos resultados obtidos para o concreto drenante. Pequenas
alterações no traço, qualidade dos agregados utilizados e métodos aplicados para
compactação são possíveis causas para essa variabilidade apresentada de um
estudo para outro.
4
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21000 22000 23000 24000 25000 26000Re
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Pa)
Módulo de elasticidade dinâmico (MPa)
Mistura M1 Mistura M2 Batezini (2013)
76
5. CONCLUSÕES
Diante dos gráficos apresentados com os resultados das moldagens do traço
definitivo se nota, imediatamente, que não houve um comportamento lógico nas
resistências mecânicas dos 14 para os 28 dias, isso porque o cimento utilizado foi o
CP V, que possui alta resistência inicial devido a suas reações ocorrerem
rapidamente.
Percebe-se que as resistências das moldagens, tanto aquela com os agregados
compostos por percentagens de frações granulométricas (M1) quanto a que possui
somente brita 0 (M2), tiveram resistências muito próximas em todos os ensaios
mecânicos com pequena tendência favorecendo a moldagem com a mistura M1,
como era previsto ao analisar o índice de vazios, que teve menor valor médio para
essa mistura. Dessa forma, este trabalho indica que a utilização de brita de
classificação zero, sem o processo de peneiramento, pode ser mais viável quando
produzido concreto drenante em grande escala.
De modo geral, entre os ensaios, o módulo de elasticidade dinâmico
apresentou a menor diferença entre as moldagens com composições diferentes de
agregados, apenas 0,40% diferem os valores encontrados para essa propriedade. A
maior discrepância foi de 13,40% para o ensaio de resistência à tração por
compressão diametral, em que a moldagem com a mistura M1 foi superior a
moldagem somente com brita 0. A desproporção entre os resultados médios do
ensaio de resistência à compressão axial para as moldagens resultou em 3,40% e
para o ensaio de tração na flexão 4,80%, no entanto, sendo o último, o único ensaio
que apresentou valores de resistência melhores para a mistura M2.
Ainda, para os dados obtidos neste experimento, a resistência à tração na
flexão do concreto drenante é, de forma geral, cerca de 17,50% da resistência à
compressão simples e 34,50% maior que a resistência à tração por compressão
diametral.
Todos os traços executados no presente estudo se enquadram nas
características mecânicas exigidas pela NBR 16416/2015 para serem utilizados em
pavimentos permeáveis moldados no local. A norma apresenta valores mínimos de
77
resistência à tração na flexão conforme a NBR 12142, utilizada para os ensaios do
presente estudo. Para tráfego leve, por exemplo, o valor mínimo exigido é de 2 MPa,
resistência inferior a de todas as amostras ensaiadas na pesquisa. Considerando o
ensaio de tração na flexão, o melhor traço é o composto somente por brita 0 (M2)
com teor de agregados M = 3 e relação água/cimento de 0,33 chegando a 3,50 MPa
de resistência média aos 28 dias.
Sobretudo, os resultados dos ensaios de resistência obtidos para as misturas
M1 e M2 são, em geral, superiores aos valores encontrados por outros autores
analisados nas referências bibliográficas deste trabalho, por mais que se tratassem
de outros traços e materiais de origem distinta.
78
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12142:Concreto – Determinação da resistência à tração na flexão de corpos de prova prismáticos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT. novembro 2010. 5 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15630: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação do módulo de elasticidade dinâmico através da propagação de onda ultra-sônica.– Requisitos e Procedimentos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT outubro de 2008. 4 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16416: Pavimentos permeáveis de concreto – Requisitos e Procedimentos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT setembro 2015. 25 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT junho 2007. 9 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT maio 2009. 9 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7222: Concreto e argamassa — Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT junho 2011. 5 p.
BATEZINI, R. Estudo Preliminar De Concretos Permeáveiscomo Revestimento de Pavimentos para Áreas de Veículos de Tráfego Leve. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2013. 133 p.
BRITO, A.; SANTOS, D. F. Estudo da resistência à compressão x permeabilidade do concreto sem finos. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Positivo,2010. 66 p.
CASTRO, F. A. Estudo de traço de concreto permeável de cimento portland. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade de Santa Cruz do Sul, 2015. 57 p.
GOEDE, W. G. Pervious Concrete: Investigation into Structural Performance and Evaluation of the Applicability of Existing Thickness Design Methods. Thesis (Master in Engineering), Departament of Civil and Environmental Engineering, Washington State University, Washington DC, 2009. 198 p.
HELENE, P. R. L. Manual de dosagem e controle do concreto. Editora Pini. 1992. 349 p. HÖLTZ, F. C. Uso de concreto permeável na drenagem urbana: Análise da viabilidade técnica e do impacto ambiental. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011. 118 p. MELO, W. W. Análise de diferentes ensaios de permeabilidade em concretos porosos. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Santa Maria, 2017. 64 p. MONTEIRO, A. C. N. Concreto poroso: Dosagem e desempenho. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Goiás, 2010. 36 p.
79
PORTE, C. S. Utilização de Fresado Asfáltico na Produção de Concreto Drenante. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Santa Maria, 2017. 65 p.
SANDOVAL, G. F. B. Desempenho do concreto poroso com agregados sustentáveis. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Londrina, 2014. 108 p.
SCHAEFER, V.; WANG, K.; SULEIMAN, M.; KEVERN, J. Mix Design Development for Pervious Concrete in Cold Weather Climates. Final Report, Civil Engineering, lowa State University, 2006. 67 p.
SCHWETZ, P. F.; SILVA FILHO, L. C. P.; LORENZI, A.; FERREIRA, L. Z.; LINHARES, V.; PARISOTO, M. Concreto permeável: Otimização do traço para pavimentação de fluxo leve. CONPAT2015. 11 p.
TENNIS, P. D.; LEMING, M. L.; AKERS, D. J. Pervious Concrete Pavements. EB302.02, Portland Cemente Association, Skokie Illinois , e National Ready Mixed Association, Silver Spring Maryland, USA, 2004. 36 p.
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