Revista Prticas de Linguagem. v. 1, n. 2, jul./dez. 2011
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Revista Prticas de Linguagem. v. 1, n. 2, jul./dez. 2011
Graa Paulino uma intelectual mineira dedicada formao de
professores e reflexo sobre leitura literria em sua dimenso social. Em seu
novo livro, Das leituras ao letramento Literrio (1979-1999), concepes sobre a
leitura e a literatura inicialmente e o letramento literrio, logo depois,
indicam sua atualizao e ineditismo como pesquisadora.
A obra uma coletnea de artigos que Graa Paulino publicou entre duas
datas importantes em sua trajetria intelectual: 1979, ano em que se tornou
mestre em Teoria Literria (FALE/UFMG) e 1999, ano em que a expresso
letramento literrio foi apresentada ANPED Associao Nacional de
Pesquisa em Ps Graduao.
O tema abordado letramento literrio conceituado como um
processo ativo de apropriao da literatura enquanto construo literria de
sentidos. Para Graa, o letramento literrio configura a existncia de um
repertrio textual, a posse de habilidades de trabalho lingustico-formal, o
conhecimento de estratgias de construo de texto e de mundo que permitem a
emerso do imaginrio no campo simblico.
Composta por 20 artigos, a obra inicia com a publicao de um dos
captulos da dissertao e passa por diferentes ensaios sobre o livro e o leitor,
prticas de seleo de leitura e a funo da literatura para crianas. Em seus
artigos, Graa discute a questo da falta de leitura do ponto de vista da teoria da
leitura literria, questiona as funes da literatura infantil, indaga sobre como e
por que lemos poesia agora e analisa criticamente a formao de professores, a
iniciao e a construo do leitor. Como se pode observar, questes pertinentes
ao universo da leitura e da formao do leitor em suas relaes com a escola e a
sociedade.
Em suas referncias Graa Paulino dialoga com estudiosos, pesquisadores
da teoria literria, filsofos, crticos literrios, intelectuais brasileiros e escritores,
entre eles, Antonio Candido, Mikhail Bakhtin, Bachelard, Italo Calvino, Ceclia
PAULINO, Graa. Das Leituras ao Letramento Literrio. Belo
Horizonte: FaE/UFMG e Pelotas: EDGUFPel, 2010.
Cristina Maria Rosa*
*Graduada em Pedagogia (UFSM), Mestre e Doutora em Educao (UFRGS).
Revista Prticas de Linguagem. v. 1, n. 2, jul./dez. 2011
Meireles, Chartier, Walter Benjamin, Chomsky, Foucault, Bourdieu, Freud,
Habermas, Harold Bloom, Lgia Chiappini, Lukacs, Barthes, Marisa Lajolo, Marx,
Piaget, Magda Soares, Valentin Voloshinov, Regina Zilberman e Umberto Eco.
um passeio pelo que h de melhor na crtica literria e uma aula para a formao
de um intelectual.
Um dos mais curiosos artigos publicados se intitula Sapos e bodes no
apartamento. Neste, Paulino lista, em um perodo especfico, a coincidente
escolha de autores por ttulos que remetem a temas rurais na literatura infantil.
Paulino (2010, p. 87-91) demanda a incluso de temticas urbanas e
concernentes a maioria dos leitores que vivem num mesmo contexto urbano,
em mdias ou grandes cidades brasileiras, cheias de apartamentos e casas onde
no cabem de fato sapos, bodes, raposas, vacas ou jiboias.
No artigo Funes e disfunes do livro para crianas, a tarefa de Paulino
indagar quais as funes da literatura ou da arte em geral e no artigo
intitulado No silncio do quarto ou no burburinho da escola, publicado entre as
pginas 119 e 127, discute as condies que nos fazem leitores.
Ao questionar e responder Para que serve a literatura infantil?, a autora
aborda, com coragem, uma instigante questo que envolve a produo e a
circulao de um formato especfico de arte: a literatura para crianas no Brasil.
E afirma: No h e nunca houve uma verdadeira arte que valesse o mesmo para
todos no mundo, em todas as pocas, porque as pessoas tm expectativas,
preferncias e repertrios diferentes. Alm do mais, h as diferenas de critrios
de valor que dependem fundamentalmente de cada poca histrica (PAULINO,
2010, p. 129). Nos dois ltimos artigos, Paulino aborda mais aprofundadamente
o letramento literrio. So eles: A formao de professores leitores literrios:
uma ligao entre infncia e idade adulta? e Letramento literrio: cnones
estticos e cnones escolares.
Resenhar convidar a ler, deixar o leitor curioso interessado, desconfiado,
no instante mesmo de mover-se para ler mais, saber mais, perguntar mais.
Desejo ter alcanado esse intento. Boa Leitura!
Enviada em 12 de abril de 2011
Aprovada em 02 de maio de 2011
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