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Suplementosalimentares

fora decontrolo

Dizem que servem para.entre um sem

número de outras aplicaçõesterapêuticas, mas estão fora

da alçada do Fnfarmed edo Ministério da Saúde. É o

Ministério da Agricultura queaprova a sua comercialização....

SAÚDE

Suplementosaumentares

podemprejudicar

a saúde dosconsumidores

Fogem ao crivo do Infarned edo Ministério da Saúde e são

vendidos sem necessitar de

autorização.Ana Caridade

[email protected]

Ossuplementos alimenta-

res estão na moda e, em-bora não existam núme-ros fidedignos, sabe-se

que se vendem cada vez mais. Nas

farmácias, nas parafarmácias, nas

lojas de produtos dietéticos ou nossupermercados, estes produtospodem ser encontrados, adquiri-dos e ingeridos sem que haja qual-

quer tipo de controlo por parte deum médico ou de outro profissio-nal de saúde. Estamos a falar deuma gama vasta de produtos, quevão desde os suplementos paraemagrecer, aos chás com as maisvariadas indicações terapêuticas,até aos complexos vitaminicos.Estes suplementos não são medi-camentos, logo não carecem de

prescrição médica mas podem terna sua composição substâncias

comuns aos medicamentos, ape-sar de em menor concentração.Apesar disso, os suplementos ali-

mentares estão fora da alçada doInf armed ou do Ministério da Saú-

de. Cabe ao Ministério da Agricul-tura, através do Gabinete de Pla-

neamento de Políticas, permitir asua comercialização, sem que pa-ra isso efectue análises aos produ-tos ou confirme se as suas proprie-dades actuam de forma eficaz (vertexto ao lado).Pedro Barata farmacêutico emembro da direcção da Secção

Regional do Porto da Ordem dos

Farmacêuticos, conversou como GRANDE PORTO e assume que"deveria haver uma maior exigên-cia no que diz respeito à garantiada qualidade segurança e, acimade tudo, da eficácia e efectividadedos suplementos alimentares".A verdade é que muitos dos queconsomem este tipo de suplemen-tos anda a comprar gato por lebre.

A DECO realizou no ano passadoum estudo que visou 20 suple-mentos alimentares para emagre-cer e chegou a conclusões alar-mantes: a maioria utiliza substân-cias com efeitos nem sempre com-

provados, outros contêm substân-cias que, em elevadas concentra-

ções, podem ser perigosas, comoé o caso dos estimulantes, que ele-

vam o ritmo cardíaco.A DECO refere no seu estudo queà falta de rigor científico, junta-seo recurso a substâncias ditas na-turais, mas sem provas dadas naperda de peso. A lista é vasta e var-re desde o incontomável aloé ve-ra até frutos exóticos brasileiros,como o açaí, passando pelo gin-

seng típico da medicina oriental.Mas a eficácia real destas substân-

cias, nas doses propostas, está pordemonstrar. Além disso, os produ-tos ditos naturais não estão isen-

tos de riscos. Por exemplo, se toma-das em conjunto com certos me-dicamentos, algumas plantas po-

dem causar interacções com con-

sequências para a saúde. >

Estudo da DECOanalisou 20

suplementosalimentares paraemagrecer e diz

que a maioriautiliza substâncias

que podem serperigosas, e que

não têm provasdadas na perda de

> Conselho do médicoou farmacêuticoé fundamentalDe facto, segundo Pedro Barata"alguns suplementos alimentares

podem estar desaconselhados oumesmo interditos nalgumas pato-logias e podem interagir com ou-tra medicação concomitante alte-rando os efeitos desta o que poderepresentar perda de efectividade

ou, inclusive, o aumento da toxici-dade associada ao seu consumo".

Tendo em conta este potencialprejuízo para a saúde dos consu-midores, a Ordem dos Farmacêu-ticos "recomenda sempre que outente se aconselhe com o seu far-

macêutico ou com o seu médicoantes de utilizar um suplementodeste tipo*. Pedro Barata refere ain-da que "as farmácias são, acima de

tudo, um espaço de saúde e, por-tanto, os farmacêuticos têm tam-bém a responsabilidade de zelarpela saúde pública e promover aeducação para a saúde".

Quando questionado se os farma-cêuticos se sentiam confortáveisao venderem os suplementos ali-

mentares, já que em muitos casosa sua eficácia não está comprova-

da Pedro Barata assume que "os

produtos milagre não existem",mas sustenta que "a suplementa-ção alimentar devidamente en-quadrada pode ser útil'. O dirigen-te da Secção regional da Ordemdos Farmacêuticos diz ainda que

"nenhum farmacêutico deixará de

expressar a sua opinião técnica so-

bre os produtos que vende na far-

mácia, sendo que a sua dispen-sa deverá sempre ter em linha deconta o melhor interesse do uten-te'.

Autorizaçãonão é necessária

VGPPnâo valida orêtufa nem procede â

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segurança e qualidadeaSmmíwSmncmmdmreqmáêmàerútalúgenf

Ana Caridade

Ossuplementos alimen-

tares são consideradosgéneros alimentícios

comuns e, portanto, não pas-sam pelo crivo do Inf armed oudo Ministério da Saúde A co-

mercialização destes produtospassa pelo Ministério da Agri-cultura, mais concretamenteao Gabinete de Planeamentode Políticas (GPP), sem que seja

necessária qualquer autoriza-

ção desta entidade. Na verda-de, e como pode ler-se no sítioda Internet do GPP, "para facili-tar uma eficiente monitoriza-ção dos suplementos alimenta-res, o Decreto-Lei n° 136/2003de 28 de Junho requer que o fa-bricante ou o responsável pe-la colocação no mercado na-cional, notifique a autoridade

competente desse facto, atravésdo envio de cópia do rótulo utiliza-do para esse produto. Como o pro-cesso de notificação não é umaaprovação que anteceda a comer-cialização, os produtos podem sercolocados no mercado assim queforem notificados, sendo que deacordo com os princípios consa-

grados no Reg. (CE) n° 178/2002 de28 de Janeiro, é da responsabilida-de do operador económico garan-tir o cumprimento dos requisitos

previstos na legislação aplicável".Ou seja, se uma empresa deci-dir colocar no mercado um su-

plemento alimentar, a única coi-

sa que tem que fazer é notificar oGPP e enviar uma cópia do rótu-lo do produto, não precisando dequalquer autorização. A notifica-

ção é feita por via electrónica paraum email que está indicado na pá-gina do GPPO GPP esclarece ainda que o ope-rador não precisa de esperar pornenhuma resposta à notificaçãoe que a colocação do produto nomercado não depende dessa res-

posta E acrescenta que "o GPP nãovalida o rótulo nem procede à ava-liação do produto, sendo o opera-dor económico responsável pelagarantia da segurança e qualidadealimentar, bem como dos requisi-tos de rotulagem e outros."

Venda de

Depuralinafoi suspensaem 2008

A exemplo do que acontececom medicamentos, já não éa primeira vez que um suple-mento alimentar é retirado domercado ou que a sua vendaé suspensa. Em 2008 foi sus-

pensa a venda de Depuralina,conhecido suplemento paraa perda de peso, na sequênciada notificação de três casos dereacções adversas graves quepodem estar associados aoconsumo do produto.Na ocasião, um comunicadoda Direcção-Geral da Saúde,do GPP e da Autoridade Na-cional do Medicamento reco-mendava que os consumido-res do suplemento suspen-dessem o seu consumo. A De-

puralina já se encontra de no-vo à venda.

Angelicalmretiradodo mercado

Em Julho do ano passado a DE-

CO detectou uma elevada con-

centração de valeriana nos

comprimidos Angelicalm. O

produto foi retirado do merca-do, mas já se encontra de novoà venda Os produtos da Ange-licalm apresentam-se como su-

plementos alimentares, mas in-cluem melatonina e valeriana,regulador do sono e calmantetambém usados em medica-mentos. Através da rotulagem,a DECO verificou que os com-primidos incluem mais do tri-

plo da valeriana (150 mg) defármacos aprovados pelo In-farmed, como o Valdispert (45

mg).O caso foi denunciado ao Mi-nistério da Agricultura, respon-sável pelo controlo dos suple-mentos alimentares. Esta enti-dade pediu um parecer ao In-farmed, que foi categórico: os

comprimidos Angelicalm de-vem ser classificados comomedicamento e respeitar to-dos os requisitos destes.