UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL INTELECTUAL COMO
DIFERENCIAL COMPETITIVO
Por: Marcio Tinoco dos Santos
Orientador
Prof. Mario Luiz
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL INTELECTUAL COMO
DIFERENCIAL COMPETITIVO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do curso de Pós-Graduação – “Latu
Sensu” em Gestão Empresarial.
Por: Marcio Tinoco dos Santos
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus por
me permitir realizar mais esta conquista, a
meus familiares, a minha esposa que
sempre me apoiou e me incentivou, e a
todos que dividiram comigo as
experiências vivenciadas durante este
curso.
4
DEDICATÓRIA
......dedica-se a minha tia Maria José.
5
RESUMO
Desde os primórdios, o Capital Intelectual manifesta-se em todas as
ações da vida, nas decisões e até mesmo na sobrevivência da espécie
humana, e é a partir de bem pouco tempo que as organizações e seus
administradores vêm percebendo a sua influência e suas implicações nos
resultados empresariais. Os ativos intangíveis, como as qualificações dos
funcionários, a tecnologia da informação e os incentivos à inovação, por
exemplo, podem desempenhar papel preponderante na criação de valor para a
empresa. Os sistemas tradicionais de mensuração, não foram concebidos para
lidar com a complexidade desses ativos, cujo valor é potencial, indireto e
dependente do contexto. Os ativos baseados no conhecimento devem ser
avaliados com extrema cautela, porque seu impacto sobre o destino de
qualquer negócio é tremendo. Muito mais do que contribuir para a valorização
total da empresa, o conhecimento é à base de sua estrutura interna e externa.
O objetivo geral deste trabalho é apresentar ou demonstrar alguns aspectos
relacionados ao Capital Intelectual como diferencial competitivo nas
organizações globalizadas. O investimento no Capital Intelectual torna-se um
meio altamente eficaz para as empresas obterem sucesso em suas metas e no
alcance de seus objetivos. Ao investir no Capital Intelectual as organizações
tendem tornarem-se mais aptas para enfrentar os desafios do mundo
competitivo. A competitividade entre as organizações pode ser feita de diversas
maneiras, seja na definição de novas estratégias, seja principalmente no
investimento do Capital Intelectual ao disponibilizar novos conhecimentos.
Conhecimentos esses que poderão trazer para as organizações maior
competitividade e entusiasmo, contribuindo assim para expansão dos seus
negócios e tornando-as mais globalizadas.
6
METODOLOGIA
O modelo utilizado neste trabalho foi à pesquisa bibliográfica, que é um
conjunto de técnicas e estratégias que se empregam para localizar, identificar e
acessar documentos que sirvam de base para obter informação para a
pesquisa. Esta pesquisa foi feita em livros, revistas, internet e outros
documentos pertinentes ao tema.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Capital Intelectual: Conceitos e Abordagens 10
CAPÍTULO II
Gestão e Desafios 15
CAPÍTULO III
O valor do Capital Intelectual nas Organizações 21
CAPÍTULO IV
Formas Alternativas de Mensuração 26
CAPÍTULO V
Capital Intelectual: Uma Vantagem Competitiva 40
CONCLUSÃO 45
BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 49
8
INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais, torna-se relevante para os gestores de empresas
administrarem o capital intelectual em virtude do mercado competitivo e
influenciado pela dinâmica de novas tecnologias no campo organizacional. Em
reação a um ambiente cada vez mais globalizado, as empresas buscam um
fator em comum no seu ambiente de trabalho. O aprimoramento da gestão
capital intelectual, capital este que agrega valores para as organizações,
aumentando o conhecimento organizacional, desenvolvendo diversas culturas
existentes nas organizações e criando possibilidades para um ambiente
hegemônico de conhecimentos, empreendedor e multiplicador de inovações.
Uma das principais exigências das organizações é a excelência do
trabalho humano. A globalização vem proporcionando aos indivíduos inovações
em todos os campos da existência humana numa quantidade jamais vista. As
mudanças ocorrem em períodos de tempo cada vez mais curtos, afetando de
algum modo direta ou indiretamente as pessoas.
O homem é sem sombra de dúvidas o ponto central das mudanças das
organizações e do ambiente organizacional. A velocidade das mudanças, o
aumento da competitividade, a disseminação do conhecimento e a equiparação
dos processos de produção e níveis de qualidade tornam o conhecimento
humano o principal ativo das empresas.
O capital humano, ou seja, a quantidade de conhecimento formada pelo
saber dos integrantes das organizações, passa a ser o diferencial no atual
cenário de concorrência. O homem é a fonte que gera a empresa e é o único
capaz de criar e modificar processos, percebe-se que esse valor ainda de difícil
mensuração deve ser do que a quantidade de ativos imobilizados pela
empresa.
O Capital Intelectual é uma realidade da qual não se pode mais fugir. A
sua influência na gestão empresarial fez surgir um novo código de
comportamento e uma nova atitude em relação ao mesmo.
9Considerando este contexto, o trabalho no primeiro capítulo apresenta
alguns conceitos e abordagens sobre o capital intelectual, bem como as quatro
categorias em que ele é dividido, e as fontes internas e externas em que ele é
classificado.
No segundo capítulo é apresentada a gestão do capital intelectual e
quais os desafios enfrentados pelos Administradores nessa gestão.
No terceiro capítulo é abordado como o capital intelectual pode agregar
valor para as organizações, assim como os benefícios que ele gera de acordo
com as perspectivas estratégicas, de eficiência operacional, econômico-
financeira e de recursos humanos.
No quarto capítulo destacamos os principais instrumentos que buscam
medir o capital intelectual de uma organização, mostrando as suas vantagens
como também os seus pontos fracos.
Por fim, o quinto capítulo nos mostra porque o capital intelectual quando
bem administrado, se torna uma importante vantagem competitiva para as
organizações.
10
CAPÍTULO I
CAPITAL INTELECTUAL: CONCEITOS E ABORDAGENS
A origem do Capital Intelectual surgiu com a Sociedade do
Conhecimento, caracterizadas por uma série de mudanças e transformações.
Peter Drucker (1996), em seus trabalhos científicos analisou o poder da
informação como originária de ações de sucesso, essenciais a criação e
permanência das organizações no mercado. Quanto mais cedo obtivermos
informações antecipadas, maiores serão as chances de criar, planejar,
controlar, solucionar ou oportunizar o momento.
Stewart (1998), afirma que o Capital Intelectual é a soma do
conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem
competitiva. Ao contrário dos ativos, com os quais empresários e contadores
estão familiarizados – propriedade, fábricas, equipamento, dinheiro -, o capital
intelectual é intangível. É o conhecimento da força de trabalho: o treinamento e
a intuição de uma equipe de químicos que descobre uma nova droga de
bilhões de dólares ou o know-how de trabalhadores que apresentam milhares
de formas diferentes para melhorar a eficácia de uma indústria. É a rede
eletrônica que transporta informação na empresa à velocidade da luz,
permitindo-lhe reagir ao mercado mais rápido que suas rivais. É a cooperação
– o aprendizado compartilhado – entre uma empresa e seus clientes que forja
uma ligação entre eles, trazendo, com muita freqüência, o cliente de volta.
Crawford (1994) norteia que numa economia do conhecimento, os
recursos humanos e não o capital físico e financeiro constitui as vantagens
competitivas das organizações, e a gerência deve maximizar a preparação de
trabalhadores altamente especializados.
Chiavenato (2004), afirma que o Capital Intelectual é a soma de tudo
que você sabe. Em termos organizacionais, o maior patrimônio de uma
organização é algo que entra e sai pelas suas portas todos os dias, ou seja,
são os conhecimentos que as pessoas trazem em suas mentes – sejam sobre
produtos, serviços, clientes, processos, técnicas, etc.
11 O homem com o passar do tempo desenvolveu novas maneiras de
atender suas necessidades. Ao longo da história ele se adaptou a natureza e
dela tirou o seu sustento; hoje, utilizando-se de seu maior bem – a capacidade
de produzir conhecimento – ele está adequando a natureza às suas
necessidades.
O conhecimento é o ativo mais importante de qualquer organização,
independentemente do ramo ou atividade. As empresas estão cada vez mais
vendendo informações e conhecimento, o que conseqüentemente gera
mudanças na maneira do mercado avaliá-las.
O Capital Intelectual é o conhecimento, informação, propriedade
intelectual, experiência, que pode ser utilizado para gerar riqueza. É o
somatório do conhecimento de todos os membros da empresa que podem
gerar a mesma vantagem competitiva.
O conhecimento quando resulta em algo que pode ser formalizado, seja
em forma de patente ou num produto acabado é fácil de ser percebido. Porém
o conhecimento apresenta-se também de outras formas, onde se torna difícil
materializá-lo, é o que denomina de conhecimento tácito. Este está presente
nas pessoas e elas trazem-no para a organização. O conhecimento tácito é
baseado nas experiências e culturas dos indivíduos que são próprias de cada
um. O conhecimento tácito dever ser partilhado com toda a organização pois,
de outra maneira, ele não gera capital intelectual.
Trabalhar o conhecimento em todas as suas formas é ponto fundamental
para o desenvolvimento do capital intelectual. Os gestores devem anotar
modelos específicos para obter sucesso em tal objetivo. Deve-se elaborar a
partir de seus conhecimentos uma forma de gestão que se aplique para as
dificuldades encontradas. Conseguir compreender e desenvolver o
conhecimento de seus indivíduos gera para a organização capital intelectual.
O Capital Intelectual assume duas formas: primeiramente existe o
arcabouço semipermanente do conhecimento, a expertise, que cresce em torno
de uma tarefa, uma pessoa ou uma organização. Segundo tipo são as
ferramentas que aumentam o arcabouço do conhecimento, sejam reunindo
12fatos, dados, informações ou mesmo oferecendo expertise e ampliação a quem
precise.
O Capital Intelectual tem um conceito amplo que abrange os
conhecimentos acumulados por uma organização, relativos a pessoas,
metodologias, patentes, projetos e relacionamentos. Esse entendimento é
fundamentado a partir de alguns conceitos:
• Capital intelectual – indica a capacidade de ganhos futuros sob o ponto
de vista humano, considerando que exista a capacidade contínua de se
criar e proporcionar valor de qualidade superior.
• Capital humano – valor acumulado de investimentos em treinamento e
programas de capacitação dos colaboradores. Contempla as
capacidades, habilidades, experiências e valores dos funcionários.
• Capital estrutural – diz respeito ao valor – bases de dados, listas de
clientes, manuais e procedimentos etc. - que permanece na empresa
sempre que os colaboradores deixam a organização.
• Capital organizacional – abrange os sistemas que alavancam os
pontos fortes inovadores da empresa e da capacidade organizacional de
criar valor.
• Capital de inovação – considera o potencial de renovação de uma
organização, medida como propriedade intelectual, que é protegida por
direitos comerciais, bem como outros ativos e valores intangíveis, entre
os quais o conhecimento, segredos industriais etc.
• Capital de processo – diz respeito aos processos de criação ou de não-
criação de valor para a empresa.
Fonte: Santiago Jr. e Santiago (2007, p. 38)
Metaforicamente, podemos conceituar o capital intelectual comparando
uma empresa com uma árvore. O tronco, os galhos e as folhas da árvore, que
simbolizam um organograma, ou seja, a parte visível da árvore, representam as
13demonstrações contábeis e demais documentos, enquanto as raízes
simbolizam o capital intelectual, isto é, os fatores ocultos, invisíveis.
Quanto ao entendimento sobre o capital humano, convém resgatar o
conceito que o relaciona com toda capacidade, conhecimento, habilidade e
experiências individuais dos colaboradores de uma organização para
realizarem as atividades. Assim, este capital deve ser considerado um recurso
empresarial e um ativo que precisa ser qualificado, principalmente pelo seu
potencial de geração de benefícios futuros para a organização. Apesar disso,
uma vez que há grande dificuldade de mensuração de seu valor econômico,
em virtude da não-identificação de valor de aquisição ou de venda e também
por não ser de propriedade da empresa, o capital humano deve ser
considerado como um ativo intangível.
O capital intelectual pode ser dividido em quatro categorias:
• Ativos de mercado – potencial da empresa devido aos ativos
intangíveis presentes no mercado, dentre os quais é possível destacar
marca, clientes, lealdade dos clientes, negócios recorrentes, negócios
em andamento, canais de distribuição, franquias etc.
• Ativos humanos – diz respeito aos benefícios que o colaborador pode
proporcionar para as organizações por meio de sua expertise,
criatividade, conhecimento, habilidade para resolver problemas, entre
outros.
• Ativos de propriedade intelectual – compreendem os ativos que
demandam proteção legal para proporcionar às organizações certos
benefícios, entre os quais: know-how, segredos industriais, copyrights,
patentes e designs.
• Ativos de infra-estrutura – incluem as tecnologias, as metodologias e
os processos empregados, tais como sistemas de informação, métodos
gerenciais, cultura organizacional, gerenciamento de risco e banco de
dados de clientes.
Fonte: Santiago Jr. e Santiago (2007, p. 39)
14 Por fim, o capital intelectual de uma empresa pode ser classificado em
duas fontes, internas e externas. As fontes internas incluem o capital de
liderança, o capital social, o capital estrutural e o capital humano:
• Capital de liderança – diz respeito ao valor intangível que uma equipe
de líderes pode ter em uma organização. O papel desempenhado pela
liderança pode servir de explicação para o fato de algumas empresas
serem bem-sucedidas e outras não. A importância da liderança é muito
grande em todos os níveis hierárquicos, mas entende-se que é no nível
de governança corporativa que as decisões afetam os resultados da
empresa, possibilitando verificar uma associação entre a boa
administração e o capital de liderança.
• Capital social – está relacionado ao conjunto de intercâmbios que as
pessoas têm em uma empresa. Os bons resultados dessas trocas têm
impacto significativo na criação de um ambiente propício para criação,
compartilhamento e uso de conhecimento.
• Capital estrutural – é o resultado do trabalho intelectual que foi
devidamente registrado, o que inclui os sistemas de informação, os
processos de negócios, as marcas, as patentes, os copyrights etc.
• Capital humano – consiste nas habilidades, competências e
experiências desenvolvidas por todos os colaboradores da organização.
A fonte externa de capital intelectual é o capital de rede, que consiste na
valorização auferida a partir das relações desenvolvidas com clientes, parceiros
e fornecedores durante os processos de criação de valor.
Em uma frase: o capital intelectual constitui a matéria intelectual –
conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser
utilizada para gerar riqueza. É a capacidade mental coletiva. É difícil identificá-
lo e mais difícil ainda distribuí-lo de forma eficaz. Porém, uma vez que o
descobrimos e exploramos, somos vitoriosos.
15
CAPÍTULO II
GESTÃO E DESAFIOS
Uma vez reconhecido o capital intelectual como um dos principais
geradores de riqueza das empresas, atenção especial passa a ser dada à sua
gestão, pois, uma vez formalizado, capturado e alavancado, pode produzir
ativos de ainda maior valor. Gerenciar o capital intelectual é uma tarefa
complexa, até porque está incluso neste conceito a gestão do conhecimento
(parte do capital intelectual) e a gestão da informação (parte da gestão do
conhecimento), exigindo, portanto, da função de administrá-lo, esforço
multidisciplinar.
Uma das questões que se coloca é de que forma as empresas podem
conciliar o conhecimento que se encontra na cabeça dos seus funcionários
com as informações existentes em suas bases de dados, nos papéis, planilhas
e relatórios por ela gerados, transformando-os em ferramenta geradora de
vantagem estratégica para o negócio. Outra questão diz respeito como reter
esse conhecimento para que ele se torne propriedade da empresa, isto é,
capital estrutural. O desafio da gestão baseada em conhecimento é também
entender como a empresa funciona enquanto inteligência coletiva, para atingir
plenamente os seus objetivos.
Inicialmente deve-se esclarecer que apesar de teoricamente todas as
pessoas possuírem a condição de contribuir para o conhecimento empresarial,
isso raramente se concretiza. O gestor deve entre seus colaboradores
diagnosticar aqueles que estão aptos a trabalhar na nova visão impetrada pela
direção e tomar as providências necessárias com relação aos demais
indivíduos.
O processo de criação de capital intelectual é complexo e exige pessoas
preparadas. As empresas voltadas para o conhecimento acabam descobrindo
que o processo de aprendizagem é um de seus principais aliados. Na medida
que as organizações incentivam o crescimento intelectual de seus
16colaboradores, por conseqüência estão aumentando o próprio capital
intelectual.
Identificar o trabalho que gera riqueza é função da gestão do capital
intelectual. Nem todo o trabalho ou colaborador gera riqueza à organização
quando visto pela ótica do crescimento pelo conhecimento. Neste caso a
empresa deve examinar formas alternativas de realizar o mesmo serviço para
enquadrá-la no modelo proposto. Stewart demonstra como identificar se o
trabalho gera riqueza a partir de um exemplo:
“o trabalho rotineiro que exige pouca habilidade, mesmo
quando feito manualmente, não gera nem emprega
capital humano para a organização. Serviços que podem
evidentemente ser substituído pela automação são um
exemplo. O colaborador pode gerar riqueza a partir do
momento que atualize o seu trabalho e desenvolva
tarefas na mesma área, mas de raciocínio, não de pura
repetição de movimentos, senão ele (...) é apenas uma
pessoa contratada e não uma mente contratada.” (1998,
p.77)
A tarefa de determinar o que gera ou não conhecimento é importante
para o sucesso do projeto a fim de evitar que a organização despenda tempo e
recursos a setores desnecessários ou de maneira equivocada. O capital
humano de uma empresa fica incorporado nas pessoas cujo talento e
experiência cria produtos e serviços que são o motivo pelo qual os clientes
procuram a empresa e não os concorrentes. Eles são um ativo. Os restos são
apenas custos de mão de obra.
Selecionadas as pessoas que participarão da organização, deve-se
lembrar que o trabalho de desenvolvimento do conhecimento é coletivo. O ideal
em muitos casos é realizar, o que chama de comunidades de prática, que são
entidades onde grupos realizam o seu trabalho desenvolvendo capital
intelectual a partir da troca de experiências, o que permite a transferência do
conhecimento e o processo de inovação. Esses grupos tendem a ser formar
17pela afinidade dos participantes e devem ter o máximo de autonomia possível.
O papel da gestão frente às comunidades de prática é apoiá-las reconhecendo
sua importância, e fornecendo os recursos necessários.
Ao mesmo tempo em que o homem busca cada vez mais sua
independência, ele se mostra fiel à organização que lhe proporciona a
possibilidade de crescer. É necessário às empresas que optam por instaurar
programas voltados para o conhecimento que adotem sistemas de gestão
compatíveis com as pessoas que necessitam para trabalhar, nesse caso cabe
a organização se adequar aos indivíduos e não o inverso.
Entretanto, esse pensamento deixa a organização frágil. Não se pode
elaborar um projeto sem um mínimo de segurança. O controle das pessoas é
feito lançando-se artifícios de recompensas, porém por melhor que o sejam não
garantem fidelidade. Visto que a empresa não pode prescindir do
conhecimento do indivíduo, cabe a ela formular um modelo estrutural que
consiga reter o conhecimento que o colaborador levará consigo se partir.
As organizações devem garantir o fluxo do conhecimento a fim de
assegurar que todos trabalhem pelo objetivo empresarial lembra que a
estrutura não deve basear-se nos modelos burocráticos que mais dificultam o
processo de inovação do que o auxiliam. Deve sim se voltar para os novos
estilos gerenciais desenvolvidos para alcançar a aprendizagem e o crescimento
empresarial pelo crescimento do colaborador.
Deve-se compreender que o trabalho da organização contemporânea é
o de reunir as pessoas capacitadas, dar-lhes todo o suporte de aprendizagem
necessário e desenvolver métodos administrativos que permitam que seus
colaboradores consigam sistematizar seus conhecimentos a fim de alcançar os
objetivos corporativos.
Para isso as organizações estão criando bancos de dados do
conhecimento. O objetivo é reunir o conhecimento disperso e converte-lo em
capital intelectual da organização. Os bancos de dados do conhecimento tem
sua base na tecnologia da informação. As empresas os estão desenvolvendo
com o uso de redes as quais todos os colaboradores podem acessar e
18distribuir informações através de e-mails. Porém a estrutura dessa operação
tem na tecnologia apenas uma ferramenta. A sua base, é uma série de
estratégias elaboradas que permitem que a informação flua por toda a
organização no menor tempo possível.
A tecnologia da informação é um dos principais aliados da organização
voltada para o conhecimento, ela permite aos gestores elaborarem redes que
distribuem com eficiência em períodos curtos de tempo as informações,
disseminando o capital intelectual ao mesmo tempo em que arquiva nos
bancos de dados o conhecimento empresarial.
Apesar de seu valor incontestável para as organizações, os bancos de
dados podem gerar alguns problemas. O principal deles é exatamente aquele
para o qual ele foi criado, ou seja, a disseminação de informações. Artigos
reproduzidos por Klein (1998) lembram que as organizações precisam elaborar
sistemas que armazenem e distribuam o mínimo de informações de pouco
valor. Assim como se cria conhecimento continuamente, também se repassam
informações com pouco ou nenhum valor agregado para a empresa. Porém as
organizações não devem controlar as informações, apenas direcionar o uso
delas para seus objetivos.
Diante do grande número de informações, além de orientá-las, as
organizações devem estabelecer métodos que facilitem o seu uso. Codificar as
informações parece inviável frente a sua quantidade, mas existem modelos que
facilitam a procura e o fluxo do conhecimento. Inicialmente a empresa deve se
preocupar em mapear as informações. Isso significa criar métodos que
permitam ao usuário descobrir onde determinado conhecimento está
armazenado, seja num arquivo de computador, de papel ou mesmo na
memória de alguém.
A empresa alcançará tal estágio desenvolvendo uma rede humana que
lançara a informação e lhe fornecerá um endereço, ao qual os demais
colaboradores terão acesso a partir do uso da rede tecnológica. Um eficiente
mapeamento das informações vai permitir a empresa ter acesso mais rápido ao
conhecimento disponível. Além disso as pessoas podem oferecer as
19experiências vividas também de fracasso, que de sua forma, geram
conhecimento, possibilitando que os demais evitem cometer os mesmos erros.
Os bancos de dados são um instrumento auxiliar de grande valia, mas é
apenas um instrumento auxiliar. As empresas podem, talvez com maior
dificuldade, realizar a disseminação do conhecimento sem o uso de redes de
informação tecnológicas, porém os bancos de dados não trarão qualquer
benefício se forem disponibilizadas informações que não gerem efetivamente
conhecimento organizacional.
Ao mesmo tempo em que a organização deve conseguir elaborar um
modelo que permita a disseminação da informação, é necessário adequar o
método de gestão para a realidade do conhecimento. Isso significa substituir as
estruturas organizacionais pelo capital estrutural. Dado as pessoas a
possibilidade de trabalhar com as informações, elas não precisam mais se
prender a estruturas fundamentadas em organogramas horizontais de divisão
de poder, cujos objetivos baseavam em controlar as pessoas pela retenção das
informações.
Uma vez disponível em bancos de dados, ou modelo semelhante, os
instrumentos necessários para o colaborador desenvolver seu trabalho,
parecem um tanto desnecessário manter-se estruturas organizacionais
burocráticas. Porém as pessoas precisam entender que o que se torna
desnecessário são os cargos e não os indivíduos. Os colaboradores que
perdem seus empregos após essa reestruturação empresarial, já eram
desnecessários antes dela. Apenas protegiam-se em suas funções ocultando-
se na estrutura da corporação. A adoção do capital estrutural busca otimizar o
uso do conhecimento humano para alavancar capital intelectual para a
organização. As pessoas que são dispensadas são aquelas que não
agregavam valor antes mesmo das mudanças.
Elaborar o capital estrutural, desenvolvê-lo em sua plenitude e fazer dele
o novo modelo de gestão organizacional, é considerado hoje pelos cientistas o
método mais eficaz para se alcançar capital intelectual. Porém, o capital
estrutural baseado na conquista, armazenamento e disseminação de
20informações apresenta alguns problemas que se não forem administrados
cuidadosamente pela gestão empresarial podem sufocar o processo.
O irônico é que o perigo está justamente no combustível do processo, a
informação. Stewart diz que “A sobrecarga de informações é um fenômeno real
e que aponta para um importante desafio na gerência do capital intelectual.”
(1998, p. 117)
Quando não se procede uma monitoração das informações corre-se o
risco de vê-las crescerem em quantidades acima do necessário, o que pode
diminuir a qualidade do conhecimento, ao mesmo tempo que dispersa a
atenção dos envolvidos em colocações que não trazem benefícios para o
crescimento empresarial.
O gestor não deve nunca perder o foco do seu trabalho. A sua função é
elaborar e administrar um modelo que permita à organização receber o máximo
de retorno sobre o investimento em capital intelectual. As pessoas tem acesso
as informações e conhecimento com o objetivo de otimizar o seu trabalho para
a empresa. Portanto, o sistema de conhecimento empresarial deve estar
voltado para distribuir o conhecimento a partir dos objetivos organizacionais.
21
CAPÍTULO III
O VALOR DO CAPITAL INTELECTUAL NAS
ORGANIZAÇÕES
Com o desenvolvimento das telecomunicações e da informática, na
empresa voltada para o conhecimento, a informação passa a assumir realidade
e valor próprios, separados dos bens físicos. Paradoxalmente, porém, essa
nova realidade é bastante tangível, materializando, assim, o imaterial. Ao
mesmo tempo, experimenta-se um novo renascimento da importância do ser
humano como principal personagem da economia, pois é ele quem detém o
principal recurso competitivo das organizações: o conhecimento.
A informação passa, portanto, a figurar como principal bem econômico
na medida em que é ingrediente fundamental na geração do conhecimento.
As empresas passam a valer mais pelo conhecimento que detêm ou
comercializam do que pelo patrimônio físico.
Com o advento da civilização digital, o intangível passa a compor a parte
de maior valor de uma empresa.
Quantificar esse valor intangível, que é a lacuna existente entre o
balanço patrimonial de uma empresa e o seu valor de mercado, é um dos
grandes desafios da atualidade, especialmente para as empresas que detêm
elevado conhecimento técnico. O mercado avalia que o patrimônio intelectual
de uma empresa vale de três a quatro vezes o seu valor contábil.
É notória a contribuição do capital intelectual ao valor dos produtos e
serviços fornecidos pelas empresas. A gestão deste capital é primordial, pois,
uma vez que o capital ao ser estruturado e disseminado pode-se garantir ainda
mais os conhecimentos na organização. O intelecto profissional cria boa parte
do valor de uma empresa, seus benefícios são visíveis imediatamente nos
desempenhos e resultados por ela alcançados.
22 Stewart destaca: “... o conhecimento tornou-se um recurso econômico
proeminente – mais importante que a matéria-prima; mais importante, muitas
vezes, que o dinheiro.” (1998, p. 5)
O capital intelectual tem mudado a visão de diversas empresas com seu
valor imensurável, levando as mesmas a indagar sobre a sua importância e
conduzindo naturalmente a se pensar sobre a necessidade de torná-lo cada
vez mais essencial nas organizações. A fim de obter o diferencial no âmbito
organizacional, vêem desafiando os administradores para a sua gestão em
aplicar todo esse universo de informações e conhecimento na estrutura física
organizacional, a qual deve se adequar relacionando a informação demandada,
realidade do mercado com o balanço patrimonial.
Uma vez que a gestão empresarial nesta era da informática e de
informações impõe novos paradigmas, seu principal objetivo é conscientizar as
pessoas para a importância de elevar o conhecimento e quantificá-lo como
parte do patrimônio da empresa, desafiando a todos para a sua aplicação e seu
verdadeiro valor na atual realidade das organizações.
O capital intelectual quando bem administrado gera benefícios
imprescindíveis para a organização.
De acordo com a perspectiva estratégica:
• Aumento do grau de inovação
• Criação de novas oportunidades/negócios
• Desenvolvimento de novos produtos
• Entrada em novos mercados
• Melhor conhecimento sobre cliente
• Melhor tomada de decisão
De acordo com a perspectiva de eficiência operacional:
• Aumento da colaboração na organização
• Aumento da qualidade do produto/serviço
23
• Aumento da produtividade
• Compartilhamento das melhores práticas
• Melhorias nos processos da organização
• Novas e melhores formas de trabalho
• Respostas mais rápidas ao mercado
De acordo com a perspectiva econômico-financeira:
• Aumento da cotação das ações da organização
• Aumento da lucratividade
• Aumento de participação no mercado
• Aumento no mercado
• Criação de maior valor ao cliente
• Redução de custos
• Retorno nos investimentos para gestão do conhecimento
De acordo com a perspectiva de recursos humanos:
• Aumento da capacidade de aprendizado
• Aumento da habilidade dos funcionários
• Melhor capacitação dos colaboradores
• Melhor comunicação
• Retenção e atração de melhores colaboradores
Fonte: Santiago Jr. e Santiago (2007, p. 225)
O aprimoramento da gestão do capital intelectual, capital este que
agrega valores para as organizações, aumentando o conhecimento
organizacional, desenvolvendo diversas culturas existentes nas organizações e
criando possibilidades para um ambiente hegemônico de conhecimentos,
empreendedor e multiplicador de inovações.
24 O capital intelectual tornou-se elemento importante no mundo dos
negócios. A necessidade de extrair o máximo valor do conhecimento
organizacional é maior agora do que no passado. Cada vez mais, líderes e
consultores de empresas falam do conhecimento como o principal ativo das
organizações. Cada vez mais, empresas adquirem outras empresas
exclusivamente por seu conhecimento. Dispõe-se a pagar mais do que seu
valor de mercado esperando obter o acréscimo do novo conhecimento ao seu
próprio estoque.
Alguns exemplos bem conhecidos nos confirmam essa mudança de
comportamento:
• A compra da Lotus pela IBM, em 1995. A IBM pagou US$ 3,5 bilhões
(14 vezes a avaliação contábil de US$ 250 milhões). O ágio pago pela
IBM representa sua avaliação monetária do conhecimento exclusivo
daquela empresa;
• A MICROSOFT, empresa de Bill Gates, é muito mais capital intelectual
do que capital físico. O seu valor de mercado corresponde a 100 vezes o
valor de seu ativo tangível;
• A NOKIA, filial finlandesa, com apenas cinco empregados, fatura US$
200 milhões ao ano.
Fonte: Stewart (1998)
A diferença entre o valor contábil e o valor pago na compra de uma
empresa vem sendo contabilizada como goodwill (fundo de comércio).
Em outras palavras, se diz que goodwill é uma espécie de ágio, de um
valor agregado que tem a empresa em função da lealdade dos clientes, da
imagem, da reputação, do nome da empresa, da marca de seus produtos, do
ponto comercial, de patentes registrados, de direitos autorais, de direitos
exclusivos de comercialização, de treinamento e habilidade de funcionários,
etc. (É MUITAS VEZES TAMBÉM CHAMADO DE CAPITAL INTELECTUAL).
25STEWART apregoa:
“Quando o mercado de ações avalia empresas em três,
quatro ou dez vezes mais que o valor contábil de seus
ativos, está contando uma verdade simples, porém
profunda: os ativos físicos de uma empresa baseada no
conhecimento contribuem muito menos para o valor de
seu produto (ou serviço) final do que os ativos intangíveis
– os talentos de seus funcionários, a eficácia de seus
sistemas gerenciais, o caráter de seus relacionamentos
com os clientes, que, juntos, constituem seu capital
intelectual.” (1998, p.51)
26
CAPÍTULO IV
FORMAS ALTERNATIVAS DE MENSURAÇÃO
Para que a mensuração da contribuição proporcionada pelo capital
intelectual e pela gestão do conhecimento seja feita com sucesso, é importante
considerar a existência de uma estreita relação entre esta medição e aquela
desenvolvida em relação aos indicadores de resultados definidos pela própria
organização. Acredita-se que é um fator crítico de sucesso deste intento a
existência de um alinhamento entre os objetivos organizacionais, de modo
geral, e os intentos a serem alcançados a partir da realização de atividades
relacionadas com o capital intelectual de uma empresa. Por isso a estruturação
de um modelo de mensuração é muito importante.
Os modelos, ferramentas e metodologias desenvolvidos para
mensuração da relevância do conhecimento podem ajudar significativamente
as organizações não apenas a analisarem e definirem metas objetivas quanto a
competências e capacidades, mas, sobretudo, a subsidiarem o
desenvolvimento de ações para o aprimoramento de suas atividades, por
exemplo, em programas de benchmarking das melhores práticas existentes em
sua área de atuação.
Com o intuito de possibilitar a mais perfeita avaliação a importância dos
ativos intangíveis, inúmeros modelos e metodologias de mensuração têm sido
desenvolvidos nos últimos anos. A explicação sobre a necessidade dessa
criação decorre do fato de que grande parte das metodologias elaboradas até
então para mensuração dos ativos do conhecimento e do capital intelectual era
baseada, exclusivamente, em variáveis e fatores contábeis e econômicos,
algumas vezes, tecnológicos, quanto à performance dos sistemas, não
identificando nem mensurando os “novos” ativos intangíveis de uma
organização.
Além disso, é importante observar algumas considerações com relação
à aplicação de um método formal para avaliar as iniciativas de gestão do
conhecimento:
27
• A capacidade de diagnóstico do método de avaliação aumenta a
probabilidade de correção da própria iniciativa que está sendo avaliada.
• A existência de um método formal faz com que os colaboradores sintam-
se mais responsáveis no desenvolvimento, com sucesso, das iniciativas
voltadas para a gestão do conhecimento.
• O uso de metodologia promove a realização de conversas de melhor
qualidade através dos vários níveis hierárquicos da organização e
propicia maior compartilhamento das lições aprendidas.
Dessa forma, tais modelos e metodologias têm como principal objetivo
sintetizar, de forma clara e objetiva, os diversos aspectos financeiros e não-
financeiros, de forma que eles possam se complementar de maneira adequada.
Para que isso seja possível, os aspectos específicos relacionados ao
conhecimento devem ser integrados nas análises e no desenvolvimento desses
modelos.
Observa-se que grande parte dos modelos considera o capital intelectual
como algo invisível, baseado nos conhecimentos e experiências dos
colaboradores das organizações e que, potencialmente, oferecem as melhores
oportunidades para o futuro sucesso organizacional.
De acordo com pesquisa promovida pelo Ministério para os Negócios e
Indústria, em 1998, realizada em dez empresas dinamarquesas e suecas, com
o objetivo de identificar o significado do conhecimento para os negócios, bem
como de definir um modelo para mensurar seus benefícios nas organizações,
foi considerada a necessidade de avaliação do capital intelectual em um
contexto estratégico que integrasse a nova realidade das organizações em até
quatro dimensões – os recursos humanos, os clientes, a tecnologia e os
processos - as quais deveriam ser avaliadas de três diferentes formas:
• Informação estatística – mensura a quantidade dos vários tipos de
capital intelectual.
• Cifras internas fundamentais – avaliam a qualidade com que o
sistema de gestão gerencia o capital intelectual.
28
• Efeitos almejados – medem o que ocorre dentro da organização com
os resultados obtidos.
Entre os diversos instrumentos que buscam medir o Capital Intelectual
da empresa, destacam-se:
Razão entre o valor de mercado e o valor contábil – Uma medida
simples é a diferença entre o patrimônio contábil e o valor de mercado; mas
esta medida revela problemas como, mudanças bruscas no comportamento do
mercado de ações, por exemplo, se houver mudança no comportamento do
mercado financeiro, do tipo como aumento da taxa de juros e o valor de
mercado da empresa cair. Então o capital intelectual também caiu? Ou se a
empresa for negociada abaixo do valor contábil, então a empresa não possui
Capital Intelectual.
Outro problema é quando da adoção de critérios e procedimentos
contábeis diferentes por parte das empresas, não havendo assim possibilidade
de comparação entre os dados obtidos. Uma proposta é analisar a razão entre
os dois valores, e não em termos de valores absolutos, pois desta forma se
eliminam os fatores exógenos, além de ser como base de comparação da
evolução ao longo de um determinado período, ou mesmo como base
comparativa com os concorrentes.
“Q” de Tobin – Desenvolvida pelo economista James Tobin, ganhador do
prêmio Nobel; este método é a comparação entre o valor de mercado e o seu
custo de reposição dos ativos. Foi desenvolvida para prever decisões de
investimentos independentes de influências macroeconômicas. STEWART
explica que,
“se o Q for menor que 1 – ou seja, se um ativo vale
menos que seu custo de reposição – é improvável que
uma empresa compre novos ativos do mesmo tipo; por
outro lado, as empresas tendem a investir quando o valor
de ativos semelhantes é maior do que seu custo de
reposição.” (1998:202)
29 Não se trata de uma medida desenvolvida para medir o capital
intelectual, mas é um bom referencial. É possível calcular o “Q” de Tobin para
ativos específicos – veículos, máquinas, edificações – ou para uma empresa
como um todo. Com base neste indicador, é observado que em companhias
com a indústria de software, onde o Capital Intelectual é abundante, o “Q” de
Tobin tende para um indicador de 7,00 ou mais; e que nas companhias de
capital físico intensivo, o “Q” de Tobin tende para valores perto de 1,00.
Segundo STEWART (1998:203), o uso do “Q” de Tobin em lugar dos
razões entre valor de mercado e o valor contábil elimina os efeitos de
diferentes formas de avaliação do ativo. Sendo uma medida mais viável de
comparação entre empresa em um período de vários anos.
Valor intangível calculado (VIC) – Desenvolvido pela empresa norte-
americana NCI Research, que atua no ramo da indústria farmacêutica, o
método é uma forma para atribuir valor aos ativos intangíveis de uma empresa,
aplicando o pensamento de que o valor de ativos intangíveis é igual à
capacidade de uma empresa de superar o desempenho de um concorrente
médio que possui ativos tangíveis semelhantes.
Observemos o método, através de uma exemplificação:
Passo 1 – Calcule as receitas antes da tributação referentes aos três
últimos anos. Por exemplo: $3.000.000,00
Passo 2 – Calcule a média dos ativos tangíveis no final do ano referente
aos três anos, através do balanço patrimonial. Por exemplo: $15.000.000,00
Passo 3 – Obtenha o retorno sobre os ativos, dividindo as receitas pelos
ativos: $3.000.000,00 / $15.000.000,00 = 20%
Passo 4 – Obtenha o retorno médio sobre os ativos do setor para o
mesmo período, pode se utilizar índices extraídos de revistas ou instituições
especializadas. Imaginemos que o retorno seja de, 12%
Passo 5 – Calcule o “ganho médio do setor”. Multiplique o retorno médio
sobre o ativo do setor pela média dos ativos tangíveis da empresa:
$15.000.000,00 x 12% = $1.800.000,00
30 Passo 6 – Calcule valor adicional das receitas da empresa provenientes
de seus ativos em relação à média do setor, ou seja, “retorno em excesso”:
$3.000.000,00 - $1.800.000,00 = $1.200.000,00
Passo 7 – Calcule o imposto de renda sobre o valor adicional.
Multiplique o resultado do retorno em excesso pela média da alíquota de
imposto de renda no período analisado: $1.200.000,00 x 15% = $180.000,00
Passo 8 – Diminua do retorno em excesso, o valor do imposto de renda
encontrado no item anterior. Este valor representa o prêmio a ser atribuído aos
ativos intangíveis. $1.200.000,00 - $180.000,00 = $1.020.000,00
Passo 9 – Calcule o valor presente líquido do prêmio, dividindo o prêmio
por um percentual apropriado, por exemplo, o custo do capital da empresa.
Escolheremos o percentual de 15% representando o custo do capital:
$1.020.000,00 / 0,15 = $6.800.000,00
Encontramos assim, o “Valor Intangível Calculado” (VIC); STEWART
coloca que, “segundo a NCI Research, essa é uma medida da habilidade de
uma empresa de usar seus ativos intangíveis para superar o desempenho de
outras empresas do setor” (1998:225). Esta medida serve como medida de
comparação de desempenho entre empresas do mesmo setor. Se o Valor
Intangível Calculado (VIC) apresentar-se baixo ou decrescente, significaria que
a empresa está aplicando mais em investimentos tangíveis, por exemplo em
imobilizações, do que na criação de marca ou em pesquisa. Entretanto se,
apresentar um VIC crescente, este pode apontar que a empresa está gerando
a capacidade de produzir futuros fluxo de caixa.
Navegador do Capital Intelectual – Assim como a contabilidade
financeira analisa vários índices a fim de apresentar o desempenho financeiro
de uma organização, a contabilidade do capital intelectual deve avaliar o
desempenho da empresa sob vários pontos de vista, o qual, de acordo com a
organização, terá diferentes interpretações conforme a estratégia definida para
cada uma delas.
31 Para se atingir o sucesso nesta mensuração, faz-se necessária a
definição de indicadores de acordo com três princípios básicos:
• Simplicidade – para cada um dos itens que compõem o capital
intelectual – o humano, o estrutural e o cliente – devem ser
selecionados não mais que três indicadores, além de um valor que
permita vislumbrar uma visão holística do todo.
• Avaliação do que realmente é importante – utilização de indicadores
que estrategicamente possam ser significativos para o desenvolvimento
dos negócios da organização.
• Avaliação de atividades que produzam riqueza intelectual –
considerações com relação às atividades que possam propiciar para a
organização a evolução de seu capital intelectual, e não apenas retornos
financeiros imediatos.
Baseado nesse entendimento, utilizam-se o indicador Razão Valor de
Mercado por Valor Contábil como uma medida geral e três indicadores para
cada componente de capital intelectual:
a. Medida de Capital Intelectual:
• Índice de Rotatividade de Trabalhadores do Conhecimento.
• Venda de Novos Produtos como Porcentagem do Total de vendas.
• Atitude dos Funcionários.
b. Medidas de Capital Estrutural:
• Custo de Substituição do Banco de Dados.
• Giros de Capital.
• Razão Vendas/Custos.
c. Medidas de Capital do Cliente:
• Índice de Retenção de Clientes.
• Valor da Marca.
32
• Satisfação do Cliente.
De acordo com a medição de cada indicador, observam-se as
discrepâncias existentes na organização com relação aos objetivos
estratégicos por ela definidos. Dessa forma, é possível avaliar e analisar quais
ações devem ser desenvolvidas, no intuito de que todos os indicadores de
cada um dos componentes do capital intelectual sejam completamente
atendidos.
Esse método tem como grande vantagem o fato de permitir uma fácil
visualização, o que torna mais eficiente a realização de uma análise adequada
e o acompanhamento da evolução do desempenho da organização. Assim,
deve-se ter atenção especial na definição dos índices de desempenho, de
maneira a possibilitar adequado alinhamento com a estratégia definida pela
organização.
Navegador de Edvinsson & Malone – Trata-se de um dos mais
conhecidos modelos para mensuração de ativos do conhecimento. A empresa
Skandia, uma federação de instituições de poupança situada em Estocolmo, na
Suécia, que atua em mais de 20 países e com cerca de 5.800 funcionários,
adotou esse modelo, considerado necessário para uma organização que
pretende gerar valor. Foi a partir do desenvolvimento do mesmo que essa
organização pode mensurar de forma clara o capital intelectual, o que foi
evidenciado conforme citação feita por seu ex-presidente, Sr. Bjonr Wolrath:
“Nosso capital intelectual é no mínimo tão importante quanto o capital
financeiro, no sentido de proporcionar ganhos realmente sustentáveis.” De
acordo com o entendimento dele, o capital intelectual é dividido em:
• Capital humano – inclui o grupo de competências, habilidades e
experiências dos colaboradores, bem como seus potenciais de
criatividade e de inovação.
• Capital do cliente – contempla o valor devido ao relacionamento da
organização com seus clientes, parceiros, fornecedores, associações e
os diferentes participantes do mercado do qual faz parte.
33
• Capital organizacional – considera as capacidades de uma
organização e dele fazem parte as bases do conhecimento, os
processos de negócios e a infra-estrutura tecnológica, bem como seus
valores, cultura e normas.
Entende-se que as relações entre o capital humano, o do cliente e o
organizacional vão maximizar o potencial da organização em criar valor aos
seus processos e produtos.
A matriz desse modelo permite visualizar como o capital humano,
combinado com o capital do cliente, os processos internos e a capacidade da
empresa de inovar criam valor financeiro para a organização.
O grande objetivo desse modelo é possibilitar que a organização tenha
claro entendimento sobre a necessidade de que suas atividades estejam
alinhadas com sua visão e seus objetivos estratégicos, uma vez que estes são
“convertidos” em ações concretas e passíveis de mensuração. Assim, o
acompanhamento e a avaliação das atividades passam a fazer parte do dia-a-
dia de cada um dos colaboradores, os quais, por conseqüência, também
passam a ter maior consciência sobre como a visão e as metas podem ser
devidamente alcançadas pela organização.
Este modelo permite uma visão holística da performance e das
respectivas metas atingidas, o que possibilita o adequado entendimento dos
processos organizacionais e da criação de seu valor, ainda mais que fornece
uma perspectiva geral da empresa (foco financeiro), no presente (foco no
cliente, foco no processo e foco no aspecto humano) e no futuro (renovação ou
foco de desenvolvimento). O entendimento sobre estes cinco focos de análise
é:
• Foco financeiro – permite analisar o retorno financeiro resultante do
desenvolvimento das atividades e vislumbrar as metas definidas pelos
acionistas, com relação tanto à questão do valor monetário por si só
como a lucratividade e crescimento.
34
• Foco no cliente – indica o quanto a organização está atendendo de
forma adequada às necessidades e aos desejos de sua clientela em
relação à prestação de serviços e ao desenvolvimento de produtos.
Pode ser medido a partir da quantidade de novos clientes obtidos ou do
grau de fidelização dos clientes.
• Foco humano – questão considerada pela Skandia como o coração da
organização e essencial para a criação de valor para a empresa. Os
colaboradores precisam estar satisfeitos e motivados com suas
condições de trabalho, uma vez que há o entendimento de que
funcionários felizes tornam os clientes felizes, aumentando as vendas e
melhorando os resultados da empresa.
• Foco no processo – enfoca diretamente o desenvolvimento dos
processos internos para a produção e a prestação de serviços e
produtos de forma eficiente, para atingir boa performance dentro dos
padrões de qualidade e superar as expectativas dos clientes e do
mercado em geral.
• Foco no desenvolvimento e na renovação – visa a perpetuar a
organização, objetivando assegurar sua sustentabilidade no futuro, a
partir da verificação do desenvolvimento de atividades voltadas para seu
crescimento, a atuação em novos mercados e, por fim, superar, de
forma rápida, as eventuais futuras expectativas e desejos dos clientes.
No caso da Skandia, esse modelo de mensuração consiste em uma
avaliação feita a partir de 164 métricas (sendo 91 baseadas na
inteligência/conhecimento e 73 em métricas tradicionais). Para cada uma
desses cinco focos são definidos e agrupados índices e indicadores que
permitem medir o seu desempenho e a criação de uma equação que possa
traduzir em números o valor do capital intelectual. Para tanto, alguns passos
devem ser considerados:
• Identificação de um conjunto básico de índices que possam ser
aplicados para toda a organização com mínimas, ou nenhuma,
adaptações.
35
• Reconhecimento de que cada organização possa ter um capital
adicional que precisará ser avaliado por outros índices.
• Estabelecimento de uma variável que possa prever o futuro da
organização, bem como de seus equipamentos e de seus
colaboradores.
A fórmula para cálculo do capital intelectual pode ser apresentada desta
maneira:
CI = i x C onde:
• CI é o valor do capital intelectual.
• i é o índice de coeficiente de eficiência.
• C é o valor monetário do capital intelectual.
O valor de C é obtido a partir da mensuração monetária dos indicadores
apresentados na tabela abaixo.
Indicadores de Edvinsson & Malone
Receitas resultantes de atuação em novos negócios
Investimento no desenvolvimento de novos mercados
Investimento no desenvolvimento do setor industrial
Investimento no desenvolvimento de novos canais
Investimento em Tecnologia de Informação (TI) aplicada a vendas, serviços e
suporte
Investimentos em TI aplicada à administração
Novos equipamentos de TI
Investimento no suporte aos clientes
Investimento no serviço aos clientes
Investimento no treinamento de clientes
36
Despesas com clientes não relacionadas ao produto
Investimento no desenvolvimento da competência dos empregados
Investimento em suporte e treinamento relativos a novos produtos aos
empregados
Treinamento especialmente direcionado aos empregados que não trabalham
nas instalações da empresa
Investimento em treinamento, comunicação e suporte direcionados aos
empregados permanentes em período integral
Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos
empregados temporários em período integral
Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos
empregados temporários de período parcial
Investimento no desenvolvimento de parcerias/joint-ventures
Upgrades no sistema
Investimentos na identificação da marca (logotipo/marca)
Investimentos em novas patentes e direitos autorais
Fonte: Edvinsson e Malone (1998, p.173)
O índice de coeficiente de eficiência do capital intelectual é obtido a
partir de indicadores mais relevantes para cada um dos focos, expressos em
porcentagens, quocientes e índices, de modo que a média aritmética destes
resulta em um valor percentual único. Os índices utilizados para indicar a
eficiência do capital intelectual são representados na tabela abaixo.
Índices de Eficiência do Capital Intelectual
Participação de mercado (%)
Índice de satisfação dos clientes (%)
Índice de liderança (%)
37
Índice de motivação (%)
Índice de investimento em pesquisa e desenvolvimento/investimento total (%)
Índice de horas de treinamento (%)
Desempenho/meta de qualidade (%)
Retenção dos empregados (%)
Eficiência administrativa/receitas (%)
Fonte: Edvinsson e Malone (1998, p.175)
De acordo com o foco de análise, ao se identificar o devido índice de
coeficiente de eficiência do capital intelectual, calcula-se o valor monetário do
capital intelectual.
A fórmula apresentada para o cálculo do capital intelectual considera a
quantidade de investimentos medidos em termos monetários e, principalmente,
a proporção que será revertida para a empresa, a médio ou longo prazo,
medido a partir do índice de eficiência do capital intelectual.
É importante ressaltar que, embora a empresa Skandia tenha
demonstrado atribuir grande importância à gestão do conhecimento ao colocar
em prática esse modelo, ela não compartilha as informações resultantes dessa
prática com terceiros.
Modelo Heurístico – Este modelo estabelece o vínculo entre o capital
intelectual e a estratégia da empresa, de forma que os ativos intangíveis são
avaliados ao longo do tempo, de acordo com a estratégia definida pela
organização.
Os fundamentos sobre os quais esse modelo foi construído consideram
dois âmbitos:
a. Âmbito da Estratégia Empresarial – conforme as metodologias
utilizadas para a formulação das estratégias de uma organização,
observa-se a necessidade do desenvolvimento de programas de ação
38que possuam indicadores claros para a avaliação de sua eficiência
quanto ao atendimento de seus objetivos.
Além do uso desses indicadores, cabe a definição de índices de
prioridades para a aplicação de cada um dos programas, o que pode ser
feito a partir da atribuição de pesos.
b. Âmbito do Capital Intelectual – inicialmente considera que o capital
intelectual é formado por quatro componentes: capital humano, capital
de inovação, capital de processos e capital de relacionamento.
Todos os indicadores definidos nos Programas de Ação, descritos no
Âmbito da Estratégia Empresarial, são classificados de acordo com cada
componente do capital intelectual, possibilitando a construção de uma
Matriz de Incidência que permitirá estabelecer o vínculo entre o Âmbito
da Estratégia Empresarial e o Âmbito do Capital Intelectual, o que, por
conseqüência, tornará possível a definição do Índice de Capital
Intelectual.
O Índice de Capital Intelectual considera a relevância de cada um de
seus componentes para os Programas de Ação desenvolvidos para a
definição das estratégias da organização, bem como dos índices de
priorização desses programas. Além disso, é importante ressaltar a
importância de que a análise seja feita a partir da evolução desse índice
ao longo do tempo, o que poderá levar à formação de relevantes
conclusões a respeito da estratégia da empresa, e não apenas a
considerações que se baseiam, exclusivamente, em valores absolutos e
estáticos.
Este modelo é centrado em dois principais pontos: o primeiro diz
respeito à possibilidade de atribuir valores ao capital intelectual corporativo, o
que será relevante apenas se houver uma estreita relação com a estratégia da
organização. Assim, conclui-se que essa mensuração só se tornará possível a
partir da adoção de alguns indicadores, definidos conforme os quatro
componentes do capital intelectual e da posterior associação destes com as
metas estratégicas da empresa.
39
O segundo ponto diz respeito à evolução da correlação estatística entre
os valores de capital intelectual e de mercado, que ocorre ao longo do tempo. É
importante ressaltar que os efeitos dos investimentos em capital humano e
inovação podem ser passíveis de alguma demora para serem notados de
forma clara, enquanto, por outro lado, os investimentos em ativos físicos
tendem a ser observados em espaço menor de tempo.
O ponto desfavorável desse modelo está na atribuição de pesos ou
prioridades associados aos fatores de mensuração do capital intelectual, que
utiliza termos como “absoluto”, “altamente desejável” e “desejável”, denotando
a existência clara de certa subjetividade na análise.
Santiago Jr. e Santiago afirmam:
“O sistema de mensuração não pode ser entendido como
algo a ser temido. No entanto, a simples existência de
métricas permite a criação desse tipo de entendimento, o
que, sem dúvida alguma, pode ser comprometedor para
seu sucesso.” (2007, p.136)
40
CAPÍTULO V
CAPITAL INTELECTUAL: UMA VANTAGEM
COMPETITIVA
O presente capítulo trata da importância do capital intelectual dentro de
uma organização, um importante diferencial competitivo que atrai clientes/
consumidores, aproxima fornecedores e faz com que a organização esteja
sempre a frente da concorrência. Uma equipe sólida e bem arraigada pode
efetivamente trazer resultados positivos. O capital intelectual é aqui colocado
como um conjunto de conhecimentos, informações e Know-how, que agrega
valor aos produtos e ou serviços, mediante aplicação de inteligência. Também
é verificada a importância da gestão de competências e como elas unidas, com
um mesmo objetivo geram maior riqueza. São essas competências que
mostram o modo de agir de cada profissional e, sobretudo, de buscar uma
atuação de um fazer atrelado em um saber.
No contexto em que vivem as organizações cada vez mais se fala em
conhecimento e como se da sua gestão. Quando se fala em gestão do
conhecimento, vários são os termos que vem a tona: conhecimento,
competência, habilidade, criatividade, capacidade inovadora, ou seja, capital
intelectual, que tem feito parte do dia-a-dia dos gestores preocupados com a
competitividade.
No Brasil, verifica-se que o recurso conhecimento vem aumentando
aceleradamente sua importância para o desempenho empresarial e que os
desafios impostos pela relativa e recente abertura econômica tornam a questão
da gestão do conhecimento ainda mais fundamental para que as empresas
brasileiras obtenham vantagem competitiva.
Mais uma vez o conhecimento como “combustível”, diferencial, que
agrega valor para o desempenho das organizações. A sociedade do
conhecimento tem crescido de forma exponencial, tornando-se imprescindível
dentro das empresas.
41 A gestão do conhecimento ultrapassa os limites do gerenciamento da
informação e do investimento em tecnologia. Muitos gestores mal informados e
mal preparados estão erroneamente fazendo altos investimentos em tecnologia
e em inovação, esquecendo-se de que a vantagem competitiva está em
pessoas bem preparadas e com elevado nível de conhecimento para trabalhar.
A gestão do conhecimento nas organizações passa, necessariamente,
pela compreensão das características e demandas do ambiente competitivo e,
também, pelo entendimento das necessidades individuais e coletivas
associadas aos processos de criação e aprendizado.
O capital intelectual de uma empresa é aquele que está nas pessoas,
que possuem talento, experiência e conhecimento criando produtos e serviços
diferenciados, tornando-se o motivo pelo qual os clientes procuram a empresa
e não a concorrência. “Com o nível de competitividade elevado no que tange
ao composto preço, produto e qualidade, ambientes cada vez mais dinâmicos e
inovações tecnológicas constantes, o diferencial passa a ser as pessoas.”
(Ruano, 2003, p. 4)
O capital humano é sem dúvida o ativo mais importante das empresas
na sociedade do conhecimento e são, sem dúvida, esses ativos intangíveis que
fazem com que a empresa alcance seu objetivo e aumente sua riqueza. A
seguir veremos um sentido figurativo do capital intelectual:
“O capital humano é a seiva que alimenta a árvore, e
esta seiva flui produzindo inovações e crescimento. E
esse crescimento torna-se madeira maciça, parte da
estrutura da árvore, formando desta maneira o capital
estrutural. Sendo assim, é o conhecimento que não vai
para casa depois do expediente.” (Stewart, 1998, p.16)
Este capital alimenta a empresa de forma que passa a ser seu alicerce,
e uma vez arraigado, fica como base para que a empresa ganhe cada vez mais
seu espaço no mercado. O que realmente faz a empresa chegar a um patamar
elevado e lá permanecer, é uma base firme e sólida, contando com todos os
seus colaboradores.
42 Estruturado o capital intelectual, a organização deve preocupar-se em
desenvolver redes de bancos de dados que lhe permitam avaliar as
informações externas de fornecedores, clientes e concorrentes. Explorar as
informações deles torna-se um fator de vantagem competitiva para a empresa
maior que qualquer investimento necessário.
A troca de informações com fornecedores pode transformar as relações
comerciais em uma parceria onde os produtos são desenvolvidos em conjunto
a partir de especificações e prazos fornecidos pela organização. Muitas vezes
a corporação pode contribuir até mesmo com a tecnologia de processo para o
fornecedor. A vantagem para a empresa é clara, ela passa a ter produtos
melhores em prazos mais próximos da sua realidade.
Com os clientes a relação é semelhante, a partir do instante que a
organização elabora um banco de dados que troca informações e armazena as
opiniões e necessidades dos seus clientes, ela pode com maior facilidade
detectar as alterações que devem ser feitas em seus processos internos para
garantir o atendimento às necessidades do cliente e aumentar sua fidelidade.
Quanto aos concorrentes, as informações se dão num nível de menor
quantidade e profundidade. As empresas devem estar atentas para os
movimentos da concorrência e armazenar aquelas informações que o mercado
fornece e demonstram ter relevância no momento ou que poderão ser
necessária no futuro.
A formação dessa rede de conhecimento trás consigo uma série de
vantagens que apontam para um resultado fundamental para as organizações
em qualquer tempo de sua existência e em especial atualmente – o aumento
da produtividade.
As empresas estão desenvolvendo processos para alcançar resultados
maiores com prazos e recursos menores. A filosofia da gestão do
conhecimento baseia-se na idéia de aumentar a produtividade pelo uso do
capital intelectual.
O processo de gestão nas organizações, sejam públicas ou privadas,
vem sofrendo muitas mudanças decorrentes da necessidade de adequação as
43exigências da sociedade do conhecimento onde o capital humano é valorizado
a partir de sua capacidade de explorar suas qualidades intelectuais.
Uma empresa não consegue ser líder no mercado se não estiver com
suas competências bem desenvolvidas e se seus funcionários também não
desenvolverem suas competências.
As chamadas competências essências da organização são responsáveis
pela atuação da empresa no mercado, estimulando a construção de um
diferencial competitivo baseado na especialidade e na especificidade de cada
organização.
As competências pessoais conduzem à necessidade crescente de
formar e valorizar o profissional para oferecer resposta mais rápida às
demandas do mercado e da empresa, através de uma postura aberta à
inovação, com base em um perfil criativo e flexível, e do preparo para trabalhar
e estimular o desenvolvimento das pessoas com que se trabalha.
Para que em uma organização o conhecimento produza uma vantagem
competitiva sustentável, ela deve gerenciá-lo de forma pró-ativa, promover ou
desenvolver novos conhecimentos dos profissionais que estão vinculados ou
relacionados a ela, tornando eles, profissionais em constante aprendizado,
multiplicadores de conhecimentos e contribuintes de pensamentos.
Valorizar o capital humano é fundamental para a competitividade
empresarial. Pois os recursos humanos são os principais responsáveis pelo
desempenho das empresas e constituem vantagens competitivas num mercado
cada vez mais exigente.
Se o capital humano constitui uma vantagem competitiva principal, como
o é, tem-se que investir nele desenvolvê-lo e ceder-lhe espaço para seus
talentos. Quanto mais fizermos isso, contudo, mais enriqueceremos seus
passaportes e aumentaremos sua mobilidade potencial.
Assim, fica clara a importância do capital intelectual para o
desenvolvimento das empresas, além de representar diferencial competitivo em
relação aos concorrentes. A era atual exige a capitalização de intelectos (no
44sentido de investimentos maiores em qualidade da inteligência agente sobre os
capitais) na busca da eficácia comum dos mais importantes valores das células
sociais e de aumento do valor efetivo da própria riqueza.
45
CONCLUSÃO
Em um mundo de competitividade global, não basta somente ter ou
saber onde encontrar ou acessar a informação. É necessário analisá-la, as
empresas devem se adaptar a esta nova era para alcançar o sucesso,
desbravadoras de conhecimentos e tecnologias, eles transformam o capital
intelectual de cada profissional em valores. Estes profissionais, hábeis e pró-
ativos também devem fazer parte desses processos, eles precisam se
aperfeiçoar e inovar seu capital no mesmo decorrer das transformações.
Tornando-se profissionais em constante aprendizado, multiplicadores de
conhecimentos, contribuintes de pensamentos, como forma de desenvolver a
semente das idéias agora plantada.
Com as mudanças econômicas, tecnológicas, políticas e sociais, houve
uma profunda alteração da estrutura e valores da sociedade. Nessa nova era, o
conhecimento passou a ter uma importância fundamental em todas as
atividades econômicas, como seu principal ingrediente.
Um dos problemas consiste em mensurar esse capital intelectual. A
grande questão é saber como identificar e disseminar o conhecimento gerado
dentro da empresa, promovendo a transformação de material intelectual bruto
gerado pelos ingredientes da organização em Capital Intelectual, e que garanta
uma trajetória de crescimento e desenvolvimento.
Apesar das dificuldades encontradas na busca da mensuração desse
grande ativo que é o capital intelectual, a ciência contábil está procurando dar o
seu contributo em mais uma tarefa árdua de avaliação de todos os elementos
que interagem sobre o patrimônio. Acreditamos que, qualquer tipo de
regulamentação ou padronização de informações sobre o capital intelectual,
não gerará qualquer benefício as organizações, que iriam somente fazê-la por
imposição legal. O Capital Intelectual deve sim, ser mensurado e analisado
para que se possa utilizar esta informação com propósito de atender as
necessidades específicas nas fases de planejamento, execução, controle e
46tomada de decisão das atividades desenvolvidas, em uma ótica estratégica,
por parte da organização, utilizando alguns dos instrumentos aqui analisados.
Sabe-se que existe a consciência da necessidade de continuar com
estudos e definições, a fim de tornar o Capital Intelectual uma ferramenta
gerencial cada vez mais eficiente.
A nova tendência de gestão do conhecimento nas organizações possui
características marcantes e poderosas, capazes de promover no ambiente
interno das organizações, nos mercados nos quais elas participam, e na
sociedade na qual interferem, cenários racionais de aproveitamento da força de
trabalho, criando oportunidades efetivas de desenvolvimento individual e
corporativo.
Em vista disso, é fundamental que a administração tenha alguns
cuidados, para que os funcionários considerados como Capital Intelectual do
departamento não mudem para outras áreas (ou empresas) e mesmo que
permaneçam, não percam a motivação para o constante aperfeiçoamento.
Investir em capital intelectual significa promover ou desenvolver novos
conhecimentos dos profissionais que estão vinculados ou relacionados com a
sua organização.
Desta forma verifica-se que, no mundo atual globalizado, com o
aperfeiçoamento constante das tecnologias, o capital intelectual é um meio
muito eficaz para as empresas e para os profissionais, pois torna a organização
mais eficaz sob o ponto de vista da produtividade e sob a perspectiva humana,
constituindo um diferencial competitivo em face às exigências do mercado.
O desafio atual nas organizações é ajustar seus modelos de gestão para
o desenvolvimento permanentemente do seu capital intelectual por meio do
conhecimento, para isso precisa abandonar conceitos antigos e assumir o
indivíduo como seu principal capital.
As organizações que adotarem estratégias de investir no capital
intelectual obterão ganhos significativos no mundo globalizado.
47
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, Maria Thereza Pompa. Capital intelectual. São Paulo: Atlas, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos
humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano. São Paulo: Atlas, 1994.
EDVINSSON, Leif; MALONE, Michael S. Capital intelectual: descobrindo o
valor real de sua empresa pela identificação de seus valores internos. São
Paulo: Makron Books, 1998.
KLEIN, David A. A gestão estratégica do capital intelectual: recursos para a
economia baseada em conhecimento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.
RUANO, Alessandra Martinewski. Gestão por Competências. Rio de Janeiro:
Editora Qualitymark, 2003.
SANTIAGO JR., José Renato Sátiro; SANTIAGO, José Renato Sátiro. Capital
intelectual: o grande desafio das organizações. São Paulo: Novatec Editora,
2007.
STEWART, Thomas A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das
empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
SVEIBY, Karl Erick. A nova riqueza das organizações. Rio de Janeiro: Campus,
1998.
WERNKE, Rodney. As considerações acerca dos métodos de avaliação do
capital intelectual. Revista Brasileira de Contabilidade: nº 137. set/out. 2002. p.
23-39.
Link:
http://www.administradores.com.br/artigos/capital_intelectual_como_vantagem_
competitiva/21435/
48Link:
http://www.administradores.com.br/artigos/a_importancia_do_capital_intelectual
_na_gestão_das_organizações/11226/
49
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Capital Intelectual: Conceitos e Abordagens 10
CAPÍTULO II
Gestão e Desafios 15
CAPÍTULO III
O Valor do Capital Intelectual nas Organizações 21
CAPÍTULO IV
Formas Alternativas de Mensuração 26
CAPÍTULO V
Capital Intelectual: Uma Vantagem Competitiva 40
CONCLUSÃO 45
BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 49
50
Top Related