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Novas dinâmicas territoriais na Amazônia Tocantina: Emancipação

territorial e demanda por formação de novos municípios.

Luiz Henrique Nascimento Pereira – Universidade Federal do Pará

[email protected]

Rosangela Patriaca Aragão da Silva – Universidade Federal do Pará [email protected]

Valbeci Alves Cabral – Universidade Federal do Pará

[email protected]

Resumo:

Novas Dinâmicas territoriais. Na História do Brasil grandes vilas tiveram papel

importante na estruturação de cidades, tanto em aspectos econômicos quanto sociais.

O presente trabalho propôs pesquisar a respeito da possibilidade de emancipação de

territórios denominados de vilas (distritos) no município de Cametá, haja vista a

densidade populacional que esses territórios vêm apresentando nos últimos anos.

Com objetivo de Identificar os argumentos pela formação de novos Municípios a partir

da emancipação da Vila de Carapajó em Cametá. Buscou-se através de questionários

semi-estruturados e entrevistas para interagir com a comunidade local em busca de

informações consistentes que subsidiaram a pesquisa, em busca de encontrar os

principais atores nesse processo de emancipação do território referido. No estudo de

caso constatou-se dentro da conjuntura do Distrito, a insatisfação da população e do

poder público municipal a qual foi construída historicamente, o que consequentemente

ocasiona o desejo de separação dessa comunidade local. Contudo, não é só querer

para justificar uma emancipação, os dados evidenciaram que ainda há necessidade de

se estruturar o distrito para que futuramente o mesmo se torne uma sede municipal.

Portanto, a discussão se discorreu sobre a melhoria da qualidade de vida dos

agrupamentos locais no município de Cametá, também está colaborando com a

discussão sobre demanda por formação de novos territórios no âmbito da ciência

geográfica na região amazônica, especialmente no estado do Pará.

Palavra chave: Emancipação, Dinâmica territorial, Novos municípios.

1-INTRODUÇÃO.

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O presente relatório de pesquisa pretende apresentar resultados

sobre o estudo das possibilidades de emancipação do território denominado de

vila (distrito) do Carapajó pertencente ao município de Cametá (PA), haja vista

a densidade populacional que esse território vem apresentando nos últimos

anos é significativa, sendo está um dos requisitos representativos para que

ocorra uma pretensão de emancipação.

Nesse sentido investigaram-se os indicadores e os argumentos

usados pelos principais atores envolvidos na petição assim como a população,

para justificar esse processo, identificar qual a perspectiva para com esse

desmembramento, de um modo geral, estuda as propostas, buscando os

autênticos interessados nesse processo, levantar dados políticos, econômicos

e culturais, da vila de carapajó, que justifiquem a criação de tal município.

Propõe-se pesquisar indicativos econômicos, educação, saúde, moradia,

saneamento básico, segurança, indicadores populacionais e especificidades

culturais, buscando compreender quais as justificativas para essas demandas,

e quais os aspectos de melhorias quantitativas e qualitativas que está sendo

proposta a vila de Carapajó (Distrito). Para isso utilizou-se instrumentos como

pesquisa bibliográfica, entrevistas com moradores, e líderes comunitários,

mapeamento da área de estudo, bem como análise documental.

Pretendendo com isso, está não somente contribuindo com a

discussão sobre a melhoria da qualidade de vida das coletividades locais no

município de Cametá, mas também, está contribuindo com a discussão sobre

demanda por formação de novas territorialidades no âmbito da ciência

geográfica na região amazônica, principalmente no estado do Pará.

2- JUSTIFICATIVA.

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O município de Cametá possui 10 distritos (vilas) em seu território, são

eles; Cametá, Juanacoeli, Curuçambaba, Carapajó, Porto Grande, Torres do

Cupijó, Juaba, Areião, Vila do Carmo e São Benedito de Moiraba, sendo que

destes, ao todo, existem três movimentos pela formação de novos municípios,

são eles: Distrito da vila de Carapajó, distrito de Vila do Carmo e distrito de vila

de Juaba, estando à última em estágio mais avançado, havendo um projeto

com o processo em andamento com Nº 000551, de 24/01/2002 na ALEPA,

faltando regulamentação do § 4º do (Art. 18 da Constituição Federal) e a falta

do memorial descritivo do pretenso município.

Trindade Jr. Nos diz que a partir da década de 60 surgiu dois padrões

de cidades “Cidade da floresta” e “Cidades na floresta” a qual pelas sua

características se enquadra Cametá e seus distritos, do ponto de vista da

dependência e a forte relação com o Rio Tocantins, a qual na visão do

professor Msc. Marcel Padinha exista duas Cametá no dia, aquela que no

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período da manhã atende o pública das ilhas, distritos e até outros municípios,

e outro que na parte da tarde já é predominante o público urbano.

As “Cidades da floresta” são cidades que tem articulação e interesses que são externos a essa região, ou seja, as demandas são propriamente para outras regiões, fazendo da floresta um elemento de pouca integração aos novos valores da vida urbana, essas cidades veem a floresta a partir de interesses capitalistas de exploração como minério, madeira e etc. (Trindade, São Paulo, 2009)

Na constituição federal existem diretrizes para que um distrito se torne

município, a EC 15/1996 deu nova redação ao §4º do art. 18 da CF/88

mudando radicalmente as regras de criações de município. Assim, no Artigo

único. O §4º do art. 18 da Constituição Federal está a seguinte redação:

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos, após divulgação dos estudos de viabilidade municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

Segundo os dados do IBGE (1960-2010) verifica-se que a população

brasileira vem crescendo significativamente, nesse sentido, o processo

histórico de emancipação adquiriu uma potencialidade relevante, destacando-

se no estado do Pará e na Amazônia, representado na tabela abaixo:

Ano Brasil Pará Amazônia

1960 70.070.457 60 182

1970 93.139.037 83 229

1980 119.002.706 83 258

1991 146.825.475 105 397

2000 169.798.170 143 575

2010 190.775.799 143 590

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Especificamente no estado do Pará e na Amazônia o crescimento dos

municípios se dá dessa forma, como no gráfico abaixo:

Segundo as Leis (EC) do Congresso Nacional, de 17 de outubro de

2008, no Brasil atualmente mais de 800 distritos que já pediram emancipação.

Se esses requerimentos forem aprovados, o Brasil passará de 5.564 para

6.370 o número de municípios e ganhará mais de 7.200 vereadores. Com essa

emancipação esses municípios passarão a receber serviços básicos para a sua

população, como os postos de saúde e escolas, devido à inclusão do mesmo

no fundo de participação dos municípios e dos repasses dos governos federal e

estadual.

Para que um município seja criado existem normas estabelecidas por

lei, a lei complementar de Nº 074, de setembro de 2010, sancionada pela

Assembleia legislativa do estado do Pará nos diz:

Art. 2º Nenhum município será criado sem a verificação da existência, na respectiva área territorial ou na área territorial a ser desmembrada dos seguintes requisitos:

0

500

1000

1500

2000

2500

1 2 3 4 5 6

Ano

Pará

Amazônia

FONTE: IBGE

FONTE: IBGE

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I – população superior a cinco mil habitantes; II – eleitorado não inferior a dois mil eleitores de sua população; III – centro urbano já constituído, com número de prédios residenciais, comerciais e públicos superior a quatrocentos; IV – estimativas de receitas a) Fiscal, área que irá formar o novo município, atestada pelo

órgão fazendário municipal, com base na projeção dos tributos próprios a serem arrecadados e estadual, com base na arrecadação do ano anterior ao da arrecadação do estudo de viabilidade, considerando apenas os agentes econômicos já instalados.

Portanto, Cazzolato (2011) nos alerta para a forma como está sendo

conduzida essa redivisão, pois pode levar a prejuízos federativos, ele diz que

devem ser colocados em debate à inserção de parâmetros técnicos na

legislação, definindo dimensionalmente a composição territorial da federação.

Aprimoramento dos processos de alteração territorial, incluindo dispositivos

dimensionais e outros que remetam ao todo federativo entre outros.

O Brasil é um país que está emergindo em sua economia, compõe o

BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China), contudo o IDHM (Índice de

desenvolvimento Humano Municipal) de muitos municípios é muito baixo, no

caso do município de Cametá que tem uma população acima cento e vinte mil

habitantes IDHM é baixo, onde o mesmo está posição 4.695 no Brasil, este

índice já evoluiu desde o IDHM de 1991 até 2010, no entanto ainda é um índice

baixo fazendo uma comparação com países da África como, Zâmbia (IDH -

0,561) e república do congo (IDH – 0,564) que possuem IDH (Índice de

desenvolvimento humano) similares ao IDHM do município de Cametá. Como

se observa na tabela abaixo:

Cametá

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Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM IDHM 2010 0,577

IDHM 2000 0,432 IDHM 1991 0,328

Fonte: Atlas Brasil 2013 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Na dinâmica territorial na Amazônia tocantina a extensão territorial dos

munícipios é muito grande e em muitos casos a sede do munícipio não

consegue dar atenção a todos os distritos, centralizando os recursos na sede

administrativa, ocasionando um sentimento de desmembramento pelas tais

localidades, justamente pelo fato da população não ser contemplada frente aos

atendimentos básicos, essenciais como: educação de qualidade, pavimentação

das vias públicas que dão acesso a essas localidades, saúde, segurança.

No caso do distrito de Carapajó, localizado à margem direita do Rio

Tocantins, no município de Cametá, a situação não é diferente, há uma

insatisfação da população para com os gestores municipais, pois a mesma

culpabiliza a atual gestão, no entanto, cabe ressaltar que esse problema de

gestão pública é construído historicamente. Contudo as petições

frequentemente não atendidas, deixando a deriva essas áreas assim como as

regiões rurais e mais distantes da sede em situações precárias. Frente a um

sentimento de abandono por parte dos gestores públicos, surgindo o desejo de

se emancipação da comunidade carapajoense, ou seja, se tornar

independente, movimento esse que já aconteceu em muitos lugares como, São

Paulo, Goiás, vários estados, inclusive atualmente tramitam na Assembleia

legislativa do estado do Pará (ALEPA), mais de 40 propostas de criação de

novos municípios, são vilas distritos e comunidades que buscam se tornam

sedes municipais. Em Cametá já houve esse processo de emancipação, por

volta de 1961 o distrito de Limoeiro do Ajuru foi desmembrado de Cametá se

tornando um município.

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Para tanto, cabe salientarmos a origem da Vila de Carapajó, que é

sede da quinta circunscrição judiciaria no município de Cametá, o mesmo

recebeu título de vila em 25 de dezembro 1916 através da lei 1530 de 05 de

outubro de 1916 e o decreto número 3154, de 30 de novembro do mesmo ano.

O distrito tem ao norte a delimitação com a vila de curuçambaba e ao sul, a vila

do Carmo do Tocantins. Há algumas versões sobre o nome da vila segundo

Raimunda Cohen Veiga, o rio estreito da vila de Carapajó era um igarapé,

sendo que na época da revolução cabana, um homem, natural de Roma, por

nome Hilário de Moraes Bittencourt chegou de bote com algumas pessoas,

nesse igarapé, fugido dos cabanos. E neste igarapé havia um senhor que se

chamava Carapajó, daí a denominação da Vila. Segundo moradores, outra

versão diz que duas tribos indígenas brigavam, uma se chamava cara e a outra

pajó, e no final acabaram se apaziguando, formando-se um vilarejo chamado

carapajó. A outra versão é que, o nome surgiu em homenagem ao antigo

morador que continha o sobrenome de Carapajó, nome indígena.

FONTE: HENRIQUE, 2015, CARAPAJÓ-VISTA DE FRENTE

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Nossa pesquisa de campo para relatório final deu-se no dia 28 de julho

de 2015, constatou-se a insatisfação dos moradores com a administração do

município e um forte sentimento de independência. Entrevistou-se

representantes de todos os segmentos da sociedade daquela localidade como:

o representante do Comércio, da igreja, dos professores.

Rosivaldo Batista Miranda, Professor, 39 anos.

Ordem Perguntas Respostas

1º Enquanto cidadão e/ou profissional, o Senhor (a) já participou de alguma ação voltado à emancipação política do Distrito de Carapajó (transformar o distrito em município)?

O mesmo já participou de várias reuniões as quais eram regidas pelo movimento “Declare seu amor por Carapajó”

2º Em caso positivo, qual foi a ação e como se deu sua participação ?

Articulação das reuniões

3º O Senhor (a) tem conhecimento do projeto de Lei que tramita na Assembleia Legislativa Estadual visando à emancipação política do Distrito de Carapajó (transformar o distrito em município)?

Sim, o mesmo é ciente de que foi feito o projeto e encaminhado para ALEPA (Assembleia Legislativa do Pará), contudo o mesmo não aparece na lista de projetos que deram entrada na mesma.

4º Qual o posicionamento do senhor (a) em relação a este projeto de Lei?

O favor, segundo ele no presente momento com o veto do projeto de lei para criação de novos municípios, o caminho é buscar novas estruturas para o distrito (melhoria de saneamento, estruturas administrativas, correios e etc) para que quando o veto for derrubado o distrito esteve nas condições de se emancipar.

5º Enquanto cidadão e/ou profissional a proposta de emancipação política do distrito de Carapajó contemplará suas aspirações/necessidades, no sentido de melhoria da qualidade de vida desse distrito vila/município?

Como cidadão a emancipação segundo ele irá melhorar a qualidade de vida da população, pelo fato de que com a emancipação surgiriam novas atividades para que o dinheiro circulasse no distrito.

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6º Na sua visão quais seriam os principais argumentos fortalecem/justificam a emancipação deste Distrito?

A Justificativa para emancipação é falta de assistência do município para com o distrito, a má distribuição de renda, sendo que o Carapajó contribui muito para economia do município.

7º A emancipação seria o caminho adequado para o alcance das aspirações/necessidades? Por quê?

Na visão do mesmo o processo de emancipação seria o caminho mais adequado, enfatizando que quando algumas estruturas administrativas (correios) são estabelecidas no distrito, trará benefícios e consequentemente desenvolvimento e futuramente a emancipação.

Maria Auxiliadora Cavalcante fiel, Enfermeira, 54 anos.

Ordem Perguntas Respostas

1º Enquanto cidadão e/ou profissional, o Senhor (a) já participou de alguma ação voltado à emancipação política do Distrito de Carapajó (transformar o distrito em município)?

Não

2º Em caso positivo, qual foi a ação e como se deu sua participação ?

3º O Senhor (a) tem conhecimento do projeto de Lei que tramita na Assembleia Legislativa Estadual visando à emancipação política do Distrito de Carapajó (transformar o distrito em município)?

Não

4º Qual o posicionamento do senhor (a) em relação a este projeto de Lei?

Contra, no presente momento

5º Enquanto cidadão e/ou profissional a proposta de emancipação política do distrito de Carapajó

Não é o melhor caminho.

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contemplará suas aspirações/necessidades, no sentido de melhoria da qualidade de vida desse distrito vila/município?

6º Na sua visão quais seriam os principais argumentos fortalecem/justificam a emancipação deste Distrito?

7º A emancipação seria o caminho adequado para o alcance das aspirações/necessidades? Por quê?

Na sua visão a emancipação não é o melhor caminho. Por que seria o distrito buscar novas articulações com a sede para ser melhor atendida suas necessidades.

Reumison Freitas Pompeu, Autônomo, 27 anos.

Ordem Perguntas Respostas

1º Enquanto cidadão e/ou profissional, o Senhor (a) já participou de alguma ação voltado à emancipação política do Distrito de Carapajó (transformar o distrito em município)?

Sim

2º Em caso positivo, qual foi a ação e como se deu sua participação ?

Articulação das reuniões e discussão sobre a emancipação do beiradão (lado direito do rio Tocantins).

3º O Senhor (a) tem conhecimento do projeto de Lei que tramita na Assembleia Legislativa Estadual visando à emancipação política do Distrito de Carapajó (transformar o distrito em município)?

Sim, foi feito o projeto e encaminhado para ALEPA (Assembleia Legislativa do Pará), apesar disso o mesmo não aparece na lista de projetos que deram entrada na mesma.

4º Qual o posicionamento do senhor (a) em relação a este projeto de Lei?

A Favor, que com a emancipação o distrito irá avançar bastante.

5º Enquanto cidadão e/ou profissional a proposta de emancipação política do distrito de Carapajó contemplará suas aspirações/necessidades, no

Sim

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sentido de melhoria da qualidade de vida desse distrito vila/município?

6º Na sua visão quais seriam os principais argumentos fortalecem/justificam a emancipação deste Distrito?

A má distribuição da renda no distrito sendo que Carapajó que acaba ficando desassistido das políticas públicas municipais, o qual também contribui para a arrecadação do município.

7º A emancipação seria o caminho adequado para o alcance das aspirações/necessidades? Por quê?

Sim, Por causa da logística que interliga a outros municípios, e a grande agricultura que exporta açaí, pimenta, como atributo econômico para outros municípios.

Segundo os atores sócios desta problemática, o problema que leva ao

desejo de se emancipar é a falta de uma subprefeitura, nessas localidades não

há uma subunidade, sendo um problema grave, não havendo um representante

direto da prefeitura para se comprometer em organizar as vilas (distritos),

gerando a necessidade do deslocamento do problema para a sede do

município, para serem tomadas as providências. Ocasionando um desconforto

administrativo.

Dentro dessa discussão Castro (2005) nos coloca o espaço funcional

da burocracia de despachos administrativos, que são as sedes administrativas,

instalados em capitais políticas geralmente dotadas de infraestrutura, no

contexto será a cidade de Cametá. Como consequência o espaço atendido

provido ou desprovido quanto ao alcance da função administrativa e seu campo

de ação ou área de influência, no contexto o distrito de Carapajó.

Os municípios muitas das vezes são pensados na dimensão

estatísticas nascer uma de forma pragmática, de uso do capital. Esquecendo-

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se a dimensão qualitativa, que faz nascer um anseio por uma emancipação e

como se o espaço funcional fosse o “pai” privilegiando filhos mais velhos

(Cidade) e o espaço atendido fosse o “filho mais novo” (Distrito) sendo

esquecido pelas decisões do pai, e assim buscando novos caminhos para o

seu desenvolvimento. Desse modo Castro (2005), nos salienta que:

Ele tem sido percebido preferencialmente o recorte espacial da informação estatística, e o recorte é útil para análises setorizadas da atividade econômica, das finanças e da sociedade. Porém, estas informações pouco revelam sobre o município como objeto de conhecimento e como um resultado possível das próprias condições diferenciadas das sociedades regionais e locais do país. (Castro, 2005 Pg. 136).

O município em questão é reflexo de sua sociedade local, da suas

particularidades, e os distritos tem seus atributos que atribuem uma

característica para o município, e quando o mesmo está desassistido o

sentimento de pertencimento do mesmo afloram, reflexo culturalmente exposto

na forma de ser um cidadão que firme suas raízes e suas convicções com os

aspectos culturais do seu espaço vivido. Com isso Castro (2005) nos salienta

que:

Um novo permitirá perceber melhor, através do município, tantas as diferenças territoriais e sociais no país como algumas das suas causas, obscurecidas em um debate que teima em não ver o espaço mais banal e mais fundamental da nossa sociedade. (Castro, 2005).

Segundo RAFFESTIN (1993):

O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator “territorializa” o espaço (RAFFESTIN, 1993, 143).

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Neste caso os atores desta petição é a sociedade local que utilizam como

objeto territorialização, o apego ao espaço vivido, as suas raízes culturais, que

o conduzem a lutar por um território independe.

Para compreender a justificativa de emancipação do distrito de

Carapajó assim como suas demandas e quais os aspectos de melhorias

quantitativas e qualitativas vem sendo propostas para esse território verificou-

se alguns indicadores relevantes. Segundo o Censo 2010 do IBGE o distrito de

Carapajó possua a população de 10.170 habitantes, sendo que na vila habitam

1.073 e nas ilhas e vilarejos que formam este distrito 9.099 pessoas. Como se

verifica na tabela abaixo:

Distritos

Juabá Curuçambaba Carapajó Januacoeli

Vila do Carmo do Tocantins Moiraba

Torres do cupijó

Areião

Setor (vila)

712 (4.8 %) 496 (4.7%)

1073 (10.5%)

941 (11.5%)

897 (21.5%)

649 (22.4%)

604 (22.5%)

306 (10.2%)

Rural (vila)

14.060 (95.2%)

10.034 (95.3%)

9.099 (89.5%)

7.246 (88.5%)

3.281 (78.5%)

2.248 (77.6%)

2.081 (77.5%)

2.681 (89.8%)

Homens (vila)

378 (53.1%) 252 (50.8%)

577 (53.8%)

483 (51.3%)

473 (52.7%)

359 (55.3%)

320 (53%)

172 (56.2%)

Mulheres (vila)

334 (46.9%) 244 (48.2%)

496 (46.2%)

458 (48.7%)

424 (47.3%)

290 (44.7%)

284 (47%)

134 (43.8%)

Total 14.772 (100%)

10.530 (100%)

10.172 (100%)

8.187 (100%)

4.178 (100%)

2.897 (100%)

2.685 (100%)

2.987 (100%)

No aspecto educacional o distrito de Carapajó, é composto por trinta e

nove escolas municipais e duas estaduais funcionando regularmente, com a

demanda de três mil e dezenove alunos no distrito. Como verifica-se na tabela

abaixo:

FONTE: IBGE, CENSO 2010

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Colunas1 Colunas2

E.M.E.F BAIXO PARURU N° ALUNOS - 56

E.M.E.F CAPITEUA DE CARAPAJÓ N° ALUNOS - 47

E.M.E.F DE AJARAI N° ALUNOS - 167

E.M.E.F DE BOM JARDIM- VILA BOM JARDIM N° ALUNOS - 432

E.M.E.F DE CARAPAJÓ N° ALUNOS - 769

E.M.E.F COLONIA DE JUTAITEUA N° ALUNOS - 25

E.M.E.F PICARREIRA CARAPAJO - N° ALUNOS - 34

E.M.E.F TABATINGA DE CARAPAJÓ N° ALUNOS - 41

E.M.E.F TRÊS LAGOS N° ALUNOS - 23

E.M.E.F D. GENTIL. BITTENCOURT N° ALUNOS - 212

E.M.E.F ILHA GAMA N° ALUNOS - 78

E.M.E.F JOSE DA SILVA COIMBRA – CARAPAJÓ N° ALUNOS - 130

E.M.E.F MENINO JESUS DA PRATICAIA N° ALUNOS - 69

E.M.E.F N.S PERPETUO SOCORRO - BAIXO PARURU N° ALUNOS - 52

E.M.E.F P.EURICO G. DUTRA – CARAPAJO N° ALUNOS - 502

E.M.E.F VENTINA LOPES POMPEU – PARURU N° ALUNOS - 129

E.M.E.F SANTA MARIA DE AJARAI - ILHA AJARAI N° ALUNOS - 252

ESCOLAS MUNICIPAIS DO DISTRITO DO CARAPAJÓ - DADOS 2014 Total-3019

Em relação a aspectos da saúde, há um posto básico de atendimento

básico para atender todo o distrito, com uma demanda média de Seiscentos

pacientes (600) do distrito ao mês, sendo que casos mais graves há

deslocamento para sede.

N° de pessoas do território da equipe médica.

6.268

FONTE: SEMED/CAMETÁ

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N° de pessoas de 15 ou mais anos 4.769

N° de mulheres de 10 a 59 anos 2.392

N° de gestantes cadastradas 19

N° de gestantes acompanhadas por meio de visitas domiciliares pelo ACS no mês

19

N° de consultas agendadas 19

N° de atendimentos de pré-natal 14

N° de diabéticos 07

N° de pessoas com asma 04

No indicador econômico este distrito, baseia-se suas atividades

econômicas na extração de madeira, colheita do açaí no período da safra, para

consumo interno, com uma intensa demanda de exportação para outros

municípios como: Igarapé-miri, Abaetetuba e Belém. Segundo os entrevistados,

outra atividade que teve uma alta expressividade no setor econômico no distrito

de Carapajó foi o cultivo da pimenta, que contribuiu para que o município de

Cametá se destacasse entre os municípios do baixo-Tocantins no contexto da

produção da pimenta. Complementando ainda a economia do distrito de

Carapajó, tem o Cultivo da farinha de mandioca, a venda do peixe para

abastecimento interno e comércio de gêneros alimentícios.

A Cultura deste é muito forte, impulsionada por ser a única vila a ter

carnaval possuindo duas escolas de samba legalizadas que estão em pleno

funcionamento, à escola de Samba Império Xavante em homenagem a tribo de

índios, fundada pela família Alves Cabral com fantasias adereços carros

alegóricos semelhantes aos grandes carnavais, e a Escola de Samba Império

Quenzinho fundada para rivalizar com a anterior fundada pela família Gabaia,

FONTE: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE: DADOS DE JUNHO 2015

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outras especificidades culturais desta localidade são brincadeira do Boi Brabo,

herança dos negros escravos representação que envolve rituais irreverentes

em relação à música aos personagens e ao público que acompanha e Boi

Manso. E também o Maria Errer que no natal dos carapajoenses no dia 26

dezembro, a homenageada é nossa senhora do rosário, a festa também e

herança do período da escravidão e é uma representação simbólica, do rei e

da rainha escolhidos antecipadamente que são responsáveis pelo banquete, a

festa é animada pelo samba de cacete ritmo criado segundo os moradores na

própria vila, neste prisma destacamos também a festividade de Nossa Senhora

do Carmo que acontece no mês de julho no período das férias onde a vila

recebe o número considerável de turista em devoção a imagem, contudo a

festa mais representativa é a festa de são benedito que representa uma dos

maiores eventos do município de Cametá e relevância em todo estado do Pará

onde a localidade triplica o número de visitantes, e são feitas em determinados

períodos do ano.

Nos indicadores sobre a segurança da população do distrito, há um

posto policial, uma viatura, quatro policiais militares que fazem a ronda

diariamente na vila, o que se constatou que o número de roubos e homicídios

foi baixo no ano de 2014. Como se verifica na tabela abaixo:

VILA DE CARAPAJÓ

FURTO ROUBO HOMICÍDIOS

06 10 02

ANO 2014

Em aspectos de saneamento básico, parte vila de Carapajó

ultimamente foi pavimentada no período de eleição de 2014 pelo atual

governador Simão Jatene, que segundo moradores foram “obras eleitoreiras

FONTE: COMANDO REGIONAL IX 32º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR

MILITAR

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para conseguir voto para sua reeleição”, contudo sem um planejamento

adequado em termos de esgoto, “a criação de valas para que quando caia a

chuva aquela água tenha para onde escoar” e etc.

Portanto o que se constatou dentro da conjuntura do Distrito, foi uma

realidade precária, que já perduram vários anos, o que consequentemente

ocasiona o desejo de separação dessa comunidade local, contudo sabemos

que não é só querer para justificar uma emancipação, os dados nos rementem

a pensar que ainda a muito que desenvolver, o que estruturar como nas

palavras do Prof. Rosivaldo, todavia o desejo dos mesmos por um distrito

melhor é muito pertinente, ou por um lado direito do Rio Tocantins

independente da sede para os atores sociais é sinônimo de desenvolvimento, o

presente projeto buscou contrastar a realidade para enfatizar os verdadeiros

atores e suas justificativas para emancipação, dados oficiais que buscou-se

para notar as verdadeiras possibilidades de emancipação do Distrito de

Carapajó.

3- OBJETIVOS.

3.1. Objetivo geral.

Identificar argumentos que levam a formação de novos municípios a

partir da emancipação da referida vila.

3. 2. Objetivos Específicos.

Identificar argumentos usados pelos principais atores envolvidos na

petição e pela população.

Buscaram-se os atores sociais envolvidos nesse processo.

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Levantar dados Sociais, econômicos e políticos apresentados pela vila

do Carapajó como justificativa para essa petição.

Enfatizar as especificidades culturais existentes desse território.

4- MATERIAIS E MÉTODOS.

Foram utilizados o laboratório de informática e a biblioteca do campus

universitário do Tocantins/Cametá para pesquisas necessárias na internet e de ordem

bibliográfica necessária.

Os métodos são a pesquisa de campo: questionários semi-estruturados e

entrevistas para interagir com a comunidade local em busca de informações consistentes

que possam (venham) subsidiar a pesquisa, em busca de encontrar os principais atores

nesse processo de emancipação do território referido. Ainda como recurso, serão

analisados documentos para que possamos ter fontes precisas, inclusive fontes históricas

que possam embasar a pesquisa e entender o problema estudado.

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.

CASTRO, Iná Elias de. Geografia e política: território, escalas de ação e

instituições. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 304p.

CAZZOLATO, J. D. Novos estados e a divisão territorial do Brasil. São

Paulo: Oficina de Textos 2011.

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COSTA, Léia Maria. Icoaraci: Formação socioespacial, tentativas e de

afirmação territorial. 166p. dissertação de mestrado. Universidade Federal do

Pará. Programa de Pós-graduação em Geografia e Mestrado em Geografia.

Divisão: Pará tem 41 propostas de criação de municípios. Disponível em: http://www.ormnews.com.br/noticia.asp?noticia_id=583712#.VFeecPldVps. (23/04/2015)

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATISTICA, CENSO

2010.Disponível em: www.ibge.gov.br.

ROCHA, G M. ESTADO DO PARÁ: divisão ou construção de um projeto de

desenvolvimento territorial?. Belém: NUMA, 2008.

http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/ (30/06/2015).

http://www.senado.gov.br/ (29/05/2015) .

Corrêa, Roberto. L. O Espaço urbano. São Paulo. Ática. 1989

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Mª Cecília

França. São Paulo: Ática, 1993.

TRINDADE JR., S-C. Cidades na floresta: Os “grandes objetos” como

expressões do meio técnico-científico informacional no espaço

amazônico. Ieb n.51: São Paulo, 2009, p. 113 – 137.