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ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984 ---- . --.. i - __ -

SIGNIFICADO GEOLdGlCO DAS VARlAÇdES DOS GRAUS DE

RIO PARAf6A DO SUL, (RJ) ARREDONDAMENTO DAS AREIAS HOLOCENICAS DA PLANíCIE COSTEIRA DO bee" L+ - Louis Martin ÒRSTOM (Franca) e Departamento de Geoflsica (O.N.) - Rua General Bruce. 586 - (20921) - Rio de Janeiro, RJ Kenitiro Suguio Instituto de Gecciências - Universidade de São Paulo Caixa Postal, 20899 - (01498) - S b Paulo, SP Jean-Marie Flexor Departamento de Geoflsica -Observatório Nacional - Rua General Bruce, 586 - (20921) Rio de Janeiro, RJ Moyd G. Tessler Instituto Oceanogrdfico - Universidade de São Paulo Caixa Postal, 9075 - (01498) -São Paulo, SP Beamk B. Eichler Instituto Oceanográfico - Universidade de São Paulo Caixa Postal, 9075 - (01498) -São Paulo, SP Entidade patrocinadora: Departamento de Geof lsica do Observat6rio Nacional (CNPq) Rio de Janeiro, RJ ..

ABSTRACT

Sea l e v e l changes during the Late Quaternary played a very i; por tan t r o l e i n the construction of the extensive Paraiba do Sul r i v e r mouth coas t a l p l a i n i n t h e State of Rio de Janeiro.

Great volumes of sands have been t r ans fe r r ed from t h e adjacent inner shelf t o t h e c o a s t a l p l a in , as a consequence of continuous and gradual sea l e v e l drop during t h e l a s t 5 ,000 years. On t h e o ther hand, longshore cu r ren t s , dominantly trending south-to-north, have been very important i n t h e d e f i n i t i o n of the asymmetrical pa t t e rn exhibited by the coas t a l p l a i n a t both s ides of the Paraíba do Sul r i v e r mouth.

Variations i n degrees of roundness showed by t h e beach sands a t both s ides of the r i v e r mouth, as w e l l as by the Holocene beach ridges from northern and southern por t ions of t h i s r i v e r , have been s tudied . Geological i n t e rp re t a t ion of these da ta have allowed us t o eva lua te the r o l e s played by the sea l e v e l and r i v e r discharge f luc tua t ions through the time, as w e l l a s by the longshore cur ren ts , i n t he construction of t h i s coas t a l p la in .

INTROEUÇÃO

O r i o Paraíba do Sul, com extensão de cerca de 950km, possui uma bacia h idrográf ica de aproximadamente 45.000km2 estendendoLse pe l o s Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. At6 r e l a t i v a mente p o u c ~ tempo, toda a bacia h idrográf ica e r a recober ta por uma den_ sa vegetaçao pouco favorSve1 ao t ranspor te de sedimentos grosse i ros a t r avés do seu curso f l u v i a l . Entretanto, o desmatamento que se seguiÜ .?i chegada dos colonizadores portugueses parece te r modificado este qua dro. D e s t a maneira, o volume de sedimentos grosse i ros transportados a tualmente pelo r i o Paraíba do Sul deve ser bem maior do que era ca r r eã do pelo mesmo r i o a t é recentemente.

plg n í c i e sedimentar qua ternär ia que forma um lobo de 60xl20km. Segundo MAE TIN e t a l . (19841, esta p l an íc i e c o s t e i r a d cons t i t u ída por t e r r aços ma rinhos arenosos de idade p le i s tocênica (após 1 2 0 . 0 0 0 anos A.€).)* e dë sedimentos lagunares e f l u v i a i s de idade holocênica (após 5.100 anos A. P.), Fig. 1.

D e acordo com MARTIN e t a l . ( 1 9 8 0 e 1983), a porção c e n t r a l do

N a desembocadura do r i o Paraíba do Sul desenvolve-se uma

* A.P. = Antes do Presente. ORSTOM Fonds Documentaire

l i t o r a l b r a s i l e i r o da qual faz pa r t e a reg ião de desembocadura do r i o Paraiba do Sul , diferentemente do que acontece em outras par tes do mu: do, onde o n ive l marinho m a i s a l t o dos Ültimos milhares Be anos 6 r ep re sentatlo pelo a t u a l , f o i submetida-à submersao contínua a t6 cerca de 5 . 1 0 0 anos A . P . , seguida de emersa0 (Fig. 2 e 3). Por outro lado, nes ta pa r t e do nosso l i t o r a l , também carac te r izada por a l t a energia , as cor r en te s de der iva l i t o rânea desempenham um papel essenc ia l no t ranspor te de sedimentos grosseiros . Durante a f a se de submersao, que ocorreu a t é 5 . 1 0 0 anos A . P . , i lhas-bar re i ras formadas jun to à desembocadura f l u v i a l isolaram uI:a extensa laguna, na qual o r i o Paraiba do S u l construiu um d e l t a in t ra lagunar , que poderia ser c l a s s i f i cado como um d e l t a t i p i c o .

de ressecaçao da laguna e pe la acreçao de cordoes l i to râneos pa r t e externa das i lhas-bar re i ras .

ORIGEM DOS SEDIMENTOS GROSSEIROS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO PAmfBP. CO SUL

A f a s e de emersã0 que s e seguiu f o i traduzida pela tendëncia

FONTES DAS AREIAS

As-duas possíveis fontes supridoras de sedimentos g r o s s e i r o s e r a a á rea sa0 o r i o Paraíba do Sul e a plataforma cont inental i n t e rna adjacente. Sabe-se que a t6 recentemente o r i o Paraiba do Sul não apre sentava condições para suprimento de grande volume de a re i a . Desta m g ne i r a , as a r e i a s que entram na construçao de grande par te dos terzaços holocënicos devem t e r provindo da plataforma in te rna . Entretanto, nao se deve esquecer que eventuais f lutuaçoes cl imdticas no decorrer do Holo ceno podem ter desempenhado o seu papel.

Um ? . i to ra l arenoso adquire um p e r f i l de equ i l íb r io que é uma função da diriâ~nica e da granulometria dos sedimentos disponiveis. A dA n h i c a costeLra, d i tada principalmente pe la amplitude das marés e pe l a a l t u r a das or.das, promove a contínua construçao e destruiçao des te p e r f i l de equ i l ib r io . Entretanto, ao se considerar um lapso de tempo suf; cientemente longo, pode-se admitir que e x i s t a um p e r f i l médio de equ& l i b r i o . Abaixamento ou elevaçao do n ive l ge l a t iyo do mar i r a o romper es t e p e r f i l de e q u i l í b r i o médio, quando entao serao acionados os mecanis- mos que levarão ao restabelecimento do e q u i l i b r i o rompido. Quando ocor r e a elevaçao do n íve l r e l a t i v o do m a r , segundo BRUUN (19621, o p e r f i l de e q u i l i b r i o será res tabelecido pela erosão da pós-praia e do contq nente e pe la acumulaçao dos sedimentos erodidos na ante-praia. O mec2 nismo inverso se rá acionado quando ocorre o abaixamento do n íve l r e l a t L vo do mar. Neste caso, a ante-praia tornar-se-á momentaneamente m a i s a l t a sendo, e m seguida, erodida e o ma te r i a l assim l iberado se ra t r a n s portado para a pós-praia. Na esca la de-um c i c l o de maré, por exemplo , que compreende uma "pequena transgressao" e uma "pequena regressao", e s ses fenômenos ficam muito evidentes . Desta maneira, somente o a b a i xamento do n ive l r e l a t i v o do mar Q capaz de propic ia r o fornecimento de grande volume de a r e i a que ser6 t ransportado para a pra ia . Naturalmente, quanto m a i s suave f o r o decl ive da plataforma in te rna maior serd a a rea exposta ao retrabalhamento e , portanto, maior se rá o volume de a r e i a de positado na pós-praia. E evidente que, para que e s t e mecanismo s e j a 5 f e t i v o , a plataforma in t e rna deve ser essencialmente arenosa.

P M E L DA DERIVA LITO-EA

O t ranspor te dos sedimentos ao longo de uma p ra i a arenosa se faz principalmente pelas correntes de der iva l i t o rânea geradas pe las op das. De f a t o , próximo Ss p r a i a s , a s ondas não-encontram profundidade su f i c i e n t e para a sua propagaçao, ocorrendo entao a arrebentaçao das 02 das. Este fenômeno 6 acompanhado pela l iberaçao de grande quantidade de energia , que será t raduzida, em p a r t e , na colocação e m suspensão das a re i a s e , parcialmente, na formação das cor ren tes de deriva l i t o rânea . Naturalmente, e s t e fenômeno ocorrer6 somente se a s ondas atingirem obl? auamente a l inha de v ra i a . A velocidade dessas correntes l en ta m a s a

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sua açã0 se faz s e n t i r e m uma zona onde a s a re i a s foram colocadas . em suspensão pe la arrebentação das ondas e , portanto, o volume de a r e i ? t ransportada por e s t e meio s e r ä considerSvel. A açã0 combinada das a guas de espraiamento das ondas de arrebentação e da corrente de der iva l i t o rânea provoca o t ranspor te pulsa tór io ziguezagueante das a re ias . E videntemente, o sentido de t ranspor te depende da direçã0 de incidência- das f r e n t e s de ondas que atingem a pra ia .

Certamente, durante um persodo de abaixamento do n iye l r e l a t i vo do mar, pa r t e da a r e i a fornecida durante o restabelecimento do peg f i l de e q u i l í b r i o i r á t r a n s i t a r ao longo de pra ia em conseqilência des te mecanismo. Este t ranspor te prosseguirá a t é que a s a re i a s sejam r e t i d a s por uma armadilha ou bloqueadas por um obsthculo. I s t o expl ica as graz des diferenças que podem e x i s t i r em uma região que tenha so f r ido um a- baixamento uniforme do n ive l r e l a t i v o do mar. Os t e r r aços arenosos s e rão pouco desenvolvidos ou mesmo ausentes nas regiões de predominância de t r â n s i t o e muito importantes-nas zonas onde uma armadilha ou um obs táculo tenha permitido a retençao das a re i a s . Estas armadilhas ou Obst5 culos podem s e r de d i fe ren tes t i p o s , t a i s como, r e e n t r k c i a s C?a l inha c o s t e i r a , i l h a s ou fundos rasos formando zonas de f r aca energia,pontÕes do embasamento rochoso const i tuindo obstáculos ao t ranspor te l i t o râneo , desembocaduras f l u v i a i s importantes, e t c .

BLOQUEIO AO TRANSPORTE L I T O m E O PELO FLUXO FLUVIAL

Em periodos de a l t a descarga f l u v i a l (enchente), o j a t o de 5 gua junto a sua desembocadura ir5 c o n s t i t u i r um obstáculo que tender5 a bloquear o t ranspor te das a re i a s , do mesmo modo que um molhe a r t i f & c i a1 em região cos t e i r a . I s t o ocasionar5 uma acumulação de a r e i a GO l a do 2 montante da corrente de der iva l i t o rânea 5 uma possivel erosao dÖ lado jusante da corrente. Entretanto, a erosao da pa r t e 5 jusante da corrente é freqilentemente compensada pelo aporte de sedimentos grosse& ros supridos pe l a próprio r i o (Fig. 4 B ) . Em periodo de estiagem. ( vaZan_ t e ) , o obsthculo representado pelo f luxo f h v i a l i r á praticameGte desg parecer e a der iva l i t o rânea provocará a construção de um espor?o areno so que tenderá a fechar a desembocadura. Do mesmo modo, ocorrera uma e rosã0 p a r c i a l do depósito formado no periodo precedente, que s e encon t rava s a l i e n t e em relaçao ao alinhamento da p ra i a (Fig. 4 C ) . S e o peri- do de f luxo mais f raco durar bastante tempo, i s t o é, ocorrer uma e s t i a gem prolongada, o esporão arenoso poderá a t i n g i r uma la rgura su f i c i en te para r e s i s t i r parcialmente ao periodo de a l t a energia subseqilente. Mu& t a s vezes, somente a extremidade do esporão arenoso será des t ru ida e a barragem provocada pelo fluxo f l u v i a l s e r 5 deslocada no sent ido da d e r i va l i t o rânea , ocorrendo uma nova acumulaçao de a re i a 2 montante da cor ren te (Fig. 4 D ) . Deste modo, pode-se v e r i f i c a r o aparecimento de uma f o r t e ass imetr ia en t re as par tes da p l an íc i e cos t e i r a s i tuadas de um 12 do e de outro da desembocadura. A pa r t e 5 montante da corrente de der& va l i t o rânea se rá formada por fa ixas de ZordÕes l i to râneos , e s s e n c i a h - t e de origem marinha, enquanto que a porção 5 jusante se rã cons t i tu ida por uma a l te rnância de cordões arenosos e de zonas baixas a rg i lo- areno sas, de origem principalmente fluvio-lagunar. Além disso , os deslocame: to s da desembocadura serão marcados por uma sucessão de degraus r ea l ça dos por discordâncias nos alinhamentos dos cordões arenosos (Fig. 4 D ) .

Por conseguinte, a s c a r a c t e r í s t i c a s das a re i a s de um lado e de outro da desembocadura devem ser d i fe ren tes ; as a re i a s f l u v i a i s seriam depositadas principalmente na pa r t e da p lan íc ie s i tuada jusante da corrente de der iva l i to rânea .

DINAMICA DA DESEMBOCADURA DO RIO P A R A ~ B A DO SUL

SENTIDO DA DERIVA L I T O m E A

Na região de desembocadura do r i o Paraíba do Sul existem duas direções de ondas. A primeira provém do S/SE e e s t á l igada 2 penetração

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de massas de a r polar a t ravés do continente sul-americanc. Ela 6 espe cialmente freqfiente no outono e inverno. P. segunda, proveniente do NE, 6 l igada aos ventos a l i s e o s . Entretanto, as ondes de S/SE são, quase sempre, m a i s f o r t e s do que as de NE e , portanto, desempenham um papel mais importante no t ranspor te l i to râneo . Por vezes, ve r i f i ca - se a s u perposição das ondas de duas diresÕes d i f e ren te s , i s t o 6 , as ondas de NE se superpoem 5s de S/SE, que sao caracter izadas por grandes comprL mentos de onda. Neste caso, s6 as ondas de S/SE desempenharão o - seu pa pe l no t ranspor te l i t o râneo e o deslocamento dos sedimentos s e processa r á principalmente do s u l para o norte . I s t o é confirmado pela geome t r i a dos cordões holocênicos (DOMINGUEZ e t a l . , 19831, que ind ica um constante t ranspor te do s u l para o norte e , também, pelo bloqueio de a r e i a s com acumulação acelerada 2 montante da corrente (porSao s u l ) de um quebra-mar perpendicular 5 cos ta , construido hd cerca de do i s anos na entrada de Barra do Furado.

CARACTERfSTICAS MORFOLdGICAS DA DESEMBOCADUW.

Examinando-se a Fig. 4 6 possível cons ta ta r os seguintes fa t o s :

a ) Exis tência de uma f o r t e ass imetr ia en t r e as regiões s i t u a das de um lado e de out ro lado da desembocadura. A pa r t e s u l , m a i s de senvolvida 6 formada pe la acreçã0 de sucessivos cordões arenosos mari nhos. A pa r t e nor te , menos desenvolvida, 6 cons t i t u ida por uma altern2E c i a de zonas arenosas separadas por zonas pantanosas, areno-argilosas.

b) Ocorrência de um-esporão arenoso (s i tuação e m 19761, cuja construção f o i acompanhada de erosao l i t o ranea acelerada, qua,ado foram des t ru idas muitas casas e m Atafona. Em 2 0 anos (1956-19761, a l inha de cos ta na k e a de Atafona recuou quase 1OOm. Em fevere i ro de 11.76, que coincidiu com uma das grandzs enchentes do r i o , o espora0 areroso f o i destruido próximo a sua " r a i z " . Em seguida, começou a ser construido 05 t r o esporão arenoso que, e m fevere i ro de 1981, t inha a t ing ido 300m de comprimento.

c ) Exis tência de n í t i d a s discorddncias e de v&ios escalonamen- t o s en t r e os fe ixes de cordoes arenosos, originados durante as fases - eros ivas que acompanham e s t e incessante embate en t r e os agentes de d ins mica cos t e i r a na área.

GRAUS DE ARREDONDAMENTO DAS FREIAS H O L O a N I C A S

a) AREIAS DAS PRAIAS ATUAIS EM TORNO DA DESEMBOCADURA

Se o modelo de dinâmica cos t e i r a aqui d i scu t ido e s t i v e r cor re t o , as a re i a s de um lado e de out ro da foz são de or igens d ive r sas , de vendo-se v e r i f i c a r c a r a c t e r í s t i c a s morfoscópicas d i f e ren te s . Foram cole tadas 2 1 amostras de a r e i a s de p ra i a en t r e Macaé ( l i m i t e s u l da planz c i e c o s t e i r a ) e Guaxindiba ( l i m i t e norte da p l an ic i e c o s t e i r a ) e 3 amos t r a s no l e i t o a t u a l do r i o . Foram estudados os graus de arredondamento de vá r i a s fraçÕes granulométricas, mas aqui são apresentados somente os resul tados da fraçã0 compreendida en t re 1 e 0 , 5 m , porque, segundo C A I L LEUX e TRICART (19591, os grãos e m torno de 0,7mm de d i k e t r o seriam mais representat ivos para detecção de eventuais diferenças ex i s t en te s . Inicialmente foram consideradas cinco c lasses de arredondamento dos graos ( 1= angulosos ; 2= subangulosos : 3= subarredondados : 4= arredonda- dos e 5 = muito arredondados).

O s resul tados, representados em histogramas (Fig. 5 1 , indicam a ex is tênc ia de dois grupos de a re i a s que apresentam graus de arredonda ~

mento muito d i f e ren te s . D e >laca6 a Grussa í , a s a r e i a s são caracter iza& pe la presença de 2 0 a 60% de grãos muitos arredondados, sendo o r e s to formado por graos arredondados e subarredondados. Da desembocadura 2 Gilaxindiba, as a r e i a s são caracter izadas pela ausência de graos muito arredondados e pela presença de graos subangulosos, que podem represe:

t a r até 35% do conjunto. Finalmente, uma comparação dos histogramas da pa r t e no r t e da p lan ic ie c o s t e i r a com as de três amostras coletadas no l e i t o a t u a l do r i o mostra uma grande semelhança. Em Atafona, muito p r e ximo .?i desembocadura, a s areias apresentam c a r a c t e r i s t i c a s intermedi&& as. Isto se deve, provavelmente, ao f a t o que durante a amostragem tenham atuado também as ondas de NE. Essas c a r a c t e r i s t i c a s sao confirmadas-- do são consideradas somente três c l a s ses de arredondamento (1 = angulo SOS; 2 = subangulosos e subarredondados; 3 = arredondados e muito arre dondados), Fig. 6. Ao s u l da desembocadura e x i s t e uma n í t i d a predominâ; cha de grãos arredondados e muito arredondados, enquanto que ao nor te sao m a i s freqlientes graos subangulosos e subarredondados. A s amostras 03 l e t adas no l e i t o a t u a l do r i o Paraiba do Sul são predominantemente SUE angulosos e subarredondados. As ou t ra s fraçÕes granulométricas es tuda das mostraram resul tados semelhantes.

ar redondamento dos graos de a r e i a da p ra i a a t u a l de um lado e de out ro da desembocadura des te r i o nos indicam que as a r e i a s t ransportadas pe l o curso f l u v i a l são depositadas quase que somente ao nor te de sua d e sembocadura.

A s d i ferenzas muito evidentes ex i s t en te s en t r e os graus de

b ) AREIAS DE TERRAçOS HOLOCENICOS DE ? B O S OS LADOS DA DESEM -

coletadas 1 2 amostras desses t e r r aços , de cada lado(nog t e e s u l ) da desembocadura do r i o Paraíba do Sul. Foram construidos os mesmos t i p o s de histogramas que os an ter iores , considerando-se i n i c i a l mente 5 classes (Fig. 7 ) e , em seguida, 3 c l a s ses de graus de arredo; damento (Fig. 8 ) .

Todas as amostras da porção s u l da p l an ic l e exibiram as m e s m a s c a r a c t e r i s t i c a s , i s t o 6 , f o r t e predomin'ância de graos arredondados e muito arredondados. Somente as amostras 1 2 0 e 1 2 1 apresentaram predomi- nância de graos subangulosos e subarredondados. Conforme pôde ser cons ta tado também nas a r e i a s da p ra i a a t u a l , nas amostras 7 0 e 71, esta s& tuaçã0 se deve ao f a t o de aquelas amostras terem sido coletadas nas p ro ximidades de an t iga desembocadura. Por outrz lado, as a r e i a s amostradas na porção nor te apresentaram grandes var iaçoes nos graus de arredonda mento. D e f a t o , foram encontrados do i s t i pos de areia: a) areias com predominância de grãos subangulosos e subarredondados (como as da p ra i a a t u a l ) , e b) areias com predominância de grãos arredondados e muito a r redondados (como as da pa r t e s u l da p l a n i c i e ) . Portanto, na pa r t e nÒrte 3a p lan ic i e c o s t e i r a , ocorre uma a l te rnância de grãos carreados pr inc i - palmente pelo r i o Paraíba do Sul ( t i p o a) e areias provenientes da p l g taforma in t e rna adjacente ( t i p o b ) . O fornecimento de um ou out ro t i p o dessas a r e i a s depende das var iaçoes de energia do r i o Paraíba do Sul.Em período de enchente ( f o r t e ene rg ia ) , o r i o t ranspor ta areias que se de positam defronte a desembocadura, sendo subseqilentemente retrabalhadas- $pelas ondas e t ransportadas pe las correntes de der iva l i t o r â n e a rumo ao lrorte, Em período de vazante ( f r a c a energ ia) , o r i o não t ranspor ta a- reias e , nes te caso, o fornecimento de sedimentos arenosos p a r a ' a por ção nor t e da p l an ic i e está predominantemente a cargo da plataforma i; te rna adjacente.

BOCADURA

Foram

CON CLUS OE s Os graus de arredondamento das a re i a s amostradas nas pra ias a

t u a i s de um lado e de outro da desembocadura do r i o Paraíba do Sul mos traram diferenças s ign i f ica t ivas . .Nas a re i a s coletadas ao s u l da desem b<xadura há uma f o r t e predominância de grãos arredondados e muito a r r g dcndados. N a s a r e i a s coletadas ao nor te da desembocadura hb uma f o r t e predominância de graos subangulosos e subarredondados, da m e s m a maneira que a s amostras do l e i t o a t u a l do r i o Paraíba do Sul . Portanto, parece evidente que as a re i a s t ransportadas atualmente pelo r i o são deposi ta das somente ao nor te de sua desembocadura, conclusão e s t a que e s t á de

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acordo com todas a s ou t ras evidências indicat iva: . do sent ido de trens porte l i t o râneo dos sedimentos.

Durante os últimos 5 . 0 0 0 anos a p l an ic i e cos t e i r a d: r i o Paraz ba do S u l esteve submetida, em ge ra l , a um processo de emersa0 tendo,em conseqìiencia, propiciado grande aporte de a r e i a s t r ans fe r idas d i r e t a mente da plataforma in te rna adjacente para a s p ra i a s . Essas a r e i a s fo ram remanejadas pelas cor ren tes de der iva l i to rânea-e contribuiram na construção de te r raços arenosos ex i s t en te s nas porçoes nor te e s u l da desembocadura a tua l . Um estudo dos graus de arredonkiamento das a r e i a s desses t e r r aços mostra que ao s u l da desembocadura c s grãos sao quase sempre arredondados e muito arredondados, como acontece com as areias da p ra i a a t u a l . Portanto, e s t a s i tuaçao parece ter perdurado, nos 6 l t L mos milhare? de anos. Por out ro lado, a s a re i a s dos te r raços holocSnA cos da porçao nor te da desembocadura sao carac te r izadas pela presença de grãos subangulosos e subarredondados, como as da pra ia a t u a l defron t e , e de a r e i a s arredondadas e muito arredondadas, como as da p ra i a a t u a 1 e da p lan íc ie da porçao su l . Esta s i tuaçao deve resul tar da a l t e z ndncia de areias fornecidas pelo r i o Paraiba do Sul e de a r e i a s proveni- en tes da plataforma in te rna adjacente. O fornecimento de a r e i a s predomA nantemente f l u v i a i s deve corresponder a f a ses de enchente ( a l t a eneg g i a ) , i s t o E , a períodos mais chuvosos. O fornecimento de a r e i a s predg minantemente marinhas deve estar l igado a períodos de vazante (baixa $ n e r g i a ) , i s t o 6 , a períodos de es t iagens m a i s prolongadas. Por tan to , e . provável que um estudo pormenorizado dos graus de arsedondamento das a r e i a s da porção n o r t e , amostrando-se por exemplo, cada cordão arenoso; acompanhado de dataçoes ao radiocarbono, permita es tabe lecer uma crong l o g i a bas tan te detalhada desses periodos de energia rais f o r t e e de e nergia m a i s f raca correspondentes, respectivamente,a veríodos m a i s chu vosos e menos chuvosos na a rea .

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124

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.. .

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125

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FIG. I - MAPA G E O L ~ G I C O DA P L A N ~ C I E COSTEIRA DA DESEMBOCADURA DO R I O P A R A ~ B A DO SUL ( R . J . ) .

I : Embasamento cristalino pré-cambriono ; 2: Depósito continent01 pliocênico (Formo$'o Barreiras) : 3 - TerraFo marinho pleistocgnìco; 4= Deptsito f lu - v i a l holocgnico [ paleodelta ) : 5 = Depósito lagunar holocênico ; 6 : Terra50 mo- r i n h o h o l o c ~ n i c o ; 7 = ~linhamento de cordões pleistocênicos i 8 =Alinhamento de cordões holocênicos; 9 = Poleocanais do r i o Paraíba do Sul.

126

. J . > c, .. I -

u Submersáo 1 , ~

m 5 7

FIG. 2 - U M EXEMPLO D E C U R V A DE F L U T U A G ~ O DO N í V E L

RELATIVO DO MAR DURANTE OS ÚLTIMOS zoo0 ANOS NA

ÁREA AO N O R T E D E SALVADOR ( E S T A D O DA 6 A H l A ) .

,,., Emersã0 3 ,.. .

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1 27

A 1 FASE I NlCl A L 1) BI PERI'ODO DE ENCHENTE

C I PERíODO DE V A Z A N T E I( D I NOVO PERíODO D E ENCHENTE

1'05'

v o o '

I

F l G . 4 - DESEMBOCADURA DO RIO PARAíBA DO SUL E MECA- NISMO D E BLOQUEIO D E AREIA SUPRIDA POR CORRENTES DE

D E R I V A LITORÂNEA D I R I G I D A S DO SUL PARA o NORTE.

128

r

., Subarredon- m A r r e d o n d o d o Muito dodo arredondado Anguloso Suba'nguloso

FIG. 5 - GRAUS DE ARREDONDAMENTO DE AREIAS DE

DO SUL MEDIDOS NO INTERVALO 0.5-1 mm (5 CLASSES). PRAIAS ATUAIS E DO LEITO FLUVIAL DO RIO P A R A ~ B A

129

m A n g u i o s o S u b a n g u l o s o a s u barredondado

Arredondado o mui- to a r r e d o n d a d o

FIG, 6 - G R A U S DE ARREDONDAMENTO DE AREIAS DE PRAIAS ATUAIS E DO LEITO FLUVIAL DO RIO PARAIBA DO S U L MEDIDOS NO I N T E R V A L O 0,5-Imm (3CLASSES).

130

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- Subanguloso Sobarredon-

Arredondado 1';.151 h$$jondado Anguloso

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FIG. 7 - G R A U S D E A R R E D O N D A M E N T O DE A R E I A S DE TERRACOS HOLOCÊNICOS DA PLAN~CIE COSTEIRA DO RIO PARAÍE~ DO SUL MEDI DOS NO INTERVALO 0,s-l mm ( 5 CLASSES).

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131

Fante f luvial

3

Fonte marinha Fante I luviol I \ 7-

Guaxi nd i bo vz

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0 0 0 0 0 0

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[;121 Subanguloso a a Arredondado o mu¡- subarredondado to arredondado

FIG. 8 - GRAUS DE ARREDONDAMENTO DE AREIAS DE TER- RAGOS HOLOCÊNICOS DA PLANíCIE COSTEIRA DO RIO PARAí- BA DO S U L MEDIDOS NO INTERVALO 0,5-Imm(3 CLASSES).

132