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RECURSOS DIGITAIS E AMBIENTES EXTERIORES SALA DE AULA: UM
EXEMPLO DE INTEGRAO NO ENSINO CURRICULAR DA GEOLOGIA
Rui Soares, Dorinda Rebelo, Lcia Pombo, Luis Marques, Nilza Costa
Escola Secundria de Estarreja, Centro de Investigao Didtica e Tecnologia na Formao de
Formadores, Universidade de Aveiro
[email protected];[email protected];[email protected]; [email protected];
Resumo
Os ambientes exteriores sala de aula so considerados ambientes privilegiados para a
aprendizagem contextualizada das cincias no ensino formal, quando devidamente articuladoscom outros ambientes de aprendizagem.Nesta comunicao sero apresentadas e discutidas algumas das potencialidades da Web 2.0na integrao curricular de atividades exteriores sala de aula, bem como os materiaisdidticos que foram construdos para um centro urbano, sua implementao com alunos doensino secundrio (17-18 anos) e respetiva avaliao.O trabalho apresentado foi desenvolvido no mbito de dois projetos de doutoramento emcurso na Universidade de Aveiro (Programa Doutoral Multimdia em Educao e ProgramaDoutoral em Didtica e Formao).Palavras-chave: Geologia, ambientes exteriores sala de aula, materiais didticos, Web 2.0,PBworks, iPhone 4S .
Abstract
The outdoors, when properly articulated with other learning environments, is considered apropitious environment for learning in the context of formal science teaching.In this paper, the authors present and discuss, some of the potentials of the web 2.0 regardingthe curricular integration of outdoors activities, as well as the learning materials that wereassembled for an urban area, and its implementation with students of secondary level (17-18year olds), and the corresponding evaluation.This work was developed under two doctoral projects running at the University of Aveiro(Doctoral Program in Multimedia in Education and Doctoral Program in Didactics andProfessional Development).
Keywords: Geology, outdoor, curriculum materials, Web 2.0, PBworks, iPhone 4S .
INTRODUO
O ensino e a aprendizagem das cincias assentam hoje em vrios ambientes de
aprendizagem - sala de aula, laboratrio, campo, computadores - e, muito
particularmente, na sua interao (Orion, 2001). Um dos ambientes que temos
procurado valorizar nos ltimos anos com alunos do ensino secundrio so os
ambientes exteriores sala de aulaAESA (Marques, Rebelo & Costa, 2011; Rebelo &
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]7/25/2019 RECURSOS DIGITAIS E AMBIENTES EXTERIORES SALA DE AULA- UM EXEMPLO DE INTEGRAO NO ENSINO CURRICULAR DA GEOLOGIA
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Marques, 2000; Rebelo, Marques, Soares & Andrade, 2008), tambm denominados de
outdoor na literatura anglo-saxnica. So ambientes onde a relao de ensino e de
aprendizagem se desenvolve fora dos limites fsicos da sala de aula e do laboratrio e
em que os alunos realizam atividades de aprendizagem sob a orientao do professor,
ou por iniciativa deste, onde se espera que os alunos aprendam (Rebar, 2009). As
atividades em AESA incluem, assim, trabalho de campo, museus ao ar livre, museus de
histria natural (Marques & Praia, 2009), jardins de cincia, centros de cincia,
indstrias, parques (Rebelo, Marques & Costa, 2011a). No caso concreto da Geologia,
o campo (natural ou humanizado) um dos AESA em que a aprendizagem
caraterizada pelo conflito entre o real (o mundo), o exterior e o interior, as ideias e as
representaes (Compiani & Carneiro, 1993).
O programa da disciplina de Biologia e Geologia do 11 ano foi homologado, pelo
Ministrio da Educao, h cerca de uma dcada (Mendes et al., 2003). No obstante
estar reconhecida, nesse documento, a importncia do desenvolvimento de atitudes e
valores inerentes ao trabalho individual e cooperativo, as sugestes metodolgicas
veiculadas no do qualquer relevo a formas interativas de comunicao atravs da
Internet. data da sua homologao, j estavam disponveis, na Internet, por exemplo,
os servios de e-mail, mensagens instantneas e chat. Contudo nenhum destes
servios foi considerado como ferramenta didtica nas interaes aluno-aluno e
professor-aluno.
A evoluo tecnolgica registada nos ltimos quatro anos, com o desenvolvimento da
Web 2.0 e a rpida evoluo da tecnologia de comunicao mvel levou-nos a
repensar as prticas letivas em AESA, no sentido de estas virem a integrar no ensino e
aprendizagem ferramentas mais interativas, complementando as sugestes
metodolgicas propostas nos programas, compreensivelmente limitadas pelo contexto
cientfico-tecnolgico em que foram publicadas.
Com este trabalho pretende-se discutir as potencialidades de integrao curricular das
TIC, considerando a utilizao de materiais didticos elaborados para o ensino e
aprendizagem da Geologia, de alunos do 11 ano, em AESA (centro da cidade de
Estarreja).
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Em seguida sero apresentados os materiais didticos construdos, os recursos digitais
usados na sua implementao (preparao, sada e ps-sada) e a forma como estes
recursos foram usados na integrao curricular da atividade desenvolvida em AESA.
1. OS MATERIAIS DIDTICOS
Os materiais didticos aqui apresentados resultaram de um processo de reflexo sobre
as prticas em AESA, que procurou dar continuidade ao trabalho desenvolvido na
Oficina de Formao Educao em Geocincias numa perspetiva Cincia-Tecnologia-
Sociedade: as Atividades Exteriores Sala de Aula na contextualizao das
aprendizagens (Marques, Rebelo & Costa, 2011; Rebelo, Marques & Costa, 2011b). Os
materiais foram construdos para o centro da cidade de Estarreja, para abordagem da
temtica Geologia, problemas e materiais do quotidiano (Tema IV), da disciplina de
Biologia e Geologia, do 11 ano.
A escolha do centro urbano de Estarreja, como um dos ambientes de aprendizagem
deste contedo programtico prendeu-se com o facto de ser uma rea de lazer e
comrcio familiar aos alunos (ex.: festas da cidade, desfiles carnavalescos); terem sido
usados nas suas edificaes uma grande diversidade de minerais e rochas industriais(ex.: calcrios, granitos e mrmores); e ser um espao que permitia a explorao de
relaes entre a Geologia, a Tecnologia e a Sociedade (ex.: rochas com diferentes
aplicaes, materiais com acabamentos diversificados).
Com as atividades propostas esperava-se que os alunos atingissem objetivos de
diferentes domnios (conceptual, procedimental e atitudinal) de forma articulada e
contextualizada. Os objetivos (Figura 1) foram inicialmente selecionados pelos alunos e
posteriormente discutidos com o professor e alunos, atravs de atividades presenciais
(sala de aula) e a distncia (PBworks).
A atividade exterior sala de aula seguiu os princpios orientadores do modelo de Nir
Orion (1993) e caraterizou-se por uma abordagem semidirigida (Morcillo, Rodrigo,
Centeno & Compiani, 1998), na qual se enfatizou a autonomia do aluno, num conjunto
de atividades orientadas sequencialmente por um guio, construdo essencialmente
pelo professor. Nesta abordagem o AESA foi encarado como fonte de informao e
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pesquisa, favorvel formulao de atividades investigativas, crticas e geradoras de
conhecimentos (Bonito, Macedo & Pinto, 1999).
Figura 21 - Objetivos de aprendizagem definidos para o AESA.
As atividades propostas para o AESA foram organizadas num guio, distribudas por
quatro estaes - A, B, C e D(Figura 2) e orientadas pela seguinte questo:
Quais so as principais caratersticas da geologia urbana do centro de Estarreja?
Figura 22Estaes (A, B, C e D) onde os alunos realizaram as atividades propostas no guio.
A B
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O guio foi organizado em trs partes. A primeira continha os objetivos de
aprendizagem e indicava os documentos que iam ser usados na avaliao dos alunos. A
segunda continha um conjunto de atividades para o aluno realizar em contexto
exterior sala de aula. A terceira, e ltima parte, indicava o tempo previsto para a
realizao das atividades, em cada uma das paragens.
No guio foram propostas atividades diversificadas, umas comuns a todas as estaes
de estudo (Figuras 3 e 4) e outras especficas de cada uma delas (Figuras 5 e 6).
Com as primeiras, pretendeu-se que os alunos recolhessem vrios tipos de dados (por
exemplo, quantitativos e qualitativos) que lhes permitissem, por um lado, articular oscontedos explorados nas diferentes estaes e outros (por exemplo, registos
fotogrficos e videogrficos) que pudessem ajudar a esclarecer dvidas surgidas
durante a sada, a aprofundar conhecimentos adquiridos e a divulgar o trabalho
realizado na fase de ps sada.
Figura 23Exemplo de atividades propostas no guio, comuns a todas as estaes.
C D
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Figura 24 - Registos que os alunos tinham que efetuar nas tabelas 1, 2, 3 e 5 do guio.
Com as segundas - atividades especficas para cada uma das estaes - pretendeu-se
diversificar as tarefas propostas, valorizar a interdisciplinaridade e envolver os alunos
na explorao de aspetos geolgicos singulares do meio natural e do patrimnio
construdo.
Para exemplificar o exposto, apresentam-se, em seguida, atividades propostas para as
estaes B (Figura 5) e C (Figura 6). Na estao B foram valorizadas as aplicaes do
iPhone 4S na realizao de diferentes medies num afloramento xistoso. Na estao
C foi privilegiada a interdisciplinaridade, nomeadamente a mobilizao de
conhecimentos matemticos para fazer estimativas em relao quantidade de
recursos geolgicos (volumes) usados em atividades humanas, prevendo, deste modo,
possveis implicaes ambientais associadas sua explorao e transformao.
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Figura 25Exemplo de atividades propostas para a Estao B.
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Figura 26 - Exemplo de atividades propostas para a Estao C
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Na seco seguinte sero apresentados os recursos digitais usados na implementao
dos materiais didticos e na sua integrao curricular, bem como fundamentadas as
opes tomadas.
2. OS RECURSOS DIGITAIS
A homologao dos programas de Biologia e Geologia do ensino secundrio
contempornea das primeiras plataformas da Web (Web1.0), caraterizadas por uma
comunicao centralizada e unidirecional. Com a Web2.0, definida por OReilly (2004)
como uma atitude e no como uma tecnologia, a Web encarada como um conjunto
de princpios e prticas e usada como plataforma em que o utilizador controla os seus
prprios dados, permitindo que estes possam aceder e contribuir para o contedo de
um site(Cifuentes, Xochihua & Edwards, 2011), privilegiando a interao de pares e a
inteligncia coletiva (Murugesan, 2007).
Nesta nova realidade tecnolgica, marcada pelo avano extraordinrio da Web2.0 e
das redes e dispositivos mveis, justifica-se a utilizao de novas ferramentas
tecnolgicas na preparao, implementao e discusso das atividades desenvolvidas
em AESA.
2.1 iPhone 4S e os seus aplicativos
A versatilidade facultada pela tecnologia digital poder revelar-se particularmente
poderosa, nomeadamente na comunicao e nas atividades colaborativas dos alunos
em AESA.
Os dispositivos mveis so basicamente computadores de bolso, habitualmente
equipados com um pequeno ecr e um teclado em miniatura. So exemplos destes
dispositivos o Smartphone, o Personal Digital Assistant(PDA) e o telemvel. O iPhone 4
um smartphonedesenvolvido pelaApple Inc. com funes de iPod, cmara digital,
Internet, mensagens de texto (SMS), visual voicemail, conexo wi-fi local e,
atualmente, suporte a videochamadas (FaceTime). A interao com o utilizador feita
atravs de um ecr sensvel ao toque.
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As tecnologias mveis, por exemplo, oferecem novas possibilidades de articulao das
aprendizagens em ambientes naturais ou artificiais. A mobilidade ajuda os alunos a
maximizar o tempo de aprender e de aprender em qualquer lugar, a qualquer hora
(Stoyanova-Petrova, 2011).
O iPhone 4e os telemveis dos alunos foram usados para facilitar a comunicao
entre grupos de trabalho isolados num espao artificial de grande superfcie e
topograficamente irregular. Por exemplo, a estao D estava topograficamente acima
da A e distanciada mais de 100 m. Alm disso, havia zonas onde se perdia o contacto
visual entre grupos de trabalho e, deste modo, os dispositivos mveis facilitaram a sua
localizao em tempo real. Alguns destes dispositivos estavam ligados Internet
favorecendo a consulta de informao, por parte dos alunos, durante a realizao das
atividades propostas.
Outra vantagem da utilizao do iPhone 4 esteve associada disponibilizao de
vrias aplicaes. Nesta atividade exterior sala de aula utilizaram-se as aplicaes
apresentadas na Figura 7, por terem sido relevantes na localizao geogrfica,
determinao da altitude, obteno de medidas de corpos rochosos e no estudo da
orientao espacial das litologias e das estruturas geolgicas.
Figura 27 - Aplicaes iPhone 4S usadas na preparao e na sada.
2.2 A Wiki no PBworks
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Neste trabalho reduziu-se o leque de escolhas possveis da Web2.0 utilizao das
Wikis em contexto de ensino formal. Na base dessa seleo estiveram duas razes
principais: a primeira de natureza curricular e a segunda de natureza didtica.
Em termos curriculares, as Wikisajustam-se a dois objetivos do Programa de Biologia e
Geologia (Silva, Amador, Baptista & Valente, 2001): (1) fomentar a participao ativa
em discusses e debates pblicos respeitantes a problemas que envolvam a Cincia, a
Tecnologia, a Sociedade e o Ambiente; 2) melhorar capacidades de comunicao
escrita (texto e imagem) e oral, utilizando suportes diversos, nomeadamente as TIC.
A literatura quando utiliza o termo Wikitanto se refere ao conjunto de pginas Web,
como ao softwarepor de trs desse conjunto de pginas Wiki (De Wever, Mechant,
Veevaete & Laurence, 2011). A fim de evitar confuso, ao longo deste trabalho, o
termo Wikiser usado para se referir ao conjunto de pginas Web e o termo software
Wikiquando se fala sobre a ferramenta por de trs do conjunto de pginas criado.
A nvel didtico as Wikisno s adicionam novas ferramentas colaborativas sala de
aula, como tambm envolvem ativamente os alunos na construo do seu prprio
conhecimento (Parker & Chao, 2007), integrando-se em contextos de aprendizagemformal scio-construtivista em que assentam os programas de Biologia e Geologia do
ensino secundrio.
Quando os alunos constroem novos conhecimentos, podem voltar a modificar o que
escreveram anteriormente numa Wiki. Podem ler o que outros utilizadores escrevem e
geram significado atravs da compreenso compartilhada, podendo, deste modo,
aperfeioar e reconstruir as suas percees, partilhando ou negociando os seus
significados com os outros utilizadores (Kasemvillas & Olfman, 2009). A flexibilidade
das Wikispermite reestruturar e hiperligar dinamicamente a informao contida num
espao Webe permite criar uma mirade de oportunidades de designde aprendizagem
(Bower, Woo, Roberts & Watters, 2006).
Neste trabalho foi utilizado o PBworks para criar pginas Wiki com os alunos. A
escolha deste software Wiki justificou-se pelo facto dos alunos j o conhecerem,
tendo-o utilizado noutras atividades ao longo do ano letivo e por permitir a construo
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colaborativa de sites na Web. Caraterizado pela facilidade de acesso e
operacionalidade, o PBworks possibilita a interligao de informaes e de
atividades de ensino e de aprendizagem. Alm disso, permite a produo coletiva de
documentos hipermdia, sem requerer que os utilizadores disponham de um servidor
prprio para a publicao dos dados (Ziede, Charczuk, Nevado & Menezes, 2008). Os
utilizadores podem editar as pginas Web, adicionando, removendo e/ou modificando
a informao previamente publicada e mantendo, deste modo, a(s) pgina(s)
continuamente atualizada(s).
2.3 Os recursos digitais na integrao curricular dos materiais didticos
A integrao curricular dos materiais construdos para o centro urbano foi aplicada a
uma turma de 22 alunos do curso cientfico-humanstico de cincias e tecnologias. Os
processos de ensino e aprendizagem seguiram um learning design de cariz
construtivista, proposto no modelo de Oliver e Herrington (2003). Estes autores
sugerem uma sequncia tripartida para a utilizao das TIC em que se distinguem: 1)
as atividades para envolver os alunos no processo; 2) os recursos de ensino e
aprendizagem necessrios para que os alunos completem, com sucesso, as atividades
propostas; e 3) os suportes para edificar a aprendizagem online e fornecer feedback
aos alunos (Figura 8).
Figura 28 - Sequncia do learning design(extrada de Jones, 2007).
Com a utilizao destes elementos de design possvel construir sequncias de ensino
e aprendizagem, evidenciando as suas inter-relaes ao longo do tempo, maximizando
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a articulao, pelo designer (professor), dos ambientes de aprendizagem que iro
desencadear a construo de conhecimento (Jones, 2007).
Neste trabalho props-se um learningdesign em que as atividades desenvolvidas em
AESA, mediadas pelas TIC, se integraram numa sequncia de ensino e aprendizagem,
englobando as trs fases propostas no Modelo de Nir Orion (1993): pr sada, sada e
ps sada. Da articulao dos dois modelos resultou uma complexa dinmica de
interaes (sala de aula laboratrio AESA - Internet), procurou-se manter um
continuumentre recursos, suportes e atividades de aprendizagem ao longo das trs
fases definidas no modelo de Nir Orion (1993) (Figura 9).
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Figura 29Integrao curricular da atividade desenvolvida em AESA, tendo em conta os
modelos propostos por Oliver e Herrington (2003) e Orion (1993).
As TIC foram implementadas em regime presencial (sala de aula, laboratrio e AESA) ea distncia. Nas atividades a distncia, os alunos participaram na construo de duas
pginas no PBworks , tendo por base as instrues gerais apresentadas na
plataforma Wiki. As duas pginas criadas foram, na pr sada, um glossrio sobre
terminologia geolgica, em modo de discusso, e no ps sada, uma pgina Web, em
modo de documento. Neste caso, os alunos desenvolveram, em regime colaborativo, o
produto final das atividades realizadas no centro urbano estudado, tendo includo os
resultados e a sua discusso, bem como as concluses a que chegaram.
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As contribuies individuais dos alunos foram alvo de avaliao formativa e sumativa.
Contudo, a elaborao da pgina Webcolaborativa, contrariamente elaborao do
glossrio, implicou que os alunos se envolvessem no processo de definio dos
critrios de avaliao desse documento, partindo da anlise do prprio programa de
Biologia e Geologia.
Com o learning design proposto, pretendia-se que os alunos mobilizassem
autonomamente, atravs da realizao das atividades propostas para as AESA, os
conhecimentos geolgicos e tecnolgicos construdos na pr sada.
A pr sada envolveu a manipulao de instrumentos tecnolgicos de medio, oregisto das imagens e a consulta da informao na Web, em aulas laboratoriais,
atravs de dispositivos mveis e do computador. Deste modo, o PBworks e as
aplicaes iPhone 4Sforam explorados na preparao dos alunos para a sada.
Na sada consideraram-se as relaes entre os recursos, atividades e suportes de
aprendizagem. Assim, o iPhone 4S, bem como as suas aplicaes funcionaram como
recursos de aprendizagem, enquanto a sua utilizao foi centrada nas atividades de
aprendizagem propostas no guio de campo (Figura 10). As atividades de discusso e
de interao presencial foram estabelecidas na rea urbana e contriburam como
suportes de aprendizagem. Essas atividades desenvolveram-se primeiro em pequeno
grupo e, posteriormente, em plenrio para permitir a partilha de experincias e de
dados gerais entre os alunos.
As atividades de discusso desenvolveram-se longitudinalmente ao longo da sequncia
de ensino e aprendizagem, tendo sido igualmente aplicadas, na pr sada e no ps
sada. Nesta ltima fase, em particular, foi proposto que os alunos desenvolvessem
atividades de maior grau de abstrao, tambm mediadas pela tecnologia,
nomeadamente atravs da criao da pgina colaborativa no PBworks.
Na Figura 11 so exemplificadas algumas das interaes que os alunos estabeleceram
entre si e que fornecem evidncias em relao ao processo de construo da pgina
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colaborativa no PBworks , nomeadamente na negociao colaborativa de
conhecimentos.
Figura 30Atividades de aprendizagem desenvolvidas pelos alunos na Estao B: (I) utilizao
do GeoattitudenoiPhone 4S e (II) registo das observaes no guio de campo.
Figura 31Comentrio e grfico divulgados na Wiki, por um aluno, aps a sada (I) e
contributos de uma aluna para melhorar a qualidade da informao divulgada pelo primeiro
(II).
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Na seco seguinte sero apresentados alguns indicadores fornecidos pelos alunos, em
relao s atividades que desenvolveram no AESA.
3. AVALIAO DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA EM AESA
Os materiais didticos foram implementados com uma turma de alunos (22) e incluiu
uma fase de preparao, a sada ao centro urbano e as aulas posteriores sada. Para
avaliar as atividades desenvolvidas em AESA foi administrado aos alunos um
questionrio (adaptado do questionrio usado na Oficina de Formao referida na
seco 2) constitudo por questes abertas e fechadas, tendo nestas ltimas sido
usada uma escala de Likert (desacordo absoluto, desacordo parcial, acordo parcial,acordo absoluto). Responderam ao questionrio 19 alunos.
Decorrente da anlise dos questionrios aplicados pode-se constatar que os materiais
didticos implementados integraram atividades:
centradas no aluno e diversificadas (antes, durante a aps a sada), uma vezque a maior parte dos respondentes reconhece que:
antes da sada, analisou as caratersticas do local que iam visitar e osassuntos que iam aprender (63,2%, acordo absoluto; 21,1%, acordoparcial); discutiu as tarefas que tinham que fazer durante a sada e omaterial que seria necessrio (52,6%, acordo absoluto; 47,4%, acordoparcial); debateu a origem e processos usados na produo dediferentes materiais de construo (52,6%, acordo absoluto; 31,6%,acordo parcial) e interpretou informao sobre as caratersticas dealguns desses materiais (47,4%, acordo absoluto; 42,1%, acordoparcial);
durante a sada, observou e caraterizou a rea de estudo tendo emconta os materiais de construo presentes (89,5%, acordo absoluto;10,5%, acordo parcial); realizou testes e medies para caraterizar
alguns dos materiais usados no centro urbano (84,2%, acordo absoluto;
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15,8%, acordo parcial); refletiu sobre a tecnologia usada natransformao desses materiais (57,9%, acordo absoluto; 36,8%, acordoparcial); discutiu aspetos relacionados com a segurana das pessoas e aimportncia dos recursos geolgicos para a qualidade de vida do ser
humano (47,4%, acordo absoluto; 42,1%, acordo parcial); e sistematizoua informao recolhida durante a sada (63,2%, acordo absoluto; 26,3%,acordo parcial);
aps a sada, partilhou na turma o trabalho realizado pelo seu grupo eas questes/dvidas que surgiram durante a sada (52,6%, acordoabsoluto; 36,8%, acordo parcial); participou na discusso do trabalhorealizado pelos outros grupos e das questes/dvidas colocadas peloscolegas (57,9%, acordo absoluto; 26,3%, acordo parcial) e explorourelaes possveis entre os materiais de construo, recursosgeolgicos, processos tecnolgicos e qualidade de vida do ser humano
(68,4%, acordo absoluto; 21,1%, acordo parcial); integradas no currculo, na medida em que a maior parte dos alunos reconhece
que as atividades realizadas antes da sada os ajudou a recolher e interpretardados, no centro urbano, de forma criteriosa (57, 9%, acordo absoluto; 31,6%,acordo parcial); enquanto as realizadas no centro urbano permitiram mobilizarconceitos abordados anteriormente (sala de aula) e aprofundar alguns deles(63,2%, acordo absoluto; 31,6%, acordo parcial); e que as atividades realizadasdepois da sada ajudaram a clarificar as dvidas que surgiram no AESA e aaprofundar conhecimentos (63,2%, acordo absoluto; 26,3%, acordo parcial);
facilitadoras da aprendizagem, uma vez que as atividades realizadas facilitaram
a aprendizagem de conceitos e de procedimentos adotados em Geologia e asua utilizao em novos contextos (68,4%, acordo absoluto; 26,3%, acordoparcialFigura 12);
Figura 32 - Grfico circular com os resultados das respostas dos alunos ao questionrio
referentes sua aprendizagem.
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promotoras do trabalho colaborativo, pois favoreceram a partilha deresponsabilidade, a entreajuda na realizao das tarefas e o relacionamentointerpessoal (68,4%, acordo absoluto; 26,3%, acordo parcialFigura 13);
Figura 33 - Grfico circular com os resultados das respostas dos alunos ao questionrio
referentes colaborao.
integradoras de saberes (Geologia-Tecnologia-Sociedade), na medida em quea maior parte dos alunos reconhece que a forma como os recursos geolgicosforam abordados possibilitou uma maior interao entre a Geologia e outrasreas do saber (78,9%, acordo absoluto; 21,1%, acordo parcial); permitiucompreender que o conhecimento geolgico til para a interpretao deaspetos da vida quotidiana (78,9%, acordo absoluto; 21,1%, acordo parcial);facilitou o conhecimento e a compreenso de tecnologias e processos
envolvidos na explorao, transformao e aplicao dos recursos geolgicos(63,2%, acordo absoluto; 36,8%, acordo parcial); sensibilizou para asimplicaes ambientais e sociais associadas a essas tecnologias e processos(63,2%, acordo absoluto; 36,8%, acordo parcial); e alertou para a necessidadede uma explorao sustentada dos recursos naturais (78,9%, acordo absoluto;15,8%, acordo parcial).
contempladas na avaliao das aprendizagens, uma vez que a maioria dosalunos reconhece que a avaliao considerou o trabalho desenvolvido antes,durante e aps a sada (73,7%, acordo absoluto; 26,3%, acordo parcial); incidiusobre aspetos diversificados da aprendizagem como, por exemplo, a qualidade
dos registos efetuados, a capacidade de comunicar, a qualidade dos
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conhecimentos evidenciados (73,7%, acordo absoluto; 26,3%, acordo parcial);contemplou documentos elaborados em grupo e individualmente (78,9%,acordo absoluto; 21,1%, acordo parcial); ajudou a refletir sobre o percurso deaprendizagem e os resultados alcanados (73,7%, acordo absoluto; 26,3%,
acordo parcial).
CONSIDERAES FINAIS
Cada vez faz menos sentido pensar no conhecimento cientfico fora do contexto da
sociedade e do desenvolvimento tecnolgico. O learn design aplicado permitiu a
integrao curricular das TIC, atravs de aplicaes de dispositivos mveis ( iPhone4)
e das interaes de uma Wiki no PBworks. Essa integrao funcionou em articulao
com o modelo de Orion (1993).
Os materiais didticos desenvolvidos nessa articulao permitiram a concretizao de
atividades presenciais (sala de aula, laboratrio, AESA) e a distncia, em que se
integraram vrios aspetos do currculo (ex.: trabalho prtico, perspetiva CTS, avaliao
das aprendizagens). Contudo, os recursos digitais utilizados pelos alunos transpuseram
as sugestes metodolgicas propostas no programa de Biologia e Geologia, criado e
proposto num contexto tecnolgico menos avanado que o atual.
Os indicadores emergentes do estudo fornecem evidncias em relao s
potencialidades educacionais e colaborativas das atividades realizadas em AESA, na
medida em que estas foram centradas no aluno e diversificadas, facilitadoras da
aprendizagem, promotoras do trabalho colaborativo, integradoras de saberes
(Geologia-Tecnologia-Sociedade) e contempladas na avaliao das aprendizagens.
No entanto, considera-se que a concretizao de propostas didticas desta natureza
deve envolver os professores na conceo, implementao e avaliao de materiais
didticos, bem como na reflexo, concetualizao e divulgao da sua prtica letiva,
em diferentes contextos (ex.: departamento curricular, aes de formao,
seminrios). Alm disso, ser pertinente que em trabalhos futuros se investigue qual a
influncia do trabalho online e presencial nas percees dos alunos em relao ao
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