PROJETO E DESENVOLVIMENTO DE
UM NOVO PRODUTO: ANILHA DE
ENCHER
mariana simiao brasil de oliveira (UFERSA)
MARILIA SOUSA TEIXEIRA (UFERSA)
KATIA PRISCILA FERNANDES MAIA MEDEIROS (UFERSA)
Renato Bezerra Reis (UFERSA)
Izaac Paulo Costa Braga (UFERSA)
Nos dias atuais, em uma economia globalizada, a vantagem
competitiva de uma empresa está diretamente relacionada à sua
capacidade de inserir novos produtos e serviços no mercado,
apresentando características de qualidade, desempenho, custo e
conteúdo tecnológico que satisfaçam as exigências dos seus possíveis
consumidores. Na literatura podem ser encontradas várias
metodologias para o desenvolvimento de novos produtos, cabendo a
cada empresa encontrar ou adequar àquela que melhor se adapte a
sua realidade e cultura. A maior dificuldade, geralmente, enfrentadas
pelas empresas é encontrar profissionais com capacidade de gerenciar
processos sistêmicos, que possuem certo grau de complexidade e,
ainda, envolvem várias áreas da organização, como marketing, P&D,
engenharia e produção. Neste contexto, este artigo tem como objetivo
principal apresentar o projeto e desenvolvimento de um novo produto,
de baixa complexidade, denominada de Anilha de Encher.
Palavras-chave: Desenvolvimento de novos produtos, engenharia de
produção, anilha de encher.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
Nas últimas décadas, tem-se observado movimentos de globalização econômico-financeira
seguidos de globalização de produto e consumo. Essas transformações no cenário econômico
têm gerado forte concorrência nunca antes vista entre organizações. O sucesso na gestão do
sistema de desenvolvimento de produto é crucial para a competitividade e sobrevivência de
qualquer empresa na era atual. (CHENG & FILHO, 2007).
Assim, ressalta-se que em uma economia globalizada, a vantagem competitiva de uma
empresa está diretamente relacionada à sua capacidade de introduzir novos produtos e
serviços no mercado, apresentando características tecnológicas de qualidade, bem como
desempenho, custo e distribuição que satisfaçam as exigências dos consumidores. Desta
forma, desenvolver novos produtos que atendam as novas exigências dos clientes, ou que por
sua vez as antecipem, constitui um ponto fundamental para a longevidade das organizações.
Para Takahashi e Takahashi (2007) é de suma importância a atividade de desenvolvimento de
produtos no mundo dos negócios, pois determina cerca de 70% a 90% do custo final dos
produtos e de outros desempenhos relacionados à qualidade, à diversificação e ao tempo de
introdução no mercado. Demonstra objetivos, intenções e concretiza novas ideias, produtos ou
soluções pelos quais os consumidores pagarão para satisfazer suas necessidades. Assim, o
desenvolvimento de produto é um dos mais importantes processos responsáveis pela
agregação de valor aos negócios.
O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) pode ser definido como um conjunto de
atividades por meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das
possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de
produto da empresa, chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de
produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo. O desenvolvimento de produto,
também envolve o acompanhamento do produto após o lançamento, bem como o
planejamento da descontinuidade do produto no mercado incorporando estes conceitos na
especificação do projeto atendendo assim, todas as necessidades do produto ao longo do seu
ciclo de vida (ROSENFELD et al., 2006).
Na literatura, encontram-se diversas propostas de metodologias para o desenvolvimento de
novos produtos, cabendo às empresas encontrar ou adequar aquela que melhor se adapte à sua
realidade e cultura. Segundo Montgomery e Porter (1998), o mercado está, cada vez mais,
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exigindo estudos mais sérios e eficazes sobre metodologias do PDP para que reduzam riscos e
intervalos que compõem as atividades. Desta forma, é necessário que cada empresa (pequena,
média ou grande porte), empregue o seu próprio processo de desenvolvimento de produto,
definindo processos precisos e detalhados, e em casos mais simples, definir processos com
pouca estruturação, ou até mesmo, seguir vários tipos de processos para cada tipo diferente de
PDP (TAKAHASHI & TAKAHASHI, 2007).
Uma das dificuldades enfrentadas pelas empresas é encontrar profissionais capazes de
gerenciar esse processo, com características sistêmicas, que envolve diversas áreas da
organização, como P&D, marketing, engenharia e produção. O desenvolvimento de produtos
e a gerência desta atividade é função típica e afeta a engenharia de produção, de forma que a
maioria dos cursos de graduação oferece a disciplina Projeto e Desenvolvimento do Produto,
permitindo ao futuro profissional compreender todas as etapas necessárias para o
desenvolvimento de um novo produto, bem como a gerência deste processo.
Neste contexto, este artigo tem como objetivo apresentar a aplicação de uma metodologia,
utilizada na disciplina Projeto e Desenvolvimento do Produto, para o desenvolvimento de um
novo produto de baixa complexidade. O produto proposto foi uma anilha de encher. Para isso,
foi adotada uma metodologia composta pelas seguintes etapas: geração do conceito, projeto
preliminar, projeto detalhado e protótipo, definição do custo do produto e do processo de
produção e por último, transformação da ideia em negócios.
2. Referencial Teórico
O processo de desenvolvimento de produtos pode ser caracterizado como uma atividade
multidisciplinar. Citado como um processo que lista todas as informações sobre o produto,
essas serão medidas para identificar e formar conceitos sobre demanda, desenvolvimento
técnico e uso desse produto. Para Clarck e Fujimoto (1991), quando as empresas transformam
dados e oportunidades de mercado em informações proveitosas para fabricação e
desenvolvimento de um produto, logo obtendo sucesso no mercado ainda faz parte do
desenvolvimento de produtos.
Segundo Barbosa Filho (2009), o surgimento de novos produtos existe a partir do momento
que as necessidades dos clientes não foram atendidas, no entanto o desenvolvimento de um
produto para o mercado consumidor vai além do empreender, já que são analisados vários
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fatores como: questões ambientais referentes às escolhas de matéria-prima, resíduos gerados
na produção, poluição, etc.
Para Rosenfeld et al. (2006), o PDP é um processo de negócio cada vez mais decisivo devido
ao comercio internacional, aumento da variedade de produtos e a diminuição do seus ciclos de
vida, significando entrada de novos produtos buscando atender partes peculiares do mercado,
aliando novas tecnologias e se adequando a novos padrões e restrições legais.
O desenvolvimento de novos produtos é uma tarefa importante e com riscos para a empresa
fabricante, onde pode se tornar um grande sucesso, no entanto com grande fracasso no
mercado. São citados três fatores que podem determinar o sucesso no lançamento de produtos,
como: a forte orientação para o mercado, planejamento e especificação prévias e fatores
internos à empresa (BAXTER, 2011).
Para Takahashi & Takahashi (2007) existem várias decisões que o projeto concretiza para a
transformação englobar as áreas técnicas, bem como a econômica de mercado. O ajuste de
decisões das fases de desenvolvimento busca reduzir as incertezas ao longo do tempo,
assimilando o PDP a um “funil”. Tais autores definem o processo em 05 fases, sendo essas:
Fase 1 – Avaliação de conceito: analise das oportunidades de produto e começar o processo
de desenvolvimento do produto.
Fase 2 – Planejamento e especificação: deixar o produto claro, conciso, quais vantagens
competitivas, definir funções e determinar a viabilidade desse.
Fase 3 – Desenvolvimento: nessa fase é o desenvolvimento do produto em si, focado na
tomada de decisão da fase anterior. Todo o detalhamento do projeto e atividades são definidos
na fase 3.
Fase 4 – Teste e avaliação: realização de um teste final, preparação da produção e o
lançamento do produto.
Fase 5 – Liberação do produto: nessa fase irão ser verificadas se a produção, o marketing, o
sistema de distribuição e o suporte ao produto estão prontos para darem início as atividades.
Atualmente o modelo referencial mais aplicado no PDP é o modelo de Rozenfeld et al.
(2006), exposto na Figura 1, representado por três macrofases: pré-desenvolvimento,
desenvolvimento e pós-desenvolvimento, contando com os processos de apoio:
gerenciamento de mudanças de engenharia e melhoria do processo.
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Figura 1 – Modelo de Referência
Fonte: Rozenfeld (2006)
(1) Pré-desenvolvimento: nessa fase será estabelecido o produto a ser desenvolvido, ou seja, o
escopo, avaliação econômica e de risco, quais indicadores para monitoramento do projeto e
definição de planos de negócio. Contando com o planejamento estratégico do produto, feito
anteriormente para que sejam atendidos os objetivos da organização.
(2) Desenvolvimento: essa fase permite um número maior de atividades relacionadas com o
projeto de um produto, sendo dividida em 04 etapas: Projeto Informacional; Projeto
Conceitual; Projeto Preliminar e Projeto Detalhado.
(3) Pós-desenvolvimento: nessa fase ocorre inicialmente um planejamento de como o produto
será acompanhado e retirado do mercado. Como serão realizadas alterações, reparos de falhas
e propor melhoria continua até atingir as metas impostas no PDP. Cabendo a retirada do
produto do mercado e atitudes relacionadas ao descarte do material para o meio ambiente
devem ser adotadas.
Segundo Rozenfeld et al. (2006), dentro das primeiras fases do PDP as soluções fundamentais
e especificações do produto como: itens, tecnologias aplicada, tipo de manufatura, são
idealizadas e correspondem cerca de 85% do seu custo final, sendo nessas fases a
possibilidade de obter maior grau de incerteza sobre o produto, processo e como
desempenhará no mercado.
3. Desenvolvimento do projeto do produto
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O modelo de PDP utilizado neste trabalho é o proposto por Faria (2007), no entanto são
consideradas todas as outras metodologias descritas no referencial teórico, bem como
conhecimentos adquiridos na disciplina. Para o autor, o modelo para o desenvolvimento do
produto, apresentada na Figura 2, incide no levantamento de informações e execução das 5
etapas:
1ª Etapa – Geração do conceito: (1.1) Geração de ideias; (1.2) Especificação de
oportunidades.
2ª Etapa – Projeto preliminar.
3ª Etapa – Projeto detalhado e protótipo.
4ª Etapa – Definição do custo e processo de produção: (4.1) Composição do custo do
produto/serviço; (4.2) Descrição do processo de produção (layout); (4.3) Fluxo do
processo/equipamento/mão de obra.
5ª Etapa – Transformando Ideias em negócios: (5.1) Exploração da oportunidade; (5.2)
Lógica do negócio.
Figura 2 – Modelo PDP
Fonte: Faria (2007)
Tais etapas serão abordadas com mais detalhas no decorrer desse tópico, para que o
desenvolvimento do produto seja realizado.
1ª Etapa – Geração do conceito
Nessa etapa é definido o tipo de produto que o mercado almeja, então faz-se necessário
conhecer as expectativas dos clientes em potencial e mencionar as funcionalidades deste
produto, formando assim o conceito do produto. No presente trabalho foi realizada uma
pesquisa do mercado “fitness” verificando quais suas oportunidades e restrições para novos
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produtos. A partir dessa pesquisa foi possível determinar onde seria produzido este produto,
como seria vendido, utilizado e descartado. Já a investigação da necessidade do produto,
estabelecimentos dos requisitos e limitações, o design do produto são feitos através da análise
de viabilidade.
A primeira limitação constatada para o produto seria o tipo de material a ser utilizado para
que fosse leve, maleável e resistente. Assim, o material escolhido foi o polipropileno que
compõe todas as características supracitadas.
Geração de ideias:
O grupo do trabalho deveria conceber um produto inovador, útil, técnico e economicamente
viável para a solução de um problema explorado a partir da oportunidade de mercado. Então,
a ideia surgiu através da técnica de brainstorming tendo com foco atender a necessidade de
um consumidor "fanático" frequente em academias de ginástica e viajante (logo não poderia
transportar excesso de peso e fixar-se em uma academia). Foi realizada uma pesquisa deste
produto, via online, onde o mesmo não foi encontrado.
O produto idealizado será denominado “Anilha de encher”, que poderá ser cheia com água,
areia ou bolas de chumbo. Para avaliação, inicialmente, a viabilidade da ideia, o grupo
respondeu aos questionamentos apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 – Questões analisadas na geração de ideias para a “Anilha de encher"
Mercado para a produção Nacional.
Clientes Pessoas que gostem de praticar exercícios
físicos.
Potenciais concorrentes Fabricantes de equipamentos de
academias.
Caráter inovação Manuseio e praticidade.
Características
Este produto possibilita transporte com
facilidade, material de plástico resistente,
fácil fechamento da rosca. Permite
mudança de peso conforme material
utilizado para encher e um treino em casa
quando não for possível ir a uma
academia.
Processo produtivo Processo de fabricação discreto, com
baixa complexidade.
Fornecedores Fabricantes de matéria-prima e compostos
do “plástico” utilizado.
Embalagem Produto embalado em caixas de papelão e
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plástico.
Perfil técnico da equipe Pessoas com habilidades específicas para
fabricação desses produtos. Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)
Ainda para análise de viabilidade foi realizada pesquisa junto ao Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI) para verificar se havia algum registro de propriedade industrial
como patente ou modelo de utilidade. Como palavras-chave da pesquisa foram utilizadas:
“anilha de encher”, “anilha para encher”, “anilha vazia”, “anilha de plástico” e outros. O
resultado de uma das pesquisas é apresentado na Figura 3.
Figura 3 – Resultado da pesquisa junto ao INPI para a “Anilha de encher"
Fonte: http://www.inpi.gov.br/portal
Especificação de oportunidades
Para esse quesito foram avaliadas as características do mercado, buscando identificar os
possíveis clientes. O público alvo do novo produto denominado “Anilha de encher” poderá
ser composto por praticantes de musculação que desejam manter um treino continuo, podendo
malhar em casa ou em qualquer lugar que viaje, sem gerar excesso de bagagem e ainda com
ajuste do peso. Sem restrição de classe social, visto que é um produto de fácil aquisição, bem
como a pratica de esporte abrangem todas as classes. As características deste público
basicamente se resumem em pessoas que gostam de praticar exercícios, praticidade, fácil
manuseio e a um preço acessível. O sucesso do produto está condicionado à qualidade com
um preço que os clientes estejam dispostos a pagar.
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Para avaliar a viabilidade da ideia, foi realizada uma comparação de produtos concorrentes ou
semelhantes, disponíveis no mercado, conforme Quadro 2.
Quadro 2 – Avaliação de produtos similares e potenciais concorrentes
Concorrente Descrição Desvantagem Preço
1 Anilha de ferro
Não atende outras necessidades dos
consumidores como, por exemplo,
difícil transporte e pesada.
R$ 12,00*2kg
2 Anilha de Plástico
A carga é limitada, já que é feita de
material leve. A unidade é feita em até
2 kg.
R$ 8,00
Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)
2ª Etapa - Projeto preliminar
O projeto preliminar é uma etapa onde há a necessidade de uma tomada de decisão mais
cautelosa, pois as decisões definidas no início do desenvolvimento do projeto podem acarretar
em problemas difíceis de serem revertidos nas fases seguintes, agregando um alto custo para o
projeto e desenvolvimento do produto.
O projeto preliminar da “Anilha de encher” é constituído por uma peça única, formada por
dois componentes, o corpo e a tampa. O corpo tem a forma circular com outro círculo no
centro dele e a tampa também é circular, tendo seu fechamento pelo método do enroscamento.
Serão fabricados dois tipos da anilha, a que pode atingir até os 5 kg na cor vermelha e de 10
kg na cor azul. A partir de medidas padrões foram feitos o desenho preliminar do produto,
conforme apresentado na Figura 4.
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Figura 4 – Modelo Anilha de Encher
Fonte: Autoria Própria (2015)
3ª Etapa - Projeto detalhado e protótipo
No projeto detalhado é analisada a forma geométrica do produto, fazendo a devida seleção de
materiais para a execução do projeto. Nesta etapa deve-se detalhar o produto, planejar os
processos de fabricação, montagem e embalagem do mesmo, além de realizar a reavaliação
ergonômica e executar algumas alterações caso sejam necessárias.
O material escolhido, polipropileno, suporta altas temperaturas, impacto e é reciclável.
Algumas de suas propriedades são: resistência química, soldável e moldável permitindo a
fabricação de tanques e conexões, resistente à absorção de umidade, ótima resistência
dielétrica, alta tenacidade, bom isolamento térmico, boa resistência à abrasão, bom equilíbrio
de propriedades térmicas e elétricas, resistência mecânica moderada, boa resistência ao
impacto, atóxico, baixo custo, fácil usinagem, pode ser aditivado, alta resistência ao entalhe,
opera até 115°C, leveza.
4ª Etapa - Definição do custo e processo de produção
No projeto de um produto devem ser considerados aspectos relacionados com a estratégia da
empresa, o mercado, o marketing, a tecnologia envolvida, as inovações desejadas e o processo
de produção. Os custos dos recursos empregados em cada atividade de desenvolvimento e
produção servem para compor uma estimativa de custo do produto final. Para avaliar a
viabilidade técnica e econômica de um novo produto é necessário projetar o seu processo de
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produção. Somente com o layout do processo produtivo é possível estimar corretamente o
custo final do produto.
O Quadro 3 abaixo apresenta uma estimativa dos custos para a fabricação de uma unidade da
“Anilha de encher”, a partir do projeto detalhado. Para avaliar o custo do produto, também é
necessário avaliar os custos de produção, considerando mão-de-obra, energia e outros
insumos, o que não foi possível realizar, de forma detalhada, considerando o contexto
acadêmico deste projeto, no âmbito da disciplina Projeto e Desenvolvimento do Produto.
Quadro 3- Custos de produção da anilha de encher
Item Material Diâmetro de
anilha
Peso da
anilha
1m² de
polipropileno
Corpo da
anilha
Polipropileno 40cm 10kg 2 unidades
Corpo da
anilha
Polipropileno 25cm 5kg 1 unidade
Rosca Polipropileno 3cm - 3 unidades
Fonte: Autoria Própria (2015)
Observa-se a partir desse quadro que com 1m² do material polipropileno, fabrica-se pelo
menos três anilhas, duas de 10kg e uma de 5kg. O custo de 1m² do material custa em média
R$39,90, dado obtido através de pesquisas na internet com alguns fornecedores.
A Figura 5 ilustra uma proposta do processo de produção e layout para a “anilha de encher”,
que está descrito no Quadro 4.
Figura 5 – Processo de produção e layout da “Anilha de encher”
142 3
6 57
Fonte: Adaptado de Faria (2008)
Quadro 4 – Fluxo do processo das etapas de produção da Anilha de encher
Item Processo Equipamentos Descrição
1 Estoque Local onde fica armazenada a matéria-prima.
2 Corte Seccionadores O material polipropileno passa por um setor de
corte, onde vão ser esquadrejadas. O corte dentro
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de uma indústria é executado normalmente por
seccionadoras que possuem uma função
semelhante às serras circulares, mas são
utilizadas para corte de vários painéis ao mesmo
tempo.
3 Fresagem Serras e tupias
superiores
Depois de serem cortadas nos tamanhos pré-
definidos, as peças que compõem a anilha vão
para máquinas que executam operações, como
arredondamento em bordas e cantos, entalhes na
superfície das peças, ou até mesmo formas
diferenciadas com curvas. O maquinário que
executa esse tipo de trabalho é chamado centro
de usinagem, composto por ferramentas como
serras, tupias superiores e brocas. Em alguns
casos, são usadas serras fitas e tupias, no entanto
este maquinário não permite a produção em
grande escala.
4 Furação e
revestimento
de borda
Furadeiras
múltiplas e
coladeira de
borda
As anilhas irão necessitar de revestimento nas
bordas, que normalmente é feito com fita de
borda, aplicada por uma máquina chamada
coladeira de borda, que aplica a cola, coloca a
fita e corta as rebarbas. Quando as peças já estão
no formato desejado, elas passam para a furação,
para a colocação das roscas. As máquinas usadas
para executar esta operação são as furadeiras
convencionais verticais e horizontais, além de
serem usadas também as furadeiras múltiplas que
executam uma sequência de furos ao mesmo
tempo.
5 Montagem Realização da montagem final das anilhas com
as roscas.
6 Controle de
Qualidade
O controle de qualidade é feito a partir de
amostragens e avaliação dos requisitos produto
final.
7 Embalagem Os produtos acabados são embalados e estocados
até que sejam expedidos ao cliente. Fonte: Adaptado de Faria (2008)
5ª Etapa - Transformando ideias em negócios
Diante do exposto ressalta-se a importância de transformar ideias novas em negócios de
sucesso, fazendo-se necessário explorar oportunidades que o mercado oferece (Quadro 5) e
identificando a lógica do negócio (Quadro 6).
Quadro 5 – Exploração da oportunidade
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Que “nicho” de mercado pretende
explorar? Quem comprará os
produtos/serviços? Por quê?
O nicho de mercado será composto por praticantes
frequentes de academia que não se dispuserem de
tempo para ir ao local desejado.
Onde estarão localizados os potenciais
clientes?
Estarão localizados em várias regiões do Brasil,
assim como outros países, que dependerá do
sucesso do novo produto desenvolvido.
Qual será o volume e frequência de
compras dos clientes?
Este produto conterá um mix, apresentando 2
tamanhos diferentes que dependerá da evolução de
cada pessoa. Por este produto ser novo no
mercado, ainda não temos uma certeza do volume
e frequência de compras dos potenciais
consumidores, porém fazendo-se uma comparação
com produtos similares identificamos um grande
potencial de compradores nos dias atuais, “era da
geração saúde”.
Como influenciar na decisão de
compra dos clientes?
Mostrar a utilidade e o diferencial do novo
produto, sendo portátil, flexível, preço acessível e
material de qualidade.
Podem existir novos concorrentes no
mercado que está explorando?
Sim, devido ao processo produtivo não ser tão
complexo e o produto apresentar formação simples
é possível à existência de novos concorrentes, além
dos que já fabricam produtos similares (anilhas de
ferro), que podem atuar como concorrentes diretos.
Como fazer com que os clientes
passem a comprar os produtos?
Investir, potencialmente, no marketing do produto,
seguindo o provérbio: “a propaganda é a alma do
negócio”; além de oferecer o produto eficiente e de
qualidade, ainda com preço acessível. Desta forma,
acreditamos que o PDP será sucesso. Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)
Quadro 6 – Lógica do negócio
Qual será ponto ideal
para a instalação do
negócio?
Neste tipo de negócio, não necessariamente necessita de um
ponto fixo. O ponto ideal para o fornecimento do produto será
nas próprias academias de ginásticas e sites de compras online,
onde pode-se atender os potenciais clientes, bem como outros
clientes interessados no novo produto.
Qual o perfil e o papel
dos sócios a serem
escolhidos?
Os sócios deverão ter formação em engenharia de produção,
conhecimentos específicos sobre o negócio (know-how), visão
sistêmica e empreendedora, além de possuir capital para
investimento inicial do produto.
Devo registrar a “minha
marca”?
Sim. É necessário registrar a marca, pois será dessa forma que o
produto será conhecido, além de apresentar qualidades,
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confiabilidade, dentre outras vantagens que será associada ao seu
registro.
Devo patentear o “meu
produto”?
Sim, pois este produto lançado será novo no mercado e
pertencente à empresa pioneira. Patenteando o produto, o mesmo
será protegido por lei e, consequentemente, todos os benefícios
gerados pelo mesmo serão pertencentes à empresa que o lançou
durante um determinado período de tempo.
A informatização é
fundamental para
iniciar o negócio?
Sim. É necessário informatizar o negócio, pois facilitará todas as
transações financeiras, compras, estoque, distribuição e vendas,
etc.
Qual será a melhor
forma e meio de
divulgação da empresa
e do produto?
Divulgação direta ao consumidor a partir de abordagens em
locais públicos, academias de ginásticas, sites e panfletos.
Que preço deverá ser
praticado para ser
competitivo e gerar
lucro?
Entre R$ 12,00 e 15,00 (5kg); Entre 15,00 e 20,00 (10kg)
Como deverei medir o
nível de satisfação dos
clientes?
Através de pesquisa de satisfação realizada diretamente aos
consumidores, além de questionários previamente elaborados via
online. Fonte: Adaptado de Faria et al. (2008)
4. Considerações finais
O processo de desenvolvimento de produtos é um processo de negócio cada vez mais decisivo
devido ao comercio internacional, aumento da variedade de produtos e a diminuição dos seus
ciclos de vida, significando entrada de novos produtos buscando atender partes peculiares do
mercado, aliando novas tecnologias e se adequando a novos padrões e restrições legais.
A metodologia para o desenvolvimento de produtos utilizada na disciplina mostrou-se
adequada como experiência didática. Apesar da simplicidade do produto proposto foi possível
compreender a importância das várias etapas propostas no PDP, como a geração da ideia a
partir de uma necessidade ou oportunidade, a pesquisa de mercado, os projetos preliminares e
detalhados e a definição do processo de produção. O trabalho, também, permitiu verificar as
competências e habilidades necessárias de um gerente de desenvolvimento de produtos.
O produto desenvolvido apresentou-se viável, mas para transformar a ideia em um negócio
seria necessário um estudo de viabilidade técnica e econômica mais apurada e ainda registrá-
lo como Propriedade Industrial (INPI), devido a não identificação do mesmo. As análises das
demais questões envolvidas na produção e comercialização como: público alvo, localização
de uma possível fábrica, custos, competitividade do mercado e logística, mostraram-se
viáveis, demonstrando que o desenvolvimento do produto “anilha de encher” pode ser uma
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oportunidade de negócio real, que poderá se tornar um sucesso na atual era da “geração
saúde”.
REFERÊNCIAS
BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Projeto e desenvolvimento de produtos. São Paulo: Atlas, 2009.
BAXTER, Mike. Projeto do projeto: guia prático para o projeto de novos produtos. São Paulo: Edgard Blucher,
2011.
CLARK, K. B. e FUJIMOTO, T. Product development performance: strategy, organization and management
in the world auto industry. Boston-Mass: Harvard Business School Press, 1991.
FARIA, A. F. Roteiros para as aulas de laboratório da disciplina projeto de produto. Universidade Federal
de Viçosa, 2007.
FARIA, A. F. et al. Processo de desenvolvimento de novos produtos: uma experiência didática. XXVIII
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: A integração de cadeias produtivas com a
abordagem da manufatura sustentável. Universidade Federal de Viçosa. Rio de Janeiro, 2008.
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para melhoria de processo.
São Paulo: Saraiva, 2006.
TAKAHASHI, S. & TAKAHASHI, V. P. Gestão de inovação de produtos: estratégia, processo, organização e
conhecimento. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2007.
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