Ministério da Educação Universidade Federal de Pelotas
Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Departamento de Fitotecnia
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes
Dissertação
CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA
Alex Leal de Oliveira
Pelotas – RS, 2013
ALEX LEAL DE OLIVEIRA
CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA
Dissertação apresentada a Universidade Federal de Pelotas, sob orientação do Prof. PhD. Leopoldo Mario Baudet Labbé, como parte das exigências do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, para obtenção do título de Mestre em Ciências.
Pelotas
Rio Grande do Sul - Brasil
2013
Dados Internacionais de Publicação (CIP)
O48c OLIVEIRA, ALEX LEAL DE CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DEBENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA / ALEX LEAL DE OLIVEIRA; LEOPOLDO BAUDET, orientador; GIZELE INGRID GADOTTI, co-orientador. – Pelotas, 2013. 56 f.: il.
Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia deSementes), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel,Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2013.
1.Glycine max. 2.mapa de ruído. 3.beneficiamento desementes. 4.ambiente de trabalho. 5.segurança dotrabalho. I. BAUDET, LEOPOLDO , orient. II. GADOTTI,GIZELE INGRID , co-orient. III. Título.
CDD: 633.34
Catalogação na Fonte: Gabriela Machado Lopes CRB:10/1842Universidade Federal de Pelotas
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Banca examinadora: _______________________________ Prof. PhD. Leopoldo Mario Baudet Labbé (Presidente da Banca Examinadora) _______________________________ Profº Dr. Francisco Amaral Villela (Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel / UFPel) _______________________________ Dr. Élbio Treicha Cardoso (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária / EMBRAPA) _______________________________ Prof. Dra. Gizele Ingrid Gadotti (Centro de Engenharias / UFPel)
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AGRADECIMENTOS
À Deus por me dar a vida e o privilégio de concluir mais um dos meus
importantes objetivos.
Aos meus pais, Silvio e Magnólia, por acreditarem sempre em mim, e por
terem me dado todo o suporte inicial para que eu pudesse chegar até aqui.
Aos meus irmãos, Max e Lucas, pelo incentivo permanente durante o
período longe da Bahia.
Ao indispensável e decisivo apoio de Yasmine Schineder, Fernanda Deiró,
Jucilayne Vieira e Cassyo Rufino.
A todos os meus familiares e amigos que mesmo de longe me apoiaram
para superar os momentos difíceis.
À EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola e toda equipe da
Divisão de Produção Vegetal, em especial aos colegas Edson Alva, Eli Santana e
Valfredo Vilela, pelo apoio para a realização do curso de mestrado.
Ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes da
UFPel por me dar a oportunidade de realizar o curso de mestrado.
Ao meu orientador, Prof. Leopoldo Baudet e minha co-orientadora, Dra.
Gizele Gadotti, pela amizade, pelos esclarecimentos e empenho em transmitir
seus conhecimentos.
Aos novos amigos conquistados ao longo da realização do curso de
mestrado, em especial a Carolina, Alberto, César, Cristiane, Mariana, Elisa,
Sandro, Flávio e Winícius.
Aos amigos e “colaboradores nas horas vagas”, Ádamo Araújo e Caio
Sippel Dorr.
À colaboração dos competentes profissionais, Alexandre Gazolla Neto,
Rosária Azambuja e da Prof. Cândida Jacobsen durante a execução dos
trabalhos.
Às Unidades de Beneficiamento de Sementes do Rio Grande do Sul, que
colaboraram com a realização dos trabalhos de coleta de dados a campo.
Carinhosamente, meu Muito Obrigado!
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LISTA DE SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRASEM - Associação Brasileira de Sementes e Mudas
ACGIH - American Conference of Govermental Industrial Hygienists
ANC - Active Noise Control
BS - British Standart
CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPATR - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento
EPI - Equipamento de Proteção Individual
FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
do Trabalho
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISO - International Organization for Standardization
LED - Light Emitting Diode
LT - Limite de Tolerância
MAP - Máquina de Ar e Peneira
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MG - Mesa de Gravidade
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
NA - Nível de Ação
NHO - Norma de Higiene Ocupacional
NPS - Nível de Pressão Sonora
NR - Norma Regulamentadora
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OHSAS - Occupational Health and Safety Assessments Series
OIT - Organização Internacional do Trabalho
PAIR - Perda Auditiva Induzida por Ruído
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PDCA - PLAN - DO - CHECK - ACT
PNOS - Partículas Não Especificadas de Outra Maneira
PPGCTS - Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes
PPR - Programa de Proteção Respiratória
PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
QSMS - Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança
RENASEM - Registro Nacional de Sementes e Mudas
SE - Separador de Espiral
SST - Saúde e Segurança do Trabalho
UBS - Unidade de Beneficiamento de Sementes
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Normas Regulamentadoras de segurança do trabalho em vigência................................................................................................................... 5 Tabela 2. Nível de Pressão Sonora (NPS) emitida por Máquina de ar e peneiras (MAP), Mesa de gravidade (MG), Separador de espiral (SE) e NPS Total em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS...................... 37 Tabela 3. Iluminamento dos postos de trabalho na Máquina de ar e peneiras (MAP), Mesa de gravidade (MG) e Padronizador (PD) em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS...................................................... 47
Tabela 4. Avaliação quantitativa e qualitativa para poeira em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS..................................................... 49
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição percentual do número de empregados nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS........................................................ 19 Figura 2. Percentual de máquinas em circulação na empresa de sementes de soja........................................................................................................................19 Figura 3. Distribuição percentual de silos armazenadores nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.........................................................19 Figura 4. Distribuição percentual da ocorrência de acidentes do trabalho nos últimos 36 meses nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS......................................................................................................................... 20
Figura 5. Distribuição percentual das Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS, fiscalizadas ou não pelo Ministério do Trabalho e Emprego........ 20 Figura 6. Distribuição percentual de profissionais treinados em SST por
categoria............................................................................................................... 22
Figura 7. Comparativo do rendimento entre os grupos de profissionais em formação na amostra estudada............................................................................ 24 Figura 8. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 1. (Dimensões: 25m x 40m)........................................................................................................... 33 Figura 9. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 2. (Dimensões: 10m x 30m)........................................................................................................... 33 Figura 10. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 3. (Dimensões: 12m x 20m)........................................................................................................... 34 Figura 11. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 4. (Dimensões: 15m x 25m).......................................................................................................... 34
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LISTA DE MAPAS
Mapa 1 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 1............................ 42 Mapa 1 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 1.............................. 42 Mapa 1 (c). Distribuição de ruído total da UBS 1.................................................. 42 Mapa 2 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 2............................ 43 Mapa 2 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 2.............................. 43 Mapa 2 (c). Distribuição de ruído total da UBS 2.................................................. 43 Mapa 3 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 3............................ 44 Mapa 3 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 3.............................. 44 Mapa 3 (c). Distribuição de ruído emitido por separador de espiral sem enclausuramento da UBS 3 ................................................................................. 44 Mapa 3 (d). Distribuição de ruído total da UBS 3.................................................. 44 Mapa 4 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 4............................ 45 Mapa 4 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 4.............................. 45 Mapa 4 (c). Distribuição de ruído emitido por separador de espiral com enclausuramento da UBS 4 ................................................................................. 45 Mapa 4 (d). Distribuição de ruído total da UBS 4.................................................. 45
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CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA
AUTOR: Alex Leal de Oliveira ORIENTADOR: Prof. Leopoldo Baudet
RESUMO - A preparação dos recursos humanos é o principal desafio para
implantar programas de segurança, portanto os gestores das Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS), bem como a mão-de-obra em formação nas universidades, devem estar devidamente sensibilizados sobre o tema. O presente trabalho teve como objetivo a formação de um diagnóstico das condições de segurança do trabalho no beneficiamento de sementes de soja no estado do Rio Grande do Sul. Primeiramente, foi feito um levantamento sobre a percepção da segurança em Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) entre os profissionais que estão em capacitação e entre os gestores das UBS. O perfil das UBS pesquisadas, quanto a segurança do trabalho, mostra que 64% das UBS tem entre 1 e 50 empregados, 71% possuem entre 1 e 10 máquinas circulando no interior da UBS e 35% tem entre 5 e 10 silos armazenadores. Em relação aos acidentes, 36% da totalidade das UBS entrevistadas, confirmaram a existência de acidentes do trabalho nos últimos três anos. Sobre a inspeção oficial, 64% afirmaram que já foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pelo menos uma vez e em relação à existência das CIPA, estão ativas em 59% dos estabelecimentos entrevistados. A mão-de-obra de nível superior em formação para o setor sementeiro não está suficientemente treinada quanto ao tema de saúde e segurança do trabalho em UBS. Na segunda etapa foi conduzido o estudo em quatro UBS localizadas no estado do Rio Grande do Sul, que foram avaliadas in loco, considerando cada particularidade construtiva, de máquinas e equipamentos e nível tecnológico. As avaliações de campo compreenderam aferições de ruído, iluminância e avaliação qualitativa e quantitativa da poeira em suspensão. Nenhuma das UBS pesquisadas está em pleno acordo com a legislação vigente, para os parâmetros investigados, sendo o elevado nível de ruído, o agente físico de maior comprometimento da qualidade do ambiente de trabalho em UBS pesquisadas. Quanto às condições de iluminação das UBS, observa-se que são excessivamente escuras, comprometendo a segurança do trabalhador. Em relação à poeira em suspensão é possível afirmar que o risco está presente, mas a falta de referência oficial para poeiras vegetais originadas do beneficiamento de soja dificulta a interpretação dos resultados e o estabelecimento de níveis seguros para a referida operação. Palavras chave: Glycine max, beneficiamento de sementes, poeira, luminosidade, mapa de ruído, ambiente de trabalho.
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SAFETY WORK CONDITIONS IN SOYBEAN SEED CONDITIONING PLANTS
AUTHOR: Alex Leal de Oliveira ADVISER: Leopoldo Baudet ABSTRACT - The preparation of human resources is the main challenge to the implementation of security system, so the managers of the Seed Conditioning Plants, as well as hand-to-work training in the universities should be properly sensitized on the subject. The objective of this study was to compound a diagnosis of the conditions of work safety in the conditioning of soybean seeds in the state of Rio Grande do Sul. Firstly, it was done a survey on the perception of safety in Seed Conditioning Plants among the professionals who are in training and managers. The profile of the seed plants studied, about job security, shows that 64% have between 1 and 50 employees, 71% have between 1 and 10 machines circulating within the units and 35% have between 5 and 10 silos. Regarding accidents, 36 % of all interviewed units, confirmed the existence of occupational accidents in the last three years. About official inspection, 64% said they have been inspected by the Ministry of Labor and Employment, at least once. There is a concern about the existence of CIPA, which are active in 59 % of the establishments surveyed. The study indicates that superior hand-labor is not enough trained on the subject of health and safety. For the second stage of the research, four soybean seed conditioning plants at Rio Grande do Sul were evaluated in situ, considering every particular constructive, machinery and equipment and technological level. The field evaluations cover measurements of noise, brightness and qualitative and quantitative assessment of airborne dust. None of the surveyed units is in full accordance with the law, for the parameters investigated and the high noise level was the main physical agent of quality of the work environment at the plants surveyed. As for the lighting conditions of the seed plants all are overly dark, compromising worker safety. Regarding the suspended dust is possible to say that the risk is present, but the lack of official reference to vegetable dusts arising from the conditioning of soybeans complicates the interpretation of results and the establishment of safe levels for this operation. Keywords: Glycine max, seed conditioning, dust, brightly, noise level, work ambient.
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SUMÁRIO
1. Introdução Geral .............................................................................................. 1 1.1 Características da produção de soja no RS...................................................... 2 1.2 Planejamento operacional de UBS.................................................................... 3 1.3 Segurança do trabalho no meio rural................................................................ 3 1.4. Riscos ocupacionais relacionados com o beneficiamento de sementes.......... 6 Referências Bibliográficas..................................................................................... 10 2. Capítulo I: Diagnóstico das condições de gestão em segurança do trabalho no setor sementeiro do Rio Grande do Sul ...................................... 13 Resumo.................................................................................................................. 13 Abstract.................................................................................................................. 14 Introdução...............................................................................................................15 Material e métodos................................................................................................ 16 Resultados e discussão..........................................................................................18 Conclusões............................................................................................................ 25 Referências Bibliográficas..................................................................................... 26 3. Capítulo II: Condições do ambiente interno em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes e a segurança no trabalho .............................. 29
Resumo................................................................................................................. 29 Abstract................................................................................................................. 30 Introdução.............................................................................................................. 31 Material e métodos................................................................................................ 32 Resultados e discussão......................................................................................... 36 Avaliação de ruído emitido individualmente pela MAP, MG e SE......................... 36 Formação de mapas de ruído............................................................................... 39 Iluminância............................................................................................................ 46 Poeira.................................................................................................................... 48 Conclusões............................................................................................................ 51 Referências Bibliográficas..................................................................................... 52 4. Considerações finais ..................................................................................... 54 5. Apêndice.......................................................................................................... 55
1
1. Introdução Geral O agronegócio brasileiro é altamente rentável e contribui significativamente para
o atual momento da economia brasileira, gerando emprego e renda para milhões de
famílias rurais.
Sendo o Brasil um país essencialmente agrícola, e diante da importância
econômica da atividade de produção de sementes para o atendimento da questão da
segurança alimentar e nutricional, além da matriz bioenergética, a semente constituiu-
se em um importante insumo que contribui decisivamente para o sucesso das lavouras
comerciais.
A demanda potencial para a produção de sementes das grandes culturas, na
safra 2012/2013, atingiu a grandeza de 2.748.897 toneladas (ABRASEM, 2013). Ao
considerar apenas os dados relacionados à cultura da soja, revela-se a importância
desta para a agricultura nacional, uma vez que, 60,49% da demanda de sementes
produzidas são para o atendimento dos agricultores que cultivam 27.715.200 hectares
de soja.
Mesmo considerando a pirataria e a baixa taxa de utilização em algumas
regiões, o negócio de sementes de soja no país é robusto, envolvendo 5.450
engenheiros agrônomos, 16.350 técnicos agrícolas, 380 pesquisadores, 48.750
auxiliares de campo, 2.500 auxiliares de laboratório, 29.000 auxiliares de revendas,
110.000 trabalhadores temporários e 2.600 auxiliares envolvidos com beneficiamento e
armazenamento de sementes de soja (MENEGUELLO; PESKE, 2013).
Apesar do elevado número de trabalhadores que se dedicam à produção de
sementes de padrão superior, entende-se que a avaliação dos riscos ambientais, das
condições de trabalho, a adequação do maquinário de beneficiamento, a correção
ergonômica, além da prevenção de acidentes ainda é pouco discutida, fiscalizada e
aplicada em grande parte das Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS)
brasileiras.
Existem dificuldades para a implantação da segurança do trabalho em unidades
agroindustriais, uma vez que são necessários investimentos, eliminação de vícios
comportamentais e cumprimento de exigências legais, bem como necessidade de
2
maior apoio aos profissionais de segurança, por parte da direção das empresas (VAN
DER LAAN, 2010).
Diante de tal cenário, se faz necessária a implementação de estratégias de
logística, distribuição e também de gestão de recursos humanos nas UBS, uma vez
que a melhoria das condições de trabalho e a qualificação da mão-de-obra envolvida
para sua produção e beneficiamento não acompanha o desenvolvimento de tecnologia
e inovação existente no setor sementeiro.
1.1 - Características da produção de soja no Rio Grande do Sul O grão de soja é de grande versatilidade, sendo utilizado na alimentação
humana e animal e como de matéria prima para a agroindústria, através do complexo
soja. Na safra 2012/2013, o Brasil foi responsável pela maior área cultivada com a
Fabaceae, superando a safra norte americana, com a implantação de 27.715.200
hectares, expandindo a área de produção nacional em 10,7%, comparativamente à
safra anterior (CONAB, 2013).
O estado do Rio Grande do Sul contribuiu para o bom desempenho da cultura,
com o cultivo em área de 4.618.600 hectares na safra 2012/2013, apresentando
produtividade média de 2.640kg.ha-1 (CONAB, 2013).
A atividade sojicultora no RS se desenvolveu inicialmente na Região Noroeste,
tendo se expandido para outras regiões, entretanto sem afetar a liderança da região na
produção estadual. As lavouras de soja deslocaram a pecuária extensiva,
transformando áreas de pastagem natural e áreas de mata nativa em lavouras
mecanizadas (TRENNEPOHL; NAGEL PAIVA, 2011).
A tecnificação da agricultura gaúcha, associada à adaptação da sojicultura ao
estado do Rio Grande do Sul, foram fatores decisivos para o bom desempenho das
lavouras, tornando o estado o terceiro colocado em área cultivada, contribuindo com
16,67% da soja produzida no país, na safra 2012/2013.
Apesar do bom desempenho das lavouras no estado, apenas 31% da área
destinada às lavouras se beneficia da tecnologia de sementes (ABRASEM, 2013).
Assim sendo, existe um grande mercado potencial para a agroindústria sementeira no
atendimento aos agricultores gaúchos, no que concerne à oferta de sementes que
promovam incremento na produtividade ou na qualidade dos grãos.
3
1.2 - Planejamento Operacional de UBS De maneira generalizada, pode-se conceituar beneficiamento como um conjunto
de operações que objetivam o aprimoramento das características de um lote de
sementes (TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977).
As operações utilizadas para o beneficiamento de sementes variam de acordo
com a espécie, cultivar e lote de sementes. Portanto, o responsável técnico pelo
planejamento de uma UBS deverá ser capaz de selecionar as máquinas a serem
utilizadas para uma determinada espécie e arranjá-las de modo que se mantenha um
fluxo contínuo de operação numa sequência eficiente para determinado lote de
sementes (PESKE; BAUDET, 2012).
Os critérios adotados para a seleção das instalações, equipamentos e de um
sistema de gerenciamento destinado ao beneficiamento e armazenamento de
sementes, atualmente, considera muitos elementos, e não se baseia exclusivamente
no simples conceito de custo e benefício. Para Tillmann (2006), a implantação de um
sistema integrado de gestão permite identificar e minimizar os gargalos que afetam o
processo e, consequentemente o produto final. Assim, os fatores tecnológicos, de
gestão de pessoal, produção e produtividade, logística de distribuição e os quesitos
socioambientais, também são elementos que compõem as decisões de gerenciamento
em UBS.
1.3 - Segurança do Trabalho no meio rural Não há registros de qualquer tipo de medida política ou social que tivesse por
objetivo a proteção do trabalhador nos primeiros quatrocentos anos de história do
Brasil. A condição de país-colônia por mais de três séculos, onde se utilizava mão-de-
obra escrava até o fim do século XIX, contribuiu para a formação do trabalhador atual.
No Brasil, a presença do escravismo, além de suas sequelas de ordem econômica,
política e social, levou à consolidação das ideias greco-romanas do trabalho, visto e
entendido como sofrimento e punição (BRASIL, 2002).
A legislação brasileira referente à saúde e segurança do trabalho, especialmente
no meio rural, foi construída vagarosamente. O grande avanço foi a atualização da
constituição vigente, que prevê em seu Art. 7:
4
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social.
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança (BRASIL,1988).
Anteriormente a Constituição Federal de 1988, os trabalhadores do meio rural
sempre foram tratados de modo diferenciado. Apesar da existência dessa dicotomia
entre trabalhadores do campo e da zona urbana, a constituição equiparou os direitos
previdenciários entre esses trabalhadores (CHAPARRO, 2011).
Embora a Constituição atente-se para a importância da saúde e segurança do
trabalho, alguma coisa já havia sido feita na intenção de salvaguardar a condição do
trabalhador brasileiro, como as Normas Regulamentadoras (NRs) e a própria
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Mesmo com a existência da legislação, a maior parte dos empreendimentos
agropecuários ainda não se adequou às NRs. Isso se deve à desorganização do setor
agrícola nacional e da insuficiente fiscalização das condições de trabalho no meio rural.
Em 2012, foram realizadas 11.019 ações fiscais (BRASIL, 2012), mas isso representa
pouco, ao se tomar como referência os 5.175.489 estabelecimentos agropecuários
identificados pelo Censo de 2006 (IBGE, 2006).
Por outro lado, no concernente à condição cultural do trabalhador rural, Martins
(1999), considera que este é mais um fator limitante para a Segurança do Trabalho,
uma vez que o maior índice de analfabetos e semi-alfabetizados encontra-se no meio
rural, decorrência da má distribuição das escolas, da falta de professores qualificados e
do isolamento geográfico das comunidades rurais. A baixa escolaridade limita os
treinamentos e cursos de especialização, dificulta a leitura de rótulos de produtos
químicos e manuais de uso de equipamentos.
O despreparo a respeito da Segurança do Trabalho Rural não se limita, no
entanto, apenas aos trabalhadores envolvidos diretamente na atividade produtiva. A
exemplo, Seifert (2009), estudando a formação dos profissionais de Ciências Agrárias
sobre a temática, constatou que tanto os produtores, quanto os futuros profissionais
não estão devidamente conscientizados sobre a segurança no meio rural.
Apesar das dificuldades para a adoção das práticas de segurança, algumas
estratégias devem ser utilizadas para a promoção da redução de incidentes, acidentes,
afastamentos, internações e óbitos relacionados ao trabalho no meio rural.
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Uma alternativa é o emprego do Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do
Trabalho (SST), cujo monitoramento dos riscos, associado ao processo educativo
permanente, vai permitir a adequação à legislação vigente e às Normas
Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, descritas na Tabela 1.
Tabela 1. Normas Regulamentadoras de segurança do trabalho em vigência
Número Norma Regulamentadora 01 Disposições Gerais 02 Inspeção Prévia 03 Embargo ou Interdição 04 Serviços em Eng. de Segurança e em Medicina do Trabalho 05 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 06 EPI – Equipamentos de Proteção Individual 07 PCMSO – Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional 08 Edificações 09 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais 12 Máquinas e Equipamentos 13 Caldeiras e Vasos de Pressão 14 Fornos 15 Atividades e Operações Insalubres 16 Atividades e Operações Perigosas 17 Ergonomia 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção 19 Explosivos 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis 21 Trabalho a Céu Aberto 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração 23 Proteção Contra Incêndios 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho 25 Resíduos Industriais 26 Sinalização de Segurança 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB 28 Fiscalização e Penalidades 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal
e Aquicultura 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval 35 36
Trabalho em Altura Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados
FONTE: BRASIL (2012 a), adaptado com a NR-36.
6
O sistema de gestão em SST pode ser implantado em qualquer unidade de
produção agroindustrial, devendo atender, ao menos, às condições fixadas pelas
normas regulamentadoras citadas anteriormente.
Uma definição de sistema de gestão em SST é dada por Teixeira e Teixeira
(2003), como sendo um conjunto de medidas planejadas e efetivamente tomadas para
evitar a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.
A implantação de um sistema de gestão em SST consiste, fundamentalmente,
em incluir a saúde e segurança do trabalho entre os itens que o empresário deve
controlar para que se obtenha o sucesso em seu empreendimento, passando assim a
integrar o próprio sistema de gestão da empresa.
A norma britânica BS 8.800 (British Standart) foi a primeira tentativa de
estabelecer uma referência normativa para implementação de um sistema de gestão
em SST, que vinha sendo associada às normas da Série ISO (International
Organization for Standardization), como a ISO 9.000 (Sistema da Qualidade) e ISO
14.000 (Gestão Ambiental) (MILANELI, 2010).
Mesmo ainda em vigor, a BS 8.800 motivou a criação das normas intituladas de
OHSAS (Occupational, Health and Safety Management Systems).
Com o crescente aumento das preocupações do poder público, empresários e
sindicatos, no que se refere à melhoria das condições de segurança, saúde e meio
ambiente, torna-se necessário o planejamento e implementação de um eficiente
sistema de gestão de SST, mesmo nas unidades agroindustriais.
1.4 - Riscos ocupacionais relacionados ao beneficiamento de sementes A fiscalização das UBS é atribuição do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), porém, a atividade empresarial de beneficiamento de
sementes também está sujeita a fiscalizações e intervenções de outros órgãos
governamentais, a exemplo dos órgãos ambientais e ainda do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE).
É notório o empenho dos empresários rurais e das instituições na manutenção e
no incremento da qualidade das sementes, porém o foco estritamente produtivo, muitas
vezes provoca o desamparo do trabalhador rural, que não raramente, se dispõe a
trabalhar exposto a todo tipo de risco presente nas unidades agroindustriais que se
destinam ao beneficiamento de sementes (OLIVEIRA, 2010).
7
Os avanços em saúde e segurança do trabalho não são equivalentes à
exigência de desempenho na produção, pós-colheita e beneficiamento. Tal descuido
tem favorecido a ocorrência de acidentes causados por: condições inseguras,
equipamentos defeituosos, falta de protetores, iluminação e ventilação inadequada,
desorganização e pelo comportamento inseguro de alguns trabalhadores (VAN DER
LAAN et al., 2012).
Oliveira (2010) identificou a existência de não conformidades em diversas etapas
do beneficiamento, e consequentemente, o agravamento dos riscos químicos, físicos,
biológicos, ergonômicos e de acidentes em UBS de diferentes níveis tecnológicos.
Considera-se uma UBS dotada das estruturas de recepção, pré-limpeza,
secagem, beneficiamento e armazenagem, uma unidade agroindustrial adequada para
o beneficiamento e armazenamento de sementes. Com a presença desses
componentes, a necessidade de gerenciamento de SST se torna ainda mais evidente,
uma vez que a Norma Regulamentadora NR-31 prevê legislação específica para a
utilização desses equipamentos, através da Portaria 3.214/1978, que dispõe sobre a
Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura (BRASIL, 2012).
Investigando sobre os riscos ocupacionais com máquinas e equipamentos para
o beneficiamento do café, em Minas Gerais, Carvalho (2008) concluiu que todas as
etapas do beneficiamento expõem os trabalhadores ao risco e que a preocupação com
a Segurança do Trabalho está intimamente relacionada com o poder aquisitivo dos
produtores. Quanto maior o poder aquisitivo, maior a preocupação e o investimento em
segurança e a consequente adequação às Normas Regulamentadoras.
No entanto, a condição a qual os trabalhadores exercem suas atividades
laborais é de responsabilidade do empregador, que está subordinado à fiscalização do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), independente do número de funcionários que
desempenham suas atividades laborais na unidade agroindustrial.
Além da NR-31, a atividade realizada nas UBS tem grande interação com outras
normas regulamentadoras do MTE, como, por exemplo a NR-23 (Proteção Contra
Incêndios), NR-33 (Espaços Confinados), NR-6 (Equipamento de Proteção Individual),
NR-35 (Trabalho em Altura), NR-17 (Ergonomia) e fragmentos de outras normas
dispostas na portaria 3.214/1978, de 8 de julho de 1978, que aprova as Normas
Regulamentadoras, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho.
8
Ainda no que se refere aos itens presentes numa Unidade de Beneficiamento de
Sementes, os silos e os armazéns são construções indispensáveis ao armazenamento
das sementes e influem decisivamente na sua qualidade e preço. Entretanto, por sua
dimensão e complexidade, podem ser fonte de vários e graves acidentes do trabalho.
Por serem os silos locais fechados, enclausurados e perigosos, são classificados como
espaços confinados, objeto da NR-33 e complementadas com outras normas
regulamentadoras do MTE, a exemplo da NR-23 (Proteção Contra Incêndios), uma vez
que o risco de incêndio é permanente nas UBS.
Nos armazéns, os riscos também estão presentes, pois é nessa unidade que
ocorre o processo químico de expurgo das sementes, a conservação a baixas
temperaturas, além das operações de transporte, movimentação de carga e descarga
de sementes, empilhamento e distribuição de lotes beneficiados.
Atualmente, ocorre a veiculação, através da grande mídia, de sinistros e
acidentes relacionados ao setor agropecuário. A mídia desempenha papel fundamental
na comunicação de massa ao formar a opinião pública. Entretanto, ao divulgar
informações sobre riscos, sejam eles em menor ou maior escala, a mídia exemplifica
ou exacerba o conteúdo das notícias e reportagens (RINALDI, 2007).
Mesmo com a divulgação dos acidentes, ainda é inexpressivo o registro das
Comunicações de Acidente do Trabalho (CAT), junto aos órgãos competentes,
portanto, constata-se que o setor agropecuário carece de informações sobre a Saúde e
Segurança do Trabalho.
Os acidentes podem ser responsáveis pelo afastamento temporário ou
permanente de trabalhadores, sendo que não é incomum a ocorrência de óbitos
durante o exercício da atividade laboral. Diante de cenário tão preocupante, a ação
fiscalizadora do poder público tem se mostrado presente e apesar das limitações, suas
ações fiscais em empresas do setor agrícola alcançaram 838.417 trabalhadores rurais,
apenas no ano de 2012 (BRASIL, 2012 b).
Ainda há grande dificuldade na identificação e percepção dos riscos
ocupacionais, por parte dos trabalhadores e empregadores rurais. Embora existam
metodologias para a identificação, monitoramento e eliminação dos agentes
potencialmente nocivos, o desconhecimento expõe empregadores e trabalhadores
rurais que desempenham suas atividades laborais no interior das UBS, a riscos de
natureza química, física, biológica, ergonômica, além do acidente propriamente dito.
9
A determinação de padrões para referência é indispensável para o bom
funcionamento de um sistema de gestão de segurança, especialmente em unidades
agroindustriais, que de modo geral são tão desprovidas de informação.
Os métodos de identificação de riscos ocupacionais em UBS, bem como, o
estabelecimento de padrões para o monitoramento e controle do ruído, luminosidade,
temperatura, partículas em suspensão e outros agentes potencialmente prejudiciais,
devem ser adotados por empresários e responsáveis técnicos do setor sementeiro, que
podem utilizar esse tipo de informação para se ajustar à legislação vigente, evitando
prejuízos com indenizações, paradas não programadas e afastamento de
trabalhadores. A mesma metodologia também serve como apoio em ações de
fiscalização e inspeção de agentes governamentais ou de auditoria independente nas
UBS.
Deste modo, identificar os riscos ocupacionais envolvidos no beneficiamento de
sementes no Rio Grande do Sul e suas consequências sobre a produção e a
segurança dos trabalhadores, irá contribuir para a melhoria do ambiente de trabalho. O
estabelecimento de padrões e referenciais para o setor sementeiro serve de
embasamento para estudos mais aprofundados sobre esse relevante tema, que é
pouco discutido e tão escasso de literatura, assim o objetivo deste trabalho foi
identificar a percepção da segurança entre os profissionais do setor sementeiro e
determinar referenciais para o monitoramento dos riscos ocupacionais existentes em
UBS.
10
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.
13
CAPÍTULO I
DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES DE GESTÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR SEMENTEIRO DO RIO GRANDE DO SUL
AUTOR: Alex Leal de Oliveira ORIENTADOR: Prof. Leopoldo Baudet
RESUMO: A percepção dos riscos ocupacionais é o ponto de partida para qualquer mudança relativa à saúde e segurança do trabalho (SST), especialmente nas unidades agroindustrias destinadas ao beneficiamento de sementes (UBS). Como ainda são insuficientes os trabalhos a respeito do diagnóstico e gestão de SST e havendo uma lacuna a ser preenchida sobre esse tipo de informação, conduziu-se o presente trabalho, com o objetivo de identificar a condição atual do setor sementeiro sobre o sistema de SST, através da visão das empresas de beneficiamento de sementes e dos profissionais em formação para o setor. O instrumento de pesquisa utilizado foi a aplicação de questionários a dois grupos. As entrevistas e coletas de dados foram realizadas entre os meses de julho a outubro de 2012, tanto no grupo dos gestores de UBS (A), quanto no grupo da mão-de-obra em formação na academia (B). Para os integrantes do grupo A, as questões tinham como objetivo a identificação dos produtos do beneficiamento, das máquinas e instalações da UBS e também do nível de organização existente nas unidades, através das CIPA formadas, enquanto que os questionários direcionados ao grupo B apresentavam questões estruturadas sobre os temas relacionados à segurança do trabalho. Os resultados mostraram o perfil das UBS pesquisadas, quanto à segurança do trabalho, sendo que 64% das UBS tem entre 1 e 50 empregados, 71% possuem entre 1 e 10 máquinas circulando no interior da UBS e 40% tem entre 1 e 4 silos armazenadores. Em relação aos acidentes, 36% da totalidade das UBS entrevistadas, confirmaram a existência de acidentes do trabalho nos últimos três anos. Sobre a inspeção oficial, 64% afirmaram que já foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pelo menos uma vez, mas existe uma preocupação em relação à existência das CIPA, que estão ativas em 59% dos estabelecimentos entrevistados. O estudo direcionado para a mão-de-obra de nível superior em formação para o setor sementeiro aponta que este público não está suficientemente treinado quanto ao tema de segurança do trabalho nas unidades agroindustriais. Portanto, o setor sementeiro ainda carece de capacitação para a prevenção de acidentes nas UBS.
Palavra chave: Prevencionismo, normas regulamentadoras, acidente do trabalho.
14
CHAPTER I DIAGNOSIS OF MANAGEMENT CONDITIONS IN OCCUPATIONAL SECURITY IN
THE SEED SECTOR OF RIO GRANDE DO SUL
AUTHOR: Alex Leal de Oliveira ADVISER: Prof. Leopoldo Baudet ABSTRACT - The perception of occupational hazards is the starting point for any changes relating to Occupational Safety and Health (OSH), especially in the seed conditioning at agro industries units. The studies about diagnosis and management of OHS are insufficient and there is a large gap to be filled on information about this subject. So, this study was conducted in order to identify the current condition of the seed sector on the system OSH, through the vision of seed conditioning companies and professionals in training at seed sector. The research instrument used was the application of surveys to the two groups. The interviews and data collections were conducted between July and October 2012, being group (A) the managers of seed units and group (B) the hand labor being training in seed science at the university. To A group, the questions were aimed to identify the conditioning products, the machines and facilities of seed plants and also the level of organization on the units through the CIPA, while the questionnaires to B group had issues structured on topics related to workplace safety. The profile of units about job security shows that 64% of them have between 1 and 50 employees, 71% have between 1 and 10 machines circulating within the units and 35% have between 5 and 10 silos. Regarding accidents, 36% of all interviewed units confirmed occupational accidents in the last three years. On the official inspection, 64% said they have been inspected by the Ministry of Labour and Employment, at least once. There is a concern about the existence of CIPA, which are active in 59% of the units surveyed. The study aimed to hand labor in training for the seed sector indicates that this group is not sufficiently trained on the subject of Occupational Safety and Health at agro industries units, so the seed sector needs training for the prevention of accidents at seeds units.
Keywords: Preventions, regulatory standards, work accident.
15
Diagnóstico das condições de gestão em segurança do trabalho no setor
sementeiro do Rio Grande do Sul
Introdução A percepção das condições de realização do trabalho é atitude recente na atividade
agroindustrial brasileira. As regulamentações da segurança do trabalho no neoliberalismo
que, devido às privatizações, reestruturações e precarização do trabalho, mantêm índices
elevados de acidentes do trabalho no Brasil, são elaboradas em razão das cobranças
efetuadas pelas entidades sindicais, do Ministério do Trabalho e OIT, da qual o Brasil é
signatário (KOSIBA, 2011).
Apesar das dificuldades para a adoção das práticas de segurança, algumas
estratégias devem ser utilizadas para a promoção da redução de acidentes,
afastamentos, internações e óbitos relacionados ao trabalho na agroindústria
sementeira.
O Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho (SST) é um
importante componente da gestão integrada de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e
Segurança (QSMS). Cardela (2011), atenta o Sistema de SST é responsável por
promover as ações capazes de reduzir danos e perdas provocadas por agentes
agressivos de ação física, química, biológica ou ergonômica.
O centro de ação do Sistema de SST é a atividade humana, cujos
colaboradores, gestores e pessoal de apoio devem ser envolvidos. Conforme Teixeira e
Teixeira (2003), o sistema de gestão em SST é um conjunto de medidas planejadas e
efetivamente tomadas para evitar a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.
O Sistema de Gestão em SST nas empresas sementeiras deve conter
estratégias e apresentar ferramentas que permitam o monitoramento dos riscos e das
situações de emergência. Para que isso ocorra é preciso que as empresas e seus
gestores estejam sensibilizados para os temas associados à saúde e segurança do
trabalho, agindo como atores no processo de motivação e sensibilização de todos os
colaboradores, especialmente aqueles que desempenham atividades laborais em
ambientes de maior risco.
Como a motivação para o trabalho varia bastante entre indivíduos, sendo que o
estado motivacional das pessoas produz o clima organizacional e também é por este
influenciado (CHIAVENATO, 2006), o ambiente de trabalho mais humanizado,
16
certamente trará mais resultados também na atividade agroindustrial, mesmo com
todas as suas particularidades. A hipótese básica do trabalho humanizado é que ele
promove o “melhor ajustamento” entre os empregados, tarefas, tecnologia e meio
ambiente, tornado os processos mais eficientes (DAVIS e NEWSTRON, 2001).
O conhecimento sobre o comportamento organizacional é uma habilidade que
pode ser desenvolvida entre os gestores, líderes e coordenadores de operações nas
UBS. O estudo sobre o comportamento organizacional se ocupa sobre o que as
pessoas fazem nas organizações e de como esse comportamento afeta o desempenho
organizacional (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010), inclusive na segurança do
trabalho.
Como ainda são insuficientes os trabalhos a respeito do diagnóstico e gestão de
SST e havendo uma lacuna a ser preenchida sobre esse tipo de informação, conduziu-
se o presente trabalho, com o objetivo de identificar a condição atual do setor
sementeiro sobre o Sistema de SST, através da visão das empresas de beneficiamento
de sementes e dos profissionais de nível superior em formação para o setor.
Material e Métodos O diagnóstico das condições de segurança em Unidades de Beneficiamento de
Sementes (UBS) no estado do Rio Grande do Sul foi realizado com um levantamento
sobre a percepção da segurança entre os profissionais que estão em capacitação na
temática de Ciência e Tecnologia de Sementes no estado do RS e com os gestores
das UBS.
O grupo dos gestores das UBS foi definido tomando como referência o número
de Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM), vinculados ao MAPA /
Superintendência Regional – RS, com cadastros válidos na modalidade: Beneficiador
de Sementes, totalizando 92 empresas.
Foi enviado para todos os cadastrados, questionários para as contas de e-mail
vinculadas, na expectativa que as empresas respondessem, de forma voluntária, as
questões sobre as condições de segurança das suas UBS. O questionário foi
respondido de forma espontânea por 22 UBS, compondo assim um panorama da
segurança entre as empresas que se dedicam ao beneficiamento de sementes.
O grupo dos profissionais em formação é composto pelos acadêmicos que se
encontram em pós-graduação na Universidade Federal de Pelotas, através do
17
Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (PPGCTS) da
instituição. As atividades desenvolvidas sobre o tema na instituição estendem-se desde
1974 (Mestrado Acadêmico), 1985 (Especialização em Ciência e Tecnologia de
Sementes), 1991 (Doutorado) e 2001 (Mestrado Profissional), sendo considerada a
principal instituição formadora de mão-de-obra para o setor sementeiro no estado do
Rio Grande do Sul, servindo de referência nacional e internacional.
Por tratar-se de uma população finita, foram entrevistados os profissionais em
formação no período 2012/2013 de modo amostral. A dimensão da amostra foi
determinada pela fórmula sugerida por Martins (2001), considerando nível de confiança
de 90% e erro amostral de 10%.
As informações foram coletadas através da metodologia de Sudman e Bradburn
(1982). Assim foram entrevistados 50 graduandos do curso de Agronomia cursando a
disciplina de Produção e tecnologia de sementes, 17 mestrandos, 27 doutorandos e 19
estudantes de Lato Sensu em Ciência e Tecnologia de Sementes.
As entrevistas e coletas de dados foram realizadas entre os meses de julho e
outubro de 2012, tanto no grupo (A) dos gestores de UBS, quanto no grupo (B) da
mão-de-obra em formação na academia.
Para os integrantes do grupo A, os questionários específicos (Apêndice A)
abordavam a caracterização da UBS e uma breve avaliação das condições de
segurança, bem como o histórico de acidentes. As questões tinham como objetivo a
identificação dos produtos do beneficiamento, das máquinas e instalações da UBS e
também do nível de organização existente nas unidades, através das CIPAs formadas.
18
Os questionários direcionados ao grupo B (Apêndice B) eram compostos por
questões estruturadas que caracterizavam a escolaridade de cada individuo
(graduação, especialização, mestrado e doutorado) e suas impressões sobre os temas
relacionados à segurança do trabalho, como por exemplo: identificação de agrotóxicos
para expurgo de sementes, trabalho em altura na movimentação de pilhas de sacaria,
formação de atmosfera explosiva, trabalhos em espaços confinados nas UBS,
sinalização de segurança e prevenção e combate a incêndios.
Classificou-se como desempenho satisfatório a questão respondida
acertadamente por mais de 50% dos entrevistados e insatisfatória quando respondida
equivocadamente por mais de 50% dos entrevistados.
Os dados obtidos dos grupos A e B foram digitados e organizados em planilha
eletrônica, onde foi realizada a estatística descritiva. Foi avaliada a frequência e
posteriormente a transformação dos dados em percentual, visando a análise,
interpretação e compreensão dos resultados obtidos.
Resultados e Discussão A análise dos dados permitiu a caracterização das Unidades de Beneficiamento
de Sementes no Rio Grande do Sul em temas relacionados à segurança do trabalho e
a percepção da segurança entre os profissionais em formação para o ingresso no
mercado de trabalho.
Entendendo-se que a percepção dos riscos é o ponto de partida para qualquer
mudança relativa à SST, especialmente nas unidades agroindustrias destinadas ao
beneficiamento de sementes, as informações coletadas permitiram a concepção de um
diagnóstico regional sobre SST em UBS.
O questionário enviado para o grupo A foi respondido por 23,91% da população,
aproximando-se das respostas obtidas por Reis; Menegatti; Forcellini (2003) utilizando
questionários eletrônicos para o público do setor agrícola.
Com a interpretação dos dados oferecidos pelo grupo A, foi observado que
63,64% das UBS tem entre 1 e 50 empregados (Figura 1), 71% possuem entre 1 e 10
máquinas circulando no interior da UBS (Figura 2) e 40% delas tem menos de 5 silos
armazenadores (Figura 3). As UBS entrevistadas tem como principais produtos do
beneficiamento as sementes de soja, trigo, forrageiras e arroz.
19
Figura 1. Distribuição percentual do número de empregados nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.
Figura 2. Percentual de máquinas em circulação na empresa de sementes de soja.
Figura 3. Distribuição percentual de silos armazenadores nas Unidades de
Beneficiamento de Sementes de soja no RS.
20
Em relação aos acidentes, 36% da totalidade das UBS entrevistadas,
confirmaram a existência de acidentes do trabalho nos últimos 36 meses (Gráfico 4).
Conforme Soares (2008), as estatísticas sobre acidentes de trabalho no Brasil são
raras e, quando existem, são desprovidas de representatividade e, consequentemente,
de credibilidade, sugerindo uma subnotificação de acidentes. Sobre a inspeção oficial,
64% afirmaram que já foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pelo
menos uma vez (Gráfico 5).
Figura 4. Distribuição percentual da ocorrência de acidentes do trabalho nos últimos 36 meses nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.
Figura 5. Distribuição percentual das Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS, fiscalizadas ou não pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
21
Ao serem questionados sobre a organização interna para a prevenção de
acidentes, 59% dos entrevistados informaram que na UBS existe a CIPA/CIPATR. A
empresa deve responsabilizar-se plenamente pela segurança de seus colaboradores,
portanto deve oferecer todo apoio à CIPA, para que esta possa desenvolver atividades
voltadas à prevenção de acidentes de trabalho (FERREIRA et al., 2012).
De acordo com Costa et al. (2012), é possível a ação conjunta da CIPA nos
sistemas de gestão integrada, na função de auxiliar o desenvolvimento dos programas
para implantação ou manutenção das certificações, sendo uma organização que deve
ser fortalecida nas empresas.
Sobre o tratamento industrial de sementes, este procedimento é realizado em
40% das UBS do estado, configurando um risco adicional ao ambiente laboral,
merecendo atenção especial.
São em UBS nas condições listadas anteriormente, que muitos profissionais
oriundos do PPGCTS exercerão suas atividades laborais e serão responsáveis pela
implantação ou melhorias em sistemas de qualidade, especialmente em SST. Cabe a
esses profissionais estabelecer padrões e rotinas sobre as operações realizadas nas
UBS, contribuindo para a formação de uma “cultura da qualidade e segurança” com os
demais colaboradores de todos os níveis hierárquicos. Portanto, é necessário que os
profissionais oriundos das instituições de ensino sejam preparados para incorporar
essa cultura e transmiti-la para toda a equipe, a partir das condições existentes no
ambiente de trabalho.
Estes profissionais serão responsáveis pela formação do ambiente favorável à
segurança e saúde ocupacional e pela sua verificação contínua. Essa função de
controle consiste na verificação de que as ações ocorram de acordo com o planificado
para, em momentos de necessidade, haver a devida correção dos rumos tomados em
relação ao planejamento, segundo sugere o ciclo PDCA – Plan, Do, Check and Action
(PACHECO; PEREIRA FILHO; PEREIRA, 2000).
As características da cultura de segurança da empresa são importantes para o
sistema de gestão da segurança do trabalho ser bem sucedido. Assim, o conhecimento
do estágio de maturidade da cultura de segurança é condição essencial para adotar as
medidas necessárias para o sucesso deste sistema (GONÇALVES FILHO, 2011).
Ao contrário do que muitos imaginam, o despreparo a respeito da Segurança do
Trabalho Rural não se limita apenas aos trabalhadores envolvidos diretamente na
atividade produtiva. A exemplo, Seifert (2009), estudando a formação dos profissionais
22
de Ciências Agrárias sobre a temática, constatou que tanto os produtores, quanto os
futuros profissionais não estão devidamente conscientizados sobre a segurança no
meio rural.
Mesmo entre a mão-de-obra especializada do setor sementeiro, percebe-se que
as informações sobre saúde e segurança do trabalho encontram-se dispersas,
ambíguas e carentes de sistematização.
A análise e interpretação dos dados apresentados pelo grupo B permitiu
observar que a insuficiência de treinamento é evidente nas categorias estudadas,
sendo os mestrandos os mais capacitados sobre o tema, totalizando 47,05% dos
entrevistados nesse grupo (Figura 6). Foi esse grupo que apresentou o melhor
desempenho nas questões, podendo se relacionar a boa performance dos mestrandos
com o treinamento recebido externamente ou em temas transversais nas disciplinas.
Figura 6. Distribuição percentual de profissionais treinados em SST por categoria
Os temas foram divididos em oito questionamentos (Q1 a Q8), tratando dos
principais problemas nas UBS, sendo os dados coletados organizados na Figura 7.
A primeira temática discutida em Q1 foi o uso de agrotóxicos para a operação de
expurgo de sementes. Mesmo sendo um produto conhecido e amplamente utilizado no
setor, menos da metade dos entrevistados de todas as categorias foi capaz de
relacionar a cor do rótulo com a classe toxicológica do produto, sendo o erro mais
comum a classificação toxicológica.
O trabalho em altura foi o assunto abordado em Q2. A legislação específica
considera aquele realizado em altura acima de 2m. Para esse questionamento, a
categoria que apresentou o melhor desempenho foram os mestrandos entrevistados. A
23
maior parte das respostas equivocadas considerou o trabalho em altura como aquele
realizado acima de 5m, havendo uma satisfatória percepção sobre o trabalho em altura
para todas as categorias, exceto para a dos graduados.
Sobre a formação da atmosfera explosiva, o desconhecimento do tema atingiu
todas as categorias em Q3. Embora esse tema seja tão pouco discutido sabe-se dos
riscos existentes em unidades de beneficiamento e de armazenamento, podendo haver
grandes perdas humanas e materiais em UBS onde não são monitoradas essas
condições de explosividade.
Embora aparentemente “inofensivos”, sob determinadas condições, os pós
podem gerar explosões de considerável magnitude. Apesar de todo conhecimento
adquirido ao longo dos anos de atividades agrícolas e a industrialização de seus
produtos no mundo, a explosão de pó ainda é de origem pouco estudada e por isso
torna-se um risco imprevisível, perigoso e que causa temor (BETENHEUSER;
FERREIRA; OLIVEIRA, 2005).
Os espaços confinados foi o tema da Q4, apresentando desempenho satisfatório
entre todas as categorias. Segundo Moraes Junior (2008), um dos grandes problemas
do trabalho em espaços confinados é que nem todas as pessoas são capazes de
identificá-los, distinguindo-os dos demais locais de trabalho, e, principalmente, avaliar o
risco envolvido nas ações efetuadas neste ambiente. Para quem não conhece,
trabalhar neste ou naquele lugar não faz muita diferença, principalmente no que diz
respeito aos riscos ali presentes.
O desempenho dos entrevistados foi satisfatório em Q5 que tratava da
Sinalização de Segurança.
Sobre a identificação dos riscos ambientais, objeto da Q6, o desempenho foi
semelhante entre as categorias: graduados, especialistas e mestrandos, sendo inferior
entre os doutorandos.
Em relação à prevenção e combate a incêndio, a identificação da classe de fogo
é o ponto de partida para a extinção do incêndio em seu princípio. O assunto foi
abordado em Q7, com desempenho insatisfatório entre todas as categorias.
O ultimo tema tratado (Q8), foi sobre as causas de acidentes. Para Sampaio
(2002), as causas de acidentes podem se combinar de distintas maneiras para
determinar sua ocorrência. A relação de causas de acidentes só adquire valor analítico
mais útil caso sejam investigados os fatores que os antecedem.
24
Eles podem acontecer, frequentemente, devido ao “Ato inseguro” e/ou a
“Condição insegura”. Essa percepção existe entre a maioria dos entrevistados,
independentemente de sua categoria, mas os mestrandos foram os que melhor
demonstraram esse entendimento.
Figura 7. Comparativo do rendimento entre os grupos de profissionais em formação na amostra estudada (Temática: Q1 – Agrotóxicos; Q2 – Trabalho em Altura; Q3 – Atmosfera Explosiva; Q4 – Espaços Confinados; Q5 – Sinalização de Segurança; Q6 – Riscos Ambientais; Q7 – Prevenção e Combate a Incêndios; Q8 – Causas de Acidentes).
Com o presente estudo procurou-se contribuir para a melhor identificação das
condições de segurança em UBS e do ambiente educacional onde é formada a mão-
de-obra especializada para o setor sementeiro nacional. É necessário se ter o
entendimento de que muito ainda precisa ser feito para que o sistema de gestão da
segurança do trabalho se torne uma rotina que permita a melhoria das condições no
ambiente de trabalho.
25
Conclusões
Foi caracterizado que 2/3 das Unidades de Beneficiamento de Sementes
possuem até 50 empregados e 3/4 possuem até 10 máquinas agrícolas e até 10 silos
armazenadores.
As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) estão ativas em 59%
dos estabelecimentos.
Sobre a inspeção oficial, 1/3 das Unidades de Beneficiamento de Sementes não
foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
A mão-de-obra em nível de graduação e pós-graduação não apresenta
adequada formação quanto ao tema de saúde e segurança do trabalho em UBS.
26
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29
CAPÍTULO II
CONDIÇÕES DO AMBIENTE INTERNO EM QUATRO UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES E A SEGURANÇA NO TRABALHO
AUTOR: Alex Leal de Oliveira ORIENTADOR: Prof. Leopoldo Baudet RESUMO - Com a profissionalização do setor agrícola nacional, as ações de segurança do trabalho e de monitoramento dos riscos ambientais vêm ganhando maior importância. Desta forma, o objetivo principal deste estudo foi a avaliação das condições do ambiente interno em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) de soja, que operam com máquina de ar e peneira, mesa de gravidade e com ou sem separador de espiral. As UBS estão localizadas no estado do Rio Grande do Sul, e foram avaliadas in loco, considerando cada particularidade construtiva, de máquinas e equipamentos e o nível tecnológico. As avaliações de campo compreenderam aferições de ruído, iluminância e avaliação qualitativa e quantitativa da poeira em suspensão. Foi observado que nenhuma das UBS pesquisadas está em pleno acordo com a legislação vigente, para os parâmetros investigados, sendo o elevado nível de ruído, o agente físico de maior comprometimento da qualidade do ambiente de trabalho em UBS pesquisadas. A elaboração de mapas de ruído pode ser utilizada para o monitoramento do ambiente interno das UBS. Quanto às condições de iluminação das UBS, observa-se que são excessivamente escuras, não atingindo os padrões mínimos de iluminamento, comprometendo a segurança do trabalhador. Em relação à poeira em suspensão é possível afirmar que o risco está presente, mas a falta de referência oficial para poeiras vegetais originadas do beneficiamento dificulta a interpretação dos resultados e o estabelecimento de níveis seguros para a referida operação. Palavras chave: Beneficiamento de sementes, mapa de ruído, estudo luminotécnico, agentes químicos.
30
CHAPTER II
EVALUATION OF THE INTERNAL ENVIRONMENT AT FOUR UNITS SEED
PROCESSING AND ITS INFLUENCE ON OCCUPATIONAL SAFETY.
AUTHOR: Alex Leal de Oliveira ADVISER: Prof. Leopoldo Baudet ABSTRACT - With the professionalization of the national agricultural sector, shares of safety and monitoring of environmental risks are gaining greater importance. This way, the primary purpose of this study was to evaluate the conditions of the internal environment in four soybean Seed Conditioning Plants, operating with air-screen cleaner, gravity table and with and without spiral separator. This work with the Seed Conditioning Plants at the Rio Grande do Sul state was evaluated in situ, considering every particular constructive, machinery and equipment and its technological level. The field evaluations comprised measurements of noise, brightness and qualitative and quantitative assessment of airborne dust. None of the surveyed units is in full accordance with the law, for the parameters investigated and the high noise level, the physical agent of greater impairment of quality of the work environment in units surveyed. The mapping of dust can be used to monitor the internal environment of seed units. As for the lighting conditions of seed units notes that are overly dark compromising the occupational safety. Regarding the suspended dust is possible to say that the risk is present, but the lack of official reference to vegetable dusts arising from the processing of soybeans complicates the interpretation of results and the establishment of safe levels for this operation. Keywords: Map of noise, lighting study, chemical agents.
31
Condições do ambiente interno em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes e a segurança no trabalho
Introdução O crescimento econômico e a profissionalização dos setores produtivos do país
exigem ações de segurança do trabalho e de monitoramento dos riscos ambientais,
inclusive no setor agrícola.
Os riscos ambientais são aqueles provocados por agentes físicos, químicos e
biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua concentração,
natureza ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde
do trabalhador (BRASIL, 2012).
Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de
controle, deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a um
dado risco, visando à introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que
necessário (BRASIL, 2012).
O campo de atuação da segurança do trabalho, conhecido como higiene
ocupacional, tem o objetivo de reconhecer, avaliar e controlar não apenas os agentes
capazes de produzir doença do trabalho, mas identificar as possíveis melhorias que
promovam o bem-estar e conforto nos ambientes de trabalho e na comunidade
(SALIBA, 2011).
A identificação dos riscos ambientais é uma das principais ações para a
elaboração do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), em atendimento
a Norma Regulamentadora (NR-9), sendo um documento produzido para cada
estabelecimento ou empresa, considerando suas especificidades.
Os dados devem ser mantidos pelo empregador ou instituição de registro de
dados, estruturados de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do
desenvolvimento do PPRA. Esses dados devem ser mantidos por um período de vinte
anos e devem estar disponíveis aos trabalhadores ou seus representantes e para as
autoridades competentes (POSSIBOM, 2008).
Como as unidades agroindustriais que se destinam ao beneficiamento de
sementes apresentam riscos distintos, a identificação de cada um deles contribui para
32
o monitoramento dos riscos ambientais e adoção de estratégias prevencionistas que os
minimizem, conservando a saúde do trabalhador.
O objetivo principal deste estudo foi a avaliação das condições do ambiente
interno em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) de soja, que
operam com máquina de ar e peneira (MAP), mesa de gravidade (MG) e com ou sem
separador de espiral (SE). As UBS foram comparadas sob os parâmetros da qualidade
do ar, distribuição de ruído e luminosidade na área de operação. O reconhecimento
dessas condições ambientais pode subsidiar a elaboração de PPRA nas UBS
avaliadas, permitindo o planejamento de ações preventivas e corretivas, estabelecendo
padrões de referência para o setor sementeiro.
Material e Métodos
O estudo foi conduzido em quatro UBS que participaram voluntariamente da
pesquisa, tento suas unidades agroindustriais instaladas no estado do Rio Grande do
Sul, sendo uma delas na mesorregião sudeste, uma na mesorregião sudoeste e duas
localizadas na mesorregião noroeste rio-grandense.
As UBS foram submetidas a uma enquete prévia, onde se observou as
características operacionais de cada uma delas.
As UBS foram avaliadas in loco, considerando o nível tecnológico, as
particularidades construtivas das agroindústrias e as máquinas e equipamentos
disponíveis. A disposição dos equipamentos avaliados é mostrada nas figuras
seguintes, sendo acrescidos o padronizador (PD) e a balança ensacadora (Bal.) nas
Figuras 8 a 11.
33
Figura 8. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 1. (Dimensões: 25m x 40m).
Figura 9. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 2. (Dimensões: 10m x 30m).
34
Figura 10. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 3. (Dimensões: 12m x 20m).
Figura 11. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 4. (Dimensões: 15m x 25m).
As avaliações de campo compreenderam aferições de ruído, iluminância e
avaliação qualitativa e quantitativa da poeira em suspensão, de acordo com as
metodologias descritas:
35
RUÍDO: A avaliação de ruído ambiental foi realizada com uso de medidor de
Nível de Pressão Sonora (NPS), devidamente calibrado e certificado. As leituras foram
tomadas durante a jornada de trabalho, identificando o ruído individual emitido pela
máquina de ar e peneiras (MAP), mesa de gravidade (MG) e separador de espiral (SE)
em duas condições (aberto e fechado), além da composição final do ruído.
A área construída da UBS teve seu espaço dividido em pontos equidistantes a
cada 2,5m formando uma malha quadrada, onde foram realizadas as leituras, com
quatro repetições. O equipamento de medida de NPS foi ajustado para a operação no
circuito de compensação “A” e circuito de resposta SLOW, tomando a altura de 1,5m
da superfície do piso como referência.
A distribuição do som pela área construída foi representada através de um mapa
de ruído onde se identificou as áreas críticas e de maior segurança acústica da UBS,
tendo como referência os 85 dB(A) orientados pela norma regulamentadora. As
imagens geradas para a composição do mapa de ruído foram produzidas com o auxílio
de recurso computacional, através de um programa de mapeamento georreferenciado
de superfície em 3D e de contorno.
ILUMINÂNCIA: A avaliação da distribuição da luminosidade no interior da UBS
foi realizada com auxílio de luxímetro digital, devidamente calibrado e certificado,
considerando os principais pontos onde são realizadas as atividades no interior da
UBS, especialmente na MAP, MG e Padronizador. Os valores foram observados em
horário fixo no período da manhã, e comparados com a iluminância de 300 Lux, sendo
esse valor como referência do item 5.3.31 Indústrias Alimentícias da Norma ABNT
5413.
POEIRA: Para a avaliação quantitativa da poeira nas UBS, foi realizada coleta
estática, representativa da jornada de trabalho para os operadores envolvidos no
beneficiamento de sementes de soja. A metodologia utilizada atendeu as orientações
da NHO 08 – Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO (2009), ao utilizar-
se Filtro de membrana de PVC, 5 μm de poro, 37 mm de diâmetro, e vazão de 1,7
L.min-1.
36
Os limites de exposição adotados foram os orientados pela American
Conference of Govermental Industrial Hygienists (AGCIH), que estabelece 10,0 mg.m-3
para as Partículas Não Especificadas de Outra Maneira (PNOS) e pelo Anexo 12 da
NR-15 que estabelece o Limite de Tolerância (LT) para sílica igual a 8,0 mg.m-3, sendo
os resultados observados, calculados através da seguinte fórmula:
LT = 24 = mg.m-3 % quartzo +3
A avaliação qualitativa da poeira existente nas UBS foi realizada pelo método da
Gravitação e Impactação Natural, descrito por SALIBA (2011). Essa metodologia
orienta o recolhimento das partículas biológicas sedimentadas em superfície aderente e
a destinação para a identificação, que foi executada no Laboratório de Patologia de
Sementes da Universidade Federal de Pelotas.
Resultados e Discussão
1. Avaliação do ruído emitido individualmente pela MAP, MG e SE.
Os resultados dos níveis de ruído emitidos pelas máquinas estão expostos na
Tabela 2. Pode-se constatar que os níveis de pressão sonora emitidos pelos
equipamentos superaram os 85 dB(A) estabelecidos pelo Anexo 1 da NR-15, para a
jornada de 8 horas diárias, recomendando o uso de equipamento de proteção individual
durante toda a jornada de trabalho, em postos de operação próximos aos
equipamentos. O equipamento responsável pela maior emissão de ruído, no estudo, foi
o separador de espiral da UBS 3, que não possui nenhum tipo de dispositivo de
redução do ruído. A exposição máxima permissível próxima a esse equipamento é de 1
hora e 45 minutos, devido aos 96 dB(A) emitidos pelo separador de espiral.
Os efeitos do ruído sobre o homem são divididos em duas partes: os que atuam
sobre a saúde e bem estar das pessoas e os efeitos sobre a audição. A legislação
brasileira só reconhece os efeitos do ruído sobre a audição, sendo que esses efeitos
podem ser decompostos em 3 fases: mudança temporária do limiar auditivo, mudança
permanente do limiar auditivo e trauma acústico.
Se o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85dB(A) por
oito horas por dia, ocorrem alterações estruturais no aparelho auditivo que determinam
37
a ocorrência da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR). A PAIR é o agravo mais
frequente à saúde dos trabalhadores, estando presente em diversos ramos de
atividade (BRASIL, 2006).
Os operadores realizam, em geral, múltiplas atividades de trabalho no interior e
nas imediações da UBS, a exposição ao ruído pode ser amenizada, sendo a
alternância de tarefas uma das estratégias para a prevenção da PAIR.
As variações de ruído em máquinas avaliadas individualmente, descritas na
Tabela 2 estão relacionadas ao modelo, ano de fabricação do equipamento de
beneficiamento e condições de instalação, mas apontam para a necessidade do
desenvolvimento e aquisição de novos equipamentos que favoreçam a melhoria do
conforto ambiental no interior das UBS.
Tabela 2. Nível de Pressão Sonora (NPS) emitida por Máquina de ar e peneiras (MAP), Mesa de gravidade (MG), Separador de espiral (SE) e NPS Total em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.
UBS
NPS MAP
dB(A)
NPS MG
dB(A)
NPS SE dB(A)
NPS Total
dB(A)
UBS 01
92,20
94,80
-*
96,00
UBS 02
91,35
93,95
-* 98,05
UBS 03
94,40 83,00 96,00** 97,60
UBS 04
84,90 85,20 89,50*** 94,04
*UBS sem separador de espiral **Separador de espiral aberto ***Separador de espiral fechado
As operações com decibéis não são lineares, sendo a escala utilizada de modo
logarítmico (SALIBA, 2011). O NPS é medido em decibéis, que equivale a dez vezes o
logaritmo na base 10, da relação entre a intensidade sonora no ambiente e a
intensidade de referência, que corresponde ao mínimo som audível para um ouvido
normal médio.
38
O NPS Total informado na Tabela 2 considera a adição dos níveis de ruído com
o funcionamento de todas as máquinas ao mesmo tempo, representando o potencial de
ruído máximo de cada UBS estudada.
O equipamento que recebeu observação especial na avaliação foi o separador
de espiral. Ele foi avaliado em duas situações distintas: aberto e fechado. A adoção do
enclausuramento do separador de espiral promoveu a redução de 6,5 dB(A) nos postos
de trabalho avaliados, sendo considerada uma estratégia realmente útil e aplicável,
mesmo sendo este o equipamento mais ruidoso nas UBS.
Nas quatro UBS avaliadas, os valores encontrados foram superiores ao
orientado pela NR-15, sugerindo melhorias tanto nas máquinas individualmente, como
em todo conjunto de beneficiamento.
Essas melhorias incluem mudanças na estratégia de gestão da UBS, que
necessita se adequar as novas tecnologias oferecidas no mercado e as de potencial
aplicação em UBS.
Um exemplo de tecnologia simples é o uso do painel de diodo emissor de luz
(LED), como ferramenta de comunicação, especialmente no interior das UBS, onde
existe um elevado ruído, dificultando a comunicação verbal entre os operadores e
gestores (ARAÚJO et. al., 2013).
Outra tecnologia é a anulação de ruído ou Active Noise Control (ANC). O
princípio de funcionamento da ANC é a adição de uma segunda fonte de ruído baseado
no ruído gerado pela fonte para produzir uma segunda onda acústica capaz de anular a
primeira, chamada de antirruído. Embora a aplicação dessa tecnologia seja complexa
em processos industriais, alguns resultados de sucesso já foram obtidos. Ela se
mostrou eficiente na redução de ruído de uma chaminé industrial, comprovando que a
tecnologia de ANC é uma solução eficaz para reduzir o ruído em equipamentos
industriais (L’ESPÉRANCE; BOUDREAULT; BOUDREAU, 2013).
Em um dado momento a tecnologia ANC será popularizada e poderá ser
aplicada em máquinas e equipamentos agrícolas, especialmente aquelas destinadas
ao beneficiamento de sementes.
.
39
2. Formação do mapa de ruído
Os mapas temáticos tem grande aplicação, mas a iniciativa da sua implementação
pertence aos que, além do conhecimento de técnicas descritivas, possuírem uma
mentalidade multidisciplinar e uma boa percepção das necessidades do usuário
(LOPES; LOPES, 2007).
A elaboração de mapas de ruído industrial, com o auxílio de modelagem
computacional, é uma ferramenta poderosa para a gestão ambiental de unidades
industriais, permitindo evidenciar o cumprimento ou não de determinados níveis de
ruído, para efeitos de certificação ambiental, ou ainda para definir planos de ação de
redução de ruído (SANTOS; VALÉRIO, 2004).
A avaliação do comportamento dinâmico do ruído no interior das UBS, como em
qualquer unidade industrial, pode ser realizada com a elaboração dos mapas de ruído,
que proporcionam melhor visualização e entendimento da intensidade, distribuição e
propagação do ruído em cada UBS.
Os resultados obtidos com os mapas de ruído são individualizados e as
informações observadas permitem a adoção de estratégias que minimizem os efeitos
do ruído sobre a saúde dos operadores. As alternativas vão desde a modificação do
layout e enclausuramento de máquinas, até a seleção de EPIs mais adaptados aos
riscos existentes nas UBS.
A primeira etapa da modelagem para a confecção dos mapas foi a avaliação do
comportamento individualizado da MAP, MG e SE, sendo avaliado posteriormente o
funcionamento conjunto do maquinário das UBS. Os obstáculos presentes (maquinário
de beneficiamento, elevadores, etc), associados à relação largura e comprimento do
ambiente construído, ao comportamento da onda sonora e as características das fontes
emissoras, exercem influencia no arranjo do mapa de ruído, conforme podem ser
observados a seguir:
40
2.1 - Mapa de Ruído da UBS 1 No Mapa 1(a) é possível observar o comportamento da distribuição do ruído
emitido pela MAP, sendo o valor máximo encontrado igual a 92,2 dB(A). As faixas em
azul representam as áreas de segurança acústica para o ambiente, considerando o
funcionamento isolado da MAP.
O comportamento da distribuição do ruído emitido pela MG é exposto no Mapa
1(b). O valor máximo identificado é de 94,8 dB(A) junto à máquina, mas os valores
apresentados no mapa de ruído mostram que a MG funcionando isoladamente é capaz
de eliminar todas as áreas de segurança acústica da UBS 1.
O ruído total na UBS 1, mostrado no Mapa 1(c), apresenta leituras acima de
85dB(A), chegando a 96 dB(A), sendo um ambiente inseguro em todos os pontos
amostrados.
2.2 - Mapa de Ruído da UBS 2
No Mapa 2(a) a distribuição do ruído emitido pela MAP apresenta
comportamento diferenciado da UBS (1). A área construída da UBS apresenta uma
situação cuja MAP encontra-se instalada no fundo da UBS, em localização oposta à
recepção da UBS, com existência de uma saída para as ondas sonoras produzidas
pelo maquinário de beneficiamento. O valor máximo emitido pela MAP na UBS 2 é
igual a 91,35 dB(A). Essa característica construtiva e de disposição do maquinário
permitiu a maior área de segurança acústica no ambiente.
A distribuição do ruído emitido pela MG é exposto no Mapa 2(b). O valor máximo
identificado é de 93,95 dB(A), mas a estrutura construtiva também favorece a
distribuição do ruído, porém com menor eficiência que para a MAP. Isso se deve a
maior capacidade de emissão de ruído da MG e da sua localização central na UBS.
O ruído total na UBS 2 apresenta leitura máxima de 98,05 dB(A), sendo um
ambiente inseguro na maior parte dos pontos amostrados, apresentando pequenas
áreas de refúgio, conforme apresentado no Mapa 2(c).
41
2.3 - Mapa de Ruído da UBS 3
A UBS 3 apresenta como equipamento adicional, o separador de espiral aberto,
além da MAP e MG. O Mapa 3(a) exibe a distribuição do ruído emitido pela MAP,
sendo o valor máximo encontrado 94,4 dB(A), enquanto o Mapa 3(b) expõe a
distribuição do ruído emitido pela MG, apresentando a leitura máxima de 83 dB(A). O
acesso da UBS se localiza próxima a região azul do mapa, no Mapa 3(a), onde se cria
um escape para o ruído e, consequentemente, uma região de maior segurança
acústica.
A avaliação do separador de espiral aberto é representada no Mapa 3(c), onde
se verificam os maiores valores encontrados na avaliação entre todos os equipamentos
das UBS avaliadas. O ruído de 96 dB(A) produzido pelo separador de espiral elimina a
área de segurança sonora existente nas avalições individuais da MAP ou MG.
O ruído total na UBS 3 apresenta leitura máxima de 97,6dB(A) sendo um
ambiente inseguro, sem áreas de refúgio, conforme apresentado no Mapa 3(d).
2.4 - Mapa de Ruído da UBS 4
Diferentemente da UBS 3, a UBS 4 possui separador de espiral fechado, que foi
avaliado. O Mapa 4(a) mostra a distribuição do ruído da MAP, sendo o valor máximo
encontrado 84,9 dB(A), enquanto o Mapa 4(b) expõe a distribuição do ruído emitido
pela MG, apresentando a leitura máxima de 85,2 dB(A).
O mapa de ruído originado da avaliação do separador de espiral fechado é
representada na imagem 4(c), tendo como ruído 89,5 dB(A). Mesmo em condições de
enclausuramento o espiral continua sendo o equipamento que causa o maior ruído,
contudo a utilização dessa estratégia permitiu a redução de 6,5 dB(A).
O ruído total na UBS 4 apresenta leitura máxima de 94,04 dB(A) caracterizando-
se como um ambiente acústico inseguro, sem áreas de refúgio, conforme apresentado
no Mapa 4(d).
42
Mapa 1. Mapa de ruído em Unidade de Beneficiamento de Sementes: (a) Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 1; (b) Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 1; (c) Distribuição de ruído total da UBS
43
Mapa 2. Mapa de ruído em Unidade de Beneficiamento de Sementes: (a) Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 2; (b) Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 2; (c) Distribuição de ruído total da UBS 2
44
Mapa 3. Mapa de ruído em Unidade de Beneficiamento de Sementes: (a) Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 3; (b) Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 3; (c) Distribuição de ruído emitido por separador de espiral sem enclausuramento da UBS 3; (d) Distribuição de ruído total da UBS 3
45
Mapa 4. Mapa de ruído em Unidade de Beneficiamento de Sementes: (a) Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 4; (b) Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 4; (c) Distribuição de ruído emitido por separador de espiral com enclausuramento da UBS 4; (d) Distribuição de ruído total da UBS 4
46
3. ILUMINÂNCIA
A NBR 5413 é a referência legal para o dimensionamento de iluminância de
interiores, estabelecendo os padrões de iluminação que devem ser considerados na
elaboração de projetos comerciais, industriais, escolares, esportivos, entre outros
(ABNT,1992).
O estudo luminotécnico para o planejamento e adequação de UBS ainda é
incipiente, assim acabam sendo utilizados padrões e recomendações de outros tipos
de construção.
Um adequado sistema de iluminação é capaz de produzir um ambiente laboral
agradável, onde as pessoas trabalhem confortavelmente, com pouca fadiga, monotonia
e acidentes, e produzam com maior eficiência (IIDA, 2005).
No planejamento arquitetônico, a luz natural deve ser combinada à luz artificial,
permitindo a utilização da edificação à noite para a continuidade das atividades
humanas. Um projeto de iluminação deve garantir às pessoas a possibilidade de
executar atividades visuais com o máximo de precisão e de segurança e com o menor
esforço (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2004).
O iluminamento nos postos de trabalho da UBS é de grande importância, uma
vez que as máquinas são inspecionadas frequentemente pelos operadores, exigindo
alguma habilidade para a realização da tarefa visual.
O próprio conceito de tarefa visual é abrangente e considera os aspectos físicos,
fisiológicos e psíquicos dos operadores frente às condições de iluminação do ambiente
(COSTA, 2000).
Conforme os dados informados na Tabela 3, as tarefas visuais estudadas na
MAP, MG e Padronizador são realizadas abaixo de 300 Lux, sendo esse valor como
referência do item 5.3.31 Indústrias Alimentícias da Norma ABNT 5413.
Se os 300 Lux dos postos de trabalho das UBS forem comparados aos 1080 Lux
para a realização de “Trabalho com maquinaria média”, sugeridos por TILLEY (2005),
eles se tornam excessivamente conservadores. Mesmo assim, para os postos de
trabalho pesquisados, apenas a MG existente na UBS 04 apresentou iluminância
superior a 300 Lux.
47
Tabela 3. Iluminamento dos postos de trabalho na Máquina de ar e peneiras (MAP), Mesa de gravidade (MG) e Padronizador (PD) em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.
Iluminamento dos postos de trabalho em UBS (Lux)
UBS
MAP
MG
PD
UBS 01
87
180
147
UBS 02
121
68
252
UBS 03*
71 33
19 24
114 68
UBS 04*
96 90
343 210
249 259
*UBS com linha dupla de beneficiamento de sementes
A análise da Tabela 3 permite a observação do posto de trabalho fixo, mas esta
não é uma realidade nas UBS avaliadas. Assim, o planejamento luminotécnico da UBS
deve ser cuidadosamente realizado de modo que todos os ambientes tenham
iluminação suficiente para a execução das tarefas.
Muitos fatores influenciam na capacidade visual, como a faixa etária e as
diferenças pessoais (características individuais) e os fatores controláveis em nível de
projeto, como a quantidade de luz, o tempo de exposição e o contraste entre figura e
fundo (características ambientais) (IIDA, 2005).
O mínimo para a visualização de obstáculos é 10 Lux (DUL; WEERDMEESTER,
2004), mas nas UBS visitadas foram encontrados pontos de leitura com iluminamento
de 19 Lux (UBS 01), 10 Lux (UBS 02), 2 Lux (UBS 03) e 7 Lux (UBS 04), mesmo em
leituras realizadas pelo período da manhã, estando as UBS em desacordo com o item
17.5.3 da NR-17 (Ergonomia), que estabelece uma iluminação adequada, apropriada a
atividade.
A iluminação deficiente aumenta de 15 a 25% o número de acidentes do
trabalho, em relação aos ambientes iluminados e reduz o rendimento do trabalhador
em 10 a 40% (PIANTA, 2011). Essa iluminação deveria ser uniformemente distribuída,
48
mas isso não ocorre em nenhuma das UBS visitadas, o que favorece a existência de
pontos de menor iluminamento, e consequentemente, de maior risco de acidentes.
4. POEIRA
A poeira é toda partícula sólida de qualquer tamanho, natureza ou origem,
formada por trituração ou outro tipo de ruptura mecânica de um material original sólido,
suspensa ou capaz de se manter suspensa no ar.
Para Olson (2005), a poeira dos grãos consiste-se em resíduos orgânicos (60 a
75%) e inorgânicos (25 a 40%) gerados pela movimentação de grãos. Essa poeira de
grãos pode conter esporos, agrotóxicos e outros materiais como: terra, fragmentos de
pintura, óleo, etc.
A poeira suspensa no ar das UBS que se destinam ao beneficiamento de soja é
composta por microrganismos e pela mistura do particulado gerado pelas sementes
submetidas às etapas de beneficiamento, contudo os limites de exposição desse
agente químico ainda não estão devidamente estabelecidos.
Os resultados encontrados nas análises de poeira no experimento, sugeriram LT
= 8,0 mg.m-³, contudo a NR-9 – PPRA, sugere no item 9.3.5.1.c, que na ausência de
limites de exposição ocupacional, sejam adotados os valores de referência da
American Conference of Governmental Industrial Hygienists - ACGIH, (BRASIL, 2012).
A ACGIH estabelece um limite máximo de exposição para a poeira total, (média
de 8 horas diárias de exposição) de 4,0 mg.m-3 para as poeiras originadas por trigo,
cevada e aveia. Contudo, os valores para soja não são citados, assim no presente
estudo foi utilizado o Limite de Tolerância (LT) recomendado pela ACGIH para
Partículas Não Especificadas de Outra Maneira (PNOS).
As PNOS são as partículas para as quais ainda não há dados suficientes para
demonstrar efeitos à saúde em concentrações geralmente encontradas no ar dos locais
de trabalho. Essa definição refere-se às partículas que não tenham um limite de
exposição estabelecido; sejam insolúveis ou fracamente solúveis em água ou nos
fluidos aquosos dos pulmões; não sejam citotóxicas, genotóxicas ou quimicamente
reativas com o tecido pulmonar; não emitam radiação ionizante; causem
imunossensibilização ou outros efeitos tóxicos que não a inflamação ou a deposição
excessiva (FUNDACENTRO, 2009).
49
Os resultados das avaliações quantitativas da concentração de poeira de cada
uma das UBS foram comparados com os valores de referência sugeridos pela AGCIH
para PNOS e podem ser observados na Tabela 4.
Tabela 4. Avaliação quantitativa e qualitativa para poeira em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.
UBS
- Avaliação quantitativa - Concentração de Poeira
Total (mg.m-3)
- Avaliação qualitativa - Presença de microrganismos
sedimentados
UBS 01
4,41
Rhizopus sp., Penicillium sp., Cladosporium sp., Mucor sp., Aspergillus sp., Alternaria sp., Torula sp., Epicoccum sp., Nigrospora sp., Fusarium sp., Colônia bacteriana, Fungo leveduriforme
UBS 02
0,30
Rhizopus sp., Penicillium sp., Cladosporium sp., Aspergillus spp., Alternaria sp., Torula sp., Epicoccum sp., Nigrospora sp., Fusarium sp., Trichoderma sp., Colônia bacteriana
UBS 03
3,53
Rhizopus sp., Penicillium sp., Cladosporium sp., Mucor sp., Aspergillus spp., Alternaria sp., Torula sp., Epicoccum sp., Nigrospora sp., Fusarium sp., Colônia bacteriana
UBS 04
8,78
Rhizopus sp., Penicillium sp., Cladosporium sp., Aspergillus spp., Epicoccum sp., Fusarium sp., Trichoderma sp., Colônia bacteriana
Valores de Referência: ACGIH (10,0 mg.m-³) e NR-15/Anexo 12 (8,0 mg.m-³)
Em condição de PNOS, a AGCIH considera o limite de exposição igual a
10mg.m-3. Portanto, os resultados encontrados nas quatro UBS estão abaixo do LT da
ACGIH, mas na UBS 4 está acima do Nível de Ação (NA) previsto na NR-9 (PPRA).
Se forem utilizados como padrão de referência os valores encontrados pela a
fórmula sugerida pelo Anexo 12 da NR-15, a UBS 4 estaria acima do LT, descumprindo
as normas de segurança do trabalho e a UBS 1 necessitaria de adequação imediata,
uma vez que ultrapassaria o NA, cabendo ao empregador a adoção de medidas de
controle para evitar a exposição dos trabalhadores.
50
Para os fins da NR-9, o NA é considerado o valor acima do qual devem ser
iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições
a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição.
As medidas devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação
aos trabalhadores e o controle médico. Para o monitoramento da exposição dos
trabalhadores e das medidas de controle, deve ser realizada uma avaliação sistemática
e repetitiva da exposição a um dado risco, visando a introdução ou modificação das
medidas de controle, sempre que necessário (BRASIL, 2012).
As medições de poeira realizadas nas UBS foram acompanhadas de avaliação
de agentes biológicos. A NR-9 prevê a identificação dos agentes biológicos, mas não
estabelece os limites de exposição ocupacional, existindo apenas a possibilidade de
uma avaliação qualitativa, onde se confirma a presença ou ausência de determinado
microrganismo.
Nas UBS estudadas foram encontrados Rhizopus spp., Penicillium spp.,
Cladosporium sp., Mucor sp., Aspergillus sp., Alternaria sp., Torula sp., Epicoccum sp.,
Nigrospora sp., Fusarium sp., Trichoderma sp., colônia bacteriana e fungo
leveduriforme, sendo algumas dessas espécies responsáveis pelo adoecimento de
trabalhadores.
A identificação dos microrganismos, associada a avaliação quantitativa da poeira
é o ponto de partida para a implantação de Programas de Proteção Respiratórios
(PPR) apropriados para cada agroindústria, como parte integrante do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), cabendo ao Médico do Trabalho
coordenar o PCMSO.
No Brasil ainda é pouco conhecida a magnitude do risco da exposição
ocupacional a poeiras vegetais, havendo carência de ações preventivas no controle
ambiental e na identificação precoce de seus impactos sobre a saúde dos
trabalhadores agrícolas e da agroindústria (THITBOEHL FILHO, 2004).
51
Conclusões
As Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja não estão em pleno
acordo com a legislação vigente, para os parâmetros de ruído, iluminamento e poeira.
O ruído é o agente físico de maior comprometimento da qualidade do ambiente
de trabalho em UBS, sendo o separador de espiral aberto o equipamento responsável
pela maior intensidade de ruído nas UBS.
A espiral fechada reduz o nível de pressão sonora em 6,5dB nas condições
estudadas.
A falta de referência oficial para poeiras vegetais originadas do beneficiamento
de soja dificulta a interpretação dos resultados e o estabelecimento de níveis seguros
para a operação de beneficiamento de sementes de soja.
A identificação dos agentes biológicos existentes no beneficiamento de
sementes de soja permite a elaboração de um PPRA e um PCMSO mais objetivo e
confiável.
O PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e o PCMSO –
Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional das UBS deve ser elaborado
considerando os agentes biológicos relacionados ao beneficiamento de sementes de
soja.
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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53
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00001030019000001&idtype=cvips&doi=10.1121/1.4799926&prog=normal> Acesso:
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resultados de pesquisa envolvendo espaço e tempo. In: Graphica 2007 Curitiba.
Disponível em: <http://www.degraf.ufpr.br/artigos_graphica/MAPAS.pdf> Acesso: 03 de
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TILLEY, A. R. As medidas do homem e da mulher. Porto Alegre: Bookman, 2005.
104p.
THITBOEHL FILHO, C.N. As doenças respiratórias ocupacionais causadas pela poeira na armazenagem de grãos vegetais. II Tese (Doutorado). Programa de Pós-
graduação em Medicina Interna - Pneumologia. Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Porto Alegre , 2004. 147p.
54
Considerações Finais
Os dados obtidos no levantamento de 22 UBS, de um total de 92 e seus
trabalhadores, permite constatar que a questão da segurança do trabalhador na
agroindústria sementeira, apesar de lento avanço, ainda não é tratada como deveria.
Contudo, alguns gestores de UBS já estão sensibilizados para a questão da segurança
do trabalhador para o setor sementeiro.
A formação profissional de nível superior para o mercado de trabalho no setor
ainda carece de informações sobre as normas e padrões aplicadas a segurança do
trabalho em Unidades de Beneficiamento de Sementes.
As condições inseguras do trabalho em UBS vão muito além dos elevados níveis
de ruído, da concentração de poeira ou das deficiências de iluminação nos ambientes
de trabalho, avaliados no presente trabalho. As condições ergonômicas, identificação
de espaços confinados, a segurança de máquinas e equipamentos e muitos outros
temas também necessitam de estudos aplicados ao setor agrícola, especialmente de
beneficiamento de sementes.
Como a maioria das informações sobre Saúde e Segurança do Trabalho são
levantadas para elaboração de PPRA e PCMSO das empresas, realização de perícias
de insalubridade ou de acidentes, além de ações de fiscalização, elas encontram-se
dispersas em arquivos das empresas ou processos da Justiça do Trabalho, longe da
academia e da divulgação científica. Por isso, o presente trabalho foi conduzido para
estabelecimento de alguns referenciais de estudo de ruído, iluminamento e poeira em
UBS, que podem ser adaptados para a implantação de políticas de SST nas
agroindústrias sementeiras.
O controle dos elevados níveis de ruído nos ambientes de trabalho, das
inadequadas condições de iluminação e da qualidade do ar, certamente pode subsidiar
a adoção de medidas de controle que promovam a melhoria das condições ambientais
das UBS, podendo servir de apoio para a elaboração ou melhoria dos seus PPRA e
PCMSO.
55
Apêndices APÊNDICE A - Questionários específicos enviados aos gestores de Unidades de
Beneficiamento de Sementes do Rio Grande do Sul.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PPG EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES
QUESTIONÁRIO - CARACTERIZAÇÃO DAS UBS
Estudo sobre segurança do trabalho em UBS
PARTE I - CARACTERIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
01) Qual a origem da e sua empresa?
a ( )Brasileira
b ( )Multinacional
02) Quantos empregados atuam na sua empresa?
(Considere os permanentes e temporários)
a ( )Entre 1 e 50
b ( )51 a 150
c ( )151 a 300
d ( )301 a 500
e ( )501 a 1000
f ( )mais de 1000
03) Na sua UBS existe Comissão Interna de Prevenção de Acidentes? (C.I.P.A ou
C.I.P.A.T.R.)
a ( )SIM
b ( )NÃO
04) Alguma vez a UBS já foi alvo de fiscalização ou inspeção trabalhista?
a ( )SIM
b ( )NÃO
05) Houve acidente de trabalho na UBS nos últimos 36 meses?
a ( )SIM, MAS SEM AFASTAMENTO DO TRABALHADOR
b ( )SIM, COM AFASTAMENTO DO TRABALHADOR
c ( )SIM, COM O OBITO DO TRABALHADOR
d ( )NÃO OCORREU NENHUM TIPO DE ACIDENTE
SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES
MÓDULO O1: GESTÃO DE UBS
56
PARTE II - CARACTERIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES
06) Quais espécies são beneficiadas nesta unidade?
(É possível marcar mais de uma opção)
a ( )Soja
b ( )Milho
c ( )Trigo
d ( )Triticale
e ( )Arroz
f ( )Feijão
g ( )Hortaliças
h ( )Forrageiras
i ( )Ornamentais
j ( )Outras
07) Por favor, informe a quantidade de silos existentes na UBS:
a ( )1 silo
b ( )2 silos
c ( )3 silos
d ( )4 silos
e ( )entre 5 e 10 silos
f ( )entre 10 e 20 silos
g ( )mais de 20 silos
08) Por favor, informe a quantidade de máquinas agrícolas existentes na UBS:
(Trator, colheitadeira, empilhadeira e afins)
a ( )entre 1 e 10 máquinas
b ( )entre 11 e 30 máquinas
c ( )entre 31 e 50 máquinas
d ( )entre 51 e 100 máquinas
e ( )mais de 100 máquinas
09) Sobre o tratamento de sementes na UBS, o sistema utilizado é:
a ( )NÃO REALIZAMOS TRATAMENTO
b ( )TERCEIRIZAMOS O TRATAMENTO
c ( )FAZEMOS TRATAMENTO INDUSTRIAL
10) Existe no interior da UBS, algum dispositivo que
faça o monitoramento da qualidade do ar?
a ( )SIM
B ( )NÃO
c ( )NÃO SEI INFORMAR
57
APÊNDICE B - Questionários específicos aplicados para os acadêmicos de agronomia
e pós-graduandos (especialização, mestrado e doutorado)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PPG EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES
GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO MESTRADO DOUTORADO
PERCEPÇÃO DA SEGURANÇA EM UBS 01) O GASTOXIN é um agrotóxico utilizado para o expurgo de sementes ou grãos
armazenados. Seu Grupo Químico é o Inorgânico precursor da fosfina e apresenta classe toxicológica: EXTREMAMENTE TÓXICO, portanto:
a)Tem rótulo AZUL e CLASSEII
B b)Tem rótulo PRETO e CLASSE VIII
c c)Tem rótulo VERDE e CLASSE I
d d)Tem rótulo VERMELHO e CLASSE I
e e)Tem rótulo VERMELHO e CLASSE IV
02) Algumas operações de manutenção da UBS, bem como serviços de amostragem e
caminhamento sobre pilhas de sacaria são considerados “trabalho em altura”, objeto da NR-35, que configura o “trabalho em altura” sendo aquele realizado:
a a)Acima de 2m
b b)Acima de 5m
c c)Acima de 10m
d d)Acima de 30m
e e)Acima de 50m
03) Aparentemente inofensivos, as partículas de pó em suspensão presentes nas UBS e nas
unidades armazenadoras, podem se tornar altamente perigosas, uma vez formada a condição de “atmosfera explosiva”. Para que isso aconteça é necessária à presença DE QUAIS DESSES ELEMENTOS?
I- Pó combustível em suspensão, com baixo teor de umidade; II- Concentração da nuvem acima do limite inferior de explosividade (LIE); III- Partículas de tamanho conveniente; IV- Ar (oxigênio) presente;
V- Fonte de ignição com energia suficiente.
a a)Apenas a I, II e III estão corretas
b b)Estão corretas apenas as alternativas I e V
c c)Estão corretas apenas as alternativas I, IV e V
d d)Estão corretas apenas as alternativas IV e V
e e)Todas as alternativas
SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES
MÓDULO O2: PERCEPÇÃO DA SEGURANÇA - PROFISSIONAIS
58
04) Atividades realizadas no interior de silos, poços de elevador e outras estruturas que
privem o ambiente de oxigenação são alvo da Norma Regulamentadora-33 do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata:
a a)Sobre Trabalho a Céu Aberto
b b)Sobre Trabalho em UBS
c c)Sobre Trabalho em Espaços Confinados
d)Sobre Trabalho em Unidades Armazenadoras
e e)Nenhumas das anteriores 05) Havendo a fixação do símbolo abaixo na porta de uma sala em unidades agroindustriais
de sementes, podemos afirmar, que esta sala apresenta:
a a)É um local de risco biológico
b b)Um local onde são armazenados explosivos
c c)É um local com iluminação deficiente
d d)Material radioativo acumulado
e e)É a sala onde se armazenam os extintores 06) O monitoramento do ambiente da UBS protege o trabalhador dos riscos ambientais
existentes: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Correspondem aos riscos físicos:
a a)Temperatura, radiação, iluminação e postura.
b b)Temperatura, pressão, calor e postura.
c c)Iluminação, ventilação, temperatura e ruído.
d d)Microrganismo, bactéria, vírus e solvente.
e e)Vibração, radiação, pressão e barulho. 07) Ocorrendo o princípio de incêndio em painel elétrico energizado de uma UBS,
precisamos identificar qual extintor deve ser utilizado para combate-lo, a partir da sua classe de fogo. Esta classe seria:
a a)Classe A
b b)Classe B
c c)Classe C
d d)Classe D
e e)Classe E
08) Os acidentes do trabalho se devem, principalmente, a duas causas:
a a)Baixa Remuneração do Trabalhador e Analfabetismo
b b)Instabilidade emocional e Formação
c c)Profissionalismo e Autoconfiança
d d)Ato inseguro e Condição insegura
e e)Segurança e Treinamentos Constantes 09) Você já participou de algum treinamento ou capacitação sobre
“Segurança do Trabalho”?
( ) SIM ( )NÃO
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