Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Departamento de Fitotecnia e Zootecnia – DFZ
Olericultura
Engenharia Agronômica
PATOLOGIAS PÓS-COLHEITA DA CULTURA DO
MORANGO
Vitória da Conquista - BA
Janeiro / 2014
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Departamento Fitotecnia e Zootecnia – DFZ
Olericultura
Engenharia Agronômica
PATOLOGIAS PÓS-COLHEITA DA CULTURA DO
MORANGO
Trabalho apresentado a Profª. Drª. Tiyoko
Nair Hojo Rebouças da disciplina
Olericultura, como parte avaliativa da III
Unidade.
Discentes:
Flávia Vidal Teixeira
Gustavo dos Santos Silva
Vitória da Conquista - BA
Janeiro / 2014
1 – INTRODUÇÃO
O Brasil é o terceiro pólo mundial de fruticultura, com produção anual de
cerca de 38 milhões de toneladas. A fruticultura propicia a geração de empregos e
a fixação das famílias no meio rural, contribui na alimentação e saúde da
população e na sustentabilidade ambiental. Dessa forma, o conhecimento por
parte dos produtores rurais das tecnologias de armazenamento pós-colheita na
comercialização de frutas visa a ampliar o espaço do Estado como fornecedor de
produtos de qualidade para o mercado nacional e internacional.
O morango é uma das frutas mais apreciadas pelo consumidor não só pelo
seu sabor e aroma agradáveis, como também pelo seu valor nutricional e
propriedades funcionais. O morango é uma boa escolha entre os gêneros
alimentícios, pois é fonte de vitamina C, potássio, cálcio e magnésio, dentre outros
nutrientes.
A produção comercial de morangos ocorre em vários estados brasileiros
graças à adaptabilidade das diversas cultivares introduzidas no país. Sua safra
possibilita produção de junho a março e é um mercado bastante atrativo, visto que
além da produção primária, no consumo dos frutos in natura, esta cultura é de
grande importância para a agroindústria regional, sendo matéria prima para a
produção de sorvetes, bebidas lácteas, doces, licores, geléias, entre outros.
Atualmente, há um conjunto amplo e satisfatório de tecnologias para
produção, colheita e pós-colheita de morango, que, se bem aplicadas, resultam na
obtenção de um produto de qualidade. Se o manejo durante a fase de produção
do morango foi corretamente executado, o ponto decisivo para manter as
características do fruto e sua conservação é efetuar a manipulação na colheita e
nas etapas seguintes com o máximo de cuidado. Para uma comercialização bem
sucedida é necessário aumentar a vida de prateleira, testando e adaptando
técnicas na conservação, embalagem e transporte.
2 – HISTÓRICO E SITUAÇÃO PRODUTIVA
O cultivo do morangueiro iniciou nas civilizações indígenas da América Pré-
Colombiana e a partir do século XIV, espécies de morango foram cultivadas na
Europa, para fins de ornamento de jardins. Com o passar do tempo, foi trazido
para a América pelos europeus, difundindo-se no Chile e em toda a América do
Norte. Atualmente, o morango é uma cultura que possui grande expressão
econômica em diversos países do mundo, como Estados Unidos, Espanha,
Turquia, Rússia, Coréia do Sul e Japão.
No Brasil, a introdução do morango deu-se a partir da década de 50, na
região da “serra do sudoeste”, expandindo, ao final da década de 60, para outras
áreas. Essa expansão deve-se a diversidade de cultivares disponíveis, novas
técnicas de cultivo, pela maior oferta de mudas livres de enfermidades e ao
melhoramento genético desenvolvido em todo o país.
Os estados brasileiros que se destacam na produção de morango são São
Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo,
Rio de Janeiro e o Distrito Federal (FILHO, 2009). Minas Gerais é o maior produtor
nacional de morango, com produção anual de 40 mil toneladas/ano, o equivalente
a cerca de 40% da produção nacional, seguidos por São Paulo, que produz 29 mil
toneladas/ano e Rio Grande do Sul onde são cultivados em cerca de uma área
superior a 600 hectares e produção de cerca de 11 mil toneladas/ano
(ANTONIOLLI, 2007). Santa Catarina, Espírito Santo e Rio de Janeiro também são
grandes produtores de morango (CARVALHO, 2006).
A quase totalidade é dirigida ao mercado interno, sendo que utilização é
tanto para o consumo in natura como para a industrialização.
De acordo com Dias (2007), o morango pode ser cultivado em diferentes
condições climáticas e de solo, no entanto, o clima temperado é o mais favorável,
podendo produzir satisfatoriamente em regiões subtropicais e até mesmo
tropicais.
A cultura do morango geralmente é praticada pelo pequeno produtor rural,
que utiliza a mão-de-obra familiar desde o preparo do solo e plantio das mudas até
a colheita, sendo esta a principal fonte de renda da família. Essa renda é revertida
para melhoria social na aquisição de equipamentos como pulverizadores,
insumos, na melhoria da habitação e aquisição de bens de consumo (BOTELHO,
1999).
Ainda, segundo o autor, esses produtores possuem tradição no cultivo do
morango, sendo, na maioria das vezes, proprietários de minifúndios, arrendatários
e meeiros.
A agricultura familiar é de grande importância no país para a fixação do
homem no campo e para a geração de emprego rural, especialmente para a
população com menor grau de qualificação.
3 – ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DO MORANGUEIRO
3.1 – MORFOLOGIA
A classificação botânica define o morango como sendo a única hortaliça
pertencente da família Rosaceae, ao gênero Fragaria e a espécie Fragaria x
ananassa Duch ex Rozier, resultado do cruzamento entre as espécies F.
chiloensis e F. virginiana. Atualmente, através de cruzamentos foram
desenvolvidas inúmeras variedades componentes da base genética Fragaria x
Ananassa, permitindo maior amplitude de adaptação e qualidade das cultivares de
morango.
A planta do morango possui sistema radicular do tipo fasciculado, herbáceo
e superficial. A coroa, parte que sobressai da terra, origina o eixo caulinar. A folha
do morangueiro é constituída de três a cinco folíolos; as flores estão agrupadas
em inflorescências do tipo cimeira, com cálice geralmente pentâmero. O
florescimento é dependente de fatores como temperatura e fotoperíodo e a
interação entre eles.
Os frutos, corretamente denominados aquênios, são aqueles pontinhos
pretos conhecidos erradamente como sementes, por serem pequeninos, duros e
superficiais. Entretanto, para fins comerciais denomina-se fruto todo o conjunto de
frutos verdadeiros e o receptáculo hipertrofiado da flor, que é a epiderme vermelha
que recobre a polpa do morango. Este é resultado do desenvolvimento do
receptáculo devido à presença de auxinas nas sementes em crescimento.
3.2 – COMPOSIÇÃO DO FRUTO
A água é o composto mais abundante do morango, cerca de 92% do fruto,
tornando-o dessa forma altamente susceptível a deterioração e à desidratação.
A doçura do morango está relacionada a quantidade de glicose e frutose,
açúcares que predominam no fruto, e em proporção menor o xilitol, o sorbitol e a
xilose, sendo estes os componentes mais abundantes encontrados no teor em
sólidos solúveis (SS).
O ácido mais abundante no morango maduro é o ácido cítrico embora
também se verifique presença de ácido málico e outros ácidos. As variações nos
ácidos málico e cítrico são responsáveis pelas diferenças de acidez entre os
frutos.
O morango ainda é um fruto rico em vitaminas e sais minerais. Dentre as
vitaminas nele presentes destaca-se a vitamina C, que, por ser uma vitamina
instável, sua quantidade pode variar de acordo com o manuseio pós-colheita, além
da cultivar, estado de maturação do fruto e condições de cultivo.
Dos minerais tem-se a presença de potássio, magnésio e cálcio.
A cor vermelha do morango se dá pelo conteúdo e perfil de antocianinas
presentes.
O morango contém elevados níveis de compostos antioxidantes entre os
quais de destacam as antocianinas, os flavonóides os ácidos fenólicos. A atividade
antioxidante total depende de fatores genéticos e das condições de crescimento
da planta.
4 – DOENÇAS DO MORANGUEIRO
O morangueiro é suscetível a várias doenças provocadas por fungos, vírus
e bactérias, além de viróides e fitoplasmas (DIAS, 2007). Estas podem ser
diferenciadas entre as que atacam a parte aérea (folhas, frutos, estolões e flores)
e as que provocam podridões de raízes e colo da planta (FORTES, 2003).
Segundo Dias (2007), muitas dessas doenças têm se agravado ano após
ano, favorecidas pelo clima que permite seu desenvolvimento em todo o período
de cultivo. Assim sendo, a ocorrência dessas doenças e a dificuldade de controle
representam um ponto-chave para alcançar a alta produtividade e qualidade do
morango.
O produtor deve levar em consideração os fatores inerentes à planta, ao
patógeno e às condições ambientais predisponentes. Dessa forma, o manejo deve
ser realizado adotando práticas multidisciplinares, com o objetivo de melhorar o
controle, reduzir os custos de produção, diminuir o impacto ambiental e evitar a
ocorrência de resíduos em frutos (TÖFOLI, 2005).
Entre os principais fatores que predispõe o morango a doenças podem-se
citar os fatores climáticos como temperatura, umidade relativa e duração do
molhamento foliar, o desequilíbrio de nutrientes no solo e na planta, as injúrias e
ferimentos provocados por implementos agrícolas, insetos ou manuseio excessivo,
o emprego de mudas de baixa qualidade, o sistema de irrigação utilizado, visto
que pode haver acúmulo de água em solos com deficiência de drenagem,
emprego de monocultura e ausência de limpeza (ZAMBOLIM, 2006).
4.1 – DOENÇAS QUE OCORREM NO MORANGO NA PÓS-COLHEITA
As perdas pós-colheita podem alcançar altos valores dependendo da
cultivar, método de colheita, condições de armazenamento entre outros. Doenças
pós-colheita são as grandes responsáveis por perdas de produção no Brasil,
causando grandes prejuízos, visto que afetam o produto comercial (DIAS, 2005).
Essas doenças são favorecidas por injúrias mecânicas durante o trato cultural,
irrigação, colheita, transporte e armazenamento. O morango é um produto
altamente perecível, apresentando vida limitada na pós-colheita. Assim sendo,
devem ser adotadas medidas adequadas e métodos de controle eficazes a fim de
aumentar o período em que o morango permanece disponível nas prateleiras
(DIAS, 2005).
Dentre as principais doenças que podem atacar o fruto na pós-colheita
estão a antracnose, a podridão de Rhizopus e o mofo-cinzento.
4.1.1 – Antracnose
É causada pelo fungo Colletotrichum acutatum Simmons, na qual apresenta
o sintoma denominado flor-preta, podendo destruir flores, frutos e até mesmo as
plantas se houver condições favoráveis para a infecção.
Nos frutos ocorre o aparecimento de manchas de coloração marrom-clara,
tornando-se escura ao longo do tempo, com forma circular e aspecto aquoso. Com
a evolução progressiva da doença os frutos atacados ficam totalmente
mumificados.
A antracnose é favorecida por temperaturas em torno de 25 a 30ºC e alta
umidade. Dias consecutivos de chuva ou irrigação incorreta são favoráveis ao seu
aparecimento e disseminação, embora o principal agente causador seja o
emprego de mudas contaminadas.
A melhor forma de controle da antracnose é a utilização de mudas sadias e
certificadas, a eliminação de restos culturais, a irrigação realizada por gotejamento
a fim de não molhar a parte aérea da planta, além de controle químico, se
necessário.
4.1.2 – Podridão de Rhizopus ou Podridão-Mole
A podridão de Rhizopus manifesta-se durante o transporte e
armazenamento. É causada pelo fungo Rhizopus nigricansi Ehr.
Dificilmente se observa no campo um fruto com esta podridão, porém
podem carregar na superfície estruturas do fungo, que constituem o inóculo. Pode
se disseminar rapidamente pelo contato do suco que escorre dos frutos infectados
para os sadios nas embalagens.
Os frutos infectados mudam de cor, acompanhado de uma podridão mole,
aquosa, com o escorrimento de suco. Sob condições de alta umidade são
recobertas por um denso micélio branco, característico do fungo.
Para o controle da doença recomenda-se o mínimo de contato com o solo,
manusear corretamente os frutos na colheita e transporte, desinfetar as caixas de
colheita, evitar condições de alta umidade e resfriar rapidamente em temperatura
inferior a 10ºC.
4.1.3 – Mofo-Cinzento
O principal fungo associado ao morango no campo e pós-colheita é o
Botrytis cinerea, que causa a doença chamada mofo-cinzento. Chega a destruir
até 70% dos frutos e manifesta-se sob condições de alta umidade e temperaturas
amenas.
O mofo-cinzento induz a deterioração de um grande número de frutos e
vegetais, possuindo assim grande importância econômica durante o período de
crescimento, pós-colheita e armazenamento. É também um importante obstáculo
ao transporte de longa distância e armazenagem. Este patógeno infecta as folhas,
caules, flores e frutos, quer pela penetração direta ou através de feridas causadas
pelas práticas culturais.
A podridão pode iniciar em qualquer ponto da superfície do fruto, porém
geralmente inicia na lateral, onde ocorre o contato com o solo ou nas caixas de
colheita e armazenamento. Desenvolve-se em temperaturas relativamente baixas,
no entanto necessitam de alta umidade. Três dias de chuva são suficientes para
favorecer a infecção, além do emprego da irrigação por aspersão, que mantém os
frutos molhados
Nos frutos verdes os sintomas iniciam-se com manchas marrons, até atingir
toda a superfície, seguidos por coloração acinzentada e recoberto por um
mofocinzento característico do desenvolvimento do fungo. Nos frutos maduros
inicia com o aparecimento de manchas descoloridas que se expandem. Apresenta
sabor e odor desagradáveis tornando-o impróprio para o consumo.
O controle dessa doença é especialmente importante durante o
armazenamento porque se desenvolve em baixas temperaturas (por exemplo -0,5
◦ C) e se espalha rapidamente entre frutas e legumes. No entanto medidas
adotadas ainda no cultivo dificultam o desenvolvimento do fungo, tais como plantar
em áreas novas, drenar o terreno, evitar o contato do fruto com o solo, eliminar
restos culturais, utilizar ambiente protegido, manusear o fruto com cuidado para
não ferí-los durante a colheita e pós-colheita, limpeza e desinfecção de utensílios
utilizados nos galpões de embalagem. O controle químico pode ser realizado com
aplicação de fungicida.
5 – MANEJO E CONSERVAÇÃO DO MORANGO NA PÓS-COLHEITA
A obtenção de frutas com qualidade adequadas às exigências de mercado
é um fator de suma importância no sistema de produção e só é alcançado
mediante técnicas apropriadas para sua produção e conservação. Qualidade pode
ser definida, como “o conjunto de atributos relativos ao potencial genético da
espécie que confere atratividade, segurança alimentar e durabilidade à fruta”. Cor,
sabor, aroma, textura e o balanço açúcar/acidez são fatores determinantes na
qualidade total do morango.
Dessa forma, devem-se buscar métodos que proporcionem maior período
de conservação, com as características desejadas pelo consumidor.
5.1 – SELEÇÃO E EMBALAGEM
O processo de seleção consiste na remoção das sujidades, dos frutos
danificados e atacados por fungos. Em seguida os frutos são classificados quanto
ao tamanho e estágio de maturação. Neste processo é importante eliminar os
frutos danificados por fungos ou insetos, visto que estes podem contaminar os
frutos sadios.
A utilização de embalagem adequada é importante para evitar danos físicos
ao produto, que devem ser novas e limpas, além de não provocar modificações
internas ou externas. A embalagem ideal também deve evitar perda por
desidratação e reduzir a taxa respiratória.
5.2 – PRÉ-RESFRIAMENTO
O resfriamento rápido é o processo que consiste em retirar imediatamente o
calor que a fruta traz do campo. A diminuição do metabolismo do fruto,
controlando-se as atividades enzimáticas, de respiração e transpiração, além de
evitar a incidência de podridões.
A operação é realizada através de correntes de ar frio forçado sobre os
frutos. Este método, além de ser uma forma rápida de resfriamento evita a
umidade sobre o fruto, evitando deterioração.
5.3 – REFRIGERAÇÃO
Durante o processo de armazenamento deve-se manter a temperatura da
câmara entre 0 e 1°C e umidade relativa de cerca de 90%. O morango pode ser
armazenado por cinco a sete dias, a 0ºC. Temperaturas de refrigeração
contribuem para reduzir a atividade microbiana e as alterações químicas e
enzimáticas do próprio vegetal, mantendo a qualidade do produto e a segurança
para o consumidor.
É importante que a umidade relativa da câmara seja ajustada pois se for
baixa haverá a desidratação e se for alta aumentará a incidência de podridões.
O controle da qualidade na colheita, resfriamento rápido e o
armazenamento em baixa temperatura, são os principais meios capazes de evitar
o aparecimento do fungo Botrytis cinerea, principal fator de deterioração do
morango.
5.4 – ATMOSFERA MODIFICADA E CONTROLADA
A utilização de atmosfera modificada e controlada tem por objetivo
prolongar o período de armazenamento dos frutos através do controle da
concentração dos gases do ambiente de armazenamento, por meio da remoção
ou adição dos gases.
A diferença entre os dois métodos consiste no grau de controle da
concentração dos mesmos. Os benefícios do armazenamento em atmosfera
controlada ou modificada depende do produto, cultivar, idade fisiológica, qualidade
inicial, concentrações de O2 e CO2, temperatura e duração de exposição a tais
condições.
Submeter os frutos a atmosferas impróprias pode acarretar estresse ao
tecido vegetal, originando sintomas como amadurecimento irregular,
desencadeamento de distúrbios fisiológicos, desenvolvimento de odores
desagradáveis e aumento da sensibilidade ao ataque de doenças.
O princípio de utilização da atmosfera modificada é a utilização de filmes de
polietileno como o Cloreto de Polivinil (PVC) a fim de alterar a atmosfera no
interior da embalagem. Esse tipo de filme permite que a concentração de CO2
proveniente da respiração aumente, e a concentração de O2 diminua, à medida
que é utilizado pelo processo respiratório. Dessa forma, o metabolismo do fruto é
reduzido e sua vida pós-colheita pode ser prolongada substancialmente.
O uso da atmosfera controlada consiste em controlar as concentrações de
O2 e CO2 no ambiente, monitorados periodicamente e ajustados para que
mantenham as concentrações desejadas. A mistura gasosa desejada é injetada
nas câmaras, que permanecem hermeticamente fechadas, onde os frutos estão
armazenados. Este processo é oneroso e exige alto grau de precisão, sendo
indicado para armazenamento a longo prazo.
Para os frutos os benefícios são a redução da taxa respiratória e produção
de etileno, retardamento da perda de cor e firmeza dos frutos além de inibir o
crescimento fúngico.
6 – CONTROLE DE PODRIDÕES EM PRÉ E PÓS-COLHEITA
6.1 – TRATAMENTO QUÍMICO CONVENCIONAL: PRÉ-COLHEITA
O controle químico tem se mostrado o método mais eficiente na redução de
infecções fúngicas. Os fungicidas sistêmicos garantem uma maior proteção das
frutas durante o período de armazenamento, agindo sobre patógenos causadores
de infecção latente, inativando esporos de patógenos associados a ferimentos e
protegendo a superfície das frutas.
De acordo com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA), o morango, desde 2002 apresenta resultado insatisfatório no
que se refere a limites máximos de resíduos de agrotóxicos. Em 2008, 36,05% das
amostras analisadas apresentaram resíduos, obtendo então a segunda posição
diante de outros frutos. Além disso, a fim de garantir maior vida de prateleira os
produtores também utilizam produtos não registrados na ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária).
Em decorrência dos efeitos toxicológicos que provocam, é necessário o
acompanhamento e a quantificação desses produtos na água, no solo, nos
alimentos e na atmosfera, a fim de proteger a saúde do consumidor. Além disso a
utilização freqüente de fungicidas no controle de doenças pós-colheita faz com
que os patógenos desenvolvam resistência a eles, obrigando o produtor a utilizar
doses crescentes para combatê-los.
7 – TRATAMENTOS ALTERNATIVOS
Atualmente há uma preocupação muito grande por parte dos consumidores
a respeito da utilização de agrotóxicos. De acordo com Andreazza et. al. (2008),
há uma tendência mundial, na qual os consumidores estão preocupados em
adquirir produtos livres de resíduos tóxicos. Além disso, o uso continuado de
agrotóxicos pode gerar raças de patógenos resistentes aos fungicidas.
Nesse contexto busca-se novas alternativas no controle de podridões que
possam substituir o uso de fungicidas com eficácia em pós-colheita.
A importância de estudar métodos alternativos para o controle de perda de
qualidade de frutos se deve também à necessidade de prolongar o período de
armazenamento sem perdas por problemas fitossanitários e a restrição que o uso
de agroquímicos possui em relação às exportações. A importância em se buscar
tratamentos alternativos se deve aos aspectos de segurança dos mesmos, em
função dos possíveis efeitos carcinogênicos e teratogênicos, bem como toxicidade
residual. A utilização de alternativas que não agridam o meio ambiente é uma
necessidade para a manutenção da sobrevivência humana. A busca ao uso de
meios naturais ou ecologicamente seguros deve garantir a produtividade
econômica das culturas sem causar danos expressivos ao solo, a água e a
qualidade dos alimentos, promovendo assim, a segurança alimentar e a
sustentabilidade da agricultura.
7.1 – CONTROLE BIOLÓGICO
Embora existam práticas que garantam maior vida de prateleira, o
biocontrole, através da utilização de microrganismos antagonistas, tem
demonstrado grande potencial no manejo pós-colheita de doenças fúngicas. As
condições controladas onde as frutas são armazenadas após aplicação dos
antagonistas, propicia o estabelecimento dos mesmos, e a pulverização destes
nos alvos específicos, destacam o uso de biocontroladores como uma tecnologia
viável na pós-colheita de frutas.
Diversas espécies de bactérias e leveduras já foram isoladas e indicadas
para controlar a deterioração de uma série de frutas. Entretanto, para obter
sucesso na utilização destes antagonistas no controle biológico é necessário que
estes possuam determinadas características indispensáveis, tais como: não
apresentar risco para a saúde humana e para o ambiente, ser geneticamente
estável, ser eficaz em uma ampla gama de patógenos; ser eficaz em baixas
concentrações, não ser exigente em suas necessidades de nutrientes, ser capaz
de sobreviver e manter-se ativo sob várias condições de conservação ambiental,
ser propício para a produção em um meio de crescimento barato, ser favorável a
uma formulação com uma longa vida de prateleira, ser fácil de dispensar e ser
compatível com o processamento comercial procedimentos.
O Bacillus amyloliquefaciens é conhecido por suas propriedades
catabólicas e degradação de macromoléculas complexas, como proteínas
extracelulares. É uma bactéria gram-positiva e aeróbia, encontrado no solo. Essa
bactéria, assim como os outros membros da família Baccilaceae forma
endospóros fortes utilizados quando as condições ambientais não são favoráveis.
O Bacillus amyloliquefaciens produz uma substância capaz de inibir o crescimento
de Listeria monocytogenes.
7.2 – QUITOSANA
Quitosana é um polímero natural constituído de unidades repetidas de
glicosamina, um polissacarídeo de alto peso molecular, atóxico e biodegradável,
obtido através da desacetilação alcalina da quitina, que é encontrada naturalmente
nas paredes celulares de fungos e forma a maior parte do exoesqueleto de insetos
e crustáceos, além de invertebrados marinhos.
As variações nos métodos de preparação são susceptíveis de resultar em
diferenças no grau de desacetilação, a distribuição dos grupos acetil, o
comprimento da cadeia e a estrutura conformacional da quitosana podem ter
influência sobre a solubilidade, a atividade antimicrobiana e outras propriedades.
Os fatores benéficos atribuídos a quitosana podem ser devido à formação
de um filme que pode atuar como uma barreira para a absorção de O2 atrasando
a atividade metabólica e, conseqüentemente, a processo de amadurecimento. A
quitosana também possui importante mecanismo antimicrobiano.
Na agricultura, a quitosana tem se mostrado útil no melhoramento de
sementes e qualidade das flores, bem como o aumento do rendimento da colheita.
É um fungicida natural contra patógenos de vários frutos, inclusive Botrytis
cinerea, sendo indicado como revestimento ideal para conservação pós-colheita
de frutos e legumes.
Quando aplicado em frutos de morango, tem demonstrado eficiência no
controle de B. cinerea e R. stolonifer na aplicação em pré-colheita, mantém a
firmeza de polpa e a acidez titulável, e seu uso em pós-colheita pode ser tão
eficiente quanto o uso de fungicidas, induzindo a produção de enzimas de defesa
e fitoalexinas e inibindo o crescimento de fungos.
7.3 – DIÓXIDO DE CLORO
Os produtos clorados são os sanitizantes mais utilizados no mundo, sendo
que o Hipoclorito de Sódio é o único sanitizante permitido pela legislação
brasileira. Entretanto existe certa preocupação quanto ao seu uso e dos demais
sais de cloro, considerados precursores das cloraminas orgânicas, prejudiciais à
saúde pelo seu alto potencial carcinogênico.
O Dióxido de Cloro (ClO2) é obtido da reação entre o Ácido Clorídrico e o
Clorito de Sódio em meio aquoso. O dióxido de cloro atua como agente oxidante
altamente seletivo pela sua capacidade única de transferência de um elétron,
reduzindo-se a íon Clorito (ClO-2). O metabolismo dos microorganismos e sua
capacidade de sobreviver e se propagar é influenciado pelo potencial de redução
de oxidação do meio em que vive, atacando a membrana celular, penetrando,
desidratando e por fim oxidando os componentes internos da célula microbiana
sem causar ação tóxica como a maioria dos compostos de cloro. Dessa forma, o
Dióxido de Cloro elimina com eficácia os microorganismos presentes no meio. Age
no controle de bactérias gram-positivas e gram-negativas, fungos, vírus e algas.
8 – CONCLUSÃO
Diversos são os métodos alternativos capazes de controlar a podridão pós-
colheita em morangos. Atualmente, a quitosana e o dióxido de cloro parecem ser
os tratamentos mais viáveis devido a facilidade de encontrá-los disponíveis no
mercado, o baixo custo e em virtude de haver um maior número de pesquisas
avaliando sua eficácia. O controle biológico é uma alternativa satisfatória, no
entanto é dependente de características particulares de cada espécie e cultivar e
do microrganismo antagonista e ainda exige certos cuidados.
9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOTELHO, J. S. Situação atual da cultura do morangueiro no estado de MinasGerais. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, vol. 20, n. 198, p. 22-23, mai.-jun.1999.
CARVALHO, S. P. Boletim do Morango: cultivo convencional, segurançaalimentar, cultivo orgânico. In: _____________. Belo Horizonte: FAEMG, 2006.
DIAS, M. S. C. CANUTO, R. S. et. al. Doenças pós-colheita de frutas. Doenças domorango. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 26, n. 228, 2005.
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FILHO, V.; CAMARGO, F .P. Análise da produção de morango dos estados de São Paulo e Minas Gerais e do mercado da CEAGESP. Informações Econômicas, SP, v.39, n.5, maio 2009.
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TÖFOLI, J. G.; DOMINGUES, R. Morango: controle adequado. Cultivar Hortaliças e frutas, ano VI, nº 34, Pelotas: Kunde Indústrias gráficas Ltda, Out. / Nov. 2005.
ZAMBOLIM, L.; COSTA, H. Boletim do Morango: cultivo convencional, segurançaalimentar, cultivo orgânico. In. Manejo Integrado de doenças do morangueiro. Belo Horizonte: FAEMG, 2006.
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