REVISTA
Junho de 2014
Luiz Felipe Pond
Paulo Vicente Alves
Mario Sergio Cortella
EXECUTIVO DE TI DO ANO 2014: CONHEA OS VENCEDORES DE CADA CATEGORIA
A SOCIEDADEA SOCIEDADEA SOCIEDADEA SOCIEDADEEM TRANSIO
DA ERA INDUSTRIAL ERA DIGITAL
I N T O S H A R P N E S S
TVS AND PROJECTORSTO UP YOUR HD ANTE
T H E 4 K E F F E C T
w w w. i t f o r u m 3 6 5 . c o m . b r
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REVISTA IT FORUM
6 itforum365.com.br
PROJE
TADA
REAL
IDADEPGINA
| 58 IT FORUM DEBATE
Analytics, nuvem, dilogo com reas de negcio, direito digital, integrao de sistemas e inovao: o que empresas esto fazendo frente aos desafios de uma TI complexa e onipresente?
PGINA | 100 MOMENTOS
Relembre cenas do IT Forum 2014
PGINA | 126 EXECUTIVO DE TI DO ANO
Conhea os vencedores do prmio que evidencia no apenas projetos bem-sucedidos, mas a TI alinhada aos objetivos de negcio
PGINA | 14 DUAS FACES
Filsofo Luiz Felipe Pond chama ateno para benefcios e riscos de uma sociedade controlada por dados
PGINA | 44 DESCOMPASSO
Antes da TI, a Estratgia mostra que as 500 maiores empresas no Brasil caminham para adoo de novas tecnologias mas a ritmo diferente do que a indstria impe
100
NDICEREVISTA IT FORUM JUNHO 2014
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Revista IT Forum | Junho 2014 7
PROJE
TADA
REAL
IDADE
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58
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NDICE8 EXPEDIENTE12 EDITORIAL138 INFOFI
XAS
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E X P E D I E N T E
IT Mdia S/APa Prof Jos Lanes, 40 Edifcio Berrini 500 17 andar 04571-100 So Paulo SP
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EDITORIALFo
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EM COMUNIDADE,
ue futuro queremos? Que mundo deixaremos para os nossos filhos? Questes como essas, to ligadas s discusses sociolgicas e filosficas de uma viso de mundo, permearam boa parte do IT Forum 2014.
Sob o tema Sociedade em Transio da Era In-
VITOR CAVALCANTIEDITOR
ITF
dustrial Era Digital, Luiz Feli-pe Pond, Mario Sergio Cortella e Paulo Vicente Alves, que ilustram a capa da Revista IT Forum, levaram cada um sua maneira um discur-so que traz, no mnimo, um alerta para a sociedade que est em cria-o, muito em funo da influncia da tecnologia.
O narcisismo, to discutido nas aulas de filosofia, foi trazido por Pond, que enxerga na sociedade atual comportamentos narcisistas evidenciados sobretudo pela gera-o selfie, que busca popularidade enquanto cria sua rede de contatos. Aos usurios com mais de 30 anos, por j possurem sua rede de conta-tos, ele v at um sofrimento pela no popularidade na rede.
Alves, da Fundao Dom Ca-bral, ao tratar do mundo em 2050, relatou como a tecnologia pode e vai melhorar a qualidade de vida das pessoas. Mas trouxe, com pre-ocupao, o dilema do crescimento econmico x qualidade de vida x meio ambiente. Qual caminho essa humanidade seguir?
O fim das discusses ficou a cargo de Cortella, que discursou
sobre o que ganhamos e perdemos nos relacionamentos pessoais na era digital. A fala do filsofo est totalmente atrelada ao tema esco-lhido para este editorial: Em co-munidade, sempre!. Para ele, es-tamos nos distanciando cada vez mais do ideal humano, perdendo contato, o olho no olho, a confian-a, caractersticas essenciais para se viver bem em sociedade.
Assim, ele prega um resgate vida do campo, que ajudaria na busca pela pacincia e respeito ao tempo das coisas, evitando que caminhemos para uma sociedade mesquinha, imediatista, narcisista e que pouco se conhece. Ou seja, o fim da vida em comunidade. Um termo at engraado usado por Cor-tella para ilustrar o momento que vivemos a despamonhalizao da vida. Precisamos pamonhaliz--la novamente. E isso no significa abrir mo da tecnologia e todos os seus benefcios, mas balancear seu uso e retomar nossa essncia de vi-ver em comunidade...
At a prxima!
Vitor Cavalcanti
Q
SEMPRE
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KEYNOTE | LUIZ FELIPE POND
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PERSON
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Revista IT Forum | Junho 2014 1 5
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ois pontos de vista antagnicos sob os quais conduzimos nossas avaliaes e julgamentos. Enquanto a persona positiva tende sempre a enxergar o lado positivo da vida, a persona ne-gativa nos leva a encarar aspectos negativos e inconvenientes sobre ns mesmos, situaes diversas e sobre o mundo ao redor.
As personas positivas construdas na estra-tgia de comunicao das empresas so aspira-cionais e nos fazem querer chegar a um mundo onde as coisas acontecem, a um mundo onde as coisas funcionam desse jeito, diferentemen-te da persona negativa, elucidou o lsofo Luiz Felipe Pond, ao falar na abertura do IT Forum 2014, na Praia do Forte (BA).
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KEYNOTE | LUIZ FELIPE POND
ESTAMOS NUM MUNDO ATUAL COM UMA BELEZA QUE VOCS AJUDAM
A CONSTRUIR, MAS UM POUCO PERPLEXOS. VIVEMOS UM SONHO DE
MOBILIDADE, SIMULTANEIDADE, TEMPO REAL. MAS H UMA SENSAO DE UM PESADELO E QUE UMA HORA VAMOS
ACORDAR, OU QUE NO VAMOS, OU QUE PRECISO ACORDAR. SE CONSTRUMOS ESSE MUNDO E ELE PODE NOS TOCAR DE MANEIRA NEGATIVA, PODEMOS MUDAR
O especialista inaugurou o en-
contro com uma re exo sobre o
momento de transio vigente na
sociedade contempornea, mar-
cado pela instaurao de uma so-
ciedade orientada pelos meios de
tecnologia da informao, o que
muitos tericos chamam de hiper-
modernidade. Nessa nova era, a
tecnologia exerce um papel cen-
tral no direcionamento do modo
de vida, especialmente um concei-
to que empresas de TI e o mundo
dos negcios tm discutido bas-
tante nos ltimos anos: big data.
O big data, claramente, a
prxima ruptura da sociedade,
vislumbrou, propondo plateia
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KEYNOTE | LUIZ FELIPE POND
composta por CIOs das 500 maio-
res empresas do Pas uma re exo
sobre quais as rupturas sero tra-
zidas por uma sociedade dirigida
por dados, ou seja, pautada pelo
acmulo de dados. Da a necessi-
dade de entender a importncia
da persona negativa nesse contex-
to. Segundo Pond, ela que nos
faz entender o mundo, perceber di-
culdade reais e propor solues.
O prprio conceito de big data
apresenta-se nebuloso at mesmo
para o mundo dos negcios, onde
temos uma presso evidente nas
empresas pela adoo de ferra-
mentas capazes de coletar, arma-
zenar e analisar grandes volumes
de dados. Contudo, muitas compa-
nhias buscam encontrar formas de
extrair valor dessas tecnologias e,
mais, esbarram na di culdade de
montar equipes com pro ssionais
capacitados, os cientistas sociais e
de dados.
Quando pensamos em socie-
dade em transio, a existncia de
dvidas e incertezas so inerentes,
considerando o quo recente se de-
ram transformaes que alteraram
a forma como vivemos e nos rela-
cionamos a partir de tendncias
tecnolgicas, como a mobilidade,
redes sociais e computao nuvem.
O caso Edward Snowden, o Marco
Civil, so tentativas de construir
uma cidadania em torno do big
data, mas tudo ainda muito di cil
porque algo muito novo, a rmou.
O big data um big brother
da sociedade descrita por George
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KEYNOTE | LUIZ FELIPE POND
presas. Seria um retorno origem do marketing,
em que as aes eram mais pautadas na arte, ou
seja, na intuio dos profissionais?
Pond - A partir da perspectiva apontada pela em-presa de consultoria WGSM, a intuio romntica cada vez mais importante nesse contexto, ou seja, a capacidade que voc tem de se arriscar e propor alguma coisa, ainda que no se tenha a totalida-de das informaes isso porque ningum nunca mais vai ter essa totalidade das informaes. As empresas vo continuar precisando de pessoas de estatstica, mas vo precisar de algum dentro da equipe que possua outros conhecimentos. Ou seja, uma pessoa que consiga olhar esses dados sob a perspectiva da intuio.
ITF 365 - E como voc define essa intuio aplica-
da ao big data?
Pond - A intuio no algo que voc fala acho que isso, na realidade ela propiciada pelo ac-mulo de repertrio que vai alm da estatstica, alm do dado puramente bruto. a forma como voc consegue agregar valor quela estatstica e aquele dado advindo de outros repertrios. preciso uma gama de experincia de vida, leitura, cincias hu-manas. Essa capacidade de sntese, de arriscar um juzo em cima de dados. na verdade uma habili-dade que s algumas pessoas tm. A tecnologia no oferece isso ainda, talvez um dia oferea.
ITF 365 - E qual a dica que voc d para as empre-
sas e para os CIOs?
Pond - Buscar consultores em fsica social e de gente que trabalhe com fsica social e com intui-o, e essa uma rea que ainda est no comeo. E tambm investir mais em anlise estratgica de comportamento, como os publicitrios fazem. As agncias de publicidade descobriram h muito tem-po que o conhecimento ampliado uma ferramenta e o que, por tradio, falta s pessoas do mundo de tecnologia da informao.
IT Forum 365 - A contradio entre persona
positiva e persona negativa permeou toda
a sua palestra de abertura do IT Forum 2014
sobre a sociedade em transio. Na prtica,
como as empresas e gestores de TI devem
pensar nesse conceito?
Luiz Felipe Pond - s vezes as pessoas que ficam somente dentro desse mundo da tecnologia da in-formao acabam ficando meio cegas, no sabem onde esto inseridas nesse contexto e o que acon-tece ao redor. E isso vai contra o que chamamos na anlise de comportamento da persona negativa. Quando se est no negcio voc s pensa na perso-na positiva, no que legal. E quando voc s pensa no legal voc esquece de que a vida tambm tem uma dimenso negativa. Ela tem uma dimenso de limite, de insegurana, de perdas e na verdade isso domina grande parte da vida. E por causa disso que as pessoas buscam solues.
ITF 365 -E como o CIO pode aplicar tal conceito
em meio s transformaes lideradas pela tec-
nologia na atualidade, especialmente o big data,
ao qual voc se referiu como a prxima ruptura
da sociedade?
Pond - Acho que algum que trabalha e lidera o negcio em tecnologia da informao, lida com es-sas estruturas, tem que necessariamente construir um repertrio e procurar ajuda externa, se neces-srio, para entender o que uma persona negativa associada a essas estruturas, considerando inclusi-ve o fato de que a sociedade tende a ter um enorme controle da vida das pessoas, alm da invaso de privacidade. E no adianta dizer que no, porque histria da carochinha. Ento temos que nos pre-parar e aprender como vamos lidar com esse lado negativo do big data.
ITF 365 - Voc falou tambm sobre a necessidade
de uma intuio romntica na anlise de dados
como caminho que pode ser utilizado pelas em-
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KEYNOTE | LUIZ FELIPE POND
Orwell no romance 1984, em que todas as pessoas esto sob vi-
gilncia constante de autoridades por meio de telas, comparou
o lsofo. Ignorar a existncia do acmulo de dados e da evolu-
o de uma sociedade cada vez mais pautada pelas informa-
es no mais uma opo.
Assim, temos a persona positiva, ou seja, uma sociedade com
um enorme potencial de controle para prever doenas, analisar
o mercado, identi car per s de consumo. Mas tambm temos a
persona negativa: o risco de pessoas obcecadas por sade e do
controle do comportamento a partir do big data, apontou Pond.
Se voc somar exames, mensagens, emails, tudo isso descreve
um per l, uma vida, um comportamento, os tipos de relaciona-
mento que a pessoa teve. So muitos dados disponveis para
empresas e governos, e algo vai ter que ser feito em cima disso.
Diante do que chamou de cincia e economia de troca de
ideias, h uma forma correta de estabelecer as relaes pau-
tadas no uso desses dados? No entendimento do lsofo, o ca-
minho ser algo assim como a relao que os bancos tm hoje
com o dinheiro. Da mesma forma que as instituies nancei-
ras ganharam credibilidade para lidar com o dinheiro, as em-
presas devero conquistar o mesmo nvel de con ana para
controlar a persona negativa do big data. Para termos um lado
positivo, que avance, o uso dos dados dever ser regulamenta-
do assim como regulamentamos o dinheiro. ITF
O RETRATO DA SOCIEDADE DIRIGIDA PELO BIG DATAPOND APONTA AS PRINCIPAIS CARACTERSTICAS QUE MOLDAM A PERSONALIDADE DO SUJEITO CONTEMPORNEO
VIDA BURGUESA: PAUTADA PELA LGICA DA EFICINCIA, DO DINHEIRO E DO ACUMULO MATERIAL.
AMBIVALNCIA: SINTOMA QUE VAI CONTRA O RACIONALISMO MODERNO E TEM FORTE PRESENA DA PERSONA NEGATIVA. QUANTO MAIS VOC ACHA QUE VAI ESCLARECER AS COISAS, MAIS CONFUSAS ELAS FICAM, EXPLICA O FILSOFO.
CULTURA DO NARCISISMO: PSICANALITICAMENTE, O CONCEITO DE NARCISISMO DEFINE UMA PESSOA QUE, POR NO CONSEGUIR GOSTAR DE SI MESMA, CHEGA A UM ESTADO QUE CONSEGUE S PENSAR EM SI. POR ISSO PESSOAS TO PREOCUPADAS COM SEUS PERFIS NAS REDES SOCIAIS, EXEMPLIFICOU.
COMODITIZAO:TUDO TRANSFORMADO EM BEM AGREGADO VALOR FINANCEIRO.
RELATIVIZAO:ENQUANTO SOCIEDADE EM TRANSIO, A CERTEZA SOLAPADA, J QUE TUDO EST EM MUDANA, DANDO LUGAR S INCERTEZAS.
PROJETO SELFIE: AS REDES SOCIAIS TORNARAM-SE O ESPAO PARA OS INDIVDUOS TEREM CADA VEZ MAIS NO MUNDO VIRTUAL A VIDA QUE NO POSSUEM NO MUNDO REAL.
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KEYNOTE | PAULO VICENTE ALVES
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ESTAMOS PRESTES A VER A RECONFIGURAO DA ORDEM MUNDIAL, APS UM CONFLITO MARCADO POR FORTE PRESENA TECNOLGICA QUE CULMINAR NA ASCENSO DE UMA NOVA POTNCIA MUNDIAL
GABRIELA STRIPOLI
tecnologia,
CONFLITO E RUPTURA
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Revista IT Forum | Junho 2014 2 5
Foto
: Shu
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o possvel prever o futuro. Mas com base no passado possvel traar hip-teses viveis para o caminho do presente. Logo, assim como no passado houve naes dominantes que caram, guerras que quebraram sistemas econmicos e tecnologias que impactaram consideravelmente os poderes e a ordem mundial, a condio hoje estabelecida na geopoltica e no cenrio tecnolgico ir ruir.
Hoje vivemos a hegemonia americana. Se a estrutura de causa e efeito no se alterou, o passado boa evidncia de futuro. E em 2065 teremos uma guerra de transio, que durar aproximadamente 30 anos, e uma nova potncia sur-gir, defende o professor da Fundao Dom Cabral, Paulo Vicente Alves, no incio de sua palestra O Futuro em Quatro Atos, durante o IT Forum 2014.N
CONFLITO E RUPTURA
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KEYNOTE | PAULO VICENTE ALVES
IT Forum 365 - Voc refora a ideia de objetos
conectados ao corpo humano. Mas e a tendncia
de Internet das Coisas, com vrios objetos conec-
tados entre si, voc a v nesse contexto de evolu-
o tecnolgica e ruptura de paradigmas?
Paulo Vicente Alves - As duas coisas vo aconte-cer ao mesmo tempo. Vejo a lgica da Internet das Coisas, com objetos se comunicando por meio da rede, mas clara a tendncia de ciborguizao e ns tambm temos que ficar atentos a isso. Tem muito investimento indo nessa direo. Inicialmen-te por conta de estgio de guerra, repor braos de veteranos de guerra, uma quantidade grande de dinheiro j... O que se sabe que, l na frente, tudo isso ir gerar produtos para medicina. Junto com biotecnologia e nanotecnologia, um interesse mui-to grande por parte do governo nessas tecnologias para melhorar o ser humano, para sermos mais produtivos e eficientes. Nas prximas duas dca-das, na ordem de dezenas de milhes de dlares sero aplicados em pesquisas sobre isso.
ITF 365 - interessante mencionar a ligao do
ciborgue com a guerra... Melhores tecnologias
de melhoria humana podem influenciar no re-
sultado dos conflitos que iro apontar a nova po-
tncia, numa nova ordem mundial?
Alves - Vejo isso ocorrendo j, e uma parcela so os avies por controle remoto, os chamados drones. Hoje ainda so controlados remotamente, mas al-guns j tm protocolos internos em caso de perda de contato, independente do humano. Hoje, o pro-tocolo de inteligncia artificial deles muito sim-ples, algo como caso perda de contato por um perodo de tempo, acionar navegao reversa para o ponto de origem.
S que mostram alguns analistas e estudiosos de guerra que em alguns casos, no h tempo para tomar deciso. Ento h uma autorizao se o dro-ne vai disparar ou no uma arma. Quer dizer, na verdade j um rob fazendo uma deciso aut-
5 PERGUNTAS PARA O PROFESSOR PAULO VICENTE ALVESKEYNOTE || PAULO VICENTE ALVES
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: Pho
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KEYNOTE | PAULO VICENTE ALVES
noma de tirar ou no a vida humana. A h uma discusso tica.
ITF 365 - A tecnologia e a tica sempre vo andar em conflito?
Alves - Uma desafia a outra. Sempre foi assim.
ITF 365 - Alm das mquinas conectadas, como fica a influn-
cia da conexo entre pessoas nos conflitos mundiais at com
o maior nmero de possibilidades de mobilizao virtual hoje
com redes sociais e disseminao da internet?
Alves - Vai ter influncia sim, e quando voc fala de mdia so-cial e mdias de comunicao em massa, na verdade, para mim a primeira tecnologia que influenciou isso foi o jornal impresso. A imprensa, o chamado quarto poder. Quando isso comeou a se transformar o poder? No final do sculo XVIII, incio do sculo XIX, tem uma frase que se aplica: Se a monarquia tivesse apren-dido a lidar com a imprensa, ela no teria cado. Poucas pessoas comunicando para muitos j conseguem fazer uma manipulao de um lado para outro, tica ou no tica, voc consegue alterar a percepo das pessoas.
O que temos agora so novas tecnologias fazendo isso, em vez de poucos para muitos temos muitos para muitos. E, na verdade, voc comea a ter o processo de auto-organizao. Os grupos se organizam em torno de ideias e interesses comuns, e quando se gera uma massa crtica, isso comea a criar um movimento de ma-nada o que a gente viu na Primavera rabe, o que a gente viu em Occupy Wall Street, nas rebelies da Europa agora na Ucrnia e at mesmo no Brasil, em junho de 2013.
Mais forte, mais intenso, mais rpido, mas no muito diferen-te da lgica do sculo XIX.
ITF 365 - Qual o ponto de ligao das tecnologias sociais, tidas
como ruptura tecnolgica, e a mdia tradicional? Alves - Ainda um meio de comunicao sobre o qual as pes-soas podem conversar e trocar ideias. Mas no uma telecomu-nicao... mais intenso e menos controlvel, por isso mesmo chamado de auto-organizvel, o sistema se controla sozinho e a est a ruptura. No final do sculo XIX e XX, muitos governos tentaram controlar a mdia. E hoje em dia isso impossvel, na prtica. Voc pode at limitar Facebook, Twitter, etc, mas have-r outro caminho. Na minha percepo, isso muito positivo. E quem aprender a lidar com isso vai se manter no poder.
Em um convite para todos re e-
tirem sobre os caminhos de nossa
sociedade, o professor menciona
os ciclos de potncias hegemni-
cas que se sucederam desde 1492,
na poca das grandes navegaes.
Uma potncia quela poca em
Gnova, com os Habsburgos per-
manece no topo por perodo de
aproximadamente 120 anos, que
quebrado com uma guerra de tran-
sio e ento outra potncia surgir.
A aposta do professor que a
potncia atual, os Estados Unidos,
deve comear a enfrentar o per-
odo de transio e isso teria sido
antecipado por duas pequenas
crises, como a do petrleo, a incer-
teza econmica mundial que vive-
mos agora, e quem sabe pequenos
con itos iminentes como a crise
generalizada nos sistemas de apo-
sentadorias, com o aumento da ex-
pectativa de vida e diminuio do
nmero dos jovens.
PROBLEMAS REAISE qual o sistema que sobrevive a
essas rupturas? Um sistema exvel
e aberto, que ainda est por surgir.
E para voc que acha que o se-
tor de tecnologia alheio a esse
cenrio macroeconmico, est en-
ganado. Esse ciclo acontece acom-
panhado de tecnologias, desde
a mecanizao inicial, passando
por vapor e ferrovias, eletricidade
e engenharia pesada at chegar,
en m, a telemtica e internet. Para
provar o relacionamento da tecno-
logia com con itos e guerras, basta
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KEYNOTE | PAULO VICENTE ALVES
lembrar que a web nasceu com o
Departamento de Defesa dos Es-
tados Unidos, em uma poca de
rupturas e incertezas frente a uma
guerra de desestabilizao uma
vez que havia a necessidade de
manter-se a comunicao caso a
Guerra Fria se tornasse real com
batalhas nucleares.
DESENVOLVIMENTO HUMANO
O caminho para a tecnologia, se-
gundo a aposta de Vicente, o que
se chama de HET, sigla para Human
Enhancement Technologies. Trata-
-se da incorporao de biotecnolo-
gia, unindo TI e at mesmo alta tec-
nologia mdica, para melhoria da
qualidade de vida e, quem sabe, a
imortalidade. Vocs acham isso es-
tranho? Quem aqui nessa sala usa
culos ou lentes de contato? Quem
aqui nessa sala j foi injetado com
um microcomponente chamado
vacina?, provoca o professor.
E novamente chama a ateno
para qual pas liderar a corrida
tecnolgica em prol da hegemo-
nia. Nesse ponto, Vicente conta
que, no Sudeste Asitico, j exis-
tem sinais de coopetio a m de
responder a esse desa o com coo-
perao antes da competio com
naes rivais. Trata-se da unio de
pro ssionais de diferentes reas
e at mesmo de diferentes pases
da regio a m de um objetivo em
comum. A presso de competio
muito superior. Assim, eles coo-
peram para fazer a tecnologia agir
mais rpido. E ns vamos aos pou-
cos nos ciborguizando, s que at
hoje achamos tudo normal. A tec-
nologia ir chegar ao corpo e daqui
a alguns anos, isso vai car cada
vez mais frequente, projeta.
O que ele quer dizer que a
tecnologia um dos caminhos ine-
vitveis que iro ajudar a trilhar a
prxima potncia do futuro para
resolver o problema mundial atu-
al: preservao do meio ambiente,
controle populacional e erradica-
o da pobreza. Hoje, com os recur-
sos disponveis, s possvel resol-
ver dois deles, permanecendo a
evidncia de um con ito iminente.
Iro sobreviver os sistemas (tanto
tecnolgicos como polticos) mais
exveis e descentralizados, em
detrimento de regimes centraliza-
dos e no exveis.
Ciclos de Hegemonia
1492-1618 1648-1785 1815-1914 1945-2065?
1618-1648 1785-1815 1914-1945 2065-2095?
Hegemonia
Guerras Napolenicas
Guerra dos30 Anos
Guerras Mundiais ?
EUAReino UnidoHolandaGnova/
Habsburgo
Guerra de Transio Guerra de Transio Guerra de Transio Guerra de Transio
Hegemonia Hegemonia Hegemonia
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KEYNOTE | PAULO VICENTE ALVES
Nesse sentido, h trs correntes
para o futuro do ser humano: cibor-
gues, com aproveitamento de par-
tes tecnolgicas no corpo humano;
ciberpunks, com pequenos atribu-
tos tecnolgicos no corpo; e imor-
tais, cuja prpria de nio est no
termo. E isso j est acontecendo,
segundo Vicente. Ele menciona os
telmetros arti cias que, em uma
explicao simplista, a recoloca-
o de partes do nosso DNA que
perdemos com o passar dos anos e
que causam o envelhecimento.
Essa tecnologia j existe e j
foi testada em ratos, trazendo um
aumento na expectativa de vida.
Assim, nos humanos, a promessa
de evoluo a melhora fsica e o
retardamento da velhice. Os pes-
simistas dizem que o primeiro
ser humano a viver 135 anos nas-
ceu na dcada de 60. E o primei-
ro a viver quase mil anos nasceu
nos anos 90. Quem aqui tem filho
que nasceu nessa poca?, provo-
ca o professor.
SINAIS DE MUDANAE j vemos sinais de mudan-
a em nossos estilos de vida que
evidenciam a entrada no tempo
de transio. At bem pouco tem-
po atrs, por exemplo, coisas que
hoje parecem simples eram im-
pensveis, como o trabalho e lazer
em rede (no camos todos co-
nectados em redes sociais?); tra-
balho em movimento (responde-
mos e-mail e acessamos sistemas
em nossos smartphones); concei-
to de casa expandida (quantas
vezes voc no deu aquela para-
dinha no trabalho para reservar
uma mesa para jantar com sua
famlia?); e trs faixas de fuso ho-
rrio (atire a primeira pedra quem
nunca checou o e-mail noite, de
casa, para ter certeza se recebeu
uma resposta vinda da costa oes-
te americana).
E para quem est curioso sobre
quais as apostas do professor sobre
quem ser a grande potncia dos
prximos anos? Ele tem algumas
apostas: Europa uni cada; Estados
Unidos de la Amrica, formado
pela fora latina-imigrante; China;
ndia aliada a novas colnias afri-
canas... e o Brasil. ITF
Tecnologias
1770-1820
1820-1870
1870-1930
1930-1980
1980-2030?
2030-2080?
Mecanizao inicial
Eletricidade e engenharia pesada Telemtica
Vapor e ferrovias Produo em massa e Fordismo
??
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KEYNOTE | MARIO SERGIO CORTELLA
3 4 itforum365.com.br
EMBORA ENALTEA BENEFCIOS TRAZIDOS PELAS TECNOLOGIAS DIGITAIS, MARIO SERGIO CORTELLA SUGERE UMA REFLEXO SOBRE O USO EXAGERADO DO ARSENAL TECNOLGICO PARA EVITAR IMPACTOS NEGATIVOS NAS RELAES INTERPESSOAIS
VITOR CAVALCANTI
ESTAMOS EXAGERA NDO?
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Revista IT Forum | Junho 2014 3 5
Foto
s: P
hoto
gam
a
comportamento das pessoas seja na vida pessoal ou no ambiente corporativo tem sido tremendamente impactado pelo uso massivo das tecnologias digitais. Horas de dilogos e interaes diversas so substitudas com frequncia por mensagens no WhatsApp, e curtidas e compartilhamentos nas redes sociais, facilitadas por sua vez pela popularizao de tablets e smartphones. Um processo que se iniciou de forma lenta e gradual no h uma dcada, mas h algumas - haja vista que a chegada da TV no nal dos anos 1920 modi cou hbitos de convivncia familiar - caminha para ter consequncias talvez irreversveis para a humanidade. A anlise no tem a inteno de amedrontar ningum e nem de trazer uma mensagem apocalptica, mas sim de servir de alerta e provocar uma re exo sobre como cada um de ns temos nos com-portado e agido diante de situaes simples do dia a dia. E o aconselhamento no vem da reportagem, mas do lsofo Mario Sergio Cortella.
DENISE CIAVATTA, Lder de TI do Grupo LATAM Airlines no Brasil
O
ESTAMOS EXAGERA NDO?
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KEYNOTE | MARIO SERGIO CORTELLA
Nascido em Londrina, interior
do Paran, mas radicado em So
Paulo h 46 anos, o lsofo, escri-
tor e professor da PUC-SP, ao falar
durante o IT Forum 2014, ressaltou
por diversas vezes a magnitude
do mundo digital e todos os be-
ne cios por ele trazidos. De longe
pregou qualquer dio tecnologia,
mas frisou que cada vez mais nos
distanciamos daquilo que a vida
real. Para discursar sobre a proble-
mtica o que ganhamos e o que
perdemos nos relacionamentos
pessoais na era digital, o educador
recorreu at ao livro Alice no Pas
das Maravilhas. Ele lembrou da pri-
meira passagem da personagem,
que logo ao se encontrar no mun-
do estranho no entende se aqui-
lo real. Para o lsofo vivemos o
mesmo estado atualmente dentro
de um espao como o Facebook.
Estamos num mundo atual com
uma beleza que vocs ajudam a
construir, mas um pouco perple-
xos. Ser que iremos ou temos que
acordar de algum pesadelo?, inda-
gou em certo momento.
O mundo digital tem coisas
magni cas na conectividade, mo-
bilidade, instantaneidade, mas no
pode fazer o que zemos com vrias
coisas de nossas cidades: tirar a ferti-
lidade. Vivemos um sonho de mobi-
lidade, tempo real, mas h uma sen-
sao de pesadelo. Somos homens e
mulheres que construmos o magni-
co que o mundo digital, mas esse
magni co no pode nos soterrar,
re etiu, diante de uma plateia for-
mada por CIOs representantes das
500 maiores empresas do Brasil e
executivos das principais marcas da
indstria de TI.
O imediatismo, bom para to-
mada de deciso nos negcios,
foi transposto para a vida pesso-
al, causando um sentimento de
viva como se no houvesse o
amanh. Os jovens, como
lembrou Cortella, justi cam
uma festa em qualquer dia
da semana tendo isso em
mente, como se existisse
um desespero por viver,
por aproveitar a vida. Per-
demos um pouco da sere-
nidade da existncia, da
pacincia, nos distancia-
mos do mundo agr-
cola que oferecia a
ideia do tempo de
espera. Vivemos
a despamonha-
lizao do mun-
do. Por que se
fazia pamonha?
Para car junto.
No sbado os
homens co-
lhiam o mi-
lho na roa,
as crianas
tiravam a
casca e o
cabelo do mi-
lho, a mulher
o cozinhava e se
comia pamonha
por volta das 4 da tarde.
Agora estamos conectados
MARIO SERGIO CORTELLA
mada por CIOs representantes das
500 maiores empresas do Brasil e
executivos das principais marcas da
indstria de TI.
O imediatismo, bom para to-
mada de deciso nos negcios,
foi transposto para a vida pesso-
al, causando um sentimento de
viva como se no houvesse o
amanh. Os jovens, como
lembrou Cortella, justi cam
uma festa em qualquer dia
da semana tendo isso em
mente, como se existisse
um desespero por viver,
por aproveitar a vida. Per-
demos um pouco da sere-
nidade da existncia, da
pacincia, nos distancia-
mos do mundo agr-
cola que oferecia a
ideia do tempo de
espera. Vivemos
a despamonha-
lizao do mun-
do. Por que se
fazia pamonha?
Para car junto.
No sbado os
homens co-
lhiam o mi-
lho na roa,
as crianas
tiravam a
casca e o
cabelo do mi-
lho, a mulher
o cozinhava e se
comia pamonha
por volta das 4 da tarde.
Agora estamos conectados
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Revista IT Forum | Junho 2014 3 7
e longe, mesmo que na mesma
sala e no mesmo espao.
O lsofo brincou dizendo
que em uma casa com seis pes-
soas, enquanto um dos lhos est
conectado pela internet com al-
gum no Nepal, este mesmo no
sabe informar se os pais esto em
casa. Outro exemplo a imerso
a um contedo distante e ao qual
damos importncia como se a
pessoa do noticirio estivesse ao
lado de nossa casa. Ele exempli-
cou dizendo que o lho sabe o
salrio de um jogador de basque-
te no Canad ou se uma mulher
teve quadrigmeos em Tessal-
nica, mas no consegue informar
qual o gosto musical da me.
E diante disso tudo, vem a
clssica pergunta: o que quere-
mos? O que perderemos ou j
deixamos para trs em meio a
esse turbilho de coisas as quais
somos expostos diariamente?
Para ensaiar uma resposta, o
filsofo recorreu ao come-
diante francs Pierre Dac ao
citar: O futuro o passado
em preparao. Que pas-
sado teremos em 20 ou 30
anos? E volto novamente
ao livro Alice. O personagem
que mais aprecio o gato, que
encontra a Alice duas vezes na
histria. Na primeira nada acon-
tece, na segunda, ela est perdi-
da naquele mundo, como ns
nesse, e o questiona: voc pode
me ajudar. Para onde vai essa
estrada? O gato responde: para
onde voc quer ir?. E a menina
diz: no sei, estou perdida. Ao
que o gato devolve: para quem
no sabe para onde vai, qual-
quer caminho serve. Por isso, a
grande questo, junto com o que
ganhamos e perdemos, para
onde queremos ir. Que passado
estamos construindo.
O filsofo usou parte de sua
apresentao tambm para cri-
ticar a forma errada com que se
utiliza a palavra evoluo para
justificar qualquer tipo de mu-
dana comportamental, como
essa pela qual a sociedade pas-
sa. Ele pede muito cuidado com
a interpretao, uma vez que,
em sua essncia, evoluo mu-
dana e no melhoria. Evoluir
pode ser bom ou ruim. Darwin,
como lembrou Cortella, usava
evoluo com significado certo,
e longe, mesmo que na mesma
sala e no mesmo espao.
O lsofo brincou dizendo
que em uma casa com seis pes-
soas, enquanto um dos lhos est
conectado pela internet com al-
gum no Nepal, este mesmo no
sabe informar se os pais esto em
casa. Outro exemplo a imerso
a um contedo distante e ao qual
damos importncia como se a
pessoa do noticirio estivesse ao
lado de nossa casa. Ele exempli-
cou dizendo que o lho sabe o
salrio de um jogador de basque-
te no Canad ou se uma mulher
teve quadrigmeos em Tessal-
nica, mas no consegue informar
qual o gosto musical da me.
E diante disso tudo, vem a
clssica pergunta: o que quere-
mos? O que perderemos ou j
deixamos para trs em meio a
esse turbilho de coisas as quais
somos expostos diariamente?
Para ensaiar uma resposta, o
filsofo recorreu ao come-
diante francs Pierre Dac ao
citar: O futuro o passado
em preparao. Que pas-
sado teremos em 20 ou 30
ESSA TRANSFORMAO TROUXE VANTAGENS, MESCLEI TELEFONIA FIXA COM CARTAS PARA AMIGOS. PORQUE O TELEFONE ERA CARSSIMO. OU AINDA TELEGRAMA COBRADO POR CARACTERES. MEUS FILHOS DEIXARAM DE ESCREVER PORQUE O USO DA TELEFONIA FOI MAIS INTENSO. ESSA NOVA GERAO VOLTOU A ESCREVER, ESCREVE NO TWITTER, FACEBOOK, BLOG E MUDOU AT O NOSSO TRABALHO ESCOLAR. SOU DA REA DA EDUCAO E FUI SECRETRIO QUANDO COMEOU USO DO COMPUTADOR NO TRABALHO PEDAGGICO
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KEYNOTE | MARIO SERGIO CORTELLA
ainda que muitos o interpretem
erroneamente. Ele ainda provo-
cou dizendo que cncer tambm
evolui e a falncia progride.
No preciso ter viso catas-
tro sta do futuro, mas no pode
ser triunfalista, se essa mudana
no for adensada, re etida, se no
pensar para onde se quer ir, daqui
20 ou 30 anos teremos di culdade
de imaginar algo decisivo. O mun-
do que deixaremos para os lhos
depender dos lhos que deixare-
mos para esse mundo. comum
ouvir eles so assim, s querem
tecnologia, querem car a noite
toda na internet. Se o seu lho s
quer car na internet, trate-o, ele
tem obsesso. Toda obsesso
doentia. Algum que s tem um
interesse tem ausncia de outros
interesses, a rmou.
Por outro lado, ele citou algo
positivo dessa transformao: os
jovens esto lendo mais e volta-
ram a escrever, ainda que com
textos mais curtos e sob crticas
de que escrevem errado. E em-
bora seja verdade que eles come-
tam erros gramaticais terrveis,
abreviam tudo e fazem um uso
demasiado de grias, preciso
olhar para isso de maneira mais
positiva. Todo mundo escreve
errado antes de escrever certo.
Eles escrevem vc em vez de
voc. Mas h 300 anos seria vos-
sa merc, h 200 anos vosmec,
depois voc e o mineiro oc. A
expresso refri, como diminuti-
vo de refrigerante, ou uma cerva,
para cerveja, podem ser incorpo-
QUANDO ENTRO NO HOSPITAL DESEJO UMA TECNOLOGIA
ADEQUADA, MAS NO QUERO UM MDICO QUE NO PONHA A MO
EM MIM E ME VEJA COMO OBJETO. ISSO EVOLUO NO SENTIDO DE
MUDANA, NO DE MELHORIA, MUITAS COISAS EVOLUMOS PARA
MELHOR E OUTRAS NO
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KEYNOTE | MARIO SERGIO CORTELLA
radas como parte da lngua for-
mal em 20 anos.
O fato que realmente a tec-
nologia tem tomado boa parte da
ateno das pessoas. E isso pode
criar uma humanidade que estra-
nha o contato pessoal, que est
em sua essncia de comunida-
de. Se na exploso do fenmeno
mvel e das redes sociais era le-
gal chegar no bar com os amigos
e ficar fotografando e postando,
esse comportamento que foi
moda j comea a incomodar e a
criar movimentos contrrios, nos
quais, na mesma mesa, uns pe-
dem aos outros que no atendam
ligaes ou consultem as redes
sociais o tempo todo. Seria uma
tentativa de resgate? Talvez. Mas
importante ter em mente que
no se pode considerar saudvel,
normal ou evolutivo a falta de
dilogo, o olhar no olho, o aperto
de mos, os jantares em famlia, o
jogar tempo fora com vizinhos ou
mesmo com os colegas de traba-
lho em happy hours.
O magn co mundo que faze-
mos e precisamos, que o estupendo
mundo digital, no pode de maneira
alguma afundar nossa capacidade
de relao, retirar nossa humanidade
e dizer que evoluo. No se dis-
pensa o mundo digital, que nos ajuda
a ganhar muita coisa, mas nos distrai,
nos distancia da conversa, no [IT] f-
rum a gente vive, d risada, se cum-
primenta, usa crach e se trata pelo
nome. Isso nos preenche, porque no
dia a dia deixamos essas circunstn-
cias annimas. ITF
Mundo DigitalA cada 60 segundos
+ DE 70 DOMNIOS SO REGISTRADOS
+ DE 510 MIL COMENTRIOS SO FEITOS NO FACEBOOK
+ DE 690 MIL BUSCAS SO
FEITAS NO GOOGLE
+DE 13 MIL APLICATIVOS PARA IPHONE SO BAIXADOS
+DE 98 MIL TWEETS SO POSTADOS
Brasil DigitalEm abril de 2014, o Pas chegou a 273 MILHES de celulares e 114 MILHES de assinantes de banda larga mvel, segundo a Anatel
Em 2012, o brasileiro passou em mdia 46 HORAS conectado por ms
Pesquisa da FGV contabilizou em 2013 118 MILHES de computadores pessoais, 3 MQUINAS a cada 5 HABITANTES
Do total de PCs, 5 MILHES so tablets no Pas, segunda a FGV
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PAINEL - ANTES DA TI, A ESTRATGIA
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Revista IT Forum | Junho 2014 4 5
Painel - antes da ti, a estratgia
Fo
tos:
Pho
toga
ma
xiste crescimento e evoluo no papel da tecnologia da informao entre as 500 maiores empresas do Brasil. Fica claro quando olhamos alguns dados trazidos pelo estudo Antes da TI, a Estratgia, realizado pela IT Mdia em par-ceria com o consultor Srgio Lozinsky: aproximadamente metade dos CIOs prev aumento de mais de 6% do ora-mento para este ano, 42% pautam seus investimentos por um Plano Diretor de TI e mais CIOs (32%) indicam partici-par amplamente das discusses estratgicas do negcio em comparao com os resultados do ano passado.
E pro
jEta
da
rEal
idadE
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PAINEL - ANTES DA TI, A ESTRATGIA
no nosso funcionrio padro... Dar suporte incremental inte-
ressante, mas sempre tem algum fora de nossa empresa fazen-
do algo diferente, pondera Lozinsky.
INOVAO E RUPTURASDurante o debate promovido no IT Forum 2014, veio tona o
tema da inovao liderado pela TI, j que a tecnologia capaz de
causar quebras de paradigmas e promover rupturas. Vale lem-
brar, conforme ponderam Lozinsky e o consultor Cezar Taurion,
moderador do debate durante o IT Forum, que o conceito de
inovao ideal multidisciplinar, com a TI permeando todos os
pontos estratgicos da operao.
No caso da BRF, empresa formada pela fuso da Sadia com
a Perdigo, embora a TI no esteja frente dos projetos, ela par-
ticipa por conta da multidisciplinaridade do conceito aplicado
na empresa. O CIO Ney Santos conta que a companhia montou
um comit de inovao liderado por marketing. A TI, apesar de
Esses dados no so to otimis-
tas quando consideramos as pon-
deraes de Lozinsky, que so: o
cenrio econmico provavelmente
revisar esses percentuais para bai-
xo at o m do ano; os Planos Direto-
res muitas vezes no so cumpridos
porque surgem outras prioridades
(em 2012, foram 41% nessa situao);
38% ainda tratam o planejamento
de TI de maneira departamental e
ainda o percentual de CIOs que a r-
ma participar dos debates estratgi-
cos considerado baixo.
Com a TI acendendo o alerta
entre as 500 maiores empresas do
Pas, questionar a inovao na-
tural. Muitas vezes, para o lder de
tecnologia, simplesmente apoiar
uma deciso de negcio pode ser
classi cado erroneamente como
algo inovador. Lanar um novo
produto no mercado nem sempre
inovar. Tudo bem, algo novo,
mas o per l de inovao outro,
O PERFIL DE INOVAO NO NOSSO FUNCIONRIO PADRO. DAR SUPORTE INCREMENTAL INTERESSANTE, MAS SEMPRE
TEM ALGUM DE FORA DE NOSSA EMPRESA FAZENDO
ALGO DIFERENTE
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4 8 itforum365.com.br
PAINEL - ANTES DA TI, A ESTRATGIA
no causar uma ruptura, entra planejando a demanda de siste-
mas para cada novidade. E importante: projeto, inovao, ou
qualquer coisa que entra, logo aps a aprovao j entra no ora-
mento do ano ou no do ano seguinte para garantir a entrega de
resultado, conta.
No h aprovao de nenhum projeto, seja ele qual for, sem a
TI. Demorou um tempo para elas [reas de negcio] perceberem
que no tem empresa sem participao de TI. Voc no conse-
gue de nir o produto na gndola sem sistema, ou o preo, por
exemplo. O sistema nanceiro, como o caso dos bancos aqui, j
nasceu entendendo isso e aos poucos as outras indstrias vo
entender tambm, pondera.
No toa que um dos setores mais poderosos da econo-
mia, o nanceiro, viu na unio de concorrentes a ttica para
combater agentes externos muito pequenos mas que, com ino-
vao tecnolgica a seu favor na tendncia de mobilidade, des-
pontaram no radar e provocaram essa quebra de paradigma. O
exemplo, trazido no painel Antes da TI, a Estratgia do IT Forum
APENAS 10% DOS CIOs PRETENDEM SER
PIONEIROS NA ADOO E APLICAO DE NOVAS
TECNOLOGIAS
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PAINEL - ANTES DA TI, A ESTRATGIA
2011
2014Diretores ou Vice-Presidentes
2011
2014
Antes da TI, a estratgia 2014 500 maiores empresas do Brasil
Menos de 50% dos CIOs entendem que suas empresas percebem TI como estratgica
TI Investimentos
Mobilidade
Segurana
Sistemas de Gesto
esperam o maior impacto nos negcios
dos projetos liderados pela TI
60%
65%
68%
Mobilidade70%
46%
Risco interno50%: Estreitamento das margens de lucro**Primeira vez que ultrapassa reteno de mo de obra qualificada
Risco externo:Baixo crescimento/estagnao
33% 40%
2013 2014
INOVAO
+ de 50% veem inovao como departamento- de 20% enxergam conceito de inovao como multidisciplinar
63,5% indicam oramento especfico31% tm acompanhamento da diretoria
GOVERNANASubordinados Presidncia
32%50%
52%
64%
Avaliao do ROI
Gesto de Projetos o processo que se destaca (72%) em formalizao importante avaliar a eficcia dos projetos, na prtica
2014
201318%
28%
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PAINEL - ANTES DA TI, A ESTRATGIA
2014, elucida bem o ponto levanta-
do por Lozinsky.
Como? Empresas como PayPal
e outras carteiras digitais passaram
a abocanhar uma importante fatia
das transaes digitais pela facilida-
de aos usurios que os bancos tradi-
cionais no eram capazes de suprir.
Em mobilidade, ns [bancos] temos
que estar juntos. Nossos maiores
concorrentes no so bancos, mas
o monte de aplicativos criados pe-
las empresas que tm a capacidade
de ser um novo entrante, justi ca
Marcelo Frontini, do Bradesco. Ele
se refere unio do Bradesco com
o Banco do Brasil para a criao da
Stelo, anunciada em abril.
NUVEM E MOBILIDADE importante, contudo, no
classi car as companhias tradi-
cionais como atrasadas em tec-
nologia. Na verdade, conforme in-
dicam os dados do estudo, existe
um descompasso entre o discurso
da indstria de TI em cima das
quatro grandes tendncias da era
digital mobilidade, nuvem, big
data e social e a realidade do dia
a dia dos negcios. Apesar de no
serem termos novos nas conversas do CIO, o dia a dia mostra
que as tendncias ainda esto comeando a amadurecer e, por-
tanto, h muito caminho pela frente.
Mobilidade e nuvem parecem ser as que mais tiveram espao
para uma certa evoluo. Do nosso lado temos o parque de dis-
positivos muito grande. Eu e meus pares estamos investindo em
tecnologia para gerir esse parque, mas o que falta so aplicaes,
diz o CIO da Rhodia, Fernando Birman. Alm dos sistemas, ele se
refere aos processos de negcios que poderiam ser aprimorados
se smartphones e outros dispositivos mveis chegassem a eles,
sem se restringir apenas s mos de executivos e gestores nos
projetos que acabam sendo mais conhecidos e recorrentes.
Se voc perguntar o que a indstria est fazendo em mobili-
dade, muitas vezes a resposta decepcionante, muito pouco dos
processos de negcios feito em dispositivos mveis. Entende-
mos que uma tendncia, mas o que h hoje pouco, analisa. At
por conta desse potencial, no de se espantar que o Antes da TI,
a Estratgia mostra que mobilidade segue como a tecnologia da
qual espera-se o maior impacto nos negcios nos prximos anos.
Geraldo Dezena, do Banco do Brasil, menciona que 11% das tran-
saes bancrias da companhia nanceira j so feitas via smar-
tphone. Muitas delas no so nanceiras, mas j h algumas, como
crdito. O que preciso entender que, para isso, o investimento
que precisamos fazer grande e existe todo um trabalho de apren-
dizado, pondera. E mais uma vez enfatiza a condio do mercado:
Estamos em um nvel que h um mundo todo pela frente.
Birman complementa que a nuvem se mostra um pouco
mais desenvolvida ao lado da mobilidade por conta de uma cer-
ta imposio de ritmo pelo mercado. Est virando uma espcie
de padro, algo muito bom para a indstria de so ware, resolve
uma srie de questes como licena e para a gente muito prti-
Geraldo Dezena, do Banco do Brasil
Marcelo Frontini, do Bradesco
Cezar Taurion, consultor
Ney Santos, da BRF
Fernando Birman, da Rhodia
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PAINEL - ANTES DA TI, A ESTRATGIA
co, simpli ca o investimento e toda
a arquitetura, detalha o executivo.
E assim, at o setor nanceiro,
tradicionalmente conhecido por
muitas regulamentaes, j adota
algumas de solues de nuvem.
Frontini, do Bradesco, lembra que
o core ir sim continuar dentro de
casa at pelo volume. Pela quanti-
dade de transaes que o Brades-
co tem, j possumos essa alta es-
cala. Mas j sentimos que vo nos
forar os fornecedores falam ou a
gente vai para nuvem, ou no tero
mais como oferecer [uma determi-
nada soluo], conta.
BIG DATA E SOCIAL: O DESCOMPASSO
Agora, quando consideramos os
temas da TI que ainda no demons-
traram con rmao dos ganhos, big
data e social business ganham des-
taque com 68% e 71% das menes
entre os participantes do estudo,
respectivamente. E a as impres-
ses de lideranas experientes tra-
zem luz a essa questo.
Dezena, do Banco do Brasil, re-
conhece que o departamento de
TI v o potencial justamente por-
que o big data promete retirar im-
portantes insights de dados no es-
truturados, como de redes sociais,
trabalhando em decises em cima
disso, e por isso a TI j est se orga-
nizando para tal.
E sua opinio compartilhada
por Birman, da Rhodia. Sobretudo
big data, do lado industrial, est lon-
ge de ser uma realidade. Tem mui-
tos tesouros escondidos, mas no s comear a cavar para achar.
Precisamos planejar, pensar, veri car se realmente h chance de
encontrar alguma coisa. No s comear a torturar os dados para
que eles confessem, brinca.
PIONEIRISMO E PARCERIASEntre tantas tendncias e esse diagnstico, no de se espantar
que apenas 10% dos CIOs consultados pelo estudo pretendem ser
pioneiros na aplicao de novas tecnologias. E j que as palavras
cloud, mobilidade, social e big data esto na boca dos fornecedores,
interessante observar a relao dos executivos com a indstria.
Estejam os fornecedores conscientes disso ou no, o fato
que os CIOs das 500 maiores empresas ainda no os veem como
parceiros na demonstrao do valor estratgico das solues de
tecnologia, alerta Lozinsky. Somente 22,6% dos lderes de TI si-
nalizaram isso, o menor nmero nos quatro anos do estudo. Para
quase 90% dos respondentes, os fornecedores cam nos basti-
dores, eventualmente apoiando a TI na venda interna da ideia,
ou parte das discusses na empresa.
Isso mostra que o alerta est acendendo para a indstria.
Quase metade dos consultados a rma que as empresas de tec-
nologia no conseguem e evoluir seu discurso centralizado no
produto que vendem. A situao do fornecedor mais confort-
vel quando o assunto tcnico e envolve somente a TI. Mesmo
assim, os nmeros ainda so modestos, pondera Lozinsky. Ou-
tro aspecto relevante que o CIO, pessoalmente, no se envolve
no relacionamento direto com todos os fornecedores. Muitos
mantm contato com as posies abaixo do lder da rea, e isso
di culta ainda mais o lado do fornecedor para posicionar suas
solues de maneira estratgica ao negcio.
Por m, o estudo neste ano acrescentou trs perguntas para
se ter uma ideia mais ampla de como ocorrem as escolhas dos
fornecedores e a deciso de liberar oramento da TI. A concor-
rncia formal adotada em 55% dos casos, mas h vrias exce-
es para fornecedores preferenciais por conhecer o segmen-
to de negcios, ter um histrico positivo com a empresa ou ser
destaque de mercado na tecnologia que est sendo adquirida.
interessante saber que uma parte (ainda pequena, menor do
que 15%) tem preferncia por fornecedores que j comprovaram
sua qualidade, ou que estejam bem posicionados no mercado,
naliza Lozinsky. ITF
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IT FORUM DEBATE | ANALYTICS
ANALYTICS: ANTES DE
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Revista IT Forum | Junho 2014 5 9
Ilust
ra
o: S
hutt
erst
ock
Aprofuso de informaes no estruturadas dispon-veis na internet propiciou novas formas de conhecer melhor quem o consumidor que est na ponta. Mas antes de evoluir para esse estgio, o do big data, im-perativo deixar a casa em ordem e encontrar os par-ceiros certos para extrair valor dos dados nessa nova jornada da TI e do analytics, incluindo talentos para lidar com tudo isso.
KAREN FERRAZ
INTELIGNCIAFERRAMENTA
TECNOLOGIA SOZINHA NO FAZ MILAGRE. ENCONTRAR AS PESSOAS CERTAS PARA ANALISAR
DADOS O GRANDE DESAFIO DE PROJETOS DE BUSINESS INTELLIGENCE E BIG DATA
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IT FORUM DEBATE | ANALYTICS
evidencia Possani. Nem sempre fcil, contudo, en-
contrar as pessoas com essas capacidades analticas.
E o CIO contou que busca esse per l de pro ssional
constantemente no mercado. A questo entender
aonde eu quero ir, por isso voc precisa de gente for-
mulando hipteses, vendo como o negcio se com-
porta e buscando essas informaes em seus dados
internos e, se precisar, ir para fontes externas.
J o Banco Volkswagen comeou h trs anos um
projeto de dados estruturados que visava inicialmen-
te deixar a casa em ordem para que no futuro seja pos-
svel evoluir para o conceito de big data. Hoje, o big
data est mais na fase de conhecimento na empresa.
Investimos na preparao da base na gesto de dados
corporativos e implantamos uma plataforma de ges-
to de dados mestres, explica o CIO Rafael Rolla.
Alm de impactar decisivamente na anlise de cr-
dito para a compra de automveis, o projeto de dados
estruturados da instituio nanceira, atrelada ao do
Grupo Volkswagen, conta com um time de inteligncia
de negcio responsvel por entender o per l de com-
pra e recompra de cada cliente para que a estratgia
de negcio seja elaborada. Atualmente conseguimos
entregar equipe de vendas uma lista com clientes no
perodo de recompra para montar uma oferta em cima
do que temos, e isso j est dando retorno, disse.
Segundo ele, o desa o iminente est no acultura-
mento do negcio para explorar o potencial muito A QUESTO DO CUSTO NO TO SIMPLES ASSIM. NO
SIMPLESMENTE JOGUEI NA NUVEM E ESQUECE...
VOC TER QUE MONITORAR, GERENCIAR, SE PREOCUPAR
COM RECUPERAO DE DESASTRES, SEGURANA
Queiroz, da Globo
Essa a lio compartilhada pelos CIOs da Anhan-
guera Educacional, Mondelez e Banco Volkswagen,
que participaram do IT Forum Debate Analytics:
transformar dados em informao, durante o IT Fo-
rum 2014. Apesar de pertencerem a indstrias bem
distintas, as trs empresas tm hoje nos dados uma
fonte importante para a tomada de decises e condu-
zem abordagens com pontos em comum.
No mercado de educao, como o caso da Anhan-
guera Educacional, a entrega das reas recorrente por-
que todo ms o estudante tem a deciso de pagar ou no
a mensalidade. E para suportar a estratgia de reteno
de 500 mil alunos, entre cursos presenciais e a distncia,
a instituio desenvolve um projeto de business intelli-
gence com base no cruzamento de dados sobre o per l
de cada aluno, bem como na anlise comportamental
de aprendizado a partir de sua plataforma de ensino.
Essas informaes tm sido decisivas para o neg-
cio, tanto para captao de novas matrculas quanto
para reteno das atuais, e so utilizadas para reduzir
a inadimplncia e diminuir a taxa de evaso escolar.
Contudo, o CIO Luciano Possani ressalta que o projeto
s faz sentido graas existncia de uma inteligncia
estratgica. Alm da formao de uma equipe respon-
svel por implantar o projeto, o gestor de TI da Anhan-
guera destaca que houve em paralelo a criao de
uma equipe para analisar os metadados.
O desa o entender a riqueza dos dados, conse-
guir formular as hipteses e testar se elas so vlidas,
LUCIANO POSSANI, da Anhanguera Educacional
Fotos: Photogama
CARLOS BUSS, da Mondelez
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IT FORUM DEBATE | ANALYTICS
duto est posicionado no lugar certo no ponto de
venda; e por fim o terceiro, ainda em estgio inicial
de implantao, envolve o conceito de big data na
compreenso experincia do consumidor com as
marcas na rede social.
A discusso no avanava porque no era uma
discusso de tecnologia, e sim de negcios. Ns ach-
vamos que o desa o era implantar novas tecnologias,
mas o desa o estava em achar pessoas para extrair a
anlise certa desses nmeros, revelou. Assim, a op-
o foi criar uma equipe focada em inteligncia de ne-
gcio com objetivo de analisar esses dados, buscando
cada vez mais oferecer informaes para embasar de-
cises no ponto de venda.
A Mondelez comeou o projeto e viu que no es-
tava no caminho certo. Assim, criamos uma rea para
dar nfase a essa mudana organizacional e cultural.
E essa nova mentalidade tem que passar pelo board
da empresa, nalizou Buss. ITF
maior que a ferramenta capaz de fornecer, mas big
data ainda no est em vista por enquanto: h muitas
informaes nas reas de negcios que ainda no so
exploradas. Existe uma confuso entre arquitetura
de informaes com falta de informaes. Muitas
empresas tm dados muito relevantes dentro de casa
que no so aproveitados. Primeiro temos que atacar
a capacidade analtica das pessoas do que gastar mi-
lhes em ferramentas, opinou o executivo.
O mesmo diagnstico foi compartilhado por Car-
los Buss, CIO da Mondelez. A empresa do ramo ali-
mentcio conquistou a habilidade de tomar decises
em trs momentos cruciais para a natureza do setor:
quando o produto chega gndola, quando o consu-
midor efetua a compra e quando ele interage com as
marcas nas redes sociais. Porm, o projeto esbarrou
em di culdades logo no incio da implantao, pois
estava mais centrado na TI.
O BI hoje tem importncia crucial no negcio
da Mondelez, uma vez que os produtos de bens de
consumo oferecidos envolvem compras por impul-
so. No primeiro momento, o desafio entregar os
itens para 700 mil lojas; no segundo, garantir que
isso est sendo feito da melhor maneira e se o pro-
RAFAEL ROLLA, do Banco Volkswagen
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IT FORUM DEBATE | CLOUD
Os argumentos em defesa da economia trazida pela computao em nuvem, em compasso com o oramento cada vez mais enxuto do departamento de TI, so conhecidos. Eles passam por desde a troca do capex pelo opex, at na vantagem de expandir as arquiteturas sem a necessidade de investir altas cifras em hardware como servidores e a ns. Esse no , contudo, o grande diferencial da cloud para os CIOs. Sobretudo quando a nuvem o agente via-bilizador de novos projetos, e at mesmo de novos modelos de negcio em companhias tradicionais.
NOVOS NEGCIOS QUE VM
DA NUVEM
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Revista IT Forum | Junho 2014 6 5
Foto
s: P
hoto
gam
a
Gabriela Stripoli
A computAo em nuvem permite muito Alm do que
otimizAo de custos Ao propiciAr novos modelos
de negcio e operAes mAs sem deixAr de lAdo questes importAntes de
gerenciAmento e governAnA
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IT FORUM DEBATE | CLOUD
hardware. Para ns que
temos um legado, a hist-
ria um pouquinho dife-
rente, compara.
LIDAR COM O IMPREVISVEL
J o CIO da Rede
Globo, Carlos Queiroz,
compartilha da opinio
e tem dentro de casa ou-
tro exemplo de como a
nuvem permitiu a rede-
nio das relaes com
a audincia da emissora.
Foi a cloud que garantiu
a realizao do programa
musical SuperStar, com
apresentao de bandas
ao vivo e com o qual a au-
dincia interage em tem-
po real com o contedo
apresentado na telona,
via internet.
O executivo classi ca
como completamente
invivel a realizao do
produto sem uma arqui-
tetura de computao
em nuvem estvel. Hoje
eu viabilizo toda a esteira
do programa na nuvem.
Porque existe todo um
timing de infraestrutu-
ra. Eu no sei se naquele
horrio terei milhes ou
milhares de usurios par-
ticipando num mesmo
momento, detalha, evi-
denciando a imprevisibi-
lidade do nmero de in-
justamente nesse tipo de situao que vem
tona seu principal bene cio, responsvel pelo desen-
volvimento de projetos de cloud no Pas. Um bom
exemplo a fabricante de produtos cosmticos Na-
tura que, sem a estrutura de nuvem, no conseguira
colocar em prtica o e-commerce e oferecer novas
possibilidades de venda a suas consultoras.
Usamos nuvem para nosso e-commerce, pensan-
do na possibilidade de criao de lojas virtuais para
cada uma das consultoras. A nuvem deu muita velo-
cidade para alavancar isso, a partir de dois pilotos em
duas cidades, e permitiu que ns lanssemos o pro-
jeto para valer no prazo que precisvamos, conta o
CIO Agenor Leo, que participou do debate Cloud:
Viabilizando Novos Modelos de Negcio, durante o
IT Forum 2014.
Por isso, Leo taxativo ao listar o principal atri-
buto positivo do modelo: exibilidade que, na carona,
traz escalabilidade. Isso porque a capacidade de es-
calar a arquitetura para atender demanda crescen-
te de consumidores virtuais, alm da exibilidade e
rapidez com a qual ela foi implantada, a Natura pde
criar um modelo de negcios diferente da tradicional
venda em catlogos.
O executivo contou que foi desenvolvido um estu-
do de ROI em cima do projeto piloto, esse feito com es-
trutura em nuvem pblica. Assim, depois do perodo
de testes, a nuvem ainda se mostrou vivel porm,
na modalidade privada. Precisamos de cases com-
parativos em grandes volumes. Vejo que [a nuvem]
ainda deve ser estudada muito bem caso a caso, mas
conveniente principalmente quando voc precisa
colocar algo em prtica rpido. Voc minimiza muito
os custos em relao a isso, conta Leo.
Para ele, outro caso que atrela a cloud criao de
novos modelos operaes e de captao de receita
justamente a criao de novas empresas de tecnolo-
gia que, sem ela, seriam completamente inviveis de
comearem a atuar. So aplicativos de txi, por exem-
plo, que surgiram nos ltimos anos: Para quem est
comeando hoje, no vale comprar um centavo de
A QUESTO DO CUSTO NO TO SIMPLES ASSIM. NO
SIMPLESMENTE JOGUEI NA NUVEM E ESQUECE...
VOC TER QUE MONITORAR, GERENCIAR, SE PREOCUPAR
COM RECUPERAO DE DESASTRES, SEGURANA
Queiroz, da Globo
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IT FORUM DEBATE | CLOUD
CLOUD
ITF
teraes de acordo com
cada apresentao.
Tanto o comrcio ele-
trnico da Natura quanto
o programa da Rede Glo-
bo so dois grandes pro-
jetos bem-sucedidos que
nasceram com a nuvem.
Ainda assim, Queiroz de-
ne o momento do mo-
delo como infncia, e
por isso a indstria de TI
ainda se apoia na ques-
to mais fcil na hora de
argumentar a m de fe-
char negcio: o custo, o
preo baixo, a economia.
A questo do custo
no to simples assim.
No simplesmente
joguei na nuvem e es-
quece... Voc ter que
monitorar, gerenciar, se
preocupar com recupe-
rao de desastres, segu-
rana. Claro que h uma
otimizao de custo, mas
existem outros gastos associados com seus proces-
sos de governana, pondera. E por isso aconselha
outros CIOs a no deixarem a rea de TI como a ni-
ca responsvel por qualquer instabilidade, falha ou
queda no convencimento das lideranas executivas,
que levantam questes como segurana, privacida-
de, entre outras. A nal de contas, um projeto desse
que conta com cloud tem o subsdio de TI, mas ainda
um projeto de negcio. Se o negcio no quer, me-
lhor no fazer.
O executivo evidencia a importncia de se man-
ter um forte controle de governana das operaes
em projetos pilotos desse tipo. E no necessrio
fazer adequaes ou adoo de novos modelos de
governana histricos adotados pela companhia ao
integrar a nuvem com o legado. Queiroz divide sua ex-
perincia: No tenho padro para todo tipo de dado.
Tenho desde coisas que extraio de consoles e inputo
isso na ferramenta de governana interna, e tenho ex-
tratores automticos que o provedor j fornece. Mais
uma vez, ainda no h padro de nido. Se eu de nir
isso, fao com todos os provedores.
Por m, o caminho para a nuvem inevitvel.
uma tendncia da qual no vamos fugir, seja orques-
trada ou no por TI. O melhor que a gente exera
essa liderana, e minha recomendao : abrace, no
fuja, resume Leo.
VEJO QUE [A NUVEM] AINDA DEVE SER ESTUDADA MUITO BEM CASO A CASO,
MAS CONVENIENTE PRINCIPALMENTE QUANDO VOC PRECISA COLOCAR
ALGO EM PRTICA RPIDOLeo, da Natura
AMAZON WEB SERVICES (AWS), MICROSOFT, E SAP ELEVARAM AS VENDAS EM 100% OU MAIS EM 2013
Fonte: Frost & Sullivan, 2014
44% A ALTA ESTIMADA DO MERCADO DE NUVEM NO BRASIL EM 2014, SOMANDO US$ 473,3 MILHES
EM 2013, A RECEITA CRESCEU 51%, CHEGANDO A US$ 386,7 MILHES
51%100%
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IT FORUM DEBATE | DILOGO ENTRE REAS
A CULPAO PROJETO MULTIDISCIPLINAR, MAS NO FINAL QUEM EST NA BERLINDA A TI.
COMO RESOLVER ESSE CONFLITO?
DA TILay_IT FORUM DEBATE_DILOGO ENTRE REAS.indd 70 22/05/14 15:20
Revista IT Forum | Junho 2014 7 1
IT FORUM DEBATE | DILOGO ENTRE REAS
Foto
s: P
hoto
gam
a
N
KAREN FERRAZ
o preciso mais discutir o quanto a TI tornou-se substancial para os neg-cios no contexto da economia digital. Praticamente todos os departamentos dentro de uma empresa dependem de sistemas para operar processos e en-tregar resultados, e a tendncia que isso seja crescente.Projetos envolvendo tecnologia deixaram de ser responsabilidade exclusiva do departamento de TI e hoje tm participao conjunta de outras reas. E nesta nova realidade, ser cada vez mais comum que departamentos de ne-gcios, como o de marketing, conduzam projetos em que a tecnologia exerce papel crtico e decidam a compra de suas prprias ferramentas.N
Foto
s: P
hoto
gam
a
FABIO FARIA, da CSN
NELSON CARDOSO, da Distribuidora
Petrobras
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Por natureza, habilidades comunica-
cionais so pontos fracos de pro ssionais
do mundo da TI. No entanto, nos ltimos
anos, gestores da rea tiveram como desa-
o aprender a negociar melhor com seus
clientes internos e, sobretudo, a ouvir o ou-
tro lado para gerenciar demandas e conci-
liar expectativas.
Hoje vejo muitos CIOs liderando gran-
des projetos em companhias e acredito
que os executivos que carem na rea nos
prximos anos tero que conversar melhor
com todos os seus parceiros, dividiu Nel-
son Cardoso, CIO da Petrobrs Distribuido-
ra, que participou como debatedor do IT
Forum Debate Dilogo entre reas: como
o CIO transita entre seus pares, juntamente
com Fbio Faria, CIO da Companhia Side-
rrgica Nacional (CSN), durante o IT Forum
2014.
Nem tudo so ores. Os executivos
presentes na discusso compartilharam a
mesma ideia de que sempre existe o con-
ito da TI com as outras reas, seja marke-
ting, nanceiro, jurdico, ou, principalmen-
te, vendas. Porm, esse embate ca mais
evidente quando um projeto multidisci-
plinar est em jogo. O que antes era pau-
tado pelo discurso todos juntos, na hora
de implantar um projeto, quando vemos
s resta a TI, mencionou Mendel Szlejf, da
Leroy Merlin.
Para contornar a situao, s vezes ine-
vitvel, Fbio Faria acredita na construo
de um dilogo transparente entre as reas,
tomando como premissa a governana,
isso proporcionou resultados positivos na
relao com os pares nas empresas em que
atuou anteriormente, como o Grupo Vo-
torantim, e hoje buscado frente da TI da
CSN. Temos que arrumar a casa para pres-
tar um bom servio, e isso passa por inme-
ros processos da TI. E a tendncia que os
problemas iro mitigar muito. Alm disso,
o papel da TI ca mais alinhado quando
passa pelo board da companhia: o projeto
deixa de ser s de tecnologia e passa a ter o
compromisso de outras reas. A chance de
sucesso muito maior, destacou.
NEGOCIAONo geral, foi consenso entre os CIOs a
necessidade de adotar uma postura po-
sitiva (a tal da persona positiva, aborda-
da na palestra conduzida por Luiz Felipe
Pond) no con ito por meio de um dilogo
transparente com seu cliente interno para
IT FORUM DEBATE | DILOGO ENTRE REAS
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IT FORUM DEBATE | DILOGO ENTRE REAS
ITF
encontrar solues. Eles defendem, por
exemplo, que caso a TI atrase na entrega
de um projeto, essa realidade seja passada
para as reas envolvidas. A funo do CIO
fazer a parte positiva, fazer reunio, bus-
car resolver solues. E isso os problemas
vo sendo resolvidos, criando um clima
melhor, destacou Cardoso.
No entanto, muitas vezes os interlocu-
tores que acabam fazendo esse meio de
campo no dia a dia so os mais tcnicos
que geralmente no conseguem traduzir
situaes para as outras reas de maneira
simples. Para contornar essa barreira, o
CIO da Ipiranga, Plnio Figueiredo, com-
partilhou uma iniciativa da TI de criar
uma rea de relacionamento para entender
e antecipar a demanda do outro lado, que
tem apresentado bons resultados. O uxo
contrrio, ou seja, identi car algum de
negcios que entenda da rea TI tambm
pode ser uma soluo, como apontou Faria.
Mas esse relacionamento cultural, e no
acontece do dia para a noite e encontrar as
pessoas certas na equipe pode ser o cami-
nho, apontou o executivo.
Construir um relacionamento de proxi-
midade com as outras reas o caminho
vislumbrado pelos CIOs para a TI ser inclu-
da nas decises dos outros departamentos
e impedir o surgimento de outras TIs. A rela-
o no deve ser a ferro e fogo e, se assim for,
eles vo continuar decidindo TI sem a gente,
enfatizou Regina Pistelli, CIO do Grupo ABC.
Mapear os usurios para entender como
funciona o outro lado e treinar a equipe para
atender a essas demandas e uma boa dose
de humildade para assumir os erros e dispo-
sio para ouvir, integra a soluo vislumbra-
da por Faria, da CSN. Porm, no h um mo-
delo certo para melhorar o relacionamento
entre as reas. O fato que essa necessidade
e habilidade de conversar melhor com os pa-
res ser um imperativo para a TI daqui para a
frente, a nal, temos tendncias tecnolgicas
disruptivas que pretendem chacoalhar ain-
da mais as fronteiras entre os departamentos
com projetos interligados como o conceito
de Internet das Coisas, lembrado por Cardo-
so, da Petrobrs Distribuidora
O CIO precisa estar sintonizado cada vez
mais com as mudanas que esto acontecen-
do na TI e ampliar sua viso do negcio, pois
ela ser cada vez mais necessria na conversa
tanto com clientes internos como com forne-
cedores nos projetos inovadores que esto por
vir, pontuou Cardoso.
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IT FORUM DEBATE | DIREITO DIGITAL
KAREN FERRAZ
TI DEVE ESTAR ALINHADA AO DEPARTAMENTO
JURDICO PARA DEFINIR LIMITES NO USO DA
MOBILIDADE E PROTEGER INFORMAES CRTICAS DO
NEGCIO. E QUEM NO CUMPRIR, EST FORA DO JOGO!
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Revista IT Forum | Junho 2014 7 7
IT FORUM DEBATE | DIREITO DIgITAl
Foto
: Shu
tter
stoc
k
P ense como a nossa forma de trabalhar mudou nos ltimos anos. Hoje conseguimos acessar informaes corporativas para
tomar decises importantes sem precisar estar dentro da em-
presa, simplesmente utilizando nossos smartphones e tablets.
A mobilidade, apoiada pela nuvem, provocou uma revoluo
nas fronteiras que antes dividiam claramente o que era trabalho
e vida pessoal. O movimento de traga seu prprio dispositivo
(BYOD, na sigla em ingls), iniciado mais recentemente, causou
certo desespero para as organizaes e para os CIOs. Afinal, quais
os limites para proteger informaes crticas do negcio?
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IT FORUM DEBATE | DIREITO DIGITAL
Desde que assumiu a TI da Le-
roy Merlin, Szlejf levantou a ban-
deira da mobilidade na corpora-
o. Aderir tendncia, segundo
ele, implica necessariamente em
assumir os riscos inerentes a ela.
Hoje a empresa tem plena con-
ana no que a TI est fazendo,
dos riscos segurana. E, para isso,
montamos uma equipe compos-
ta por pessoas da TI e do jurdico,
assumimos os riscos, e implanta-
mos. At hoje no tivemos muitos
problemas, conta.
Na Odebrecht o desa o da TI
gerenciar cerca de 7 mil smar-
tphones utilizados pelos colabora-
dores e no dava para fazer isso
sem uma regra, destacou Schnei-
ter. Os riscos no BYOD existem e,
A questo no mais aderir ou no. Por mais que a TI no oferea,
essa realidade vai existir e os funcionrios vo utilizar seus dispositi-
vos no trabalho, comentou a advogada especialista em direito digital
Patrcia Peck durante o IT Forum Debate Direito Digital. O encontro
reuniu tambm Mendel Szlejf, CIO da Leroy Merlin, e Andr Schneiter,
CIO da Odebrecht, para discutir as implicaes jurdicas dessas ten-
dncias digitais.
As duas empresas que participaram da mesa aderiram mobi-
lidade e ao BYOD, com o suporte de uma poltica de uso que de ne
claramente quais as regras do que pode ser feito ou no pelos cola-
boradores com o uso de smartphones e tablets, no que diz respeito
segurana de informao corporativa e regras trabalhistas. Para tanto,
a implantao dos projetos contou com a ajuda de orientao jurdica
especializada para superar, antes de tudo, desa os internos: o alinha-
mento entre TI e o departamento jurdico.
O departamento jurdico tem por tradio dizer no ao BYOD.
S que se ele disser no, isso vai extrapolar os limites e as pessoas
vo usar mesmo assim, afirmou Mendel Szlejf. Isso acontece, na
opinio dos debatedores, pelo prprio desconhecimento do jurdi-
co sobre a mobilidade.
O DEPARTAMENTO JURDICO TEM POR TRADIO DIZER
NO AO BYODMendel Slejf, da Leroy Merlin
JURDICO BEM ORIENTADO SE CONVERTE TOTALMENTE
MOBILIDADEPatrcia Peck, advogada
Foto
s: P
hoto
gam
a
S FOMOS PARA O BYOD COM A POSSIBILIDADE DE GERENCIAR
AS INFORMAESAndre Schineiter, da Odebrecht
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IT FORUM DEBATE | DIREITO DIGITAL
BLINDAGEM EM 4 PASSOS
ITF
por meio de uma orientao jurdi-
ca, zemos nossa poltica de BYOD
e a partir dela conseguimos limitar
acesso a servios e de nir as regras
de uso, contou o CIO.
Com apoio do departamento
jurdico, Schneiter explica que a
TI criou algumas vacinas jurdi-
cas para se resguardar no caso de
eventuais problemas que possam
ocorrer no futuro. Dessa maneira,
ele a rma que foi possvel avan-
ar nas questes sobre segurana
da informao, sobretudo na pro-
teo corporativa para eventuais
questes trabalhistas. Houve at
determinao de investimento
por parte do departamento jurdi-
co, em solues que permitem a
discriminao do acesso de deter-
minados servios de acordo com o
per l dos usurios. S fomos para
o BYOD com a possibilidade de ge-
renciar as informaes e separ-las nos dispositivos para tratar o que
pessoal como pessoal e o que corporativo como corporativo. Alm dis-
so, montamos polticas de uso diferentes para prevenir riscos trabalhistas
de acordo com o acesso e os servios dados ao colaborador, acrescenta.
A empresa que no d regras informao corporativa dentro desses
ambientes mveis uma hora ou outra ir enfrentar questes como vaza-
mento de informao ou cobrana de hora extra. Isso no signi ca, con-
tudo, que a melhor opo virar s costas para esse movimento que j
acontece. Manter uma postura contra a mobilidade, concordam Patrcia,
Szlejf e Schneiter, no medida preventiva, mas sim a possibilidade de
criar um ambiente que no gerenciado dentro da organizao.
Outra questo que merece alerta, segundo a advogada Patrcia, o
compliance, indo alm de simplesmente responder auditoria as medi-
das necessrias. Segundo ela, preciso ter procedimentos de coleta de
logs, pois a TI responsvel por guardar todas as provas que acontecem
na empresa, por exemplo para identi car uma fraude interna.
A informao tem que estar alinhada entre TI e jurdico. E um jurdi-
co bem orientado se converte totalmente para a causa da mobilidade. E
para dar o primeiro passo, o CIO deve conscientizar o board da empresa
de que o maior risco hoje no ter uma regra espec ca para uso desses
dispositivos, a rmou a especialista em direito digital. Em resumo, os ris-
cos existem, contudo, possvel estar preparado para quando eles chega-
rem, ter as respostas e mitigar ou minimizar as perdas.
REGRA CLARA: AS REGRAS DE USO DEVEM ESTAR BEM CLARAS E EXPLCITAS AOS COLABORADORES, O QUE PODE SER FEITO COM A AJUDA DE RECURSOS HUMANOS
A ADVOGADA PATRCIA PECK INDICA O ROTEIRO PARA IMPLANTAO DO BYOD CAPAZ DE ENDEREAR QUESTES DE NVEL TECNOLGICO, QUANTO NORMATIVO E CULTURAL
PENALIDADE:EM CASO DE DESCUMPRIMENTO DAS POLTICAS DE USO, A COMPANHIA DEVE COBRAR AS CONSEQUNCIAS JUNTO AOS USURIOS
MONITORAMENTO: IMPLANTAR FERRAMENTAS DE MONITORAMENTO A NICA FORMA DE GERIR COMO AS INFORMAES ESTO SENDO TRATADAS PELOS USURIOS
ACULTURAMENTO: AQUI TAMBM ENTRA O SUPORTE DO RH PARA INCENTIVAR O USO CORRETO DOS MECANISMOS DE ACESSO S INFORMAES
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IT FORUM DEBATE | INTEGRAO
INTEGRAO: DESAFIO ETERNO?
ENTRE LEGADO E MUNDO DIGITAL, GESTORES DE
TECNOLOGIA SEGUEM COM DESAFIO DE INTEGRAR
A ANTIGA TI COM AS POSSIBILIDADES
OFERECIDAS POR MODELOS COMO O DE NUVEM
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