UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Instituto de Ciência Exatas - ICEX
Departamento de Matemática
MATERIAL CONCRETO PARA O ENSINO DE TRIGONOMETRIA
Erika da Costa Ribeiro
Belo Horizonte
2011
1
Erika da Costa Ribeiro
MATERIAL CONCRETO PARA O ENSINO DE TRIGONOMETRIA
Monografia de conclusão de curso
apresentada à Especialização
Matemática para Professores do
Ensino Básico, da Universidade
Federal de Minas Gerais
Orientador: Prof. Dr. Paulo
Antônio Fonseca Machado
Belo Horizonte
2011
2
Agradecimentos
Agradeço a Luz Divina por sempre iluminar meus caminhos, fazendo com que perceba as
oportunidades que a vida me oferece.
Aos meus colegas do curso de Especialização e principalmente à Soraya Armond, Gleiciane
Souza, Hamilton Soares e João Ribas, pois, a partir de ideias discutidas durante o curso surgiu
esse trabalho.
Ao meu marido, Luis Carlos da Costa, por sempre me apoiar e incentivar nas minhas
decisões.
Ao professor Paulo Antônio pelo carinho e dedicação que me recebeu como orientanda.
3
RESUMO
Nesse trabalho pretende-se discutir a importância do uso de material concreto para o
ensino da trigonometria, no Ensino Médio, e mostrar alguns materiais que podem ser
utilizados.
Ainda, apresentaremos atividades para serem utilizadas com o material e propostas de
oficinas. Essas atividades e oficinas têm como foco a formação e visualização de conceitos e
relações trigonométricas.
Palavras-chave: trigonometria, material concreto, ciclo trigonométrico
4
ABSTRACT
This paper was conceived to discuss the importance of dealing with concrete material
in trigonometry in high school classes.
Although the work with this kind of material has been considered important in primary
school many times it is forgotten in high school teaching.
In this project the goal is to show how to use concrete material in trigonometry classes
and give some ideas of activities and workshops to make the mathematic classes more
pleasant and meaningful to teenagers.
The main reason for this approach is the great difficulty found in teaching/learning
trigonometry using only mental relations and formulas.
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................
1.1 O uso de materiais manipulativos .............................................................
2. MATERIAIS MANIPULATIVOS SUGERIDOS ..........................................
2.1 O Círculo Trigonométrico ...................................................................
2.2 Atividades sobre funções trigonométricas ..........................................
2.3 OFICINAS ...........................................................................................
2.3.1 OFICINA 1: Definição de radiano e relação com o grau ..............
2.3.2 OFICINA 2: Construção do Círculo Trigonométrico ...................
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................
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7
8
9
11
19
19
21
27
28
6
1. INTRODUÇÃO
Esse trabalho surgiu a partir dos questionamentos sobre o uso de material concreto
durante a disciplina Produção de Material Didático. Durante a disciplina tivemos que
apresentar, em grupo, um material concreto. O Material apresentado pelo nosso grupo foi o
Círculo Trigonométrico exposto nesse trabalho. Motivada pelas discussões surgidas com a
elaboração desse trabalho, com as leituras realizadas e com as trocas de experiências com os
colegas dessa disciplina elaboramos essa monografia.
Além disso, o uso de material concreto, nas aulas de matemática, torna-se uma
preocupação cada vez mais comum. Os professores têm buscado materiais que tornem a
aprendizagem mais prazerosa e significativa e que ajudem os alunos na manipulação mental
dos conceitos matemáticos. Observamos, porém, maior preocupação dos professores do
ensino fundamental do que do ensino médio.
Partimos da ideia de Moyer, de que materiais manipulativos devem representar
concretamente ideias matemáticas abstratas. Manipular ativamente tais materiais, permite aos
alunos desenvolver um repertório de imagens que podem ser usadas na manipulação mental
de conceitos abstratos. Essas ideias sobre manipulação vêm de encontro com as propostas de
Pestalozzi (1746 - 1827) e da “escola ativa”. Ele acreditava que uma educação verdadeira
deveria partir da atividade dos jovens (canto, desenho, modelagem, jogos, excursões,
manipulações de objetos).
A trigonometria, ferramenta importante nos dias de hoje, é o tema do nosso material
concreto. Ele se justifica pelas inúmeras dificuldades encontradas por alunos e professores em
seu processo de ensino aprendizagem. Constatamos, através do cotidiano de sala de aula, as
dificuldades dos alunos e muitas vezes de professores em manipular e relacionar as
informações contidas no círculo trigonométrico. Os alunos têm dificuldades em partir de
conceitos básicos e de forma autônoma chegar as novas relações e elaborações mentais. Ao
estudar trigonometria distanciam-se dos princípios básicos (definições e do círculo
trigonométrico) e listam intermináveis fórmulas e relações.
O material concreto, o círculo trigonométrico, é uma adaptação do material
apresentado por Marcos Sebastião Lopes em sua monografia intitulada “Material Pedagógico
para o Ensino da Trigonometria no Triângulo Retângulo e no Círculo Trigonométrico”.
Partindo desse material listamos e elaboramos atividades que podem ser exploradas no ensino
da trigonometria. Procuramos atividades próximas das propostas nos livros de ensino médio.
7
Porém, devemos estar atentos que o uso pelo uso do material certamente não levará à
aprendizagem significativa. O professor deve ter objetivos claros e ser um mediador e
incentivador de discussões e ações que promovam descobertas e compreensão de conceitos a
respeito do conteúdo.
1.1. O USO DE MATERIAIS MANIPULATIVOS
O uso de materiais manipulativos é defendido há algum tempo por pesquisadores e
teóricos no campo da Educação. Vários estudos mostram que as crianças precisam entender o
que estão aprendendo e o material manipulativo é um instrumento importante para esse fim,
pois, contribui para a elaboração de conceitos matemáticos abstratos que só no mundo da
imaginação é uma tarefa difícil, auxiliando na maturidade mental do educando.
Nos estudos de Bruner (1960,1986) podemos verificar três estágios de
desenvolvimento cognitivo: enactive, icônico e simbólico.
No enactive ou ativo, a criança representa o mundo através da relação entre a experiência e a
ação, da manipulação e do tocar. No icônico a representação visual da realidade já é
desenvolvida; a criança consegue representar mentalmente os objetos. No simbólico, a
linguagem aparece como forma de representar e organizar a realidade. Nesse estágio a criança
consegue operar hipóteses formuladas sobre a realidade. O ensino deve privilegiar esses
estágios em que o educando, ao manipular objetos, cria uma imagem mental sobre o mesmo,
conseguindo levantar hipótese e fazer deduções.
Segundo Ponte e Serrazina (2000) os conceitos e relações matemáticas abstratos
podem ser ilustrados e representados por diversos instrumentos, contribuindo na elaboração
de ideias matemáticas e na construção e representação de conceitos.
Dienes1, que inspirou seus estudos nas teorias construtivistas de Piaget, tinha como
foco a construção cognitiva da criança. Ele afirma que a aquisição de noções matemáticas
ocorre em etapas. Primeiro, o professor deve criar um meio artificial que promova a
aprendizagem de um conceito matemático; segundo, introduzir jogos (com regras claras) onde
a criança se familiarize com o conceito estudado; terceiro, apresentar novos jogos,
semelhantes ao primeiro, em que se pode começar a abstrair; quarto, a criança cria
1 Estudou latim, alemão, Matemática Pura e Aplicada (1934-1937) obteve o grau BA em 1937 com honras pela
Universidade de Londres, Ph.D. formado pela Universidade de Londres, em 1939, tese sobre "Fundamentos da
Matemática Construtivista Segundo Borel e Brouwer.
8
representações sobre o que foi manipulado e em seguida consegue utilizar a linguagem para
descrever as hipóteses e conclusões sobre o conceito estudado, conseguindo a noção lógica
Matemática. Segundo Dienes, para a criança abstrair é necessário que ela vivencie várias
situações concretas, só assim, ela conseguirá formar conceitos, formular hipóteses e verificar
sua veracidade.
Como se pode perceber, o material concreto é um instrumento importante para
motivar; inovar; auxiliar na construção do conhecimento; desenvolver o pensamento
matemático; criar, confrontar e verificar hipóteses, desenvolver a criatividade, entre outras.
Manipular os materiais concretos permite aos alunos criar imagens mentais de conceitos
abstratos. Porém, ele sozinho não consegue atingir essas funções. É preciso uma participação
ativa do professor, pois, materiais concretos sozinhos não garantem a compreensão de
conceitos. Ao utilizar um material é necessário que o professor o conheça bem, saiba aplicá-lo
e tenha claro os seus objetivos ao utilizá-lo. Os professores devem criar uma sequência
didática que promova a reflexão e a construção de significados pelo aluno. A crença do
professor e dos alunos em como se aprende matemática, também, vai influenciar no resultado
final. Se o professor o utiliza apenas porque está na moda ou para fazer uma aula diferente,
divertida, e não orienta as ações do aluno para criar um ambiente favorável à aprendizagem, o
material perderá sua finalidade e não promoverá a aprendizagem.
2. MATERIAIS MANIPULATIVOS SUGERIDOS
Apresentaremos, nesse trabalho, alguns materiais utilizados para o ensino da
trigonometria e algumas aplicações historicamente construídas.
O objetivo, ao utilizar as ferramentas apresentadas, é desenvolver as seguintes
habilidades matemáticas:
Associar números reais a pontos da circunferência trigonométrica.
Familiarizar com a circunferência trigonométrica.
Conceituar arco trigonométrico.
Conceituar e identificar números congruentes na circunferência trigonométrica.
Obter determinações de um arco trigonométrico, principalmente a determinação
principal.
9
Identificar e determinar seno e cosseno de arcos na circunferência trigonométrica.
Calcular senos e cossenos de arcos por meio de redução ao primeiro quadrante.
Relacionar seno e cossenos dos arcos x, -x, +x e 2 -x.
Conceituar e construir o gráfico da função seno.
2.1. O Círculo Trigonométrico2.
Esse material foi elaborado baseando-se no proposto por Marcos Sebastião Lopes3 .
Materiais necessários
Chapa de acrílico transparente circular (Raio 10,5 cm).
Chapa de acrílico na cor branco quadrada (32 cm de lado).
Rebite
Impressão figura círculo trigonométrico.
Parafuso, sem a cabeça.
Furadeira.
Construção:
1º.) Imprimir o círculo trigonométrico em material PVC branco. Foi feito em uma
gráfica.
2º.) Cortar o acrílico transparente nas formas circulares e em “cruz” (figura 2). Foi
feito numa empresa especializada em acrílico.
3º) Com uma furadeira fure a borda do círculo transparente e a “cruz” (figura 2).
4º) Encaixe o parafuso sem cabeça no furo do círculo.
5º) Ribite o círculo transparente na placa de PVC com o círculo trigonométrico
desenhado.
6º) Trace o raio do círculo que passa pelo ponto onde encaixaremos a “cruz” (figura
2).
2 No Material adotamos o título Circunferência Trigonométrica para ficar de acordo com o
proposto por Marcos Sebastião Lopes. 3 Foi apresentado em sua Monografia: Material pedagógico para o ensino de trigonometria no
triângulo retângulo e no círculo trigonométrico. Trabalho apresentado como requisito parcial
para conclusão do Curso de Licenciatura Plena em Matemática pela Faculdade de Pará de
Minas em 2008.
10
Figura 1:
Figura 2:
Figura 3
11
De posse do material, criamos atividades, para orientar o trabalho do professor. As
atividades estão bem próximas das sugeridas por livros didáticos, pois, o material será um
auxiliar nas aulas do professor.
As atividades foram elaboradas para serem realizadas em grupo sob orientação do
professor. Elas devem ser realizadas gradativamente, à medida que os alunos forem
avançando na aprendizagem.
O professor deve mediar à ação do aluno, resgatando e elaborando conceitos
matemáticos para uma posterior compreensão e sistematização. O aluno deve ser sujeito ativo
no desenvolvimento do conteúdo proposto.
2.2. Atividades sobre funções trigonométricas
Neste trabalho focamos o estudo do seno e do cosseno, mas atividades semelhantes
podem ser propostas para a tangente.
Para realizar essa atividade o professor já deve ter explicado:
Ângulos e arcos na circunferência.
Medidas de arcos e ângulos.
Transformação de graus em radiano e vice-versa.
O ciclo trigonométrico.
ANALISANDO O CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO, VAMOS RESOLVER, EM GRUPO, AS SEGUINTES
ATIVIDADES:
1- Complete a tabela com as medidas dos arcos: (Considere o raio da circunferência igual a 1
unidade)
em grau em radiano Aproximação do
comprimento
de uma volta
de meia volta
de 4
1da volta
de 4
3da volta
COMENTÁRIOS:
Os alunos apresentam dificuldades em associar grau e radiano. Quando a medida está em
radiano não sabem se o valor do é 360º ou aproximadamente 3,14. Muitas vezes não
conseguem perceber que são formas diferentes para medir o mesmo arco. Ao calcular o
12
comprimento dos arcos esperamos que utilizem 3,14 como uma aproximação decimal do
valor de .
Esta é uma ótima atividade para associar números reais a pontos do círculo trigonométrico e
falar sobre imagem de um número. Estamos adotando imagem de um número como a
localização da extremidade de um arco.
2- Divida o ciclo trigonométrico em três partes iguais. Identifique os números da primeira
volta positiva e da primeira volta negativa que tem como imagem os pontos onde a
circunferência foi dividida.
Marque os pontos na circunferência, a partir do ponto A, e chame-os de M e N.
Agora complete:
Uma volta completa no ciclo mede _____________________. (em grau, em radiano e
em comprimento (aproximado))
O menor arco AM, MN, NA medem _________________________. (em grau, em
radiano e em comprimento (aproximado))
O menor arco AM mede ____________________.(em grau, em radiano e em
comprimento (aproximado))
O menor arco AN mede _____________________.(em grau, em radiano e em
comprimento (aproximado))
O maior arco AM mede ________________________(em grau, em radiano e em
comprimento (aproximado))
O maior arco AN mede _________________________ (em grau, em radiano e em
comprimento (aproximado))
M é imagem de ___________________
N é imagem de ___________________
COMENTÁRIOS: Com o material, o aluno facilmente localiza os pontos, suas medidas e percebe suas
diferenças. Facilita a visualização dos sentidos de giro e como isso influencia na medida de
um arco.
A
B
A’
B’
0
13
3- Encontre o quadrante do ciclo em que se encontram as imagens dos números:
a) 6
5
b) 4
3.
c) 3
d) – 4,5
COMENTÁRIOS: O objetivo dessa atividade é a fixação dos quadrantes. O aluno visualiza onde começa e onde
termina cada um deles.
4- Faça um círculo trigonométrico como o da atividade 2. Agora divida-o em oitos arcos
congruentes, a partir do ponto A. Utilizando o círculo trigonométrico que seu grupo recebeu,
responda:
a) Quanto mede, em graus e radianos, cada um desses oito arcos congruentes?
b) Indique os números da primeira volta positiva (e os valores correspondentes em graus)
que têm, como imagens, cada um desses pontos.
c) Faça o mesmo para a volta negativa.
COMENTÁRIOS: Com o material o aluno facilmente faz o que está sendo pedido, e o mais importante: forma
imagens mentais que servirá quando ele não tiver o material em mãos. O objetivo continua
sendo a familiaridade com o círculo trigonométrico e seus elementos.
5 – Todos os números reais a seguir são da primeira volta positiva ou da primeira volta
negativa. Identifique o quadrante da imagem de cada um deles.
a) 2,5 d) 10
9 g)
18
11
b) 5,3 e) 12
13 h) – 227º
c) -5
13 f) 36º i)
20
37
6 – Determinação principal.
I- Vamos estudar a determinação principal de um arco. Para isso, leia atentamente toda a
questão e preencha o quadro abaixo:
Na circunferência trigonométrica, onde fica a imagem de um arco de:
a) 360º?
b) 390º?
c) 600º?
d) 720º?
e) 1000º?
f) 1720º?
14
Considerando a primeira volta positiva, a que arco eles correspondem? E se considerarmos a
primeira volta negativa?
Agora preencha o quadro:
Arco 1ª. volta positiva Quadrante 1ª.volta negativa Quadrante
360º
390º
600º
720º
960º
1720º
Podemos dizer que a medida 310º é congruente a 1750º e está na primeira volta positiva.
E sua extremidade é do 4º quadrante.
Esses valores que encontramos para a primeira volta positiva são chamados de
determinação principal de um arco.
III- Determine a extremidade do arco correspondente a -300º. Agora, se você girar no sentido
positivo, qual a medida do arco que tem como extremo esse mesmo ponto?
O que acabamos de fazer foi encontrar a determinação principal arco -300º.
Explique como podemos proceder para encontrar a determinação principal de um arco no
sentido positivo e no sentido negativo.
Explique o que é a determinação principal de um arco.
COMENTÁRIOS: Mais uma vez o visual e a manipulação ajudarão o aluno a perceber que basta saber quanto
sobra quando terminam as voltas completas, ou seja, o resto da divisão por 360º.
7- A seguir, são dados quatro arcos trigonométricos, a partir de uma de suas determinações
(em graus ou radianos). Em cada caso, achar a determinação principal e identificar o
quadrante da extremidade do arco.
a) 800º
b) – 964º
c) 6
43
d) 5
21
8- Números congruentes:
Determine os números correspondentes ao número 6
no círculo trigonométrico na 2.ª volta
positiva, 3.ª volta positiva, 1.ª volta negativa e 2.ª volta negativa.
15
Esses números que você encontrou são chamados de números congruentes.
9 – Calcule os números congruentes a 3
a) na 1ª volta positiva;
b) na 2ª volta positiva;
c) na 1ª volta negativa;
d) na 2ª volta negativa.
10 - Calcule os números congruentes a – 150º
a) na 1ª volta positiva;
b) na 2ª volta positiva;
c) na 1ª volta negativa;
d) na 2ª volta negativa.
COMENTÁRIOS: O material concreto deve ser usado sempre durante as aulas para que o aluno visualize e crie
imagens mentais sobre o ciclo trigonométrico. Muitas vezes, achamos que com uma única
experimentação o material conseguirá fazer o seu papel. Porém ele se torna mais eficaz
quando é manipulado várias vezes até que o aluno consiga realmente apreender as
informações nele contidas. Com o tempo ele deixará de ser necessário, pois o aluno
conseguirá criar imagens mentais para serem utilizadas quando precisar.
SENO E COSSENO NO CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO.
Neste momento o professor define o seno e o cosseno no ciclo trigonométrico.
11 - Explique as definições de seno e cosseno no ciclo trigonométrico. Depois, responda às
perguntas.
a) Qual(is) o seno e o cosseno de 30º?
b) Qual(is) o seno e o cosseno de 225º?
c) Qual(is) o seno e o cosseno de 0o?
d) Qual(is) o seno e o cosseno de 90º?
e) Qual(is) o seno e o cosseno de 180º?
f) Qual(is) o seno e o cosseno de 270º?
g) Qual(is) o seno e o cosseno de 360º?
h) Quais(is) o(s) arco(s) cujo seno é igual a 0?
i) Qual(is) o(s) arco(s) cujo seno é igual a 1?
j) Qual(is) o(s) arco(s) cujo seno é igual a -1?
k) Quais(is) os arcos cujo cosseno é igual a 0?
l) Qual(is) o(s) arco(s) cujo cosseno é igual a 1?
m) Qual(is) o(s) arco(s) cujo cosseno é igual a -1?
16
12 – Os números que aparecem a seguir estão associados a pontos notáveis no ciclo
trigonométrico. Calcule o seno ou o cosseno de cada um, conforme o caso.
a) sen 3
b) sen 2
11
c) sen 2
3
d) cos 10
e) cos (-7 )
f) cos 2
5
13– Todos os arcos a seguir têm extremidades no 1º quadrante. Determine:
a) sen 750º
b) cos (-300º)
c) sen 3
5
d) cos 3
35
e) sen 4
25
14 – Analise se cada número abaixo é positivo ou negativo:
a) sen 50º b) sen 126º c) sen 320º
d) sen 4
5 e) sen
3
5 f) sen
4
9
g) cos 50º h) cos 126º i) cos 320º
j) cos 4
5 k) cos
3
5 l) cos
4
9
15 – Complete as linhas pontilhadas com o sinal < ou >.
a) sen 50º..........sen 12º g) sen 60º……….cos (-300º)
b) sen 80º..........sen 110º h) sen 6
7……….cos
4
3
c) sen 6
..........sen 3
5 i) cos
3..........sen
10
21
d) cos 70º..........cos 410º j) sen 7 ..........cos 3
8
17
e) cos 3
..........cos 3
4
f) cos 2
3..........cos
4
3
O seno e o cosseno de arcos do 2.º, 3.º e 4.º quadrantes podem ser obtidos a partir do
seno e do cosseno de arcos do 1.º Quadrante.
Vamos analisar os arcos de 30º, 150º, 210º e 330º.
Determine os seus senos e cossenos. Que relação podemos perceber entre esses valores?
Compare os senos e cossenos de 150º, 210º e 330º com o seno e o cosseno de 30º.
Podemos observar que ao unir os extremos dos arcos de 30º, 150º, 210º e 330º obtemos um
retângulo.
Na circunferência trigonométrica você pode observar mais dois retângulos. Observe se o
mesmo acontece com os senos e cossenos dos arcos correspondentes aos seus vértices.
Neste momento o professor aproveita para demonstrar, visualmente, as relações:
xxsenxxsen
xxsenxxsen
xxsenxxsen
cos)2(cos )2(
cos)(cos )(
cos)(cos )(
Peça ao aluno que gire um arco qualquer, sem se preocupar com seu valor.
Vamos visualizar que senxxsen )( .
Visualmente imagine uma paralela ao eixo horizontal passando pelo extremo desse arco.
Marquemos no círculo os pontos de encontro com a paralela (x e x’).
Com isso é fácil verificar que o seno dos arcos ox e o’x’ são iguais.
Analogamente visualizamos as demais relações.
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COMENTÁRIOS: Com o auxílio do material essas relações passam a ser facilmente entendidas pelos alunos. Na
minha prática, percebo que a preocupação maior dos alunos é em decorá-las ao invés de
compreendê-las. Com a manipulação do material, a compreensão acontece de forma natural, e
mesmo que, futuramente, eles optem por decorá-las, eles entenderão – a partir da visualização
– o porquê de serem verdadeiras.
FUNÇÃO SENO E COSSENO.
Neste momento o professor define a função seno.
A cada número real x do ciclo trigonométrico está associado um único número real sen
x, ordenada do ponto P, associado ao número x no ciclo.
Seu gráfico é cartesiano é constituído de todos os pares ordenados (x,Y) = (x, senx).
Vamos analisar a variação de sen x, à medida que x cresce no intervalo [0,2 ].
No 1º. quadrante: O que acontece com senx quanto x varia de 0 a /2?
No 2º. quadrante: O que acontece com senx quando x varia de /2 a ?
No 3º. quadrante: O que acontece com senx quando x varia de a 3 /2?
No 4º. quadrante: O que acontece com senx quando x varia de 3 /2 a 2 ?
Agora preencha o quadro abaixo para a 1.ª volta positiva:
X 0 /2 3 /2 2
Y=sen x
Agora vamos construir o gráfico da função seno.
Responda:
a) O que aconteceria com a curva após x=2 ?
b) O que aconteceria com a curva antes de x=0?
c) Qual a imagem dessa função?
d) Qual o domínio dessa função?
/2 3 /2 2
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COMENTÁRIOS: O professor pode fazer o mesmo para as funções cosseno e tangente. Percebo que os alunos
têm muita dificuldade em compreender as ideias contidas na função, e por isso, optam por
decorá-las. Ao construir o gráfico, com a ajuda do material, o aluno facilmente visualizará
essas ideias, o seu período, sua imagem e seu domínio. E a partir desse gráfico, ele poderá
construir outros mais elaborados.
2.3. OFICINAS PARA CONSTRUÇÃO DO CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO PELOS ALUNOS.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua própria produção ou construção.” (FREIRE, 1996).
Nestas oficinas os alunos irão construir o ciclo trigonométrico, que no material
anterior eles já recebiam pronto. Com isso terão a oportunidade de verificar com mais clareza
as relações entre ângulos, radianos e valores de seno, cosseno e tangente.
O objetivo dessas oficinas é criar condições para que o aprendizado aconteça através
da participação ativa dos alunos na construção de ideias. Os alunos terão a oportunidade de
levantar hipóteses, verificar sua veracidade, tirar conclusões, elaborar conceitos e,
principalmente, criar modelos mentais, a partir da visualização, de conceitos trigonométricos.
2.3.1. OFICINA 1: DEFINIÇÃO DE RADIANO E RELAÇÃO COM O GRAU.
1- Com um compasso e uma régua construa quatro circunferências com os seguintes
raios: 1cm, 3cm, 5cm e 8cm.
2- Com a ajuda de um barbante marque nas circunferências arcos consecutivos do
tamanho do seu raio.
Os arcos que você mediu são denominados radiano.
Radiano é o arco cujo comprimento é igual ao comprimento do raio da circunferência
que o contém.
A medida do arco AB é igual a 1 radiano, ou seja, 1 rad.
Uma volta completa corresponde a um arco de comprimento 2 rad.
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3- Um arco pode ser medido em grau. Desenhe uma circunferência de raio 10 cm e a
divida de 10º em 10º, com a ajuda de um transferidor.
Uma volta completa tem 360º.
Marque na circunferência arcos com 30º, 60º, 120º, 210º e 330º.
4- Com isso um arco pode ser medido em grau e em radiano. Podemos estabelecer a
correspondência entre graus e radianos. Veja:
2 rad 360º
rad 180º
2rad 90º e assim em diante.
5- Pegue a sua circunferência de raio 1cm e calcule: (deixe a resposta em função de )
a) o seu comprimento.
b) o comprimento de um arco cuja medida corresponde a 6
1do comprimento total da
circunferência.
c) O comprimento de um arco cuja medida corresponde à metade do comprimento
total da circunferência.
6- Faça o mesmo para a circunferência de raio 3cm e 5cm.
7- Baseando-se nos cálculos anteriores, qual a vantagem de se utilizar o raio de 1cm?
Neste momento, o professor mostra ao aluno a importância de adotarmos o raio igual a 1
unidade para o círculo trigonométrico.
COMENTÁRIOS:
Como já foi dito anteriormente, os alunos não têm dificuldade em compreender a
definição de radiano, porém, quando relacionamos com a medida em grau, eles começam a
se preocupar com os cálculos (regra de três) e se prendem a eles, esquecendo o seu
significado. Começam a surgir as seguintes dúvidas: qual o valor de ? Aproximadamente
3,14 ou 180º?
Essa é mais uma atividade onde esperamos que os alunos criem uma imagem mental
para definição de radiano e a sua relação com a medida do arco em grau. Esperamos,
ainda, que os alunos compreendam o porquê de adotarmos o raio igual a 1 unidade para a
circunferência trigonométrica.
21
2.3.2. OFICINA 2: CONSTRUÇÃO DO CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO.
Nessa oficina iremos construir o círculo trigonométrico. Com isso, aprenderemos a
encontrar os valores de seno, cosseno e tangente e a de relacioná-los.
Material necessário:
1 Folha de cartolina ou papel cartão.
1 régua
1 transferidor
1 tesoura
Lápis, caneta e borracha
Roteiro:
1- Desenhe uma circunferência de 10cm de raio. Iremos convencionar que a medida do
raio é de 1 unidade. (10cm = 1 unidade)
2- Agora, tendo o centro da circunferência como ponto em comum, desenhe duas retas
perpendiculares.
Observe que a circunferência ficou dividida em 4 partes iguais. Cada parte recebe o
nome de quadrante.
Essas retas são chamadas de eixo horizontal e eixo vertical.
3- Com o auxilio de uma régua divida os eixos da seguinte forma:
A partir do centro em 10 partes iguais até a circunferência, ou seja, cada eixo ficará
dividido em 20 partes iguais.
Como convencionamos que o raio mede 1 unidade, a partir do centro numere essas
partes com numa reta numérica onde o zero é o ponto de encontro dos eixos.
Ou seja: 1cm na régua corresponde 0,1 unidade do raio.
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4- Com o auxilio de um transferidor divida a circunferência de 10º em 10º. Marque esses
pontos e anote a medida dos ângulos no sentido anti-horário.
A sua figura está assim.
5- Agora, corte duas tiras de papel de 11cm de comprimento por 0,5cm de largura.
Prenda-as com um percevejo. Pegue uma extremidade e prenda no centro da
circunferência.
Explorando o material construído.
Vamos explorar o seno e o cosseno de um ângulo.
1- Prenda o percevejo que une os dois palitos na circunferência onde indica o ângulo de
30º.
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Podemos observar um triângulo retângulo cujos lados são: eixo horizontal e as duas
tiras de papel presas com percevejo.
Pela definição de seno no triângulo retângulo, temos:
hipotenusa
opostocatetodeseno
30º a 30º , como a hipotenusa é igual a 1 unidade, temos:
1
30º 30º
aopostocatetodeseno , ou seja,
. º30 30º verticaleixonodeângulodoprojeçãodeseno
O mesmo podemos fazer para o cosseno.
hipotenusa
aadjacentecatetodeseno
30º 30º cos =
1
30º 30º cos
aadjacentecatetodeseno =
. º30 30º cos horizontaleixonodeângulodoprojeçãodeseno
2- Vamos visualizar os valores para o seno e cosseno de 40º, 45º, 60º, 90º, 120º, 150º,
180º, 210º, 240º, 270º, 300º, 330º, 360º.
3- Agora, vamos analisar a tangente.
Para isso construa, com papel cartão, uma tira de 50 cm de comprimento e 3 cm de
largura.
Nela você irá marcar a sua metade, onde será o zero. Agora irá marcar os valores de
zero a 1 para a direita e de zero a -1 para a esquerda, como nos eixos horizontal e
vertical.
Essa tira será afixada perpendicularmente ao eixo horizontal. O zero da tira irá
coincidir com o 1 do eixo.
Ficará assim:
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4- Voltemos ao nosso triângulo retângulo do item 1. Construa-o novamente.
Com o auxilio de uma reta prolongue a hipotenusa até tocar a tira que você construiu.
Você terá a seguinte figura:
Os triângulos OAB e OCD são semelhantes (caso A.A.). Logo,
º30 º30
º30
CD
º30
1
º30 TANGENTECD
COSSENO
SENOCD
SENOCOSSENO
CD
AB
OC
OA
Com isso podemos perceber que a tira que você construiu corresponde a tangente.
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5- Agora vamos visualizar os valores para a tangente dos ângulos: 40º, 45º, 60º, 90º,
120º, 150º, 180º, 210º, 240º, 270º, 300º, 330º, 360º.
Reflexões:
1- Quais os possíveis valores para o seno e o cosseno de um ângulo?
2- Para quais ângulos o seno é positivo? E negativo?
3- Para quais ângulos o seno é positivo? E negativo?
4- Quais os possíveis valores para a tangente de um ângulo?
5- Para quais ângulos a tangente é positiva? E negativa?
6- O que acontece com a tangente dos ângulos de 90º e 270º?
Com essas perguntas, e a partir da visualização, queremos que os alunos reflitam e tirem
conclusões sobre o comportamento do seno, cosseno e tangente de um ângulo. O professor
dever aproveitar a atividade para concluir com o aluno:
Intervalo real para os valores do seno, cosseno e da tangente.
Quadrantes que os valores do seno, do cosseno e da tangente são positivos negativos e
nulos.
Período.
Mostrar as seguintes relações:
xxsenxxsen
xxsenxxsen
xxsenxxsen
cos)2(cos )2(
cos)(cos )(
cos)(cos )(
Essas relações já foram visualizadas anteriormente, com o primeiro material sugerido.
Nesse material podemos visualizar da mesma maneira com a possibilidade de não nos
prendermos aos valores que foram escritos anteriormente.
Trace, no verso do círculo trigonométrico, os eixos vertical e horizontal. Prenda as
tiras com os percevejos e gire um ângulo x.
Anteriormente visualizamos )( xsenxsen , agora iremos demonstrar
xx cos)2(cos .
Com um lápis trace uma paralela ao eixo vertical, e os raios OX e OX’. Com isso
formamos o triângulo isósceles XOX’ (ox é congruente com ox’, pois são raios das
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circunferência). Como o segmento OM é perpendicular ao segmento XX’, temos dois
triângulos retângulos congruentes, o XOM e o X’OM: Caso cateto hipotenusa.
OX congruente com OX’ (hipotenusa)
OM lado em comum.
Analogamente demonstramos as demais relações.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Acreditamos que o uso do material concreto proporciona aulas mais dinâmicas,
significativas e prazerosas para alunos e professores, favorecendo a discussão, a troca de
ideias, o questionamento, o levantamento de hipóteses e a formulação de conceitos por parte
dos alunos. O aluno participa ativamente do seu processo de construção do conhecimento. A
riqueza visual e manipulativa destes materiais ajuda os alunos a relacionarem as várias
informações tratadas na trigonometria. Eles auxiliam, também, na generalização de relações a
partir de situações particulares.
O professor é a peça fundamental para o sucesso desta proposta. Pois, como já
dissemos anteriormente, o material por si só não promove a aprendizagem. As intervenções,
estímulos e questionamentos feitos pelo professor motivarão as descobertas dos alunos.
Algumas atividades exploraram apenas o seno e o cosseno, mas facilmente, o
professor consegue adaptar atividades para trabalhar a tangente. O material é um instrumento
para auxiliar o professor em suas aulas e nas atividades propostas pelos próprios livros
didáticos.
Ao trabalhar com a trigonometria no ensino médio, percebi, claramente, a dificuldade
em visualizar figuras que os alunos tinham. Só as ilustrações que fazia no quadro não eram
suficientes, para muitos, criarem imagens mentais. Acreditamos que a partir da manipulação
pelos alunos dos materiais, isso se tornará mais fácil. E principalmente essa manipulação
deverá ser por várias aulas e em várias atividades, até que o aluno não precise mais dele, pois
conseguirá criar em sua mente imagens que os ajude nos exercícios (ou fazer pequenos
esboços no círculo).
Ao produzir esse material refletimos sobre nossas inquietações em relação a nossa
prática no ensino da trigonometria e procuramos instrumentos que contribuam para a melhoria
de nossas aulas.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FIORENTINI, Dario; Maria Ângela Miorim. Uma reflexão sobre o uso de materiais
concretos e jogos no ensino da Matemática. Boletim da SBEM-SP, n.7, de julho-agosto de
1990.
NACARATO, Adair Mendes. Eu trabalho primeiro no concreto. Revista de Educação
Matemática – Ano9. Nos
. 9-10, 2004-2005.
LOPES, Marcos Sebastião. Material pedagógico para o ensino de trigonometria no triângulo
retângulo e no círculo trigonométrico. Monografia (Licenciatura em Matemática). Pará de
Minas, MG: Faculdade de Pará de Minas, 2008.
RUBIÓ, Angel Panadés. Matemática: 1ª. série – Ensino Médio. Belo Horizonte: Editora
Educacional, 2008.
MOYER, Patrícia S. (Adaptação) Ainda estamos nos divertindo? Como os professores usam
materiais manipulativos para ensinar matemática.
RPM – Revista do Professor de Matemática
BONAFÉ, Marytta. Zoltan Dienes e o Movimento da Matemática Moderna no Ensino
Primário.
BOTAS, Dilaila Olivia dos Santos. A utilização dos materiais didácticos nas aulas de
Matemática Um estudo no 1º ciclo. 2008. 182f. Dissertação (Mestrado em Ensino das
Ciências) – Universidade Aberta. 2008.
BESSA, Valéria da Hora. Teoria da aprendizagem. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2006
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