Ondados fios de ouro reluzenteCorrente renascentista
Camões
Ondados fios d'ouro reluzente, que, agora da mão bela recolhidos, agora sobre as rosas estendidos, fazeis que sua beleza se acrecente;
Olhos, que vos moveis tão docemente, em mil divinos raios entendidos, se de cá me levais alma e sentidos, que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor fineza de perlas e corais nasce e parece, se n'alma em doces ecos não o ouvisse!
Se imaginando só tanta beleza de si, em nova glória, a alma se esquece, que fará quando a vir? Ah! quem a visse!
BELEZA FEMININA
O poeta desenha o retrato da sua amada, segundo o gosto convencional da época, recordando a sua sedução. Assim, o poeta diz que, se a sua amada lhe parece formosa, contemplada na ausência, muito mais seria se a visse na sua presença (manifesta uma enorme vontade de a ver).
TEMA
Neste soneto, o sujeito imagina e exalta a beleza da amada ausente, cujo retrato reconstitui pela memória (influência platónica da teoria da reminiscência), e, no último terceto, exprime grande desejo de a ver, através da interrogação retórica, da interjeição (“Ah!”) e da exclamação.
Revela, sobretudo, influência petrarquista na idealização da mulher e na exaltação das suas qualidades físicas (os cabelos, os olhos, o rosto, os dentes, os lábios) e, também, das suas qualidades psicológicas ou morais (a doçura, a graça, a honestidade). Este ideal é sempre descrito como uma mulher perfeita, bela, nobre, só descritível em imagens hiperbólicas.
No soneto “Ondados fios de ouro reluzente”, verifica-se a descrição física, à maneira de Petrarca, de uma mulher, que contribui para a sua caracterização moral.
ASSUNTO
Ondados fios d'ouro reluzente, que, agora da mão bela recolhidos, agora sobre as rosas estendidos, fazeis que sua beleza se acrecente;
Olhos, que vos moveis tão docemente, em mil divinos raios entendidos, se de cá me levais alma e sentidos, que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor fineza de perlas e corais nasce e parece, se n'alma em doces ecos não o ouvisse!
Se imaginando só tanta beleza de si, em nova glória, a alma se esquece, que fará quando a vir? Ah! quem a visse!
1º momento:Caracteriza e exalta a beleza da amada, concentrada nos cabelos, nos olhos e no riso.A influência petrarquista revela-se na idealização da mulher e na exaltação das suas qualidades físicas e morais (a doçura, a graça, a honestidade)
2º momento:Os encantos da amada justificam o forte desejo de a ver, expresso através da interrogação retórica, da interjeição e da exclamação.
ESTRUTURA INTERNA
Ondados fios de ouro reluzente,Que agora da mão bela recolhidos,Agora sobre as rosas estendidosFazeis que sua graça se acrecente;
Olhos, que vos moveis tão docemente,Em mil divinos raios encendidos,Se de cá me levais alma e sentidos,Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor finezaDe perlas e corais nace e parece,Se n'alma em doces ecos não o ouvisse!
Se imaginando só tanta beleza,De si, em nova glória, a alma se esquece,Que será quando a vir? Ah! quem a visse!
A descrição da amada assenta na exaltação das suas qualidades físicas e psicológicas. O sujeito poético faz essa descrição nos onze primeiros versos.
Há versos que nos remetem para a descrição física e outros nos quais o sujeito poético enumera as qualidades psicológicas ou morais da sua amada.
Ondados fios de ouro reluzente,Que agora da mão bela recolhidos,Agora sobre as rosas estendidosFazeis que sua graça se acrecente;
Olhos, que vos moveis tão docemente,Em mil divinos raios encendidos,Se de cá me levais alma e sentidos,Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor finezaDe perlas e corais nace e parece,Se n'alma em doces ecos não o ouvisse!
Se imaginando só tanta beleza,De si, em nova glória, a alma se esquece,Que será quando a vir? Ah! quem a visse!
A metáfora evidencia e valoriza algumas características do cabelo: louro, brilhante, precioso como o mais precioso dos metais.
Refere metaforicamente as faces .Sugere a tonalidade rosada das faces, e também a sua beleza e fragilidade.
Os olhos podem ser caracterizados através dos adjectivos: doces, brilhantes e luminosos, sedutores.
Os olhos têm o efeito de fazer o sujeito poético viver em função da senhora de tais olhos.Perante o poder que tais olhos exercem sobre ele, apesar de os não ver, o poeta questiona-se sobre o efeito que teriam se os visse realmente.
Ondados fios de ouro reluzente,Que agora da mão bela recolhidos,Agora sobre as rosas estendidosFazeis que sua graça se acrecente;
Olhos, que vos moveis tão docemente,Em mil divinos raios encendidos,Se de cá me levais alma e sentidos,Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor finezaDe perlas e corais nace e parece,Se n'alma em doces ecos não o ouvisse!
Se imaginando só tanta beleza,De si, em nova glória, a alma se esquece,Que será quando a vir? Ah! quem a visse!
Lábios e dentes são representados através da utilização da metáfora “perlas e corais” que são dois elementos da natureza de excepcional e extraordinária beleza.
Com corais revela-se a tonalidade dos lábios e a sua textura e através de “perlas” não só a cor dos dentes como o seu aspecto liso e macio.
Na chave de ouro, que encerra o soneto, o sujeito poético refere que a beleza retratada é fruto da imaginação. Ele nunca a viu, mas deixa expresso esse desejo…
O honesto riso, transmite a sua honestidade. Uma qualidade social que ela possui.
Ondados fios de ouro reluzente,Que agora da mão bela recolhidos,Agora sobre as rosas estendidosFazeis que sua graça se acrecente;
Olhos, que vos moveis tão docemente,Em mil divinos raios encendidos,Se de cá me levais alma e sentidos,Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor finezaDe perlas e corais nace e parece,Se n'alma em doces ecos não o ouvisse!
Se imaginando só tanta beleza,De si, em nova glória, a alma se esquece,Que será quando a vir? Ah! quem a visse!
A mulher descrita é bela, honesta, graciosa e doce. Trata-se de uma mulher pura, angélica, imaterial e perfeita. A enumeração destas características torna visível a influência petrarquista. No último terceto, o poeta revela um desejo enorme de ver a amada. O intenso desejo de a ver é reforçado pelo emprego do advérbio “tanta”, da interrogação retórica e da exclamação final.
A mulher descrita é bela, honesta, graciosa e doce. Trata-se de uma mulher pura, angélica, imaterial e perfeita. A enumeração destas características torna visível a influência petrarquista. No último terceto, o poeta revela um desejo enorme de ver a amada. O intenso desejo de a ver é reforçado pelo emprego do advérbio “tanta”, da interrogação retórica e da exclamação final.
Metáfora – “Ondados fios de ouro reluzente”, “as rosas” – as faces cor-de-rosa, “perlas e corais” – dentes e lábios
Adjectivação expressiva – “Ondados”; “reluzente”; “Honesto”; “doces”, entre outros
Hipérbole – “Em mil divinos raios incendidos”
Apóstrofe – dos cabelos e dos olhos que aparecem personificados
Interrogação retórica – “Que fará quando a vir?”
Exclamação e interjeição – “? Ah! quem a visse!”
São vários os recursos figurativos ao serviço da caracterização da mulher amada.
Ondados fios de ouro reluzente,Que, agora da mão bela recolhidos,Agora sobre as rosas estendidos,Fazeis que a sua beleza se acrescente;
Olhos, que vos moveis tão docemente,Em mil divinos raios encendidos,Se de cá me levais alma e sentidos,Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor finezaDe perlas e corais nasce e parece,Se na alma em doces ecos não o ouvisse!...
Se, imaginando só tanta beleza,De si em nova glória a alma se esquece,Que será quando a vir?... Ah! Quem a visse…
Ondados fios de ouro reluzente, Que, agora da mão bela recolhidos, Agora sobre as rosas estendidos, Fazeis que sua graça se acrescente;
Olhos, que vos moveis tão docemente, Em mil divinos raios incendidos, Se de cá me levais alma e sentidos, Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor fineza De perlas e corais nasce e parece, Se na alma em doces ecos não o ouvisse! Se, imaginando só tanta beleza, De si em nova glória, a alma se esquece, Que fará quando a vir? Ah! quem a visse!
Este poema é um soneto porque é constituído por duas quadras e dois tercetos.
Este poema é um soneto porque é constituído por duas quadras e dois tercetos.
Quadras
Tercetos
On /da / dos / fi /os / de ou /ro /re / lu / zen ( te)
Os versos são decassílabos, isto é, versos que têm dez sílabas métricas. Trata-se da medida nova.
Versos Decassílabos
ESTRUTURA EXTERNA
Ondados fios de ouro reluzente, Que, agora da mão bela recolhidos, Agora sobre as rosas estendidos, Fazeis que sua graça se acrescente;
Olhos, que vos moveis tão docemente, Em mil divinos raios incendidos, Se de cá me levais alma e sentidos, Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor fineza De perlas e corais nasce e parece, Se na alma em doces ecos não o ouvisse! Se, imaginando só tanta beleza, De si em nova glória, a alma se esquece, Que fará quando a vir? Ah! quem a visse!
O texto é constituído por duas quadras e dois tercetos em metro decassilábico, com um esquema rimático ABBA // ABBA // CDE // CDE
A rima é interpolada e emparelhada nas quadras ABBA. Nos tercetos a rima é interpolada CDECDE
O texto é constituído por duas quadras e dois tercetos em metro decassilábico, com um esquema rimático ABBA // ABBA // CDE // CDE
A rima é interpolada e emparelhada nas quadras ABBA. Nos tercetos a rima é interpolada CDECDE
ABBA
ABBA
CDE
CDE
Esquema rimático e tipos de Rima
Disciplina: PortuguêsProf.ª: Helena Maria CoutinhoFim
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