MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO
5Métodos e técnicas de ensinoApresentação
Apresentação
Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva
a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga
o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.
Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que
foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e
conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.
Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning,
com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.
Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente,
associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e
a memorização de cada disciplina.
A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a
interação com o assunto tratado.
Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos
Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosida-
des bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustra-
tivos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-
-chaveemnegrito,oleitorserálevadoaoGlossário,parateracessoàdefinição
da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na
própria palavra-chave do Glossário, em negrito.
Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance
doconhecimentodemaneiraobjetiva,concisa,didáticaeeficaz.
Boa leitura!
7Métodos e técnicas de ensinoPrefácio
Prefácio
Certamente, em algum momento da nossa vida, nos deparamos com aquele
professor ou professora que nos ensinou determinado conceito de maneira ímpar:
seja por meio de um macete, um lembrete qualquer, seja por meio da paixão pela
arte de ensinar que aquela aula, aquela explicação nunca mais nos saiu da cabeça!
Nem sempre, entretanto, o mestre consegue prender a atenção do aprendiz...
Principalmentecomachegadadefinitivadatecnologia,essamissãosetornacada
vez mais difícil.
Nesse contexto, o que pode ser feito para que o ensinamento possa ser transmitido
de maneira plena e satisfatória? De quais meios o professor deve se valer para
passar adiante o aprendizado da matéria sem que o aluno se disperse ou de
modo ele e interesse por cada palavra dita, por cada experiência transmitida? A
criatividade e a formação técnica facilitará a escolha da melhor alternativa.
Métodosetécnicasdeensinoémaisumadisciplinadesenvolvidacomafinalidade
de formar o educador que pretende otimizar o seu dom de repassar conhecimento.
Na Unidade 1, o leitor vai entender melhor como funciona a memória no processo
de armazenamento de informações e o importante papel da atenção nesse cenário.
Vai conhecer, também, algumas práticas adotadas que estimulam o aprendizado.
A Unidade 2 explora a importância do trabalho em grupo no processo de
aprendizagem e os métodos de ensino utilizados nos conjuntos, como as dinâmicas
em grupo.
Ospensadoresqueinfluenciaramnacriaçãodemétodosetécnicasdeensinosão
revisitadosnaUnidade3, que trata, inclusive,dos reflexosdas transformações
na educação brasileira, a profissão do professor contemporâneo e o docente
universitário.
Já a Unidade 4 abordará as ferramentas tecnológicas e a sua utilização como
técnica de transmissão de conhecimento aos alunos.
É preciso se reciclar. Prender a atenção do aluno não é tarefa fácil. Compreendendo
essadificuldade,esperamostransmitirconceitosimportantesparaoeducadorpossa
executar aquilo que ele sabe fazer de melhor: transmitir sabedoria e aprendizagem.
9Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais
UNIDADE 1METODOLOGIAS DE ENSINO: POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS
Capítulo 1 Métodos, técnicas e estratégias de ensino: do educador ao educando, 10
Capítulo 2 A memória e o processo de armazenamento, 11
Capítulo 3 Ensino e aprendizagem: processos educacionais, 15
Capítulo 4 Metodologia no ensino superior, 18
Capítulo 5 Estratégias e técnicas: práticas estimuladoras, 20
Capítulo 6 Tendências e abordagens pedagógicas, 24
Glossário, 30
10 Métodos e técnicas de ensino
1. Métodos, técnicas e estratégias de ensino: do educador ao educando
Durantemuitosanos,nossosantepassadosfizeramusodeartefatosparafacilitar
atividades cotidianas. Pedras e galhos eram materiais para construção de objetos
de sobrevivência, como martelos e pontas de lança. Em determinado momento,
também se fez necessário contar animais, plantas e, em busca de novos recursos
para facilitar esse processo, novamente utilizaram elementos que estavam à dis-
posição, como pedras, gravetos e desenhos no chão. Esse procedimento, apesar de
fazerpartedavidadenossosancestraise,portanto,serumaexemplificaçãodemi-
lhões de anos atrás, continua sendo muito presente no que diz respeito à evolução.
O celular pode ser um exemplo para a análise desse processo: há dez anos pen-
sava-se nesse equipamento especialmente para comunicação verbal pela linha
telefônica. Atualmente, entretanto, ele é utilizado como último recurso para fazer
ligações, pois são realizadas desde as mais complexas ações matemáticas e co-
municativas até as tecnológicas. A educação também faz parte dessas experiên-
cias históricas evolutivas.
Há dez ou vinte anos Dias atuais
Podemos analisar tal evolução ao retomarmos nossos ancestrais, que, durante o
cultivo da terra e a criação de animais, tinham a preocupação de transmitir os co-
nhecimentos aos mais jovens com o objetivo de prepará-los para a sobrevivência da
11Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais
comunidade. Desse modo, a imitação, a parti-
cipação e a exposição oral foram ferramentas
utilizadas para que houvesse a transmissão
de conhecimento, e eles faziam uso desses re-
cursos como aprendizado diário do grupo. A
memorização, por meio da transmissão oral
e da imitação das ações dos mais velhos, era
a única ferramenta de aprendizagem que os
mais jovens tinham para adquirir as informa-
ções recebidas. A tarefa, entretanto, não era
fácil para todos.
Dessa forma, aquele que conseguisse memo-
rizar com mais facilidade as tarefas transmiti-
das era escolhido para repassar conhecimento
aos demais. Para tanto, utilizava-se da dra-matização, personalização e narração. Tais
elementos foram colocados nesse processo de
ensino-aprendizagem para estimular a memória dos jovens, de forma que estes,
consequentemente, repassassem o cultivo da terra e dos animais por gerações.
O cuidado em propagar o conhecimento e a criação de novos estímulos para realizar
o processo de transmissão é uma preocupação até os dias atuais, que instiga e
questiona educadores de todas as áreas sobre as práticas educativas.
Oprocessodeensino-aprendizagemmodificou-secomotempo,orapelaevolução
da humanidade, ora pela própria necessidade dessa evolução.
O conhecimento que anteriormente era transmitido por meio de dramatização
hoje se faz com uso da tecnologia e de práticas fundamentadas em estudos do
comportamento e compreensão humana. Enfim, compreender o ser humano
antecede qualquer ação pedagógica.
2. A memória e o processo de armazenamento
Todoprofissionalda educação reconhecea importânciadamemórianodecorrer
da vida acadêmica de seus alunos. Conforme Helene e Xavier (2003), “memória
compreende um conjunto de habilidades mediadas por diferentes módulos do
sistema nervoso, que funcionam de forma independente, porém cooperativa” (p. 13).
Para aprender novos conceitos, o indivíduo mobiliza suas vivências anteriores por
meio da memória ao buscar conexões entre os saberes, ampliando-os. Esse processo
é ativado a todo o momento nas diferentes situações e de maneira concomitante.
Estudos e pesquisas oferecem informações e subdivisões a respeito da memória.
12 Métodos e técnicas de ensino
Xavier(2003)afirmaqueváriasdistinçõesdicotômicasentreostiposdememória
foram realizadas. Por exemplo, memória de curto e de longo prazo, memória recente
e remota, memória implícita e explícita, episódica e semântica, entre outras.
Igualmente, alguns pesquisadores divergem sobre o período de armazenamento
e a capacidade de memorizar determinadas informações, no entanto mantêm a
opinião a respeito das distinções existentes.
Para compreender melhor esse processo de armazenamento, a memória de longo
prazo é praticamente ilimitada, pois armazena todo o conhecimento e recupera-o
quando necessário. Por sua vez, a memória de curto prazo é armazenada por um
período de tempo limitado, podendo ser descartada ou não, como a leitura de uma
receitadebolo,averificaçãodeumnúmerodeumtelefoneetc.(Xavier,2003).
A memória recente está relacionada à dimensão temporal, na qual se analisa a
capacidade de retomada dos acontecimentos recentes, como os fatos ocorridos
no dia de hoje, ontem, agora há pouco, e assim por diante. Já a memória remota
refere-se às dimensões mais distantes, como o ano passado, o primeiro ano
escolar, entre outras.
Memória episódica é aquela relacionada às situações vivenciadas e é capaz de
retomar datas, descrever lugares e pessoas, entre outros.
No que diz respeito às memórias expostas por Xavier (2003), a memória semântica é
aquela adquirida nas primeiras décadas de vida, sendo particularmente resistente
13Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais
à desorganização. Essa memória é utilizada quando o sujeito realiza determinada
ação e tem, como base, o conhecimento prévio.
P ARA SABER MAIS! Existem filmes interessantes que dão ênfase à memória ou à perda dela. Listamos algumas opções para entretenimento e reflexão: Amnésia
(Memento, EUA, 2000); Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, EUA, 2004); Rashômon (Japão, 1950); Procurando Nemo (Finding Nemo, EUA, 2003); Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, EUA, 2001); O Vingador do Futuro (Total Recall, EUA, 1990); A identidade Bourne (Bourne Identity, EUA, 2002); Efeito Borboleta (ButterflyEffect, EUA, 2004); Quando fala o coração (Spellbound, EUA,
1945); e Cidade das Sombras (Dark City, Austrália/EUA, 1998). Bom divertimento!
A memória de procedimento envolve to-
das as habilidades motoras, sensitivas e
intelectuais e é adquirida mediante a re-
petição. Nesse caso, o indivíduo é capaz de
realizar uma atividade complexa e manter
o pensamento em outra situação. A me-
mória declarativa, por sua vez, armazena
informações recebidas por meio dos sen-
tidos e de processos internos do cérebro,
como os fatos vivenciados (memória epi-
sódica) e as informações adquiridas pela
transmissão do saber de forma escrita,
visual e sonora (memória semântica). Por
fim,memóriadeclarativaéqueestáemní-
vel consciente e torna-se mais fácil de ser
adquirida quando associada a imagens,
sons, diálogos, leituras e outros.
A atenção e os fatores da aprendizagem
A atenção é um mecanismo que põe em andamento uma série de processos e
operações que tornam o sujeito receptivo às demandas do ambiente e levam-no
adesempenharmaiseficazmenteumaatividadeoutarefa.DeacordocomSevilla
(1997) apud Wagner (2003, p. 10), a atenção apresenta quatro características: a
amplitude, a intensidade, a oscilação e o controle.
A amplitude, como o próprio nome sugere, refere-se à capacidade de atenção
que o ser humano pode dar às informações, até ao receber vários estímulos ao
mesmo tempo.
Quanto à intensidade, refere-se à condição de não mantermos a mesma atenção
diante do mesmo assunto, em todos os momentos.
14 Métodos e técnicas de ensino
A oscilação ocorre quando se altera o grau de atenção contínuo para poder
processar as informações recebidas.
O controle atencional está relacionado ao vigor de se manter atento.
O indivíduo mantém ou não a atenção de acordo com os fatores internos e externos
a que está submetido em determinado tempo, e possui a versatilidade de alterar
sua atenção de maneira abrupta.
Os estímulos podem diminuir de acordo com a sensação de calor ou frio excessivo,
como ao assistir a uma palestra em um dia quente, sem refrigeração adequada.
O mesmo acontece quando o ambiente externo é agradável, porém há algum
desconforto, como enxaqueca, fadiga, sono etc.
Sevilla (1997) apud Wagner (2003, p. 11) apresenta os tipos de atenção. São elas:
• seletiva, dividida e sustentada;
• externa ou interna;
• visual, seletiva e auditiva;
• global ou seletiva;
• concentrada ou dispersa;
• aberta ou encoberta;
• voluntária ou involuntária; e
• consciente ou inconsciente.
15Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais
Esses tipos de atenção estão intimamente relacionados à capacidade de se manter
atento a determinadas situações, seja a atençnao estimulada por fatores internos
ou externos.
A atenção involuntária se manifesta a partir do estímulo e admite situações do
presente, enquanto a voluntária pode estar associada a memórias anteriores,
como o cheiro de livro novo, que imediatamente poderá despertar as lembranças
da infância e de seu primeiro contato com uma publicação nova. Além disso, o
tempo de permanência da atenção de cada indivíduo tende a ser aprimorado.
ATENÇÃO! Uma criança de 12 anos de idade consegue manter a atenção em determinada situação, mesmo havendo outros estímulos, enquanto crianças de 5
anos apresentam dificuldades em ignorar estímulos diferentes.
Inúmeras pesquisas são realizadas em diferentes pacientes com o intuito de notar
a reação do córtex temporal e frontal, responsáveis pelas estruturas cerebrais que
envolvem a atenção, como se pode observar na ilustração a seguir.
3. Ensino e aprendizagem: processos educacionais
O processo de ensino-aprendizagem, portanto, torna-se muito mais complexo
do que duas palavras. Embora contextualizado na primeira parte deste e-book
em relação ao seu processo evolutivo, o ensino-aprendizagem designa duas
ações individuais que devem ser salientadas. Por exemplo, o ato de ensinar
consiste não apenas na ação de o professor passar ensinamento ao aluno, mas
na relação que é estabelecida entre aluno, assunto e professor.
Santos (2001) apresenta características desse tripé, relativas a cada um desses
elementos, que podem compromenter o processo de ensino. A motivação, os co-
nhecimentos prévios, a relação com o professor e a atitude perante o conteúdo da
disciplina são fatores que podem vir a afetar a aprendizagem do aluno. A necessi-
dade de estruturar o assunto, os tipos de aprendizagem e a ordem de apresentação
destes são abordados como relevantes de acordo com a temática a ser tratada.
A respeito do posicionamento do docente, Santos (2001) argumenta que a criação
de situações estimuladoras, a comunicação no ato de instruir, informações sobre
o próprio trabalho como docente, o relacionamento entre alunos e professor e a
posturaperanteoconteúdoaserdisciplinadosãoaspectostambéminfluenciadores
como prática pedagógica.
Apesar de utilizar-se da estrutura com o objetivo de posicionar o educador em
relação à sala e sua ação como professor, o ensino não deve ser tratado de maneira
técnica, como uma construção do aprendizado, pois esse processo se fundamenta
16 Métodos e técnicas de ensino
a partir de experiências pessoais, fundamentadas no cotidiano e na individualidade
dossujeitos,eessassãoinfluenciadorasnoatodeeducar.OsautoresCunha,Brito
eCicillini(2006)concluemsobreaprofissãodoprofessorquesebastavano“[...]
conhecimento objetivo, no conhecimento das disciplinas, em muito semelhantes
àsoutrasprofissões,hoje,apenasdominaressesaberéinsuficiente,umavezque
o contexto das aprendizagens não é o mesmo” (p. 5).
É possível perceber que o ensino, portanto, não é uma ação que parte do professor
em relação ao sujeito, mas é contextualizado por meio de diversas ações que
envolvem a sala de aula – professor, aluno e assunto. Portanto, o processo de
aprendizagem surge de uma ação direta com o sujeito principal: o aluno.
Santos (2001) apresenta fatos relevantes para conhecimento do docente, como a
aprendizagemdemaneirasignificativaaoaluno,relacionadadiretamenteaexpe-
riências cotidianas, de sua própria vivência.
De acordo com Cosenza e Guerra (2011), podemos simplesmente decorar uma
nova informação, mas o registro se tornará mais forte se procurarmos criar ati-
vamente vínculos e relações daquele conteúdo com o que já está armazenado em
nosso arquivo de conhecimentos (p. 62).
17Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais
Dessa maneira, a aprendizagem está associada às interpretações das percepções
de cada indivíduo e sua capacidade de resgatar o conhecimento adquirido por
meio da memória. É importante ressaltar que aprender não é somente memorizar
as informações recebidas, mas também saber relacioná-las ao conhecimento pré-
vioerefletir,ampliandooconhecimento.
Quandoaaprendizagemsetornasignificativaaosujeito,suaschancesaumentam
em relação à retomada desse conhecimento nas diversas situações durante sua
vida. Conforme Maiato e Carvalho (2011), quando o conteúdo discutido na sala de
aula é relacionado com as experiências do indivíduo, as redes neuronais formadas
são ainda mais fortes (p. 4).
Com base em Saint-Onge (1999), o processo de aprendizagem é conceituado
segundo quatro definições: é uma atividade – forma em que se processa as
informações,porémapenasporsuasagacidadeépossíveldefiniraqualidadedo
aprendizado; é um processo de construção – o processo de aprendizado se dá por
meio da construção da estrutura cognitiva, portanto é a partir da elaboração dessa
estruturaqueocorreaaprendizagem;écumulativo–porserdefinidacomouma
construção, a aprendizagem busca antigas estruturas para se agrupar e, assim,
acumular aprendizado; persegue um objetivo – quando temos objetivos a serem
traçados e metas a serem cumpridas, nos empenhamos mais para aprender.
Há de se considerar também que o conteúdo escolar a ser aprendido tem de ser
potencialmente e psicologicamente significativo. O significado lógico depende
somente da natureza do conteúdo. Já o significado psicológico é a experiência
que cada indivíduo vivencia e as relações que foram estabelecidas durante essa
experiência.Cadaaprendizfazumafiltragemdosconteúdosquetêmsignificado
ou não para si próprio, por isso a importância de o aluno querer aprender.
O conhecimento prévio do aluno deve ser uma estratégia para que o processo se
reflitacomessacaracterísticasignificativa.Pormeiodessaintervenção,oeducador
age como ferramenta que possibilita problematizar situações não apenas em sala
de aula, mas na vida dos alunos. Ao deparar com um problema, o aluno deverá
refletirebuscarsoluções,exercitandooconhecimentoemseuprópriocotidiano.
Desse modo, essa contextualização tão subjetiva acaba por tornar pessoal o
processo de aprendizado, com a ressalva de que toda essa ação ocorrerá ou terá a
possibilidade de ocorrer se todos os integrantes da turma respeitarem os colegas e
os professores, mantendo-se o bom relacionamento entre todos.
Com base nessa contextualização teórica sobre o processo de ensino-aprendizagem,
ao levantar questões sobre o comportamento humano, a metodologia, a técnica e
a estratégia fazem-se cruciais como procedimentos para atingir com sucesso essa
ação educacional. Antes mesmo de apresentá-las como possibilidades em sala
deaula,faz-senecessáriotrazerconcepçõesesclarecedoras,dandosignificadoa
esses termos que fazem parte do dia a dia escolar.
18 Métodos e técnicas de ensino
O método define-se comoumcaminhoa ser percorrido embuscade objetivos
claros, previamente estabelecidos, tendo em vista a busca por sentidos no âmbito
educacional. A técnica determina como esse caminho será traçado, com base em
procedimentos a serem tomados.
A estratégia, por sua vez, toma-se com base na escolha de técnica(s) para
acionar o método. Embora os autores utilizem nomenclaturas variadas, os
significados e os direcionamentos desses três elementos referem-se à mesma
ação descrita anteriormente.
4. Metodologia no ensino superior
Machado(1994)apudBerbel(1995,p.9)refletesobreaexpectativadosdocentes
sobre o posicionamento dos estudantes universitários como:
Interessados, estudiosos, dedicados, assíduos que demonstrem ter
iniciativa [...] que participem ativamente das aulas teóricas e práticas e
procuremcomplementaçãoembibliografiarecomendada [...]quesejam
responsáveis, muito inteligentes, educados, e, além dessas qualidades,
assimilem bem o que é ensinado.
Essas características, no entanto, são tão esperadas pelos docentes como por
estudantes ingressantes, pois é com base na experiência universitária que esses
elementos são atribuídos à vida cotidiana do universitário, prolongando-se para
seu futuro.
19Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais
Cunha e Carrilho (2005) descrevem a fase de inserção do estudante na universidade
como uma “transição da adolescência para a vida adulta”, o que exige desafios psicossociais que devem contar com o apoio universitário na adaptação do
aluno.Essesdesafiosestãoligadosàsdificuldadeseàsexigênciasdasatividades
acadêmicas, interpessoais e sociais, à identidade e ao desenvolvimento vocacional
dos alunos, conforme ensinam Pires, Almeida e Ferreira (2000) apud Cunha e
Carrilho (2005, p. 216). As autoras ainda salientam que o processo de superação
desses desafios, se tiver resultado negativo, pode influenciar no rendimento
acadêmico e até mesmo ocasionar a evasão do aluno.
Em busca de melhores condições de adaptação e do desenvolvimento dos alunos
universitários no curso superior, procuram-se possibilidades de caminhos a serem
percorridos com esse intuito. A metodologia de ensino seria uma delas.
Berbel (1995) levanta pontos-chave na elaboração de metodologias com argumentos
significativos sobre esse processo também educacional. O primeiro momento,
descrito pela autora, sugere que o professor faça uso da metodologia de ensino
com base no reconhecimento de suas características:
Omelhordeconhecerévivenciaroprocesso,parapoderrefletirsobresua
utilidade, a relação teoria-prática nela presente e encontrar suas próprias
razões para decidir pela importância e possibilidade ou não de utilização
com seus alunos. (p. 9.)
Ao buscar a utilidade e o possível resultado para esse processo metodológico, o
docente acaba por encontrar inspiração para seguir adiante.
Em um segundo momento, Berbel (1995) relata que, com base no reconhecimento
da maneira de ensinar, os docentes devem ter claramente as consequências de
sua escolha, pois é a partir dessa decisão que será traçado o relacionamento
entre docente e alunos e vice-versa, ao fazer trocas de experiências, vivências
e conhecimentos que farão parte de inúmeras situações improváveis e não
controladas,quepodemterinfluêncianavidadeoutrosindivíduos.
Ousodametodologiadeveserflexível,deformaquehajaapossibilidadedeuma
assimilação pelos participantes e que os objetivos sejam preestabelecidos.
O esforço de mudanças nos métodos de trabalho do docente como postura para o
melhor desempenho, dos alunos é apresentado como quarto ponto-chave descrito
por Berbel (1995). Além disso, de acordo com a autora, essa alteração é estabelecida
como empenho do professor em relação a uma ampliação da compreensão dos
fundamentos teórico-metodológicos do ensino, que contam com explicações
filosóficas,políticas,psicológicas,históricasetc.(p.11).
O professor de Ensino Superior é responsável não somente pela continuação da
formação social do aluno, mas da sociedade da qual ele não apenas fará parte, mas
20 Métodos e técnicas de ensino
será sujeito passivo, participando de decisões sociais, uma vez que a sociedade se
renova a cada nova geração e são esses alunos, atuais e futuros cidadãos, que vão
continuar a fazer dessa sociedade um ambiente de relações.
Assim, é analisado o papel do ser humano na sociedade que se mantém como
estrutura e da abertura para a formação de relações que fazem parte da própria
formação da sociedade, com base nesse conceito de ação social do indivíduo que
recria a sociedade a todo momento, atuando de maneira própria, criando por si e
não reproduzindo um papel já estabelecido mediante a educação.
Berbel (1995) apresenta em seu último argumento um tema relevante na sociedade
atual: a desvalorização político-econômica da educação. As condições precárias a
que são submetidos os docentes não abalam sua vontade de ensinar. No entanto,
tal quadro social acaba por gerar no professor o impulso para lutar contra o
descaso de órgãos governamentais, levando a uma batalha política e pedagógica
comointuitodedifundiroreconhecimentosocialeprofissionaldodocente.
Esses pontos a que Berbel (1995) se refere são quesitos a serem levantados duran-
te a elaboração do processo da metodologia, não necessariamente seguidos, mas
refletidoscomoestratégiasdemelhordesempenhododocenteedoaluno.
5. Estratégias e técnicas: práticas estimuladoras
Ao citar as estratégias e técnicas na educação, uma variante de termos utilizados
para descrever o processo da aprendizagem acaba por confundir, em diversos
21Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais
momentos, o próprio professor, pois, a despeito dessa variação, o que deve ser
relevante é como esse processo se justifica. De acordo com Fernandes (2002),
“as estratégias são as opções, os meios disponíveis. As técnicas, as maneiras
específicasparaaexecuçãodaestratégiaescolhida”(p.13).
Esse conceito não é único a respeito dessas duas ações pedagógicas, mas é o
utilizado no momento para compreender a realidade dos fatos educacionais.
Portanto,combasenessesignificado,oautorapresentasimulaçõesbaseadasnas
técnicas e estratégias educacionais, descrevendo características e ações para os
dois processos.
A dinâmica de grupo, por exemplo, é uma estratégia que pode ser seguida pelo
professor. É denominada uma técnica “sensibilizadora e vivencial”, que articula o
contatodiretocomarealidadedosindivíduos,possibilitandoreflexãoeconheci-
mento sobre o próprio sujeito e os demais.
Para tanto, Fernandes (2002) dispõe de um roteiro descritivo sobre como essa
prática educacional deve ser apresentada, mantida e direcionada pelo educador.
Inicia-se com a apresentação da dinâmica, ao explicar quais serão os métodos
abordados, assim como os temas, acompanhando as fases do desenvolvimento
do grupo, ao buscar a participação dos integrantes por meio de depoimentos e
finalizandocomumareflexãoarespeitodoexercício.
O jogo também é uma estratégia, conhecido como uma prática estimuladora,
espontânea e divertida que produz sensações de expectativa, liberdade e prazer
aos sujeitos que participam, desde crianças até adultos. Esse tipo de estratégia,
apesar de se apresentar em contexto infantil, aborda técnicas interessantes para o
controle dos participantes e pode ser contextualizada em um ambiente universitário,
apresentando proximidade em relação aos resultados adquiridos. Por exemplo,
ao decidir tomar essa estratégia como ponto de partida para o desenvolvimento
educacional, o docente apresenta o jogo e, em seguida, as regras que são cruciais
para a condução da atividade e do próprio comportamento dos indivíduos.
Os jogos podem ser muito variados em relação às suas características, como
objetivos, meios, recurso; entretanto, sugerem um único objetivo que cabe a
praticamente todos eles – relativamente ao direcionamento dado, a vitória de um
dos participantes. No entanto, o jogo não necessariamente precisa se apresentar
comocompetitivo.Apartirdasuperaçãodosdesafiosimpostospelasregrasdojogo,
sem a penalização ou o constrangimento dos participantes, este pode se revelar
integrador, sugerindo a participação de todos. Nesse processo, o encerramento
pode vir por meio dos resultados obtidos durante o jogo, dos depoimentos dos
participantes,daavaliaçãodocomportamentodossujeitosedeumareflexãosobre
todos os pontos argumentados.
Este livro contempla os recursos multissensoriais no ato de aprender, na dinâmica de grupo, em métodos e técnicas de ensino. O conteúdo enfatiza os métodos de ensino, os objetivos da educação moderna e a relação entre a tecnologia e o ensino.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO
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