Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane i
RESUMO
Com o objectivo de determinar o período crítico de controlo das infestantes na cultura de feijão
vulgar (Phaseolus vulgaris L.) foi conduzido, em condições de regadio, um ensaio na Estação
Agrária de Chókwè na época fresca da campanha agrícola 2004/05.
O delineamento experimental usado foi o de blocos completos casualizados, com quatro
repetições e oito tratamentos. Os tratamentos foram caracterizados em dois grupos: no grupo 1 -
quatro graus de competição da cultura com as infestantes: durante todo ciclo, durante os
primeiros 10, 20 e 30 dias após a emergência da cultura de feijão vulgar; no grupo 2 - quatro
graus de controlo das infestantes: durante todo ciclo, até os 10, 20 e 30 dias após a emergência da
cultura de feijão vulgar.
A composição e a dinâmica populacional da comunidade infestante foram avaliadas por meio de
parâmetros fitossociológicos baseados na frequência, abundância, biomassa, densidade e altura
das espécies amostradas. Na cultura foram avaliados: a biomassa, a altura, o peso do grão e o
peso de 100 sementes.
Dois períodos críticos foram definidos: um aceitando uma perda de rendimento de 5% e outro de
10% sobre o rendimento máximo. Para uma perda aceitável de rendimento na ordem dos 10 e
5%, respectivamente, o período crítico de controlo de infestantes ocorreu dos 3 aos 36 e dos 0 aos
44 DDE da cultura. O rendimento (peso do grão) médio obtido nas parcelas livres de infestação
foi de 1.8 ton/ha, tendo se reduzido, em cerca de 45%, devido a presença das infestantes nas
parcelas não sachadas. Os altos rendimentos obtidos deveram-se, principalmente, ao acúmulo da
biomassa pela cultura, nas parcelas com pouca infestação.
A comunidade infestante foi composta por 10 espécies; sob ponto de vista de índice de
importância relativa (IVI), destacaram-se as espécies Parthenium hysterophorus (IVI=88.3) e
Argemone mexicana (IVI=51.5). A biomassa e a altura das infestantes tiveram maior efeito na
redução dos rendimentos em relação ao parâmetro densidade das infestantes.
Palavras-chave: Período crítico, Phaseolus vulgaris, Infestantes.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais por me terem criado, pelo carinho, amor e compreensão.
E ofereço-o aos meus amados irmãos e sobrinhos para que se inspirem nele na concretização dos
seus sonhos.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus Trindade, pelo dom da vida e da sabedoria que me concedeu dos meus pais:
Julião Fenias Mboane e Ecineta Moisés Machava Mboane; e pelas graças que Ele me concede em
todos os dias da minha vida.
Especial apreço ao meu supervisor, Doutor Rafael Abel Massinga, que com paciência, zelo e
profissionalismo orientou-me na elaboração deste trabalho.
Agradeço à direcção, corpo docente e CTA da FAEF por terem tornado possível a minha
formação nesta instituição de máxima sapiência (UEM).
Agradeço a todos profissionais do Programa de Leguminosas de Grão, do IIAM em particular ao
Doutor Manuel Amane; aos técnicos da Estação Agrária de Chókwè, especialmente aos senhores
Rui Nota e Alípio que acompanharam os trabalhos de campo.
Obrigado mano Mboane Jr. (Julinho) pelo apoio material e moral nos momentos difíceis da
minha formação. Aos meus irmãos Adérito, Fenias, Dulcy e a toda família Mboane e Machava,
pelo carinho, afecto e por um dia terem acreditado no meu triunfo académico. Não queria me
esquecer de endereçar os meus agradecimentos ao meu tio José Fenias (óbito) pelo grande
contributo prestado na alocação de recursos financeiros e materiais durante os quatro anos de
formação académica superior - que Deus o tenha na Sua glória.
Os meus agradecimentos são extensivos aos meus amigos especialmente ao Gildo, Vânia, Aura,
Gorette, Ilda, Mapisse, Silvestre, Azarias, Idalina, Hortência, Constância, Elias, Valério, Valter,
Vitorino, Décio, Pires, Bambo, entre outros; pelo amor, inspiração, conselhos e por me terem
feito crescer em muitos aspectos da vida. Aos meus colegas de “batalha” em especial:
Nhamucho, Jone, Ndeve, Jamine, Pinho, Madabula, De Magalhães, Gado, Felicidade, Lizy,
Dique, Cossa e a toda turma T1 e NI (2001), por terem sabido sofrer comigo nos momentos de
stress.
A estes e a todos demais que directa ou indirectamente contribuíram para que este trabalho, que
culmina com o meu sucesso académico, fosse uma realidade aceitem de coração o meu sincero:
Obrigado!!!
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ÍNDICE
RESUMO ................................................................................................................... i
DEDICATÓRIA.......................................................................................................ii
AGRADECIMENTOS............................................................................................iii
LISTA DE TABELAS.............................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................vii
LISTA DE ANEXOS.............................................................................................viii
LISTA DE ABREVIATURAS ...............................................................................ix
I. INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
1.1. Problema de estudo........................................................................................................... 2 1.2. Objectivos........................................................................................................................... 3
II. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................4
2.1. Origem e importância do feijão vulgar................................................................4
2.2. Crescimento e desenvolvimento do feijão vulgar......................................................... 4 2.3. Adaptação Edafo-Climática do feijão vulgar................................................................. 5
2.3.1. Temperatura................................................................................................................... 5 2.3.2. Água .............................................................................................................................. 5 2.3.4. Solos .............................................................................................................................. 6
2.4. Produção mundial do feijão vulgar................................................................................. 6 2.5. Produção e zonas de cultivo do feijão vulgar em Moçambique.................................. 6 2.6. Principais factores que afectam a produção do feijão vulgar....................................... 7 2.6. Competição infestante-cultura......................................................................................... 8 2.7. Infestantes do feijão vulgar.............................................................................................. 8 2.8. Período crítico de controlo de infestantes...................................................................... 9 2.9. Métodos de controlo (maneio) das infestantes............................................................ 10 2.10. Fitossociologia............................................................................................................... 11
III. MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................12
3.1. Descrição da área do estudo........................................................................................... 12 3.2. Desenho experimental do ensaio................................................................................... 12 3.3. Descrição dos tratamentos.............................................................................................. 12 3.4. Montagem e condução do ensaio................................................................................. 13
3.4.1. Materiais de campo e de laboratório .......................................................................... 13 3.4.2. Material genético ......................................................................................................... 13 3.4.3. Práticas culturais.......................................................................................................... 14
3.5. Medições e observações de infestantes......................................................................... 14
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3.5.1. Amostragem das infestantes ........................................................................................ 14 3.5.2. Métodos de controlo de infestantes ............................................................................. 14 3.5.3. Identificação das infestantes........................................................................................ 15 3.5.4. Biomassa das infestantes ............................................................................................. 15 3.5.5. Altura das infestantes................................................................................................... 15 3.5.6. Parâmetros fitossociológicos ....................................................................................... 15
3.6. Medições e observações da cultura............................................................................... 17 3.6.1. Altura das plantas ........................................................................................................ 17 3.6.2. Biomassa das plantas................................................................................................... 17 3.6.3. Peso do grão ................................................................................................................ 18 3.6.4. Peso de 100 sementes .................................................................................................. 18
3.7. Determinação do Período Crítico.................................................................................. 18 3.8. Análise estatística dos dados.......................................................................................... 19 3.9. Perdas de produção.......................................................................................................... 19 3.10. Análise financeira.......................................................................................................... 20
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................21
4.1. Composição florística..................................................................................................... 21 4.2. Parâmetros fitossociológicos.......................................................................................... 22
I. Frequência .......................................................................................................................... 22 II. Abundância ....................................................................................................................... 23 III. Densidade das infestantes............................................................................................... 24 IV. Dominância das infestantes............................................................................................. 25 V. Índice de valor de importância ......................................................................................... 28
4.3. Altura das infestantes......................................................................................................29 4.4. Biomassa das plantas de feijão...................................................................................... 30 4.5. Altura das plantas de feijão............................................................................................ 31 4.6. Peso de 100 sementes......................................................................................................32 4.7. Rendimento...................................................................................................................... 33 4.8. Período crítico.................................................................................................................. 35 4.9. Análise financeira............................................................................................................ 36 4.10. Correlações..................................................................................................................... 37
I. Biomassa da cultura e o rendimento do feijão vulgar ....................................................... 38 II. Altura da cultura e o rendimento do feijão vulgar ........................................................... 38 III. Biomassa das infestantes e o rendimento do feijão vulgar.............................................. 39 IV. Altura das infestantes e o rendimento do feijão vulgar ................................................... 39 V. Densidade das infestantes e o rendimento do feijão vulgar.............................................. 39
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................................40
5.1. Conclusões........................................................................................................................ 40 5.2. Recomendações e limitações.......................................................................................... 41
VI. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................42
ANEXOS……………………………………………………………………….....46
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LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 - Escala fenológica da planta de feijão vulgar.................................................................................4
Tabela 2- Produção nacional de feijão das últimas cinco campanhas, em tons.............................................7
Tabela 3- Número de explorações e área cultivada no período de 2001 a 2003............................................7
Tabela 4- Descrição dos tratamentos experimentais ..................................................................................13
Tabela 5- Coeficientes de correlação de Rug ..............................................................................................19
Tabela 6 – Comunidade infestante da cultura de feijão vulgar no decurso do experimento com os
respectivos códigos internacionais................................................................................................................21
Tabela 7 – Número de indivíduos (N° in), frequência relativa (Frr.), abundância relativa (Abr.), densidade
relativa (Der.), dominância relativa (Dor.) e índice de valor de importância (IVI) das espécies ocorrentes
no experimento.............................................................................................................................................23
Tabela 8 – Posição das principais espécies com base nos parâmetros fitossociológicos.............................28
Tabela 9 – Altura das principais infestantes, em cm, identificadas nas parcelas experimentais................. 29
Tabela 10 - Variação do período antes da competição e do período total de competição em função das
percentagens de redução de rendimento toleradas. ......................................................................................35
Tabela 11 - Análise financeira da produção de feijão vulgar nos diferentes períodos de controlo de
infestante.......................................................................................................................................................37
Tabela 12 - Valores dos coeficientes de determinação (R2) e de correlação (r) entre os pares de
variáveis........................................................................................................................................................38
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LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 - Frequência absoluta de ocorrência de espécies infestantes, observado em todo experimento .…………………………………………………………………………………………….……………….22 Figura 2 – Abundância absoluta de espécies infestantes, observada em todo experimento………………23
Figura 3 - Densidade de infestantes (indivíduos m-²) obtidas nas parcelas experimentais e ajustada pela
regressão polinomial (não-linear), nos dois modelos de competição, observado em dias depois da
emergência da cultura ..................................................................................................................................24
Figura 4 – Densidade média das infestantes (indivíduos m-²) obtida nas parcelas experimentais............25 Figura 5 – Biomassa seca das infestantes (g.m-²) obtida nas parcelas experimentais e ajustada pela
regressão polinomial (não-linear), nos dois modelos de competição, observado em dias após a emergência
da cultura. ....................................................................................................................................................26
Figura 6 – Biomassa seca total das infestantes (g.m-²) obtida nas parcelas experimentais………...……27
Figura 7 – Índice de importância relativa (IVI) das espécies infestantes observadas no experimento.
……………………………………………………………………………………………………………...29
Figura 8 - Biomassa média das plantas de feijão vulgar obtida no experimento nos diferentes períodos de
controlo de infestantes…………………………………………………………..…………………………31
Figura 9 - Altura média das plantas de feijão vulgar obtida no experimento nos diferentes períodos de
controlo de infestantes..................................................................................................................................32
Figura 10 – Peso de 100 sementes de feijão vulgar obtido no experimento nos diferentes períodos de
controlo de infestantes..................................................................................................................................33
Figura 11 – Peso do grão e percentagem de perda de rendimento do feijão vulgar obtido no experimento
nos diferentes períodos de controlo de infestantes………………………………………………...………34
Figura 12 - Percentagem de rendimento e ajustada pela regressão polinomial quadrática nos dois modelos
de competição das infestantes na cultura do feijão vulgar para o cálculo do período crítico a 5% de perda
de rendimento tolerada..................................................................................................……………………36
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LISTA DE ANEXOS
Página
Anexo A1- Fichas de campo e de laboratório..............................................................................................47
Anexo A2 - Dados climáticos obtidos durante o experimento ....................................................................48
Anexo A3 - Layout do ensaio ......................................................................................................................48
Anexo A4 - As espécies infestantes mais importantes do mundo ...............................................................48
Anexo A5 - Análise de variância de rendimento..........................................................................................49
Anexo A6 – Análise de variância de peso de 100 sementes........................................................................49
Anexo A7 - Análise de variância de biomassa das plantas de feijão ...........................................................49
Anexo A8 - Análise de variância de altura das plantas de feijão ................................................................49
Anexo A9- Análise de variância da altura das infestantes............................................................................50
Anexo A10 - Análise de variância da biomassa das infestantes...................................................................50
Anexo A11 - Análise de variância da densidade das infestantes..................................................................50
Anexo A12 - Número de sachas realizadas nos tratamentos experimentais.................................................50
Anexo B1- Relação entre os estágios fenológicos da planta de feijão vulgar e índice de área foliar ..........51
Anexo B2 - Espécies infestantes identificadas no ensaio............................................................................51
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LISTA DE ABREVIATURAS ANOVA – Análise de variância
CTA – Corpo Técnico e Administrativo
DDE – Dias depois da emergência
Depto. – Departamento
DINA – Direcção Nacional de Agricultura
FAEF- Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal
FAO – Food Agriculture Organization of the United Nations
IIAM – Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
INE - Instituto Nacional de Estatística
INIA – Instituto Nacional de Investigação Agronómica
EAC – Estação Agrária de Chókwè
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Agropecuária
MADER – Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural
MT, MTn – Meticais, Meticais Nova Família
N.º- número
Ns – não significativo
Pr. (mm) – precipitação em milímetros
UEM – Universidade Eduardo Mondlane
Rep. – repetição
SAS – Statistical Analysis Systems
Sem comp. – Sem competição
SQ – Soma dos Quadrados
T.máx, méd, min - temperatura máxima, média e mínima
Ton/ha – tonelada por hectare
QM – Quadrado Médio
1.os – primeiros oC – graus centígrados
3.ª, 4.ª, 5.ª, 6.ª – terceira, quarta, quinta, Sexta
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I. INTRODUÇÃO
O feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é uma das mais importantes fontes de alimentação e
nutrição na África Oriental e Austral; sendo considerada a segunda mais importante fonte de
proteínas na dieta humana e a terceira mais importante fonte de calorias de todos produtos
agrícolas nestas regiões (Wortmann & Allen, 1994).
Infestantes são plantas que crescem e se desenvolvem em lugares não desejados e geralmente
interferem com a actividade humana. Para alcançar uma maior eficiência no seu controlo é muito
importante obter informações sobre: classificação da sua reprodução em geral, formas de
disseminação dos órgãos reprodutores, habitat de cada espécie, distribuição das espécies dentro
das áreas cultivadas, capacidade de competir com as culturas e o período em que elas mais
prejudicam a produção e a qualidade dos produtos agrícolas (Blanco, 1972).
O período crítico de controlo das infestantes (PCCI) é uma importante consideração no
desenvolvimento de estratégias alternativas de maneio de infestantes (Woolley et al.,1993).
Segundo Knezevic et al. (2002) o PCCI é o período durante o qual é essencial manter o ambiente
livre de infestantes para prevenir perdas de rendimento da cultura.
Kozloswski et al. (2002) reportam que o período óptimo de remoção das infestantes tem se
baseado na altura das infestantes, nas semanas após a emergência e no estágio de crescimento da
cultura. O início e a duração do período crítico pode variar com muitos factores, incluindo as
características da cultura e das infestantes, as variáveis ambientais, práticas culturais e as
assunções feitas relativamente aos métodos empregues na sua determinação (Acker et al., 1993;
Knezevic et al., 2002).
Dentro das leguminosas, o feijão vulgar é de grande importância para o homem, pois, providencia
proteínas de grande valor para as camadas socialmente desfavorecidas em Moçambique. Face à
demanda dos produtores, desenvolveu-se o Programa de Leguminosas de Grão pelo Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) que tem várias áreas de pesquisa. A área de
Controlo de Infestantes, do referido programa, se responsabiliza pela definição das principais
infestantes de leguminosas em diferentes solos, épocas do ano, regiões agro-ecológicas, definição
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Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 2
e avaliação dos métodos de controlo. Portanto, foi à luz dos objectivos deste programa que se
levou a cabo o presente projecto de investigação.
1.1. Problema de estudo
Em Moçambique, o feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é, sobretudo, produzido pelos
agricultores do sector familiar usando uma tecnologia de baixos insumos. A avaliação do efeito
da competição das infestantes com a cultura pode representar um enfoque de benefícios
económicos na produção do feijão (Kramm et al.,1990). O conhecimento das infestantes, das
espécies presentes, suas densidades e do período crítico do seu controlo; pode servir de base para
planear melhor um programa de controlo, bem como fazer o uso mais eficiente dos limitados
recursos de que se dispõe (FAO, 1996).
As infestantes quando não controladas, na cultura do feijão vulgar, podem provocar uma redução
da produção, em cerca de 50% (Segeren et al., 1994). As perdas na cultura do feijão devido à
competição com as infestantes variam de 15 a 97%, em função da cultivar plantada, época de
plantio, composição e densidade das infestantes (Andrade et al., 1999). Por isso, a eliminação das
infestantes nesta cultura é uma prática muito importante e indispensável porque contribui para
reduzir as perdas de produção.
Segundo Akobundu (1987), a remoção das infestantes é uma actividade que requer muito tempo e
disponibilidade de mão-de-obra. Para tal, há uma necessidade de conhecer o período crítico de
controlo de infestantes, porque tal conhecimento possibilita, por um lado, a realização de sachas
no momento oportuno, diminuindo as perdas de cultura bem como do rendimento. Por outro,
permite, aos produtores de subsistência, melhorar as práticas de maneio de infestantes nos seus
campos de produção - prática chave para o controlo integrado de infestantes (Knezevic et al.,
2002) sobretudo para os grandes produtores, para os programas e projectos de investigação nas
áreas de produção e protecção vegetal.
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1.2. Objectivos
1.2.1. Geral:
♦ Determinar o período crítico de controlo de infestantes na cultura do feijão vulgar (Phaseolus
vulgaris L.).
1.2.2. Específicos:
♦ Avaliar a composição e a dinâmica da comunidade infestante em competição com a cultura
do feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.);
♦ Determinar o momento oportuno para a remoção das infestantes na cultura do feijão vulgar
(Phaseolus vulgaris L.);
♦ Determinar as perdas de produção causadas pelas infestantes na cultura do feijão vulgar
(Phaseolus vulgaris L.);
♦ Correlacionar a biomassa, a altura e a densidade das infestantes; a biomassa, a altura das
plantas de feijão vulgar com o rendimento.
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II. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Origem e importância do feijão vulgar
O feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é uma leguminosa de grão, originária da América Central
(FAO, 1978) sendo o México, o mais provável centro de origem ou pelo menos de diversificação
primária (Debouck & Fidalgo, 1984).
O feijão vulgar pode crescer para produzir: grão seco descascado, sementes, vagem verde, ou ser
processado; sendo que a primeira é a melhor forma de utilização da cultura (FAO, 1977). O feijão
constitui, na alimentação humana, fonte básica e barata de proteínas; sendo o grão também rico
em calorias e ferro (Purseglove, 1969). O feijão tem um alto conteúdo de lisina, podendo ser
usado como suplemento de uma alimentação rica em carbohidratos (Rulkens, 1996).
2.2. Crescimento e desenvolvimento do feijão vulgar
No crescimento e desenvolvimento do feijão vulgar grande realce é dado a fase V4 (Tabela 1); a
partir do estádio V3, evidencia-se um rápido desenvolvimento vegetativo da planta, que assume o
ritmo máximo somente no estágio seguinte (Cobucci et al., 1999). A partir deste estágio (V4), há
um aumento pronunciado do índice de área foliar (Anexo B1). Qualquer stress (hídrico,
nutricional, competição com plantas infestantes, fitotoxicidade de produtos químicos) que ocorra
neste último estágio vegetativo poderá prejudicar o desenvolvimento da planta (Cobucci, et al.,
1999).
Tabela 1 - Escala fenológica da planta de feijão vulgar
Fonte: Fernandez et al. (1982)
Estágio Descrição V0 Germinação V1 Emergência (cotilédones a nível do solo) V2 Folhas primárias expandidas V3 Primeira folha trifoliada aberta e plana V4 Terceira folha trifoliada aberta e plana R 5 Primeiro rácimo floral nos nós inferiores - Pré-floração R 6 Primeira flor aberta – floração R 7 Formação da vagem R 8 Enchimento do grão R 9 Maturação (Modificação da cor das vagens)
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2.3. Adaptação Edafo-Climática do feijão vulgar
Dentre os elementos climáticos que mais influenciam a produção de feijão vulgar salientam-se a
temperatura, a precipitação e a radiação solar como principais, em relação ao fotoperíodo; visto
que esta cultura pode ser considerada fotossinteticamente neutra, não necessitando, por isso, um
período de vernalização para a floração (Da Silva e Steinmetz, 2003).
O Phaseolus vulgaris L. pode ser cultivado em todos trópicos menos quentes e nas zonas
húmidas de altas altitudes (FAO, 1978), de acordo com a Classificação Climática de Köppen:
clima Cw (com a estação seca) e clima Cf - chuvas distribuídas ao longo do ano (Baudoin et al.,
2001).
2.3.1. Temperatura
A temperatura é o elemento climático que mais exerce influência sobre a percentagem de
vingamento das vagens; altas temperaturas têm efeito prejudicial sobre a floração e a maturação
das vagens. Temperaturas baixas reduzem os rendimentos de feijão, por provocar aborto de
flores, que por sua vez pode, também, resultar em falhas nos órgãos reprodutores masculino e
feminino. Alta temperatura acompanhada de baixa humidade relativa do ar e ventos fortes têm
maior influência na retenção das vagens (Da Silva e Steinmetz, 2003).
A temperatura óptima flutua entre os 25-30 °C. Durante a estação de crescimento, a planta se
desenvolve bem se a temperatura média mensal estiver entre os 16-25°C. Abaixo de 13°C é
considerado retardado, enquanto que a temperaturas acima dos 30°C, as vagens e a produção de
sementes podem ser seriamente afectadas (Baudoin et al.,2001).
2.3.2. Água
O feijão é mais susceptível à deficiência hídrica durante a floração e o estádio inicial de formação
das vagens. O período crítico se situa aos 15 dias antes da floração. Ocorrendo deficit hídrico,
haverá queda no rendimento devido à redução do número de vagens por planta e, em menor
escala, à diminuição do número de sementes por vagem (Da Silva e Steinmetz, 2003).
Esta cultura é pouco tolerante à seca (Rulkens, 1996). Os requerimentos hídricos são altos
durante o estágio de enchimento do grão. A precipitação média anual é de 400 a 1200 mm. Bons
rendimentos são conseguidos quando a precipitação é bem distribuída, por exemplo, 80 a 120
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Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 6
mm durante a fase de crescimento vegetativo e 40 a 60 mm durante a fase reprodutiva (Baudoin
et al., 2001). A cultura deve estar livre de geadas, necessitando de um período de 140 dias sem
geadas (FAO, 1978) e períodos de maturação relativamente secos para a formação da vagem
(Baudoin et al., 2001).
2.3.4. Solos
Pode ser cultivado em diferentes tipos de solo, mas de preferência solos de boa drenagem e de
textura média (Rulkens, 1996; Baudoin et al., 2001). Requer solos bem aerados, bem drenados,
pH entre 6-7.5, sendo o limiar crítico o pH de 5 a 8.1 (Baudoin et al., 2001).
2.4. Produção mundial do feijão vulgar
A produção mundial de feijão vem crescendo progressivamente desde os anos 60. No início da
década de 80 alcançou cerca de 15 milhões de toneladas e desde o seu final passou a oscilar em
torno de 16 milhões de toneladas (Fuscaldi e Prado, 2005).
Considerando todos os géneros e espécies de feijão englobados nas estatísticas da FAO,
publicadas em 2005, a produção mundial de feijão situou-se em torno de 18,7 milhões de
toneladas, ocupando uma área de 26,9 milhões de hectares. Os países em desenvolvimento
respondem por 89,2% da produção mundial e, entre os continentes, a Ásia é o maior produtor
mundial, com 45,7%, seguida das Américas (36,7%), África (13,9%), Europa (3,4%) e Oceânia
(0,2%). Cerca de 66% da produção mundial foi oriunda de apenas sete países, sendo o Brasil o
maior produtor, com cerca 16,3% da produção mundial (Wander, 2005).
2.5. Produção e zonas de cultivo do feijão vulgar em Moçambique
O feijão vulgar é, principalmente, cultivado entre as altitudes de 1300-1400 m, nos planaltos de
Angónia, em Tete e Lichinga, em Niassa; e nas terras altas das províncias de Zambézia e Manica
em condições de sequeiro. Em outras regiões do País, a cultura é desenvolvida na época fresca e
seca, em condições de irrigação, principalmente nas províncias de Maputo e Gaza (INIA, 2003;
Rulkens, 1996; Semoc, s/d). A produção nacional do feijão é apresentada na tabela 2.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 7
Tabela 2 - Produção nacional de feijão das últimas cinco campanhas, em tons.
Províncias 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 Cabo Delgado 22,559 25,480 32,515 33,177 34,893
Niassa 21,955 23,349 27,540 28,221 28,994 Nampula 21,057 24,418 32,483 33,277 35,256 Zambézia 29,745 30,970 32,293 35,163 35,920
Tete 10,920 12,741 16,387 17,050 19,172 Manica 1,531 2,039 1,368 1,462 2,018 Sofala 5,928 8,225 7,071 8,227 8,975
Inhambane 15,590 10,505 12,735 13,127 15,126 Gaza 8,888 11,914 10,681 7,500 10,076
Maputo 8,265 4,185 4,283 2,349 2,368 Total Nacional 146,438 153,826 177,356 179,553 192,798
Fonte: DINA - Departamento de Aviso Prévio (DAPSA) - MADER (2004)
Segundo dados do último Censo Agro-Pecuário (1999-2000), por ordem de importância das
leguminosas de grão, a cultura do feijão vulgar ocupa o terceiro lugar, embora verificando-se um
incremento anual da área de produção (Tabela 3), depois do amendoim e do feijão nhemba,
seguido do feijão boer, na 4.ª posição (INIA, 2003).
Tabela 3 – N.º de explorações e área cultivada da cultura de feijão vulgar, no período de 2001 a 2003. Ano N.° de explorações Área cultivada (ha)
2001 234239 61058
2002 366342 62949
2003 344772 -
Fonte: INE, 2004
2.6. Principais factores que afectam a produção do feijão vulgar
Os principais constrangimentos da produção de leguminosas de grão em Moçambique são de
ordem baixa fertilidade dos solos, falta de informação sobre as melhores datas (épocas) de
sementeira (Davies, 1994), ocorrência de calamidades naturais (principalmente secas), maneio
inadequado da cultura, práticas agronómicas de baixa qualidade e factores sócio-económicos
relacionados com a falta de mercados específicos para esta cultura (INIA, 2003). E de ordem
biótica são: a falta de variedades melhoradas, de sementes de boa qualidade e a ocorrência de
pragas, doenças (Davies, 1997; INIA, 2003) e infestantes. Em termos de pragas e doenças,
destacam-se as seguintes para a cultura do feijão vulgar: mosca do feijoeiro, queima bacteriana,
ferrugem, atracnose e mancha angular (INIA, 2003 e Segeren et al., 1994).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 8
2.6. Competição infestante-cultura
As infestantes causam seus efeitos primários pela competição com as culturas pela luz, nutrientes,
água e espaço (Kramm et al., 1990; Muzik, 1970). Mais água e nutrientes são necessários para
produzir uma tonelada de infestante do que para produzir uma tonelada de muitas culturas
(Muzik, 1970). As plantas infestantes obtêm seus elementos vitais com mais eficiência: extraem
água, nitrogénio, fósforo, potássio, respectivamente, quatro, cinco, três, seis vezes mais que as
plantas cultivadas (Lorenzi, 2000).
A habilidade competitiva varia com as espécies; Anderson (1977) salienta que, em geral, as
infestantes de folha larga são mais competitivas que as infestantes anuais de folha estreita.
Segundo Andrade et al. (1999) a cultura do feijão vulgar é muito sensível à competição exercida
por outras espécies, favorecendo o desenvolvimento das plantas infestantes (gramíneas e/ou
plantas de folhas largas), normalmente plantas C4 e de rápido crescimento.
O grau de interferência entre as plantas infestantes e as culturas depende de factores relacionados
à comunidade infestante, tais como a composição específica, densidade e distribuição, bem como
factores ligados à cultura, género, espécie ou cultivar, espaçamento, densidade de sementeira.
Este grau de interferência é também devido à duração da convivência, da época em que este
período ocorre e que é modificado pelas condições edafo-climáticas e pelos tratos culturais
(Pitelli, 1985). Normalmente, as infestantes que emergem ao mesmo tempo que as culturas
também podem ter um efeito adverso no rendimento da cultura (Anderson, 1977).
2.7. Infestantes do feijão vulgar
No mundo, ocorrem muitas espécies de infestantes, umas mais nocivas e importantes sob ponto
de vista de prejuízo para as culturas (Anexo A4). Estima-se que cerca de 69% das infestantes
terrestres são de folha larga, 23% são gramíneas, 6% são junças (com caules e folhas tipo
gramínea e pequenas flores) e 2% são fetos (Esporo, 2002). Segundo Esporo (2002), as
infestantes são mais devastadoras que as pragas, as bactérias ou os vírus. Causam fenomenais
prejuízos na agricultura, especialmente em zonas tropicais, onde são responsáveis por um quarto
das perdas das colheitas.
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Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 9
Segundo Andrade et al. (1999) as infestantes por serem hospedeiros alternativos de insectos,
nemátodos e patógenos causadores de doenças, são responsáveis pela depreciação da qualidade e
do preço dos grãos colhidos; pela desuniformidade de maturação e infestação tardia das lavouras,
aumentando perdas e dificultando ou mesmo impedindo a colheita manual ou mecanizada, o que
aumenta os custos de produção.
Segundo FAO (1996) a flora infestante dominante no feijão vulgar assemelha-se a de muitas
culturas anuais. As espécies mais abundantes de folha larga são: Amaranthus sp., Melampodium-
divaricatum D.C., Tridax procumbens L., Chamaersycehirta (L.) Millsp., Euphorbia heteroplylla
L., Mimosa pudica L., Portulaca oleracea L., Parthenium hysterophorus L., Solanum nigrum L.
entre outras. Nas gramíneas e ciperáceas incluem Cenchurus spp., Digitaria spp., Eleusine indica
(L.) Gaertn, Echinochloa colona (L.) Link, Cynodon dactylon (L.) Pers, Cyperus rotundus L. e
Cyperus esculentus L. entre outras. Em Moçambique, as infestantes mais problemáticas nos
feijões são a tiririca-roxa (Cyperus rotundus), a tiririca-amarela (Cyperus esculentus) e a planta
parasita, a Alectra, sendo esta comum no feijão nhemba, embora possa também aparecer no feijão
vulgar (Segeren et al., 1994).
2.8. Período crítico de controlo de infestantes
Vários autores têm estudado o período crítico de competição o qual depende principalmente da
composição específica da comunidade infestante, cultivar, espaçamento, densidade de
sementeira, tipo de planta infestante, densidade de ocorrência e período de interferência. Dentre
estes, os que mais influenciam a competição, destacam-se a densidade, tipo de infestantes e o
momento em que ocorre a competição (Cobucci et al., 2001).
O período crítico varia também entre as espécies, contudo, na ausência de estudos, considera-se
para muitas culturas que o período crítico de competição é, aproximadamente, equivalente ao
primeiro terço do ciclo da cultura (FAO, 1996). Blanco (1972) estabeleceu o período entre o 10°
e 30° dia depois da emergência da cultura do feijão vulgar, como sendo o período mínimo em que
as áreas plantadas devem ficar livres da concorrência das infestantes. O período de controlo das
infestantes deve ser durante os primeiros 30 dias, antes da canópia (copa) da cultura prover
adequada cobertura do solo (Baudoin et al., 2001).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 10
Woolley et al. (1993), citaram estudos realizados sobre a competição entre o feijão e as
infestantes anuais sob irrigação que indicam que da quarta (4.ª) à quinta (5.ª) semanas da estação
de crescimento é o período de interferência das infestantes que causa mais reduções no
rendimento. Segundo estes autores, as práticas de controlo deveriam começar antes da 3.ª SDS
(semana depois da sementeira) e continuarem até ao menos 5.ª ou 6.ª SDS para se obter bons
resultados no rendimento dos grãos. Mais recentemente, Burnside et al.(1998), verificaram que o
período crítico de controlo de infestantes ocorreu entre a 3.ª, a 5.ª ou 6.ª SDS.
Estudos conduzidos por Kozlowski et al. (2002), reportam que o período crítico de prevenção da
interferência ocorreu entre os estágios fenológicos V4 e R6. A interferência das infestantes
reduziu em média 71% o rendimento dos grãos, influenciando negativamente os componentes do
rendimento, as características morfológicas, matéria seca e partição da matéria seca dos feijões.
Segundo o mesmo estudo, a redução foi maior, sobretudo, nos tratamentos onde as infestantes
conviveram um maior tempo com a cultura, bem como nos estágios onde ocorre elevada
actividade metabólica e fotossintética na planta, com grande demanda pelos factores de
competição (Kozlowski, 2002).
2.9. Métodos de controlo (maneio) das infestantes
Os conhecimentos básicos para um maneio adequado de infestantes são (FAO, 1996):
1. Identificação das infestantes e seu nível de infestação;
2. A biologia e ecologia das espécies de infestantes predominantes;
3. O efeito competitivo e os danos económicos das espécies infestantes predominantes;
4. Os métodos de controlo tecnicamente efectivos, economicamente viáveis e seguros para o
ambiente.
Esporo (2002) considera a existência de 5 formas (tipos de medidas) de controlo das infestantes:
a utilização de herbicidas, as medidas biológicas, alteração genética das culturas - utilizando
técnicas convencionais de cruzamento ou engenharia genética, técnicas culturais englobadas na
designação genérica de sacha, e a última via, uma combinação de métodos (o designado, controlo
integrado). Akobundu (1987) discute o controlo de infestantes em 4 métodos: preventivo,
cultural, biológico e químico; Muzik (1970) mencionou somente 3 métodos de controlo de
infestante que incluem o físico, o químico e o biológico.
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Mais recentemente, Massinga (2003) classifica os métodos de controlo de infestantes em 7
amplas categorias: os métodos preventivos (quarentena, inspecção, lei de semente e lei das
infestantes), os mecânicos (lavoura, gradagem, sacha, monda, etc.), os não-mecânicos (fogo,
água, mulching, etc.), os culturais (data de sementeira, consociação, rotação de culturas, etc.), o
biológico, o químico e o integrado.
2.10. Fitossociologia
Segundo Jakelaitis et al. (2003) a dinâmica populacional das infestantes refere-se às mudanças na
composição da comunidade no tempo, considerando o número e a dominância relativa de cada
espécie no agroecossistema.
A análise fitossociológica envolve as estimativas da estrutura com o objectivo de se conhecer a
importância de cada espécie na sua referida comunidade. Além disso visa entender a dinâmica
das comunidades vegetais baseando-se no conhecimento da sua estrutura e composição.
(http//www.uniplac.net/pesquisa/formularios/relatorio-klabin.pdf).
Os estudos de comunidades infestantes normalmente são iniciados com um levantamento
florístico na área de interesse, por meio de várias amostragens aleatórias. O número de amostras,
tamanho e forma da quadrícula são importantes variáveis na representatividade e confiabilidade
dos resultados. Em cada amostra, as populações são identificadas e quantificadas pelo número de
indivíduos, biomassa acumulada e/ou área ocupada (FCAV, 2005).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
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III. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Descrição da área do estudo
Geograficamente, a Estação Agrária do Chókwè (EAC), pertencente ao Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique (IIAM), situa-se no distrito do mesmo nome, na Província de Gaza a
uma altitude de 33 metros acima do nível médio das águas do mar, com latitude 24º32’ Sul e
longitude 33º00’ Este. Os solos desta estação são fluviais, férteis de textura franco-argiloso com
boa drenagem. As temperaturas mais altas ocorrem na estação quente, nos meses de Setembro a
Abril; sendo o mês de Janeiro, o mais quente com a temperatura média de 33.7 ºC. As
temperaturas mais baixas ocorrem na estação fresca, entre os meses de Maio a Setembro, sendo o
mês de Julho, o mais frio com a temperatura média de 10.9 ºC. A precipitação média anual é de,
aproximadamente, 622 mm repartida em 183 mm para a estação seca (meses de Maio a
Setembro) e 439 mm para a estação chuvosa (meses de Setembro a Abril) (Mosca, 1988).
Os feijões na EAC são produzidos em regadio onde o sistema de rega usado é por gravidade,
através de sulcos.
3.2. Desenho experimental do ensaio
Foi adoptado o delineamento experimental de blocos completos casualizados (DBCC) (Gomez &
Gomez, 1984) com 4 repetições e 8 tratamentos (Anexo A3). As parcelas foram compostas por 5
linhas de plantas de feijão vulgar com 5 m de comprimento e um compasso de 65*10 cm,
totalizando uma área de 16.25 m² por parcela. As avaliações foram realizadas na área útil das
parcelas constituída pelas 3 linhas centrais, sendo que as duas linhas da extremidade das centrais
constituíram a bordadura. A área útil da parcela foi de 9.75 m². A área total útil do ensaio,
constituída por 32 parcelas, foi de 312 m².
3.3. Descrição dos tratamentos
Os tratamentos foram separados em dois modelos: sujo (S) e limpo (L) conforme a tabela 4.
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Tabela 4 -Descrição dos tratamentos experimentais. Chókwè - 2005.
Tratamento Modelo Período de convivência cultura-infestante (dias)
1 S Infestado todo ciclo 2 L Livre de infestantes todo ciclo 3 L Livre desde os 10 DDE(1) até ao fim do ciclo 4 L Livre desde os 20 DDE até fim do ciclo 5 L Livre desde os 30 DDE até ao fim do ciclo 6 S Infestado desde os 0-10 DDE 7 S Infestado desde os 0-20 DDE 8 S Infestado desde os 0-30 DDE
3.4. Montagem e condução do ensaio
3.4.1. Materiais de campo e de laboratório
• Estacas de madeira, cordas
• Esferográfica, marcadores
• Fita métrica, etiquetas
• Jornais, quadrícula
• Bloco de notas, pranchetas
• Enxadas, sachadores
• Balança, régua
• Manuais e fichas de campo
3.4.2. Material genético
Foi usada a variedade Bonus de feijão vulgar. As características da variedade são abaixo descritas
(Semoc, s/d):
é originária da América Latina;
é uma variedade bem adaptada ao sistema de irrigação, tem o ciclo de maturação de 90 a
105 dias sendo que aproximadamente 45 dias depois da sementeira dá-se a floração;
o grão é de tamanho largo, de cor encarnado com manchas. Normalmente, a colheita é
feita quando a cultura está desfoliada e com as vagens secas, podendo-se obter um
rendimento de 0.5 ton/ha e 1.0 ton/ha nas épocas quente e fresca, respectivamente.
assim, como a maioria das variedades desta cultura em Moçambique, recomenda-se o
cultivo desta nas zonas agro-ecológicas onde a temperatura não exceda os 35 ºC, nem esteja
1 Dias depois da emergência
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 14
abaixo do 5º C durante as fases de floração e formação da vagem. A temperatura óptima para o
crescimento é de 16 a 21 º C.
3.4.3. Práticas culturais
O experimento foi instalado sob sementeira convencional numa área, onde anteriormente se
cultivou feijão nhemba. Exceptuando a preparação do solo (lavoura e gradagem), todo trabalho
foi realizado manualmente. A sementeira foi realizada no dia 11 de Junho de 2005, a uma
semente por covacho, sem adubação e sem aplicação de defensivos agrícolas, sob irrigação por
sulcos e aplicando as demais práticas culturais recomendadas para esta cultura. Passados 7 dias
depois da sementeira, deu-se a emergência da cultura (50% dos cotilédones no solo), obtendo-se
um óptimo poder germinativo que justificou a continuação do ensaio.
O experimento esteve sujeito a uma temperatura média de 21 ºC e uma precipitação mensal de
7.2 mm (Anexo A2). Durante a execução do trabalho foram feitas 3 regas por sulcos até a
capacidade de campo, com uma frequência irregular: a primeira, dois dias antes da sementeira, a
segunda no dia 17 de Junho e a terceira e última, no dia 4 de Julho. Foram realizadas no máximo
de 8 sachas manuais de acordo com os tratamentos (Anexo A12).
3.5. Medições e observações de infestantes
3.5.1. Amostragem das infestantes
Nas parcelas destinadas à convivência inicial da cultura com a comunidade infestante, as
amostragens das plantas infestantes foram realizadas no final do período estipulado (Tabela 4).
Ao término de cada período de convivência e ao início de cada período de controlo, as infestantes
foram identificadas, contadas e removidas em 2 áreas amostrais de 1 m² cada, delimitadas
aleatoriamente dentro da área útil da parcela (Anexo A1).
3.5.2. Métodos de controlo de infestantes
Os métodos de controlo de infestantes usados neste experimento foram a sacha e a monda. A
sacha é um método mecânico de controlo de infestantes que consiste em retirar as plantas
infestantes removendo o solo com uma enxada.
A monda foi usada nas proximidades das plantas de feijão vulgar (nas entre plantas), sobretudo
nas primeiras fases do ciclo da cultura, uma vez que com a enxada (sacha) se podia danificar a
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
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cultura e também se perder muito solo por erosão, resultando numa redução da densidade da
cultura.
3.5.3. Identificação das infestantes
No campo fez-se uma pré-identificação das espécies infestantes. Algumas eram conhecidas das
disciplinas de protecção vegetal leccionadas no currículo; outras foram identificadas com auxílio
da bibliografia (sobretudo manuais de campo). As espécies difíceis de identificar foram colhidas,
etiquetadas e levadas para o herbário do Depto. de Ciências Biológicas da UEM, onde se
identificou o material botânico por família até a sua espécie através de chaves sistemáticas
pertinentes a cada planta.
3.5.4. Biomassa das infestantes
Depois de colhidas manualmente (sacha e monda), as infestantes foram separadas por parcela,
por espécie, e depois postas a secar. Finda a secagem, pesou-se numa balança electrónica com
precisão de 0.01 g. Para as espécies infestantes dos tratamentos do modelo L, a amostragem foi
realizada no momento da colheita do feijão vulgar.
3.5.5. Altura das infestantes
Usando a mesma amostragem acima descrita, depois de colhidas manualmente (sacha e monda),
as infestantes foram separadas por parcela, por espécie e em seguida, mediu-se a altura das
mesmas. A leitura foi feita com o auxílio de uma régua graduada e fita métrica desde a superfície
do solo até ao comprimento mais alto da planta (infestante).
3.5.6. Parâmetros fitossociológicos
(a) Frequência
Frequência absoluta – indica o número de vezes em que uma espécie é encontrada na área de
amostragem. É representada pela proporção de quadrats (unidades de amostra) onde a espécie foi
verificada.
n.º de parcelas com ocorrência da espécie
Fr = [1]
n.º total de parcelas
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Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 16
A frequência relativa refere-se à intensidade de ocorrência de uma espécie nos vários segmentos
geográficos da comunidade. É expressa em termos de percentagem de amostras em que
indivíduos de uma espécie foram detectados, em relação ao número total de amostras efectuadas.
Frr.= (Fr/∑ Fr) *100% [2]
onde: Frr. = frequência relativa (%)
Fr = frequência absoluta
(b) Abundância
Este parâmetro é calculado pelas expressões abaixo:
n.º total de indivíduos por espécie
Abundância absoluta (Ab) = (Lara et al., 2003) [3]
n.º total de parcelas que contêm a espécie
Abundância da espécie * 100
Abundância relativa (Abr.) (%) = (Lara et al., 2003) [4]
Abundância total das espécies
(c) Densidade
A densidade absoluta foi obtida pela contagem do número de indivíduos amostrados de uma
determinada espécie por unidade de parcela (área).
n.º total de indivíduos por espécie
Densidade absoluta (De) = [5]
Área total das parcelas (m2)
A densidade relativa refere-se à percentagem de indivíduos de uma mesma espécie em relação ao
total de indivíduos da comunidade.
Densidade da espécie * 100
Densidade relativa (Der.) (%) = [6]
Densidade total das espécies
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(d) Dominância
Exprime a influência de uma espécie em relação à comunidade. É um parâmetro muito difícil de
ser avaliado, devido a complexidade de factores envolvidos na avaliação da actuação de uma
espécie em relação a uma comunidade. No caso de comunidades infestantes aceita-se que as
espécies que detenham maiores acúmulos de matéria seca influenciem, em maior grau, no
comportamento da comunidade.
Considera-se como dominância relativa (Dor.) de uma espécie a relação entre o peso da matéria
seca acumulada pela espécie em relação ao peso de matéria seca total da comunidade infestante
(FCAV, 2005), matematicamente:
Peso da matéria seca da espécie * 100
Dominância relativa (Dor.) (%) = [7]
Peso total da matéria seca das espécies
(e) Importância relativa
A densidade, a frequência e a dominância demonstram aspectos essenciais na composição da
flora infestante, mas são dados parciais que isolados não informam sobre a estrutura florísta da
vegetação. A importância relativa ou índice de valor de importância (IVI) é um índice complexo
que envolve os três factores anteriores, sendo calculado pelo somatório da frequência, densidade
e dominância relativas:
IVI= Frr.+ De r. + Do r. (Soares et al., 2003) [8]
3.6. Medições e observações da cultura
3.6.1. Altura das plantas
Foi considerada a altura das plantas de feijão vulgar medida no momento da colheita. Ao acaso,
foi medida a altura de 10 plantas por parcela com 90% das vagens secas, como sendo a distância
média entre a superfície do solo e a inserção da última vagem. Esse valor foi considerado como
altura por parcela e posteriormente introduzido no pacote estatístico para análise de variância.
3.6.2. Biomassa das plantas
Foi feita a pesagem do material colhido no momento da colheita, na área útil da parcela. Feita a
pesagem, os dados foram introduzidos no pacote estatístico para análise estatística.
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3.6.3. Peso do grão
Para medir o rendimento, depois da debulha das sementes colhidas na área útil de cada talhão,
mediu-se na balança o peso do grão, e posterior transformação dos dados em Kg/ha e fez-se a
análise estatística.
3.6.4. Peso de 100 sementes
Depois da debulha, pesou-se as sementes colhidas na área útil de cada talhão e de seguida,
aleatoriamente, seleccionou-se e mediu-se na balança o peso de 100 sementes colhidas na área
útil da parcela. De seguida, fez-se a análise estatística.
3.7. Determinação do Período Crítico
Segundo Burnside et al. (1998), as pesquisas para determinar o período crítico de controlo de
infestantes no feijão vulgar são desenvolvidas da seguinte maneira:
(1) – Manter a cultura livre de infestantes até certos períodos pré-determinados e depois permitir
que as infestantes cresçam com a cultura até ao fim do ciclo.
(2) – Permitir que as infestantes emirjam e cresçam com a cultura durante certos períodos pré-
determinados, depois remover todas as infestantes mantendo o campo limpo até ao fim do
ciclo.
O intervalo de tempo entre (1) e (2) é o período crítico de controlo de infestantes.
Enquanto que o estudo feito em (1) define o período crítico de ausência das infestantes (CPWA2)
após o qual a presença das infestantes não causa reduções significativas no rendimento; o estudo
em (2) define o período crítico de presença das infestantes (CPWP3), após o qual as infestantes
devem ser removidas porque começam a reduzir o rendimento da cultura.
O período crítico foi calculado assumindo dois cenários: uma perda de produtividade do feijão
vulgar em grão causado pelas infestantes na ordem dos 5 e 10%.
2 sigla em inglês, Critical Period of Weed Ausence 3 sigla em inglês, Critical Period of Weed Presence
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 19
3.8. Análise estatística dos dados
Os resultados obtidos foram submetidos às análises de variância (ANOVA) no pacote estatístico
SAS (Stastical Analysis System para Windows, versão 8) e de regressão, no Microsoft Excel. A
análise de variância pelo teste F foi feita para avaliar o efeito dos tratamentos sobre as variáveis
analisadas; posteriormente fez-se a comparação das médias pelo teste de Duncan a 5% de
probabilidade.
No programa Microsoft Excel, fez-se a análise de regressão considerando o modelo polinomial
quadrático (Gomez & Gomez, 1984), obtendo-se o valor de coeficiente de determinação (R2) que
mostra a proporção ou percentagem da variação total da variável dependente que é explicada pela
variável independente. Este parâmetro (R2) foi útil para explicar a influência: dos dias após a
emergência da cultura sobre a densidade e matéria seca das infestantes e sobre os períodos de
controlo e de convivência das infestantes. Na análise dos períodos de controlo das infestantes
sobre a biomassa, altura, peso de 100 sementes, peso do grão de feijão vulgar usou-se a
regressão linear.
A partir dos coeficientes de determinação, fez-se a análise de correlação para se verificar a
natureza da associação (negativa ou positiva) entre as variáveis. E para comparar a afirmação de
que o coeficiente é alto ou baixo, usou-se a tabela de Rug abaixo descrita:
Tabela 5 - Coeficientes de correlação de Rug
Intervalo Característica
r < 0.15 Desprezível
0.15< r < 0.29 Baixo
0.3< r < 0.49 Apreciável
r > 0.50 Acentuado
Fonte: Sounis, 1985
3.9. Perdas de produção
Para sumariar as perdas de rendimento como função do período de infestação foi desenvolvida a
seguinte fórmula (Burnside et al., 1998):
P = [1- (Tinf / Tlimpo ) ] * 100 % [9]
Onde:
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 20
P - Perdas de rendimento;
T inf - Rendimento dos talhões experimentais infestados;
T limpo - Rendimento dos talhões experimentais limpos (controlo - livre de infestantes todo
ciclo).
3.10. Análise financeira A análise foi feita considerando o controlo de infestantes por meio da sacha como sendo o único
factor de produção que contribui para a variação dos custos variáveis, mantendo constante os
restantes factores. Fez-se a análise de três períodos de controlo de infestantes: durante todo ciclo,
sem controlo e durante o período crítico. A expressão matemática da margem bruta é abaixo
descrita:
MB = VP – CV [10]
ou, simplesmente:
MB = Py*Y - Px*X [11]
onde:
MB = margem bruta (MT/ha);
VP = valor de produção ou renda;
CV = custos variáveis;
Py = preço do feijão vulgar (MT/Kg) igual a 20, 00 MTn (20 000, 00MT)/Kg;
Y = produção do feijão vulgar (Kg/ha);
Px = preço de uma sacha (Jorna) igual a 25, 00 MT (25 000, 00MT)/Jorna;
X = n.º de sachas no período em questão (Jorna/ha).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 21
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Composição florística
No experimento foram identificadas 10 espécies infestantes pertencentes a 9 famílias; sendo que
a família das Compósitas contribuiu com duas espécies: Sonchus oleraceus e Parthenium
hysterophorus (Tabela 6). Esta família com 32 espécies, ocupa a segunda posição num total de 59
famílias com qualidades especiais no sucesso infestante (Stephens, 1982). De todas as espécies
identificadas, 7 delas são infestantes de folha larga e as restantes três, de folha estreita. Quanto
mais as espécies são fisiologicamente semelhantes, sobretudo relacionado com a classificação
taxonómica, mais semelhantes serão as suas necessidades e mais intensa a sua competição pelos
factores que se encontram em quantidades limitadas no ecossistema comum (Salgado et al.
2002). Das 18 espécies infestantes consideradas mais nocivas do mundo, apenas ocorreram duas:
Cyperus rotundus e Portulaca oleracea (Anexos A4 e B2).
Tabela 6 – Comunidade infestante da cultura de feijão vulgar no decurso do experimento com os
respectivos códigos internacionais.
Família Espécie Nome comum Código internacional
Dicotiledoneae
Amaranthaceae Alternanthera sp. - -
Portulacaceae Portulaca oleracea L. Beldroega POROL
Sonchus oleraceus L. Serralheira SONOL
Compositae
(Asteraceae)
Parthenium hysterophorus L.
Losna-branca, tomateiro
selvagem, fazendeiro
PTNHY
Papaveraceae Argemone mexicana L. Papoula-do-méxico ARGME
Nyctaginaceae Boerhavia erecta L. - BOEER
Sapindaceae Cardiospermum halicacabum L. Menhoamamba4,
balãozinho
CARHA
Monocotiledoneae
Graminae (Poaceae) Panicum maximum Jacq. Capim-colonião PANMA
Commelinaceae Commelina benghalensis L. Maria-mole, trapoeraba COMBE
Cyperaceae Cyperus rotundus L. Tiririca-roxa, junça CYPRO
4 Idioma Ronga
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 22
4.2. Parâmetros fitossociológicos
I. Frequência
Num total de 32 parcelas inventariadas, a espécie Cardiospermum halicacabum foi a mais
representativa, ocorrendo em 25 parcelas o que corresponde a frequências absoluta e relativa de
0.78 e 15.82%, respectivamente (Figura 1; Tabela 7). As espécies Parthenium hysterophorus e
Argemone mexicana ocupam a segunda e terceira posição, sendo que a Portulaca oleracea foi a
espécie com menor frequência.
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
A. mex
icana
L.
S. oler
aceu
s L.
C. ben
ghale
nsis
L.
P. hys
tero
phor
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.
C. rot
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P. oler
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L.
C. hali
caca
bum
L.
Altern
anth
era
sp.
B. ere
cta L
.
Espécies de infestantes
Fre
quên
cia
abso
luta
Figura 1 – Frequência absoluta de ocorrência de espécies infestantes, observado em todo experimento.
As espécies cujas frequências relativas foram 15.82, 14.56 e 12.03, respectivamente,
Cardiospermum halicacabum, Parthenium hysterophorus e Argemone mexicana representaram
41% da frequência relativa (Tabela 7).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 23
Tabela 7 - Número de indivíduos (N° in), frequência relativa (Frr.), abundância relativa (Abr.), densidade
relativa (Der.), dominância relativa (Dor.) e índice de valor de importância (IVI) das espécies ocorrentes
no experimento. Chókwè-2005.
Espécie Frr. (%) Abr. (%) Der. (%) Dor. (%) IVI
P. hysterophorus L. 14,56 23,51 30,13 43,64 88,33
A. mexicana L. 12,03 16,51 17,48 21,98 51,49
C. halicacabum L. 15,82 4,87 6,79 4,56 27,17
C. benghalensis L. 10,13 16,06 14,32 1,99 26,44
Alternathera sp. 9,49 11,76 9,83 16,27 35,6
Outras (*) 37,33 29,38 22,65 26,48 86,46
Total 100 100 100 100 300
(*) – Sonchus oleraceus, Portulaca oleracea, Panicum maximum, Boerhavia erecta e Cyperus. rotundus.
II. Abundância
As três espécies mais abundantes foram Parthenim hysterophorus, Argemone mexicana e
Commelina benghalensis (Figura 2). Estas três espécies representam em conjunto 56.1% da
abundância relativa (Tabela 7).
A Portulaca oleracea foi a espécie com menor expressão neste atributo fitossociológico, como
se verificou com a frequência (Figura 2).
0
2
4
6
8
10
12
A. mex
icana
L.
S. oler
aceu
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C. ben
ghale
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P. oler
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caca
bum
L.
Altern
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era
sp.
B. ere
cta L
.
Espécies de infestantes
Abu
ndân
cia
abso
luta
Figura 2 – Abundância absoluta de espécies infestantes, observada em todo experimento.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 24
III. Densidade das infestantes
As espécies infestantes que se estabeleceram primeiro foram: Commelina benghalensis e Cyperus
rotundus - que 30 dias após a emergência da cultura perderam expressão para as espécies
Parthenium hysterophorus, Argemone mexicana e Cardiospermum halicacabum. Estas três
espécies representaram 54.4% da densidade relativa (Tabela 7). Quanto maior for a densidade das
infestantes, maior será a quantidade de indivíduos disputando os mesmos recursos do meio e,
portanto, mais intensa será a competição sofrida pela cultura (Pitelli, 1985).
A rápida germinação e emergência das primeiras infestantes permitiram que se atingisse uma
densidade de cerca de 50 indivíduos m-2 aos 30 dias de infestação (Figura 3). Os resultados
permitiram o ajustamento do modelo matemático de forma quadrática com um coeficiente de
determinação de 100% em ambos modelos de competição (sujo e limpo). No modelo sujo, há um
incremento teórico do número de indivíduos da comunidade infestante até aos 60 DDE. A
variação pode ser explicada pela não uniformidade no fluxo de emergência das diferentes
espécies da comunidade infestante. A partir desse período houve redução da densidade de
infestantes, até ao final do ciclo, devido a forte competição intra e inter-específica com as
espécies que emergiram mais tarde. No modelo limpo, contado no final do ciclo da cultura, o
número de indivíduos não variou significativamente (P < 0.05) com o período de controlo de
infestantes (Figura 3).
--- Modelo Limpo
y = 0.0102x2 - 0.9398x + 45.592
R2 = 1.00
--- Modelo Sujo
y = -0.0283x2 + 3.3961x - 24.822
R2 = 1.00
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Dias após a emergência da cultura
# In
fest
ante
s
Figura 3 – Densidade das infestantes (indivíduos m-²) obtida nas parcelas experimentais e ajustada pela
regressão polinomial (não-linear), nos dois modelos de competição, observado em dias após a emergência
da cultura.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 25
A densidade média das espécies infestantes durante o experimento foi de 4.8 indivíduos/m2
(Anexo A11) sendo que a menor ocorreu nos primeiros 10 dias. Nas parcelas onde não se
realizou nenhuma sacha, houve grande quantidade de indivíduos a infestarem a cultura de feijão
vulgar, sobretudo pertencentes à espécie Parthenium hysterophorus - densidade média de 8
indivíduos por m2 (Figura 4). Na espécie Cardiospermum halicacabum, o efeito da maior
frequência de ocorrência não foi semelhante ao de número de indivíduos encontrados (Figura 4).
0123456789
A. mex
icana
L.
S. oler
aceu
s L.
C. ben
ghale
nsis
L.
P. hys
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phor
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C. rot
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caca
bum
L.
Altern
anth
era
sp.
B. ere
cta L
.
Espécies de infestantes
Den
sida
de (
ind/
m2)
Figura 4 – Densidade média das infestantes (indivíduos m-²) obtida nas parcelas experimentais.
IV. Dominância das infestantes
É um parâmetro que busca expressar a influência de cada espécie na comunidade, através da sua
biomassa. A biomassa seca média das infestantes em todas as parcelas experimentais foi de 25.6
g/m2 (Anexo A10). No princípio, deixou-se as infestantes crescerem junto com a cultura 10, 20 e
30 DDE (Modelo S). Os resultados da ANOVA (Anexo 10) mostram a inexistência de diferenças
significativas (P < 0.05) na biomassa seca acumulada neste modelo de competição.
A figura 5 representa as curvas de acúmulo de matéria seca das infestantes com os dias após a
emergência da cultura do feijão vulgar. Com coeficientes de determinação elevados (96 e 100%),
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 26
verificou-se que a curva de acúmulo de matéria seca ajusta-se bem a este modelo matemático de
forma quadrática. No modelo sujo, houve tendência da aceleração do acúmulo da matéria seca
com o desenvolvimento do ciclo da cultura, especialmente a partir dos 30 DDE. Este facto era
esperado, em função da baixa capacidade competitiva demonstrada por esta cultura (Figura 5).
--- Modelo Sujo
y = 0.0742x2 - 0.8702x + 5.3364
R2 = 1.00
--- Modelo Limpo
y = 0.2278x2 - 21.664x + 611.54
R2 = 0.96
0
100
200
300
400
500
600
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Dias após a emergência da cultura
Mat
éria
sec
a da
s in
fest
ante
s (g
/m2)
Figura 5 – Biomassa seca das infestantes (g.m-²) obtida nas parcelas experimentais e ajustada pela
regressão polinomial (não-linear), nos dois modelos de competição, observado em dias após a emergência
da cultura.
No final do ciclo da cultura, as espécies P. hysterophorus, Argemone mexicana e Alternanthera
sp. acumularam cerca de 68% da biomassa seca total das infestantes na área. Tendo sido estas
espécies que maior contributo tiveram na biomassa da comunidade infestante da cultura do feijão
vulgar neste experimento (Figura 5; Tabela 7).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 27
0
100
200
300
400
500
600
A. mex
icana
L.
S. oler
aceu
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C. ben
ghale
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L.
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L.
P. max
imum
P. oler
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L.
C. hali
cacab
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.
Altern
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ra sp.
B. ere
cta L
.
Espécies de infestantes
Mat
éria
sec
a (g
)
Figura 6 – Biomassa seca total das infestantes (g.m-²) obtida nas parcelas experimentais.
As primeiras espécies a emergirem - Cyperus rotundus, Commelina benghalensis e
Cardiospermum halicacabum - atingiram a dominância relativa máxima nos primeiros 10 dias de
competição com a cultura. Isto pode dever-se à rápida multiplicação dos seus tubérculos
permitindo uma rápida propagação vegetativa. Nos períodos posteriores (até a colheita), com o
surgimento de outras espécies, uma queda acentuada foi registada na dominância relativa destas
espécies.
Estudos desenvolvidos por Maggy & Olley (1989) verificaram uma redução de 20% da biomassa
da espécie Cyperus rotundus até ao fim do ciclo. Isto pode dever-se à crescente competição intra
e inter específica, sobretudo com as espécies P. hysterophorus e Argemone mexicana, ao longo
do ciclo provocando a morte de alguns indivíduos desta espécie. Ainda, as espécies P.
hysterophorus e Argemone mexicana atingiram grandes comprimentos (altura) e tiveram grande
número de indivíduos a competir até ao fim do ciclo.
Na altura da colheita do feijão vulgar, a comunidade infestante havia acumulado 566.5 g/m2
(Figura 5). Este grande acúmulo de matéria seca pelas plantas infestantes sugere que elas
consumiram em grande quantidade os recursos do meio que podem faltar para as culturas
(Blanco, 1972).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 28
V. Índice de valor de importância
O índice de valor de importância (IVI) ou importância relativa indica quais espécies são
importantes dentro da área estudada (Lara et al., 2003). O IVI das espécies da comunidade é
resultado da soma algébrica dos valores da frequência, dominância e densidade relativas de cada
população.
Os resultados mostram que a espécie Parthenium hysterophorus foi a mais importante com o IVI
igual a 88.3, seguido da Argemone mexicana (IVI = 51.49) e em terceiro lugar a espécie
Alternanthera sp. (IVI= 35.6) (Tabelas 7 e 8). Estas três espécies representaram cerca de 58.5%
de importância em relação às outras.
Tabela 8 - Posição das principais espécies com base nos parâmetros fitossociológicos.
Espécie Frr. Der. Abr. Dor. IVI
A. mexicana L. 3 2 2 2 2
C. benghalensis L. 5 3 3 7 5
P. hysterophorus L. 2 1 1 1 1
C. halicacabum L. 1 7 8 5 4
Alternanthera sp. 7 4 4 3 3
Dada a grande quantidade de biomassa acumulada, a espécie Alternanthera sp. teve um valor do
índice superior ao da Commelina benghalensis (Figura 7). O sombreamento promovido pelas
plantas do feijão vulgar bloqueando a passagem da luz fotossintética activa, provavelmente,
constitui o factor de redução da importância da Commelina benghalensis nos períodos posteriores
de avaliação.
A composição das populações num agroecossistema é reflexo das suas características
edafoclimáticas e das práticas agronómicas adoptadas tais como o manejo e a aplicação de
herbicidas (Jakelaitis et al., 2003).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 29
0102030405060708090
100
P. hys
tero
phor
us L
.
A. mex
icana
L.
Altern
anth
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sp.
C. hali
caca
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L.
C. ben
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L.
P. max
imum
C. rot
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S. oler
aceu
s L.
B. ere
cta L
.
P. oler
acea
L.
Espécies de infestantes
Impo
rtân
cia
rela
tiva
Figura 7 – Índice de importância relativa (IVI) das espécies infestantes observadas no experimento.
4.3. Altura das infestantes
As primeiras espécies a emergirem foram: Cyperus rotundus e Commelina benghalensis - que
atingiram aos 10 dias de infestação inicial uma altura média de 6.1 e 6.4 cm de altura,
respectivamente. A partir dos 30 dias de emergência da cultura as espécies Commelina
benghalensis, Parthenium hysterophorus e Alternanthera sp. tinham quase a mesma altura. Dos
resultados obtidos, verificou-se um aumento da altura das infestantes ao longo do ciclo da cultura
(Tabela 9).
Tabela 9 - Altura das principais infestantes, em cm, identificadas nas parcelas experimentais.
Dias de competição
(DDE)
Parthenium
hysterophorus
Argemone
mexicana
Cyperus
rotundus
Commelina
benghalensis
Cardiospermum
halicacabum
Alternanthera
sp.
Panicum
maximum
Todo ciclo 111.75 62.5 24.625 19.875 44.894 51.125 94.75
Depois de 10 113.86 59.5 5.25 0 47.75 9.75 89.875
Depois de 20 82.125 41.75 0 0 47.75 0 73.875
Depois de 30 76.75 35 17.375 9.125 57.125 9.75 33.25
1. os 10 0 0 6.125 6.375 1.25 0 0
1. os 20 3 3.125 10.375 10.5 6.625 0 1.875
1. os 30 9.25 3.875 4.375 9.375 5.875 9.75 5.625
Média 56.68 29.39 9.73 7.89 30.18 11.48 42.75
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 30
Contudo, até ao final do ciclo, as maiores alturas médias foram registadas pelas espécies
Parthenium hysterophorus, Panicum maximum e Alternanthera sp. (Tabela 9). As infestantes
atingiram uma média de 31.7 cm de altura (Anexo A9), devido a grande capacidade competitiva
das infestantes nas parcelas experimentais limpas durante os primeiros 10, 20 dias e sem sacha
durante todo ciclo.
A falta e o curto período de controlo de infestantes (10 a 20 dias) foi a principal causa de maior
altura da vegetação infestante nestes tratamentos e esta corresponde à altura máxima atingida
pelas infestantes em toda a área de estudo. Então, pode-se afirmar, com base na estatística, que as
infestantes atingiram a altura máxima depois que se permitiu o seu crescimento 20 DDE da
cultura, pois, o teste estatístico não mostrou o efeito significativo da competição entre a cultura e
as infestantes depois de 10, 20 DDE e todo ciclo.
4.4. Biomassa das plantas de feijão
Quando a cultura fica livre de infestantes nos primeiros 30 dias do seu ciclo, a biomassa
acumulada é estatisticamente superior em relação aos períodos de infestação todo ciclo,
infestação inicial de 10 e 20 dias (P < 0.05). O que demonstra que a cultura acumula grande
quantidade de matéria seca quando fica mais livre da infestação.
A ausência de infestantes em todo ciclo da cultura proporcionou uma grande produção de
biomassa acumulada da cultura em relação aos casos de infestação todo ciclo (Figura 8). Os
períodos de controlo de infestantes tiveram pouca influência no acúmulo da matéria seca da
cultura (R2 = 0.40).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 31
y = 0.1334x + 2.4691
R2 = 0.40
0
0.51
1.52
2.53
3.54
4.5
0 00-10 00-20 00-30 10-fimdo
ciclo
20-fimdo
ciclo
30-fimdo
ciclo
Todociclo
Período de controlo das infestantes (dias)
Bio
mas
sa s
eca
(g)
Figura 8 - Biomassa média das plantas de feijão vulgar obtida no experimento nos diferentes períodos de
controlo de infestantes.
Quando a competição com as infestantes durou todo ciclo, verificou-se uma perda de peso de
cerca de 35% em relação ao tratamento livre da competição todo ciclo. A diminuição da
biomassa da cultura pode ser confrontada com o aumento da biomassa das infestantes durante o
desenvolvimento da cultura que, por um lado, para além de influenciar negativamente o tamanho,
porte e peso da cultura, afecta directamente o rendimento (Maggy & Olley, 1989).
4.5. Altura das plantas de feijão
Notou-se que nos primeiros dias, quanto menor for o período de competição infestante-cultura
maior será a altura das plantas de feijão vulgar. Nas parcelas experimentais onde se permitiu o
crescimento e desenvolvimento da cultura sem infestação, a cultura atingiu a maior altura (Figura
9). Os resultados mostram que existe diferença significativa entre a altura do feijão vulgar quando
cultivada sem sacha e com sacha todo ciclo (P < 0.05).
Os resultados permitiram um ajustamento do modelo de regressão linear com um coeficiente de
determinação de 73% (Figura 9). Os períodos de controlo de infestantes exerceram uma
influência na altura das plantas de feijão vulgar. A tendência de maior crescimento e
desenvolvimento das plantas livres de infestação, pode-se dever à fraca (ou quase nula)
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 32
competição exercida sobtdas infestantes na extracção dos facores essenciais tais como água, luz e
nutrientes. A competição com as infestantes em todo ciclo da cultura estiolou as plantas de feijão.
Resultados semelhantes foram obtidos por Kramm et al. (1990) em experimento das “águas”;
todavia, no ensaio de inverno, os mesmos autores referem que a altura das plantas de feijão não
foi significativamente influenciada pela infestação.
Nos restantes tratamentos, notou-se que à medida que as parcelas eram limpas (sachadas) o
crescimento das plantas aumentava num ritmo lento, dada a menor dificuldade na absorção de
nutrientes (Figura 9).
y = 0.7887x + 24.982
R2 = 0.73
0
5
10
15
20
25
30
35
0 00-10 00-20 00-30 10-fimdo
ciclo
20-fimdo
ciclo
30-fimdo
ciclo
Todociclo
Período de controlo das infestantes (dias)
Altu
ra d
a cu
ltura
(cm
)
Figura 9 - Altura média das plantas de feijão vulgar obtida no experimento nos diferentes períodos de
controlo de infestantes.
4.6. Peso de 100 sementes
O peso de 100 sementes foi estatisticamente superior para as parcelas com sacha em todo ciclo da
cultura em relação às outras formas de controlo de infestantes (P < 0.05). Nestes últimos
tratamentos verificou-se que o peso de 100 sementes não foi influenciado pelos dias de
competição (Figura 10). Estas diferenças significativas podem estar relacionadas com a
competição das plantas na absorção e/ou distribuição dos nutrientes, porque as plantas do
tratamento sempre limpo alocaram maiores quantidades de nutrientes no enchimento do grão.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 33
y = 0.755x + 33.677
R2 = 0.63
0
510
15
2025
30
3540
45
0 00-10 00-20 00-30 10-fimdo ciclo
20-fimdo ciclo
30-fimdo ciclo
Todociclo
Período de controlo das infestantes (dias)
Pes
o de
100
sem
ente
s (g
)
Figura 10 – Peso de 100 sementes de feijão vulgar obtido no experimento nos diferentes períodos de
controlo de infestantes.
A associação entre o peso de 100 sementes e os períodos de controlo de infestantes ajusta-se
facilmente no modelo de regressão linear, com um coeficiente de determinação elevado (63%)
(Figura 10), o que permite afirmar que os períodos de controlo influenciaram o peso de 100
sementes. Esta componente de rendimento, reduz o seu peso quando se permite a convivência das
infestantes com a cultura em qualquer fase do ciclo desta. A redução máxima ocorreu nas
parcelas infestadas todo ciclo na ordem dos 18.3% em relação às parcelas sachadas todo ciclo
(Tabela 10).
4.7. Rendimento
Da tabela de análise variância, há evidência suficiente ao nível de significância 5% para concluir
que os rendimentos médios dos oito tratamentos não são iguais (Anexo A5). Em relação aos
períodos de competição inicial (modelo sujo), registou-se um aumento do peso do grão num
ritmo lento, embora o teste estatístico não verificou diferenças significativas neste modelo (P <
0.05).
O peso do grão também ajusta-se facilmente ao modelo de regressão linear, com um coeficiente
de determinação elevado (96%) (Figura 11). O máximo rendimento, como era de se esperar, foi
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 34
obtido das parcelas experimentais livres de infestação em todo ciclo (1.8 ton/ha) e o rendimento
médio obtido do experimento foi de 1.3 ton/ha.
y = -5.692x + 49.858
R2 = 0.96
y = 100.03x + 881.2
R2 = 0.96
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Período de controlo das infestantes (dias)
Ren
dim
ento
(K
g/ha
)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Per
das
de r
endi
men
to (
%)
0-100 Todo ciclo10-ciclo 20-ciclo 30-ciclo0-20 0-30
Figura 11 – Peso do grão e percentagem de perda de rendimento do feijão vulgar obtido no experimento
nos diferentes períodos de controlo de infestantes.
As infestantes não controladas todo ciclo reduziram o rendimento da cultura em quase 45% em
relação às parcelas sachadas todo ciclo (Figura 11). Este facto pode dever-se à elevada biomassa
acumulada da comunidade infestante nas parcelas em competição todo ciclo. Também porque,
segundo Andrade et al. (1999), o feijoeiro é uma planta do tipo C3, sistema radicular pouco
profundo (superficial), de porte baixo, crescimento inicial muito lento (até 20 ou 30 dias após a
emergência). Estes resultados estão de acordo com Segeren et al. (1994) segundo os quais, as
infestantes quando não controladas reduzem o rendimento da cultura na ordem dos 50%.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 35
4.8. Período crítico
Se se considerar como aceitável uma perda máxima do rendimento de 5%, o feijão vulgar
começou a ser afectado pelas infestantes logo no início da emergência (Tabela 10); sendo
necessário um período de controlo de infestantes de 44 dias de modo que a produtividade não
ficasse abaixo dos 5% da produção máxima (Figura 12). Isto quer dizer que qualquer método de
controlo de infestantes a ser usado até aos 44 DDE, seria suficiente para garantir um rendimento
aceitável da cultura do feijão vulgar com perdas não superiores a 5%. Dado que o ciclo da cultura
foi de 100 dias (93 DDE), o controlo neste período, permitiria que o produtor ficasse cerca de 49
dias sem sachar (quase metade do ciclo).
As estimativas dos valores dos limites superiores dos períodos de ausência e presença das
infestantes em função das percentagens de perda admissíveis são apresentados na tabela 10. Se se
tolerar uma redução de 10% na produção máxima, o controlo deve ser feito dos 0 até os 36 dias.
Estima-se que serão acrescentados 3 dias no período de presença das infestantes para que as
reduções da produção passassem de 5 a 10%; e para aumentar a produtividade de 90 para 95% foi
necessário acrescentar mais 8 dias no período de controlo.
Tabela 10 - Variação do período antes da competição e do período total de competição em função das
percentagens de redução de rendimento toleradas.
Período Percentagem de redução
5% 10% 5-10%
Período de presença
das infestantes
0 0-3 3 dias
Período de ausência
das infestantes
0-44 0-36 8 dias
Este período recomendado para o controlo das infestantes nesta cultura é aproximado ao proposto
por vários autores: como sendo os primeiros 30 dias (Baudoin et al., 2001), um terço do ciclo da
cultura (aproximadamente 35 dias) ou antes da floração (FAO, 1996). De tal modo que no
período de enchimento dos grãos, não ocorra stress, principalmente da água, facto que pode
agravar-se com a presença excessiva das infestantes.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 36
A percepção do período crítico é muito importante sobretudo na escolha do método de controlo a
ser utilizado. Segundo Pereira (1987), o conhecimento do período crítico de competição das
plantas infestantes é de suma importância porque indica: 1- quando eliminá-las, para evitar
prejuízos na produção; 2 - o período mínimo no qual o herbicida precisaria ter acção residual no
solo para controlá-las; e 3 - a época limite para aplicar um herbicida em pós-emergência.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Dias após a emergência da cultura
Ren
dim
ento
(%
)
Figura 12 – Percentagem de rendimento e ajustada pela regressão polinomial quadrática nos dois modelos
de competição das infestantes na cultura do feijão vulgar para o cálculo do período crítico a 5% de perda
de rendimento tolerada.
4.9. Análise financeira
As infestantes, quando controladas durante todo ciclo da cultura, aumentam os custos de
produção da cultura (200 mil meticais) devido ao número elevado de sachas (8). Durante os dois
períodos críticos seriam necessárias no máximo 4 sachas manuais para garantir o controlo das
infestantes e evitar-se perdas de rendimento.
A renda do produtor é maior quando as infestantes são controladas em todo ciclo da cultura de
cerca de 35 milhões. Se o produtor realiza as sachas durante o período crítico, tem um ganho de 3
e 45% sobre a margem bruta obtida com e sem controlo das infestantes em todo ciclo da cultura,
Períodos de controlo
y = -0.0079x2 + 1.2449x + 52.941
R2 = 0.91
Perda de rendimento
admissível (5%)
Períodos de convivência
y = 0.0063x2 - 0.9878x + 93.083
R2 = 0.77
Período Crítico
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 37
respectivamente (tabela 11). O produtor, se optar por não fazer as sachas em todo ciclo da
cultura, obterá uma margem bruta igual a renda (valor de produção) de cerca de 19 milhões de
meticais.
Tabela 11 - Análise financeira da produção de feijão vulgar nos diferentes períodos de controlo de
infestantes.
*Preço de feijão = 20,00 MTn (20 000, 00 MT)/kg; ** preço de sacha = 25,00 MTn (25 000,00MT)/jorna
4.10. Correlações
O grau de correlação (r) entre duas variáveis X (independente) e Y (dependente),
alternativamente, pode ser expresso pelo quadrado do coeficiente de correlação, denominado
coeficiente de determinação (R2) que expressa a percentagem da variação de Y que está associada
a mudanças da variável X (Gomez & Gomez, 1984).
A correlação entre os seguintes pares de variáveis: biomassa das plantas vs rendimento; altura das
plantas vs rendimento; biomassa das infestantes vs rendimento; altura das infestantes vs
rendimento, densidade das infestantes vs rendimento é apresentada na Tabela 12.
Período
de controlo
Produção
(Kg/ha)
Valor de Produção*
(MTn/ha)
N.˚ de
sachas
Custos de Sacha**
(MTn/ha
Margem bruta
(MTn/ha)
Todo ciclo 1757 35.140,00 8 200,00 34.940,00
Período crítico 1757 35.140,00 4 100,00 35.040,00
Sem controlo 971 19.420,00 0 0,00 19.420,00
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 38
Tabela 12 – Valores dos coeficientes de determinação (R2) e de correlação (r) entre os pares de variáveis.
Variável explicativa Rendimento
do relacionamento R2 r Classificação de Rug
Biomassa da cultura 0.69 * + 0.83 acentuado
Altura da cultura 0.27 ns +0.52 acentuado
Biomassa das infestantes 0.63 * - 0.80 acentuado
Altura das infestantes 0.72 * - 0.85 acentuado
Densidade das infestantes 0.12 ns - 0.35 apreciável
* - significativa a 5% ns – não significativa I. Biomassa da cultura e o rendimento do feijão vulgar
Estes parâmetros mostraram um relacionamento positivo (r = 0.83), uma vez que quando a
biomassa das plantas de feijão vulgar aumenta, verifica-se também no rendimento da cultura. Isto
deve-se ao facto da cultura ter absorvido muitos nutrientes para repartir em grandes quantidades
no enchimento do grão.
É importante clarificar que a correlação positiva verificada nesta análise, não indica
necessariamente que o aumento da biomassa tem efeito directo ou indirecto sobre o rendimento e
vice-versa. Ambos factores, podem ser influenciados por outras variáveis não controladas de
forma a originar uma forte correlação matemática (Gomez & Gomez, 1984).
II. Altura da cultura e o rendimento do feijão vulgar
Apesar da associação entre estas variáveis ser positiva, o coeficiente de determinação não é
significativo (R2 = 0.27) e é um indicador de um fraco grau de dependência entre estas duas
variáveis. Isto é, o aumento do rendimento da cultura está dependente de muitos outros factores
(73%) e da pouca contribuição da altura das plantas (27%). O que se explica pelo grau de
uniformidade observado no crescimento das plantas de feijão vulgar nos diferentes períodos de
competição com as infestantes.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 39
III. Biomassa das infestantes e o rendimento do feijão vulgar
A análise de correlação destes dois parâmetros é acentuada (R2 = 0.63) mas negativa; isto é, o
rendimento é influenciado negativamente pela presença das infestantes. Isto pode ser explicado
pelo facto das infestantes competirem com a cultura pela absorção de água e nutrientes o que
levou a alocação de menores quantidades na formação das vagens e enchimento dos grãos,
provocando consequentemente a redução do rendimento. Há que realçar que cerca de 37% da
variabilidade da biomassa das infestantes não pode ser descrita (ou explicada) pela variabilidade
no peso médio do grão (rendimento) de feijão vulgar e vice-versa.
IV. Altura das infestantes e o rendimento do feijão vulgar
A correlação entre estes dois parâmetros mostrou ser acentuada (R2 = 0.72). A altura das
infestantes teve efeito negativo sobre o rendimento da cultura de feijão vulgar (como foi o caso
anterior). Estima-se que 72% da redução dos rendimentos é explicada pelo efeito da altura das
infestantes. A competição pela luz entre as plantas e as infestantes poderá ter contribuído para a
redução significativa dos rendimentos.
V. Densidade das infestantes e o rendimento do feijão vulgar
Geralmente, o rendimento da cultura reduz com o aumento da densidade das infestantes. A
correlação entre estas duas variáveis, mostrou ser negativa e não significativa (r = 0.35). Pode-se
considerar que a redução do rendimento da cultura não foi em grande parte devido ao efeito da
densidade. A densidade não foi o melhor indicador do estudo do efeito da competição, das
infestantes. Refere-se que cerca de 88% da variabilidade da densidade das infestantes não pode
ser descrita (ou explicada) pela variabilidade no rendimento médio de feijão vulgar e vice-versa.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 40
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
A composição vegetal não dependeu dos tratamentos realizados mas das condições ecológicas do
local. As espécies ocorridas foram: Parthenium hysterophorus, Argemone mexicana,
Alternanthera sp., Cyperus rotundus, Commelina benghalensis, Cardiospermum halicacabum,
Sonchus oleraceus, Boerhavia erecta, Panicum maximum e Portulaca oleracea.
As primeiras espécies a emergirem foram Cyperus rotundus, Commelina benghalensis e
Cardiospermum halicacabum. Contudo, com base no índice de importância relativa, as espécies
Parthenium hysterophorus, Argemone mexicana e Alternanthera sp. foram consideradas as mais
importantes com uma representatividade de 58% em relação às outras.
Considerando uma perda aceitável de rendimento de 5%, o período crítico de remoção das
infestantes situou-se nos primeiros 44 DDE da cultura. Quando a perda de rendimento é de 10%,
o período crítico está entre os 3 e os 36 DDE da cultura. Se se analisar o período crítico a uma
perda de rendimento de 5% temos que iniciar mais cedo o controlo e terminar mais tarde.
As infestantes tiveram efeito significativo na redução do rendimento da cultura (peso do grão e
peso de 100 sementes), principalmente entre as parcelas com e sem competição em todo ciclo da
cultura (P < 0.05). Esta competição permitiu uma redução máxima de 18 e 45% nos pesos médios
de 100 sementes e do grão, respectivamente. O controlo de infestantes durante o período crítico,
representou um ganho económico de 45% sobre a renda do produtor, quando não controladas as
infestantes em todo ciclo e de 3% no controlo todo ciclo.
O maior acúmulo da biomassa das plantas é um forte indicador do aumento dos rendimentos e
dada a uniformidade das plantas, os rendimentos não mostraram ser dependentes do porte da
planta. Das características das infestantes avaliadas, a biomassa e a altura tiveram efeitos
significativos na redução dos rendimentos, enquanto que a densidade das infestantes não
contribuiu para o efeito (R2 = 0.12).
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 41
5.2. Recomendações e limitações
Nem todas as componentes do rendimento da cultura foram medidas, tais como: dias de floração,
número e peso das vagens, número de sementes por vagem e tamanho do grão. Nalgumas fases
faltou água devido à avaria da bomba o que contribuiu para os baixos rendimentos. Houve
problemas na gestão da água no regadio porque haviam muitos ensaios naquele período.
Recomenda-se que se:
• realizem mais ensaios de determinação do período crítico nas diferentes leguminosas de
grão, em diferentes tipos de solos, épocas do ano e regiões agro-ecológicas de
Moçambique;
• faça a remoção das infestantes sobretudo nos primeiros 44 dias (perda de 5%), porque
para além das infestantes, as perdas de rendimento desta cultura têm sido devido a outros
factores de ordem biótica (principalmente pragas e doenças) e abiótica;
• tome em consideração, no período crítico, os métodos de controlo de infestantes a serem
adoptados pelo produtor;
• façam trabalhos de tal modo que nos dêem mais indicações sobre os estudos
fitossociológicos da comunidade infestante em competição com a cultura em cada
tratamento;
• avaliem outros componentes de rendimento, em futuros estudos;
• repitam ensaios desta natureza para esta cultura em três épocas para a validação dos
resultados desta pesquisa.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 42
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Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
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ANEXOS
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
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ANEXO A. TABELAS Anexo A1 - FICHA DE CAMPO E DE LABORATÓRIO
1. Infestantes Observador: __________________________________ Data: ____/____/05 Tratamento #:________ Repetição #: _______
Inventário 1 Inventário 2 Média N.º Espécie Altura
(cm) Peso (g)
n.º Altura (cm)
Peso (g)
n.º Altura (cm)
Peso (g)
n.º
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total Média
2. Cultura Tratamento #:_______
Rep. Peso do grão (Kg)
Peso 100 sementes (g)
Biomassa (g)
I II III IV Total Média Tratamento #:_______ Repetição #:________ Planta Altura (cm) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total Média Anexo A2 - Dados climáticos obtidos durante o experimento.
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
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Mês T. máx T. min T. méd Pr. (mm)
Junho 28.1 13.1 20.6 0
Julho 25.6 11.1 18.3 12.1
Agosto 29.2 13 21.1 0
Setembro 31.8 16.2 24.0 16.6
Média 28.7 13.4 21 7.2
Anexo A3 - Layout do ensaio Rep. Tratamentos
4 6 3 1 2 4 8 5 7
3 7 1 4 8 3 5 6 2
2 5 4 7 6 2 1 3 8
1 3 2 5 4 7 8 1 6
Anexo A4 - As espécies infestantes mais importantes do mundo Ordem Espécie Forma de crescimento 1 Cyperus rotundus L. P M
2 Cynodon dactylon (L.) Pers P M 3 Echinochloa crus-galli (L.) P. Beav A M 4 Echinochloa colona (L.) Link A M 5 Eleusine indica L. A M 6 Sorghum holepense (L.) Pers P M 7 Imperata cylindrica (L.) Raeuschel P M 8 Eichlornia crassipes (Mart) Solms P M Ac 9 Portulaca oleracea A D 10 Chenopodium album L. A D 11 Digitaria sanguinalis L. A M 12 Convolvulus arvensis L. P D 13 Avena fatua L. e espécies afins A M 14 Amaranthus hybridus L. A D 15 Amaranthus spinosus L. A D 16 Cyperus esculentus L. P M 17 Paspalum conjugatum Berg P M 18 Rottboelia exaltata Linn P M
Fonte: FAO, 1996 e Anderson, 1977
(Legenda: A = anual, P = perene, Ac = aquática, D= Dicotiledónea e M= monocotiledónea)
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
Projecto Final de Licenciatura em Engenharia Agronómica David Mboane 49
Anexo A5 - Análise de variância do rendimento. Fonte de variação GL (1) SQ (2) QM (3) F Probabilidade
Bloco 3 432081.865 144027.288 1.10 0.3728ns
Tratamento 7 1759891.293 251413.042 1.91 0.1182*
Erro 21 2559803.176 131419.199
Total 31 4951776.334
CV (%) = 27.23 Média = 1331.314
Onde: (1) GL= Graus de Liberdade, (2) SQ= Soma dos Quadrados e (3) QM= Quadrado Médio; ns= não
significativo a 5%; * significativo a 5%.
Anexo A6 – Análise de variância de peso de 100 sementes. Fonte de variação GL (1) SQ (2) QM (3) F Probabilidade
Bloco 3 61.9502250 20.6500750 2.94 0.0566*
Tratamento 7 171.9085500 24.5583643 3.50 0.0120*
Erro 21 147.3165750 7.0150750
Total 31 381.1753500
CV (%) = 7.16 Média = 36.95
Anexo A7 - Análise de variância de biomassa das plantas de feijão.
Fonte de variação GL (1) SQ (2) QM (3) F Probabilidade
Bloco 3 5.4571375 1.81904583 9.05 0.0005*
Tratamento 7 7.5542875 1.07918393 5.37 0.0012*
Erro 21 4.2213625 0.20101726
Total 31 17.232787
CV (%) =14.6 Média = 3.07
Anexo A8 - Análise de variância de altura das plantas de feijão.
Fonte de variação GL (1) SQ (2) QM (3) F Probabilidade
Bloco 3 40.09375 13.3645833 1.80 0.1775 ns
Tratamento 7 142.21875 20.3169643 2.74 0.0346*
Erro 21 155.65625 7.4122024
Total 31 337.96875
CV (%) = 9.54 Média = 28.53
Determinação do Período Crítico de Controlo de Infestantes na Cultura do Feijão Vulgar (Phaseolus vulgaris L.)
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Anexo A9- Análise de variância da altura das infestantes.
Fonte de variação GL (1) SQ (2) QM (3) F Probabilidade
Bloco 3 715.1255 238.37517 3.27 0.0452*
Tratamento 6 16386.941 2731.15683 37.49 <.0001*
Erro 18 1311.3452 72.85251
Total 27 18413.411
CV (%) = 26.89 Média = 31.75
Anexo A10 - Análise de variância da biomassa das infestantes.
Fonte de variação GL (1) SQ (2) QM (3) F Probabilidade
Bloco 3 544.03984 181.34661 1.43 0.2672 ns
Tratamento 7 14062.61179 2343.76863 18.47 <.0001*
Erro 18 2284.30437 126.90580
Total 27 16890.956
CV (%) = 43.93 Média = 25.64
Anexo A11- Análise de variância da densidade das infestantes.
Fonte de variação GL (1) SQ (2) QM (3) F Probabilidade
Bloco 3 9.58494286 3.19498095 2.44 0.0975*
Tratamento 7 51.66564286 8.61094048 6.58 0.0008*
Erro 18 23.54375714 1.30798651
Total 21 84.79434286
CV (%) =23.97 Média = 4.77
Anexo A12 - Número de sachas realizadas nos tratamentos experimentais.
Dias após a emergência Total
Tratamento 0-10 10--20 20-30 30-93 de sachas
Sempre sujo 0 0 0 0 0
Sempre limpo 1 1 2 4 8
Limpo até 10 DDE 1 0 0 0 1
Limpo até 20 DDE 1 1 0 0 2
Limpo até 30 DDE 1 1 2 0 4
Sujo até 10 DDE 0 1 2 4 7
Sujo até 20 DDE 0 0 2 4 6
Sujo até 30 DDE 0 0 0 4 4
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