Universidade de Coimbra
Faculdade de Cincias do Desporto e Educao Fsica
Mestrado em Ensino da Educao Fsica nos Ensinos Bsico e Secundrio
Estgio Pedaggico
Relatrio Final
de Estgio
Ivon Augusto Gil Alves Brando
2005115301
2011
Universidade de Coimbra
Faculdade de Cincias do Desporto e Educao Fsica
Mestrado em Ensino da Educao Fsica nos Ensinos Bsico e Secundrio
Relatrio Final de Estgio
Escola Secundria de Avelar Brotero
Relatrio para obteno do Grau de
Mestre em Ensino da Educao Fsica dos
Ensinos Bsico e Secundrio pela
Faculdade de Cincias do Desporto e
Educao Fsica da Universidade de
Coimbra, sob a orientao da Dra. Elsa
Silva e co-orientao do Professor Antnio
Miranda.
Ivon Augusto Gil Alves Brando
Junho, 2011
Esta obra deve ser citada como Brando, I. (2011). Relatrio Final de Estgio.
Relatrio de Estgio de Mestrado em Ensino da Educao Fsica nos ensinos
Bsico e Secundrio, Faculdade de Cincias do Desporto e Educao Fsica da
Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.
Agradecimentos
Este espao dedicado queles que deram a sua contribuio para que este
relatrio fosse realizado. A todos eles deixo aqui o meu agradecimento sincero.
Em primeiro lugar agradeo a todos os meus familiares sem excepo (aos que
c andam e aos que j c no esto) e em especial minha me Isabel e minha irm
Ana, pois sem o contnuo apoio que me deram, nunca me sentiria to bem como senti na
realizao do estgio.
Em segundo, agradeo aos meus amigos de longa data, pois atravs da nossa
convivncia, voltava para casa mais bem-disposto aps os dias difceis de trabalho.
Deixo tambm uma palavra de agradecimento aos professores Antnio Miranda
e professora Elsa Silva pelas suas orientaes sempre pertinentes ao longo do ano e
pela disponibilidade para atender s minhas dvidas.
No os querendo esquecer, deixo um abrao aos meus colegas de estgio, pela
boa disposio com que realizmos os muitos trabalhos em comum.
Gostaria de deixar o pargrafo mais importante desta lista de agradecimentos
para uma dedicatria especial ao meu irmo Joo:
Dedico-te todo o trabalho feito durante estes dois anos de Mestrado e dois anos da
tua ausncia. Sem dvida que s a maior fonte da minha inspirao. Um abrao e at um
dia
I
Resumo
Este documento constitui uma reflexo de todo o trabalho realizado como
professor estagirio, na Escola Secundria de Avelar Brotero, referente ao ano lectivo
de 2010/2011 e inserido no Mestrado em Ensino da Educao Fsica nos Ensinos Bsico
e Secundrio, da Faculdade de Cincias do Desporto e Educao Fsica da Universidade
de Coimbra. Realizado num nico momento, tem como objectivo reproduzir
detalhadamente todo o processo de planeamento, conduo e reflexo ocorrido ao longo
de todo o ano lectivo. Logo, o relatrio final resumiu-se, a uma sntese da reflexo que
se depreende contnua. Expoente mximo da prtica, o planeamento e a leccionao
constituem-se como o meio, por excelncia, para adquirir um conjunto de competncias,
de forma a orientarmos a nossa aco para o sucesso. No global do texto so expostas as
minhas expectativas inicias, as principais dificuldades sentidas, bem como as
aprendizagens e competncias desenvolvidas ao longo deste ano lectivo.
Palavras-chave: Estgio Pedaggico; Aprendizagens e competncias desenvolvidas.
II
Abstract
The following document represented here, is a reflection of all my work as a
trainee teacher in Secondary School Avelar Brotero in Coimbra, for the academic year
2010/2011 and inserted into the Master of Teaching of Physical Education at Basic and
Secondary Level, of the Faculty of Sport Sciences and Physical Education from
University of Coimbra. Performed in a single moment, aims to reproduce in detail the
whole process of planning, conducting and reflection occurred throughout the school
year. Thus, the final report summed up the synthesis of a reflection that can be seen in a
continuous way. Pinnacle of the practice, planning and teaching are the means to
acquire a skill set in order to orient our action to success. In the text overall are exposed
my initial expectations, the main difficulties, as well as the learning and skills
developed throughout this school year.
Keywords: Pedagogical Internship; Learning and skills developed.
III
ndice
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................................... I
RESUMO ..................................................................................................................................................................... II
ABSTRACT ................................................................................................................................................................ III
NDICE ....................................................................................................................................................................... IV
1. INTRODUO ....................................................................................................................................................... 1
2. EXPECTATIVAS E OPES INICIAIS EM RELAO AO ESTGIO (PIF) .................................................. 4
3. DESCRIO DAS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS:..................................................................................... 6
3.1. PLANEAMENTO ......................................................................................................................................... 6
3.2. REALIZAO ............................................................................................................................................ 11
3.3. AVALIAO.............................................................................................................................................. 14
3.4. COMPONENTE TICO-PROFISSIONAL ................................................................................................ 19
4. JUSTIFICAO DAS OPES TOMADAS ........................................................................................................ 19
5. ENSINO APRENDIZAGEM .................................................................................................................................. 24
5.1. APRENDIZAGENS REALIZADAS COMO ESTAGIRIO ..................................................................... 24
5.2. COMPROMISSO COM AS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS ............................................................. 27
5.3. INOVAO NAS PRTICAS PEDAGGICAS ...................................................................................... 28
6. DIFICULDADES E NECESSIDADES DE FORMAO .................................................................................... 30
6.1. DIFICULDADES SENTIDAS E FORMAS DE RESOLUO ................................................................. 30
6.2. DIFICULDADES A RESOLVER NO FUTURO OU FORMAO CONTNUA .................................... 33
7. TICA PROFISSIONAL ........................................................................................................................................ 35
7.1. CAPACIDADE DE INICIATIVA E RESPONSABILIDADE ................................................................... 35
7.2. IMPORTNCIA DO TRABALHO INDIVIDUAL E DE GRUPO ............................................................ 36
8. QUESTES DILEMTICAS ................................................................................................................................ 38
9. CONCLUSES REFERENTES FORMAO INICIAL .................................................................................. 42
9.1. IMPACTO DO ESTGIO NA REALIDADE DO CONTEXTO ESCOLAR ............................................ 42
9.2. PRTICA PEDAGGICA SUPERVISIONADA ...................................................................................... 44
9.3. EXPERINCIA PESSOAL E PROFISSIONAL ......................................................................................... 45
10. PARA L DO FUTURO ...................................................................................................................................... 47
11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................................................. 50
IV
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1. INTRODUO
Podemos converter algum pelo que somos, nunca pelo que dizemos.
(H. Rohden)
Escrevo escrevo ideias soltas que invadem a minha mente e no sei muito bem
como pass-las para um pedao de folha. Talvez sejam ideias desinteressantes, talvez
sejam ideias nicas. Mais do que ideias, so sentimentos; sentimentos de quem no sabe
viver sem os interpretar, sentimentos de quem quer pr num papel, que outrora foi uma
rvore, tudo aquilo que sentiu, sente e quer continuar a sentir. Mais do que palavras
soltas, vivo a nsia de estas serem o transparecer da minha pessoa, da minha vivncia,
das minhas convices, palavras que surgem definidas em letras, pouco redondas,
pintadas em tons de negro.
Sero estas as palavras de um momento de reflexo? No s. Muito mais do que
reflectir, este pice de pensar e repensar, de me debruar sobre a panplia de
conjunturas que vivi e vivo, as palavras que algum l, constituem a construo de um
ser que quer tornar-se Homem. Homem, no no sentido fsico e machista da palavra,
mas sim que faz de si a imagem dos seus sonhos e que, no seu percurso, no quer perder
a candura da sua infncia.
EU
O primeiro passo para conseguirmos o que queremos na vida decidirmos o que queremos.
(Ben Stein)
Relembro a infncia pelos aromas que comandam a minha vida. Sentir o cheiro
de cada pedao do meu passado, faz-me reviver o que vivi noutros tempos. Infncia
feliz, onde uma mescla de amor constante e liberdade pura, se confundiam com as
brincadeiras de criana. Vejo o filme da minha vida na retina dos meus olhos cansados e
averiguo de como a felicidade pode ter significados e sentidos diferentes. Antes, era
feliz porque me amavam, porque brincava no tempo da brincadeira, porque respirava as
fragrncias de um momento nico e belo da minha existncia. Hoje, sou feliz porque me
amam, porque brinco no tempo do trabalho, porque construo as pegadas por delinear,
numa areia sempre incerta.
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Curiosamente, o vivenciar do meu passado conduziu pertena do meu presente.
A cidade dos estudantes coabitou com o meu ser, na plenitude do meu crescimento.
Pois apesar de ter nascido na Invicta e vivido at ao meu 9 ano na Beira Alta (Meda),
desde cedo, vinha muitas vezes a Coimbra visitar familiares que povoavam esta linda
terra. Ela preencheu o meu corao e por onde, um dia mais tarde, desejava voltar a
passar. Assim quis e assim foi. Voltei ento mais velho, com alguns plos na face, com
alguma timidez e expectativa, mas, acima de tudo, com muita vontade de mostrar que
estava de pedra e cal decidido a triunfar na vida, como pessoa e como profissional.
Ingressei ento na Escola Secundria Infanta Dona Maria. Escola que para um jovem
serrano, que nunca ligou, no liga e no vai ligar escolha de locais para estar, pelo
simples facto de que esses mesmos so frequentados pelos pseudo-intelectuais da
sociedade.
Novas pessoas conheci, personalidade mais forte desenvolvi e Engenharia
Informtica foi o curso que escolhi. Porqu? Por motivos de fora maior (sadas
profissionais). Cedo vi que foi um erro e no ano seguinte retomei o caminho certo, que
me levava FCDEF-UC.
Quando ingressei na FCDEF-UC, o meu principal objectivo passava por investir
na rea do treino desportivo dada a minha experincia anterior como atleta federado de
futebol e o gosto por diversas modalidades de alto rendimento. Assim aconteceu,
chegado o terceiro ano da licenciatura, inscrevi-me na opo de natao I e II, pois sabia
que o professor que leccionava estas cadeiras de uma capacidade de ensino admirvel.
No entanto, com a frequncia nas aulas de diversas cadeiras, principalmente as da
componente prtica, depressa me apercebi de como era incrvel e fantstico dar aulas
(verso escola), podermos ensinar algo, vermos com os nossos prprios olhos as
pessoas crescerem com o nosso empenho e aco. Nunca me esqueo de como foi
gratificante leccionar aulas de natao aos alunos do 1 ano e ver a sua evoluo em
sintonia com os nossos ensinamentos. Tenho a dizer, que o sentido do meu pensamento,
antes de chegar ao ensino, passou e ainda passa muitas vezes pelo treino desportivo e de
ginsio (outra paixo). Mas sem dvida, que o poder ser professor de Educao Fsica,
ficou tambm a ser umas das minhas paixes.
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EU, A ESCOLA E O NCLEO DE ESTGIO
"A educao a maior riqueza de um povo"
(Amaral Fontoura)
A escola que frequentei este ano foi escolhida em funo destas trs variveis:
localizao (perto de minha casa); fama do orientador da escola (queria um orientador
exigente, com o qual sabia que iria aprender muito); e a formao do Ncleo de Estgio
com colegas conhecidos. Relativamente ao Ncleo de Estgio, este foi formado durante
o 2 ano do Mestrado. Posso mesmo afirmar que tenho um enorme gosto em poder
trabalhar com o Antnio, Fbio e o Tiago. Para alm de serem pessoas com uma
excelente capacidade de trabalho, (a qual j tive oportunidade de verificar em anos
transactos), so tambm trs amigos com os quais tenho cultivado uma forte amizade
durante os anos de curso. Para mim, realizar o estgio com as pessoas e o grupo que eu
desejava era muito mais imperativo do que a escolha da escola. Esta afirmao prende-
se, com o facto de trabalhar com indivduos que, partida, sabia que podia contar, o
que de certa forma me dava uma enorme segurana.
O EU A CRESCER
No h nada de nobre em sermos superiores ao prximo.
A verdadeira nobreza consiste em sermos superiores ao que ramos antes.
(Autor desconhecido)
Crescer sem parar. O limite o cu. No queria crescer em tamanho, queria sim
crescer como pessoa mas, principalmente, como profissional. Sempre entendi o estgio
como o sol do amanhecer que suscita o desabrochar do girassol. Depois de muitos anos
de vivncia como aluno e de quatro anos de aquisio de conhecimentos e habilidades
na FCDEF-UC, o estgio funciona como que um despoletar do mais belo e magnfico
que habita dentro de ns. Expoente mximo da prtica, o planeamento e a leccionao
constituem-se como o meio, por excelncia, para adquirir um conjunto de competncias,
de forma a orientarmos a nossa aco para o sucesso.
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2. Expectativas e opes iniciais em relao ao estgio (PIF)
De facto, andei e ainda ando radiante com esta nova etapa da minha formao.
No posso no entanto omitir a enorme ansiedade que tambm me preencheu e que, de
certa forma, tinha a sua razo de ser, pois estava a desempenhar uma funo nova, com
bastante responsabilidade num terreno novo e desconhecido, o que no deixa de ser um
pouco assustador. Contudo, os desafios so sempre bem-vindos e sabia que me ia
empenhar ao mximo, tentar dar o melhor de mim e estar sempre disposto para adquirir
cada vez mais conhecimento, aprendendo com os erros e transportando comigo os
aspectos positivos que adviriam do ano de estgio.
Sabia que o futuro que tinha pela frente ia apresentar dificuldades dado que,
infelizmente o estgio pedaggico deixou de ser remunerado h alguns anos, o que por
si s tem algumas implicaes prticas no funcionamento do mesmo. Consciente da
questo premente do processo de transio dos moldes de funcionamento do estgio,
considero que o aluno estagirio deveria ser o menos prejudicado no referido processo.
Contudo, tenho a perfeita noo que, por vezes, as coisas no correm como todos
desejaramos. Mesmo assim e dado o panorama nacional, depreendo que os esforos e
aces realizados pelo Gabinete Coordenador do Estgio Pedaggico da nossa
instituio de formao tm sido exemplares, o que eleva por si s os meus ndices de
confiana.
Pior do que se tratar de um perodo de transio, onde o aluno estagirio no
remunerado pelo trabalho realizado, outra questo se levanta, e esta, no meu entender,
capaz de deitar por terra at os melhores ndices de confiana e motivao realizar um
estgio para funes que dificilmente qualquer um de ns (estagirios) realizar num
futuro prximo, pelo menos, na funo pblica. Perante tal conjuntura tive que arranjar
motivaes noutras realidades, as quais passam pela vontade e sentido de querer ter uma
formao que, apesar de poder no vir a ser utilizada em circunstncias idnticas, de
certeza absoluta que me fariam crescer no plano quer profissional, quer pessoal para
conseguir um dia mais tarde singrar na vida.
Mas j que falo de motivaes, no posso deixar de referir a maior de todas elas
para qualquer docente os alunos. Quando falo destes, no me posso esquecer que eles
so a razo do processo de ensino-aprendizagem e com eles que trabalhei. Se por si s
os alunos so um factor de motivao para qualquer professor, no posso desprezar que
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os mesmos tambm necessitassem de ser motivados e, por vezes, essa tarefa no foi
fcil, ainda para mais na sociedade em que vivemos. Hoje em dia, tenho a perfeita
noo que muito difcil motivar os alunos, uma vez que os estmulos proporcionados
pela escola so menos atractivos do que os oferecidos pelo exterior. Pretendi assim
motivar os alunos, de uma forma geral, para o meio escolar e, de uma forma particular,
para a disciplina de Educao Fsica.
Considero que a abordagem da Educao Fsica na escola tem de ser dotada de
um ambiente atractivo e dinmico, onde os alunos se sintam bem na realizao das
tarefas propostas. A disciplina ter de passar, consequentemente, pela abordagem de
actividades diferentes, as quais possam motivar ainda mais os alunos. Procurei ento,
incutir-lhes a responsabilidade que lhes cabe para que o processo de ensino-
aprendizagem decorresse da melhor forma possvel, tentando sempre proporcionar um
ensino baseado na equidade. A tarefa de motiva-los para a adopo de uma postura
activa, participativa, responsvel e efectiva durante a prtica das aulas de Educao
Fsica no foi fcil. No entanto, procurei entender da melhor forma as suas
necessidades, preocupaes e dificuldades, para ento corresponder positivamente a
estas, criando situaes de empatia e esforo conjunto e desenvolvendo um processo de
harmonia constante com os alunos.
Fui e sou da opinio que, durante a minha formao, deveria continuar a ser
exigente comigo prprio, mais do que tinha sido at data, o que depreende alguma
sinceridade nas ilaes e concluses que retiro do meu trabalho nomeadamente, neste
ano que acabou, em relao s aulas que leccionei. Restava-me trabalhar e empenhar-
me devidamente para que durante o ano pudesse melhorar as minhas capacidades e
competncias enquanto professor de Educao Fsica, bem como, crescer e atingir a
realizao no plano pessoal. No final do estgio esperava poder olhar para trs e saber
que se alguma coisa correu mal ou algum patamar no foi atingido, tal no se deveu
minha passividade ou falta de empenho e dedicao. Afirmo-me hoje, mais do que
nunca, como uma pessoa determinada e um ser que luta pelas suas convices. Penso
tambm, sinceramente, ter proporcionado aos meus alunos no s momentos de
aprendizagem e trabalho, mas tambm momentos de alegria, divertimento e
afectividade, assim como ter-lhes possibilitado uma formao e construo pessoal.
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3. Descrio das actividades desenvolvidas
- As opes tomadas individualmente ou em grupo tendo em conta os tpicos seguintes
das actividades de estgio encontram-se no ponto justificao das opes tomadas.
3.1 - Planeamento
O processo de ensino e de aprendizagem na aula de Educao Fsica, pressupe
a elaborao de um plano de aco pelo qual o professor se orientar ao longo do ano.
Esta planificao no surge de uma forma espontnea e aleatria, envolve, como
qualquer processo de planeamento, vrias etapas coerentes, faseadas no tempo e
interligadas.
O planeamento uma das tarefas fundamentais no processo de ensino e de
aprendizagem. O ponto-chave do planeamento reside na antecipao, orientao e
controlo da actividade, isto , procurar prever eventuais situaes que possam ocorrer,
minimizando a sua resoluo atravs da improvisao.
Este tipo de trabalho permite ao professor confrontar-se com os problemas
terico-prticos permitindo a sua previso de modo a reorientar e ajustar o processo
ensino e de aprendizagem. por isso que o planeamento se assume como uma das
tarefas essenciais do professor, conjuntamente com a realizao, a anlise e a avaliao
de todo este processo.
Plano anual
Na elaborao de um Plano Anual, o professor primeiro tem de analisar vrios
factores, para depois poder tomar as decises mais apropriadas para os seus alunos.
Com a elaborao deste documento pretendemos compilar e simplificar toda a
nossa aco futura como professor podendo, assim, construir um processo de ensino e
de aprendizagem de forma organizada e coerente.
Como se sabe, o plano anual um documento flexvel, que pode e deve ser
alterado medida que o ano lectivo vai passando. Sabemos que num momento inicial,
ele construdo atravs do que j sabido ou seja, antes do primeiro dia de aulas
(momento no qual conhecemos os nossos alunos e as suas caractersticas nicas),
devemos analisar todos os factores que influenciam o processo de ensino-aprendizagem.
Entre eles encontra-se tudo o que envolve a disciplina de Educao Fsica no plano
curricular (fase do plano de estudos; composio curricular do ano; competncias gerais
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e especficas do ano a intervir; a extenso da Educao Fsica e a relao entre as
diferentes reas e as decises tomadas no departamento de Educao Fsica). A
caracterizao do meio. A caracterizao da faixa etria. Os objectivos essenciais para o
ano lectivo e a configurao da avaliao.
Tendo referido todos os tpicos e sub-tpicos que entendo como essenciais para
a elaborao do plano anual, passo agora a uma breve descrio de cada um. Quanto
fase do plano de estudos, -nos fcil de entender que em todas as idades, os objectivos
de ensino vo-se alterando e por isso partida, h que ter em conta a faixa etria com a
qual vamos trabalhar. J que falo na faixa etria, considermos importante criar um
documento de nome caracterizao da faixa etria, para melhor compreender o
estado evolutivo dos alunos nas diferentes idades. Percebendo onde se encontram os
nossos aprendizes, a sim podemos passar para o degrau seguinte da anlise de
factores. Outro factor importante para a realizao do plano anual a composio
curricular do ano com o qual vamos intervir. Ora, daqui depreendemos que
importante o professor ter bem a noo das disciplinas que vai leccionar ao longo do
ano, porque poder precisar de preparao prvia devido inexperincia, ou mesmo s
constantes alteraes que as modalidades vo sofrendo. Tambm importante, interligar
as diferentes modalidades que vamos abordar. Ou seja, h que ter em conta que a
disposio no nosso calendrio escolar das modalidades a leccionar, poder ser mais ou
menos proveitosa consoante a sua interligao. (exemplo: se existem transferes entre
modalidades, convm que estas sejam leccionadas umas a seguir s outras, de modo a
potenciar a aprendizagem nesses temas transferveis). As decises do departamento de
Educao Fsica da escola, tambm entram na elaborao do plano anual. Posso dar o
exemplo da Escola Secundria de Avelar Brotero, que tem como linhas orientadoras
uniformizar os modos de aco de cada departamento, para que estes mais facilmente se
interliguem. Ora, isto trar sem dvida, alguns benefcios no que diz respeito ao melhor
entendimento entre os diferentes grupos da escola, mas tambm traz, dificuldades no
modo de actuar de cada departamento, pois retira alguma das suas especificidades
necessrias para o planeamento dos seus documentos orientadores. Um dos exemplos
o caso da avaliao que no tpico das questes dilemticas irei enunciar. A
caracterizao do meio outro dos factores essenciais para a construo do plano
anual. Todos sabemos que a escola, o seu redor, tanto a nvel de infra-estruturas como a
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nvel humano, pode alterar muito consoante o local onde nos encontramos. Sendo
assim, uma anlise extensiva sobre este tpico estritamente necessria antes de
passarmos ao degrau seguinte. Falta apenas falar da configurao da avaliao.
Todos devero ter em conta trs momentos de avaliao (diagnstica, formativa e
sumativa). Mais tarde, com os dados retirados de cada um destes momentos, a sim
poderemos fazer alteraes ao modo como a tnhamos configurado inicialmente. Posso
voltar aqui a repetir que o plano anual um documento flexvel e com necessidade de
ser constantemente modificado (melhorado).
Tendo finalizado a minha descrio acerca do plano anual e o que ele deve
conter, passo preparao necessria, para um bom arranque de uma modalidade
(planeamento das Unidades Didcticas).
Planeamento das Unidades Didcticas
A planificao o elo de ligao entre pretenses, imanentes ao sistema de
ensino e aos programas das respectivas disciplinas, e a sua realizao prtica. uma
actividade prospectiva situada e empenhada na realizao do ensino (Bento, 1987).
A abordagem a cada Unidade Didctica fez-se pela Avaliao Diagnstica, para
aferir os conhecimentos e desempenho dos alunos na mesma, para depois leccionar os
contedos e competncias, e por fim, verificar a evoluo ocorrida (Av. Sumativa).
Considerando a Unidade Didctica como uma estrutura que se pretende
facilitadora da aco educativa, principalmente para a prtica do docente, medida que
o tempo foi passando, conseguimos ter uma melhor percepo da sua importncia para a
consecuo das restantes planificaes. normal a primeira Unidade Didctica ser a
menos especfica em relao turma. Como ainda no temos todos os dados necessrios
em relao aos nossos alunos, ela construda, olhando a factores de carcter mais geral
(modalidade a leccionar; linhas orientadoras do programa nacional; indicaes do
departamento de E.F; ano com o qual vamos intervir; e tambm os objectivos gerais a
atingir). Mas, tal como o plano anual, tambm este documento tem a caracterstica de
poder ser alterado ao longo do tempo. Com isto e depois de mais estudos referentes s
nossas turmas, damos mais especificidade ao planeamento da U.D. Assim j podemos
traar objectivos especficos; delinear metas realmente atingveis; fazer a interligao de
contedos; escolher os exerccios que vemos como mais adequados para os nossos
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alunos; e sim, tudo isto conjugado com os factores mais gerais do planeamento inicial
da Unidade Didctica.
No final da leccionao de cada Unidade Didctica, foi realizada uma reflexo
final, onde focmos o nmero de aulas, contedos, estratgias e metodologias
adoptadas, avaliao, objectivos, balano do desempenho dos alunos, dificuldades
verificadas e reflexo final.
Plano de aula
O plano de aula a linha final que separa o planeamento da realizao. atravs
dele que interligamos o plano a consequente aco desse mesmo plano. Ele contribui
para que o processo de ensino-aprendizagem decorra de um modo eficaz e que seja bem
sucedido. tambm atravs dele, que se pretende evitar situaes de improviso e o
fracasso advindo delas. Fracasso este, no s num simples exerccio da aula, mas
porventura no conjunto de objectivos delineados para toda a sesso.
Segundo Bento (1987), Um outro aspecto importante da relao objectivo -
matria e do procedimento metodolgico do professor na formao de habilidades
motoras reside no ordenamento metodologicamente correcto dos diferentes exerccios
corporais, com particular incidncia no plano de ensino e nas sries ou sequncias de
exerccios.
Os planos de aula tm de estar sempre em sintonia com a extenso e sequncia de
contedos da Unidade Didctica em causa, garantindo assim que estes so construdos
de forma coerente, tendo em considerao no s o que foi programado, mas tambm a
evoluo dos alunos e o grau de consecuo das tarefas propostas no plano de aula
anterior, garantindo assim a mxima adequao das tarefas.
por isso que a procura do plano de aula perfeito necessariamente precedida de
muito estudo e muita preparao. No s temos que conhecer muito bem a matria que
vamos leccionar, como tambm deveremos procurar os exerccios que melhor se
adequam nossa turma, aos nossos alunos e que eles prprios se adeqem uns aos
outros. Com isto quero dizer, que de uma extrema importncia, dar uma sequncia
lgica ao construto de tarefas a apresentar na aula. Se esta sequncia for respeitada e os
exerccios bem escolhidos, ento podemos dizer que partida o plano de aula foi bem
construdo. Mas, como nem tudo so rosas, tambm existem muitas variveis que no se
podem controlar. Variveis que podem deitar por terra tudo o que ns preparmos.
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ento aqui o momento em que importante dizer que o plano de aula, no deve apenas
conter o tal construto em funo das condies ptimas. necessrio haver uma
reflexo prvia, de modo a antecipar todas as condies no esperadas durante a aula. O
plano de aula tambm serve para isso: como uma preparao para os casos no
esperados (exemplo: condies atmosfricas adversas). Por isso que existem os
chamados planos B, C, etc. Mas no devemos esquecer, que estes outros planos,
tambm devem seguir a mesma linha de pensamento dos anteriores. Ou seja, escolha de
exerccios, interligao entre os mesmos e especificidade da turma e seus alunos.
Como j falmos do modo como o plano de aula deve ser pensado, passo agora
maneira como ele construdo. Para mais facilmente entender o que se pretende de um
bom plano de aula, devemos olhar para ele da seguinte maneira: o que queremos
ensinar turma e seus alunos; como o vamos fazer ou atravs de que meios e
condies; e no fim, falar do que desejamos observar durante a aula para saber que os
exerccios foram bem sucedidos ou no.
Comeo ento pelo primeiro ponto (o que se pretende ensinar): neste tpico do
plano de aula deveremos escrever os contedos que pretendemos abordar na aula e a sua
descrio (exemplo: manchete e as suas componentes crticas). Como dentro de uma
turma existem vrios grupos de nvel, tambm importante referir alguns dos feedbacks
j pensados e que sabemos que sero importantes para os diferentes nveis.
No ponto que se refere a como vamos ensinar um contedo, devemos ter em
ateno o espao disponvel, os grupos de nvel (se tm tarefas iguais ou diferentes; se
trabalham em grupos homogneos ou heterogneos); o tempo que pretendemos dar
tarefa (mesmo no sendo obrigatrio cumpri-lo); e para que este demonstre um bom
estudo reflexivo na sua construo, tambm pode ser acompanhado das justificaes das
opes tomadas pelo professor.
Por fim, falta falar do tpico do plano de aula que se refere ao que se deseja
observar. Este tpico pode ser denominado de critrios de xito. Estes critrios podem
ser ainda divididos em critrios de xito do aluno, do grupo de alunos, da turma e
tambm do professor. Se reflectirmos bem, acerca de tudo o que desejamos observar na
aula em funo do que queremos ensinar, demonstramos assim atravs da escrita, que
nos preparmos bem, ao mesmo tempo (e mais importante) que assim ficamos com a
certeza se os alunos atingiram ou no os objectivos delineados para a tarefa.
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3.2 - Realizao
Todos concordamos que para se aprender melhor, ser necessrio ensinar-se
bem. Para isso teremos ento que usar as tcnicas adequadas de ensino, ou seja,
deveremos apresentar informao assertiva e de um modo esclarecedor, organizao de
grupos adequada, fornecer correces atempadas e que sejam pertinentes e fazer uma
boa gesto dos materiais e espaos disponveis. Esta constatao mostra-nos a
possibilidade de antecipar muitos dos comportamentos e funes, muitos problemas e
tambm muitas solues. A isto chama-se tcnicas de ensino. Siedentop, D. (1983), diz-
nos que a tcnica de ensino um conceito reservado, para procedimentos concretos de
ensino, muitas vezes caractersticos de certas reas ou tipo particular de objectivos.
Acrescenta ainda que estas mesmas tcnicas correspondem a procedimentos de ensino
de grande nvel de especificidade.
Antes de comear a descrever os domnios do processo de ensino-aprendizagem,
importante referir que o professor que melhor uso faz destes domnios na sua aula o
chamado de professor eficaz. Para Piron, o professor eficaz aquele que fornece
informao de retorno frequente; controla o tempo dos seus alunos passado nas tarefas;
mantm durante toda a sesso um clima positivo, ou seja, que propcio para a
aprendizagem; e que tem uma organizao cuidada (boa preparao para uma boa
realizao). No h uma estratgia de ensino ideal: depende da capacidade do professor
proporcionar tempo potencial de aprendizagem considerando os objectivos e as
situaes concretas. Uma estratgia de ensino uma forma de organizar as condies
de ensino-aprendizagem com o objectivo de facilitar a movimentao do aluno de um
estado potencial de capacidade para um estado real (Carreiro da Costa). As estratgias
de ensino traduzem-se nos procedimentos e actividades que os professores utilizam para
alcanar os objectivos do programa de formao (M. Piron).
Agora sim passo descrio dos domnios da interveno pedaggica. So eles a
instruo, a gesto, o clima e a disciplina. Eles so um agrupamento didctico das
Tcnicas de Interveno Pedaggica numa taxonomia destinada a estud-las
analiticamente sem perder de vista a globalidade da competncia a ensinar. (1)
(1) Material cedido pela Professora Dra. Elsa Silva na Disciplina de Didctica da Educao Fsica e do Desporto Escolar.
Mestrado em Ensino da Educao Fsica nos Ensino Bsicos e Secundrio. Faculdade de Cincias do Desporto e Educao
Fsica. Universidade de Coimbra.
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A instruo a dimenso que engloba todos os momentos nos quais existe
passagem de informao entre os agentes de ensino (professor para o aluno). Ela pode
ser dada no incio da aula, durante e no final da mesma, mas o que se pretende, que
seja esclarecedora, enriquecedora e que tanto a aula (em organizao), tanto os alunos
(em aprendizagens), saiam a ganhar quando ela aplicada. A preleco, o
questionamento, o feedback e a demonstrao so diferentes tipos de instruo.
Toda a comunicao de informao exige ateno da parte de quem recebe a
mensagem. Existem, num espao desportivo, tantas possibilidades de distraco que
captar a ateno dos alunos torna-se, simultaneamente, necessrio e, por vezes,
delicado (Piron, 1996). Para facilitar a transmisso, podem ser consideradas algumas
tcnicas de interveno pedaggica dentro desta dimenso: o diminuir o tempo passado
em explicaes na aula; o acompanhar a prtica subsequente ao feedback (fechar ciclos
de FB); o aperfeioar o feedback pedaggico, o controlar a prtica dos alunos, etc.
Poderia ficar aqui a enumerar diversas tcnicas que um professor poder trabalhar, de
modo a que a instruo fornecida seja mais produtiva, mas o essencial, saber que ela
dever fazer parte do reportrio do professor para informao substantiva (com
contedo/qualidade/substncia).
Como segunda dimenso da interveno pedaggica temos a gesto. Esta
palavra remete-nos logo para uma outra que o controlo. Ou seja, o professor durante
as suas aulas dever controlar o clima emocional da sesso, a gesto do comportamento
dos alunos e a gesto das situaes de aprendizagem. O clima emocional est
intimamente ligado gesto do comportamento dos alunos, pois atravs da variao
do primeiro que o comportamento dos nossos aprendizes vai variando. Considera-se
uma gesto eficaz, aquela que atravs do comportamento interventivo do professor, se
traduz num maior envolvimento dos alunos nas actividades das aulas e que ao mesmo
tempo diminui os comportamentos inapropriados destes. Tambm faz parte de uma boa
gesto da aula, o uso eficaz do tempo. E quando dizemos eficaz, estamos a falar de um
incremento do tempo potencial de aprendizagem, pois atravs deste que aferimos a
maior ou menor qualidade gestativa da aula. E no final o que se pretende? Pretende-se
realizar uma aula onde os nossos alunos tenham todas as condies para aprender os
contedos definidos para a mesma. por isso que O empenhamento motor do aluno
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nas tarefas que lhe so propostas representa uma condio essencial para facilitar as
aprendizagens (Piron, 1996).
O clima baseia-se no ambiente vivido durante uma aula. apenas com climas
saudveis, e quando digo saudveis, refiro-me a ambientes propcios para uma aula ser
leccionada, que o professor tem a possibilidade de transmitir todos os seus
conhecimentos aos alunos, sem que haja interrupes desnecessrias. O clima refere-se
aos aspectos da interveno pedaggica que se relacionam com as interaces pessoais,
as relaes humanas e o ambiente. Quando nos referimos s interaces pessoais,
falamos de um professor que deve ser consistente nas suas atitudes, que demonstre
entusiasmo a dar aulas, que controle as suas emoes, que seja sempre credvel, positivo
e sem esquecer a exigncia.
Segundo Siedentop (1998), Existem muitos professores de Educao Fsica
para quem suficiente os seus alunos comportarem-se de forma apropriada e estarem
divertidos a praticar uma actividade desportiva. fcil perceber que no apenas esse
o objectivo pretendido para as nossas aulas. Sim, devemos controlar os alunos e lev-los
a comportarem-se devidamente, mas tambm importante, que aps este controlo,
devamos usar este ambiente como uma oportunidade perfeita para canalizar a vontade
dos alunos em participar nas aulas e aprender os contedos definidos inicialmente.
Siedentop (1998) defende que a Disciplina importante porque os alunos
aprendem melhor numa turma disciplinada. No h nenhuma dvida que um sistema de
organizao eficaz e boas estratgias disciplinares criam uma atmosfera na qual mais
fcil aprender. No temos dvidas sobre o que Siedentop nos diz. Resta-nos agora
reflectir sobre o modo como melhor empregar a disciplina nas nossas aulas. Sabemos
que ela se relaciona em muito com o clima presente na aula. Sendo este clima tambm
influenciado em muito pela boa capacidade gestativa humana e material do professor e
pela qualidade que ele aplica a instruo.
Sabemos que existem dois tipos de comportamentos. Os apropriados e os
inapropriados. O que desejamos com os estudos comportamentais dos alunos, arranjar
as melhores estratgias, de modo a anular todos os inapropriados. Sendo assim
importante saber quais os tipos de comportamentos inapropriados existem. So eles os
fora da tarefa e os de desvio. H que ter a noo dos maus comportamentos que
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devemos dar ateno ou no. Os que so fora da tarefa, devem muitas vezes ser
ignorados de modo a no prejudicar o desenrolar da aula. J com os de desvio temos
que ter um cuidado diferente. Estes so os comportamentos indisciplinados que
merecem a interveno do professor, podendo ser ela, repreensiva ou punitiva. Para
finalizar, falta dizer que atravs do modo que o professor intervm que estes
comportamentos no desejveis conseguem ser abolidos ou no. extremamente
importante que o professor seja sempre pertinente quanto escolha do momento de
interveno, justo quanto repreenso ou punio, coerente entre intervenes,
consistente para no deixar passar nenhum caso em branco e credvel, punindo apenas
nas situaes devidas.
3.3 - Avaliao
Interessa-nos a ns profissionais de Educao Fsica o que vai ser ensinado, mas,
interessa-nos ainda mais como vai ser ensinado. A aprendizagem de qualquer actividade
fsica no pode ser realizada sem uma cuidadosa e adequada metodologia que
contempla como no podia deixar de ser a "avaliao".
A avaliao assume em todo o processo Ensino-Aprendizagem um papel de
extrema relevncia, proporcionando ao professor todas as informaes que necessita,
para regular a actividade desenvolvida, uma vez que:
A avaliao permite-nos saber o nvel inicial dos alunos;
Permite controlar o processo (ensino-aprendizagem), durante todo o ano
lectivo;
Permite a classificao dos alunos no final de cada perodo.
O processo de avaliao caracteriza-se no s pelo seu carcter avaliativo, mas
tambm pela sua funo reguladora, tanto relativa actividade do aluno, como tambm
do professor. Assim, possibilita-nos efectuar alteraes dos contedos sempre que
necessrio, de forma a ajustarmos estes realidade com que nos deparamos ao nvel da
turma. Este modo de processo de avaliao e controlo do processo de ensino-
aprendizagem constitudo por 3 momentos de avaliao:
1. Inicial (no incio da U.D.) - de carcter diagnstico, onde o principal
objectivo reside em identificar o nvel e a capacidade de desempenho motor dos alunos,
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para melhor ajustar os objectivos da Unidade Didctica, e escolher os contedos mais
adequados s caractersticas dos alunos;
2 Permanente (durante a U.D.) - de carcter formativo, onde o principal
objectivo ser regular o processo e verificar se as actividades seleccionadas, as atitudes
dos alunos, o material didctico e as estratgias adoptadas, so as mais adequadas
turma;
3 Final - de carcter sumativo, permite-nos verificar se os objectivos foram ou
no alcanados.
As principais referncias no processo de avaliao dos alunos incluem o tipo de
actividade em que devem ser desenvolvidas e demonstradas atitudes, conhecimentos e
capacidades, comuns s reas e subreas da Educao Fsica e as que caracterizam cada
uma delas.
Considera-se que o reconhecimento do sucesso representado pelo
domnio/demonstrao de um conjunto de competncias que decorrem dos objectivos
gerais. O grau de sucesso ou desenvolvimento do aluno no curso da Educao Fsica
corresponde qualidade revelada na interpretao prtica dessas competncias nas
situaes caractersticas.
Os critrios de avaliao foram estabelecidos pela escola, mais propriamente,
pelo Departamento de Educao Fsica e pelo professor permitindo determinar,
concretamente esse grau de sucesso. Os critrios de avaliao constituem, portanto,
regras de qualificao da participao dos alunos nas actividades seleccionadas para a
realizao dos objectivos e do seu desempenho nas situaes de prova, expressamente
organizadas pelo professor para a demonstrao das qualidades visadas.
Os critrios de avaliao esto agrupados em 3 domnios distintos, dentro dos
quais podemos encontrar vrios parmetros com diferentes percentagens. No caso da
Escola Secundria de Avelar Brotero neste ano de 2010/2011, estas percentagens
estavam dispostas da seguinte maneira:
Domnio Scio-afectivo (Saber Estar) 5%
Domnio Psico-motor (Saber Fazer) 85%
Domnio Cognitivo (Saber) 10%
Os processos e os resultados da avaliao devem contribuir para o
aperfeioamento do processo de ensino-aprendizagem e, tambm, para apoiar o aluno
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na procura e alcance do sucesso na Educao Fsica no conjunto do currculo escolar e
noutras actividades e experincias, escolares e extra-escolares, que marcam a sua
educao, directa ou indirectamente, representadas neste programa.
Os procedimentos aplicados devem assegurar a utilidade e a validade dessa
apreciao, ajudando o aluno a formar uma imagem consistente das suas possibilidades,
motivando o prosseguimento ou aperfeioamento do seu empenho nas actividades
educativas e, tambm, apoiando a deliberao pedaggica.
Este processo de avaliao contempla 3 tipos de avaliaes distintas:
Diagnstico;
Formativa;
Sumativa.
Estes trs tipos de avaliao ocorrem em situaes particulares e distintas da
U.D., apesar de se complementarem entre si.
Avaliao Diagnstica
As avaliaes diagnsticas, no caso da Escola Secundria de Avelar Brotero,
foram realizadas nas primeiras aulas de cada U.D., e tinham como objectivo caracterizar
a populao alvo qual se destina a U.D., indicando-nos assim o nvel inicial dos
alunos, as suas dificuldades e capacidades.
A concepo de Ribeiro, (1999) diz-nos que a avaliao diagnstica pretende
averiguar a posio do aluno face a novas aprendizagens que lhe vo ser propostas e a
aprendizagens anteriores ().
Assim, atravs desta avaliao, de carcter informativo, possvel ter uma
perspectiva do nvel que os alunos podero atingir no final da U.D., permitindo-nos
ajustar os objectivos comportamentais terminais, previamente definidos, adaptando-os
realidade da turma.
Esta avaliao foi realizada em situaes analticas e/ou de jogo, de acordo com
as caractersticas da modalidade em questo. tambm importante referir que esta foi
feita atravs da observao directa da execuo dos elementos tcnicos e/ou tcticos,
contidos na ficha de observao diagnstica. assim uma avaliao criteriosa, baseada
numa justaposio do desempenho motor dos alunos com os critrios de xito
previamente definidos.
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Avaliao Formativa
No que concerne avaliao formativa, segundo o despacho normativo n
1/2005, de 5 de Janeiro, esta deve estar incondicionalmente presente, assumindo um
carcter contnuo e sistemtico e visando a regulao do ensino. Por sua vez, Ribeiro
(1999), salienta que a avaliao formativa deve determinar a posio do aluno ao longo
de uma unidade de ensino e identificar dificuldades de forma a dar-lhes soluo,
aproximando-se aqui da funo da avaliao diagnstica.
Esta avaliao assume um papel fundamental na regulao (por parte do
professor e dos alunos) de todo o processo de ensino-aprendizagem, permitindo ao
mesmo tempo uma avaliao contnua dos alunos, tornando todo este processo mais
rigoroso, justo e criterioso. Assim, esta avaliao utiliza-se com o objectivo de conhecer
e acompanhar o progresso dos alunos relativamente aos objectivos a alcanar.
importante referir que com esta avaliao contnua no pretendemos classificar os
alunos, mas sim obter todo um conjunto de informaes que nos permitam avaliar a
qualidade do processo de instruo e, se necessrio, reorient-lo/reestrutur-lo ou em
ltimo caso reformul-lo por completo.
A concretizao prtica deste tipo de avaliao assenta na observao da
execuo das tarefas propostas, confrontando o aluno com o seu desempenho e os
objectivos previamente traados. Assim, iremos procurar ajustar a estratgia
necessidade, contemplando o questionamento, como mais um meio de recolha de
informao, avaliando os domnios: psico-sociais, cognitivos, condio fsica e
habilidades motoras, dando ainda especial incidncia recolha de indicadores de
carcter disciplinar e relacional.
Posteriormente realizada uma comparao com a avaliao diagnstica, de
forma a podermos proceder a uma avaliao/reformulao do processo de ensino-
aprendizagem.
Por outro lado, realizada uma observao directa, por parte do professor,
registando e controlando a prtica dos alunos aula aps aula, sobre um determinado
conjunto de aspectos que lhe paream mais relevantes e importantes. Deve assim ter
como base os seguintes critrios: Assiduidade e pontualidade; Comportamento
disciplinar; Participao nas tarefas propostas; Pertinncia da interveno oral do aluno;
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Evoluo/progresso na aprendizagem; Rigor e preciso nas tarefas; Utilizao correcta
do material.
O professor deve proporcionar aos alunos tarefas adequadas ao seu nvel,
ajudando-o na sua evoluo, proporcionando-lhe tambm o tempo necessrio na tarefa
para a aprendizagem da mesma. Ao realizarmos este acompanhamento contnuo de cada
aluno, poderemos criar situaes de aprendizagem para cada um ou para um grupo de
alunos, consoante o seu grau de dificuldades.
Assim, todo o processo de ensino-aprendizagem ficar sujeito a esta avaliao,
que nos fornecer muita informao, e nos permitir, a qualquer momento, realizar as
alteraes necessrias, com vista ao sucesso final desse mesmo processo.
Avaliao Sumativa
Segundo o despacho normativo n 1/2005, de 5 de Janeiro, a avaliao sumativa
consiste na formulao de um juzo globalizante sobre o desenvolvimento das
aprendizagens do aluno e das competncias definidas para cada disciplina e rea
curricular. Assim, segundo Ribeiro (1999), a avaliao sumativa torna-se pertinente
no final de um segmento longo de aprendizagem, correspondendo a um balano final.
Este tipo de avaliao tem como principal objectivo o balano final da Unidade
Didctica. aps a realizao desta avaliao que o professor analisa se os objectivos
inicialmente propostos foram, ou no, cumpridos. tambm um ponto de partida para a
aquisio de um maior desempenho do professor, na medida em que se este fizer uma
reflexo crtica, poder ver o que de melhor ou pior se verificou no processo de ensino-
aprendizagem.
A avaliao sumativa corresponde fase de balano das aquisies da
actividade, ou seja, tem como finalidade classificar os alunos no final de um perodo
relativamente longo, neste caso da unidade didctica.
realizada nas ltimas aulas da Unidade Didctica, sendo constituda por
exerccios idnticos aos realizados nas aulas, permitindo observar os comportamentos
dos alunos nos contedos abordados, de forma a aferir a sua progresso na
aprendizagem e a consolidao dos conhecimentos.
Esta avaliao realizada segundo os objectivos definidos anteriormente para as
quatro categorias transdisciplinares, bem como a evoluo dos alunos durante a
realizao das aulas referentes Unidade Didctica em questo.
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3.4 - Componente tico-profissional
A tica profissional define-se pelo conjunto de todas as normas de conduta, que
o profissional dever pr em prtica no exerccio da sua profisso. Por isso, ao assumir
a sua profisso, o profissional est a assumir tambm a responsabilidade que advm da
sua prtica.
No nosso caso, comprometemo-nos com a aprendizagem dos alunos. E para isso,
deveremos respeitar todas as normas tico-profissionais. Ou seja, perante os nossos
alunos, devemos exercer as actividades com justia, competncia, responsabilidade e
honestidade. Devemos zelar sempre pelo preparo prprio (moral, intelectual e fsico).
Muito importante, manter-se sempre actualizado, ampliando os nossos conhecimentos
tcnicos, cientficos e culturais, tudo em benefcio da nossa profisso. Ao
comprometermo-nos com estas normas, tambm somos obrigados a responsabilizarmo-
nos por eventuais falhas cometidas nas nossas actividades profissionais,
independentemente de esta ter sido praticada em individual ou em grupo.
Como no final o importante assistir os nossos alunos, ento devemos atender
com total presteza, qualquer solicitao dos mesmos, sem aplicar nenhuma atitude
discriminatria. Para finalizar, falta dizer apenas, que como o nosso trabalho envolve
no s os alunos, mas uma comunidade inteira (aluno, escola, famlia, etc.), ento
tambm devemos colocar os nossos servios profissionais disposio da comunidade,
sempre em prol dos deveres profissionais e nunca para retirar vantagens pessoais.
4. Justificao das opes tomadas
bvio que inmeras decises foram tomadas ao longo do ano para a escola,
para a turma e para os alunos. Neste tpico falaremos apenas daquelas que entendemos
como as principais e que influenciaram o decorrer do ano lectivo.
Comeo por falar a nvel do planeamento. Desde cedo, vimos que o facto de
sermos quatro estagirios, que j se conheciam h uns bons anos, poderia jogar a nosso
favor. Ou seja, com muitas reunies para reflectirmos em conjunto, conseguiramos
atingir um nvel de preparao bem superior, comparada ao mesmo trabalho mas
individual. Por isso considero esta, a primeira grande opo tomada pelo ncleo de
estgio, que o de aproveitar ao mximo os trabalhos que poderiam ser pensados,
elaborados e realizados em conjunto. Outro aspecto importante que mesmo aquelas
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tarefas que eram individuais podiam ser melhoradas com a reflexo conjunta (quatro
cabeas pensam melhor que uma).
Passo agora s opes tomadas, relativas construo do planeamento das
Unidades Didcticas. O primeiro a ter em conta foi as modalidades que iramos
leccionar. Queramos organiz-las com a disponibilidade dos espaos (bvio), mas, caso
fosse possvel, disp-las de um modo que pudssemos estabelecer relaes inter-
modalidades (exemplo: prefervel colocar o futebol a seguir ao andebol e no uma
natao, porque estes primeiros possuem muitos contedos similares e que podem ser
transferveis entre eles). Com esta correcta disposio de modalidades, conseguimos
atingir objectivos mais ambiciosos dentro de algumas Unidades Didcticas.
Ainda na conversa sobre o planeamento, vamos agora falar sobre os planos de
aula. Aqui tnhamos vrias opes. Plano de aula com muita informao, com pouca
(para ser mais rapidamente legvel), com/sem grafismos, etc. Optmos pelo caminho
mais trabalhoso sem dvida. E porqu? Todos sabemos que num ano de aprendizagens
que o de estgio, importante estudar muito bem tudo o que vamos abordar. E no
atravs de algumas linhas soltas nos planos de aulas, a dizer o nome da tarefa e como
vai ser organizada, que nos treinamos para um futuro exigente como o de hoje. Sendo
assim, decidimos criar um documento que nos permitisse estudar e reflectir sobre a aula
enquanto o construamos. Para isso, tnhamos que escrever tudo o que achssemos
importante no s para os alunos mas tambm para ns, professores. O plano de aula
teria ento de ter, os contedos a abordar; as estratgias que iam ser utilizadas para os
leccionar; o porqu da escolha desses mesmos contedos e os exerccios usados para os
inserir (fundamentao terica); a organizao da tarefa, com uma mistura de grafismos
(porque uma imagem vale mais que mil palavras) e texto descritivo; Os feedbacks
pensados que iriam ser aplicados nos diferentes exerccios; E os critrios de xito em
cada tarefa (do professor, da turma e dos alunos). Penso que com toda esta informao,
no s mostrvamos o nosso trabalho preparatrio, como tambm ns prprios
evoluamos mais atravs da procura do plano de aula perfeito.
para realizao das nossas aulas e para as actividades da escola, que a maioria
dos momentos reflexivos se dirige (em grupo ou individuais). Sendo assim,
importante que depois de um estudo pormenorizado dos nossos alunos e do que os
rodeia, devemos tomar opes para lhes transmitir os conhecimentos da melhor forma
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possvel. Para isso pensmos em vrias formas de actuar (estratgias de ensino) antes de
iniciarmos as nossas aulas.
Vou dividir as minhas opes em funo das diferentes dimenses de
interveno pedaggica. Quanto instruo, optei sempre por um estudo extensivo
acerca do que iria leccionar para depois me sentir vontade na transmisso dos
conhecimentos. Na preleco inicial, tentava ser o mais breve possvel, mas queria tudo
o que dissesse, sasse de forma clara. Assim saberia que eles ouviriam o que tinha a
dizer e poupava minutos para o tempo potencial de aprendizagem (objectivo: muito
tempo potencial de aprendizagem nas aulas). Quanto aos feedbacks usados, tentei
sempre fazer um misto de correctivos e motivadores, pois sabemos que apesar de os
correctivos so aqueles que vo fazer com que o aluno possa corrigir os erros e evoluir,
os motivadores que mantm os nossos alunos nas aulas. Privilegiei sempre o feedback
individual porque as dificuldades dos alunos tm sempre algo de especfico. Logo uma
boa anlise do erro e uma correco pertinente e atempada so sempre muito
importantes. Tambm sei que o feedback dirigido ao aluno sempre mais marcante e
por isso sabemos que eles nos esto a ouvir. O de grupo tem lacunas nessa rea de
interveno. Ainda assim, no esquecia o feedback de grupo ou turma (muitas vezes
utilizado para a organizao da aula). Tentei usar o maior nmero de vezes possvel o
questionamento porque no s importante para abordar contedos forando o aluno a
pensar no assunto, como tambm serve de elemento integrador aula. Quero dizer com
isto que, um aluno ou grupo de alunos ao ser questionado, vai sentir-se mais ligado
aula e aos seus objectivos. Quanto demonstrao foi-me fcil decidir o que fazer.
Tendo em conta o que acredito, que o professor dever sempre fazer as demonstraes
(e nesse campo tive facilidades em todas as modalidades leccionadas), mas, no parando
por aqui, falta-me dizer que tambm acho pertinente de tempo a tempo ir pedindo a
alguns alunos que demonstrem. A justificao de ser o professor a demonstrar, tem a
ver com o facto de ser importante o mostrar mestria em todos os assuntos que aborda,
para que os alunos sintam que podem confiar nele como educador. Outro argumento a
favor que assim controlamos a demonstrao a 100% (sabemos o que vai sair dela).
Para justificar a demonstrao por parte do aluno, tenho que falar em duas vertentes:
boa e m demonstrao. Aceito que muitos professores com dificuldades em executar
certos gestos tcnicos usem os alunos com nvel de aptido mais elevada para
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demonstrar. Quanto s ms demonstraes, ou demonstraes com erros, tm que ser
usadas com muito cuidado. Devemos ter em conta a exposio a que estamos a
submeter os nossos alunos perante o olhar dos outros. Mas falei nelas, porque h autores
que defendem o uso destas, pois assemelham-se mais realidade do aluno. Ou seja, eles
compreendem melhor um gesto bem ou mal efectuado quando so alunos a execut-lo.
Passo agora s opes tomadas em relao gesto das minhas aulas. Quanto
gesto do tempo, dei sempre prioridade ao tempo potencial de aprendizagem, pois
atravs dele que damos as oportunidades de aprendizagem aos nossos alunos. Sendo
assim, tentei arranjar estratgias que me fizessem ganhar tempo (exemplo: transio
entre exerccios sem paragens. Dava ordens simples para eles comearem uma tarefa e
ia especificando-a j com os alunos em prtica). Havia no entanto sempre, situaes em
que era importante parar tudo e ter uma conversa com os alunos acerca do que se iria
abordar. Da gesto humana, posso falar acerca da formao de grupos. Dependendo do
que iria abordar e tambm da fase da U.D, usei grupos homogneos e tambm
heterogneos. A justificao tem a ver com o que me permitia fazer com que os alunos
aprendessem melhor sem esquecer a motivao. Houve casos que usava grupos
homogneos devido dificuldade das tarefas (tarefas diferentes para grupos de nvel
distintos). Noutros, como a tarefa era igual e tinha que ter em ateno a motivao de
alguns alunos que poderiam sentir-se de parte, usava grupos heterogneos. Com estes,
sabia que todos os alunos se sentiam includos no grupo da aula e tinha vantagens tais
como: alunos de nvel mais baixo tm bons exemplos ao seu lado para verem gestos
correctos. Alunos de nvel mais alto, tm a oportunidade de ajudar os seus colegas com
mais dificuldades e evoluir assim tambm outros aspectos importantes da nossa rea,
como o desenvolvimento de valores como entreajuda, cooperao e respeito.
A verdade que gosto de escrever, mas temo que me esteja a alongar
demasiado. Sendo assim falarei do clima e da disciplina em conjunto no mesmo
pargrafo e serei muito mais sucinto e directo. Para mim simples. Temos o objectivo
de pr os alunos a trabalhar nas nossas aulas e bem. Por isso comecei com estilo de
ensino do tipo comando para lhes mostrar que tero desde cedo trabalhar e respeitar o
professor para atingir a nota pretendida. Mais tarde e apenas quando sentir que os
alunos j conseguem ter mais liberdade sem perder a capacidade de trabalho, usei outros
estilos tais como o por tarefa e o de descoberta guiada. Primo o uso destes tipos de
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ensino em certas fases da U.D. pois so levam os alunos a ganharem autonomia, que
muito importante para o desenvolvimento individual e ajuda-me a ter possibilidade de
ficar mais tempo com outros alunos com dificuldades especficas. Quanto ao modo de
estar na aula, sempre fui ao longo do ano um professor disciplinador que no aceita
qualquer tipo de comportamento desviante. Acho importante passarmos esta imagem
desde muito cedo para mais tarde e com a comunicao assertiva, fazer com que os
alunos nos respeitem mas que saibam que podem contar connosco para tudo. Quanto ao
clima da aula, conjugado com uma boa disciplina, tentei que fosse sempre alegre e que
levasse os alunos a terem vontade de irem s aulas para trabalhar, mas sempre
respeitando o professor e os colegas. Tudo isto para fazer com que a aula rendesse o
mximo.
Na rea da avaliao, respeitando todos as informaes do programa nacional,
os documentos da escola e mais especificamente os do departamento de E.F. conjuguei
tudo e avaliei os meus alunos em funo da sua especificidade. Porqu? Porque no iria
avaliar os meus alunos com um documento do departamento de E.F. que no caso do
Basquetebol, Voleibol (por exemplo), apenas tem critrios gerais mais virados para
conceitos tcticos de jogo. Por isso decidi tambm eu criar documentos que me
permitissem aferir mais correctamente o verdadeiro nvel dos meus alunos. E na
realidade, o que se quer mesmo que o professor adeqe todos os meios necessrios em
funo da especificidade dos seus alunos. Tambm quero aqui dizer que achei
importante criar check-lists de erros para avaliaes formativas da minha turma.
Justifico isto com a necessidade que senti em criar documentos de malha mais fina para
aperceber-me das dificuldades dos meus alunos e depois ajustar os exerccios e a
construo das aulas seguintes em funo destes alunos e suas dificuldades.
Para finalizar, falta falar das opes tomadas no que concerne componente
tico-profissional. Tenho a dizer que me comprometi a apresentar aos meus alunos o
melhor de mim em todas as reas possveis. E porqu? Porque sei o que este cargo
acarreta. S apenas provando que sou assduo a 100%, pontual a 110%, me preparo a
120% e que desempenho todas as tarefas a 200%, que me estou a afirmar como um
verdadeiro profissional que quer levar esta vida para concretizao prpria e para o bem
de todos que o rodeiam (alunos, funcionrios da escola, familiares, etc.).
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5. Ensino aprendizagem
5.1 - Aprendizagens realizadas como estagirio
O processo de ensino aprendizagem era, em todas as aulas, sujeito a uma
reflexo a quente logo no seu final, em parceria com o Orientador. O facto de, o
orientador estar presente em todas as aulas, , sem dvida, um ponto a favor do
estudante-estagirio. No vou dizer que, inicialmente, a sua presena constante nas
minhas aulas no me tenha incomodado um bocado. bvio que incomodou. Contudo,
na terceira aula, apercebi-me da postura do Orientador e do modo como este permanecia
discreto, no espao da minha aula.
Eu estava sempre muito preocupado em fazer tudo direitinho, j que era
observado constantemente. Com o passar do tempo e depois de alguns momentos de
reflexo, deparei-me com uma situao se queria aprender e evoluir como profissional
de Educao Fsica, tinha que arriscar mais e no me cingir ao normal e simplista, para
que tudo corresse sempre muito bem. Comecei, ento, a dar largas imaginao e a ter
um papel mais inovador nas minhas aulas, deixando um pouco de lado a preocupao de
que tudo corresse sempre de feio. Descobri, com o tempo, que por vezes preciso dar
um passo atrs para andar dois em frente. O errar faz, sem dvida, parte da minha
formao como pessoa e como docente. S experimentando e errando que consigo
evoluir. Quem pouco ou nada experimenta e inova, nunca ter hiptese de vivenciar o
novo, o melhor e o mais eficaz.
A minha evoluo como futuro profissional de Educao Fsica, no teria sido a
mesma se, depois de errar, algum me viesse apenas dizer onde, porqu e como errei.
Neste campo, o Orientador teve um papel primordial e de colaborao estreita comigo.
As suas crticas procuravam a construo e no o deita abaixo. Sempre algo a
acrescentar e nunca a depreciar.
Desde cedo, apercebi-me que tinha muito para aprender, reconhecendo que a
experincia que me acompanhava das didcticas, que tinha tido na faculdade, no era
suficiente. Esta baseava-se num modelo prtico e desvirtuado da leccionao de aulas,
dois, trs professores davam aulas a metade de uma turma e a alunos que adoravam
desporto. Logo de incio me apercebi que controlar uma turma de 26 alunos
(inicialmente) e 23 mais tarde no era tarefa fcil. Contudo, consegui estabelecer uma
boa empatia com esta, embora tenha sido inicialmente um pouco directivo, para que
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percebessem que no podiam fazer o que queriam, mas, e s apenas, o que eu deixava.
A turma respondeu bem s minhas exigncias e, desde cedo, a relao funcionou bem.
Para alm da adaptao inicial que se mostrou ser extremamente educativa, de
seguida veio a conjugao entre a teoria aprendida no 1 ano de Mestrado e a aplicao
prtica. Sem dvida que foi deveras aliciante aplicar muitos conhecimentos (que no ano
terico poderiam parecer algo enfadonhos), nossa turma. O planear, o levar a cabo
(realizar) e o avaliar, tendo sempre em conta factores como o que aprendemos na
faculdade, os documentos fornecidos pela escola e departamento de E.F. e a
especificidade da nossa turma. Agora sim percebo inteiramente, que o professor um
elemento extremamente importante na reedificao destes mesmos documentos. Pois
apenas ele, sabe quais so as caractersticas nicas da sua turma. E isso que torna o
trabalho to mais aliciante. Assim, no somos apenas um meio para transmitir
conhecimentos, mas tambm um ser que tem que estudar, pensar, transmitir e no fim
reflectir sobre tudo o que foi feito, para fazer possveis alteraes no futuro.
Ainda na rea da interveno pedaggica, aprendi a ser um professor
multifacetado. Quero dizer com isto, que no s por tentativas que saberia que iam dar
certo, mas tambm por outras em que arriscava para desenvolvimento prprio (tentar,
falhar e corrigir para depois, aprender), experimentei vrias estratgias de ensino.
Queria com isso perceber qual a melhor maneira de actuar perante a minha turma e
tambm perceber os meus pontos fortes e fracos no que diz respeito s tcnicas de
ensino usadas numa aula de E.F. Aprendi ento a potenciar as minhas caractersticas
individuais em funo da turma que tinha. Posso dar um exemplo como: Sou uma
pessoa que com desconhecidos prefere no dar o benefcio da dvida antes de confiar
nessas mesmas pessoas. Ento usei isso a meu favor de modo a fazer passar aos meus
alunos uma imagem de srio e de pessoa que no atura comportamentos inadequados
(imagem inicial muito importante), para mais tarde, quando j conhecesse os alunos,
comear a dar confiana a quem merecia e que eles notassem que isso estava a
acontecer.
Tambm muito importante para ns estagirios, foram as actividades que
apresentmos escola e seus alunos. Foram elas o Corta-Mato, o conjunto de sesses de
Judo e Hip-Hop na Semana da Educao Fsica e o Dia Aberto Na FCDEF-UC.
Considero que estas trs actividades, apesar de serem todas diferentes, me permitiram
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adquirir e desenvolver um conjunto de competncias relativas organizao e
participao mais activa na escola e nas relaes com a comunidade. A organizao
deste tipo de iniciativas de extrema importncia, uma vez que, correctamente
planeadas, organizadas e orientadas por objectivos vlidos, podem favorecer o
aproximar dos alunos e da comunidade, de uma forma geral, ao desporto e prtica de
actividade fsica voltada para a sade.
Para melhor conhecer a realidade concreta da turma, realizei o estudo da turma,
que tem como nome Caracterizao de turma 121C. Esta caracterizao incidiu
sobre vrios aspectos como a alimentao, a vida escolar, hbitos de higiene, deslocao
para a escola, hbitos de repouso e tempos livres. Considero que este tipo de estudos
tem uma importncia acrescida para serem tomadas certas decises educativas. No s
aprofundei o meu conhecimento sobre a minha turma, como tambm fui obrigado a
aprender novas coisas. Entre elas, o modo de interagir com os meus alunos tendo
sempre em vista as suas condies. que at ento, todos os contactos que tivemos a
dar aulas, foram com pessoas do curso de Cincias do Desporto e neste caso, foi
diferente pois devemos ter algum cuidado com as palavras que escolhemos nas nossas
conversas extra-aulas com os alunos. Todos estes momentos podero piorar ou melhorar
a nossa relao com os mesmos. Tambm para a minha aprendizagem e porque faz
parte do papel do educador estar sensvel s diferenas inter e intra-individuais e saber
adaptar o ensino a todas as variveis, fiz a Caracterizao da Faixa Etria, onde estudei
o desenvolvimento maturacional dos alunos, tendo em conta as idades. Salientamos
ainda que a maioria dos nossos alunos se encontra na 2 fase da puberdade. Contudo,
tendo em conta o acima referido no me cingi somente caracterizao desta, mas
tambm da primeira.
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5.2 - Compromisso com as aprendizagens dos alunos
Da maior de todas as motivaes (os alunos) h muito a dizer. Partilhar com os
alunos momentos de aprendizagem foi, para mim, um enorme prazer e uma experincia
nica. Desde cedo que me apercebi que a turma que ia leccionar iria exigir muito de
mim, o que considero bastante positivo, j que me conduziu a um trabalho mais rduo,
arranjando mais solues e alternativas para corresponder a todos.
A minha turma, ao longo do ano, tornou-se cada vez mais unida, mesmo tendo a
maioria dos alunos vindo de escolas e turmas diferentes. Procurei, para alm de
transmitir e dotar os alunos de capacidades e competncias ao nvel da prtica
desportiva e da condio fsica, transmitir-lhes uma srie de valores, atitudes e
comportamentos, tentando ser, para alm do professor, um educador e um amigo.
Para ser um bom exemplo, tambm ns temos que ser exemplares. por isso
que me comprometi antes de comearem as aulas, a ser assduo (e fui), sempre pontual
(nunca vacilei), e a preparar-me devidamente para desempenhar todos os cargos
inerentes a este estgio pedaggico. Muito estudo, muita dedicao e tambm muita
reflexo, para eu prprio ir evoluindo e ir melhorando o modo como ajudava os alunos
na sua aprendizagem.
Motivei-os sempre e findo o ano com a certeza de que dei o meu melhor para o
correcto desenvolvimento de cada aluno. Estes, por sua vez, contriburam para o meu
processo de formao de uma forma e com uma dimenso que nem eu prprio
imaginaria. De facto, os meus alunos tiveram um papel de extrema importncia na
minha evoluo como docente e como pessoa.
Outro aspecto importante a referir, que a turma com a qual trabalhei foi um 12
ano. Este ano tem a caracterstica especial de ser o ltimo com Educao Fsica no
plano de estudos. Ora isto acarreta outras responsabilidades aos alunos e a ns como
professores. Mas como estou a falar nos nossos compromissos, vou ento referir-me ao
professor. Neste caso, mais do que nunca, o professor ter que implementar na turma
um clima que leve os alunos a olhar para a Educao Fsica, no s como um modo de
aprender as habilidades motoras, mas tambm como um meio de ganhar hbitos de vida
saudvel. E aqui que o professor tem um papel muito importante. Pois sem a sua
preciosa ajuda, muitos destes alunos vo finalizar o ano e nunca mais praticar nenhuma
actividade fsica.
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Gostava ainda de referir que uma das coisas que mais me marcou no ano de
estgio, foi ter todos os alunos da turma a darem-me os parabns e apresentarem-me
uma surpresa. Surpresa esta que era uma apresentao digital, com uma histria que eles
criaram (texto e fotos) sobre o nosso ano lectivo. algo que transportarei para sempre
comigo. Nunca os esquecerei, pois eles foram, afinal de contas, os meus primeiros
alunos, a minha primeira turma. Com este ltimo pargrafo finalizo dizendo que no s
eles aprenderam comigo e com o meu compromisso para os ensinar, mas tambm eu
aprendi imenso com eles e a sua maneira de estar com a escola e a Educao Fsica.
5.3 - Inovao nas prticas pedaggicas
A primeira actividade (se que lhe posso chamar assim) que desenvolvemos e
que considero como uma inovao nas prticas pedaggicas era h muito um objectivo
do Ncleo o site do Ncleo de Estgio. Aps termos delineado de forma muito
cuidada a estrutura do mesmo, decidimos constru-lo e coloc-lo on-line. O seu
lanamento ocorreu no dia 14 de Setembro de 2010 e teve, logo aps as nossas aulas de
apresentao muitas visitas. Foi impressionante o nmero de alunos e pessoas da escola
que acorreram a visit-lo. A ideia da concretizao deste projecto tinha os seus alicerces
na construo de uma ponte para os alunos de toda a escola, onde poderiam encontrar
contedos, informaes e curiosidades sobre desporto e Educao Fsica. Por outro
lado, a elaborao do mesmo facilitava o contacto do Ncleo com a populao geral, de
uma forma mais global. Sem dvida que foi uma iniciativa inovadora e reconhecida. A
prov-lo esto alguns dos comentrios realizados pelos seus visitantes:
De vocs apenas poderia e poderei esperar o melhor. Obrigado pela imagem
de qualidade que esto a dar da nossa faculdade e, principalmente, de vocs. Nada se
faz sem trabalho, mas isso s no chega. preciso muita imaginao, criatividade,
inspirao, inteligncia e, sobretudo, entusiasmo e vontade de triunfar. Eu vislumbro
isso tudo em vocs. Ide em frente. A luta e os desafios no so fceis, mas, no baixem
os braos. Um abrao e parabns, D. C. - FCDEF-UC
Este site est maneira pois assim as aulas j vo ser mais divertidas com
todos estes nomes e descries de msculos, etc..... E est adaptado com as aulas de
Educao Fsica pois a cada modalidade que damos temos as regras ou os contedos
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para poderem ser consultados neste site... assim muito mais fcil... espero que
continuem com o site. Beijos para todos ass: M. R. 12 1C.
Aps estes feedbacks to motivadores, s nos restava continuar a desenvolver a
nossa pgina ao longo do ano e utiliz-lo sempre que possvel para diferentes motivos
(divulgao, afirmao, informao, etc.).
Outro aspecto considerado importante neste ano lectivo, foi o uso de power
points ou outros ficheiros em formato digital, para ir apresentando s nossas turmas.
Eles foram utilizados com intuitos bem definidos. So eles: a apresentao de imagens
ou vdeos esclarecedores para melhor se perceber tcticas ou tcnicas especficas de
algumas modalidades; motivao extra para os alunos pois amos apresentando os
contedos de formas diferentes (conversa, papel, computador, etc.); E tambm o facto
de os alunos desta gerao se identificarem muito com as novas tecnologias, torna-se
importante apresentar-lhes trabalho feito atravs dos meios que eles gostam de conviver
no dia-a-dia. Notou-se sem sombra de dvida que os alunos ao verem uma boa
apresentao em formato digital, conseguem muitas vezes deixar de lado a conversa
entre colegas e estar mais atentos s nossas palavras. Basicamente procurmos recorrer
s ferramentas que hoje em dia os alunos utilizam mais frequentemente para realizarem
trabalhos relacionados com a educao fsica num ambiente em que se sintam
confortveis para encontrar os conhecimentos sobre a disciplina de educao fsica.
A inovao nem sempre quer dizer usar o mais moderno e actualizado. A
inovao define-se como o acto ou efeito de inovar; introduo de qualquer novidade
na gesto ou no modo de fazer algo; mudana; renovao; criao de algo novo;
descoberta. por isso que alm das novas tecnologias usadas nas nossas aulas,
primmos por leccionar aulas dinmicas onde o objectivo no se restringia ao ensino
fechado das habilidades motoras das modalidades, mas tambm que soubssemos que
todos os alunos estavam a aprender com a motivao em alta. Para isso, pensmos em
grupo quais as estratgias a adoptar para as nossas aulas. E ao longo do ano esses
momentos reflectivos transformaram-se em momentos de uma incrvel aprendizagem
motivadora. Atravs de espaos bem utilizados, materiais alternativos correctamente
seleccionados e palavras bem escolhidas, as aulas de Educao Fsica no foram apenas
aulas de aprendizagem motora, mas tambm de exercitao cognitiva e
desenvolvimento psico-social.
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6. Dificuldades e necessidades de formao
6.1 - Dificuldades sentidas e formas de resoluo
O estgio pedaggico a etapa final no ciclo de estudos do nosso curso e por
isso tambm a ltima fase que a faculdade tem para avaliar os seus discentes. Mas,
avaliaes de lado, este um ano que ns estagirios devemos olhar, como uma
oportunidade de aplicar todos os nossos conhecimentos. verdade que vamos errar
muitas vezes, mas esses erros vo-nos ser muito teis para evoluir no futuro.
normal existirem muitas dificuldades no incio do estgio. Mas para isso que
ele existe. Para com trabalho, dedicao e ajuda dos demais, ultrapassar essas mesmas
dificuldades e tornar-nos depois profissionais aptos para entrar no mercado de trabalho.
A primeira dificuldade sentida surgiu logo nos primeiros dias e tem a ver com a
adaptao escola. At esse momento, ns sempre entrmos num estabelecimento de
ensino como estudantes e no como professores. Logo, a maneira como nos iramos
relacionar com os demais era sem dvida diferente. Nesse ponto, tivemos a ajuda do
nosso orientador, que nos deixou completamente vontade e teve o cuidado de nos
mostrar como funcionava cada seco da escola e pessoas que as envolviam.
Mais para a frente, aps dar a primeira aula, surgiram outros tipos de
dificuldades ligados maneira de estar para com os nossos alunos. Cada pessoa tem a
sua maneira de ser e tendo 26 alunos de incio, teria que me habituar a 26 maneiras de
ser diferentes. Uns que s iam ao stio com um professor autoritrio, outros que
precisavam de motivao extra para realizar as tarefas devido s suas dificuldades
notrias para a Educao Fsica, ou mesmo aqueles que precisavam de ser mais
integrados na turma devido sua timidez. Deparando-me ento com esta dificuldade de
eu prprio ter que mudar a minha maneira de estar ou de comunicar consoante os alunos
que tinha, tive que parar e reflectir um bom bocado sobre qual a melhor maneira de lhes
extrair o mximo de potencial para as minhas aulas. Conforme os dias iam passando, fui
descobrindo novas estratgias de abordagem a estes mesmo alunos e aos poucos e
poucos as dificuldades desapareceram. Os alunos mais mal comportados tiveram os
castigos ou punies merecidas, os tmidos foram criando pontes de ligao com os
colegas atravs de exerccios de cooperao e outros e, por fim, os alunos com mais
dificuldades e com auto-estima baixa, foram-se empenhando cada vez mais por ter
escolhido exerccios que aumentassem a sua taxa de sucesso.
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Segunda Unidade Didctica abordada Basquetebol. Logo, nesta modalidade,
me apercebi de uma dificuldade, inerente ao nmero de aulas da unidade 12 sesses.
Sendo tantas, os alunos desmotivavam facilmente, o que me levou a tomar certas
medidas. Mais para o final da Unidade Didctica comecei ento, por leccionar duas
matrias em simultneo (Basquetebol e Corfebol), tentando sempre conjugar as duas no
que diz respeito s aprendizagens a realizar. De facto, a soluo encontrada pareceu ter
dado resultado. Os alunos deixaram de se queixar, de dizer que era sempre a mesma
modalidade, e comearam a gostar mais das aulas, notando-se pela sua presena activa
no decorrer das mesmas.
Outro tipo de dificuldade foi a leccionao de modalidades com as quais nunca
houve contacto. Foi o caso da Ginstica Acrobtica. Para superar os medos e
dificuldades iniciais, s havia uma soluo, que era o estudo exaustivo sobre a
modalidade e aps j a conhecer bem, a preparao das aulas era fundamental. E quando
digo preparao, estou a referir-me ao que esperamos dar, ao esperamos que acontea e
tambm ao que no contamos. Por isso devemos reflectir em todas as situaes
possveis e imaginrias que se podero dar nas nossas aulas. Se estes pontos forem
preenchidos, ento as dificuldades no vo ser sentidas.
No s a reflexo sobre as minhas aulas serviram para evoluir no sentido da
perfeio. As que observei dos meus colegas foram, de certeza, uma mais-valia para o
meu desenvolvimento. Contrastei a minha actuao com a deles e discutimos opes,
decises e mtodos. Do mesmo modo, as suas observaes das minhas aulas, foram
tambm bastante enriquecedoras, uma vez que, por vezes, viam as coisas de um ponto
de vista diferente do Orientador, criando-se assim um clima ptimo para avaliarmos as
minhas opes, de que forma me comportei e se estava ou no a evoluir. As aulas
observadas pela Orientadora da faculdade foram igualmente muito instrutivas, uma vez
que a opinio de algum que no passa todos os dias connosco e que tem uma viso um
pouco mais exterior, acaba por revelar certos pontos que ningum do Ncleo por vezes
refere.
Posso ainda falar nas dificuldades relativas instruo, gesto clima e disciplina
nas aulas. Quanto a estes aspectos, normal sentir dificuldades principalmente no incio
do ano lectivo e mais tarde em momentos especiais do ano como: dar aula a seguir a um
teste (principalmente de Matemtica!), ser a ltima aula do perodo, etc. Mas
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relativamente evoluo desde o incio at ao fim do ano, posso dizer que medida que
vamos conhecendo as especificidades da nossa turma, vai tambm sendo mais fcil lidar
com ela no que diz respeito aos domnios do processo de E-A. Qu
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