O MERCADO DE MADEIRA E A CONSTRUÇÃO CIVIL
AUT 221 _ Arquitetura, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Profª. Dra. Denise DuarteProfª. Dra. Joana Carla Soares GonçalvesProfª. Dra. Roberta Kronka Mulfarth
Aline Sasse nº USP 4913065Elaine Terrin nº USP 4912209
Construção em madeira e qualidade ambiental
As decisões para escolha dos materiais de construção deveriam obedecer ao que vem sendo chamado de RRR
(redução, reutilização e reciclagem) tendo em vista a diminuição de custos globais. Segundo Ualfrido (1), a madeira
é, neste sentido, o material de construção com as melhores propriedades de reutilização e reciclagem, tendo como
características positivas:
- baixa densidade;
- boa resistência à tração e compressão;
- totalmente reciclável; fácil trabalhabiblidade;
- alta produtividade;
- conserva-se indefi nidamente imersa em água;
- seca e protegida dura séculos;
- reduz o CO2 da atmosfera aumentando o O2;
- possui boa isolação térmica;
- fácil manutenção, etc.
Foto 01: Casa Hélio Olga, Ubatuba, SP. 1986. Arq. Hebe
Olga de Souza.
O emprego da madeira na construção civil
Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: fôrmas para concreto,
andaimes e escoramentos, e de forma defi nitiva é utilizada nas estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e
janelas), nos forros e pisos.
Os produtos de madeiras utilizados na construção variam desde peças com pouco ou nenhum processamento
–madeira roliça – até peças com vários graus de benefi ciamento, como: madeira serrada e benefi ciada, lâminas,
painéis de madeira e madeira tratada com produtos preservativos.
Tal emprego vem se mantendo crescente, apesar dos conhecidos preconceitos inerentes à madeira, sempre
relacionados à insufi ciente divulgação das informações de projetos específi cos.
Seja na fundação e estruturação de casas e prédios, seja no acabamento, em revestimentos e até nos mobiliários,
a madeira permanece como um dos principais itens da construção civil no País. E o padrão de uso insustentável
é observado também na destinação fi nal dos materiais. Segundo o estudo do Imazon, a grande maioria (80%)
da madeira utilizada na fundação e estruturação dos prédios acaba sendo descartada, enquanto apenas 20% são
utilizados na etapa de acabamento, como em portas, batentes, pisos, armários, painéis etc (fi g. 1)
Na etapa de estruturação, utiliza-se em geral madeira para marcação, nivelamento do terreno e confecção de
A atividade fl orestal
Sintetizando o pensamento de diversos autores, a atividade fl orestal demonstra ser uma das poucas que,
com a utilização de métodos racionais de exploração, poderá conjugar a expansão econômica à conservação
da qualidade da vida. Trata-se do chamado desenvolvimento sustentado, possível de ser proporcionado
pelo setor fl orestal, não apenas através da produção direta da madeira e dos produtos dela derivados, mas
também na geração de outros bens indispensáveis ao tão desejado equilíbrio ecológico. Tais bens podem
ser exemplifi cados como a melhoria da qualidade do ar pela fi xação do dióxido de carbono e pela liberação
do oxigênio decorrentes da fotossíntese, e a manutenção da biodiversidade com a preservação da fauna e
da fl ora, associada ao conveniente manejo fl orestal.
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milh
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Concentrando não somente a maior parcela de fl oresta
Amazônica, e o mais extensivo remanescente de bioma
fl orestal tropical, o Brasil é, simultaneamente, o maior produtor
e consumidor mundial de madeira tropical (fi g.2).
Estima-se que 86% dos 26,5 milhões de m3 de diversas
madeiras extraídas, anualmente, da região amazônica, são
consumidas internamente (fi g.3).
Figura 3 – Exportação vs consumo doméstico de madeira amazônica, 1997.
Amigos da Terra / IMAFLORA / IMAZON, 1999 – Fonte: IMAZONMadeira Amazônica
14%
86%
ExportaçãoConsumo Doméstico
As fontes das madeiras tão desejadas são:
FLORESTAS PLANTADAS: que se destinam a produzir matéria-prima para as indústrias de celulose,
madeira serrada, painéis à base de madeira e móveis, cuja implantação, manutenção e exploração
seguem projetos previamente aprovados pelo Ibama.
FLORESTAS NATIVAS: que são exploradas para atender ao mercado de madeiras de duas
formas:
- Por meio de manejo fl orestal: através da exploração planejada e controlada da mata nativa.
- Por meio de exploração extrativista: explorando comercialmente apenas as espécies com valor
de mercado, sem projetos de manejo.
Manejo fl orestal e o Selo Verde
Trata-se do aproveitamento das fl orestas naturais ou plantadas, através de Projeto de Manejo Florestal
aprovado pelo IBAMA, é a forma de utilizar estes recursos naturais a partir do princípio de sustentabilidade.
Para obter o selo verde, o projeto de manejo fl orestal deve cumprir uma série de exigências ambientais
(redução de danos durante a extração, proteção da fauna, respeito às áreas de preservação permanente
etc.) e sociais (respeito à legislação trabalhista, bom relacionamento com a comunidade local etc.), além de
ser viável economicamente.
No Brasil estão disponíveis o sistema do FSC – Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo
Florestal) e o sistema de Certifi cação Florestal Brasileiro do Inmetro (Cerfl or) que certifi ca a produção
adequada ambientalmente.
No início, a madeira certifi cada esteve voltada principalmente para o mercado externo, cujas exigências
do consumo consciente se ampliaram para os países produtores. Mas a tendência de conquista do mercado
interno é relevada pela dimensão das fl orestas certifi cadas com o FSC hoje no País: são mais de 3 milhões
e 200 mil hectares de matas nativas e fl orestas plantadas com o selo.
Ainda assim, 20% das 3.000 madeireiras que atuam na Amazônia respeitam as leis ambientais e trabalhistas
do país, Dessas, somente 0,5% do total exercem sua atividade com padrão de excelência e receberam o
certifi cado FSC (fi g.4).
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MADEIRA AMAZÔNICA LEGAL
MADEIRA SELO VERDE
Figura 04_Destino em porcentagem da exploração
total da madeira amazônica.
Dados baseado em reportagem da Veja 07/11/2005.
MADEIRA SELO VERDE: Respeitam os padrões internacionaisde exportação. Fazem rodízio de área com intervalos de 25 anos.
Derrubam 300 a 500 árvores por quilômetro quadrado.
MADEIRA LEGAL: Respeitam as leis brasileiras. Só derrubam espécies autorizadas pelo IBAMA. Preservam árvores com risco
de extinção. Cortam 600 árvores por quilômetro quadrado.
MADEIRA ILEGAL: Cortam qualquer árvore com valo comercial. Para retirar 900 árvores por quilômetro quadrado, derrubam
outras 450.
0%
20%
40%
60%
80%
20%
80%
Acabamento Descartável
fôrmas. Em seguida, a madeira é usada para fi xar colunas
e as paredes serem levantadas, bem como no preparo de
andaimes. Além disso, as fôrmas de madeira são essenciais
na construção de lajes. Etapas que podem fazer com que
uma única casa de 100 metros quadrados dependa de no
mínimo três metros cúbicos desse material.
Figura 1 – Tipos de madeira consumidos pela construção vertical, 2001. Amigos
da Terra / IMAFLORA / IMAZON, 2001 – Fonte: IMAZON
Comparação com outros materiais
É importante ser lembrado que o crescimento, a extração e o desdobro de árvores envolvem baixo consumo
de energia (Tabela 1), além de não provocarem prejuízo ao meio ambiente, desde que providenciada a respectiva
reposição. Outros materiais estruturais, como o aço e o concreto armado, são produzidos por processos altamente
poluentes, antecedidos por agressões ambientais consideráveis para a obtenção de matéria-prima. Os referidos
processos requerem alto consumo energético e a matéria-prima retirada da natureza jamais será reposta. O contrário
se verifi ca com a madeira, que se renova mesmo sob rigorosas condições climáticas.
Ademais, a maior parte da ‘energia incorporada’ (2) em um material está relacionada com o transporte do mesmo,
e sob esse aspecto a madeira também se destaca pela sua densidade. Conforme consta na Tabela 1, ela é quatro
vezes e dez vezes superior em comparação ao aço e ao concreto, respectivamente. Além disto, a madeira apresenta
aspecto visual muito interessante e pode ser processada sem maiores difi culdades, o que viabiliza a defi nição de
diversifi cadas formas e dimensões, as quais são limitadas apenas pela geometria das toras a desdobrar.
(2) EDWARDS, 2005.
Tabela 1 – Materiais estruturais – dados comparativos
Material A B C D E F G
Concreto 24 1.920 20,3 20.000 96 0,83 833
Aço 78 234.000 250,4 210.000 936 3,21 2692
Madeira – conífera 6 600 50,5 10.000 12 8,33 1667
Madeira – dicotiledônea 9 630 90,5 25.000 7 10,00 2778
Fonte: Calil Jr e Dias [3].
As colunas da Tabela 1 representam:
A : densidade do material, kN/m³; no caso da madeira, valor referente à umidade de 12%.
B : energia consumida na produção, MJ/m³; para o concreto a energia provém da queima de óleo; para o aço, do
carvão; para a madeira, energia solar.
C : resistência, MPa; para o concreto o valor citado se refere à resistência característica à compressão, produto usinado;
para o aço trata-se da tensão de escoamento do tipo ASTM A-36; para a madeira são os valores médios da resistência
à compressão paralela às fi bras, referida à umidade de 12% de acordo com recomendação da NBR 7190/1997, da
ABNT [1].
D : módulo de elasticidade, MPa; mesma descrição da coluna C.
E : relação entre os valores da energia consumida na produção e da resistência.
F : relação entre os valores da resistência e da densidade.
G : relação entre os valores do módulo de elasticidade e da densidade.
Apesar de sua infl amabilidade, as peças estruturais de madeira evidenciam um conveniente desempenho a altas
temperaturas, melhor que o de outros materiais em condições severas de exposição. Na realidade, a carbonatação
superfi cial das peças se transforma numa espécie de “barreira de isolação térmica”. Sendo a madeira um mal condutor
de calor, a temperatura interna cresce mais lentamente, não provocando maior comprometimento da região central
das peças que, deste modo, podem manter-se em serviço nas condições onde o aço, por exemplo, já teria entrado
em colapso, mesmo não sendo um material infl amável.
Embora susceptível ao apodrecimento e ao ataque de organismos xilófagos em circunstâncias específi cas, a madeira
tem sua durabilidade natural prolongada quando previamente tratada com substâncias preservativas. Mais ainda, a
madeira tratada requer cuidados de manutenção menos intensos.
Deve ser salientada, neste ponto, a importância do projeto estrutural ser desenvolvido de modo a serem previstos
detalhes construtivos que garantam maior durabilidade à madeira impregnada, evitando-se a exposição excessiva aos
raios solares e à umidade proveniente da água da chuva.
Diante do exposto, é possível concluir que a madeira tem signifi cativo potencial para emprego na construção
civil, particularmente na construção de estruturas. É evidente que a disseminação das estruturas de madeira está
condicionada à garantia de sua competitividade com outros materiais. Todavia, isto poderá ser conseguido com o
domínio dos conhecimentos relativos ao comportamento da madeira sob solicitações mecânicas, com a elaboração de
projetos adequadamente fundamentados nos conceitos mais atualizados de segurança estrutural, e com a construção
obedecendo aos critérios de qualidade envolvendo meio-ambiente, material e mão-de-obra.
Vale ressaltar que a maior parte da madeira proveniente de refl orestamento dentro do Estado de São Paulo, nas quais o pinus
e eucalipto se destacam, serve ao mercado de celulose, restando uma pequena parcela, quando comparada à demanda de madeira
amazônica, ao mercado de madeira para construção civil, cujas madeiras usadas são preferencialmente:
Marcenaria (madeira cerrada): cedro, pau marfi m e peroba-rosa
Laminados: mogno
Dormentes: garapa
Pisos e assoalhos: ipê e jatobá
Portas, janelas e guarnições: mogno, freijó, cerejeira, cedrorana e angelim
pedra
Compensados: curupixá, virola rosa, sumaúma e achichá
Construção civil: cedrinho e peroba-rosa
Ou seja, as ameaças recaem sobre as espécies com maior risco de esgotamento, sobretudo pela forte tradição no uso de madeiras
nobres da Amazônia devido a fatores como durabilidade, resistência e diversidade de cores.
A busca pela redução do desperdício e pela aproximação da obra de uma construção civil sustentável deve passar pela tentativa
de substituição de espécies ameaçadas por outras de propriedades correspondentes. No lugar de algumas dessas madeiras, poderiam
ser aplicadas espécies menos conhecidas, como o amesclão, com facilidade para uso em acabamentos, ou o angelim-vermelho, com
resistência e durabilidade diferenciadas. Entretanto, o mercado da construção civil ainda carece de informações sobre os tipos de
madeira de menor impacto ambiental, onde podem ser encontradas e os cuidados necessários na aquisição.
Só no ano de 2001, foram mais de 6 milhões de metros cúbicos em tora usadas pelo Estado de São Paulo, dos quais
69% foram comercializados pelos depósitos de madeira e 21% foram consumidos pelas indústrias de produtos de madeira.
Por fi m, a construção civil vertical (edifícios) adquiriu 10% da madeira amazônica no Estado (fi g. 6). A maior parte da
demanda por madeira está no setor da construção que, apesar de ser um consumidor ávido pelo produto, coloca pouca
ênfase na qualidade ou no fornecimento sustentável.
Figura 6 – Consumo de madeira amazônica e demanda por madeira certifi cada no Estado de São Paulo, 2001.
Amigos da Terra / IMAFLORA / IMAZON, 2001 – Fonte: IMAZON
Segundo dados do IMAZON, a madeira amazônica foi comercializada principalmente na forma de estruturas de
cobertura, representando quase metade da madeira consumida no Estado de São Paulo. Neste uso, são empregadas peças
simplesmente serradas, como vigas, caibros, pranchas e tábuas. Tais produtos são comercializados em lojas especializadas
- depósitos de madeira - e destinam-se principalmente à construção horizontal, ou seja, casas e pequenas edifi cações
(fi g. 7).
Figura 7 – Uso de madeira amazônica no Estado de São Paulo, 2001. Amigos da Terra / IMAFLORA / IMAZON, 2001 – Fonte: IMAZON
Na mesma tabela pode ser visto que a madeira usada em andaimes e fôrmas para concreto representa 28% da
madeira consumida no Estado de São Paulo. Neste tipo de uso, a construção vertical é a principal demandante, com
aproximadamente 485 mil metros cúbicos anuais. Esta quantidade representa 80% da madeira consumida nesse segmento
da construção civil. O quadro completa-se com a madeira utilizada em forros, pisos e esquadrias, partes da obra em que
a madeira sofre forte concorrência de outros materiais, e em casas pré-fabricadas.
Para atender a esses usos na construção civil os principais centros demandantes de madeira serrada, localizados nas
Regiões Sul e Sudeste, se abasteceram durante décadas com o pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia) e a peroba-
rosa (Aspidosperma polyneuron), explorados nas fl orestas nativas dessas regiões. Com a exaustão dessas fl orestas, o
suprimento de madeiras nativas passou a ser realizado, em parte, a partir de países limítrofes, como o Paraguai, porém,
de forma mais signifi cativa a partir da Região Amazônica. As madeiras de pinus (Pinus spp.) e eucalipto (Eucalyptus spp.),
geradas nos refl orestamentos implantados nas Regiões Sul e Sudeste, também passaram a suprir, embora em parcela
reduzida, a construção habitacional.
Tais mudanças têm provocado a substituição do pinho-do-paraná e da peroba-rosa por outras madeiras desconhecidas
dos usuários e, às vezes, inadequadas ao uso pretendido.
A implantação de medidas visando ao uso racional e sustentado do material madeira devem considerar desde a
minoração dos impactos ambientais da exploração fl orestal centrada em poucos tipos de madeira, passando por medidas
para diminuição de geração de resíduos e reciclagem dos mesmos, até a ampliação do ciclo de vida do material pela
escolha correta do tipo de madeira e pelos procedimentos do seu condicionamento (secagem e preservação).
Diante deste aspecto, é relevante constatar a origem da madeira amazônica comercializada pelos depósitos de madeira.
Em 2001, o Estado de Mato Grosso foi o principal fornecedor de madeira para os depósitos do Estado de São Paulo, com
cerca de 60% do volume comercializado. Em seguida, estava o Pará, com aproximadamente 22%, enquanto a madeira
oriunda de Rondônia representou 15%. O restante (3%) fi cou distribuído entre Amazonas, Acre, Maranhão e Amapá (fi g.
9).
Esses dados devem ser reinterpretados em relação à sustentabilidade no uso da madeira na construção civil, pois
representam custos adicionais tanto fi nanceiros quanto ambientais, uma vez que além do preço do transporte que é
repassado no custo fi nal do produto, o consumo de combustível fóssil emite gases (CO2) que agravam o aquecimento
global.
Figura 9 – Origem da madeira amazônica comercializada pelos depósitos no Estado de São Paulo, 2001. Amigos da Terra / IMAFLORA / IMAZON, 2001
– Fonte: IMAZON
ConclusãoCom este trabalho pôde-se obter, como esperado, um quadro geral sobre o mercado de madeira e a partir disso ter uma visão mais clara
e desmistifi cada sobre este material construtivo. Pois, ao mesmo tempo que se tem toda a problemática da exploração ilegal e o consequente
desmatamento intenso das fl orestas nativas brasileiras, tem-se em contraposição as características mecânicas e energéticas deste material
que justifi cam sua utilização de maneira sustentável. Tal equação pode ser equilibrada através de sistemas de manejo fl orestal, conhecimento
já existente, mas que no entanto, devido a barreiras político-econômicas, não é ainda amplamente aplicado. Porém, o recente interesse
por parte do mercado consumidor fi nal sobre a origem da madeira está alterando este quadro, mudança comprovada pela existência de
certifi cações internacionais próprias à exploração de madeira, como no caso o FSC.
Nota-se que o Brasil possui um elevado potencial de produção de madeira, mas que no entanto, para sua exploração e utilização
sustentável, deve ser reestruturada através de uma visão mais global de toda a produção, pensando no deslocamento do produto e
seus custos econômicos, sociais e ambientais embutidos. Além disso, o mercado de madeira de refl orestamento deve ser mais explorado,
principalmente no próprio Estado de São Paulo, pois é ao mesmo tempo o maior consumidor e um dos principais produtores deste tipo de
madeira, juntamente com a região Sul. Para tanto. deve-se vencer alguns obstáculos como certa rejeição do mercado consumidor devido a
falta de informação e a praticamente ausência de incentivos a este tipo de produção.
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Neste contexto, o mercado interno responde pelo maior percentual de consumo de madeira tropical
amazônica ilegal, com cerca de 65% da produção, sendo que a maior parte é destinada à demanda do
Estado de São Paulo (15%) e aos estados da região Sul (12%).
O Consumo de Madeira no Estado de São Paulo
Do total de madeira extraída, o Estado de São Paulo, sozinho, consome 5,6 milhões de m3/ano, o
equivalente a 20% do total, ultrapassando o volume de madeira tropical consumido pela França, Grã-
Bretanha e Espanha juntas (fi g. 5).
Figura 5 – Comparação do consumo de madeira tropical entre São Paulo e países europeus, 1997.
Amigos da Terra / IMAFLORA / IMAZON, 1999 – Fonte: ITTO / IMAZON (para São Paulo).
Depósitos madeira
Indústrias Móveis
MóveisCasas de madeiraPisos e esquadriasDiversas
Construção vertical
Total
Setores envolvidosVolume
consumido de madeira em tora
(mil m3/ano)
Demanda madeira
certificada (mil m3/ano)
Demanda madeira
certificada (%)
4.200
666165147301
605
6.084 1.198
630
16713211860
91 15
15
2580
2080
20
Amazonas Pará
Roraima
AcreRondônia Mato
Grosso
Amapá
Maranhão
Tocantins
CENTRO OESTE
NORDESTE
SUDESTE
SUL
SP
BIBLIOGRAFIA
AFLALO, Marcelo. Madeira como Estrutura: a história da ITA. São Paulo, Paralaxe, 2005.
DEL CARLO, Ualfrido. Arquitetura Sustentável e de Baixo Impacto Ambiental. (mimeo)
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KRONKA, Roberta C. Impacto e consumo energético enbutido em materiais de construção. Técnicas construtivas. São
Paulo, 1998. Dissertação (Mertado) - Instituto de Eletrotécnica e Energia, Universidade de São Paulo.
móveis finos e peças de decoração 1%
casas pré-fabricadas de madeira 3%
forros, pisos e esquadrias 11%
móveis populares 15%
andaimes e fôrmas para concreto 28%
estrutura de telhados de casas 42%
Figura 2 – Consumo de madeira tropical dos maiores países consumidores, 1997. Amigos
da Terra / IMAFLORA / IMAZON, 1999 – Fonte: ITTO
Endereços eletrônicos:
www.fao.org
www.remade.com.br
www.ecopress.org.br
www.mercadofl oresta.org.br
www.fsc.org.br
www.consciencia.br
www.set.eesc.usp.br/lamem
Exemplos de projeto
Foto 02: Casa Acayaba, Guarujá, SP. 1997. Arq. Marcos Acayaba.
Foto 03: Casa Afl alo, São Paulo, SP. 1999. Arq. Marcelo e Marta Afl alo.
Foto 04: Casa Hélio Olga Jr., São Paulo, SP. 1990. Arq. Marcos Acayaba.
(1) DEL CARLO, Ualfrido. Arquitetura Sustentável e de Baixo Impacto Ambiental.
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