8/11/2019 Resposta a Stanislavski
1/10
T
NISL VSKI
Jeny 9r OJsh
Trnduao de
RicardoGomes
1.
Certas
pergunms
nao
tm scnrido.
Stanislavski imtx>rt:mte para
0
novo
rcano
No sei. Exisrem coisas novas,
coma as revisras de moda. E cxisrem
COlsas
novas mas antigas,
coma fiS
origens da vida. Por que v o c ~ pergunta
se Stanislavski
importante para
0
Tcxtoorgan:ado
p f
Les:ek KoIankiewicz,
ba$l ado
no
esrenograma
do l'ncontro Je
GnxO\Oo'Ski
corn
dirclOfCS
e atores
na Brool. }11
A c a d . . - m y ~ 1 T 1
N O \ 3 . I ~ u e .
cm 22 de fC\'crdm
de 1969. Publicado
em
Dialog 1, 1980.
T radukJ do polons para
0
iralianode C,rl;,
PollastTdli. A prC5entC tT3Ju
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1
.
.li
9
c
E
j
;f
4
novo
t e ~ m o r D
a sua RESPOST
A A STANISLAVSKI -
que no
scja baseada na ignorncia, mas no conhccimcmo prtico.
Ou
voc
criarivo, o u n ao . Se for, de :llgllma mancinl vai super-Io. se naD
for, sera
fiel mas
esrriL
proibidopensar segundo estas categorias: l importante haje?
Se for importante para voc, pergunte: por qu No pergunte se
importante para os ouaos, ou para 0 teatrQ em geral. 0 lrabalho
do
awr sobre si mesmo
l
ainda um livre atuan Esta perguma sem
semido pela mesmo motivQ. 0 que 0
rrabalho
hoje? Significa
justameme que existe 0
trabalho
hoje qu e necessariamente
difereme do trabalho
ontem. Mas
0 trabalho
hoje
a
mesmo
para
todos Existe 0 seu pr6prio trabalho. Entao voc pode se
perguntar
se
este Iivro imp:>rtame para voc
no
seu trabalho.
No
pergunte
para mim. Nilo se
pode
responder no lugar
de ningum.
2.
Urn do s mal entendidos
preliminares
relativos a esta
problematiea deriva do faro de que para muiras pcssoas, diffcil
diferenciar
a rcnica
da
esttica.
Considero
qu e 0
mrodo de
Stanislavski foi um dos maioresestfmulos para 0 teatro europeu em
particular na
formaao do ator;
ao mesmo
tempo,
me simo
distante
da
sua
esttica. A
esttica de
Stanislavski era produto do
seu tempo
do seu pars e da sua pessoa. Somos rodos produro da associaao das
nossas tradies e dOlS nossas necessidades. Sao coisas
que
no podern
ser
rransplamadas de
um
lugar para
outre
sem cair nos cliehs, nos
1. Nota do tradutor. Groc:owski
se
rcfcrc a J
Iivrode
t n i s l ~ k i
Raboca oJalra
ood schoj
que
na
edi:\o rossa psufa dois volumes
Rnboto
oIatra nad soboj
u IWfCesIcom
pernimnie
trabalhooo
ator sobre
si
no processocriativo) e Rabota uktlr a nad
loorceskom protsesse I Oiplosl Cenia
trabalh
do a to r sobre si mesmo no processo d
encarnalk efoipublicadoem
i n g I s d e , : ~
reduzida edeturpada
(e
desta ~ t radu .
para
0
portugus)
oomo
dois
livros difercntes4
An ocrer prtpaTeJ
A
prep3rapo do atoc)
Building hara IeT (A consuul0 d
personagem).
c:>lcrc6tipos. cm alguma coisa qu e j; est; mana no IllOlllcnro
cm
quc chamada a existir. Eo rnesmo acontccc nocaso de Slanislavski.
no nos5O, ou
em qualquer outro.
3
Como
profissional, me formei
dentrodo
sistema
de
Stanislavski.
Acreditava de alguma maneira. no proftssionalismo. Agora
nao
acredto
mais. Existem dois ripes
de
disfarces, dois
gneros de
fuga.
Podemos fugir no diletamismo.chamando o de liberdade . Podemos
rugir
tambm
no proftssionalismo,
na
tcnica. Ambos
podem
servir \
como pretexto para a abso\viao. Antigamente
eu acredi tava
na
profissao. Neste campo, Stanislavski era para mim0 exemplo. Quando
comecei meu
trabalho,
meu
ponto
de partida era
a
sua
tcniea. Mas
uma base suigeneris para mim em rambm a sua atitude. que 0 levava
ri
descobrir
de
novo cada fase
da
vida.
Stanislavski estava sempre a
caminho. Colocou
as perguntas
fundarnentais no campo
da
profissao. Quando se trata
de
respostas,
entre n6s vejo
principalmeme
as diferenas. Mas nut ro um
grande
rcspeito
por
ele. e penso nele
freqenremenre quando
vejo que
confusao se pode criar . Os
alunos
...
Acho que
acomeceu comigo
mmbm.
Os verdadeiros a' unos nao
sao
nunca alunos.
Um verdadeiro
aluno de Stanislavski era Meyerhold. Ele mio aplkava 0 sistema
cscolastkameme
dava uma respost a sua. Era um rival,
n ao u ma
boa alma
que
protesta
um
pouco
quando nao
est;
de
acordo.
Tinha
,
convkes era ele mesmo, e teve que pagar
por Sso.
Um verdadeiro
aluno de
Stanislavski
era Vakhtngov.
No se
ops
a Stanislavski
mas,
quando
ap\kou 0 sistema na pratica, foi to pessoal, to
marcado
pela relao corn seus
atores
(mas
tambm
pela influncia
da poca, pelas
mudanas
que haviam ocorrido,
pela modo
de ver
da novagerao
...
) que os resultados fomm complerarnenre diferenres
dos espetaculos de Stanislavski.
Stanislavski era um velho sbio. Entre seus alunas prcfcria
Vakhtngov.
Na
estria
de
TurandOl.
muitas pensaram
que
n;o
JX>.
1:
ll
:
5
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-
~
9
c
.2-
0 -
c
6
dia concordar corn um espet:iculo tilu difcrcnre e esrranho ao seu
tmhalho, mas Stanislavski aSSllllliu llma posi50 de
pkna
e total
aprovao.
Sabia
que Vakht5ngov r inh
fcito
como
cie
anteriormente, tinha dado
sua pr6pria n:s\x)sta s pergllntas
que
rinha
a coragem de se colocar, evitando ao mesmo tempoos cstcrc6tipos,
inclusive os csre6tipos do trabalho de Sranisbvski
Por este motiva, sempre que
p ss
rcpito que nao quero ter
alunas. Quera companheiros de armas. Quera uma frarernidade de
armas. Quera peSSO
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-
~
1;
2
0 -
c
8
Penso cnro que 0 mais sensato seja falar do t ea tro coma de uma
casa cm ruinas, quase abandonada.
Emao:
no
in{cio da nossa cra, os que buscavam a verdade
procuravamos lugares aoondonados para cumprit ali 0 dever da vida.
Ou ento
iam para 0
deseno
(nao cre io que se tratasse de uma
solulio natural, ainda que s vezes necessria cm certos periodos da
vida: preciso se afastat para depois voimr), ou procuravam casas
cm fUrnas - calvez condenados a nao encontr-las. ralvez loucos do
ponta
de vista das categorias do quotidiano.
a conceito de
proflSSionalismo
est se distanciando de
Olim
ha
muira tempo.
No
primeiro perfodo
de minha
arividade
coma
diretor
autnomo.compreendique 0 disfarce atrs
do
quai 0 arorse
esconde
para evitar a sinceridade cancreta e tangivel 0 diletantismo. Nao
se faz nada mas se
tem
a convicao
de
fazer alguma coisa.
No
mudei de opinio a esse respeito. 56
que
a tcnica tambm JX de
servir
como
disfarce. Pooemos
dominar
corn
0
treinamento
varios
sistemas de capacidades, varios expedientes, JX)demos ser grandes
mestres e habeis malabaristas neste campo para mos tr ar a tcnica
mas
no
revelar a n6s mesmos. Paradoxalmente, preciso ultrapassar
o diletantismo e a tcnica.
Diletantismo quer
dizer falta de riger. 0
rigor
0
esforo para fugir
da
iluso.
Quando
no somos sinceros,
imaginando que
estamos realizando
0
ato fazemos
apenas
algo
inarticulado e disforme.
5.
Nutro
por Stanislavski um
grande profundo
e multiforme
respeito. Este respeito se baseia em dois princpios. 0 primeiro a
sua auto-reforma permanente,
0
colocar em discusso
continuamente
no
trabalho as etapas precedentes. Isto nao era
um
esforo para
permanecer
moderno, mas se
tratava do prolongamento
coerente
daquela mesma busca da verdade.
Na
realidade,
de contestava
as novidades. Sua pesquisa
no
terminou
no mtodo
das aoes fsicas por nele te r
encontrado
a
vcrdadc maxima da profisso, mas porque
foi
interrompida pelamorte.
o segundo motivo pelo quai respeito muito Stanislavski
0
seu esforo
para pensar baseado
no
que pratico e concreto. Como tocar 0
u
lulo
umgiv l
Ele desejou
encontrar
os caminhos
concretos
para
0
que secreto, misterioso.
No
osmeios - contra
de s
lurava, chamava
os de cl ichs - mas os camnhos.
6.
o
mtooo
das a6es fisieas: a
nova
e ao mesmo tempo ltima
ctapa
em que
Stanislavski colocou
em duvida muitas
das suas
dcscoberras precedentes. Corn certeza, sem 0 trabalho precedente
no JX)deria te r descoberro 0
mtodo
das a6es fsieas. Mas apenas
naquele perodo realizou descobertas que considero uma espcie de
revelao: que os sentimenros no dependem da nossa vontade. Na
fase precedente isto ainda
no
estava c1aro
para
cie. Procurava a
famosa mem6ria emot iva . Achava
ainda
que
reconer s
recordacs
de
diferentes sentimenros
no
fundo
significasse a
possibilidade de retomar aos pr6prios sentimentos. Nisto havia um
erro - a f
no
faro de
que
os sentimentos
dependem
da vonrade. 0
entanto na
vida
podemos notar qu e
os
sentimentos sao
ndependenres da nossa vonrade. Nao quercmos amar algum, mas
affiamos; ou cnto 0 conrrnrio: queremos realmente amar algum,
mas
n a o c o n s e g u i m o s ~ s s e n t i f f i c n t o s
so
independentesda vontade
e, justamente por este motivo, Stanislavski,
no
ltimo perfodo
de
atividade, preferia,
no
tTabalho, colocar a nfase naquilo
que
esta
sujeito
nossa vonrade. Por exemplo, na primeira fase, cie perguntava
quais as emooes s quais 0
ator
tcndia nns diversas cenas. E
enfatizava os assim chamados eu quero . Mas, pormais que possamos
querer querer , isto nao a mesma coisa que 0 fato de querer .
Na segundafase, deslocou a nfase para 0 que passive] fazer. Porque
o que se faz
depende
da vonrade.
Mas 0 que aqu i\o que sc faz, 0 que a afio Aqucles que
ficaram na superffcie da terminologia das aoes ((sicas pensam que
seja, por exemplo, passear, fumar um cigarro e assim por dianre. Isso
significa que, para eles, aoes ffscas sac as atividades elementares
da vida quotidiana.
muira
ingnuo.
Os
OlltroS
que
preferiam
0
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-
N
'0
1;
c
. .
0 -
c
E
]
of
10
Sranislavski
do
periodo anterior,
repetem
sempre as suas afirma6cs
sobre
as
aes
micas
usando Cl
renninologia
das
emoes.
POT
exemplo:
agora ele nfio
0 ama, entao
queT ir
contra,
se esfora: 0
que
precise
fazer e
coisas
deste
ripa.
Estas nao sac
aes fsicas.
Outres ainda
misturam a represenrao corn as aes ffsicas.
Na conccpo
de Stanislavski, as aes nsicas
cram elemcntos
do
comportamento,
cram aes e1ementares
vcrdadeiramente
ffsiens.
mas ligadas
faco de
(Carol aos Qutros.
Olho, olho-o nos 01h05,
(emo
dominar.
Observa
quem
a favor e
quem contra. No olho
porque nao consigo encontrar em mim os argumentos . Todas as
foras c1emenrares
do
corpo
orienradas
cm
direo
a algum ou cm
direo
a si rncsmo: escutar,
olhar,
agir corn
0
objero, enconrrnr os
pomos de
apoio -
rudo isso
aao mica. Olha
e v, mas nao:
nao
olha
e
nao
v,
como
um
ator
ruim
em um
esperaculo feio. Ele
ccgo
e
surdo
em
rclaao
aesoutres,
em
relao aos parceiros, dispe
apenas
de
truques
para
esconder isto.
possivel faz-Io passar - por
meio
da
eficaCa
do
mxio
-
da
sinceridade simulada
sinceridade meio
verdadeira.
Do JX)ntO de vista
da
concepo do esper3culo,
muito.
Sc 0
diretor
um mestre da eficacia, pode ajudar 0 aror nissa. Mas
quera dizer
que. me afastando do culto do
profissionalismo, mudei
tambm
meu
conceiro
de efidCa.
7.
o l toda a sua vida
na
arte, Stanislavski dcixou
0 exemplo
de
que
precisa
estar
prepnmdo par;.
0
rraoolho, e foi cie mesmo qllem
formlllou a
importncia
do
rralxtlho de laborat6rio e dos ensaios
enquanro
processos criarivossem cspl'ctadores. E rambm a necessidadc
do
treinamento para
0
ator. Prestoll, assim, lltn grande servio.
No rreinamento do a to r, nos
exercfcios,
podc-se,
todavi
8/11/2019 Resposta a Stanislavski
6/10
-
~
9
l
12
8.
necessario procurara maneira para
libenar
a pr6pria existncia
que
se
volta cm direao a outra pessoa. Entao agimos no campo da
tcnica - da voz, por exemple. No possfvel comar rapidamenre
como
fundena.
Desre modo, se poderia apenas criar malemendidos.
um
trabalho longo e duro. Ouro nao tanto no sentido do esforo
necessario.
mas da
coragem ou
da detenninao.
T
odos
os excrdcios que nos propunhamos eram direcionados,
sem
exceo, ao
aniquilamemo das
resistncias.
dos
bloqueios. dos
estere6tipos individuais e profissionais. Tratavase de
exerdcios
obst3culo. Para superar os exerdcios,
que
sao como urna
armadilha,
preciso descobrir 0 pr6prio bloqueio.No
fundo
todos estes
exerdcios
tinham um carnter negativo, ou seja, serviam para descobrir 0 que
nao se devia fazer, mas nunca
0
que e corno farer. E sempre cm
relaao com
0
nosso proprio caminho. Quando os exercfCos j eram
executados
com maest ria excessiva e ram
modificados ou
abandonados.
Sc continussemos comearia
a tcnica pela tcnica,
o sar omo Quando sentamos
qu e
as fontes
no
agiam em
nOO
(ou
sobre nOO
quc
as rcsistncias nos bloqueavam, nos fechavam,
que
processo criarivo avanava , mas
era
estril,
enrno
voltvamos
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16
mas 0 espao
sempre
imprevisfve ,
0
rio
em que voc entra
sempre
novo. evidente
que
este
exemplo
se
refere a um nico nrvel.
Entretanto,
diz
respeitoa todos os dementos do comportamento do
homem no papel. E preciso definir
daqui
ali , as margens
que criam
aquele entre .
E
esta
a
partitura. Entao 0
a ~ o r
nao
esta
condenado
a pensar continuameme que
devo
fazer . E mais livre, porque nao
recusou a organizaao.
Quando
Stanislavski
trabalhava
sobre as aes fsicas,
superou,
mas
tambm
prolongou, a
sua
velha idia de
mem6ria
emotiva .
Perguntava ao
acor:
que voc
faria,
se
estivesse nas
circunstncias
dadas? Estas
circunstncias
sao as
circunstncias
do papel: a idade,
o
tipo,
a
corporeidade,
um
cerCO ripo de experincia.
Na sua
perspectiva,
era
muito 16gico e muito eficaz
Quando
eu
rrabalhava corn um
amr,
nao refletia
nem
sobre 0
se
nem
sobre as
circunstncias dadas . Existem pretextas ou
trampolins
que
criam
a
evenro
espetacular.
a
ator
apela
para
a
pr6pria vida, nao
procura
no campo
da mem6ria emotiva ,
nem do
sc . Dirige-se
ao corpo-mem6ria, nao
mem6ria do corpo , mas
justamentc
ao
cOfJX)mem6ria. E
ao corpovida. Entao
se dirige
para
as
experincias que
(ornm
para
cie
verdadeiramenre i m p o r r ~ n t ( s .1
para aquclas que
ainda
esperamos, que nao vieram ainda. vezes
a
recordaao de um ins tante, um nico ins tante, ou um CIelO de
recorda6es cm que aigu pcrmanece imutvel.
Por
exemplo, a
recordaao de uma
situa;'io-chave a respeito
de mulher.
rosto
da mulher
mllda (nos cpis6diosisoladosdllranre a vida e naqUllo
que
ainda
nao
foi
vivido),
wda
pessoa
pode mudar, mas em
todas as
existncias ou encama6cs existe
algo
de imutavel, como
filmes
diferemes
que se
sobrepem
uns nos
outros.
Estas recordaoes (do
passado
e
do
futuro)
sao reconhccidas ou descobertas
XIr
aquo
que tangvel
na natureza
do
corpe
e
de
todo 0 resto, .ou seja,. 0
corpe-vida.
Ali est
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-
N
1;
9
c
. 1.
-
c
E
l i
oC
f
18
13.
Stanislavski acredirava , 0 rcarro fosse a reali::an d. \ Jma
Stanislavski
foi
[alvez 0 m
;O
- mais puro e
indbcllthel
profissional de roda a hisr6ria do atro. 0 {carro cm d.c a
finalidade.
Nao sima
que
0
tcatro scja a finalidade para l n EXIste
apenas
0
Aro. Poclia acontecer que este
Arc
estivc c hem prximo
do
texto
dodrama, eoquanto
base. Mas
nao
poss me
pergllntar:
cra
ou
nao
era a rcalizaao
do rcxtQr
Nao sei. No sei sc cra fiel
l
cie ou
oao. Nilo me interessa
0
{carro
da
palavT3, porque
baseaJo sobre
uma
falsa visao da cxistncia humana. l 3.0 me nteressa tambm 0
tearro ffsico. Porque 0 que quet
dizcrt
Acrobacias cm cena? Grtos?
Rolar
no chao
Preporncia?
Nem
0 (carro
da
paluvra, nem 0 tearro
fsico - nem
0
t ea rro, mas a exisrncia viva
110
seu fevclar-se.
Stanislavski um dia disse: As palavras sac 0 cume das aes (sicas.
Aconrece que a lingua falada s6 um pretexto.
14.
Pcnso quc, dcnrro de cenos limites, esramos conuentluos
inqllict:lao. Existem,
no entanto,
limites dcfinidos de inquieraao
que JXXIemos slllx)r(ar. Sc procuramos 0 modo de nos esconder.atn1s
de f6rmulas inrdecrl nis,
nuas
dc idias,
de
slogans, ou seJa, sc
mentimos
:)
cada
instanl'e C(Jm 0 maior refinamcnto, estamos
condenados
i l
infelicidacle. Sc rudo aquilo que queremos fazer
empre apenas mrno, scmpre
.H
um cerro ponta, sempre comoos
outros , sempre cam 0 fim ue sermas 3ccitos, estamos condenados
infelicidade. Mas
se
- pa .ldoxalmntc - tendemos a llIua direao
diferente, a um ceno nvcl se manifesta a calma.
H momentos em que no existimos pela merade, quando
estamos em hannonia conosco mesmos. E nao no campodo intclecto,
mas globalmente. Se isto acomcce no trabalho, depois, sem dllvida,
vestiremos de nova a mascaraquotidiana, porque
nao
absolutamenre
possive evita-la. Cairemos talvez nas concesscs,
mas
elas nan tocamo
o nosso trabalho. E, corn efeito, estas
concessOeS
nao
iri'io
muiro longe.
De
fonna semelhante, diminuir
0
nosso medo, porque
uma funao
,1:1 (raqueza e das mentiras. Deriva do fato de que temos medo de
, n lrcmar a vida cara a cara.
Existem perigos mottais, mas
passiVe enfrema-Ios. Existe uma
rvlaaodireta
entre
a inquictaao, a incompletudee
0
medo. Porque
1
]1llSSVel responder aos perigos apenas apclando para as fontes, mas
.IS
fomes da vida comeam a funcionar verdadeiramente s6 depois
de diminarmos os remcndos, a mentira e a fraqueza.
15.
Freqenremenre
se
diz que 0 ator dcvc agir na primeira pessoa: 0
' \ :u e nao 0 papel . Esta era a tese de Smnislavski. Dizia: eu - nas
llrcunstncias do papel .
POl'
Olltro
bdo,
muitas vczes, qllase scmpre,
sc 0 ator pensa: eu , pensa no pr6prio auto-l'errata, na imngem que
~ l l s t a r i a
de imlXJr aos outrose a
si
mesmo. Mas
se
desafiado: descobrc
1 1
reu homem - isto ultrnpassa
as
suas foras comuns - rompe com
.lque a imagem social - exige tudo. E,
se
a esta chamada responde
lm a aao, cie nao (XXie nem mesmo dizer eu estou agindo , porque
'lstOSe age (nodevemosconfundir isto , Se , como id de Freud).
16.
Afirmci, no incio, que Meyerhold e Vakhtngov foram os
II1c1hores alunos de Stanislavski. Pcxlemos nos pergumar
se
a grandeza
dt.:
Stanislavski no era Meyerhold. A sua resposta ao mestre era a
prova
da
fora de Stanislavski, grande e fecundadora. No
fim
da
\ ilia, Meyerhold disse: Bem, a diferena entTe nasso tcatro Teatro
:\lcyerhold) Tcatro dc
Atte
de Moscou
T
AM) esta
no
faro de
'11le 0 TAM tinha 0 seu 1 esnidio, enquanro n6s somos 0 999 esnidio
.11) TAM .
A coisa mais digna de sel' invc;ada em Stanislavski
0
-vu leque inauditode alunos, dos quais Illuitos conseguiram encontrar
sel
pr6prio cam
in
ho - s vezcs
coma UIl1
corte ntido, atravs de
um
~ : l J t O que os leva
va
longe, s vezes cm estreita Iigao corn ele.
Jllumervcis alunos de Stanislavski repetem os termos do SCll
\ 'lCablllrio, falando dc tcma principal e de super-objetivo . Isto
,.
l'videnrc aqui
na
Amrica onde se difundiuo abllso
da
tenninologia.
19
8/11/2019 Resposta a Stanislavski
10/10
-
~
c
c
20
Mas aqueles rernvcis alunos
de
Stanislavski exisam tambm en a
QU[f >S lugares... Stanislavski foi morto por eles depois da morte . E
uma grande Iiao.
17.
Por
vezes afirmei -
alias
nao
original-
que
0
verdadeiro a1uno
trai 0 mestre com gmndezn . Ent3o, se procurava alunasde vcrdade,
f
l
rocurava pessans que me tra ssem corn grall eza .
Baixa traiao queT dizcr cuspir naquele que C itava do nosso
lado. Baixa rraiao
tambm
0 femmo
quito que fa(so e desleal
na nossa pr6pria natureza, mas
que
se adapta melhor quilo
que
os
outres _ X r exemplo, 0 ambicme - esperam de 06s,
do
que a n6s
mesmos.
Emao
recamos
cm
rudo aquilo
que
nos afasra
da
semente.
Mas existe
uma
traio grande : na ao,
nao
corn palavras.Quando
emcrg:c
da
fidelidade
pr6pria vida. Este
caminho
nac
se poele
prescrcvcr a ningum,
nao
se pode calcular. Pode-se apenas descobri
10 com tl csforo enom1C.
Ml: dnu conta de que estas frases prommciadas desta maneira
s50 sempre
um
pouco estereotipadas, quase achatadas, porm, pol
detrs desms (6rmulas se esconde uma realidade, uma experincia.
Sc, antigamenre, dizia
que
a rcnica que sigo a rcnica de
criar rcnicas pessoais, pr6prias,
no
fundo desra afirmaao esrava
aquele posrulado da rraio grande
n
Se
aluno pre-senre a pr6pria tcnca,
cnrao
se afasta
de
mim,
das minhas necessidadcs, que realizo a meu modo, dentro
do
meu
processo. Sera diferente. E se afasrara.
Pensa que
s6
a rcnica de criaI a pr6pria rcnica importante.
Qualquer
outra tcnica ou mrodo estr il .
Entretanto, agora, rodos esres problemas esr50 distantes de mim,
inclusive a questao do mestre e do aluno. Penso
que
ar
pensamenro, a pr6pria neccssidade
de
ser mn mestre seja - corno
acontece muiras vezes
quando
se racionaliza - uma fraqueza, porque
a busca da exisrncia atravs da posse dos alunos.
18.
lo creio
que
meu rrabalho
no
tearro
passa
ser definido com
nome de
novo
mrodo. Pooe-se charnar
de
mrooo, mas uma
pahwra muiro limirada. lio penso
nem
mesmo que se trare de algo
de nova.
Acho
que
es e ripa de pesquisa exisriu mais frt qenrememe
Jllra
do
realT
ainda
que
algumas vezes
tcnha
existido
cm
certos
Icarros. Tram-se do
caminho
da vida e do conhecimento. muiro
:ltltigo. Manifesra-se, formulado, segundo a poca, 0 rempo, a
M lCiedade\ Nao estou cerro de que aqueles
que
fizeram as pinturas
na grura de Trois Frres quisesscm unicarnente enfrentar 0 temor.
Talvcz... mas
nao
apenas. E
pensa
que ali a pintura
no
era
0
fim. A
pinruracra a via. Nesre sentido, me sinto muto mais pr6ximodaquele
que pintou aquele desenho rupestre que dos artisras que pensam
qlle
esro criando a vanguarda do l carro.
\
d
Ciesbk e Renll Mireo:b cm 0 /,r/n/1e onslwlle
de
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It. . cm e n c c n ~ ~ o
de
Grotowski. Tenlro L ~ b r a I 6 r i o
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Wrodnw,
21
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