As relações que se estabelecem entre os membros de um grupo estão marcadas pela afectividade, estabelecendo entre si diferentes tipos de interacção. As relações podem ser marcadas pela atracção, agressão e
intimidade, estereótipos, preconceitos e conflito/cooperação.
Processo de Relação entre os indivíduos e os grupos
Factores de atracção interpessoal
Proximidade física A proximidade física favorece o contacto social, sem o qual ninguém atrairia ou seria atraído por ninguém. Quanto mais as pessoas se virem e conviverem, mais familiares se tornam e mais laços de simpatia e de amizade estabelecem. As estatísticas mostram que as pessoas tendem a casar-se com quem vive perto delas. Também pode ocorrer o inverso: o contacto amiudado pode gerar saturação, tédio e inimizade, pelo que, quanto mais as pessoas se encontrarem, mais desejam o afastamento. Desejo de afiliação Enquanto tendência a estabelecer relações positivas com os outros, a afiliação pode explicar-se de duas formas: uma, pelo gosto que advém das vivências conjuntas, das partilhas que se fazem, das amizades que se estabelecem, etc.; outra, pela necessidade daspessoas escaparem a sentimentos indesejáveis, como sejam o medo da solidão ou angústia da rejeição. De qualquer modo, o desejo de afiliação é um dos mais sólidos suportes do grupo, estando na base da coesão e fidelidade estabelecidas entre os seus elementos.
Beleza Especialmente entre os jovens, o aspecto físico é determinante. A boa aparência exterior é um dos principais motivos de atracção física, tendendo, por isso, a aproximarmo-nos e a gostar mais das pessoas bonitas. Normalmente associam-se às pessoas bonitas traços de personalidade positivos, em virtude do estereótipo "o belo é uma forma de bem", o que significa que "o que é belo é bom”: Se bem que não seja rigoroso, o seu conteúdo tende a ser socialmente confirmado. Talvez o tratamento diferenciado para com os mais elegantes e bonitos lhes incremente a auto estima e, desse modo, contribua para o desenvolvimento de competências e atributos socialmente valorizados.
No início da atracção entre um homem e uma mulher, a aparência física é
determinante. Posteriormente, para que a atracção se mantenha, é necessário haver
afinidades de interesses e valores.
Similaridades interpessoais O grau de atracção entre as pessoas depende do grau de semelhança das atitudes que manifestam. De facto, a nossa experiência comprova que estabelecemos mais facilmente relações positivas com as pessoas que têm opiniões, crenças, valores e pontos de vista semelhantes aos nossos. Temos tendência a aproximar-nos daqueles que têm as mesmas preferências que nós em relação a ideologias políticas, crenças religiosas, manifestações artísticas e actividades desportivas.
Reciprocidade Temos tendência a "gostar de quem gosta de nós". Parece que estamos predispostos a assentar as escolhas pessoais na reciprocidade, sendo reconfortante constatar que há retribuição positiva daqueles por quem nutrimos afeição.
Em relação com a teoria da reciprocidade, Lott desenvolveu a teoria da troca social para explicar a atracção. Segundo este psicólogo, os objectivos dos indivíduos em interacção consistem na maximização dos "ganhos" e na minimização das "perdas".
Isto significa que os seres humanos se sentem atraídos por outros quando os "benefícios" são superiores aos "custos" e tendem a afastar-se quando o saldo "investimento-lucro" é negativo.
O conceito de troca social explica que apreciemos as pessoas que julgamos susceptíveis de nos satisfazer necessidades: basta pensar que uma pessoa nos pode elogiar, ajudar, confortar, apreciar, enaltecer qualidades, concordar connosco, reduzir o nosso medo e ansiedade, em suma, contribuir para o aumento da nossa auto-estima, para nos sentirmos atraídos por ela.
Agressão
Geralmente, distinguem-se dois tipos de agressão quanto à intenção do sujeito: agressão hostil e instrumental.
Agressão hostil – é um tipo de agressão emocional geralmente impulsiva. É um comportamento que visa causar danos ao outro, independentemente de qualquer vantagem que se possa obter.
Agressão instrumental – é um tipo de agressão que visa um objectivo, que tem por fim conseguir algo independentemente do dano que possa causar.
Na agressão quanto ao alvo podemos distinguir:
Agressão directa – o comportamento agressivo dirige-se à pessoa ou ao objecto que justifica a agressão.
Agressão deslocada – o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem.
Auto-agressão – o sujeito desloca a agressão para si próprio.
Quanto ao alvo, distingue-se:
a agressão directa - dirige-se ao objecto que justifica a agressão;
a agressão deslocada - o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem;
a agressão inibida - o sujeito não manifesta agressão para com o outro, mas dirige-a contra si próprio.
Teorias sobre a
agressividade
Para explicar a origem da agressão, há várias teorias que procuram identificar as causas dos comportamentos agressivos.
Segundo Freud, fundador da psicanálise, a agressão teria origem numa pulsão inata, a pulsão da morte. Os comportamentos agressivos seriam explicados por uma disposição instintiva e primitiva do ser humano.
Para Lorenz, a agressividade humana estava programada geneticamente, sendo desencadeada em determinadas situações. O ser humano não teria os mecanismos reguladores da agressividade como os animais, o que explicaria as guerras.
Segundo Dollard, a agressão seria provocada pela frustração. Quando o sujeito não conseguia atingir os objectivos pretendidos, recorria à agressão.
Para Bandura, o comportamento agressivo era aprendido por observação e imitação de modelos. A criança, no seu processo de socialização, imitaria o comportamento dos pais, dos professores e dos seus pares, incluindo os comportamentos agressivos (aprendizagem social).
A agressão explica-se pela interacção complexa de um
conjunto de factores.
Factores biológicos – Sabe-se que há hormonas e outras substâncias que, circulando no sangue, afectam o sistema nervoso activando ou inibindo a expressão da agressividade
Ambiente físico – A temperatura muito elevada propicia mais comportamentos violentos.
Factores culturais – O psicólogo Oatley defendeu, na década de 90, que as culturas mais individualistas eram mais agressivas do que as colectivistas.
Factores relativos à experiência e à história de vida de cada um.
Intimidade e Intimidade e amoramor
As pessoas falam de amor a propósito de sentimentos que nutrem em relação a alguém por quem se sentem fortemente atraídas.
Mas há vários tipos de amor, como, por exemplo, o materno e paterno, o filial e fraternal, o romântico e apaixonado, o amor entre amigos e o de companheirismo, o amor à humanidade, o amor à pátria e o amor a Deus. Que haverá de comum em todos estes casos? Amar será a mesma coisa que gostar?
O psicólogo Zick Rubin aplicou dois questionários – “ escala de amar” e “ escala de gostar” - a centenas de estudantes que "saíam juntos”; que teriam de se pronunciar sobre os parceiros, concordando ou discordando de afirmações constantes de uma imensa lista.
A análise das respostas permitiu concluir que se trata de coisas distintas. Enquanto "gostar" exige afeição e respeito “amar" apresenta como principais parâmetros a vinculação, a preocupação e a intimidade. Vinculação. Apego ao outro. Necessidade do outro, da sua presença física e apoio emocional. Preocupação. Atenção prestada ao outro. Cuidar dele, sentindo-se responsável pelo seu bem-estar. Intimidade. Desejo de comunicação profunda e confidencial.
AmorEmoção caracterizada por uma intensa concentração no objecto amado a que se associa forte excitação fisiológica e um desejo constante da sua presença.
Vamos centrar-nos neste tipo de amor, sentimento que alimenta a convicção de que, por si só, é condição suficiente para manter uma relação. Modelos de amor Vários psicólogos se dedicaram ao estudo científico da intimidade e do amor.
Kelley distingue três modelos de amor: o passional, em que o núcleo forte é a necessidade do outro. o pragmático, cujo centro é constituído pela confiança e tolerância. o altruísta, de que fazem parte a preocupação e o cuidado.
Sternberg propõe a teoria triangular do amor, segundo a qual este sentimento pode ser esquematizado como um triângulo cujos vértices são ocupados por cada um dos componentes: intimidade, paixão e decisão-compromisso.A combinação destes componentes permite uma taxonomia de modelos de amor que diferem conforme se apresentam mais ou menos carregados de emoções, motivações e cognições:
Amizade
A amizade é uma das manifestações de intimidade que envolve relações em que estão presentes, entre outros, elementos como confiança, lealdade, cooperação, etc.
As amizades variam segundo um conjunto de factores: idade, género, contexto social e características pessoais.
Estereótipos
São crenças ou modos de pensar – construções mentais – que generalizam ou atribuem a todos os indivíduos de um grupo, características que se podem encontrar somente em alguns. Representações esquemáticas e excessivamente simplificadas da realidade social, os estereótipos, embora não necessariamente negativos têm consequências, em grande parte, prejudiciais e nocivas no que respeita às relações interindividuais.
Com efeito, em primeiro lugar, os estereótipos inibem ou impedem que consideremos os membros dos outros grupos enquanto indivíduos. Baseados num estereótipo tendemos a tratar cada elemento do grupo como se fosse a reprodução individual exacta das características do grupo, tenha ou não essas características.
Em segundo lugar, os estereótipos limitam excessivamente as nossas expectativas quanto às atitudes e comportamentos dos membros do grupo estereotipado. Assim, se por exemplo, julgamos que é próprio das mulheres serem meigas, sensíveis, compreensíveis, fracas e mais solidárias do que competitivas poderemos reagir ridicularizando, censurando ou considerando como fugindo à regra mulheres que manifestem capacidade competitiva, agressividade, força, ambição e contenção emocional.
Estereótipos
Os preconceitos são atitudes que envolvem um pré-juízo, um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais.
Nos preconceitos predominam a função socio-afectiva, assumindo, frequentemente, posições radicais contra grupos sociais.
Na sua expressão mais activa, podem conduzir a actos de discriminação.
A discriminação é o comportamento que decorre do preconceito (que é uma atitude e não um comportamento).
No limite, pode conduzir à eliminação física do objecto da discriminação.
Na base da discriminação está o preconceito que a fundamenta: racial, sexista, religioso, étnico, etc.
Preconceito - é um conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou razoável. Em psicologia social, designa uma atitude que deriva de pré-julgamentos e que conduz os sujeitos a avaliarem, na maior parte das vezes de forma negativa, pessoas ou grupos sociais, comportamentos que conduzem à discriminação, à segregação.
No plano cognitivo, o preconceito está ligado a expectativas segundo as quais o grupo em causa agirá mal no trabalho ou adoptará comportamentos criminosos.
No plano afectivo, o preconceito está associado à evitação. à agressividade, à discriminação.
O conflito é uma tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis.
O conflito ocorre em relações próximas e/ou interdependentes em que existe um estado de insatisfação entre as partes.
Actualmente, a psicologia encara o conflito numa perspectiva positiva, contrariando a perspectiva pessimista e negativa que dominava.
A vivência e a ultrapassagem dos conflitos correspondem a processos de desenvolvimento pessoal e grupal. Depois de ultrapassados, favorecem respostas mais adaptadas.
Sem omitir os aspectos negativos, actualmente considera-se o conflito como um factor de mudança e desenvolvimento social.
Pode-se definir a cooperação como a acção conjunta que implica a colaboração dos envolvidos para se atingir um objectivo comum.
A cooperação, a mediação e a negociação são meios a que se recorre para se ultrapassarem conflitos.
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