A PENITÊNCIA PARA REMISSÃO DOS PECADOS
Segundo Paulo de Tarso (I Coríntios, capítulo 12) o Espírito Santo opera
dadivosamente a quem lhe aprouver os dons da sabedoria da palavra de Deus,
permitindo-nos paulatino conhecimento da verdade permissiva da libertação
(João, capítulo 8, versículo 32) de sofrermos o inesperado padecimento trágico ao
resgatarmos nossas dívidas perante Deus, chamadas pecados às quais estamos
escravizados (João, capítulo 8, versículo 34).
Essa dádiva divina é a penitência, como reponta no magistério espiritual do Cristo,
em Lucas, capítulo 13, versículos 1 a 5, mais adiante transcrito.
Antes, convém explicitar-se o mencionado vocábulo, colhendo-se o significado no
dicionário Aurélio Buarque de Holanda, Século XXI, dentre outros: "Penitência: Ato
de expiação dos pecados, assumido por iniciativa pessoal. "
De igual, o dicionário Barsa, "penitência - Latin: Poenitentia 4 - Ato que Uma
pessoa se impõe a si mesma, para expiação de seus pecados.”
Ocorre essa palavra penitência encontrar-se em muitos textos bíblicos
indevidamente substituída por"arrependimento", violando-se a pureza da
primitiva versão da Sagrada Escritura traduzida da língua grega para o latim, então
denominada Vulgata Latina, elaborada por São Jerônimo no século IV - ano 383 a
406 - com aprovação do Papa Clelnente VIII em 1502, depois referendada pelo
Vaticano no Concílio de Trento no ano de 1546, onde consta
expressamente "poenitentiam", cujo significado elucida o dicionário Latín-
Português de Antônio Gomes Ferreira publicação de Dicionários Editora, Porto,
Portugal - tendo-a como raiz "poena, ae - pena, indenização dada por uma
falta ou crime cometido, compensação, reparação, punição, castigo,
sanção."
O Não se confundir "poenitentia" com o vocábulo "paenitentia, ae", este
correspondente a"arrependimento", pesar, como escrito na maioria das edições
bíblicas, transmudando-se a mensagem dos Evangelhos, face à indevida conotação
de arrependimento, nesta escondendo-se a orientação crística viabilizando
a pessoal e intransferível tarefa da remissão dos pecados ao alcance da
humanidade, objetivando o livramento de seu resgate pela dor e lágrimas da
tragédia.
Isto posto, habilitamo-nos a colher a sabedoria vinda no Evangelho de Lucas,
confof111e edição Barsa 1964 da Bíblia Sagrada, publicada com aprovação do
Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Jaime de Barros Câmara:
Capítulo 13
Vocação à penitência
v.1 - Neste mesmo tempo estavam ali uns que lhe davam notícia de certos galileus,
cujo sangue misturara Pilatos com os dos sacrifícios deles.
v.2 - E Jesus respondendo-lhes disse: Vós cuidais que estes galileus eram maiores
pecadores, que todos os outros da Galiléia, por haverem padecido tão cruel
morte?
v.3- Não eram, eu vo-lo declaro: mas se vós outros não fizerdes penitência, todos
assim mesmo haveis de acabar.
v.4- Assim também, no tocante àqueles dezoito homens sobre os quais caiu a torre
de Siloé, e os matou. Cuidais vós que eles foram mais devedores que todas as
pessoas moradoras em Jerusalém?
v.5- Não vo-lo declaro, mas se vós outros não fizerdes penitência, todos acabareis da mesma sorte.
Notem-se as exemplificações: ocorrências trágicas no futuro envolvendo
pecadores impenitentes, aos quais Jesus assemelha todos os demais habitantes da
Galiléia, província situada no norte da Palestina, bem como todos da cidade de
Jerusalém, e, por consideração decorrente, a nós mesmos.
Desse modo fica, amplamente afastada a idéia de “arrependimento”, porquanto
não consta teriam, aquelas vítimas, consciência da prática de quais os pecados
contra a Lei Divina, estariam pagando, como também não a tinham os
demais ainda não vitimados habitantes daquelas regiões, igualmente considerados
por Jesus, pecadores sujeitos a cruéis padecimentos, entre os quais, por extensão
lógica, incluem-se nós outros, agora claramente avisados na oração "Pai Nosso"
pelo Cristo, de sermos instintamente todos endividados, sem sabermos por que
pedimos: “perdoa-nos nossas dívidas”.
Por isso, a única possibilidade de salvação das tragédias encontra-se na prática
da penitência comsacrifícios voluntários que hão de ser feitos pela fé, se
crentes os fiéis de estarem cobertos de dívidas para com Deus, a fim de alcançar-se
a liberação do pagamento de nossos pecados, ou dívidas, mediante espontâneo
sacrificial benefício em favor do próximo, pois se devemos sofrimentos a Deus,
somente pagaremos as nossas dívidas com a mesma moeda, gratificando a
nossos irmãos necessitados de ajuda fraterna, material e moralmente,
assim penitenciando-nos com obras de benemerência SE carregadas
de sacrifício para quitação dos pecados, eliminando ou minimizando tragédias
compulsórias sobre as quais não temos comando quando se abatem sobre nós.
O Evangelho de Marcos, capítulo 1, versículo 4 e por demais informante:
v.4- Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo da penitência
para remissão dos pecados.
Mateus, igualmente no capítulo 3:
v.7- mas vendo ele muitos fariseus e dos saduceus que vinham ao batismo, disse-
lhes: Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi frutos
dignos de penitência;
Nessa conformidade considerar-se-á "ira futura" como figurando os invencíveis
reveses trágicos de nossa existência terrena.
Ante esse quadro certamente os fiéis indaguem onde se situam as promessas de
Cristo quanto à salvação pela graça, sem o concurso das obras? Quanto a isso, a
resposta encontra-se na certeza de alcançarmos a vida eterna e a ressurreição, ao
tempo do Juízo Final bastando somente acreditarmos ser Jesus o Cristo Filho de
Deus, como registra o Evangelho de São João:
Capítulo 5
v.24 - Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas
passou da morte para vida.
Capítulo 6
v.38- Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
v.39- E a vontade do Pai que me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que
me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.
v.40- Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o
Filho, e crê nEle,tenha a vida eterna; e eu ressuscitarei no último dia.
Portanto, note-se, a salvação somente pela graça mediante a fé em Cristo, nos
conduz à vida eterna; não havendo correlação com a salvação mediante a prática
da penitência, ou obra humana de salvação personalíssima de cada um para
livramento das tragédias.
Precioso observar-se quanto à exercitação da penitência, não ser dado sua
prática indistintamente a todos, nada obstante o conhecimento da sabedoria ora
investigada, porquanto a efetiva possibilidade de sua execução encontra-se, antes
da boa vontade pessoal, dependente da Divina Providência na dadivosa
concessão de um dom permissor desse comportamento.
Essa recomendação à penitência e sua aceitação pelos crentes em Jesus,
encontra-se na dependência de abrir-se o entendimento dos fiéis, a fim de que se
encontre o exato sentido da verdade contido nas Escrituras. E como se lê das
palavras de Nosso Senhor no Evangelho de Lucas:
Capítulo 24
v.45- E- Então lhes abriu o entendimento, para alcançarem o sentido das Escrituras.
v.46 - E disse-Ihes: Assim é que está escrito, e assim é que importava que o Cristo
padecesse, e que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia:
v.47 – E que em seu nome se pregasse penitência, e remissão de pecados em
todas as nações, começando por Jerusalém.
E a Segunda Epístola de São Pedro, consta no capítulo 3:
v.8- Mas isto só não se vos esconda, caríssimos, que um dia diante do Senhor é
como mil anos, e mil anos como um dia.
v.9 - Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns entendem: mas espera
com paciência por amor de vós, não querendo que algum pereça, senão que todos
se convertam à penitência.
Nesse sentido orienta-nos o iluminado Paulo de Tarso em sua Epístola II Timóteo
dilucidando apenitência como única possibilidade de nos desvencilharmos do
enleamento do Diabo, como consta:
Capítulo 2
v.25- na esperança de que poderá Deus algum dia dar-Ihes
o DOM da penitência para lhe fazer conhecer a verdade e que saiam dos laços
do Diabo, em que estão cativos à vontade dele.
Inúmeras outras fontes bíblicas, do antigo e novo Testamentos conduzem à
orientação destas pesquisas transcritas:
Jeremias, capítulo 8
v.6- Atendi, e escutei: Ninguém fala o que é bom, nenhum há que faça penitência
do seu pecado, dizendo: Que fiz eu?
Desse texto, claramente verifica-se não ser a penitência destinada a resgatar
pecado conhecido pelo fiel, pois este justifica-se para não praticá-la, dizendo: "Que
fiz eu?"
Prosseguindo:
Jeremias, capítulo 31
v.18- Converte-me e converte-me-ei. Porque tu és o Senhor meu Deus.
v.19- Porque depois que me converteste, fiz penitência
Mateus, capítulo 3
v.1 - Naqueles dias pois veio João Batista pregando no deserto da Judéia,
v.2 – e dizendo: fazei penitência: porque está próximo do reino dos cèus.
v11- Eu na verdade vos batizo em água para vos trazer penitência
Mateus, capítulo 4
v.17- Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Fazei penitência; porque está próximo o reino do céus.
Marcos, capítulo 1
v.14 - Mas depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para Galiléia, pregando
o Evangelho do reino de Deus, e dizendo: Pois que o tempo está cumprido, e se
aproximou o reino de Deus: fazei penitência, e crede no Evangelho.
Lucas, capítulo 3
v.2 - veio a palavra do Senhor sobre João, filho de Zacarias, no deserto.
v.3 - E ele foi discorrendo por toda a terra do Jordão, pregando o batismo
de penitência para remissão dos pecados.
Lucas, capítulo 5
v.31- E respondendo Jesus, lhe disse: Os que se acham sãos não necessitam de
médico, mas o s que estão enfermos.
v.32- Eu vim chamar não os justos. Mas os pecadores à penitência.
Lucas, capítulo 15
v.7- Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu, sobre um pecador que fizer
penitência, que sobrenoventa e nove justos, que não hã mister de
penitência.
Muito ilustrativa ao propósito do tema em comento, a narrativa de Jesus justificando
os padecimentos dorico no inferno, por não haver em vida praticado a penitência,
como se lê:
Lucas, capítulo 16
v.19 - Havia um homem muito rico, que se vestia de púrpura, e de Holanda: e que
todos os dias se banqueteava esplendidamente.
v.20 - Havia também um pobre mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas,
que estava deitado à sua porta.
v.21 - E que desejava fartar-se das migalhas que caiam da mesa do rico, mas
ninguém lhas dava: e os cães vinham lamber-lhe as úlceras.
v.22 - Ora sucedeu morrer este mendigo, que foi levado pelos anjos ao seio de
Abraão. E morreu também o rico, e foi sepultado no inferno.
v.23 - E quando ele estava nos tormentos, levantando seus olhos, viu ao longe a
Abraão, e a Lázaro no seu seio.
v.24 - E gritando, ele disse: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda cá a
Lázaro, para que molhe em água a ponta do seu dedo, a fim de me refrescar a
língua, pois sou atormentado nesta chama.
v.25 - E Abraão lhe respondeu: Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em tua
vida, e que Lázaro não teve senão males: por isso está ele agora consolado, e tu em
tormentos:
v.26 - e demais que entre nós e vós está firmado um grande abismo: de maneira
que os que querem passar daqui para vós, não podem, nem os de lá passar para cá.
v.27 - E disse o rico: Pois eu te rogo, pai, que o mandes à casa de meu pai:
v.28 - pois que tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, que não suceda
virem também eles parar a este lugar de tormentos.
v.29 - E Abraão lhe disse: Eles lá têm a Moisés, e aos profetas: ouçam-nos.
v.30 – Disse pois o rico: Não, par Abraão: mas se for a eles algum dos mortos, hão de fazer penitência.
v.3I - Porém Abraão lhe respondeu: Se eles não dão ouvidos a Moisés, e aos
profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda quando haja de ressuscitar algum
dos mortos.
Em Atos dos Apóstolos, São Paulo discursa aos atenienses:
Capítulo 17
v.30 - E Deus, dissimulando por certo os tempos desta ignorância, denuncia agora
aos homens que todos em todo o lugar façam penitência.
E perante o rei Agripa esse Apóstolo dos gentios declarou:
Capítulo 26
v.19 - Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial:
v.20 - mas preguei primeiramente aos de Damasco, e depois em Jerusalém e por
toda a terra de Judéia e aos gentios, que fIzessem penitência e se
convertessem a Deus, fazendo dignas obras de penitência.
Coroando estes estudos a palavra do próprio Jesus Cristo falada pela boca do
Profeta João Evangelista no Livro do Apocalipse:
Capítulo 1
v.1 - Revelação de Jesus Cristo que Deus lhe concedeu para descobrir aos seus
servos o que dentro em pouco deve acontecer, e o fez conhecer por intermédio de
um anjo enviado ao seu servo João.
v.2 - O qual deu testemunho à palavra de Deus, e o testemunho de Jesus Cristo,
em todas as coisas que viu.
V.3 – Bem aventurado aquele que lê e ouve as palavras desta profecia: e
guarda as coisas que nela estão escritas: porque o tempo está próximo.
Capítulo 3
v.2 – Pois que não acho as tuas obras completas diante do meu Deus.
v.3 - Lembra-te pois do que recebeste e ouviste, e guarda-o, e faze
penitência. Porque se tu não vigiares, virei a ti como um ladrão, e tu não
saberás a que hora eu virei a ti.
v.19 – Eu aos que amo, repreendo e castigo. Arma-te pois de zelo, e faze penitência.
v.20 - Eis aí estou eu à porta, e bato: se algum ouvir a minha voz e me abrir a porta,
entrarei eu em sua casa, e cearei com ele, e ele comigo.
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v.21 - Aquele que vencer, eu o farei assentar comigo no meu trono, assim
como eu mesmo também depois que venci, me assentei igualmente com meu Pai
no seu trono.
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