BIOGRAFIA
nasceu em Coimbra, a 15 de Novembro de 1940.
Curso de licenciatura em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, ingresso em 1958 e conclusão em 1963.
Professor assistente na Faculdade De Direito da Universidade de Coimbra, de 1964 a 1969.
Década de 60: ditadura portuguesa, Guerra Fria e Marxismo → influência no pensamento
BIOGRAFIA (cont.)
Morou no Rio de Janeiro em 1972. Doutor em Sociologia do Direito pela
Universidade de Yale (1973). Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick.
Recebeu diversos prêmios, dentre eles: Prêmio Penclub Português (1994); Título de Cidadão Paulistano (1996); Grande oficial da Ordem do Rio Branco (1996); Prêmio Jabuti (2001).
OBRAS
Publicou trabalhos versando sobre globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos humanos, tanto em português, como em espanhol, inglês, italiano, francês e alemão.
OBRAS (cont.)
- Portugal. Ensaio contra a autoflagelação.
- Para uma revolução democrática da justiça.
- Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social.
- Fórum Social Mundial: Manual de Uso.
- A Universidade no Séc. XXI: Para uma Reforma Democrática e Emancipatória da Universidade.
- Democracia e Participação: O Caso do Orçamento Participativo de Porto Alegre.
OBRAS (cont.)
- A Crítica da Razão Indolente: Contra o Desperdício da Experiência.
- Reinventar a democracia. Lisboa
- Pela Mão de Alice: O Social e o Político na Pós-Modernidade, Porto: Afrontamento
- Estado e Sociedade em Portugal
- Introdução a uma Ciência Pós-Moderna. Porto: Afrontamento
- Um Discurso sobre as Ciências.
UM DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS
“Este texto é uma versão ampliada da Oração de Sapiência proferida na abertura solene das aulas da
Universidade de Coimbra, no ano letivo de 1985/86”
PONTOS CENTRAIS DA OBRA
Ruptura com o paradigma dominante.
Ciência e senso comum → ampliação do acesso ao conhecimento.
Ciência pós-moderna → voltar-se para e tornar-se senso comum.
Introdução
Final do século XX → fase de transição;
Ambigüidade e complexidade;
Progressos científicos;
Ciência → diminuir o “fosso” na nossa sociedade entre o que é e o que aparenta ser;
Crítica ao positivismo.
Introdução (cont.)
“[...] é possível dizer que em termos
científicos vivemos ainda no século XIX e
que o século XX ainda não começou, nem
talvez comece antes de terminar”. (p. 6)
1ª parte: O paradigma dominante
Revolução científica: ruptura com o que precedeu;
“Serena arrogância”;
Racionalidade;
Domínio das ciências naturais;
Matemática: instrumento a favor da ciência;
Rigor científico: medições;
1ª parte: O paradigma dominante(cont.) Conhecer: dividir + classificar.
Objeto: quantificável x qualificável;
Formulação de leis;
Idéia de mundo-máquina;
Determinismo mecanicista;
1ª parte: O paradigma dominante (cont.)
Empirismo baconiano
+
Racionalismo cartesiano
↓Positivismo oitocentista
1ª parte: O paradigma dominante (cont.)
Ciência moderna → influência no campo do comportamento social
↓Leis da natureza e leis da sociedade
1ª parte: O paradigma dominante (cont.) Séc. XIX → emergência das ciências sociais;
adoção da metodologia das ciências naturais
Durkheim
2 modelos
adoção de metodologia própria
Max Weber
1ª parte: O paradigma dominante (cont.)
Crítica aos modelos: ambos valorizam as ciências naturais em detrimento das sociais.
[...] ambas as concepções de ciência social a que aludi pertencem ao paradigma da ciência moderna,
ainda que a concepção mencionada em segundo lugar represente, dentro desse paradigma, um sinal
de crise e contenha alguns componentes da transição para um outro paradigma científico.
(p. 23)
2ª parte: A crise do paradigma dominante A crise resulta das seguintes condições
teóricas:
1. teoria da relatividade, de Einstein;2. mecânica quântica, de Heisenberg e
Bohr;3. incompletude da matemática, demonstrada por Gödel;4. ordem a partir da desordem; de
Prigogine
2ª parte: A crise do paradigma dominante (cont.)EINSTEIN:
Teoria da relatividade; Simultaneidade de eventos (no mesmo local e em
locais diferentes); Concepções de tempo e espaço (de Newton)
reformuladas Leis da física: locais
MECÂNICA QUÂNTICA + PRINCÍPIO DA
INCERTEZA (HEISENBERG E
BOHER): Interferência no objeto
observado; Leis da física:
probabilidade; Mecanicismo: inviabilidade Complexidade da divisão
sujeito/objeto
2ª parte: A crise do paradigma dominante (cont.) GÖDEL:
Questionamento ao rigorismo matemático; Proposições “indecidíveis”; Leis da natureza → rigor: matemática → carência de
fundamento.
PRIGOGINE: Ordem através das
flutuações; História x eternidade; Determinismo x
imprevisibilidade; Mecanicismo x
interpenetração; Ordem x desordem; Necessidade x
criatividade e acidente.
2ª parte: A crise do paradigma dominante (cont.) A crise resulta das seguintes condições
sociais:
1. Reflexão proposta pelos próprios cientistas;
[...] nunca houve tantos cientistas-filósofos como actualmente, (p. 30)
2. A reflexão abrange questões que antes eram deixadas aos sociólogos;
[...] papel de relevo na reflexão epistemológica. (p. 30)
3ª parte: O paradigma emergente
Via especulativa;
“paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente” (p. 37)
Paradigma científico e social
3ª parte: O paradigma emergente (cont.) Todo o conhecimento científico-natural é
científico-social:
“Colapso das distinções dicotômicas”; Orgânico x inorgânico; Distinção corpo x alma, natureza x cultura,
natural x artificial, mente x matéria, observador x observado;
Ciências naturais e ciências sociais → aproximação das humanidades;
Valorização dos estudos humanísticos.
3ª parte: O paradigma emergente (cont.) Todo o conhecimento é local e total
Ciência moderna: especialização do conhecimento → segregação;
Paradigma emergente: conhecimento total → totalidade universal → pensamento ilustrado;
Fragmentação é temática; Ampliação do objeto e avanço do conhecimento; Conhecimento determinístico e descritivista x
conhecimento sobre as condições de possibilidade;
Pluralidade de métodos – transgressão metodológica.
Transdisciplinaridade.
3ª parte: O paradigma emergente (cont.) Todo o conhecimento é auto-
conhecimento Homem: sujeito epistêmico x sujeito empírico; Valores humanos e religiosos; Antropologia e sociologia; Regresso do sujeito → conhecimento científico
ressubjetivado; “Deus pode estar em vias de regressar.
Regressará transfigurado, sem nada de divino senão o nosso desejo de harmonia e comunhão com tudo o que nos rodeia”. (p. 52)
A ciência é autobiográfica; Sobreviver x saber viver.
3ª parte: O paradigma emergente (cont.) Todo o conhecimento científico visa
constituir-se em senso comum Senso comum: superficial, ilusório e falso? Senso comum: enriquecer a relação com o
mundo; Conhecimento científico x conhecimento pelo
senso comum; Conhecimento e auto-conhecimento; Tecnologia e sabedoria;
3ª parte: O paradigma emergente (cont.)
A condição epistemológica da ciência repercute-se na condição existencial dos
cientistas. Afinal, se todo o conhecimento é auto-conhecimento, também todo o
desconhecimento é auto-desconhecimento.
(p. 58)
PONTOS POSITIVOS DA OBRA
Redação simples e objetiva → fácil acesso ao conteúdo;
Democratização do conhecimento;
Interdisciplinaridade.
PONTOS NEGATIVOS DA OBRA
Seria um discurso demagógico?
QUESTÕES PARA DEBATE
Crítica ao positivismo.
Tanto nas sociedades capitalistas como nas sociedades socialistas de Estado do leste europeu, a industrialização da ciência acarretou o compromisso desta com os centros de poder econômico, social e político, os quais passaram a ter um papel decisivo na definição das prioridades científicas. (p. 34)
Colapso das distinções dicotômicas: reflexo na dicotomia clássica direito público x direito privado.
Ensino e a idéia da cientificidade natural – modelo de verdade e valorização das ciências naturais e ciências sociais;
Referências
DUARTE, Ícaro de Souza; CRUZES, Maria Soledade Soares. A metodologia da pesquisa no direito e Boaventura de Sousa Santos. in PAMPLONA FILHO, Rodolfo; CERQUEIRA, Nelson (coord.). Metodologia da pesquisa em direito e a filosofia. São Paulo: Saraiva, 2011. pp. 164-180.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 7. ed. Porto: Edições Afrontamento, 1987.
http://www.boaventuradesousasantos.pt/pages/pt/homepage.php, acesso em 23 de ago. de 2011.
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