Download - Resenha - Paulo Freire - Pedagogia Do Oprimido - Blog Do José Tomaz

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    DOMINGO,29DEMARODE2015

    Pedagogiadooprimido:umaresenhadevastadoradomaisfamosolivrodePauloFreire

    Knowthyenemy!,dizamximadaArtedaGuerradeSunTzu.

    ComBlogRodrigoConstantinoVeja

    Paulo Freire o patrono de nossa educao.Isso, por si s, j deveria ser motivo suficienteparanolevlotoasrio.Afinal,oquehparalouvar em nosso sistema de ensino, que sproduz vtimas sociais e nenhum resultadodecentenosrankingsinternacionais?

    No importa: como o homem recebeu vriosttulosmundo afora, e porque levou omarxismoparadentrodasaladeaula,exaltadocomoumgnio,umsanto,umdolo,portodosaquelesqueacham desejvel transformar o professor nummilitanteideolgico.

    A desculpa esfarrapada deles: todos tm suasideologias, e impossvel deixar a sala de aulalivre delas. Se voc quer ensinar conhecimentoobjetivo, matemtica, lnguas, literatura clssica,ento voc j seria um doutrinador tambm, sque do lado da elite opressora. Um burgusalienadoquepretendeapenaspreservarostatusquo,nadamais.

    E com esse embuste os doutrinadores disfarados de professores seguem suamissopedaggica, que tem sido responsvel emboaparte pelamisria intelectual de nossopas, uma fbrica de jovens socialistas. Reverter esse quadro uma das tarefas maisimportanteserduasdetodosaquelesquedesejamumpasmaislivreeprspero.

    Paratanto,precisoconhecermelhoroladodel,oinimigo.Alis,eismaisumagrandediferenaentreaesquerdaeadireita:ns,liberaiseconservadores,normalmentelemososprincipaisexpoentesdaesquerda,enquantoocontrrioraramenteverdadeiro.

    Comissoemmente,apresentoaosmeusleitoresumatimaresenhaescritaporMarceloCentenarodolivromaisfamosodeFreire,aquelequecarregadoemclichsmarxistaseque tanta gente influenciou, especialmente nos pases menos desenvolvidos (por queser?):

    Pedagogiadooprimido

    Nofinalde2014,converseisobrePauloFreirecomumapessoadequemgostomuitoequetemopiniesopostassminhas.Elaperguntouseeutinhalidoalgumdoslivrosdele.SAImportnciadoAtodeLer,mashtantotempoquenomelembrodequasenada,respondi.Nunca liPedagogiadoOprimido, confessei. Voc no pode criticar o que noconhece,acusouela.PrometiqueleriaPedagogiadoOprimidoeescreveriaumaresenha.Aquiest.Noumaleiturafcil.Emboraolivronosejaextenso,compoucomaisde100pginas,levei doismeses para terminar. Achei a linguagem confusa, com termos inventados ou

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    palavrassquaisoautoratribuiumsentidopeculiar,semcontudo definir claramente esse sentido. Muitas vezes,nohumencadeamento lgicoentreumpargrafoeoseguinte,entreumafraseeaprxima,entreumaidiaeoutra. Nesse aspecto, lembramuito o estilo do Alcoro.PauloFreire temumcacoetedesepararosprefixosdosradicais das palavras (colaborao, admirar, recriar),comoseissosignificassealgumacoisa.

    H muitas passagens com sentido obscuro (vejamalgumasabaixo),muitasrepeties,citaesdesupostasautoridadesemeducao(comoMao,Lnin,Che,FideleFrantzFanon)emenes freqentesaquesevaivoltaraoassuntodepoisouaquejsetratoudeleantes.

    Logo na introduo, somos brindados com estaafirmao:Seasectarizao,comoafirmamos,oprpriodoreacionrio,aradicalizaooprpriodorevolucionrio.Daiqueapedagogiadooprimido,queimplicanumatarefaradicalcujas linhasintrodutriaspretendemosapresentarnesteensaioeaprpria leituradeste texto no possam ser realizadas por sectrios.Minha leitura deste trecho : Squemjconcordacomigopodeleroqueescrevo.

    Vou apresentar a seguir o que entendi do livro, procurando ao mximo omitir minhasopinies,queguardareiparaofinaldaresenha.

    Paulo Freire descreve dois tipos de educao, uma caracterstica de uma sociedadeopressora, outra caracterstica de uma sociedade livre, ou que luta para se libertar. Aeducaodasociedadeopressorachamadadebancria,sempreentreaspas,porqueeladepositaconhecimentosnosalunos.Ouseja,elareduzoalunoaumobjetopassivodoprocesso educacional, no qual so jogadas informaes sobre Portugus, Matemtica,Histria,Geografia,Ingls,Fsica,Qumica,Biologia,Filosofia.Jaeducaolibertadorachamada de dialgica, porque se baseia no dilogo entre professores e alunos(educadores e educandos, na linguagem do livro). um processo do qual todos sosujeitosativosecujafinalidadeampliaraconscinciasocialdetodos,especialmentedosalunos,paraqueseviabilizearevoluoqueacabarcomaopresso.Olivronodetalhaoqueaeducaolibertadorafardepoisdessalibertao.Imaginamosquemantenhaoseducandosconscienteseimunesamovimentosreacionriosecontrarevolucionrios.

    Aeducaodialgicasebaseianodilogoeodilogocomeacomabuscadocontedoprogramtico. Na parte do livro em que h mais orientaes prticas, Paulo Freirerecomendaqueseja formadoumgrupodeeducadorespesquisadoresqueobservaroseducandoseconversarcomeles,emsituaesdiversas,paraconhecersuarealidadeeidentificar o que ele chama de temas geradores, que possibilitaro a tomada deconscincia dos indivduos. Haver reunies com a comunidade, identificao devoluntrios,conversasevisitasparacompreenderarealidade,observaeseanotaes.Os investigadores faro um diagnstico da situao. Ento discutiro esse diagnsticocommembrosdacomunidadeparaavaliarograudeconscinciadeles.Constatandoqueessenvelbaixo,voapresentarassituaesidentificadasaosalunos,paradiscussoereflexo,comoobjetivodedespertarsuaconscinciaparasuasituaodeopresso.Seopensamentodopovomgico(religioso)ouingnuo(acreditanosvaloresdedireita),issoser superado pelo processo, conforme o povo pensar sobre a maneira que pensa, econformeagirparamudarsuasituaodeopresso.

    Paulo Freire enfatiza que o revolucionrio no pode manipular os educandos. Todo oprocesso tem de ser construdo baseado no dilogo e no respeito entre os lderes e opovo.Porm,oslderesdevemteraprudnciadenoconfiarnopovo,porqueaspessoasoprimidas tmaopresso inculcadano seuser.Comoexemplodeum lder que jamais

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    permitiuqueseupovofossemanipulado,PauloFreireapresentaFidelCastro.

    A palavra o resultado da soma de ao e reflexo. Se nos baseamos apenas nareflexo, temos um verbalismo estril. Se nos baseamos apenas na ao, temos umativismo inepto.Os lderesrevolucionrioseoseducadoresdevemcompreenderqueaao e a reflexo caminham juntas de maneira indissocivel, ou no se atingem osobjetivosdaeducaoedarevoluo.

    As caractersticas da opresso so a conquista dos mais fracos, a criao de divisesartificiaisentreosoprimidosparaenfraqueclos,amanipulaodasmassaseainvasocultural. Os opressores se impem em primeiro lugar pela fora. Depois, jogam osoprimidosunscontraosoutros,paramantlossubjugados.Aspessoassomanipuladasparaacreditarememfalsosvaloresquelhessoprejudiciais,emboraelasnopercebamisso.Suaculturade raizesquecidae trocadaporsmbolosvazios importadosde fora,numprocessoqueesmagaaidentidadedopovo.

    Ascaractersticasdalibertaosoacolaborao(quePauloFreiregrafacolaborao),aunio,aorganizaoeasntesecultural.Acolaboraoestcontidaemtudooquefoiditosobreeducaodialgica,quefeitaemconjuntopeloseducadoreseeducandos.Aunio entre os oprimidos fundamental para que tenham fora para resistir contra oopressor.Notrechoemqueexplicaaorganizao,citadoomdicoDr.OrlandoAguirre,diretor da Faculdade de Medicina de uma universidade cubana, que afirmou que arevoluoimplicaemtrsP:palavra,povoeplvora.DisseoDr.Aguirre:Aexplosodaplvora aclara a visualizao que tem o povo de sua situao concreta, em busca, naao, de sua libertao.EPauloFreire complementa: O fato de no ter a liderana odireito de impor arbitrariamente sua palavra no significa dever assumir uma posioliberalista, que levaria asmassas licenciosidade. Ele afirma que no existe liberdadesemautoridade.Sobreasntesecultural,dizqueavisodemundodopovoprecisaservalorizada.

    Agora,oquepensosobreotexto.OprprioPauloFreiredeixaclaroemvriosmomentos,que seu livro no sobre educao. Ensinar, transmitir conhecimentos, umapreocupao da educao bancria opressora.No essa a funo de um educadorlibertador.No,suafunocriarosmeiosparaumarevoluolibertadora,comoforamlibertadoras as revolues promovidas pelos educadores citados:Mao, Lnin, Fidel. Ouseja,anicapreocupaodolivrocomosmeiosparaviabilizarumarevoluomarxista.Se voc, meu leitor, professor e acha que essa a sua funo, talvez encontreconhecimentosteisnolivro.Casocontrrio,nohmaisnadanele.

    FizumacoletneadepalavrasutilizadasporPauloFreirequepoderiamtersadodeumdiscursodeOdoricoParaguau:involucra,emlugardeenvolve,implicitados,emlugarde implcitos, gregarizadas, deve ser um derivado de gregrio, unidade epocal, emlugardeunidadedetempo,fatalistamente,porfatalisticamente,insertado,porinserido.Doiserrosdivertidos:chamarRgisDebraydeRgisDebreteacharqueonomedopadreMarieDominique Chenu OP (onde OP significa Ordo Praedicatorum, Ordem dosPregadores,siglaquedesignaaOrdemdosDominicanos)O.P.Chenu.sintomticoque algum com tantas dificuldades com a Lngua Portuguesa seja o Patrono daEducaoBrasileira,consideradonossamaiorautoridadeemalfabetizao.

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    Osbrasileiroscomeamaficarcansadosdadoutrinaomarxistadisfaradadeeducao

    Desafio os bravos leitores a encontrar o sentido dos trechos a seguir. A melhorinterpretaoganharumpocommortadela.OsgrifossodePauloFreire.

    1) Na verdade, no h eu que se constitua sem um noeu. Por sua vez, o noeuconstituintedoeuseconstituinaconstituiodoeuconstitudo.Destaforma,omundoconstituintedaconscinciasetornamundodaconscincia,umpercebidoobjetivoseu,aoqualseintenciona.Da,aafirmaodeSartre,anteriormentecitada:conscinciaemundosedoaomesmotempo.

    2)Opontodepartidadestemovimentoestnoshomensmesmos.Mas, comonohhomenssemmundo,semrealidade,omovimentopartedasrelaeshomensmundo.Daique este ponto de partida esteja sempre nos homens no seuaqui e no seuagora queconstituemasituaoemqueseencontramoraimersos,oraemersos,orainsertados.

    3)Semele[odilogo],nohcomunicaoesemestanohverdadeiraeducao.Aque, operando a superao da contradio educadoreducandos, se instaura comosituao gnosiolgica, em que os sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objetocognoscvelqueosmediatiza.

    4)Estaarazopelaqualoanimalnoanimalizaseucontornoparaanimalizarse,nemtampoucosedesanimaliza.

    5) Somente na medida em que os produtos que resultam da atividade do ser nopertenam a seus corpos fsicos, ainda que recebam o seu selo, daro surgimento dimensosignificativadocontextoque,assim,sefazmundo.

    6) Porque, ao contrrio do animal, os homens podem tridimensionalizar o tempo(passadopresentefuturo) que, contudo, no so departamentos estanques. Algumpodemedizercomopossveltridimensionalizarotempo?

    7) Uma unidade epocal se caracteriza pelo conjunto de idias, de concepes,esperanas, dvidas, valores, desafios, em interao dialtica com seus contrrios,buscando plenitude. A representao concreta de muitas destas idias, destes valores,destasconcepeseesperanas,comotambmosobstculosaosermaisdoshomens,constituemostemasdapoca.

    Outracaractersticacuriosasoascitaesemidiomasdiversos.HcitaesdeHegeleKarl Jaspers em ingls, deMarx eErich Frommemespanhol e de Lukcs em francs.Todosessesautoresescreveramemalemo.FrantzFanon,queescreveuemfrancs,

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    citadoemespanhol.AlbertMemmi,quetambmescreveuemfrancs,citadoemingls,esemencionaquehumaediobrasileiradeseulivro.Maocitadoemfrancs.Porquetodas essas citaes no foram simplesmente traduzidas para o portugus? E por quePauloFreiregostatantodeditadores,torturadoreseassassinos?

    Eleafirmaquevenderseutrabalhosempreomesmoqueescravizarse.Porm,desejarnosermaisempregadoetornarsepatroescravizaraumoutro, tornarseopressor.Qualquer tipo de contratao de um indivduo por outro maligna, opresso, escravido.S teremos liberdadequandoanenhum indivduo forpermitidocontratarousercontratadoporoutroindivduo.Fazsentidoparavocs?

    Paulo Freire afirma que os oprimidos devem ser reconhecidos como Pedro, Antnio,Josefa,masoschamaotempotododemassas.Dizquevalorizaavisodemundodopovo,enquantonoperdeumaoportunidadededesdenhardascrenasreligiosasdessemesmo povo, chamandoas de mgicas, sincrticas ou mistificaes. E ele se diziacatlico.

    Comoaopressoumaviolncia,qualquerviolnciacometidapelosoprimidoscontraosopressores sempre uma reao justificada. um raciocnio assustador. Nas palavrasdele:Queminauguraatiranianosoostiranizados,masostiranos.Queminauguraodionosoosodiados,masosqueprimeiroodiaram.Quem inauguraanegaodoshomens no so os que tiveram a sua humanidade negada, mas as que a negaram,negando tambm a sua. Paulo Freire considera justificados a tirania como resposta aumatiraniaanterioreodiocomorespostaaumdioanterior.Enegaahumanidadedequemeleresolverchamardeopressores.

    Maisumtrechoescabroso:Mas,oqueocorre,aindaquandoasuperaodacontradiosefaaemtermosautnticos,coma instalaodeumanovasituaoconcreta,deumanovarealidadeinauguradapelosoprimidosqueselibertam,queosopressoresdeontemno se reconheam em libertao. Pelo contrrio, vo sentirse como se realmenteestivessemsendooprimidos.que,paraeles,formadosnaexperinciadeopressores,tudooquenosejaoseudireitoantigodeoprimir,significaopressoaeles.Vosentirse, agora, na nova situao, como oprimidos porque, se antes podiam comer, vestir,calar, educarse, passear, ouvir Beethoven, enquanto milhes no comiam, nocalavam,novestiam,noestudavamnemtampoucopasseavam,quantomaispodiamouvirBeethoven,qualquerrestrioatudoisto,emnomedodireitodetodos,lhespareceuma profunda violncia a seu direito de pessoa. Direito de pessoa que, na situaoanterior,norespeitavamnosmilhesdepessoasquesofriamemorriamdefome,dedor,detristeza,dedesesperana.Ofatoqueningumpodeproibirningumdecomer,vestir,calar,educarse,passearououvirBeethoven.Eningumpodeexigir comer, vestir, calar, educarse, passear ououvirBeethovenscustasdosoutros.

    Uma ltima citao abjeta: Mesmo que haja e explicavelmente por parte dosoprimidos, que sempre estiveram submetidos a um regime de expoliao, na lutarevolucionria, uma dimenso revanchista, isto no significa que a revoluo devaesgotarsenela.Arevoluonodeveseesgotarnorevanchismo,masorevanchismoparte natural dela. Como algum que escreveu essas monstruosidades nunca foiprocessado por incitao violncia e apologia do crime? Como algum com umpensamento toantisocialpodesersequerouvido,quantomaiscultuadocomoPatronodaEducaoBrasileira?

    Chegadedoutrinaomarxista!ForaPauloFreire!