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_____________________________________________________________________________SOUZA, A. E.; VASCONCELLOS, E. P. G.; CORRÊA, H. L. O processo de internacionalização de
empresas de software: o caso Audaces. Internext – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da
ESPM, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 1-25, jul./dez. 2012.
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE
SOFTWARE: O CASO AUDACES
Antonia Egidia Souza
i
Eduardo Pinheiro Gondim Vasconcellos ii
Harmilton Luiz Corrêa iii
RESUMO
Este estudo aborda a maneira pela qual as empresas brasileiras estão se
internacionalizando, as suas motivações para a internacionalização e as vantagens
competitivas nesse processo. O artigo analisa em profundidade uma empresa de
software que desde 2002 vem atuando com sucesso no mercado global. O arcabouço
teórico utilizado está amparado em três grandes teses a respeito da internacionalização:
a vantagem de propriedade, a Escola Uppsala da década de 1970 e tese do born global.
Para a condução do trabalho, utilizou-se uma abordagem qualitativa com uma
perspectiva exploratória-descritiva. A estratégia foi o estudo de caso. Os dados
coletados foram de fontes secundárias e primárias. A análise dos dados ocorreu a partir
de análise de conteúdo. Como resultado, constata-se que a motivação para a
internacionalização é sustentada na necessidade de reduzir a dependência do mercado
doméstico, habilidade para modificar produtos para o mercado internacional,
oportunidade de lucro e crescimento no mercado internacional, interesse gerencial em
relação às atividades internacionais.
Palavras-chave: Internacionalização de empresas; Motivação para a
internacionalização; Empresa de software.
______________________________________ i Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI); Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo
(USP); Docente nos cursos de Graduação e Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração de Empresas;
[email protected]; Rua Pará, 315, Bairro Universitário, 88200-000, Tijucas – SC
ii
Universidade de São Paulo (FEA/USP); Livre-Docente pela Universidade de São Paulo; Membro da
Comissão de Avaliadores (FGV); Presidente do Conselho Curador (FIA); Carleton University,
Coordenador do Convênio entre a USP e a Carleton (Carleton University); [email protected]; Av.
Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, 05508-900, São Paulo – SP.
iii
Universidade de São Paulo (FEA/USP); Pós-Doutorado (Found Leon Bekaert); Docente nos cursos de
Graduação e Pós-Graduação em Administração; Membro do Conselho Regional de Administração de São
Paulo, CRA/SP; [email protected]; Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, 05508-900,
São Paulo – SP.
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1 INTRODUÇÃO
O tema da internacionalização de empresas tem sido discutido a partir de
meados do século XX, juntamente com a expansão das próprias empresas. Nesse
contexto, na visão de Penrose (2006), o tema aparece na literatura aplicado às empresas
estrangeiras, empresas multinacionais, transnacionais e, mais recentemente, às empresas
globais. O fenômeno, para Levitt (1990), ocorre em função da tecnologia que
impulsiona a popularização das comunicações, dos transportes e das viagens, tornando
os produtos e serviços mais baratos e acessíveis, até em lugares mais isolados do
mundo. Tal circunstância determina o surgimento de uma nova realidade comercial.
Portanto, as empresas que direcionam suas ações para a nova realidade geram
economias de escala em produção, distribuição, marketing e administração.
Essa discussão também é percebida, de forma clara, no Brasil com a crescente
relação comercial externa e com uma série de mudanças ambientais e culturais. Em
1990, com a abertura do mercado, no governo Collor, as empresas brasileiras viram-se
obrigadas a competir com gigantes mundiais. E diante de um novo cenário globalizado,
em especial no governo de Fernando Henrique Cardoso, medidas mais incisivas foram
tomadas a fim de estimular a atividade exportadora.
Em função desse contexto, o foco de atenção das empresas transferiu-se para
outro âmbito, o global, resultando em ameaças e oportunidades para as empresas
nacionais. Por conseguinte, as estratégias dessas empresas precisavam de uma
adequação coerente aos novos padrões de competitividade apresentados por empresas
internacionais e exigidos por mercados mais desenvolvidos.
Para Rocha e Mello (2002), as empresas nacionais, após décadas de proteção de
mercado e políticas de substituição através da importação, não estavam preparadas para
competir no cenário internacional, sendo tais desafios, em alguns setores,
particularmente rigorosos. Uma grande reestruturação da indústria brasileira, iniciada
nos anos 90, permitiu aumento na produtividade, na qualidade dos produtos e na
satisfação dos consumidores. Foi também nos anos 90 que ocorreu um maior
movimento em direção à internacionalização das empresas brasileiras.
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Diante desse quadro, parece relevante realizar um estudo que contemple a
maneira pela qual as empresas estão se internacionalizando, as suas motivações para a
internacionalização e as vantagens competitivas nesse processo. É possível afirmar que,
mais recentemente, ocorre um significativo aumento na internacionalização e na
integração da economia brasileira na economia global, o que se reflete nas taxas de
crescimento, nas exportações de manufaturados e no simultâneo incremento do
investimento estrangeiro no país. Porém, a expansão das exportações brasileiras
continua ocorrendo mais em commodities, em recursos naturais e em energia e trabalho
do que em tecnologia.
É certo que, em certas áreas de negócios, nas quais o esforço tecnológico é
decisivo para competitividade, valendo citar a produção da indústria aeronáutica,
automobilística, dos produtos elétricos e equipamentos de telecomunicações, verifica-se
também um avanço considerável nas exportações brasileiras. No caso da indústria de
software evidencia-se a busca pela internacionalização, contudo as informações são
imprecisas quanto ao tamanho da população dessas empresas, bem como do número
de empresas do setor que se internacionalizaram (DIB, ROCHA e SILVA, 2010).
Nesse sentido, a ausência de informações, sobre as empresas de software e o
processo de internacionalização, justifica estudos que visem contribuir para
compreender o processo de internacionalização e os fatores determinantes para as
empresas se internacionalizarem. Reforça-se que estudos, dessa natureza, realizados em
países emergentes, como o Brasil, são relevantes, pois contata-se que a maioria das
pesquisas sobre esse tema encontra-se em países desenvolvidos (DIB, ROCHA e
SILVA, 2010), que apresentam realidades bastante distintas dos emergentes. Desta
forma, o objetivo do artigo consiste em investigar o processo de internacionalização de
uma empresa de software.
Além das justificativas supracitadas para a relevância do estudo destaca-se que
este trabalho visa contribuir para uma melhor entendimento dos fatores determinantes
para internacionalização de uma empresa de software do setor têxtil.
A estratégia de pesquisa adotada consiste na investigação de um caso escolhido
de forma intencional. A Audaces Automação é uma empresa 100% brasileira capaz de
desenvolver soluções tecnológicas à automação de processos produtivos. Seus produtos
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estão concentrados nos ramos de confecção, móveis, estofados, transportes, vidros,
papel e metal-mecânico. Nos últimos anos, a empresa se destacou no ramo de confecção
com soluções destinadas ao vestuário. A empresa apresenta como foco principal o
desenvolvimento de softwares user friendly (fáceis de usar) (AUDACES, 2008).
O artigo foi composto obedecendo as seguintes etapas: descrever o processo de
internacionalização da empresa; analisar os determinantes para a internacionalização;
analisar as vantagens de se internacionalizar.
2 PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO
O processo de internacionalização tomou uma dimensão bastante complexa nos
últimos anos no Brasil e exige constante aprendizado. Nesse sentido, apesar de os
estudos sobre a internacionalização já estarem bastante adiantados nos países
desenvolvidos, nos países emergentes o movimento da internacionalização ocorreu de
forma tardia, além de ser imaturo e tímido (FLEURY; FLEURY, 2007; BORINI et al,
2007). Desse modo, considerando tais perspectivas, justificam-se pesquisas sobre o
processo de internacionalização.
Do ponto de vista de Galan e Gonzalez-Benito (2001), as investigações sobre o
processo de internacionalização devem responder as seguintes indagações: (1) por que
internacionalizar? (2) de que forma internacionalizar? e (3) quais os destinos da
internacionalização?
Respondendo a tais questionamentos, Deresky (2004) destaca que há distintas
razões para uma empresa internacionalizar-se, algumas reativas, outras proativas. As
razões reativas podem ser oriundas da concorrência global, de barreiras comerciais, de
regulamentação e restrições impostas pelos governos, e de reação às exigências do
consumidor. Entre as razões proativas, podem-se destacar: obtenção de economia de
escala, oportunidades de crescimento, acesso aos recursos e economia de custos e
incentivos (isenções de impostos e fiscais, subsídios).
No mesmo sentido, Tanure, Cyrino e Penido (2007, p. 201) defendem que a
justificativa para uma empresa se internacionalizar está ligada à “necessidade de manter
taxas de crescimento contínuas no contexto de saturação do mercado doméstico”.
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Sobre a questão, de que forma as empresas se internacionalizam, Johanson e
Wierdersheim-Paul (1975) e Johanson e Vahlne (1977) apresentam quatro maneiras
diferentes de entrada nos mercados internacionais. Observa-se que os estágios
representam graus de envolvimentos no mercado externo, como: ausência de atividades
regulares de exportação, exportação via representantes independentes, estabelecimento
de uma subsidiária de vendas internacional ou unidades de negócios internacionais.
Esses autores chegaram a tais evidências empíricas realizando pesquisas em empresas
suecas. Os estudos revelaram que “as empresas desenvolvem suas operações
internacionais mediante uma série de pequenas etapas, como um processo contínuo de
ajustamento incremental [...]” (SHI, 2007, p. 18).
De acordo com Root (1994), o modo de entrada no mercado externo pode
ocorrer através de exportação (indireta, direta agente/distribuidor, direta representante);
contrato (licenciamento, franchising, acordos técnicos, contrato de serviço, contrato de
gestão, contrato de construção, contrato de manufatura) e investimento (aquisição, joint-
venture).
2.1 Determinantes da internacionalização
O tema da internacionalização de empresas, tradicionalmente, tem sido estudado
sob o enfoque da teoria econômica; da teoria comportamental e mais recentemente, a
teoria do Born global. A teoria econômica, representada pela abordagem de Dunning
(1988), tenta dar conta das várias peculiaridades do processo de internacionalização.
Segundo esse pressuposto, para se internacionalizar as empresas devem possuir certos
tipos de vantagens sobre seus competidores que justifiquem o investimento direto no
exterior. As chamadas “vantagens de propriedade” incluem àquelas relacionadas aos
ativos tangíveis e intangíveis como marcas, capacitação tecnológica, qualificação da
mão-de-obra, que permitem que as firmas aproveitem as vantagens de localização
oferecidas pelos países como recursos naturais, mão-de-obra, infraestrutura e tamanho
do mercado.
O que diferencia as empresas multinacionais de países desenvolvidos em relação
às de países emergentes é precisamente a composição das vantagens de propriedade,
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que envolvem diferentes tipos de recursos naturais e qualificação de mão-de-obra,
diferentes níveis de capacitação tecnológica e política de governo (FLEURY; FLEURY,
2003).
Portanto, é preciso insistir no fato de que os determinantes para uma empresa ir
em direção à internacionalização estão pautados nos seguintes aspectos: a) recursos
naturais; b) comercialização; c) acesso a novos mercados; e d) ganhos de eficiência
(DUNNING, 1988). Em relação à internacionalização que visa ao acesso aos recursos,
destaca-se, na experiência internacional, a busca por matérias-primas e mão-de-obra
mais baratas. Registra-se, ainda, na visão de Fleury e Fleury (2007, p. 7), que essa
abordagem, classificada como eclética, “admite três conjuntos de vantagens
competitivas: vantagens específicas de propriedade (associadas a ativos tangíveis e
intangíveis); vantagens específicas de localização e vantagens específicas de
internacionalização”.
Já a teoria comportamental representada pelo modelo de Uppsala ou modelo
dinâmico de aprendizagem considera o processo gradual, com um crescente
comprometimento da empresa com o mercado externo, tendo por base o aprendizado
obtido por meio da experiência e do conhecimento. A empresa passa da exploração de
mercados fisicamente próximos para o aumento do seu comprometimento com outros
mercados internacionais de forma gradual, por etapas ou estágios, por meio de uma
série de estágios evolutivos, formando relacionamentos cujo retorno dar-se-á na forma
de conhecimento do mercado e implicará empenho maior de recursos a cada etapa
vencida. O ponto focal do modelo de Uppsala é a distância física definida por Johanson
e Vahlne (1977, p. 24) como a “soma de fatores que interferem no fluxo de informações
entre mercados, como a diferença entre línguas, educação, práticas de negócios, cultura,
desenvolvimento industrial entre outros”.
Para Fleury e Fleury (2007, p. 8), é necessário lembrar que o modelo de Uppsala
leva a algumas reflexões. A primeira “diz respeito às noções de evolução e
aprendizagem inerente ao processo de internacionalização gradativa, iniciada com a
exportação”. Isso ocorre na medida em que os gestores obtêm informações sobre um
novo mercado e a partir daí preparam-se psicologicamente para explorar mercados mais
distantes. A segunda reflexão “refere-se à importância de fatores culturais no processo
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de internacionalização e ao conhecimento como recursos que influencia o processo de
tomada de decisão”.
Mais recentemente, na década de 1990, outras teses vieram à tona para contestar
as teorias acima, pois se percebeu que o ritmo da internacionalização das empresas
estava ocorrendo de forma mais intensa nesse período, e que a tese da expansão
incremental e gradual não explica o processo de internacionalização, principalmente nas
pequenas e médias empresas que praticam uma atividade internacional significativa
desde o início de seu nascimento. Surge assim, a tese do “Born Globals” (nascimento
global) que está pautada no envolvimento das empresas em atividades internacionais desde
seus primeiros anos de vida (RENNIE, 1993; OVIATT; MCDOUGALL, 1994; BELL,
1995; COVIELLO; MUNRO, 1997; MADSEN ; SERVAIS, 1997; JONES, 1999; CRICK ;
JONES, 2000; ANDERSSON; WICTOR, 2003).
As Born Globals na visão de Oviatt e McDougall (1993) são empresas que,
desde o início de suas constituições, procuram desenvolver vantagem competitiva
expressiva no uso de recursos e na venda de produtos ou serviços em diversos países.
Acrescentam também que as Born Globals apresentam estratégia de internacionalização
proativa e um compromisso para vender seus produtos ou serviços nos mercados
globais, mesmo não possuindo unidades no exterior. Knight e Cavusgil (1996)
conceituam Born Globals como empresas que vendem, pelo menos, 25% de seus
produtos no mercado externo e que tenham começado as atividades de exportação
dentro dos três anos posteriormente seu nascimento. Em uma pesquisa realizada por
Moen e Servais (2002 ), com pequenas e médias empresas exportadoras da Noruega,
Dinamarca e França, aponta que um terço das empresas pesquisadas relataram que o
período entre a criação e exportação era inferior a dois anos. Os resultados indicam
também que a competitividade pode ser considerada como a principal causa da
internacionalização e que os recursos básicos e competências da empresa são
desenvolvidos durante a fase de estabelecimento.
De acordo com Bradley (1995), existem basicamente duas dimensões que
representam as principais decisões estratégicas no âmbito de uma internacionalização da
empresa, (1) seleção do mercado internacional, e (2) escolha do modo de entrada.
Acrescenta-se que as Born Globals, frequentemente, iniciam as atividades em
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muitos mercados ao mesmo tempo e nem sempre preferem iniciar em mercados que
estão mais próximos. O produto é desenvolvido para um mercado global/international
(MADSEN; RASMUSSEN; SERVAIS, 2000). Bell (1995) diz que a
distância psíquica tornou-se muito menos relevante em função na comunicação global,
da melhoria a infraestrutura de transporte e com isso os mercados se tornam cada vez
mais homogêneos.
Em relação às motivações para a rápida internacionalização das Born Globals
Cavusgil (1994) indica vários fatores entre eles destaca-se o crescente papel dos nichos
de mercado, uma maior demanda por produtos especializados ou personalizados e
ciclos mais curtos de produto. Estes fatores juntos têm contribuído para o crescimento
do número dessas empresas Outros fatores importantes que desencadearam o
aparecimento de Born Globals são avanços significativos na produção, transporte e
comunicação áreas, o aumento da importância das redes globais e alianças,
competências das pessoas, incluindo as do fundador/empreendedor que começa cedo a
internacionalização nas empresas (KNIGHT; CAVUSGIL, 1996, MADSEN;
SERVAIS, 1997, MOEN, 2002; SERVAIS; RASMUSSEN, 2000).
Da mesma forma, Oviatt e McDougall (1994) identificaram algumas
características de sucesso da Born Globals entre elas pode-se citar: visão global desde
início do nascimento; gerentes com prévia experiência internacional, compreensão dos
riscos cambiais; forte redes internacionais de negócios; superação das desvantagens de
economias de escala por possuir valioso produto ou serviço; manutenção da
originalidade do produto ou serviço, geralmente, por meio do conhecimento; contínua
inovação permite que a pequena empresa continue a explorar o seu nicho de mercado.
Neste sentido, também Bell e McNaughton (2001) em suas investigações
encontraram algumas características das Born Globals e compararam com as
características das empresas tradicionais em relação a internacionalização. Em relação à
motivação para se internacionalizar as empresas tradicionais se destacam por serem
reativas, adversas a condições de mercado interno, gestores relutantes e os custos de novos
processos de produção obrigam o início da exportação. Já as Born Globals são proativas,
buscadoras de ativos, gestores comprometidos e internacionais desde sua concepção.
Quanto aos objetivos internacionais, as empresas tradicionais buscam crescimento e
sobrevivência da firma, incremento dos volumes de venda, ganhar participação de mercado
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e estender o ciclo de vida do produto. Por outro lado, as Born Globals procuram por
vantagem competitiva, são as primeiras a moverem-se, observam os clientes e buscam
rápida penetração em nichos globais. O modelo de expansão internacional, no caso das
empresas tradicionais, é incremental e foca primeiro, expansão doméstica e mercados
“psíquicos”, Low tech / menos sofisticados mercados targeted e limitada evidência de redes.
Nas Born Globals o modelo de expansão internacional é coexistente, expansão doméstica e
exportações ocorrem de forma simultâneas ou próximas, foco em mercados “primazia”,
evidência de clientes “followership”, forte evidência de redes. Os passos para a
internacionalização nas empresas tradicionais é gradual, lenta internacionalização (pequeno
número de mercados de exportação), um só mercado por um tempo e adaptação da oferta
existente. As Born Globals destacam por passos rápidos, rápida internacionalização
(ampliação do número de mercados de exportação), muitos mercados ao mesmo tempo e
desenvolvimento de novos produtos globais. O método de distribuição, nas mais
tradicionais, ocorre de maneira convencional, uso de agentes distribuidores ou varejo e
direto aos clientes. Nas Born Globals o método de distribuição acontece de forma flexível,
uso de agentes ou distribuidores, mas também, a evidência de integração com os canais de
clientes, uso de licenças, joint ventures, produção no estrangeiro. A estratégia internacional,
utilizada nas empresas tradicionais, destaca-se por ser Ad-hoc e oportunista, evidência de
uma contínua conduta reativa às oportunidades de exportação e expansão atomizadas com
novos clientes/mercados não relacionados. Em contraste, as Born Globals adotam estratégia
de internacionalização estruturada, evidência de planejamento da expansão internacional e
expansão de redes internacionais.
3 MÉTODO
Para atender aos objetivos propostos, foi desenvolvido um estudo com
abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. O uso de tal metodologia justifica-se,
pois ela tem sido muito utilizada em Ciências Sociais, principalmente quando se trata de
estudar um fenômeno em seu contexto real, sendo este a fonte direta dos dados.
A abordagem qualitativa possibilita o envolvimento de dados descritivos e o
contato direto do pesquisador, que é o instrumento fundamental, procurando entender o
fenômeno estudado de acordo com os sujeitos da pesquisas (GODOY, 1995). A
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pesquisa qualitativa é essencialmente descritiva, sendo a interpretação dos resultados “a
totalidade de uma especulação que tem como base a percepção de um fenômeno num
contexto. Por isso não é vazia, mas coerente, lógica e consistente” (TRIVIÑOS, 1994, p.
128).
A estratégia de pesquisa utilizada para alcançar os objetivos propostos é o
estudo de caso. Segundo Eisenhardt (1989), o estudo de caso é uma estratégia de
pesquisa que foca o entendimento da dinâmica presente dentro de cenários particulares.
Pode ser usado para atingir vários objetivos, para efetuar uma descrição, para testar uma
teoria, ou para gerar uma teoria; neste artigo, o objetivo é descrever um fenômeno.
Acrescenta-se, ainda, que o estudo de caso é fundamental para entender
fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos, e pode envolver tanto casos
singulares quanto múltiplos, e inúmeros níveis de análise (YIN, 1993).
Para a coleta de dados, inicialmente foram acessados informações
disponibilizadas pela própria empresa, em seu website (www.audaces.com.br), bem
como artigos técnicos e de periódicos sobre ela e seus produtos. No segundo momento,
realizaram-se entrevistas, no período de abril a junho de 2008, com três gestores que
atuam na área de internacionalização da empresa. Dois dos entrevistados estão na
empresa desde sua fundação. As entrevistas seguiram um roteiro semiestruturado que
buscou informações sobre a empresa, seu contexto e história, sobre internacionalização
e vantagem competitiva e os motivos da internacionalização.
A análise dos dados coletados na pesquisa realizou-se com o uso da técnica
chamada análise de conteúdo. O material transcrito foi submetido a uma leitura
detalhada dos pontos relevantes e comparado com o referencial teórico escolhido para
sustentar a pesquisa.
4 INTERNACIONALIZAÇÃO NA AUDACES
Baseado em um estudo de caso realizado durante o primeiro semestre de 2008, este
artigo apresenta os resultados da pesquisa sobre o processo de internacionalização de
uma empresa de software localizada na cidade de Florianópolis, Santa Catarina.
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4.1 A empresa
A empresa nasceu em 1992 dentro do CELTA (Centro Empresarial para
Laboração de Tecnologias Avançadas), incubadora da Fundação CERTI (Centro de
Referência em Tecnologias Inovadoras). Idealizada por cinco estudantes do curso de
Ciência da Computação da Universidade Federal de Santa Catarina, a empresa lançou o
seu primeiro produto para o setor moveleiro. Em 1996 começou a focar o segmento
confecção. A partir da estratégia de foco no segmento confecção, a empresa passou a
crescer e o número de empregados aumentou, sendo hoje o quadro de funcionários
composto por 120 pessoas. Atua nos mercados doméstico e internacional, fazendo-se
presente em países como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Uruguai,
Paraguai, Peru, Venezuela, México, Espanha, Itália, Turquia, Egito, Coreia do Sul e
Índia.
O foco principal é o desenvolvimento de softwares user friendly (fáceis de usar)
que ofereçam resultados rápidos, precisos e econômicos (AUDACES, 2008). Os
produtos oferecidos compreendem: criação (linha de produtos IDEA); desenvolvimento
(software de vestuário que permite gerenciamento das etapas de modelagem, graduação,
encaixe e risco e o Digiflas) e produção (linhas de produtos como, neoplan, festo,
plotter e máquina de corte). Além do setor de confecções, seus produtos são usados
também pelo setor moveleiro.
A empresa tem obtido uma série de prêmios por suas inovações. A mais recente
conquista veio da participação na pesquisa “O Brasil que Inova”, realizada pelo Monitor
Group e pela revista Exame em 2008. Foram eleitas as dez empresas com as inovações
mais significativas do país na última década, e a Audaces ficou entre as dez, junto com
grandes empresas (Embraco, Arcelor Mittal Tubarão, Banco do Brasil, Tetra Pak,
Volkswagen, Ampla, Visa Vale, Basf, 24x7 Cultural). A empresa foi considerada
inovadora por desenvolver o Digiflash. Trata-se de um software que consegue
reconhecer as medidas exatas de um molde de roupa por meio de apenas uma foto,
tirada por uma câmera comum, em qualquer ângulo (SANTANA, 2008). Hoje, o
software é exportado para 30 países e representa 15% das receitas da Audaces, que em
2007 faturou mais de 10 milhões de reais.
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4.2 Processo de internacionalização
O processo de internacionalização, como se observou a partir da revisão teórica,
apresenta uma série de questionamentos: por que internacionalizar; de que forma
internacionalizar; e quais os destinos da internacionalização.
A empresa está no mercado internacional desde 2002 e as vendas para tal
mercado representam 35% do total. As soluções oferecidas pela Audaces para o
mercado global compreendem criação (linha de produtos IDEA); desenvolvimento
(software de vestuário que permite gerenciamento das etapas de modelagem, graduação,
encaixe e risco e o Digiflas) e produção (linhas de produtos como, neoplan, festo,
plotter e máquina de corte).
O primeiro produto da empresa a se internacionalizar foi o Audaces Vestuário,
sistema de modelagem de roupa (Sistema CAD) que desenha na própria tela do
computador os moldes das roupas e elimina o máximo possível desperdício na hora do
corte. Outro produto a se internacionalizar foi o Audaces Digiflash, sistema para
digitalização de moldes que, através da inteligência artificial, é capaz de gerar uma
reprodução digital, por meio de detecção automática dos contornos e pontos de controle.
A principal vantagem do Audaces Digiflash está na precisão e economia de tempo.
Outro diferencial é a economia de espaço, já que se trata apenas de um quadro flexível
fixado na parede, podendo ser enrolado para ser transportado. “Processo simples,
rápido, reduz custos. Simples porque não exige treinamento, reduz custo, pois é mais
rápido, ou seja, mais barato que uma mesa digitalizadora”, revela um dos entrevistados.
O processo de internacionalização começou pela América do Sul, mais
específicamente a Argentina, sendo a escolha desse país em função de fatores
psicológicos como língua, menos resistência ao produto brasileiro e proximidade
territorial. Nesse ponto, a pesquisa corrobora com os estudiosos da Escola de Uppsala
quando afirmam que os fatores psicológicos são determinantes para a
internacionalização.
Assim, a forma de entrada no mercado global começa via exportação direta
com a participação de distribuidores, e a empresa tem um distribuidor em cada país que
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vende. Para um dos gerentes entrevistados, a forma de entrada escolhida atende melhor
às necessidades dos clientes em função de o software ter um wardware envolvido. Os
clientes preferem um fornecedor local, pois julgam necessitar de assistência técnica. Por
isso, os distribuidores são importantes e a empresa procura capacitá-los, já que os
clientes os veem como uma extensão da Audaces. Normalmente, o cliente procura o
distribuidor local para suporte, mas a empresa também tem estrutura para dar suporte de
maneira direta, via web por exemplo. Conforme os entrevistados, o desempenho do
distribuidor está diretamente relacionado com visitas constantes.
Levando isso em conta, a empresa, em 2008, resolveu abrir escritório na
Espanha com o propósito de se aproximar dos distribuidores. Em função de o produto
ser de alta tecnologia, e o ciclo de vida muito rápido, é arriscado ficar muito tempo sem
visitar o distribuidor. Um período muito longo sem comunicação com os distribuidores
pode, na visão dos entrevistados, ocasionar problemas sérios para a empresa por causa
das constantes inovações. Outra razão é a imagem da empresa, ou seja, os distribuidores
e os clientes veem a empresa como uma empresa sólida. Criar escritório próximo aos
distribuidores e clientes permite maior vantagem, psicologicamente com os
distribuidores e clientes sentindo-se protegidos.
4.2.1 Determinantes para a internacionalização
Na pesquisa realizada foi possível evidenciar quais os determinantes da
internacionalização conforme quadro abaixo.
CLASSE A (Fatores
determinantes)
CLASSE B (Fatores pouco
determinantes)
CLASSE C (Fatores não
determinantes)
Regras, normas ou leis favoráveis no mercado internacional.
Necessidade de reduzir a dependência do mercado doméstico
Habilidade para modificar produtos para o mercado
internacional.
Intensificação da competição no mercado doméstico
Oportunidade de lucro e crescimento no mercado
internacional.
Interesse gerencial em relação a atividades internacionais.
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Necessidade de reduzir riscos em relação ao mercado
doméstico.
Existência de gerente de origem estrangeira na empresa.
Saturação ou retração do mercado doméstico.
Crenças gerenciais sobre a importância da internacionalização
Competidores iniciando atividades de internacionalização.
Produção de bens com qualidades únicas ou singulares.
Possibilidades de participação em parcerias internacionais.
Existência de gerente com experiência internacional na
empresa.
Necessidade de ter acesso global aos clientes
Necessidade de seguir os clientes, pois eles são globais
Quadro 2 Fatores determinantes para a internacionalização
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados da pesquisa
Como se nota, a partir das evidências empíricas, os determinantes mais
relevantes para a internacionalização da empresa, foco de estudo foram: necessidade de
reduzir a dependência do mercado doméstico, habilidade para modificar produtos para o
mercado internacional, oportunidade de lucro e crescimento no mercado internacional,
crenças gerenciais sobre a importância da internacionalização, interesse gerencial em
relação a atividades internacionais, competidores iniciando atividades de
internacionalização, produção de bens com qualidades únicas ou singulares,
possibilidades de participação em parcerias internacionais e possibilidades de
participação em parcerias internacionais. Levando-se em conta o que foi observado
percebe-se que a pesquisa corrobora com a teoria das Born Globals quando evidencia
que a motivação para internacionalização é caracterizada por proatividade, os gestores
são comprometidos com internacionalização desde sua concepção, observam os clientes e
buscam rápida penetração em nichos globais, a expansão internacional e doméstica
ocorrem de forma simultâneas ou próximas, forte evidência de redes, rápida
internacionalização (ampliação do número de mercados de exportação), muitos mercados ao
mesmo tempo e desenvolvimento de novos produtos globais, o método de distribuição
acontece de forma flexível, uso de agentes ou distribuidores, mas também, evidência de
integração com os canais de clientes, uso de licenças, joint ventures, produção no
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estrangeiro, a estratégia internacional estruturada, evidência de planejamento da expansão
internacional e expansão de redes internacionais.
4.2.2 Vantagens competitivas para a internacionalização
Assim, dando prosseguimento às considerações, encontram-se teorias que
apontam que a fonte de vantagens está na capacidade da gerência em consolidar
tecnologias em âmbito corporativo e nas habilidades de produção em competências que
possibilitem negócios individuais, para se adaptarem rapidamente às oportunidades em
mutação. Destaca-se que a vantagem competitiva pode também estar relacionada com a
disponibilidade de recursos que uma empresa tem. Em última instância, a vantagem
competitiva está relacionada com a possibilidade de uma empresa atrair clientes para
seu produto utilizando os recursos disponíveis.
A pesquisa evidencia que, conforme na empresa estudada, as vantagens
competitivas, que possibilitam a empresa entrar no mercado global, estão sustentadas
nos seguintes fatores, conforme quadro abaixo.
FATORES CLASSE A
(Críticos e principais
responsáveis pela
competitividade)
CLASSE B
( Não tão críticos)
CLASSE C (Iguais aos dos concorrentes)
Funcionalidade do
produto
Fácil de utilizar;
Ferramentas que
permitem adaptar o
software para qualquer
linguagem.
Preço do produto Compatível com o dos
concorrentes.
Flexibilidade A empresa é ágil em
responder às necessidades
do mercado.
Qualificação da mão-de-
obra
A empresa está
localizada em
Florianópolis, que vem
investindo fortemente na
área de inovações
tecnológicas.
Inovações Reconhecida no
mercado como uma
empresa que investe em
P & D.
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Redução de custo e
economia de tempo para
os clientes
A rotatividade de mão-
de-obra na indústria de
confecção favorece o
produto Audaces, pois
demanda menos horas de
treinamento;
O tempo gasto para
realizar o corte do molde
torna-se mais rápido com
a nova tecnologia
(produto Digiflash).
Economia de matéria
prima para os clientes
A precisão no corte
permite aos clientes
reduzir matéria-prima.
Agilidade Permite que os clientes
ganhem em escala e
aumentem a
produtividade.
Qualidade Reconhecida pela
qualidade de seus
produtos, com certificação
ISSO 9001:2000.
Quadro 2 – Vantagens competitivas da Audaces para internacionalização
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados da pesquisa
Como se nota no quadro acima, as raízes da competitividade na empresa
pesquisada são: funcionalidade, flexibilidade, qualificação profissional, inovações,
redução de custo, agilidade e qualidade.
Assim, os softwares da Audaces podem ser classificados como produtos
padronizados desenvolvidos no interior de uma empresa, mas que precisam sofrer
adaptações conforme as necessidades dos clientes (software customizável). Nesse
sentido, quando a empresa inicia-se no mercado europeu, faz adaptações no produto
para atender aos requisitos específicos de países desse continente, pois as
funcionalidades do mercado são diferentes da América latina. Dito de outra maneira, a
empresa precisou criar funcionalidades específicas, justificadas em função da distância
administrativa.
Da mesma forma, o preço praticado pela empresa é compatível com o da
concorrência e por isso não representa fonte de vantagem competitiva, porém segundo
um dos entrevistados, depende muito de cada país. Além disso, em alguns países como
a Itália, o cliente quer qualidade do produto e do atendimento pós-venda.
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Como a empresa é de pequeno porte, isso pode contribuir para uma maior
flexibilidade. Os gestores entrevistados argumentam que a empresa tem mais agilidade
para responder às necessidades dos clientes do que seus concorrentes, em função do
tamanho.
Também considerado fator preponderante para a competitividade das empresas,
o capital intelectual é, no caso de uma empresa de software, ainda mais relevante, pois a
fonte de recursos está ligada às pessoas, ou seja, para desenvolver um software, a
empresa precisa fazer uso do conhecimento embutido em seus funcionários. A
vantagem competitiva pode estar sustentada no know-how baseado em recursos
singulares e no conhecimento que a empresa detém e que pode ser usado para obter
rentabilidade ou lucros superiores.
Da mesma forma, o conceito de inovação em negócios consiste em introduzir
qualquer elemento que afete de forma radical ou incremental os clientes, à fabricação,
às vendas ou o atendimento. A Audaces hoje é reconhecida por suas inovações no setor
de confecção e investe todo o recurso de P&D nessas soluções. Assim, o produto da
empresa considerado mais inovador e único no mercado mundial é o Digiflash.
Além disso, custo e qualidade representam a forma mais básica pela qual as
empresas competem. A Audaces oferece sistemas CAD que permitem maior redução de
custo em função da economia de matéria-prima, tempo gasto para fazer um molde e,
também, em função da facilidade de uso que necessita menos treinamento para quem
vai operacionalizar o sistema. Além disso, os plotters desenvolvidos pela empresa
reduzem o consumo de energia.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desse modo, o objetivo deste estudo foi analisar as vantagens competitivas de
uma empresa de software para a internacionalização. Para que isso ocorresse, buscou-se,
por meio de um estudo de caso, descrever o processo de internacionalização da
empresa, analisar as motivações para a internacionalização, avaliar os aspectos que
possibilitam a empresa entrar no mercado global e discutir como se derivam as
vantagens competitivas de uma empresa de software.
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Para atender aos objetivos propostos, foi realizada uma revisão teórica sobre o
tema do trabalho. Constatou-se que há várias teses tanto a respeito da vantagem
competitiva quanto a do processo de internacionalização. A partir desse contexto, pôde-
se chegar a algumas ponderações a respeito do estudo realizado.
A produção de software tem se tornado um diferencial em todos os países, sejam
eles desenvolvidos, sejam emergentes, e no Brasil isso não é diferente. É possível dizer
que o setor é caracterizado pela concentração de pequenas empresas, e que nos últimos
anos a produção de software no país teve bastante destaque, contudo quanto à atuação
no exterior não se pode dizer o mesmo.
Assim, pode-se dizer que a organização pesquisada caracteriza-se como pequena
empresa. Fundada em 1992, situa-se no Estado de Santa Catarina, na Cidade de
Florianópolis. Seu foco de atuação é o setor de confecção e oferece produtos de alta
tecnologia (software e wardware). Quanto ao fato de ser uma pequena empresa
brasileira e fazer parte de uma cultura de pouca atuação no mercado global, o estudo
aponta que a Audaces contraria essa realidade. É uma empresa que, nos últimos anos,
tem focado suas ações no mercado externo.
Portanto, os principais motivos para a empresa se internacionalizar foram,
conforme a pesquisa: necessidade de reduzir a dependência do mercado doméstico,
habilidade para modificar produtos para o mercado internacional, oportunidade de lucro
e crescimento no mercado internacional, interesse gerencial em relação a atividades
internacionais, necessidade de reduzir riscos em relação ao mercado doméstico,
competidores iniciando atividades de internacionalização, necessidade de ter acesso
global aos clientes, produção de bens com qualidade única ou singular, nesse sentido,
corroborando com a teoria das Born Globals.
Ainda é importante observar que na análise do caso, pôde-se verificar que a
empresa utiliza como vantagens competitivas para a internacionalização as inovações
realizadas, a qualidade superior, a funcionalidade do produto, a maior agilidade, a
flexibilidade da empresa em atender os clientes, as parcerias com os distribuidores, o
aumento da produtividade dos clientes ao utilizarem os produtos Audaces, o
investimento em P&D.
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Não se pode deixar de destacar as limitações deste estudo. A primeira é que a
análise ex post facto, apesar de ser amplamente empregada em pesquisas sobre
internacionalização de empresas, pode afeta o resultado da pesquisa. A segunda diz
respeito à escolha da estratégia da pesquisa. Mesmo o estudo de caso sendo considerado
uma estratégia que permite estudar em profundidade um determinado fenômeno, sua
utilização não proporciona bases suficientes para se fazer generalizações. A terceira é
que os instrumentos de pesquisa que empregam fontes primárias de dados são possíveis
de julgamentos pessoais, que podem contribuir para vieses nos resultados obtidos. Essas
limitações sugerem que os resultados encontrados pela pesquisa necessitam ser
confirmados em estudos futuras.
Como contribuição ao meio acadêmico e executivo o artigo apresenta algumas
reflexões sobre os fatores determinantes do processo de internacionalização, em uma
empresa de software do setor têxtil, que podem servir como aprendizado. Entender a
complexidade da gestão de empresas que se internacionalizam é um desafio para todos
os atores envolvidos com essa questão.
Concluindo, cabe destacar que a internacionalização de empresas brasileiras do
setor de software está em aberto para estudos e pesquisas futuras. É relevante um estudo
mais amplo, de caráter quantitativo, sobre o processo de internacionalização de
empresas brasileiras do setor de software, uma vez que, até o momento, pouco se
conhece sobre o processo de entrada dessas empresas no exterior e como se dá sua
atuação no mercado internacional. Outra sugestão para estudos futuros seria estudar as
empresas de software de países emergentes e o processo de internacionalização sob o
enfoque das nascidas globais (born global) e do empreendedorismo internacional.
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YIN, R. K. Case study research: design and methods. Newbury Park, CA: Sage
Publications, 1993. pp.181.
Submissão: 02/05/2012
Aceitação: 28/08/2012
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Internext – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM
v. 7, n. 2, p. 1-25, jul./dez. 2012 – ISSN 1890-4865
_____________________________________________________________________________SOUZA, A. E.; VASCONCELLOS, E. P. G.; CORRÊA, H. L. O processo de internacionalização de
empresas de software: o caso Audaces. Internext – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da
ESPM, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 1-25, jul./dez. 2012.
THE PROCESS OF INTERNATIONALIZATION OF SOFTWARE FIRMS:
THE CASE AUDACES
ABSTRACT
This study addresses the way in which Brazilian companies are internationalising, their
motivations for internationalization and competitive advantage in this process. The
article analyzes in depth a software company that since 2002 has been working
successfully in the global market. The theoretical framework used is supported in three
major theories on the internationalization: the advantage of ownership, the Uppsala
School of the 1970s and the born global theory. To conduct the study, using a
qualitative approach with an exploratory-descriptive approach. The strategy was the
case study. Data were collected from primary and secondary sources. The data analysis
was from the content analysis. As a result, it appears that the motivation for the
internationalization is based on the need to reduce dependence on domestic market,
ability to modify products for the international market opportunity for profit and growth
in the international market, interest management for international activities.
Keywords: Internationalization of firms; Motivation for internationalization; Firms
software.
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