i
SISTEMA DE PROTEO CONTRA INCNDIOS POR CHUVEIROS
AUTOMTICOS DE GUAS - ESTUDO DA TECNOLOGIA E APLICAO
Luiz Fernando C. Damasceno
Projeto de Graduao apresentado ao Curso
de Engenharia Civil da Escola Politcnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos necessrios
obteno do ttulo de Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro
Maro / 2014
ii
SISTEMA DE PROTEO CONTRA INCNDIOS POR CHUVEIROS
AUTOMTICOS DE GUAS - ESTUDO DA TECNOLOGIA E APLICAO
Luiz Fernando C. Damasceno
PROJETO DE GRADUAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSRIOS PARA OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
_______________________________________________
Prof.o Jorge dos Santos, D. Sc.
_______________________________________________
Prof. Ana Catarina Evangelista
_______________________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva
RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL.
MARO DE 2014
iii
Damasceno, Luiz F. C.
Sistema de Proteo Contra Incndio por Chuveiros
Automticos de gua/ Luiz Fernando C. Damasceno Rio de
Janeiro: UFRJ / Escola Politcnica, 2014.
x, 137p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de Graduao UFRJ / Escola Politcnica /
Curso de Engenharia Civil, 2014.
Referncias Bibliogrficas: p. 78-79
1. Introduo. 2.Incndios em Edificaes Causas e
Consequncias. 3. Incndios Contextualizao. 4. Preveno
de Incndios Legislao. 5. Principais Sistemas de Proteo
e Combate a Incndios em Edificaes 6. Boas Prticas em
Projetos de Sistemas de Combate a Incndios Por Chuveiros
Automticos. 7. Estudo de Caso. 8. Concluso
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, Paulo Augusto Damasceno, por ser sempre meu maior exemplo,
professor e amigo.
minha me, Maria Alice, por todas as broncas, sutilezas, puxes de orelha,
mas sobretudo o amor e fora em todos os momentos.
Aos meus irmos, Paulo e Maria Beatriz, pelo eterno companheirismo.
As minhas avs e famlia.
Yana Alessandri, por todo o companheirismo, a amizade, carinho e amor.
toda equipe Mat-Incndio, em especial aos meus eternos professores Silvio
Dias e Marluzi Mello.
v
RESUMO
A presente pesquisa faz um estudo tcnico do sistema de proteo contra incndios com
o uso de chuveiros automticos. Os conhecimentos pertinentes ao fogo, sua disperso,
caminhamento e mtodos de extino bem como a proteo contra incndio
empregando os dispositivos mais usuais como, os hidrantes e os extintores, so
comentados. Em decorrncia de um processo cada vez mais denso de aglutinao de
pessoas e bens em edificaes cada vez maiores, torna-se necessrio assim a adoo de
sistemas protecionais que garantam a segurana destes. Este trabalho apresenta os
aspectos construtivos da rede de chuveiros automticos, sua funcionalidade e por fim o
dimensionamento de um sistema de sprinklers para uma edificao de uso industrial,
demonstrando de forma particularizada o clculo hidrulico aplicado na determinao
de tubos, conexes, reservao e bombeamento de gua, baseado na metodologia
adotada pelo programa Pipenet.
Palavras chaves: Sprinklers, chuveiros automticos, incndio
vi
ABSTRACT
This research is a technical study of the system protection against fires with the use of
automatic showers. The knowledge relevant to fire, their dispersion, path and methods
of extinction and to protect against fire using the devices more as usual, the hydrants
and extinguishers are commented. Currently, there are buildings with increased
concentration of people and goods, which revels a need for adoption of protectionist
systems that ensure the physical safety of persons and goods, so that the system of
protection and fire fighting is effectively automated, which act directly on the outbreak
of fire at the exact moment that it starts. This paper presents the constructive aspects of
the network of automatic showers, its functionality and finally the size of a system if
sprinklers for a building for industrial use, demonstrating a specific way of calculation
applied in determining the hydraulic pipes, connections, reservoir and pumping of
water, based on methodology adopted by the program Pipenet.
Keywords: Sprinklers, automatic showers, fire
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Tringulo do fogo .......................................................................................... 25
Figura 2 - Tetraedro do fogo........................................................................................... 25
Figura 3- Sistema tipo grelha ......................................................................................... 49
Figura 4 - Sistema tipo anel fechado .............................................................................. 50
Figura 5 - Componentes de um sprinkler ....................................................................... 51
Figura 6 - Chuveiros automticos dos tipos ................................................................... 54
Figura 7 - Elementos do sistema de chuveiros automticos ........................................... 58
Figura 8 - Chuveiro automtico de p ............................................................................ 60
Figura 9 - Chuveiro automtico pendente ...................................................................... 60
Figura 10 - rea de cobertura ......................................................................................... 61
Figura 11 - Distncia mxima at as paredes ................................................................. 65
Figura 12- Distncia do chuveiro automtico parede ................................................. 66
Figura 13 - Distncias entre vigas e chuveiros .............................................................. 68
Figura 14 Layout dos demais sistemas da rea............................................................ 72
Figura 15 Layout do sistema de chuveiros automticos .............................................. 75
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 2 - Caractersticas e cdigo de cores dos chuveiros automticos ....................... 55
Tabela 3 - rea mxima servida por uma coluna de alimentao .................................. 59
Tabela 4 - reas de cobertura mxima por chuveiro automtico e distncia mxima
entre chuveiros ................................................................................................................ 62
Tabela 5 - reas de cobertura mxima por chuveiro automtico e distncia mxima
entre chuveiros automticos ........................................................................................... 63
Tabela 6 - reas de cobertura mxima por chuveiro automtico e distncia mxima
entre chuveiros automticos ........................................................................................... 64
Tabela 7 - Distncias mnimas entre chuveiros automticos e a parede ........................ 64
9
SUMRIO
1. INTRODUO .................................................................................................... 13
1.1 CONSIDERAES GERAIS ........................................................................ 13
1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 13
1.3 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 14
1.4 OBJETIVOS ESPECFICOS ......................................................................... 14
1.5 METODOLOGIA ........................................................................................... 14
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................... 15
2. INCNDIOS EM EDIFICAES CAUSAS E CONSEQUNCIAS .......... 16
2.1 INTRODUO .............................................................................................. 16
2.2 CONTEXTO HISTRICO DOS INCNDIOS ............................................. 17
2.3 PRINCIPAIS ORIGENS DOS INCNDIOS ................................................ 18
2.4 PRINCIPAIS MTODOS DE PREVENO ............................................... 19
2.5 PRINCIPAIS MTODOS DE EXTINO .................................................. 21
3. INCNDIOS - CONTEXTUALIZAO .......................................................... 23
3.1 ASPECTOS GERAIS ..................................................................................... 23
3.2 FOGO ............................................................................................................. 24
3.2.1 CONCEITUAO ..................................................................................... 24
3.2.2 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO TRINGULO DO FOGO ................... 26
3.4 CONDIES PROPCIAS AO FOGO ......................................................... 28
4. PREVENO DE INCNDIOS - LEGISLAO ........................................... 30
4.1 REGULAMENTAO BRASILEIRA ......................................................... 30
4.2 REGULAMENTAO INTERNACIONAL ................................................ 31
4.2.1 IAFSS - THE INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR FIRE SAFETY
SCIENCE ............................................................................................................... 32
4.2.2 NFPA - NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION ................... 32
4.2.3 SFPE SOCIETY OF FIRE PROTECT ION ENGINEERS .................... 33
4.2.4 FPA - FIRE PROTECT ION ASSOCIATION .......................................... 33
5. PRINCIPAIS SISTEMAS DE PROTEO E COMBATE A INCNDIOS
EM EDIFICAES ..................................................................................................... 35
5.1 EXTINTORES ............................................................................................... 35
10
5.1.1 CLASSES DE INCNDIO E EXTINTORES EMPREGADOS: .............. 36
5.1.2 CUIDADOS COM OS EXTINTORES ...................................................... 37
5.2 HIDRANTES E MANGOTINHOS ............................................................... 38
5.2.1 RESERVA DE INCNDIO ....................................................................... 38
5.2.2 BOMBA DE RECALQUE ......................................................................... 38
5.2.3 TUBULAO ........................................................................................... 39
5.2.4 HIDRANTE ................................................................................................ 39
5.2.5 ABRIGO DE MANGUEIRA ..................................................................... 39
5.2.6 REGISTRO DE RECALQUE .................................................................... 39
5.3 ILUMINAO DE EMERGNCIA ............................................................. 40
5.4 SISTEMA AUTOMTICO DE DETECO E ALARME DE INCNDIO40
5.5 SINALIZAO DE EMERGNCIA ............................................................ 41
5.6 BRIGADA DE INCNDIO ........................................................................... 42
5.7 SADAS DE EMERGNCIA ........................................................................ 43
5.8 SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMTICOS ........................................... 44
6. BOAS PRTICAS EM PROJETOS DE SISTEMAS DE COMBATE A
INCENDIOS POR CHUVEIROS AUTOMTICOS ............................................... 46
6.1 ASPECTOS HISTRICOS ............................................................................ 46
6.2 CONCEITUAO ......................................................................................... 47
6.3 CLASSIFICAO DOS SISTEMAS DE CHUVEIROS AUTOMTICOS 48
6.3.1 SISTEMA CALCULADO POR TABELA ................................................ 48
6.3.2 SISTEMA DE DILVIO ........................................................................... 48
6.3.3 SISTEMA TIPO GRELHA ........................................................................ 49
6.3.4 SISTEMA TIPO ANEL FECHADO .......................................................... 49
6.3.5 SISTEMA DE AO PRVIA ................................................................. 50
6.3.6 SISTEMA PROJETADO POR CLCULO HIDRULICO ..................... 51
6.3.7 SISTEMA DE TUBO MOLHADO ........................................................... 51
6.4 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS DE UM CHUVEIRO AUTOMTICO .. 51
6.5 OPERAO DOS SISTEMAS DE CHUVEIROS AUTOMTICOS ......... 52
6.6 CARACTERSTICAS DOS CHUVEIROS AUTOMTICOS ..................... 52
6.7 SENSIBILIDADE TRMICA ....................................................................... 53
6.8 FORMAS DE ORIENTAO DOS CHUVEIROS AUTOMTICOS ....... 53
6.9 TIPOS DE CHUVEIROS AUTOMTICOS ................................................. 54
11
6.10 TEMPERATURAS DE ACIONAMENTO ................................................... 55
6.11 RESISTNCIA PARA OPERAR EM CONDIES AMBIENTAIS
ADVERSAS ............................................................................................................... 55
6.12 CLASSIFICAO DAS EDIFICAES ..................................................... 57
6.13 ELEMENTOS DE UM SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMTICOS .... 58
6.14 REAS MXIMAS DE PROTEO DE UM SISTEMA DE CHUVEIROS
AUTOMTICOS ....................................................................................................... 59
6.15 CHUVEIROS AUTOMTICOS PENDENTES OU EM P ........................ 59
6.16 REA DE COBERTURA .............................................................................. 60
6.16.1 CHUVEIROS AUTOMTICOS EM P E PENDENTES DE
COBERTURA PADRO ...................................................................................... 60
6.16.2 CHUVEIROS AUTOMTICOS EM P E PENDENTES DE
COBERTURA ESTENDIDA ................................................................................ 61
6.16.3 CHUVEIROS AUTOMTICOS LATERAIS DE COBERTURA
PADRO ................................................................................................................ 61
6.17 REA MXIMA DE COBERTURA ............................................................ 62
6.17.1 CHUVEIROS AUTOMTICOS EM P E PENDENTES DE
COBERTURA PADRO ...................................................................................... 62
6.17.2 CHUVEIROS AUTOMTICOS EM P E PENDENTES DE
COBERTURA ESTENDIDA ................................................................................ 63
6.17.3 CHUVEIROS AUTOMTICOS LATERAIS DE COBERTURA
PADRO ................................................................................................................ 64
6.18 ESPAAMENTOS MNIMOS ...................................................................... 64
6.19 ESPAAMENTOS MXIMOS .................................................................... 64
6.19.1 CHUVEIROS AUTOMTICOS EM P E PENDENTES DE
COBERTURA-PADRO ...................................................................................... 64
6.19.2 CHUVEIROS AUTOMTICOS EM P E PENDENTES DE
COBERTURA ESTENDIDA ................................................................................ 65
6.19.3 CHUVEIROS AUTOMTICOS LATERAIS DE COBERTURA-
PADRO ................................................................................................................ 65
6.20 AFASTAMENTOS MXIMOS E MNIMOS DAS PAREDES .................. 65
6.21 AFASTAMENTOS MXIMOS E MNIMOS DO TETO ............................ 66
6.22 AFASTAMENTOS MNIMOS DE OBSTRUES .................................... 67
6.23 FIXAO DA REDE DE DISTRIBUIO ................................................. 68
12
7. ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 69
7.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS ..................................................................... 69
7.1.1 CONFIGURAO DO PRDIO .............................................................. 69
7.2 ETAPAS DO PROJETO ................................................................................ 70
7.2.1 DEFINIO DO OBJETIVO DO SISTEMA ........................................... 70
7.2.2 DEFINIO DA LEGISLAO .............................................................. 70
7.2.3 DEFINIO DO MTODO DE CLCULO ........................................... 70
7.2.4 ANLISE DA ARQUITETURA DO LOCAL .......................................... 71
7.2.5 CLCULOS ............................................................................................... 73
7.3 LAYOUT DO SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMTICOS................... 74
7.4 RESUMO DO SISTEMA ............................................................................... 76
7.5 CONSIDERAES FINAIS DO ESTUDO DE CASO ................................ 76
8. CONCLUSO ....................................................................................................... 78
9. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 80
10. ANEXOS ............................................................................................................... 82
10.1 ANEXO 1 ISOMTRICO DO SISTEMA .................................................. 82
10.2 ANEXO 2 LISTA DE MATERIAIS ........................................................... 83
10.3 ANEXO 3 RESULTADOS OBTIDOS PELO PROGRAMA .................. 837
13
1. INTRODUO
1.1 CONSIDERAES GERAIS
Os incndios sempre trouxeram acontecimentos trgicos, deixando marcas
indestrutveis nas pessoas envolvidas. Os grandes incndios esto relacionados s falhas
durante a execuo do combate inicial, ausncia de polticas pblicas na gesto da
preveno e ao controle de incndios nas edificaes (THESIS, 2007).
O propsito global da segurana contra incndio nas edificaes a reduo do
risco de vidas e das propriedades, sendo o objetivo principal a segurana das pessoas.
No Brasil, a preocupao com a segurana tem evoludo bastante. A busca por melhoria
contnua das legislaes para qualidade da segurana das edificaes e reas de risco
envolve uma crescente participao de profissionais que atuam na rea e do rgo
pblico responsvel pela gesto de segurana contra incndio.
O fogo sempre comea pequeno, com exceo das grandes exploses, por isso
importante que ele seja combatido de forma eficiente, para que sejam minimizadas suas
consequncias.
Assim devemos conhecer os aspectos bsicos de preveno e de proteo contra
incndio, para nossa prpria segurana.
No presente trabalho, iremos abordar uma srie de aes e sistemas de preveno e
combate a incndio. Realizaremos uma sntese geral dos mesmos, para assim efetuar
uma anlise mais profunda do sistema mais comumente utilizado em edificaes
atualmente, o sistema de chuveiros automticos.
1.2 JUSTIFICATIVA
O desenvolvimento de um sistema fixo de combate a incndios com o acionamento
automtico se torna importante medida que as edificaes passaram a ter grande parte
de sua composio construtiva feita em material combustvel.
14
Dentre as inmeras vantagens de um sistema de combate a incndio por chuveiros
automticos, sobressai em especial seu mecanismo de acionamento, o qual independe da
ao do homem, mas est diretamente ligado a alterao trmica do ambiente protegido.
Busca-se com este estudo disponibilizar uma sntese dos detalhes construtivos e
configuraes tcnicas do conjunto de chuveiros automticos em conformidade com as
normas existentes, numa abordagem abrangente a aspectos do projeto e da sua
materializao.
1.3 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral desse estudo apresentar o detalhamento tcnico do sistema
preventivo de combate a incndios por chuveiros automticos, referenciando no mesmo
boas prticas para projeto e instalao do mesmo.
1.4 OBJETIVOS ESPECFICOS
Os objetivos especficos deste trabalho aps o estudo bibliogrfico do sistema de
chuveiros automticos sero:
Apresentar o processo de dimensionamento e elaborao do projeto de
preveno contra incndios baseado no sistema de chuveiros automticos
para uma edificao;
Apresentar todos os detalhes construtivos e configuraes tcnicas do
sistema estudado, em conformidade com as normas tcnicas vigentes.
Apresentar boas prticas no desenvolvimento de projetos e instalao de
sistemas de chuveiros automticos
1.5 METODOLOGIA
Para a realizao dos objetivos estabelecidos neste trabalho, o estudo proposto ser
baseado na metodologia indicada abaixo:
Realizao da reviso bibliogrfica com o objetivo de apresentar os principais
sistemas de proteo contra incndio, bem como, de se apresentar as principas
caractersticas do sistema automtico de chuveiros automticos com suas partes
principais, detalhes de funcionamento, vantagens e desvantagens.
a) Estudo detalhado dos roteiros de clculos indicados pela atual NBR 10897.
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b) Escolha e anlise do projeto arquitetnico da edificao que ser adotado
para a realizao do estudo de caso apresentado neste trabalho.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
No captulo um apresentada uma introduo ao tema do trabalho, destacando sua
importncia na conjuntura atual. No captulo dois, ser feita uma abordagem geral sobre
a ocorrncia de incndios em edificaes relatando casos de grande repercusso, as
principais origens dos incndios e comportamento das medidas de preveno e combate
previamente instaladas na s edificaes.. No terceiro captulo apresentamos a reviso de
conceitos ligados ao fogo e sua evoluo, bem como particulariza o incndio e suas
classes. No quarto captulo iremos falar sobre a legislao vigente, traando um paralelo
do que h no Brasil e no mundo. O quinto captulo trata dos sistemas de preveno e
combate a incndio existentes no mercado e mais comumente utilizados em edificaes
projetadas no Brasil. Reserva-se o sexto captulo para o conceito e detalhamento do
sistema preventivo de incndios por chuveiros automticos. No captulo sete,
apresentarei um estudo de caso para enfim elaborar minhas consideraes finais no
ltimo captulo.
16
2. INCNDIOS EM EDIFICAES CAUSAS E CONSEQUNCIAS
2.1 INTRODUO
Segundo Brentano (2010), H milnios o homem convive com o fogo e o utiliza
como um elemento auxiliar importante no seu dia-a-dia.
O fogo foi a maior conquista do ser humano na pr-histria. A partir desta conquista
o homem aprendeu a utilizar a fora do fogo em seu proveito, extraindo a energia dos
materiais da natureza ou moldando a natureza em seu benefcio. O fogo serviu como
proteo aos primeiros homindeos, afastando os predadores. Depois, o fogo comeou a
ser empregado na caa, usando tochas rudimentares para assustar a presa, encurralando-
a. Foram inventados vrios tipos de tochas, utilizando diversas madeiras e
vrios leos vegetais e animais. No inverno e em pocas glidas, o fogo protegeu o ser
humano do frio mortal. O ser humano pr-histrico tambm aprendeu a cozinhar os
alimentos em fogueiras, tornando-os mais saborosos e saudveis, pois o calor matava
muitas bactrias existentes na carne.
O fogo tambm foi o maior responsvel pela sobrevivncia do ser humano e pelo
grau de desenvolvimento da humanidade, apesar de que, durante muitos perodos da
histria, o fogo foi usado no desenvolvimento e criao de armas e como fora
destrutiva.
Na antiguidade o fogo era visto como uma das partes fundamentais que formariam
a matria. Na Idade Mdia, os alquimistas acreditavam que o fogo tinha propriedades de
transformao da matria alterando determinadas propriedades qumicas das
substncias, como a transformao de um minrio sem valor em ouro.
Hoje em dia, o fogo continua sendo um instrumento de grande valor, quando
controlado pelo homem. O fogo continua sendo usado para diversas finalidades de
nosso cotidiano e sem dvidas, essencial em nossas vidas.
H casos, porm, em que o fogo torna-se um agente destruidor, fugindo ao controle
do homem causando assim um incndio. Um Incndio uma ocorrncia de fogo no
controlado, que pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas. A
exposio a um incndio pode produzir a morte, geralmente pela inalao dos gases, ou
pelo desmaio causado por eles, ou posteriormente pelas queimaduras graves.
Deve-se, portanto, conhecer os aspectos bsicos de preveno e de proteo contra
incndio. A preveno consiste em evitar que a ocorrncia do fogo, atravs de medidas
bsicas que requerem certo conhecimento caracterstico do fogo, propriedade de risco
dos materiais, causa de incndios e estudos de combustveis.
17
Entretanto, h casos onde apesar da preveno, ocorre um princpio de incndio.
Nessas situaes importante que seja efetuado um combate eficiente, para que sejam
minimizadas suas consequncias. Para tal, um amplo conhecimento dos agentes
extintores, aliado a utilizao correta dos equipamentos de combate a incndio so
fundamentais.
Desta forma, os conhecimentos apresentados a seguir objetivam fornecer subsdios
para prevenir e proteger as edificaes em geral contra incndios; as caractersticas dos
materiais empregados, dos servios, dos processos de fabricao, etc., alm de
determinar as solues mais adequadas a cada situao, culminando na padronizao de
procedimentos.
2.2 CONTEXTO HISTRICO DOS INCNDIOS
O fogo tem sido responsvel pela ocorrncia de grandes catstrofes ao longo da
histria. Embora possa dever-se a causas naturais por exemplo, quando associado
raios, calor excessivo ou vulces, cada vez mais resulta da atividade humana. Assim,
mesmo que surja em consequncia de um terremoto ou furaco, seu foco provavelmente
estar em depsitos de combustveis, canalizaes de gs e instalaes eltricas. Uma
ocorrncia de fogo no controlado gera um incndio.
Os incndios sempre foram acontecimentos trgicos que deixaram e continuam
deixando consequncias significativas nas pessoas envolvidas. No decorrer dos anos,
pode-se destacar grandes ocorrncias de incndios. A nvel mundial, os principais
acontecimentos foram: em Roma, pelo imperador Nero em 64 d.c; em Londres, quando
o incndio foi iniciado em uma casa de madeira e atingiu 85% da cidade; em Chicago
no ano de 1871, deixando 300 pessoas mortas; no Sismo de So Francisco, na
Califrnia, em1906; e em uma boate na Argentina no ano de 2004.
Com a industrializao do Brasil e a migrao desordenada da sociedade rural para
urbana, no sculo XIX, os riscos de incndios aumentaram nas indstrias e nas
edificaes. Em funo dessa industrializao, diversos incndios passaram a acontecer,
deixando, at hoje, rastros de desespero, dor, horror e morte.
Pode-se destacar como os incndios de propores devastadoras: o incndio do
edifcio Andraus em So Paulo, no ano de 1972, onde 375 pessoas ficaram feridas e 16
morreram; o incndio do edifcio Joelma em So Paulo, no ano de 1974, causando 189
mortes e 300 feridos; no edifcio Grande Avenida em So Paulo, no ano de 1981, com
18
17 mortos e 53 pessoas feridas; e o incndio no Edifcio Sede da CESP em So Paulo,
no ano de 1987, ocasionando 2 mortos.
Recentemente, o Brasil foi vtima de um grande incndio em Santa Maria, no Rio
Grande do Sul. O incndio ocorreu na boate Kiss, na madrugada do dia 27 de janeiro de
2013, deixando 245 mortos. O fogo iniciou-se depois que a banda Gurizada
Fandangueira, que se apresentava na boate, acendeu um sinalizador e incendiou o teto
que era revestido de material inflamvel. Nesse caso, uma srie de erros potencializou a
tragdia. Sem porta de emergncia nem sinalizao, muitas pessoas em pnico e no
escuro no conseguiram achar a nica sada existente na boate. Vale lembrar tambm
que a boate no dispunha de um sistema de chuveiros automticos de gua eficiente,
fato que poderia atenuar significativamente a tragdia.
2.3 PRINCIPAIS ORIGENS DOS INCNDIOS
Segundo Brentano (2011), os incndios podem ter vrias origens, podendo-se
destacar:
a) Cigarros e assemelhados: alm do grande mal que causam a sade, levam a
provocar incndios por imprudncia no seu uso cotidiano, e por
irresponsabilidade quando tocos de cigarros so jogados pelas janelas de
automveis em rodovias provocando incndios nas matas e vegetaes
ribeirinhas;
b) Forno e fogo: a origem de incndio numa cozinha muito comum,
principalmente devido ao mau uso desses equipamentos e ao manejo
inadequado de produtos inflamveis, principalmente o GLP;
c) Eletricidade: as instalaes eltricas mal projetadas e executadas, e
principalmente o uso imprprio dos equipamentos eltricos ocasionam
grande nmero de focos de fogo. Instalaes eltricas subdimensionadas,
gambiarras, falta de proteo nos circuitos, tomadas eltricas
sobrecarregadas, equipamentos eltricos funcionando irregularmente ou
apresentando fascas, superaquecimento, etc. Hoje, com a parafernlia
eletrnica cada vez maior, devem ser previstas instalaes dimensionadas
prevendo uma demanda maior de energia no futuro, ou, ento, deixar
possibilidades de aumento de carga sem destruir paredes;
19
d) Atrito: Esta causa de foco de fogo acontece geralmente em mquinas e
equipamentos usados em processos industriais com defeitos de
arrefecimento;
e) Lquidos Inflamveis: Esta causa ocorre especialmente em indstrias, atravs
de vazamentos acidentais;
f) Raios: os raios, alm da onda de choque, provocam incndios, especialmente
em locais de armazenamento de lquidos inflamveis;
g) Criminal: so os incndios criminosos provocados para ocultar homicdios
ou outros crimes, para receber seguros, por exemplo, etc.
2.4 PRINCIPAIS MTODOS DE PREVENO
A preveno consiste em evitar que o tringulo do fogo se forme. Mais para isso
importante conhecer as principais causas dos incndios.
Brentano (2011) menciona, que a proteo contra incndios no algo que possa ser
adicionado aps o projeto da edificao ter sido executado, mas, para ser realmente
efetiva, ela deve ser pensada e considerada desde o incio da elaborao do projeto
arquitetnico e dos seus projetos complementares.
De acordo com a N.F.P.A.- National Fire Protection Association, organismo norte
americano de estudos e normatizao de assuntos relacionados a incndios e a
preveno, as fontes de incndio mais comuns so:
Eletricidade, incluindo eletricidade esttica = 21%
Atrito = 14%
Centelhas = 12 %
Ignio espontnea = 8%
Cigarros e fsforos = 8%
Superfcies aquecidas = 7%
Chamas abertas = 5%
Solda e corte = 4%
Com este conhecimento podemos recomendar algumas prticas, para assim
evitarmos o incndio. Por exemplo:
a) Armazenamento de material
Nas empresas geralmente existem os depsitos para o armazenamento dos materiais.
Assim devemos manter os mesmos longe de fontes de calor e do comburente.
20
Dever ser proibido fumar nessas reas, pois todo fumante um incendirio em
potencial. (Ele conduz um dos elementos essenciais do fogo: o calor.) Uma ponta de
cigarro acesa poder causar incndio de graves propores.
Em edificaes, nunca utilize a casa de fora, casa de mquinas dos elevadores e a
casa de bombas do prdio, como depsito de materiais e objetos. So locais importantes
e perigosos, que devem estar sempre desimpedidos.
b) Manuteno adequada
Nas instalaes eltricas a sobrecarga uma das principais causas de incndio. Se a
corrente eltrica est acima do que a fiao suporta, ocorre o superaquecimento dos fios,
podendo dar incio a um incndio. Por isso, no devemos ligar mais de uma aparelho
por tomada e nem fazer ligaes provisrias. Antes da instalao de um novo aparelho,
devemos verificar se no vai sobrecarregar o circuito. Utilize os aparelhos eltricos
conforme especificado pelo fabricante.
Em instalaes de gs somente pessoas habilitadas devem realizar consertos ou
modificaes. Deve-se sempre verificar possveis vazamentos no botijo, e caso haja
irregularidade, toque-o. Na hora de verificar vazamentos, nunca use fsforos, apenas
gua e sabo. Nunca tente improvisar formas de eliminar os vazamentos, utilizando
cera, por exemplo.
Os botijes e os aparelhos que utilizam gs devero ficar sempre em ambientes com
abertura superiores e inferiores para ventilao. Estes aparelhos devero ser revisados
pelo menos a cada dois anos.
c) Organizao e limpeza
Os corredores, escadas e sadas de emergncia devero estar sempre desobstrudos.
Jamais utiliza-los como depsitos, mesmo que seja provisoriamente. Nunca guarde
produtos inflamveis nesses locais.
As coletas de lixo devem ser bem planejadas para no comprometer o abandono do
edifcio em caso de emergncia.
d) Pra-raios
Os raios tambm podem causar incndios, por isso uma boa instalao de pra-raios
importantssima.
21
2.5 PRINCIPAIS MTODOS DE EXTINO
Brentano (2011) menciona que a partir do conhecimento dos elementos que so
necessrios para ocorrer o fogo, se deduz que, para extingui-lo, basta eliminar um dos
trs elementos, pelo menos, ou interromper a reao qumica em cadeia.
Os mtodos de extino do fogo, de acordo com o elemento componente do mesmo
que se deseja neutralizar, so:
Extino por isolamento (retirada do matria): Em algumas situaes de
fogo possvel retirar o material combustvel. No caso de tanques de
combustveis, o fogo ocorre na superfcie do lquido, podendo o mesmo ser
retirado para outro local atravs de drenos pelo fundo. Fechar o registro de
gs extinguindo o fogo do queimador do fogo por falta de combustvel
uma medida. Em incndios em edificaes maiores, a neutralizao desse
combustvel j mais difcil, a no ser que tenha uma central de gs na
edificao bem projetada e protegida, para possibilitar a interrupo total do
fornecimento de gs.
Extino por abafamento (retirada do comburente): Neste caso, procura-se
evitar que o material em combusto seja alimentado por mais oxignio do ar,
reduzindo a sua concentrao na mistura inflamvel. Nos incndios em
edificaes, isso conseguido abafando o fogo com espuma aquosa que
mais leve e insolvel na gua, ou isolando o local com o fechamento do
ambiente. No projeto arquitetnico pode ser prevista a compartimentao de
reas, que podem ser isoladas por ocasio de um incndio. Pode-se extinguir
o fogo por abafamento, tambm, reduzindo o ndice de concentrao de
oxignio no ar, com o uso de agentes extintores de gases inertes, mais
pesados que o ar, sendo os mais comuns o CO2 e o tetraedro do carbono.
Eles atuam formando uma placa protetora entre o fogo e o ar, impedindo a
propagao do incndio.
Extino por resfriamento (retirada do calor): Com a utilizao de um agente
extintor, ele absorve calor do fogo e do material em combusto, com o
consequente resfriamento deste. Quando o material em combusto no
mais capaz de gerar gases e vapores em quantidades suficientes para se
misturar com o oxignio do ar e alimentar a mistura combustvel necessria
para manter a reao qumica em cadeia, porque a perda de calor para o
agente extintor maior que o recebido do fogo, este comea a ser controlado
22
at sua completa extino. De uma forma geral. O resfriamento do material
combustvel a forma mais comum de extinguir o fogo em edificaes e o
agente extintor mais utilizado a agua.
Extino qumica (quebra da cadeia de reao qumica): Com os
lanamentos ao fogo de determinados agentes extintores, suas molculas se
dissociam pela ao do calor formando tomos e radicais livres, que se
combinam com uma mistura inflamvel resultante do gs ou vapor do
material combustvel com o comburente, formando outra mistura no
inflamvel, interrompendo a reao qumica em cadeia. Determinados tipos
de ps qumicos so utilizados por este mtodo de extino.
23
3. INCNDIOS - CONTEXTUALIZAO
3.1 ASPECTOS GERAIS
Para Gomes (1998), conceitua-se Incndio como sendo o fogo anmalo: tanto o que
simplesmente se manifesta como o que ameaa destruir alguma coisa ou o que, no
sendo avistado, se propaga e envolve tudo quanto possa devorar. Seja ele de qualquer
causa. O incndio tem uma caracterstica constante: a periculosidade de que se
reveste, afrontando a integridade e a existncia de todos os seres, onde quer que os
surja. Os incndios surgem e se desenvolvem lenta ou repentinamente, em funo dos
elementos que lhes do causa, e se avolumam conforme a quantidade e a qualidade dos
combustveis e o ambiente que se encontram.
Carrasco (1999) afirma que para ocorrer um incndio devem concorrer de forma
simultnea, a presena de um combustvel, um comburente, uma fonte de calor e uma
reao em cadeia no controlada.
A ABNT, atravs da NBR 13860 define: o incndio o fogo fora de controle.
Todas essas conceituaes so bem claras ao afirmar que o incndio independe do
tamanho do fogo. Por esse motivo, trataremos como incndio qualquer tipo de fogo que
coloque em risco o patrimnio e a vida das pessoas.
Segundo Gomes (1998), o incndio normalmente se alastra e muda de propores, e,
no raro, ocasiona o aparecimento de outro, em virtude da propagao no s do calor,
mas, tambm, por sua ao evolutiva, que uma constante, caprichosa tal a uma
trajetria. A propagao pode processar-se de maneira direta, por contato ou
disseminao, ou indireta, por influncia (como nas exploses) ou repercusso. A
propagao direta ocorre:
Alastramento: Ocorre quando o fogo que se desdobra e atinge elementos de
fcil combusto, distintos, contguos ou ligados intimamente ao local do
foco inicial;
Contato direto: Ocorre quando os corpos descontnuos que se encontram
muito prximo daquele que arde;
Alongamento espontneo das chamas: Ocorre quando o vento prolonga as
labaredas, fazendo que estas atinjam outros corpos adjacentes nas
vizinhanas do incndio;
Veiculao: Transmisso de calor em alta temperatura, atravs do espao,
por irradiao ou conveco, o qual afetando pontos favorveis propicia a
formao de novos focos;
24
Contato com chama aberta: Ocorre quando h queda de paredes e destroos
que esto em ardncia;
Disseminao de fagulhas cadentes: So incndios decorrentes de
caminhamento de fagulhas provindas do incndio;
Rastilhos: Caminhamento de chamas por pisos oleosos, rastros de lquidos
ou de quaisquer matrias inflamveis;
Lquidos inflamados, em flutuao ou que jorre no local do incndio;
Estilhaos expelidos ou resduos ignescentes, arremessados de exploses ou
comoes havidas na rea incendiada;
Gases libertados; tambm por labaredas de retorno;
Acidentes eltricos e outros.
3.2 FOGO
3.2.1 CONCEITUAO
Segundo Drysdale (1995), o fogo um complexo processo que envolve diversas
interaes entre processos fsico-qumicos.
O fogo a rpida oxidao de um material combustvel liberando calor, luz e
produtos de reao, tais como o dixido de carbono e a gua. O fogo uma mistura
de gases a altas temperaturas, formada em reao exotrmica de oxidao, que
emite radiao eletromagntica nas faixas do infravermelho e visvel. Desse modo, o
fogo pode ser entendido como uma entidade gasosa emissora de radiao e decorrente
da combusto.
CH4 + 2O2 CO2 + H2O + energia
Equaes finais
C3H8 + 5O2 3 CO2 + 4 H2O + energia
Para que ocorra essa reao qumica, deve existir no mnimo dois reagentes, que, a
partir da existncia de uma circunstncia favorvel, podero combinar-se.
Os elementos essenciais do fogo so O combustvel, O comburente e A fonte de
calor.
25
Quando os trs elementos se apresentam, sob condies propcias, em
determinado ambiente, temos o chamado tringulo de fogo (figura 1)
Figura 1 - Tringulo do fogo
Fonte: http://www.areaseq.com.br
Entretanto, aps a descoberta do agente extintor Halon, foi criada uma nova
teoria, denominada Tetraedro do Fogo (figura 2).
Nota: O halon (hidrocarboneto halogenado) um agente extintor de compostos
qumicos formados por elementos halognios (flor, cloro, bromo e iodo). utilizado
em equipamentos eltricos por apagar incndios sem deixar resduos.
Figura 2 - Tetraedro do fogo
Fonte: http://www.areaseq.com.br
No tetraedro do fogo, cada face da figura geomtrica espacial representa um
elemento do fogo (combustvel, oxignio, energia e reao em cadeia). O que ela prope
que para que o fogo se mantenha, todos esses elementos devem coexistir ligados.
26
3.2.2 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO TRINGULO DO FOGO
Conforme visto no item anterior para que ocorra fogo e consequentemente um
incndio, os elementos combustvel, oxignio, energia e reao em cadeia precisam
estar presentes. neste item ser feita uma abordagem sinttica de cada um destes
elementos para permitir a avaliao da ocorrncia e dos aspectos contributivos para a
ocorrncia de incndios.
3.2.2.1 COMBUSTVEL
Segundo Brentano (2011), os combustveis so as matrias suscetveis queima,
isto , aps a inflamao, continuam queimando sem nenhuma adio suplementar de
calor. Podem ser slidos, lquidos ou gasosos.
Os combustveis slidos, como madeiras, papis, tecidos, borrachas, vrios tipos de
plstico etc., para entrar em combusto, devem primeiramente ser aquecidos, quando
liberam vapores combustveis que se misturam com o oxignio do ar, gerando assim
uma mistura inflamvel. Uma pequena chama, fagulha ou o contato com uma superfcie
aquecida faz a mistura inflamvel entrar em combusto. Os combustveis slidos
queimam em superfcie e em profundidade.
Os combustveis lquidos, como gasolina, lcool etlico, acetona, etc., vaporizam ao
serem aquecidos, misturando-se com o oxignio do ar, formando uma mistura
inflamvel. Na realidade, no h rigorosamente a combusto de um combustvel
lquido, pois o que queima o vapor liberado, misturado com o oxignio do ar, fazendo
com que, desta forma, os combustveis lquidos queimem somente em superfcie.
Os gases, como o GLP, metano, hidrognio, etc., para entrar em combusto, devem
formar uma mistura inflamvel com o oxignio do ar, cuja concentrao deve estar
dentro de uma faixa predeterminada. Os gases combustveis tm maior facilidade para
iniciar a combusto porque no necessitam da fase de vaporizao como, os materiais
combustveis slidos e lquidos, pois como suas molculas tm maior liberdade de
movimento, conseguem mais facilmente encontrar e reagir com as molculas de
oxignio. Os gases queimam totalmente aps a sua mistura com o oxignio.
Do ponto de vista do combustvel, alguns aspectos devem ser considerados para
melhor se entender a sua contribuiro para os incndios:
A. PONTO DE FULGOR
Segundo Brentano (2011), o ponto de fulgor ou temperatura de inflamao
corresponde a temperatura mnima na qual um material combustvel slido ou lquido,
27
comea a emitir vapores em quantidade suficiente para formar uma mistura inflamvel
com o oxignio do ar, junto com a sua superfcie, que entra em ignio quando em
contato com uma chama ou centelha, criando somente um lampejo, porque a chama no
se mantm devido a insuficincia de gerao desses vapores inflamveis para manter a
combusto.
Exemplificando, o ponto de fulgor varia de combustvel para combustvel. Para a
gasolina ele de -42 C (menos quarenta e dois graus centgrados), para o asfalto de
204 C (duzentos e quatro graus centgrados).
B. PONTO DE COMBUSTO
Menciona Brentano (2011), que o ponto ou temperatura de combusto corresponde
a temperatura mnima na qual um material combustvel comea a emitir vapores em
quantidade suficiente para formar uma mistura inflamvel com o oxignio do ar junto a
sua superfcie, que entra em ignio quando em contato com uma chama ou centelha, e
que se mantm queimando aps a retirada da fonte de calor. O ponto de combusto
ocorre alguns graus acima do ponto de fulgor.
C. TEMPERATURA DE IGNIO
Segundo Brentano (2011), o ponto de ignio ou auto-inflamao corresponde a
temperatura mnima, a presso atmosfrica normal, na qual um material combustvel
slido ou lquido, comea a emitir vapores em quantidade suficiente junto a superfcie
que entra espontaneamente em ignio simplesmente ao entrar em contato com o
oxignio do ar, independentemente de qualquer fonte de calor.
Exemplificando, o ter atinge sua temperatura de ignio a 180 C (cento e oitenta
graus celsius) e o enxofre a 232 C (duzentos e trinta e dois graus celsius).
3.2.2.2 CALOR
Segundo Brentano (2011), calor a energia que d incio, mantm e incentiva a
propagao do fogo. Em outras palavras, o calor o provocador da reao qumica da
mistura inflamvel proveniente da combinao dos gases ou dos vapores do
combustvel ou do comburente.
Gomes (1998) menciona tambm, que o calor pode surgir de fontes naturais ou
artificiais. As fontes naturais advm da ao do sol ou so originadas por fenmenos
qumicos e meteorolgicos que podem desencadear-se de maneira surpreendente e
indeterminada. As fontes de calor no naturais surgem de fenmenos fsicos, os quais
presidem toda a formao de calor, qualquer que seja o local onde este se manifeste: so
28
inumerveis e se multiplicam com os progressos tentaculares da mecnica e da
eletricidade, principalmente aplicadas nas indstrias.
Gomes (2008) afirma que at mesmo a temperatura ambiente j pode vaporizar um
material combustvel; o caso da gasolina, cujo ponto de fulgor de aproximadamente
40 C (menos quarenta graus celsius). Considerando-se que o ponto de combusto
superior em apenas alguns graus a uma temperatura ambiente de 20 C (vinte graus
celsius) j ocorre a vaporizao. O calor pode atingir uma determinada rea por
conduo, conveco ou radiao.
3.2.2.3 COMBURENTE
Brentano (2011) menciona que o comburente, geralmente o oxignio do ar, o
agente qumico que ativa e conserva a combusto, combinando-se com os gases ou
vapores do combustvel, formando uma mistura inflamvel. Em ambientes mais abertos,
onde h boa circulao de ar ou vento, portanto mais ricos em oxignio, as chamas so
intensificadas por ocasio de um incndio. O componente oxignio no ar atmosfrico
seco de 21 % em volume. Quando esta concentrao cai abaixo de 14 % a maioria dos
materiais combustveis no mantm as chamas na sua superfcie.
3.3 AO DO FOGO
Para Gomes (1998), a incidncia da chama e o calor que o fogo emite, agindo
direta ou indiretamente sobre os corpos, do lugar a vrios fenmenos tais como:
carbonizao, desidratao (resseca, torra), dilatao, desagregao, ebulio,
vaporizao, fuso, sublimao, calefao, reduo de resistncia, etc., alterando assim
a constituio dos corpos sujeita a sua ao, intensa e demorada. Conforme a espcie e o
estado dos combustveis e as quantidades dos demais elementos, o fogo mais ou
menos pronto no seu desenvolvimento e mais ou menos vivo, tornando-se intenso,
progressivamente, com as renovadas decomposies que o calor e a combusto vo
suscitando pelo seu constante aumento e pelas transformaes decorrentes.
3.4 CONDIES PROPCIAS AO FOGO
O fenmeno da combusto requer alm dos elementos essenciais fogo, a
necessidade de que as condies em que esses elementos se apresentam sejam propcias
para o inicio do fogo. Portanto, o estado de ignio s ser alcanado quando o
combustvel se apresentar na forma de vapor ou gs. Qualquer outro estado haver a
necessidade de um aquecimento prvio para a liberao dos mesmos.
importante lembrar tambm, que para haver combusto necessrio que se tenha
no ambiente porcentagens adequadas de oxignio. Caso essa porcentagem for inferior a
29
16 % (dezesseis por cento) podemos afirmar que no haver combusto, uma vez que a
mistura combustvel-comburente estar muito pobre.
30
4. PREVENO DE INCNDIOS - LEGISLAO
4.1 REGULAMENTAO BRASILEIRA
A proteo contra incndio no Brasil no contempla uma lei federal, isto cada
Estado da federao autnomo para legislar a respeito e os municpios podem tambm
legislar sobre a questo. um sonho dos militantes do ramo que o pas possa ter uma
legislao federal, respeitadas as particularidades de cada regio.
Na verdade, se busca uma diretriz em volta da qual cada Estado, cada regio
pudesse elaborar os cdigos de proteo contra incndio e pnico respeitando as
diretrizes do Cdigo Nacional de Proteo Contra Incndio e Pnico. Apesar de
envidados muitos esforos, no foram possveis alcan-lo, permanecendo como um
desafio a ser superado.
Todos os Estados possuem legislao, contudo, a grande maioria ainda no
apresenta o rigor almejado. Felizmente, aqueles que ainda esto em busca desse,
utilizam como modelo as j existentes, o que de certa forma est colaborando para uma
uniformidade de conceitos o que, certamente, facilitar a elaborao do to almejado
Cdigo Nacional.
Enquanto esse Cdigo no est disponibilizado, temos que utilizar as ferramentas
disponveis, que so as normas tcnicas da ABNT (Associao Brasileira de Normas
Tcnicas) e as Instrues Tcnicas dos Corpos de Bombeiros das unidades da federao
que as possuem.
Segundo Brentano (2011), a fiscalizao no consegue abranger todas as
edificaes, novas ou existentes, em todos os recantos do Brasil. Nosso pas
continental, a falta de recursos financeiros crnica e o pessoal tambm insuficiente,
inviabilizando uma fiscalizao mais objetiva e atuante.
Outro grande problema para todas as partes intervenientes no processo de segurana
contra incndios no Brasil a diversidade de legislaes existentes, lembra Brentano.
Dentre as principais normas relacionadas a procedimentos para projeto e construo
das edificaes relacionadas a incndio, podemos listar:
NBR 10897 - Proteo contra Incndio por Chuveiro Automtico;
NBR 10898 - Sistemas de Iluminao de Emergncia;
NBR 11742 - Porta Corta-fogo para Sada de Emergncia;
NBR 12615 - Sistema de Combate a Incndio por Espuma.
NBR 12692 - Inspeo, Manuteno e Recarga em Extintores de Incndio;
NBR 12693 - Sistemas de Proteo por Extintores de Incndio;
31
NBR 13434 - Sinalizao de Segurana contra Incndio e Pnico - Formas,
Dimenses e cores;
NBR 13435 - Sinalizao de Segurana contra Incndio e Pnico;
NBR 13437 - Smbolos Grficos para Sinalizao contra Incndio e Pnico;
NBR 13523 - Instalaes Prediais de Gs Liquefeito de Petrleo;
NBR 13714 - Instalao Hidrulica Contra Incndio, sob comando.
NBR 13714 - Instalaes Hidrulicas contra Incndio, sob comando, por
Hidrantes e
Mangotinhos;
- NBR 13932 - Instalaes Internas de Gs Liquefeito de Petrleo (GLP) -
Projeto e Execuo;
NBR 14039 - Instalaes Eltricas de Alta Tenso
NBR 14276 - Programa de brigada de incndio;
NBR 14349 - Unio para mangueira de incndio - Requisitos e mtodos de
ensaio
NBR 5410 - Sistema Eltrico.
NBR 5419 - Proteo Contra Descargas Eltricas Atmosfricas;
NBR 5419 - Sistema de Proteo Contra Descangas Atmosfrias (Pra-
raios.)
NBR 9077 - Sadas de Emergncia em Edificaes;
NBR 9441 - Sistemas de Deteco e Alarme de Incndio;
NR 23, da Portaria 3214 do Ministrio do Trabalho: Proteo Contra
Incndio para Locais de Trabalho;
4.2 REGULAMENTAO INTERNACIONAL
Internacionalmente, a segurana contra incndio no mundo encarada como uma
cincia, portanto uma rea de pesquisa, desenvolvimento e ensino. Vemos uma enorme
atividade nessa rea na Europa, nos EUA, no Japo e, em menor intensidade, mas em
franca evoluo, em outros pases, como Brasil e ndia.
uma tendncia internacional exigir que todos os materiais, componentes, sistemas
construtivos, equipamentos e utenslios usados nas edificaes sejam analisados e
testados do ponto de vista da segurana contra incndio. Para alcanar um desempenho
cada vez maior, a sociedade desenvolve novas solues em todas essas reas. Materiais
no inflamveis vm ganhamdo cada dia mais espao no mercado e se tornando itens
32
indispensveis muitas vezes na aprovao de projetos do Corpo de Bombeiros. Um
exemplo marcante disso, a placa de isopor no inflamvel que deveria estar instalada
na boate de Santa Maria, que com certeza evitaria a tragdia.
A legislao e os cdigos de segurana contra incndio vm sendo substitudos para
as edificaes mais complexas pela engenharia de segurana contra incndio, outra rea
tambm em expanso internacionalmente.
Grande parte das normas utilizadas no Brasil e no mundo, para preveno de
incndios no tocante a equipamentos, sistemas e treinamentos, so originrias da
N.F.P.A. - National Fire Protection Association dos EUA, organismo norte americano
de estudos e normatizao de assuntos relacionados a incndios e a preveno destes.
Dentre as principais associaes regulamentadoras internacionais, podemos citar:
4.2.1 IAFSS - THE INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR FIRE SAFETY
SCIENCE
O objetivo principal da associao encorajar a pesquisa sobre preveno e
minimizao dos efeitos adversos dos incndios e implementar para apresentao dos
resultados dessas pesquisas. A associao sente que seu papel est nas bases cientficas
para alcanar o progresso em problemas insolveis de incndios. Ela procura
cooperao com outras organizaes com aplicaes ou envolvidas com a cincia que
fundamental para seus interesses em incndio. Procura promover altos padres e normas
para encorajar e estimular cientistas a dedicar-se aos problemas de fogo, para dar
fundamentos cientficos e para facilitar as aplicaes desejadas, a fim de reduzir as
perdas humanas e materiais.
A associao possui mais de quatrocentos membros, de mais de vinte e oito pases,
incluindo o Brasil. A associao j realizou oito simpsios em diversos pases. Os anais
desses simpsios podem ser encontrados no site da associao.
4.2.2 NFPA - NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION
A misso dessa associao reduzir as perdas devido a incndios e a outros riscos
para a qualidade de vida, fornecendo e defendendo por consenso: cdigo, padres,
normas, pesquisa, treinamento e educao. Atualmente, a associao conta com mais de
oitenta e um mil membros individuais em todo mundo, e mais de oitenta companhias
americanas e organizaes profissionais.
Os manuais:
Cdigo de segurana a vida.
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Cdigo nacional de instalaes eltricas NFPA 70.
Mais de duzentas normas em SCI foram produzidas pela NFPA, que uma
referncia internacional.
4.2.3 SFPE SOCIETY OF FIRE PROTECT ION ENGINEERS
A associao dos engenheiros de proteo contra incndios, conta com
aproximadamente quatro mil e quinhentos membros e cinqenta e sete sedes regionais.
Tem como objetivo o desenvolvimento da cincia e a prtica na engenharia de
segurana contra incndio e nos campos do conhecimento prximos, para manter altos
padres ticos entre seus membros e para alavancar a educao em engenharia de
proteo a incndios.
importante entre suas publicaes o Manual de Engenharia de Proteo a
Incndios, uma obra de referncia com sessenta e oito reas de conhecimento
organizadas em cinco captulos.
4.2.4 FPA - FIRE PROTECT ION ASSOCIATION
A associao de proteo contra incndios, com sede no Reino Unido, financiada
principalmente pelas firmas de seguro, por meio da associao dos seguradores ingleses
e dos lordes. Seus objetivos so:
Proteo das pessoas, propriedade e meio ambiente por meio de tcnicas
avanadas de proteo a incndio.
Colaborar com os membros, seguradores, governo local e central, corpos de
bombeiros e outros.
Ajudar a focar a ateno tanto nacional como internacionalmente nessas
questes.
Influenciar nas decises feitas por consumidores e negociantes.
Coletar, analisar e publicar estatsticas, identificar tendncias e promover
pesquisa.
Publicar guias, recomendaes e cdigos de treinamento.
Disseminar aconselhamentos.
Entre as publicaes, de particular importncia o programa desenvolvido para
computador de Lifesaver Fire Software, que pode ser acessado pela internet para teste
34
e compra; esse programa permite treinar os funcionrios em segurana contra incndio,
por meio de processo interativo, repetitivo e contnuo, que permite a segurana contra
incndios nos postos de trabalho sem muito esforo e com bom custo-benefcio.
35
5. PRINCIPAIS SISTEMAS DE PROTEO E COMBATE A INCNDIOS EM
EDIFICAES
Partindo do princpio de que, para haver fogo, so necessrios o combustvel,
comburente e o calor, formando o tringulo do fogo ou, mais modernamente, o
quadrado ou tetraedro do fogo, quando j se admite a ocorrncia de uma reao em
cadeia, para que haja a extino do fogo, basta retirar um desses elementos. Assim
sendo, os sistemas de proteo e combate a incndios so baseados neste principio. Para
a com a retirada de um dos elementos do fogo, podem ser adotados os seguintes
mtodos de extino: extino por retirada do material, por abafamento, por
resfriamento e extino qumica. Brentano (2011).
RESFRIAMENTO - Esse mtodo consiste em jogarmos gua no local em
chamas provocando seu resfriamento e consequentemente eliminando o
componente "calor" do tringulo do fogo.
ABAFAMENTO - Quando abafamos o fogo, impedimos que o oxignio
participe da reao. Logo, ao retirarmos esse componente comburente
(oxignio) do tringulo, tambm extinguimos o fogo.
ISOLAMENTO - Separando o combustvel dos demais componentes do
fogo, isolando-o, como na abertura de uma trilha (acero) na mata, por
exemplo, o fogo no passa, impedindo que se forme o tringulo.
H vrios sistemas de proteo contra incndios disponveis no mercado, neste item
feita uma rpida abordagem de algumas das principais tecnologias usadas.
5.1 EXTINTORES
Segundo Pereira, Almiron e Del Carlo (2008), os extintores de incndio surgiram no
sculo XV, de forma rudimentar, sendo constitudo de uma espcie de seringa metlica
provida de um cabo de madeira. No sculo seguinte, o extintor foi renovado e passou a
ser constitudo por um grande recipiente de ferro montado sobre rodas, proveniente de
um enorme gargalo curvo, podendo penetrar nas aberturas dos edifcios em chamas.
Del Carlo lembra que os extintores portteis fazem parte do sistema bsico de
segurana contra incndio em edificaes. Eles tm como objetivo o combate de
principio de incndio e devem ter como caractersticas principais: facilidade de uso,
portabilidade, manejo e operao. Os princpios de incndio tm caractersticas
diferentes, devido a sua origem eltrica e aos materiais combustveis envolvidos. Logo,
o treinamento das pessoas para o seu uso de fundamental importncia para o
cumprimento do seu objetivo (PEREIRA; ALMIRON; DEL CARLO, 2008).
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Os extintores de incndio so regulamentados no Cdigo de Obras e Edificaes dos
Municpios e esto nos regulamentos dos Corpos de Bombeiros de todo Brasil, tornando
seu uso obrigatrio na maioria dos tipos de edificaes, sendo no obrigatrio em
residncias unifamiliares.
Todos os extintores no Brasil devem ser fabricados de acordo com a NBR 15808.
5.1.1 CLASSES DE INCNDIO E EXTINTORES EMPREGADOS:
Cada produto tem caractersticas prprias de inflamabilidade, de teor combustvel de
liberao de produtos ao queimar.
A classificao dos combustveis visa agrupar aqueles que apresentam
comportamento similar durante a combusto, de forma a facilitar a aplicao de tcnicas
e agentes extintores para obter uma extino eficiente e rpida do fogo.
De acordo com a NR 23 do Ministrio do Trabalho e a NBR 12.693, adota-se as
seguintes classes de incndio:
Classe A: Os fogos de classe A so os que ocorrem em materiais
combustveis comuns, ordinrios, como madeiras, papis, tecidos, plsticos,
etc. Esses materiais queimam em superfcie e em profundidade e , em razo
de seu volume, deixam resduos aps a combusto, como brasas e cinzas. A
extino se d por resfriamento, principalmente pela ao da gua, que o
mais efetivo agente extintor, e por abafamento, como ao secundria.
Classe B: Os fogos de classe B so os que ocorrem em lquidos combustveis
inflamveis, como leos, gasolina, etc., que queimam somente em superfcie,
e em gases inflamveis, como o GLP, gs natural, acetileno, hidrognio e
outros. A combusto destes materiais se caracteriza por no deixarem
resduos. A extino se d por abafamento, pela quebra de cadeia de reao
qumica e/ou pela retirada do material combustvel. Os agentes extintores
podem ser produtos qumicos secos, lquidos vaporizantes, gases, gua
nebulizada e a espuma mecnica, que o melhor agente extintor.
Classe C: Os fogos de classe C so os que ocorrem em equipamentos
eltricos energizados. Deve ser usado um agente extintor no condutor de
eletricidade. So usados ps qumicos, lquidos vaporizantes e gases.
Classe D: Os fogos de classe D so os que ocorrem em metais combustveis,
chamados de pirofricos, como magnsio, titnio, zircnio, ltio, alumnio,
etc. Esses metais queimam mais rapidamente, reagem com o oxignio
atmosfrico, atingindo temperaturas mais altas que outros materiais
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combustveis. O combate exige equipamentos, tcnicas e agentes extintores
especiais para cada tipo de metal combustvel, que formam uma capa
protetora isolando o metal combustvel do ar atmosfrico. Estes tipos de
fogos ocorrem em processos industriais, cujos agentes extintores especficos
so de conhecimento do fabricante.
Classe K: Os fogos de classe K so os que ocorrem em leos comestveis de
fritura, gorduras animais em estado lquido, graxas, etc., que so usados em
cozinhas comerciais e industriais. O combate ao fogo exige agentes
extintores que proporcionem tima cobertura em forma de lenol de
abafamento. So usados p qumicos e lquidos especiais que provocam a
saponificao do combustvel.
Classe I: Fogos em materiais radioativos.
5.1.2 CUIDADOS COM OS EXTINTORES
A instalao dos extintores de incndio nas edificaes e reas de risco resultante
da necessidade de se efetuar o combate ao incndio de imediato aps sua deteco, ou
seja, na sua origem.
Porm, para usar os extintores, necessrio ter alguns cuidados e seguir as normas
regulamentadas pelo Corpo de Bombeiros. A seguir sero especificados os principais
cuidados a serem tomados:
No dever permanecer obstrudo;
Dever estar visvel e sinalizado;
No dever ser colocado na escada e/ou obstruindo rotas de fuga;
permitida a instalao de extintores sobre suportes e nunca diretamente
sobre o piso;
Ensaio hidrosttico (validade 5 anos) e a validade de recarga devero estar
dentro dos parmetros das Normas Tcnicas Oficiais;
Quando os extintores estiverem localizados em pilares, a sinalizao deve
ser implantada em todas as faces do pilar;
Dever ser instalado onde haja menos probabilidade de o fogo bloquear o
seu acesso;
Altura da instalao: 1,60 metros a altura mxima, 0,20 metros a altura
mnima;
Dever possuir o selo ou marca de conformidade de rgo competente ou
credenciado;
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Dever ser instalado de modo a ser adequado extino das vrias classes de
incndios, dentro da rea de proteo;
O lacre no poder estar rompido;
A sinalizao dos extintores deve ser implantada tambm no piso, quando
estiverem localizados em garagens, depsitos, reas de fabricao, por meio
de um quadrado vermelho com lado igual a 70 cm e com moldura amarela de
15 cm de largura.
5.2 HIDRANTES E MANGOTINHOS
O Sistema de Hidrantes composto por Reserva de Incndio, Bomba de Recalque,
Tubulao, Hidrante, Abrigo de Mangueira e Registro de Recalque. O agente extintor,
utilizado no sistema de hidrantes, a gua e o mtodo de extino por resfriamento.
Conforme Piolli (2003), os sistemas de hidrantes tm a funo de extinguir o
incndio em seus estgios iniciais, ou seja, enquanto o incndio ainda estiver localizado,
no tiver ocorrido inflamao generalizada e houver condies dos brigadistas se
aproximarem para desenvolver, com segurana, as operaes de combate ao incndio.
5.2.1 RESERVA DE INCNDIO
um compartimento feito de concreto armado ou de metal, destinado ao
armazenamento de grande quantidade de gua que, efetivamente, dever ser fornecida
para o uso exclusivo de combate ao incndio.
A capacidade da reserva de incndio dever ser suficiente para garantir o suprimento
dos pontos de hidrantes, considerando em funcionamento simultneo, durante o tempo
solicitado nas especificaes tcnicas.
5.2.2 BOMBA DE RECALQUE
A Bomba de Recalque efetua o deslocamento da gua no interior das tubulaes. O
seu acionamento manual botoeira tipo liga/desliga ou automtico, atravs da chave
de fluxo para reservatrios elevados ou manmetros para reservatrios subterrneos.
As Bombas de Recalque possuem motor eltrico ou motor a exploso. As
instalaes da bomba recalque devero seguir as seguintes condies:
Devem ser protegidas contra intempries, fogo, umidade, agentes qumicos e
danos mecnicos;
A automatizao da bomba deve ser executada de maneira que, aps a
partida do motor, seu desligamento seja obtido somente por acionamento
manual, localizado dentro da casa de bombas e em um ponto estratgico da
edificao ou no prdio de maior risco;
39
O funcionamento automtico iniciado pela simples abertura de qualquer
ponto de hidrante da instalao;
Devem ser utilizadas somente para esse fim;
As chaves eltricas de alimentao das bombas devem ser sinalizadas com a
inscrio Alimentao da Bomba de Incndio No desligue
As bombas de recalque devem possuir uma placa de identificao na qual
poder ser constatada a sua potncia.
5.2.3 TUBULAO
A tubulao consiste em um conjunto de tubos, conexes, acessrios e outros
materiais destinados a conduzir a gua, desde a reserva de incndio at os pontos de
hidrantes. Todo e qualquer material previsto ou instalado deve ser capaz de resistir ao
efeito do calor, mantendo seu funcionamento normal. O meio de ligao entre tubos,
conexes e acessrios diversos deve garantir a estanqueidade e a estabilidade mecnica
da junta, e no deve sofrer comprometimento de desempenho se for exposto ao fogo.
Conforme a NBR 13714, nenhuma tubulao de alimentao dos pontos de
hidrantes pode ter dimetro nominal inferior a 65 mm. A tubulao aparente dever ser
pontada na cor vermelha e os acessrios na cor amarela (registros e vlvulas).
5.2.4 HIDRANTE
Hidrante um ponto de tomada de gua provido de dispositivo de manobra
(registro) e unio de engate rpido. Os hidrantes podero ser de coluna ou de parede e
com uma nica expedio ou duplos.
Todos os pontos de hidrantes devem receber sinalizaes que permitam sua rpida
localizao, tambm no podendo ficar obstrudos. A utilizao do sistema de hidrantes
no deve comprometer a fuga dos ocupantes da edificao; portanto, deve ser projetado
de forma a proteger a rea da edificao, sem que obstrua as rotas de fuga.
5.2.5 ABRIGO DE MANGUEIRA
Compartimento (cor vermelha), embutido ou aparente, dotado de porta, destinado a
armazenar mangueiras, esguichos e outros equipamentos de combate ao incndio, capaz
de proteger contra intempries e danos diversos. Dever ser instalado a no mais de 5
metros de cada hidrante de coluna, em lugar visvel e de fcil acesso, com o dstico
incndio na porta.
5.2.6 REGISTRO DE RECALQUE
O sistema deve ser dotado de registro de recalque, consistindo em um
prolongamento da tubulao, com dimetro nominal mnimo de 65 mm at a entrada
40
principal da edificao, cujos engastes so compatveis aos utilizados pelo Corpo de
Bombeiros.
O dispositivo de recalque pode ser instalado na fachada da edificao ou no muro da
divisa com a rua, com a introduo voltada para a rua e para baixo em um ngulo de 45
graus e a uma altura entre 0,60m e 1 metro, em relao ao piso do passeio.
5.3 ILUMINAO DE EMERGNCIA
Quando ocorre um incndio em um edifcio, a dificuldade da visibilidade em
corredores, escadas e passagens pode significar a diferena entre uma evacuao
planejada e o caos. O sistema de iluminao de emergncia complementa a viabilidade
da sada dos ocupantes do edifcio, portanto, no pode ser concebido isoladamente dos
demais sistemas de segurana da edificao (ARAUJO; GUBEROVICH, 2008).
A iluminao de emergncia obrigatria em todos os locais que proporcionam uma
circulao horizontal ou vertical, de sadas para o exterior da edificao. O sistema de
iluminao do ambiente deve garantir um nvel mnimo de iluminamento no piso de 05
lux em locais com desnvel e 03 lux em locais planos; deve permitir o reconhecimento
de obstculos que possam dificultar a circulao, como grades, sadas, mudanas de
direo, etc.; e no pode deixar sombras nos degraus das escadas e obstculos
(BRASIL, 1999).
De acordo com Arajo e Guberovich (2008), o projeto do sistema de iluminao de
emergncia deve levar em considerao a falta ou falha de energia eltrica fornecida
pela concessionria ou o desligamento voluntrio, em caso de incndio na rea afetada.
Alm disso, deve indicar pontos da instalao dos dispositivos de iluminao, com o
tempo mnimo de funcionamento do sistema previsto nessas reas, em caso de
planejamento da variao da autonomia de iluminao de emergncia em diferentes
reas. O projeto deve ser constitudo de memoriais e outros documentos, bem como das
plantas de leiaute que definam as exigncias do projeto da iluminao de emergncia e
suas solues, alm de definir e facilitar a instalao do sistema.
5.4 SISTEMA AUTOMTICO DE DETECO E ALARME DE INCNDIO
Os sistemas de deteco e alarme de incndio so constitudos por elementos que
fornecem informaes sobre os princpios de incndio por meio de indicaes sonoras e
visuais, esses sistemas controlam os dispositivos de segurana e de combate automtico
instalados no edifcio ou rea de risco.
O objetivo detectar o incndio, que se apresenta sob a forma de trs fenmenos
fsicos:
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Fumaa;
Elevao da temperatura ambiente em relao normal;
Radiao da luz de chama aberta.
Primeiramente, feito uma deteco do incndio, aps a deteco, os acionadores
manuais enviam uma mensagem do local do fogo at a central de processamento, o
aviso ativado pela central de alarme e, por fim, so acionados os dispositivos
auxiliares para ativao de outros sistemas de combate a incndio.
A proposta do sistema de deteco e alarme de incndio (SDAI) detectar o fogo
em seu estgio inicial, a fim de possibilitar o abandono rpido e seguro dos ocupantes
do edifcio e iniciar as aes de combate ao fogo, evitando assim a perda de vidas, do
patrimnio e tambm evitar contaminao do meio ambiente (BRASIL, 2010).
5.5 SINALIZAO DE EMERGNCIA
A sinalizao de segurana contra incndio e pnico tem como objetivo reduzir o
risco de ocorrncia de incndio, alertando para os riscos existentes, alm de garantir que
sejam adotadas aes adequadas situao de risco, que orientem as aes de combate e
facilitem a localizao dos equipamentos e das rotas de sada para abandono seguro da
edificao em caso de incndio. A sinalizao de segurana contra incndio e pnico faz
uso de smbolos, mensagens e cores definidos na ABNT NBR 13434-2 e instalados nas
reas de risco (BRASIL, 2004).
Brasil (2004) descreve os requisitos exigveis que devem ser satisfeitas pela
instalao do sistema de sinalizao contra incndio e pnico em edificaes. A
sinalizao de segurana classificada em bsica e complementar.
A sinalizao bsica constituda por quatro categorias, que so:
Sinalizao de proibio;
Sinalizao de alerta;
Sinalizao de orientao e salvamento;
Sinalizao de equipamentos.
A sinalizao de proibio tem a funo de proibir aes capazes de conduzir o
incio de um incndio; a sinalizao de alerta tem a funo de alertar para reas e
materiais com potencial de risco; a sinalizao de orientao e salvamento tem a funo
de indicar as rotas de sadas e aes necessrias para o seu acesso e a sinalizao de
equipamentos de combate a alarme tem a funo de indicar a localizao e os tipos de
equipamentos de combate aos incndios disponveis.
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A sinalizao complementar formada por faixas de cor ou mensagens, onde so
empregadas nas seguintes situaes:
Indicao continuada de rotas de sada, como pilares, arestas de paredes,
vigas, etc.;
Indicao de obstculos e riscos de utilizao das rotas de sada;
Mensagens especficas que acompanham a sinalizao bsica, onde for
necessria a complementao da mensagem dada pelo smbolo.
Os diversos tipos de sinalizao de segurana contra incndio e pnico devem ser
implantados em funo de caractersticas especificas do uso e dos riscos, bem como em
funo de necessidades bsicas para a garantia da segurana contra incndio na
edificao (BRASIL, 2004).
5.6 BRIGADA DE INCNDIO
A instalao de equipamentos de proteo nos edifcios e reas de risco no garante
que, na ocorrncia de um incndio, seja ele simplesmente extinto ainda em seu
princpio. necessrio que os ocupantes tenham conhecimentos bsicos sobre a
operao de tais equipamentos e saibam agir ordenadamente, atuando assim de modo
eficaz durante a situao de emergncia.
Segundo Pereira e Popovic (2007), a utilizao dos equipamentos de proteo
dever ser realizada por uma equipe especializada, ou seja, pelos integrantes da Brigada
de Incndio. A Brigada de Incndio um grupo organizado de pessoas treinadas e
capacitadas para atuar na preveno e no combate a um principia de incndio, bem
como na evaso do local e na prestao de primeiros socorros, dentro de uma rea
preestabelecida.
A organizao da Brigada de Incndio nas edificaes feita de acordo com
algumas caractersticas, tais como: a altura, rea construda, nmero de ocupantes,
nmero de pavimentos e tipo de ocupao da edificao. Porm, necessrio consultar
a Norma Tcnica NBR 14276.
So atribuies das Brigadas de Incndio: aes de preveno e aes de
emergncia. Essas aes consistem em:
Aes de preveno
Elaborao de relatrios das irregularidades encontradas;
Inspeo geral dos equipamentos de proteo contra incndio;
Orientao populao fixa e flutuante;
Avaliao dos riscos existentes;
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Realizao de exerccios simulados;
Inspeo de sadas de emergncia e acessos;
Encaminhamento do relatrio aos setores competentes.
Aes de emergncia
Combate ao princpio de incndio;
Corte de energia;
Recepo e orientao ao Corpo de Bombeiros;
Identificao do sinistro;
Preenchimento do formulrio de registro de trabalho dos bombeiros;
Primeiros socorros;
Alarme/evaso da rea;
Acionamento do Corpo de Bombeiros;
Encaminhamento do formulrio ao Corpo de Bombeiros para atualizao de
dados estatsticos.
Devem ser realizados exerccios simulados no estabelecimento ou local de trabalho,
com a participao de toda a populao, em intervalos mximos de trs meses pra
simulados parciais e seis meses para simulados completos. Avalia-se assim, a brigada
de incndio, com o intuito de obter o melhor desempenho durante as aes de
emergncia (PEREIRA;POPOVIC, 2007).
5.7 SADAS DE EMERGNCIA
As sadas de emergncia consistem em reas especiais utilizadas para dar conforto
mnimo e segurana aos usurios nas situaes de emergncias. As sadas devero ser
executadas no processo inicial da construo, para que possam ser observados todos os
detalhes construtivos.
Segundo Pereira, Almiron e Del Carlo (2008), o tempo necessrio para que todos os
ocupantes de uma edificao consigam atingir um local seguro, previamente
estabelecido depende de:
a) caractersticas da populao: nmero de ocupantes, sua distribuio pela
edificao, sua condio fsica, suas reaes, seu estado fsico e mental;
tempo que dormiu ou o tempo que esteja acordado e se ou no treinado
para enfrentar emergncias;
b) tipo de atividade exercida: natureza dos componentes, dos processos
industriais, etc.;
44
c) instalaes industriais abertas: so consideradas de alto risco para a
evacuao. So os processos industriais que, em frao de segundos,
colocam em risco uma grande rea. A sada de funcionrios de
plataformas e torres de refinao deve estar no sistema de evacuao e
receber um tratamento particular e requerem um treinamento especfico
(indstrias qumicas, petroqumicas).
Durante o perodo de evacuao, a populao envolvida procura determinados
pontos de apoio para servir de orientao. Dentre os mais procurados, esto os
corredores e as escadas de Segurana.
Os corredores devem ter as posies e os espaos completamente desobstrudos,
com trnsito livre para as pessoas, alm de luz e ventilao necessrias ao bom
andamento, tambm deve possuir materiais de acabamento e de revestimento
incombustvel e largura de acordo com as necessidades de unidades de passagem. As
escadas devero possuir sistema de ventilao, facilitando a aerao e a extrao de
possvel entrada de fumaa, devem ter lances retos e em alguns tipos de escadas
tambm existe a necessidade de haver portas cota fogo, dutos de ventilao ou ainda a
pressurizao da caixa da escada. Todas as escadas de segurana devem possuir
resistncia ao fogo compatvel com a ocupao (PEREIRA; ALMIRON; DEL CARLO,
2008).
Os grandes intervalos de tempo proporcionam insegurana aos ocupantes da
edificao, que por outra parte, pode incluir pessoas idosas, enfermas ou mesmo
invlidas temporria ou permanentemente (cegos, gestantes, surdos-mudos).
Infelizmente, a busca incessante de controle de gastos e a diminuio de custos nas
obras levam vrios profissionais a ignorar itens fundamentais nas sadas de emergncia.
Como resultados tm-se a inconscincia, a imprudncia, o risco para os outros, a
negligncia, a inconsequncia e a ignorncia. para a proteo do homem que existe a
legislao e o correto projeto suprindo as falhas do aspecto humano e salvaguardando os
bens. Nas sociedades evoludas dado um valor inestimvel s pessoas e as perdas de
vidas humanas so consideradas como inaceitveis (ABOLINS; BIANCHINI;
NOMELLINI, 2008).
5.8 SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMTICOS
O sistema de chuveiros automticos um sistema fixo de combate a incndio e
caracteriza-se por entrar em operao automaticamente, quando ativado por um foco de
45
incndio, liberando gua em uma densidade adequada ao risco do local que visa
proteger e de forma rpida para extingui-lo ou control-lo em seu estgio inicial.
A sua eficcia reconhecida em funo do menor tempo decorrido entre a deteco
e o combate ao incndio, pois essa caracterstica pode evitar a propagao do incndio
para o restante da edificao. Outra caracterstica importante desse sistema o
acionamento do alarme simultaneamente com o incio de operao, o que propicia a
fuga dos usurios com segurana.
O princpio de operao desse sistema consiste em confinar o fogo na rea de
aplicao controlando ou extinguindo o foco do incndio em seu estgio inicial, por
meio de descarga automtica de gua. Assim, em uma grande rea sem
compartimentao como, por exemplo, em um galpo industrial, o sistema de chuveiros
automticos opera como compartimentao agindo na rea restrita ao foco do incndio,
evitando a propagao do fogo e reduzindo os danos. J o princpio de funcionamento
do chuveiro automtico atuar como alarme, detectar e combater fogo.
Como esse sistema objeto de estudo do trabalho, uma abordagem mais detalhada
ser realizada no captulo 6.
46
6. BOAS PRTICAS EM PROJETOS DE SISTEMAS DE COMBATE A
INCENDIOS POR CHUVEIROS AUTOMTICOS
6.1 ASPECTOS HISTRICOS
O sistema de chuveiros automticos teve o incio de seu desenvolvimento no sculo
XIX, embora o aperfeioamento de vrios tipos de sistemas e de chuveiros tenha
ocorrido no sculo XX.
Segundo BRYAN (1976), o primeiro sistema de chuveiros automticos foi criado na
Inglaterra, em 1806, por John Carey. Esse sistema consistia de tubos perfurados
conectados a um sistema de suprimento de gua com um reservatrio elevado. A coluna
de distribuio de gua continha uma vlvula fechada conectada a um sistema de cordas
e de pesos, que era arranjado de tal forma que as cordas ao serem queimadas abriam
uma vlvula por operao de um contrapeso liberando gua para a extino do fogo.
Em 1812, Sir William Congreve melhorou o sistema de John Carey substituindo as
cordas por um cimento fundvel, projetado para entrar em operao a 44C. Ao
patentear o seu sistema, Congreve incluiu uma ligao que considerada a primeira
vlvula de alarme, que operava pela queda de um peso.
O Major Stewart Marcison, em 1864, projetou um chuveiro automtico, considerado
como o prottipo, pois apresentava elemento termo-sensvel, que se fundia sob a ao
do calor e permitia a descarga da gua sob presso em todas as direes, acionando
somente aqueles atingidos pela ao do calor. Mais tarde, Henry Parmelee produziu um
chuveiro automtico que foi o primeiro a ser aceito comercialmente e tambm
reconhecido pelas seguradoras (GONALVES e FEITOSA (1998)).
Ainda, segundo os mesmos autores, em 1922 foi lanado pela Grinnell um chuveiro
com ampola de vidro com o objetivo de eliminar os problemas de corroso que ocorria
nos modelos de metal. A partir da, houve uma srie de pesquisas contnuas no sentido
de aperfeioar e, consequentemente, melhorar a eficincia desse sistema, que
atualmente considerado o mais importante sistema de proteo contra incndio.
Conforme o API GROUP INC. (s.d), a evoluo histrica do sistema de chuveiros
automticos pode ser descrita da seguinte forma:
1806 John Carey projeta um sistema de tubos perfurados, atuadores e
cordas em chamas.
1812 Cel. William Congreve projeta tubos perfurados com vlvulas.
1875 Parmelee inventa o primeiro chuveiro automtico moderno.
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1882 Grinnell inventa um sistema de chuveiro automtico melhorado que
com capacidade de suportar presses maiores e de distribuir a gua mais
uniformemente.
1885 John R. Freeman realiza testes extensivos em sistemas de chuveiros
automticos.
1895 Reunio dos representantes de seguradoras em Nova York para
estabelecer normas de proteo contra incndio.
1896 a NFPA ( National Fire Protection Association) oficialmente
instituda e publica normas para sistemas de proteo contra incndio.
6.2 CONCEITUAO
O sistema de chuveiro automtico torna-se recomendvel para ocupaes de risco
aumentado, haja vista a concentrao de carga combustvel. Quando se analisa um
sistema de proteo contra incndio, deve-se considerar uma srie de importantes
fatores, tais como:
Perdas na economia;
Paralisao de atividade;
Risco a vida.
Para Hernandez Filho (1987), o dimensionamento de um sistema de combate
incndio deve entender os riscos de perdas que podem advir de um sinistro, sejam no
mbito econmico ou relativo a vida dos ocupantes desta edificao. Entendo este
princpio de risco, um sistema adequadamente projetado minimiza consideravelmente os
potenciais de perdas.
Desde sua inveno, os sprinkler (chuveiros automticos) tem demonstrado ser o
melhor e mais eficiente equipamento disponvel no combate a incndios. Contudo
prudente lembrar que um sistema de sprinklers tem como funo o combate das chamas
em sua fase incipiente, visando a extino ou retardo que permita o combate por parte
da unidade de bombeiros.
Segundo pesquisa realizada ao longo da dcada de 80 nos Estados Unidos, Solomon
(1989) apresentou os seguintes resultados:
28 % dos incndios foram extintos ou controlados por 1 (um) sprinkler;
46 % dos incndios foram extintos ou controlados por 2 (dois) sprinkler;
89 % dos incndios foram extintos ou controlados por at 15 (quinze)
sprinkler.
48
O sistema de chuveiros automticos um sistema fixo de combate a incndio e
caracteriza-se por entrar em operao automaticamente, quand
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