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RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DE UMA AULA EXPERIMENTAL DE FÍSICA:
AS DUAS LEIS DA TERMODINÂMICA
Juliane RODRIGUES, Pamella Aline ALMEIDA, Hadassa Harumi CasteloONISAKI, Universidade Federal de São Paulo
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Eixo 01 - Formação inicial de professores de educação básica
1. Introdução
Questões complexas a uma fase muito importante na vida de qualquer ser
humano - o adolescer - têm sido o foco de atenção de muitos profissionais. Atualmente,
professores de todas as áreas, desenvolvem projetos e pesquisas com a finalidade de
encontrar respostas a estas questões. Afinal, conhecer e entender a fase pela qual seus
alunos estão passando é imprescindível para qualquer professor que queira alcançar
sucesso em seu objetivo.
Para os adultos a adolescência tem como obrigatoriedade realizar o desejo
reprimido pelo adulto, contando com o ideal de autonomia, de liberdade e ausência de
limites. “O adolescente é aquele que “interpreta” e realiza o desejo inconsciente do adultomoderno. Ao adolescente é permitida a vivência de um prazer pleno marcado pela
ausência dos limites aos quais os adultos tiveram de se submeter” (Calligaris, 2000).
A adolescência é o período no qual o jovem vai desenvolvendo os atributos
necessários para a vida adulta como maturidade cognitiva, capacidade de argumentação,
autonomia e independência e ao mesmo tempo ele constrói a sua identidade e evolui em
maturidade hormonal para uma vida plena em todos os campos (sexual, afetivo e
profissional). “É um momento de perda de ansiedade diante do novo, de vivência de
várias crises emocionais. Os adolescentes sentem a dor de deixar para trás a infância, o
corpo infantil, a dependência. Ao mesmo tempo, temem não conseguir corresponder às
expectativas do mundo adulto e se inquietam diante do futuro, o eterno desconhecido.
Mas todas essas crises são transitórias, como um caleidoscópio sempre em movimento
(Amaral, 2006)”.
Na busca de identidade os jovens querem explorar o seu caminho a seu modo.
Acredita ter seus ideais, sonhos, como por exemplo o desejo e a certeza que pode mudar
o mundo. Buscam conquistar a emancipação para a construção de sua identidade e
mailto:[email protected]
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possuem um desejo de experimentar o desconhecido (sem vínculos afetivos). Se
levarmos em consideração a complexidade subjetiva desta fase e somarmos as
mudanças hormonais, teremos como resultado as emoções a flor da pele, ou seja, jovens
intensos e sem saber lhe dar com estas emoções e tantas mudanças.
“É essencial a identificação para a construção do novo adulto, por isso os
adolescentes se organizam em “grupos de pares” ou “melhores amigos” (Lacan, 1999)”.
Aqui encontramos uma explicação para o fato dos adolescentes estarem sempre em
grupos, e lutarem e se esforçarem para serem aceitos.
Os adolescentes vivem em um mundo desafiador e cheio de cobranças, onde
precisam definir seu futuro, sofrem com a pressão para a escolha da profissão certa, se
preocupam em encontrar seu primeiro parceiro sexual, e com tantas outras questões
como gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, cuidado com o corpo,
enfim há questões individuais também. Neste momento há a necessidade de que os
adultos confiem neles, acompanhem seus sonhos, fiquem ao seu lado, acreditem em
suas capacidades.
Voltando a relação professor - adolescente precisamos nos ater ao significado da
palavra Formar. “Formar é: levar o aluno a achar o seu próprio caminho, a transformar-se,
a evoluir, a refletir, a mover-se, a relacionar-se. É aquele que vai ao encontro dos temas
de interesse do aluno. Nesse processo, o professor apaixonado se coloca como
mediador, facilitador ou catalisador do processo de formação e, ao mesmo tempo, como
alguém também se formando movimentando-se, transformando-se, evoluindo,
relacionando-se com trocas enriquecedoras e significativas ( Gutierra, 2003)”. Ora o que
é a adolescência se não o formar de um novo adulto, analisando os pontos citados acima
e a importância do professor nesta formação, e respeitando as condições do que é ser
adolescente, montamos uma aula experimental de Física a cerca do tema as Duas Leis
da Termodinâmica.
2. O Local e o Grupo Participante
A aula experimental de Física com o tema as Duas Leis da Termodinâmica foi
ministrada aos alunos do 2º ano do ensino médio do período da manhã (um total de 76
alunos frequentes) com faixa etária entre 16 e 17 anos, matriculados na Escola Estadual
Professor Riolando Canno, situada na Rua Tapuias,509; Bairro Conceição na cidade de
Diadema, estado de São Paulo.
As aulas foram ministradas por 3 alunas da Unifesp campus Diadema,
participantes do projeto Pibid de Física (2015), juntamente com a professora contratada
pelo estado de São Paulo para ministrar aulas regulares de física para os alunos em
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questão na escola citada acima. O tema de termodinâmica foi abordado no período entre
os dias 05 de outubro de 2015 á 05 de novembro de 2015.
2.1 Etapas desenvolvidas pelo grupo
O Pibid2 de Física (2015) da Unifesp1campus Diadema, foi composto por um
professor coordenador (que faz parte do corpo docente da Unifesp campus Diadema),
por 8 alunos do curso Licenciatura plena em Ciências (Unifesp1campus Diadema) e por
um professor da rede pública contratado pelo estado de São Paulo. Se realizava reuniões
periódicas afim de discutir temas acerca da educação de jovens e montagem de planos
de aulas para alunos do 2º ano do ensino médio a respeito de Física.
As reuniões se iniciaram com leituras acerca da sociedade contemporânea, com
foco no que é ser adolescente, assim levantando questionamentos sobre o assunto como
por exemplo a importância de o professor conhecer e saber respeitar seus alunos
conforme as dificuldades apresentadas pelos mesmos.
Em seguida ocorreu a atualização acerca dos temas que se deve ser abordado no
2º ano do ensino Médio na área de Física através da Parâmetros Curriculares Nacionais
(Mec- SEMT EC, 2002), assim o grupo foi dividido em grupos e definiram quais temas
cada grupo iria abordar em sala de aula. Os temas foram definidos de acordo com a
Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Física Ensino Médio (Secretaria da
Educação, 2008).
Com os temas já definidos cada grupo foi responsável por planejar e por em
prática (com os alunos e local citado no item acima) um plano de aula segundo os temas
escolhidos, este texto irá relatar especificamente sobre o tema escolhido pelo grupo
destas que os escreve, que foi termodinâmica, assim ocorrerá a descrição a respeito da
aula experimental a cerca deste tema.
A apresentação do grupo Pibid de Física (2015) aos alunos do 2º ano do Ensino
Médio do período da manhã da Escola Estadual Professor Riolando Canno ocorreu em
agosto de 2015, onde o grupo se dirigiu até a escola, foram apresentados um a um, foi
abordado sobre o que é Pibid, objetivos e intensões do grupo e houve a oportunidade
para apresentar a Unifesp. Após a apresentação o grupo começou a desenvolver com os
alunos os planos de aulas que haviam montado anteriormente, iniciando com o tema de
calorimetria em agosto de 2015.
3.Montagem desenvolvida na aula
7425Figura SEQ Figura \* ARABIC 1 : Aluno
O iniciar da aula foi através do experimento para prender a atenção dos alunos e
os surpreendê-los e instigar a curiosidade dos mesmos.
A aula em questão foi titulada como As Duas Leis da Termodinâmica, a aula foi
dividida em duas partes, a primeira foi dedicada a montagem do experimento, e a
segunda a execução do experimento.
O experimento em si se trata da montagem de um barquinho a vapor utilizando
garrafa pet (250 ml), vela, tubo de cobre (3mm).
A garrafa pet foi previamente cortada e furada (por questão de economia de
tempo), o cobre e a vela foram inseridos pelos alunos, o cobre foi manuseado com o
auxílio de um alicate.
Nas imagens abaixo podemos observar o material preparado pelos alunos e o
momento em que os alunos montavam seus respectivos barcos, sendo mediados pelas
instruções das alunas de graduação:
Figura 2: Alunos sendo mediados na montagem do barco pela aluna de graduação.Figura 1: Barcos feitos por todas as turmas
participantes do experimento.
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Os alunos foram divididos em grupos de 5
integrantes, eles escolheram seus
grupos, e cada grupo montou um
barquinho. Após a montagem os
alunos foram dirigidos ao pátio, onde foi
preparado um taque (cheio de água) para o funcionamento do barquinho. O desafio em
questão era colocar o cobre e a vela de forma que o barquinho não afundasse e andasse
ao acender a vela. O grupo que conseguisse cumprir o objetivo ganharia um prêmio
nosso.
Enquanto a segunda parte da aula era executada foi aproveitado para explicar o
funcionamento do barquinho e como a 1ª e 2ª Lei da Termodinâmica se aplicava neste
caso. Foi necessário elaborar algumas questões para maior reflexão dos alunos:
● Por que o barquinho anda?● Neste experimento ocorre mudanças de estado da água, com base nas
observações do grupo em que momento estas mudanças ocorrem?
Explique detalhadamente.● De acordo com o que foi estudado em Calorimetria podemos dizer que
houve troca de calor neste experimento?● Podemos dizer que houve um rendimento de 100%? Por quê?
Vale ressaltar que para um melhor aproveitamento é necessário que se tenha
ministrado uma aula anterior a respeito das Leis da Termodinâmica.
4. Considerações Finais
Figura 4: Barco feito pela turma b dentro da bacia com água.
Figura 3: Adolescentes sendo orientados pelas alunas de graduação
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A aula ministrada aos alunos da Escola Estadual Professor Riolando Canno, foi
planejada e executada cuidadosamente, respeitando e compreendendo os alunos nos
seus aspectos adolescente de ser.
Durante a aula em questão foi dada a liberdade de escolha, onde cada aluno
pode escolher seu próprio grupo, provando que existia uma relação de confiança. Ao
montarem seu barco cada grupo de certa forma provou de sua autonomia. Um
acontecimento que chamou a atenção foi o fato dos alunos colocarem nomes em seus
barcos, sendo que algo assim não foi pedido, ou seja, pôde se observar que eles se
sentiram a vontade para soltar a criatividade, deixando claro que a presença do grupo
não os reprimiu.
Referente a execução do experimento os alunos se mostraram competitivos, e
ficou claro como cada um enfrenta desapontamentos, houve alunos que aceitaram não
ter sido o grupo perdedor, alguns se mostraram desapontados e alguns não aceitando o
resultado final pediram para refazer o experimento.
No geral foi despertado o interesse pelo tema proposto, os alunos questionaram o
porque do barquinho não andar, o porque do afundar e principalmente o porque do
barquinho andar, após as explicações mesmo a competições terem acabado, alguns
grupos refizeram seus barquinhos para os fazerem funcionar.
O maior obstáculo ao colocar este plano de aula em prática foi a compra de
materiais, o tubo de cobre foi o material mais difícil de se encontrar, e o material também
se mostrou pouco flexível.
Apesar das adversidades, que são comuns ao ministramos aulas práticas em
salas de aulas que não apresentam o ambiente adequado para tal, acreditamos ter sido
alcançado o objetivo da compreensão das leis da termodinâmica, além de despertar o
interesse dos alunos para a física.
REFERÊNCIAS
AMARAL, M. T. Educação, Psicanálise e Direito: Combinações Possíveis para
se Pensar a Adolescência na Atualidade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.
BRASIL. Secretaria de Educação Média: Parâmetros Curriculares Nacionais + -
Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Física. Secretaria de Educação Média. Brasília: MEC –
SEMTEC, 2002. 122p
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FREUD, S. (1914) Algumas reflexões sobre a psicologia do escolar.Edição Standard brasileira das Obras Psicológicas completas deSigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago Ed. LTDA, 1987, v. XIII.
GUTIERRA, B. C. C. Adolescência, Psicanálise e Educação: o mestre
possível dos adolescentes. São Paulo: Avercamp, 2003.
LACAN, Jacques. O Seminário: as formações do inconsciente. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1999. Livro 5. Tradução de Vera Ribeiro.
Feira de ciências. Disponível em: . Acesso em 2 de fevereiro de 2016.
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