Departamento de Ciências da Educação Licenciatura em Ensino Básico – 1º Ciclo
Disciplina: Estágio 4º Ano/ 1º Semestre
Docente: Mestre Helena Paula 2009/2010
Reflexão 3ª semana de estágio 12/10/09
Nesta aula, e na sequência do que tem vindo a ser abordado nas aulas
anteriores, discutimos quais as vantagens e desvantagens da utilização do
MEM, nas escolas. Pelo que pude entender, posso ver como vantagens do
MEM, a cooperação; a livre expressão das crianças; a criação de circuitos
de comunicação; a aceitação das diferenças, outra vantagem é a formação
autocooperada dos professores e ainda, o facto de as crianças poderem
expor aos colegas os seus trabalhos. No que diz respeito às desvantagens,
anotei que o professor tinha muito mais trabalho e que os professores que
utilizam este modelo, são até certo ponto estigmatizados pelos colegas de
profissão.
Não conhecendo muito bem o MEM, gostaria de deixar aqui o meu
desagrado, por ver que existem colegas que não respeitam as opções
profissionais dos outros professores. Até porque este é um modelo que já
tem provas dadas, e não um modelo que surgiu do nada. Penso que o
progresso deste modelo poderá esbater na vontade política deste país,
numa tradição existente, relativa ao modelo tradicional e também na pouca
vontade de alguns professores e pais, em abraçar um novo projecto, com
medo de não conseguirem atingir determinados objectivos. Pois bem, num
tom crítico, devo dizer que “ quem não arrisca não petisca”, e se não
arriscam por temerem o muito trabalho que este modelo acarreta, então
estão na profissão errada, até porque sem trabalho não temos nada.
Trabalho elaborado por:
José João Pereira Fernandes
Aluno nº 2074906
Departamento de Ciências da Educação
Licenciatura em Ensino Básico – 1º Ciclo
Disciplina: Estágio
4º Ano/ 1º Semestre
Docente: Mestre Helena Paula
2009/2010
Diário de estágio do dia 14/10/09
Este foi um dia muito ansiosamente esperado, devido ao facto de ser
o nosso primeiro dia de estágio prático numa sala utilizando o MEM. Desde
logo a professora cooperante teve a preocupação de nos fazer sentir bem-
vindos à escola, e de nos apresentar aos outros professores. Começamos o
dia fazendo uma visita guiada às instalações da escola a fim de ficarmos a
conhecer o espaço físico da mesma. Por fim entramos na sala C, que é onde a
Profª cooperante educa as 16 crianças lá existentes. Chegados à sala, fomos
apresentados à turma e cada aluno fez uma apresentação individual dizendo
quais as coisas que mais gostavam de fazer. Logo depois os alunos foram
sentar-se nas suas mesas, que estavam dispostas em quatro grupos de 4
mesas cada. Entretanto a Profª, foi-nos explicando o que estava exposto
nas paredes da pequena sala de aula (plano semanal, listas de verificação,
estratégias de resolver problemas feitos pelos alunos, diário de turma…),
minha primeira impressão foi a de que estávamos perante um modelo muito
bem organizado isto porque cada coisa tinha o seu canto e tinha um porquê
de estar lá.
Passado o período das apresentações, o dia começa com o plano do
semanal, onde é esclarecido entre todos, o que irão fazer durante aquela
semana (existe afixado no quadro, uma tabela com os registos das tarefas
semanais). Logo depois dois alunos foram à frente da turma, fazer um
teatrinho, o que lhes confere à partida desde cedo uma capacidade de
representação e de apresentação de trabalhos perante os colegas, que lhes
vai ser muito útil ao longo das suas vidas. Terminado a representação a
professora pediu à turma que emitisse a sua opinião acerca da peça e depois
emitiu ela própria a sua opinião, de modo a melhorar algum aspecto menos
bom da apresentação.
Posteriormente foi um aluno ao quadro, ler um texto criado por ele
próprio, e que depois de lido, a turma teve oportunidade de tecer
comentários. Neste exercício, pude verificar que os alunos da turma já
possuem um vocabulário elaborado, tendo em conta as tenras idades (7
anos), e já se exprimem perante a turma de um modo fluente, coisa que
alguns de nós se calhar ainda tem dificuldade. Este exercício é favorável à
criação de skills, como sejam a autonomia e a criatividade.
Após terminado este exercício, a Professora Cooperante, distribuiu
uma ficha de trabalho de Língua Portuguesa, tendo por base um texto
criado por uma aluna e aperfeiçoado por toda a turma que engloba a
expansão do texto. Este tipo de ficha é resolvida individualmente, mas com
permissão para se entreajudarem. Aqui encontra-se patente mais um valor,
o da solidariedade, que aliás neste método de trabalho, está sempre
presente, não havendo lugar a egoísmos.
Resolvida esta ficha foi tempo de carregar baterias. A 2ª parte da
aula, teve início com a distribuição de uma ficha de trabalho, abordando
desta vez a Matemática. Esta ficha foi criada pela Professora da sala, e foi
resolvida a pares. Quando terminassem a ficha, estes teriam de ir ao quadro
partilhar com a turma o método que utilizaram para a resolução de
problemas, e se alguém de outro grupo tivesse outra fórmula para resolver a
questão, tinha pois a oportunidade de dizer.
A aula terminou com os alunos a irem trabalhar nos seus projectos.
Aqui foi uma grande surpresa para mim, pois sendo apologista das novas
tecnologias no ensino, pude constatar, ao contrário de algumas escolas, que
nesta sala alguns alunos iam utilizar o Magalhães, para consultarem a
Diciopédia, por forma a recolherem informação para a elaboração dos seus
trabalhos.
CONCLUSÃO
Não obstante o facto de estar apenas começando a lidar com o
Movimento Escola Moderna – MEM agora, já me sinto à vontade para tecer
alguns comentários acerca do Modelo. Vê-se claramente que dentro da sala
de aula, existe uma forte organização, desde a disposição da sala e seus
materiais, até ao facto de cada aluno saber qual o seu papel no dia-a-dia,
fruto da planificação semanal e do plano individual de trabalho (PIT). Notei
também que um dos objectivos é o de deixarmos a criança criar livremente,
dando asas à sua criatividade e imaginação.
No entanto, quando falo em deixar a criança criar livremente, não me
refiro a libertinagem, o educador tem um papel fundamental em todo o
processo educativo, deverá estar apto a proporcionar as melhores condições
para a melhor evolução do aluno. Para tal há que conhecer o aluno, apela-se a
um ensino individualizado, inserido no grupo. Ou seja, actualmente uma das
principais preocupações pedagógicas é conhecer o perfil do aluno e, a partir
deste conhecimento, podemos ajudá-lo a inserir-se no grupo, na comunidade
de que todos fazemos parte. A criança é primacialmente egocêntrica e isso
é bem visível nas suas manifestações, e sair deste estado é um processo
algo moroso que se não for cuidadosamente trabalhado poderá nunca ser
ultrapassado.
Assim, a educação tem como missão aperfeiçoar o indivíduo em todos
os aspectos, na sua globalidade, como um campo de experiências e de
descobertas.
Cabe ao professor, oferecer-lhe os meios de se conquistar e de
organizar as suas acções, de se conhecer, de se explorar, de desenvolver e
descobrir o seu eu. Analogamente, tentar-se-á conduzir o aluno para uma
inserção natural no grupo e depois no mundo, desenvolvendo o seu espírito
de iniciativa e de empreendimento, a sua vitalidade, a sua eficácia,
tornando-o consciente da finalidade dos seus esforços e do seu trabalho,
alimentando-lhe a imaginação, permitindo-lhe existir por si mesmo.
Em síntese, partindo sempre do pressuposto que a criança é um ser
em constante evolução, incansável e sedenta de conhecimentos, cabe ao
professor auxiliá-la nessa longa caminhada de transformação, não
recriminando nem tendo ideias pré-concebidas daquilo que será a criança no
futuro, mas estando sempre atento a tudo o que se passa no presente. O
professor não tem legitimidade para corrigir a expressão criadora da
criança, então tudo o que possa fazer é evitar constranger a sua vontade e
estar em constante reciclagem de metodologias, técnicas, materiais que
possam contribuir para o melhor crescimento infantil.
José João Pereira Fernandes
Aluno nº 2074906