UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
MÔNIA DANDOLINI NARDI
EXERCÍCIOS FÍSICOS SUPERVISIONADOS EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ATENDIDOS NA
CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNISUL.
Tubarão 2007.
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MÔNIA DANDOLINI NARDI
EXERCÍCIOS FÍSICOS SUPERVISIONADOS EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ATENDIDOS NA
CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNISUL.
Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.
Orientador: Prof. Esp. Kelser de Souza Kock.
Tubarão 2007.
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DEDICATÓRIA Dedico todo meu esforço para realizar este trabalho,
em especial, aos meus pais por todo amor, dedicação e
esforço para que este acontecesse e a minha irmã
querida. Também ao meu amor, que esteve comigo
todos os dias dando-me apoio, paciência e carinho.
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AGRADECIMENTOS
Acima de tudo, agradeço a Deus que me deu saúde e força de vontade para não
desanimar no meio do caminho e pela inspiração e energia imensurável que iluminou cada
passo dessa jornada.
Ao meu pai Armelindo e minha mãe Idiolene por tudo que me ensinaram, pelo
carinho e AMOR que me dedicam, a minha irmãzinha querida, Monique, sempre do meu lado
dando carinho e me ajudando quando preciso, ao meu irmãozinho Augusto que mesmo não
estando mais entre nós sei que estas olhando por mim, a vocês, agradeço com todo amor.
Ao meu namorado Michel, pela cumplicidade, companheirismo nas horas difíceis,
carinho e AMOR, e por todos os sonhos que planejamos juntos.
Aos mestres, pela dedicação e conhecimento de vida que nos passaram, a qual
levaremos conosco pela eternidade.
Em especial agradeço ao meu orientador e amigo Kelser de Souza Kock , me
ajudou a realizar esta pesquisa, e por ter me dado toda a segurança e apoio no
desenvolvimento de todas as etapas deste trabalho.
Aos colegas de turma, que durante esta jornada de quatro anos dividiram comigo
momentos de angústia e alegria. Que toda essa convivência seja a base para continuidade de
uma sincera amizade.
A todos vocês, o meu muito OBRIGADO!
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RESUMO
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) engloba uma série de entidades, que, embora
diferentes quanto à causa e anatomia patológica, manifestam em comum a disfunção
caracterizada pela “limitação” ou “obstrução” ao fluxo aéreo. Este trabalho teve como
objetivo comparar a aptidão física das avaliações e reavaliações de indivíduos portadores de
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) que praticam exercício supervisionado na clínica
escola de fisioterapia da Unisul. A amostra compreendeu-se entre os prontuários de 10
pacientes com DPOC, atendidos no estágio supervisionado de fisioterapia aplicada a
cardiopneumologia, no período de julho a dezembro de 2006. Os dados foram coletados
através de uma ficha de inclusão e exclusão da amostra. Para o tratamento dos dados utilizou-
se estatística descritiva (média e desvio padrão) e inferencial (teste de wilcoxon, p<0,05).
Sendo analisado avaliação espirométrica para estadiamento da DPOC de cada paciente,
distância percorrida no Teste de caminhada de seis minutos, pressões respiratórias, força
diafragmática, resistência muscular de membros superiores (MMSS), membros inferiores
(MMII) e abdominal, flexibilidade da cadeia posterior, mobilidade torácica e índice de massa
corpórea (IMC). Através dos resultados desta pesquisa podemos observar que, de maneira
geral, os pacientes apresentaram um bom condicionamento físico. Esse fato indica que a
atividade física proporciona ganhos consideráveis em vários aspectos da aptidão física em
indivíduos pneumopatas crônicos.
Palavras-chave: Doença pulmonar obstrutiva crônica, atividade física, reabilitação pulmonar.
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ABSTRACT
Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) includes a series of entities, that, although
different with relationship to the cause and pathological anatomy, they manifest the
dysfunction in common characterized by the “limitation” or “obstruction” to the aerial flow.
This work had as objective compares the physical aptitude of the evaluations and revaluations
of individuals bearers of chronic obstructive pulmonary disease (COPD) that practice exercise
supervised at the clinic school of physiotherapy of UNISUL. The sample was understood
among the handbooks of 10 patients with COPD, assisted in the supervised apprenticeship of
chest physiotherapy, in the period of July to December of 2006. The data were collected
through a control record. For the treatment of the data descriptive statistics was used (average
and standard deviation) and inferencial (wilcoxon test, p <0,05). Being analyzed by
spirometric evaluation for classification of COPD of each one patient, distance traveled in the
six minutes walk test, breathing pressures, diafragmatic force, muscular resistance of superior
members, inferior members and abdominal, flexibility of the subsequent chain, thoracic
mobility and body index mass (BIM). through the results of this research we can observe that,
in a general way, the patients presented a good physical conditioning. That fact indicates that
the physical activity provides won considerable in several aspects of the physical aptitude in
individuals with chronic respiratory disease.
Word-key: Chronic Obstructive Pulmonary Disease, physical activity, lung rehabilitation.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADM – Amplitude de Movimento
ATS – American Toracic Society
AVD’s – atividades de vida diárias
cm – centímetro
CVF – capacidade vital forçada
DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
EUA – Estado Unidos da América
FC – freqüência cardíaca
GOLD – Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
IMC – índice de massa corpórea
IPE – índice de percepção de esforço
Kg – Kilograma
m – metros
MMII – membros inferiores
MMSS – membros superiores
OMS - Organização Mundial de Saúde
Pi máx. – Pressão Inspiratória Máxima
Pe máx. – Pressão Expiratória Máxima
RP – Reabilitação Pulmonar
SpO2 – saturação periférica de oxigênio
SUS - Sistema Único de Saúde
TC6 – Teste de caminhada seis minutos
UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina
VEF1 – volume expiratório forçado no primeiro segundo
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LISTA DE QUADROS
Estadiamento do DPOC ...........................................................................................................19 Quadro 1: Média e desvio padrão da distância percorrida no TC6...........................................33 Quadro 2: Valores padrão para teste de apoio modificado de MMSS......................................36 Quadro 3: Valores padrão para teste de abdominal parcial......................................................36 Quadro 4: Média e desvio padrão da força/ resistência muscular dos MMSS, MMII e abdominal (repetições)..............................................................................................................37 Quadro 5: Média e desvio padrão da força diafragmática .......................................................40 Quadro 6: Média e desvio padrão das pressões respiratórias (cmH2O)....................................42 Quadro 7: Teste de sentar e alcançar, valores padrão de flexibilidade.....................................45 Quadro 8: Média e desvio padrão da flexibilidade da cadeia posterior e mobilidade torácica (centímetros).............................................................................................................................45 Quadro 9: Média e desvio padrão do índice de massa corpórea (Kg/m2).................................48
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Média e desvio padrão da distância percorrida no TC6 (metros)............................34 Gráfico 2: Média e desvio padrão da força/ resistência muscular dos MMSS, MMII e abdominal (repetições)..............................................................................................................38 Gráfico 3: Média e desvio padrão da força diafragmática........................................................41 Gráfico 4: Média e desvio padrão das pressões respiratórias (cmH2O)....................................43 Gráfico 5: Média e desvio padrão da flexibilidade da cadeia posterior e mobilidade torácica (centímetros).............................................................................................................................46 Gráfico 6: Média e desvio padrão do índice de massa corpórea (Kg/m2).................................48
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10
2 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ......................................13
2.1 DEFINIÇÃO.......................................................................................................................13
2.2 PATOLOGIA......................................................................................................................15
2.3 FISIOPATOLOGIA............................................................................................................16
2.4 DIAGNÓSTICO.................................................................................................................17
2.5 CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE..............................................................................18
2.6 TRATAMENTO.................................................................................................................19
2.7 REABILITAÇÃO PULMONAR........................................................................................20
2.7.1 Exercício físico supervisionado.....................................................................................22
2.7.2 Avaliação dos programas de reabilitação pulmonar..................................................25
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................28
3.1 POPULAÇÃO/ AMOSTRA...............................................................................................28
3.2 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS ...........................................................29
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS ........................................................................................31
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANALISE E DISCUSSÃO .........................32
4.1 CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA –TC6.........................................................33
4.2 FORÇA / RESISTÊNCIA MUSCULAR ..........................................................................35
4.3 FLEXIBILIDADE / MOBILIDADE..................................................................................44
4.4 COMPOSIÇÃO CORPORAL – IMC.................................................................................47
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................50
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................51
APÊNDICE .............................................................................................................................55
APÊNDICE – Instrumento de coleta de dados - ficha de avaliação...................................56
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1 INTRODUÇÃO
As doenças respiratórias constituem importante causa de adoecimento e morte em
adultos e crianças no mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estas
doenças representam cerca de 8% do total de mortes em países desenvolvidos e 5% em países
em desenvolvimento. No Brasil, as doenças respiratórias agudas e crônicas também ocupam
posição de destaque. Entre as principais causas de internação no Sistema Único de Saúde
(SUS), em 2001, estas doenças ocuparam o segundo lugar em freqüência, sendo responsáveis
por cerca de 16% de todas as internações do sistema (TOYOSHIMA; ITO; GOUVEIA,
2005).
De acordo com I Consenso Brasileiro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
não se conhece verdadeiramente a prevalência da doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) em nosso meio, porém estimam-se que nos EUA aproximadamente 16 milhões de
pessoas apresentam DPOC, 90% com predomínio de bronquite crônica e 10% de enfisema,
numa proporção de dois homens para cada mulher. No entanto este número é bem maior, algo
em torno de 30 a 35 milhões de pessoas. Isto é devido à doença silenciosa, ou seja,
assintomática ou com sintomas de pouca relevância. Acometendo mais homens do que
mulheres e aumentando acentuadamente com a idade (OLIVEIRA; JARDIM; RUFINO,
2000).
No Brasil, dados do Ministério da Saúde, estimam a prevalência do tabagismo em
torno de 32% da população geral, assim sendo, se considerarmos a população do Brasil em
160.000.000 de habitantes e sabendo-se que 15% dos fumantes desenvolveram DPOC
clinicamente significativa, teremos 7.500.000 de pacientes com DPOC, aproximadamente 5%
da população geral (BRASIL, 1999).
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) engloba uma série de entidades,
que, embora diferentes quanto a causa e anatomia patológica, manifestam em comum a
disfunção caracterizada pela “limitação” ou “obstrução” ao fluxo aéreo. A designação
compreende bronquite crônica, enfisema pulmonar, asma brônquica, bronquiectasias difusas,
fibrose cística (mucoviscidose) e síndromes de discinesia ciliar. Bronquite crônica e enfisema
são os integrantes do grupo que mantém a maior conotação com o termo DPOC; com
freqüência manifestam-se simultaneamente no mesmo paciente, e, em grande parte por essa
razão, costumam ser considerados em conjunto (ARAUJO; et al., 2005; OLIVEIRA;
JARDIM; RUFINO, 2000).
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Segundo Tarantino (2002), bronquite crônica é uma síndrome clínica
caracterizada por tosse crônica com expectoração mucosa ou mucopurulenta, com duração de
pelo menos três meses, durante dois anos consecutivos, não resultando de outra causa
aparente como tuberculose, bronquiectasia e outras. Enfisema é uma alteração do pulmão
caracterizada por aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal,
acompanhado por alterações destrutivas das paredes alveolares.
Numa conceituação prática, um tanto simplista, poderíamos dizer que na
bronquite crônica predominam os fenômenos inflamatórios, no enfisema as alterações
destrutivas. Tais entidades, no entanto, teriam ainda como denominador comum a redução do
fluxo expiratório e como principal fator de risco o fumo.
As alterações fundamentais da microarquitetura pulmonar que ocorrem na DPOC,
como aumento anormal dos espaços aéreos, ruptura das paredes alveolares e estenose
bronquiolar, reduzem não só a superfície respiratória, como a dos leitos capilares. Tais
modificações vão prejudicar o funcionamento normal do pulmão, basicamente, por
aumentarem a resistência ao fluxo aéreo expiratório.
A reabilitação pulmonar compreende aspectos multiprofissionais, onde se faz
presente a intervenção médica, nutricional, psicológica, fisioterapêutica e o exercício físico,
sendo que este último vem ganhando espaço neste tipo de programa pois melhora o
condicionamento físico que se traduz em melhora da qualidade de vida.
De acordo com Irwin e Tecklin (2003), o programa de exercício físico
supervisionado vem com o objetivo de aumentar a tolerância ao exercício físico. Eles podem
ser formais, baseados em prescrição estritamente derivada, ou informais, iniciados em um
ponto arbitrário e progredindo de acordo com a tolerância do paciente. Os exercícios podem
exigir equipamento especial como esteira ou bicicleta ergométrica ou simplesmente exigirem
espaço suficiente para permitir caminhada sem obstáculos. Baseado no pressuposto questiona-
se: Quais seriam as respostas na aptidão física apresentadas pelos pacientes com DPOC
submetidos ao exercício físico supervisionado?
O paciente portador da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) diminui sua
atividade física e global em decorrência da piora progressiva da função pulmonar, que é
traduzida por uma dispnéia, sensação de cansaço ao realizar qualquer esforço físico. O
progressivo descondicionamento físico associado a inatividade dá início a um ciclo vicioso,
em que a piora da dispnéia se associa a esforços físicos cada vez menores. A inatividade
crônica descondiciona, principalmente, a musculatura locomotora, tornando desagradável
qualquer nível de atividade.
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A atuação fisioterápica através dos exercícios físicos supervisionados apresenta-se
com o intuito de reduzir sintomas ocasionados pela doença, melhorando assim a qualidade de
vida e a independência funcional do paciente.
Considerando o pressuposto, a amostra compreendeu-se entre os prontuários de
pacientes com DPOC atendidos no estágio supervisionado de fisioterapia aplicada a
cardiopneumologia, na Clínica Escola de Fisioterapia – UNISUL/ Tubarão.
Sendo que o seguinte trabalho apresenta como objetivo geral, comparar a aptidão
física das avaliações e reavaliações de indivíduos portadores de doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC) que praticam exercício supervisionado na clínica escola de fisioterapia da
Unisul.
E como objetivos específicos: demonstrar os valores da distância percorrida no
Teste de caminhada de seis minutos na população estudada; identificar a evolução das
pressões respiratórias em indivíduos com DPOC submetidos ao exercício físico
supervisionado; verificar a força diafragmática em indivíduos com DPOC submetidos ao
exercício físico supervisionado; identificar a resistência muscular em membros superiores
(MMSS), membros inferiores (MMII) e abdominal em indivíduos com DPOC submetidos ao
exercício físico supervisionado; demonstrar a flexibilidade da cadeia posterior em indivíduos
com DPOC submetidos ao exercício físico supervisionado; identificar a mobilidade torácica
em indivíduos com DPOC submetidos ao exercício físico supervisionado e verificar o Índice
de massa corpórea (IMC) em indivíduos com DPOC submetidos ao exercício físico
supervisionado.
Finalizando este primeiro capítulo, a introdução, com o intuito de fundamentar as
variáveis envolvidas no problema desse estudo e para facilitar a compreensão do assunto, o
próximo é dividido em uma revisão sobre DPOC e reabilitação pulmonar. O terceiro capítulo
tem como principal objetivo apresentar a metodologia do trabalho adotado para realização do
estudo, onde são apresentadas a classificação da pesquisa e os procedimentos utilizados. O
quarto capítulo apresenta-se a exposição do estudo, analisando os resultados obtidos e
discutindo-os. E por fim, o quinto capítulo, exibir as considerações finais desta pesquisa.
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2 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é a mais comum das doenças
obstrutivas crônicas, sendo indispensável o esclarecimento de seu contexto.
2.1 DEFINIÇÃO
De acordo com Araújo et al (2005) a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(DPOC) engloba uma serie de entidades, que, embora diferentes quanto a causa e anatomia
patológica, manifestam em comum a disfunção caracterizada pela “limitação” ou “obstrução”
ao fluxo aéreo. A designação compreende bronquite crônica, enfisema pulmonar, asma
brônquica, bronquiectasias difusas, fibrose cística (mucoviscidose) e síndromes de discinesia
ciliar. Bronquite crônica e enfisema são os integrantes do grupo que mantém a maior
conotação com o termo DPOC; com freqüência manifestam-se simultaneamente no mesmo
paciente, e, em grande parte por essa razão, costumam ser considerados em conjunto.
Entende-se por bronquite crônica a condição clínica caracterizada por excesso de
secreção mucosa na arvore brônquica, havendo tosse crônica ou de repetição, junto com
expectoração por pelo menos três meses consecutivos do ano e dois anos consecutivos. A
bronquite crônica é mais comum em homens e em indivíduos com mais de quarenta anos. A
enfisema pulmonar inclui várias doenças que resultam na destruição de estruturas pulmonares,
mais notadamente as paredes alveolares distais aos bronquíolos terminais (IRWIN;
TECKLIN, 2003; BETHLEM, 2001).
Deve-se observar que bronquite crônica ou enfisema sem presença de obstrução ao
fluxo aéreo não é considerada como DPOC (OLIVEIRA; JARDIM; RUFINO, 2000).
A definição mais recente de DPOC, endossada pela American Thoracic Societ
(ATS), define DPOC como uma doença caracterizada por limitação ao fluxo aéreo que não é
totalmente reversível. A limitação ao fluxo aéreo é usualmente progressiva e está associada
com uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou gases nocivos (SEVERO;
RECH, 2006; SUTHERLAND; CHERNIACK, 2004).
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é um estado de doença
caracterizado pela limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. A limitação do
fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal
crônica ao longo das vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar. A inflamação dos
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pulmões é causada pela exposição a partículas e gases nocivos inalados. A fumaça de cigarro
pode induzir à inflamação e lesar diretamente os pulmões (GLOBAL INCIATIVE FOR
CHRONIC OBSTRUTIVE LUNG DISEASE, 1998).
Os sintomas mais comuns da DPOC incluem a tosse, a produção de escarro,
sibilos e dificuldade respiratória tipicamente ao esforço físico. A dispnéia freqüentemente é
lenta e progressiva no início e ocorre tardiamente na evolução da doença. Uma exceção
notável é a deficiência de alfa1-antitripsina, na qual a dispnéia começa mais cedo. A suspeita
de deficiência de alfa1-antitripsina deve levar à realização de um exame de sangue para
estabelecer o seu nível sérico. Ao exame físico do tórax de um paciente com DPOC pode
revelar sibilos ou diminuição dos ruídos respiratórios precocemente. Posteriormente, os sinais
de hiperinsuflação podem ser evidentes, isto é, aumento do diâmetro ântero-posterior,
achatamento do diafragma e indentação da parede torácica ao nível do diafragma na
inspiração (chamado de sinal de Hoover). Outros sinais tardios da DPOC podem incluir o uso
dos músculos acessórios, edema decorrente do cor pulmonale, alterações do estado mental
devido à hipoxia ou pela hipercapnia (especialmente nas exacerbações agudas da doença
grave), (SCANLAN; WILKINS; STOLLER, 2000).
A dispnéia surge quando uma substancial porção do parênquima pulmonar está
alterada (50%), evoluindo progressivamente de intensidade. Geralmente, junto com a dispnéia
há tosse antiga. Como a bronquite crônica associa-se ao enfisema, em grande número de
casos, tosse produtiva crônica pode ser referida pelo paciente ou comprovada pelo médico.
Em outros pacientes, a expectoração está ausente ou é desprezível. Alguns doentes procuram
o médico por fadiga fácil ou emagrecimento. A perda de peso é provocada pela menor
ingestão alimentar e, quando tem proporções significativas, representa sinal de mau
prognóstico na DPOC (CARDOSO; LEMLE; BETHLEM, 2001).
Segundo o mesmo autor, outros sinais poderão ser evidenciados, como a cianose, o
baqueteamento de dedos e a hipersonoridade à percussão do tórax. A hipertensão pulmonar e
o cor pulmonale, complicando o enfisema em sua face mais tardia, podem originar sinais. Se
um quadro de grave insuficiência respiratória se instala no curso da doença, as suas
repercussões se fazem sentir. Embora constitua uma parcela íntima da população de doentes
com DPOC, certamente inferior a 2%, o quadro do enfisema por deficiência de alfa1-
antitripsina vem merecendo muito destaque na literatura. A dispnéia geralmente se inicia mais
cedo do que nos casos usuais, na terceira ou quarta década, com ou sem tosse e expectoração
anterior. Pode haver antecedentes da infecção respiratória repetida, e de casos semelhantes na
família.
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A tosse é o sintoma característico dessa doença. A tosse começa lentamente e
aumenta insidiosa, mas uniformemente até a produção de muco. A tosse geralmente é mais
pronunciada nos meses de inverno, mas gradualmente ela se torna quase que constante. A
tolerância ao exercício diminui lenta, mas uniformemente até o indivíduo virtualmente não ter
reserva física para os momentos de sobrecarga. A evolução da bronquite crônica caracteriza-
se por infecções respiratórias durante as quais a tosse severa, a dispnéia, a produção de
secreções purulentas e a irregularidade na troca gasosa pulmonar podem exigir hospitalização
(IRWIN; TECKLIN, 1996).
Segundo Cardoso, Lemle e Bethlem (2001, p. 600) “[...] essa doença parece
começar em uma etapa precoce da vida, ainda que não cause sintomas antes da quarta década
e só costuma levar a invalidez progressiva a partir da sexta ou sétima década.”
2.2 PATOLOGIA
As alterações patológicas associadas com a bronquite crônica são encontradas nas
duas fontes de muco brônquico-células caliciformes epiteliais e glândulas brônquicas
secretoras de muco. As glândulas produzem quase todo o muco brônquico, com as células
caliciformes responsáveis por um volume relativamente pequeno de muco. As glândulas
brônquicas produzem também liquido seroso.
Nas pessoas com bronquite crônica há um aumento das próprias glândulas
(hipertrofia) e um aumento no número de células secretoras de muco (hiperplasia) (IRWIN;
TECKLIN, 2003).
A retenção do muco na bronquite crônica se deve ao aumento de sua consistência,
redução da atividade ciliar, menor permeabilidade brônquica a ação da gravidade. Tal efeito
resulta em obstrução brônquica favorecendo as infecções. Na bronquite crônica, o epitélio
torna-se cúbito e atrófico, chegando a se tornar plano, quase sem atividade funcional
(TARANTINO, 2002).
Segundo Irwin e Tecklin (2003) a patogênese do enfisema origina-se da falta de
inibidores da enzima proteolítica ou de uma superabundância dela. Em ambos os casos, ocorre
destruição enzimática da arquitetura pulmonar. A deficiência de alfa-antripsina é um distúrbio
hereditário que serve como protótipo para a destruição pulmonar causada pela deficiência nos
inibidores da enzima proteolítica. Como resultado da ausência de inibidores da protease que
ocorrem naturalmente destroem o tecido elástico das paredes alveolares, causando espaços
aéreos maiores que o normal. Os espaços aéreos excessivamente grandes e ineficientes são
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uma característica do enfisema pulmonar. O segundo mecanismo para o enfisema é uma
superabundância de enzimas proteolíticas. Acredita-se que o tabagismo seja a causa mais
comum desse mecanismo, pois com a inalação da fumaça do cigarro, ocorre uma resposta
inflamatória nas vias aéreas. Neutrófilos e macrófagos, células comumente ativas durante o
processo inflamatório, são encontradas em abundância nas vias aéreas de fumantes. Após
participarem na atividade inflamatória, essas células necrosam, liberando então enzimas
proteolíticas que digerem e destroem o parênquima pulmonar.
2.3 FISIOPATOLOGIA
Irwin e Tecklin (2003) afirmam que a obstrução das vias aéreas e a diminuição dos
fluxos expiratórios são os principais eventos fisiopatológicos provenientes da bronquite
crônica. Acredita-se que a obstrução das vias aéreas tenha duas causas principais. A produção
crescente do muco obstrui mecanicamente os brônquios apesar dos mecanismos intactos de
depuração mucociliar e tosse, os quais normalmente protegem contra a obstrução das vias
aéreas. A segunda principal causa de obstrução pode ser o tamanho aumentado das glândulas,
o que pode aumentar o tamanho da parede brônquica causando redução do calibre do lúmen
brônquico. Além disso, possíveis alterações inflamatórias, hipertrofia da musculatura lisa
brônquica e perda da estabilidade da cartilagem brônquica crônica. A obstrução das vias
aéreas é mais claramente demonstrada para redução do volume expiratório forçado no
primeiro segundo e pelo aumento da resistência das vias aéreas. A bronquite crônica é quase
que exclusivamente uma doença de obstrução mecânica das vias aéreas.
O autor ainda explica que os problemas fisiopatológicos no enfisema são
decorrentes da destruição das estruturas de suporte causada pela protease. Com a perda das
paredes alveolares, formam-se grandes espaços aéreos onde anteriormente estavam pequenos
e eficientes alvéolos. Esses espaços aéreos tem uma área de superfície reduzida para as trocas
gasosas e a sua distensão pode ter um efeito negativo na perfusão pulmonar. Com a destruição
do tecido elástico das paredes alveolares e entre os bronquíolos respiratórios, a retração
elástica do pulmão é perdida juntamente com a tração radial. A primeira resulta em retenção
de ar; a segunda causa colapso precoce das vias aéreas na expiração, o que contribui para a
retenção de ar.
Segundo a iniciativa Global Inciative for Chronic Obstrutive Lung Disease (1998),
alterações patológicas nos pulmões levam as alterações fisiológicas correspondentes
características da doença, incluindo hipersecreção mucosa, disfunção ciliar, limitação do fluxo
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aéreo, hiperinsuflação pulmonar, anomalias nas trocas gasosas, hipertensão pulmonar e cor
pulmonale.
2.4 DIAGNÓSTICO
Conforme preconizado pela iniciativa Global Inciative for Chronic Obstrutive
Lung Disease (1998) e Weiss, Demeo e Postma (2003), o diagnóstico de DPOC deve ser
levado em consideração em qualquer indivíduo que apresente sintomas característicos e uma
história de exposição aos fatores de risco para a doença, especialmente a fumaça de cigarro,
desde que se excluam outras causas. O diagnóstico é confirmado por uma medida objetiva da
limitação do fluxo aéreo, preferivelmente a espirometria.
Um grande número de portadores de DPOC procuram o médico nos estados
avançados da doença, razão pela qual é incomum se estabelecer o diagnóstico precoce da
doença apenas pela clínica. Como o limiar de queixas de muitos pacientes costuma ser alto,
consideram o cansaço, a tosse e a expectoração como fenômenos normais, atribuindo-os
exclusivamente ao hábito de fumar. Sua queixa principal é a falta de ar, nem sempre
acompanhada de tosse produtiva. Na maioria das vezes tais pacientes só chegam ao
especialista devido a surtos, considerados como gripais, repetidos, de evolução demorada e
com sibilância, (TARANTINO, 2002).
O diagnóstico é confirmado pela espirometria. A presença de VEF1 > 60% do
valor previsto em combinação com um VEF1/CVF < 90%, classifica-se como doença leve;
VEF1 < 60% > 40% confirma doença moderada; com o VEF1 < 40%, doença grave; e
finalmente, VEF1 com qualquer valor geralmente inferior a 40%, doença muito grave,
(OLIVEIRA; JARDIM; RUFINO, 2000).
A tosse crônica, geralmente o primeiro sintoma da DPOC a se desenvolver, pode
inicialmente ser intermitente, mas depois se faz presente todos os dias, geralmente durante
todo o dia. Em alguns casos, uma significativa limitação ao fluxo aéreo pode se desenvolver
sem a presença de tosse. Pequenas quantidades de expectoração persistente são comumente
eliminadas por pacientes com DPOC após acessos de tosse. A dispnéia é a razão pela qual
maioria dos pacientes procuram por atendimento médico e é uma causa importante de
incapacidade e ansiedade associadas à doença. À medida que a função pulmonar se deteriora,
a falta de ar se torna mais intensa. A sibilância e a opressão torácica são sintomas
relativamente não específicos e podem variar entre dias ou ao longo de um único dia, no
18
entanto, ausência de sibilância ou de opressão torácica não exclui o diagnóstico de DPOC,
(GLOBAL INCIATIVE FOR CHRONIC OBSTRUTIVE LUNG DISEASE, 1998).
Segundo Duncan, Schmidt e Giugliani (2004), relatam que em geral, a DPOC é de
diagnóstico relativamente simples. Contudo, existe um grupo de situações clínicas cuja
concomitância com a DPOC é da maior importância, pois acarreta a introdução de diferentes
condutas terapêuticas. Asma, insuficiência cardíaca congestiva, bronquiectasias e tuberculose
pulmonar são importantes no diagnóstico diferencial da DPOC.
2.5 CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE
O estadiamento de uma doença consiste em classificá-la em níveis de acordo com
sua gravidade, com a finalidade de propor orientação terapêutica, definir prognóstico e
comparar resultados de tratamentos. Em condições ideais, o estadiamento da DPOC deveria
levar em conta, o impacto global da doença no paciente, avaliado pelos sintomas e a
conseqüente alteração da qualidade de vida e as repercussões da doença na fisiologia
pulmonar, expressas pelos dados da espirometria e do estudo dos gases sanguíneos. Segundo
Oliveira, Jardim e Rufino (2000), o estadiamento é classificado da seguinte maneira:
Estádio I – doença leve, Compreende a grande maioria dos pacientes com DPOC.
Geralmente apresentam-se com pouca limitação às suas atividades habituais, e esta costuma
ocorrer durante as exacerbações da doença. O reconhecimento desses pacientes é importante
no sentido de procurar bloquear a progressão da doença pela adoção de várias medidas,
particularmente pelo abandono do tabagismo.
Estádio II – doença moderada, apresenta um grupo menor de pacientes do que no
estádio anterior, mas com doença mais sintomática e mais limitante. O uso de medicação
broncodilatadora de manutenção, provavelmente em regime de associação de drogas, pode vir
a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. A reabilitação
respiratória é outra medida importante a considerar nessa fase.
Estádio III – doença grave, Compreende um grupo menor de pacientes do que no
estádio anterior, mas com doença mais sintomática e mais limitante. O uso de medicação
broncodilatadora de manutenção, provavelmente em regime de associação de drogas, pode vir
a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. A reabilitação
respiratória é outra medida importante a considerar nessa fase.
Estádio IV – doença muito grave, a hipercapnia geralmente ocorre em pacientes
com graus muito avançados de obstrução e que já apresentam hipoxemia, sendo, pois,
19
geralmente, identificada quando se realiza a gasometria. A indicação de gasometrias
posteriores será definida pela evolução da doença. Os pacientes deste estádio são minoria
entre os com DPOC, mas, em função da gravidade, são os grandes consumidores de recursos
financeiros, por necessitarem de freqüentes internações hospitalares, geralmente prolongadas
e, muitas vezes, em ambiente de terapia intensiva.
Quadro 1: Estadiamento DPOC Fonte: OLIVEIRA, JARDIM E RUFINO (2000).
Em função disto, ficou estabelecido o estadiamento da DPOC, havendo uma
acentuação da doença e piora progressiva do prognóstico em direção aos níveis mais
elevados.
2.6 TRATAMENTO
Segundo American Toracic Socity (1995), Celli (1998), o tratamento dos pacientes
com DPOC é realizado pelo resto da vida com a utilização de instalações e materiais
adequados. De forma objetiva, as formas de tratamento padrão podem ser divididas em:
medidas preventivas, terapia medicamentosa, oxigenioterapia e reabilitação pulmonar (física,
20
psíquica, social). Estas formas de tratamento servem tanto como uma abordagem profilática
quanto para tratamento de complicações (por exemplo, insuficiência respiratória, cor
pulmonale e poliglobulia).
Os farmacológico no DPOC deve objetivar a prevenção, controle dos sintomas,
redução da freqüência e da gravidade exacerbações, melhora na qualidade de vida relacionada
à saúde e aumento do desempenho nas atividades físicas e de vida diária. Como exemplo
desses fármacos podem ser citados os broncodilatadores; anticolinérgicos; metilxantinas;
inibidores da fosfodiesterase (PDE4) e agonistas dopaminérgicos (receptor D2);
corticosteróides; vacinas; antibioticoterapia profilática; agentes mucolíticos e antioxidantes;
antitussígenos; terapia com reposição de alfa-1 antitripsina; estimulantes respiratórios;
imunorreguladores e narcóticos.
A reabilitação do paciente com DPOC é quase sinônimo de cinesioterapia.
Juntamente com os seus métodos paralelos, ocupa com toda certeza o lugar mais importante
no tratamento das doenças obstrutivas e deve ser olhada como um programa, com a obrigação
de integrar todos os itens terapêuticos (TARANTINO, 2002). Diminuindo os sintomas do
DPOC, aumentando a habilidade funcional e melhorando a qualidade de vida.
2.7 REABILITAÇÃO PULMONAR
A reabilitação pulmonar (RP) é um programa multidisciplinar de assistência ao
paciente portador da doença respiratória crônica, moldado individualmente para otimizar seu
rendimento físico, social e sua autonomia (AMERICAN THORACIC SOCIETY apud
SEVERO; RECH, 2006). A RP busca auxiliar o paciente diminuindo as deficiências e
disfunções conseqüentes dos processos secundários da doença pulmonar, como disfunções
musculares periféricas e respiratórias, anormalidades nutricionais, deficiências cardíacas e
distúrbios esqueléticos, sensoriais e psicossociais (RODRIGUES, 2003 apud SEVERO;
RECH, 2006).
De acordo com Oliveira, Jardim e Rufino (2000), os objetivos a serem alcançados
com a reabilitação pulmonar é a redução dos dias de hospitalização, melhora da qualidade de
vida, redução dos sintomas respiratórios, melhora dos sintomas psicossociais, aumento da
tolerância e do desempenho no exercício, retorno ao trabalho, para alguns pacientes, aumento
do conhecimento sobre sua doença e conduta, aumento da sobrevida em alguns pacientes (os
que utilizam oxigênio).
21
Aos programas de reabilitação pulmonar são compostos de varias intervenções,
incluindo tratamento medicamentoso e o componente educacional. Segundo Rodrigues
(2003), o tratamento medicamentoso compõe somente parte do suporte assistencial na
reversão da sintomatologia. A educação também vem ganhando grande importância, pois
incentiva o paciente no seu próprio processo de reabilitação, levando-o a um conhecimento
das alterações físicas e fisiológicas que ocorrem em decorrência da doença. Isoladamente a
educação não é suficiente para melhorar a função pulmonar do paciente. Entretanto, é possível
que essa modalidade diminua a sensação de percepção da dispnéia e a ansiedade, o que
provavelmente, contribua pra melhorar a qualidade de vida destes pacientes.
Quando se compara a reabilitação com o tratamento medicamentoso da DPOC,
constata-se que a reabilitação é responsável por uma grande melhora na qualidade de vida e
na capacidade funcional dos pacientes (OLIVEIRA; JARDIM; RUFINO, 2000).
Os autores Borges, Vianna e João Filho (2003) afirmam que a fisioterapia
respiratória tem sido utilizada no tratamento de manutenção e nas exacerbações da DPOC. O
aumento da quantidade de secreção e a disfunção no transporte mucociliar são fatores
importantes na fisiopatologia da DPOC, principalmente nos períodos de exacerbação, ambos
estão associados com a aceleração do declínio funcional e com o aumento da mortalidade dos
pacientes. A retenção de muco é resultado, de um lado, de sua produção excessiva ou da perda
de suas propriedades reológicas e, de outro, das dificuldades de sua eliminação, disfunção
mucociliar e ineficiência da tosse. De muitas maneiras, intervenções farmacológicas e
fisioterápicas podem melhorar o transporte e a eliminação do muco: restabelecendo as
propriedades reológicas do muco; estimulando a atividade ciliar; utilizando mecanismos
físicos compensatórios, como a gravidade (drenagem postural), interação ar/muco (expiração
forçada), vibração, oscilação, percussão e compressão das vias aéreas.
Programas bem direcionados de RP resultam em melhora na habilidade de
realização das atividades de vida diária, na capacidade de realizar exercícios, na qualidade de
vida, na redução dos sintomas respiratórios, da ansiedade e da depressão dos pacientes
portadores de doenças pulmonares crônicas. Está bem documentado na literatura que a RP
promove melhora na capacidade funcional de exercício, na qualidade de vida, reduz a
dispnéia (ZANCHET; VIEGAS; LIMA, 2005, p.120).
2.7.1 Exercício físico supervisionado
22
O paciente portador de DPOC diminui sua atividade física global devido a piora
progressiva da função pulmonar, que é traduzida por dispnéia, percepção de cansaço ao
realizar qualquer forma de esforço físico. O progressivo descondicionamento físico associado
à inatividade da início a um círculo vicioso, em que a piora da dispnéia se associa a esforços
físicos cada vez menores, com grave comprometimento da qualidade de vida (CELLI, 1995
apud RODRIGUES; VIEGAS; LIMA, 2002; ROOMI; YOHANNES; CONNOLLY, 1998;
PITTA; et al., 2006).
De acordo com Irwin e Tecklin (2003), o programa de exercício físico
supervisionado vem com o objetivo de aumentar a tolerância ao exercício que variam
bastante. Eles podem ser formais, baseados em prescrição estritamente derivada, ou informais,
iniciados em um ponto arbitrário e progredindo de acordo com a tolerância do paciente. Os
exercícios podem exigir equipamento especial como esteiras ou bicicleta ergométrica ou
simplesmente exigirem espaço suficiente para permitir caminhada sem obstáculos.
A estimulação das adaptações estruturais e funcionais que aprimoram o
desempenho em tarefas especificas constitui o principal objetivo do treinamento com
exercícios. Essas adaptações tornam necessária a adesão aos programas minuciosamente
planejados, com a atenção focalizada na freqüência e na duração das sessões de trabalho, tipo
de treinamento, velocidade, intensidade, duração e repetição da atividade, intervalos de
repouso. A aplicação desses fatores varia, dependendo do desempenho e dos objetivos em
termos de aptidão (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
A otimização de um treinamento exige o conhecimento de alguns princípios, como
sobrecarga, especificidade, individualidade, reversibilidade.
A aplicação regular de uma sobrecarga na forma de um exercício específico
aprimora a função fisiológica a fim de induzir uma resposta ao treinamento. O exercício
realizado com intensidade acima dos níveis normais induz uma ampla variedade de
adaptações altamente especificas que permitem ao organismo funcionar mais eficientemente.
Para conseguir a sobrecarga apropriada será necessário manipular combinações de freqüência,
intensidade e duração do treinamento, com maior enfoque na modalidade do exercício
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
O princípio da especificidade implica que o treinamento deve ser planejado para
“treinar” a musculatura e os sistemas específicos do corpo de maneira semelhante ao
envolvimento dos mesmos durante o exercício. Portanto o princípio da especificidade tem
implicações anatômicas do recrutamento neuromuscular, de padrões de habilidades motoras,
23
de função cardiorrespiratória e do metabolismo energético muscular (ROBERGS; ROBERTS,
2002).
Este princípio encontra-se diretamente relacionado não só às intensidades dos
estímulos de treinamento como também, e principalmente, ao tempo de recuperação orgânica
conseqüente à essas próprias intensidades de treinamento. Assim sendo, a aplicação de uma
nova carga de trabalho dependerá da intensidade da carga anterior; do período de recuperação
(anabolismo); e do período de restauração ampliada (ou super-compensação). O período de
recuperação somado ao período de super-compensação produzem um efeito de assimilação
compensatória, ou seja, o período no qual ocorrerá o “superávit energético” (GOMES;
ARAÚJO, 1992) visando a obtenção de um nível de capacidade física cada vez maior e
melhor.
Muitos fatores contribuem para a variação individual na resposta ao treinamento.
Por exemplo o nível de aptidão relativa de uma pessoa no inicio do treinamento exerce
alguma eficiência. Até mesmo quando um grupo relativamente homogêneo começa a treinar
com exercícios ao mesmo tempo, não se pode esperar que cada pessoa alcance o mesmo
estado de aptidão ou desempenho nos exercícios (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
A perda das adaptações fisiológicas e desempenho (destreinamento) ocorre
rapidamente quando uma pessoa encerra sua participação no exercício regular. Apenas 1 ou 2
semanas de destreinamento acarretam uma redução significativa na capacidade tanto
metabólica quanto de realizar exercícios, com muitos aprimoramentos induzidos pelo
treinamento sendo perdidos totalmente dentro de poucos meses (MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2003).
O processo de treinamento aumenta a aptidão física e o desempenho. Sendo que
aptidão física é definida como a capacidade de executar as tarefas diárias com vigor e
agilidade sem fadiga excessiva e energia abundante para usufruir as atividades das horas de
lazer e atender as emergências imprevistas (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS
MEDICINE, 2006).
A aptidão envolve vários componentes, incluindo a resistência cardiorrespiratória
e muscular, força e potência musculares, flexibilidade e composição corporal (ROBERGS,
ROBERTS, 2002).
Segundo o mesmo autor o exercício aeróbico produzirá efeitos relacionados à
melhora da flexibilidade, da força muscular e da resistência física, ou seja, um melhor
condicionamento físico e conseqüentemente uma melhora da função cardiorrespiratória.
24
Na formulação de um exercício aeróbico existem fatores importantes como,
desenvolver a capacidade funcional da circulação central e aprimorar a capacidade aeróbica
dos músculos específicos. O treinamento deve proporcionar uma sobrecarga cardiovascular
suficiente capaz de estimular aumentos no volume de ejeção e no débito cardíaco. Essa
sobrecarga circulatória central deve ser realizada exercitando os grupos musculares
específicos para determinada atividade de forma a aprimorar sua circulação local (POWERS;
HOWLEY, 2000).
A força muscular é definida como máxima força exercida por um músculo ou
grupo muscular em uma velocidade determinada. A medida da força tem aplicação no
monitoramento da melhora durante m programa de treinamento de força. Levando-se em
consideração que os programas de treinamento de força são utilizados por indivíduos de todas
as idades e diferentes níveis de aptidão física, avaliação correta da força muscular é uma
necessidade (ROBERGS; ROBERT, 2002). Sendo que a força tem a capacidade de gerar
tensão nos músculos, que por sua vez depende da quantidade de proteína contrátil nas fibras
musculares e da capacidade de recrutamento de unidades motoras (GHORAYEB; BARROS
NETO, 2004). A força muscular é específica para o grupo muscular, o tipo de contração
(estática ou dinâmica; concêntrica ou excêntrica), a velocidade de contração e a articulação
que esta sendo utilizada (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2006).
A flexibilidade é definida como a capacidade funcional das articulações se
movimentarem através de uma amplitude plena de movimento (ADM). A ADM funcional
refere-se à capacidade de movimentar as articulações sem sofrer dor nem um limite para o
desempenho. A flexibilidade depende do músculo e da articulação que estão sendo avaliados,
portanto, é específica para cada articulação. Além disso, a flexibilidade depende da
distensibilidade da cápsula articular, de um bom aquecimento, da viscosidade muscular e da
complacência de ligamentos e tendões. A avaliação da flexibilidade é necessária por causa da
redução associada no desempenho das atividades de vida diária quando a mesma é inadequada
(AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2006).
Os exercícios regulares de alongamento são recomendados para aumentar a
flexibilidade e, conseqüentemente, reduzir as chances de lesão, talvez otimizando a eficiência
do movimento. Atualmente existem duas técnicas gerais: o alongamento estático, uma posição
de alongamento é mantida continuamente e no alongamento dinâmico, algumas vezes
denominado alongamento balístico, consiste em movimentos ativos, a posição alongada final
não é mantida (POWERS; HOWLEY, 2000; FOSS; KETEYIAN, 2000).
25
A composição corporal é definida como a proporção relativa de gordura e tecido
isento de gordura no corpo. A avaliação a composição corporal é necessária por inúmeras
razões. Existe uma poderosa correlação entre obesidade e um maior risco de várias doenças
crônicas (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2006).
A composição corporal apresenta-se como um fator importante no planejamento
de exercícios físicos, sendo que sua avaliação é geralmente realizada para determinar e
monitorar a saúde e o estado de condicionamento físico de um indivíduo (ROBERGS;
ROBERT, 2002).
Dentre os objetivos da reabilitação pulmonar estão a redução dos sintomas, a
redução da perda funcional causada pela doença pulmonar e otimização das atividades físicas
e sociais, traduzidas em melhora na qualidade de vida, proporcionando ao paciente a
maximização e manutenção da independência funcional (RIES, 1990 apud RODRIGUES;
VIEGAS; LIMA, 2002).
2.7.2 Avaliação dos programas de reabilitação pulmonar
O conceito de reabilitação remonta à década de 40, quando foi considerada
abordagem que pressupõe a visão ampla do indivíduo (clínica, emocional, social e
vocacional). Todavia somente na década de 70 os programas de reabilitação pulmonar
ganharam maior aceitação e se tornaram tema de inúmeros estudos. À medida que um maior
número de programas foi criado, surgiu a preocupação de padronizar e melhor estudar as
técnicas e métodos nos protocolos utilizados (AMERICAN THORACIC SOCIETY, 1999
apud MOREIRA; MORAES; TANNUS, 2001).
As alterações fisiopatológicas na DPOC tendem a se agravar com a progressão da
doença e desencadear sintomas limitantes nos pacientes, diminuindo suas atividades de vida
diária (AVDs) e prejudicando sua qualidade de vida. Em decorrência desse processo, o
paciente entra num ciclo vicioso, no qual ele limita suas atividades para amenizar os sintomas.
As perdas da capacidade física e da qualidade de vida podem também estar relacionadas com
as alterações psíquicas do paciente portador de DPOC. Devido todas as alterações oriundas da
doença, foram desenvolvidos programas de reabilitação pulmonar objetivando reverter e/ou
amenizar a sintomatologia, melhorar a capacidade física e a qualidade de vida e diminuir as
alterações psicológicas (PAULIN; BRUNETTO; CARVALHO, 2003; COUILLARD;
PREFAUT, 2005).
26
O principal objetivo desses programas está na independência funcional que
proporcionam ao paciente DPOC, que se apresenta limitado em suas funções, sejam elas de
vida diária, trabalho ou que solicitam maior esforço físico (SARMENTO, 2OO5). Tendo em
vista como protocolos utilizados o teste de caminhada de seis minutos, grau de dispnéia,
avaliação espirométrica e questionário de qualidade de vida.
O teste de caminhada de seis minutos, é administrado em programas de
reabilitação pulmonar com intuito de avaliar a capacidade física, monitorar a efetividade do
tratamento e estabelecer o prognóstico do paciente com DPOC. Nesses pacientes, devido ao
comprometimento das vias aéreas e da arquitetura pulmonar, as provas funcionais apresentam
deterioração importante e contínua em função do tempo. Apesar das provas funcionais serem
realizadas principalmente com o paciente em repouso, devemos salientar que a avaliação
estática pode subestimar a capacidade do exercício, assim como a capacidade em realizar as
atividades diárias (TORRES et al. 2002; GARROD et al. 2002 apud RODRIGUES; VIEGAS,
2002).
A dispnéia, ou “falta de ar”, é característica mais evidente do “sofrimento
respiratório”, pois indica que o paciente não está conseguindo ventilar adequadamente seus
pulmões ou se não está oxigenando o sangue (COSTA, 1999).
A dispnéia é o sintoma que mais limita fisicamente os indivíduos portadores de
DPOC, sua mensuração deve ser realizada nos testes físicos específicos e nas atividades do
dia-a-dia. A aferição da dispnéia durante qualquer atividade física pode ser feita com escalas
de quantificação de esforço, como exemplo podemos citar a escala de Borg (RODRIGUES,
2003).
Entre muitos testes que avaliam a função pulmonar, a espirometria, que analisa
quantitativa e qualitativamente a função ventilatória, função diretamente ligada à atuação
fisioterápica, é o exame complementar de maior utilidade ao fisiodiagnóstico e a elaboração
do programa terapêutico. Do ponto de vista da análise funcional, a espirometria permite ao
fisioterapeuta conhecer com detalhes o grau e o tipo do distúrbio que envolve o sistema
respiratório, mensurando com fidelidade a contribuição de todos os componentes do sistema.
A espirometria fornece análise dos padrões ventilatórios de grande utilidade na prática
clínico-terapêutica, os quais são classificados em: padrão obstrutivo; padrão misto ou
combinado; padrão restritivo (AZEREDO, 2002).
Conjugar uma doença crônica com qualidade de vida tem sido desafio
compartilhado entre alguns profissionais da saúde e pessoas que vivenciam a doença crônica e
seus familiares. A preocupação com a qualidade de vida das pessoas em condição crônica de
27
saúde tem sido constante, acredita-se que mesmo não sendo possível modificar o curso da
doença, é possível que as pessoas nessa condição mantenham-se saudáveis. Para que isso
ocorra é preciso que enfrentem os desafios decorrentes da condição crônica, de modo a
manterem relação harmoniosa consigo, com os outros e com o mundo (SILVA et al., 2005).
Os questionários de qualidade de vida podem apresentar-se na forma de genéricos
ou específicos. Os genéricos foram desenvolvidos com o objetivo de refletir o impacto de uma
doença sobre a vida de pacientes em diversas populações. Eles avaliam aspectos de função,
disfunção, desconforto físico e emocional. Já os instrumentos específicos são capazes de
avaliar, de forma particular, determinados fatores de qualidade de vida, próprios de uma
população com uma determinada doença, possibilitando maior sensibilidade na detecção das
mudanças clínicas ocorridas depois da intervenção (RODRIGUES, 2003).
Segundo Kawakami, et al., (2005), sabe-se que a DPOC pode estar relacionada às
incapacidades no trabalho e nas atividades de vida diária (AVD), podendo influenciar na
qualidade de vida em razão dos déficits físicos e funcionais decorrentes da obstrução ao fluxo
aéreo.
28
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Segundo Heerdt e Leonel (2005), a pesquisa apresenta-se com o nível exploratório
por proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo. Os problemas da pesquisa
exploratória geralmente não apresentam relações entre variáveis. O pesquisador apenas
constata e estuda a freqüência de uma variável.
As técnicas de pesquisas que podem ser utilizadas na pesquisa exploratória são:
formulários, questionários, entrevistas, fichas para registro de avaliações clínicas, leitura e
documentação quando se tratar de pesquisa bibliográfica (HEERDT; LEONEL,2005).
Como procedimento de coleta de dados documental, a fonte de coleta de dados
está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes
primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre ou depois
(MARCONI; LAKATOS, 1996).
Esta apresentou uma abordagem quantitativa pois quantificou opiniões, dados, nas
formas de coletas de informações, assim como também com o emprego de recursos e técnicas
estatísticas desde as mais simples até o uso mais completos (OLIVEIRA, 1997).
3.1 POPULAÇÃO/ AMOSTRA
A população da seguinte pesquisa foram os prontuários dos pacientes da clínica
escola de fisioterapia da UNISUL, no período de julho a dezembro de 2006.
Sendo que a amostra compreendeu-se entre os prontuários de pacientes portadores
de DPOC atendidos no estágio supervisionado de fisioterapia aplicado à cardiopneumologia.
Os critérios de inclusão foram os dados comentados acima.
Os critérios de exclusão foram os prontuários de:
- Indivíduos com dessaturação (Spo2 < 88%) no teste de caminhada de seis minutos;
- Indivíduos que não conseguiram realizar a avaliação por problemas ortopédicos;
- Indivíduos que iniciaram a prática de exercício físico supervisionado após agosto de 2006 ou
finalizaram antes de dezembro de 2006.
Pesquisa probabilística, apresentou como principal característica ser submetida a
tratamento estatístico, permitindo compensar erros amostrais e outros aspectos relevantes para
a representatividade e significância da amostra (MARCONI; LAKATOS, 1996).
29
3.2 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS
Ficha de coleta de dados elaborada pela acadêmica e seu orientador, conforme
modelo em apêndice.
Após a solicitação para a coordenação do curso de fisioterapia da Unisul, os
prontuários foram analisados em uma sala de estudo da clinica escola de fisioterapia durante
aproximadamente uma hora, sendo estes entregues a coordenador(a) da clínica.
De acordo com a ficha, foram coletados os seguintes parâmetros:
- Avaliação espirométrica para estadiamento da DPOC de cada paciente.
- Resultados da avaliação referente a julho de 2006 e reavaliação de dezembro de 2006 dos
seguintes parâmetros: distância percorrida no Teste de caminhada de seis minutos, pressões
respiratórias, força diafragmática, resistência muscular de membros superiores (MMSS),
membros inferiores (MMII) e abdominal, flexibilidade da cadeia posterior, mobilidade
torácica, índice de massa corpórea (IMC) e espirometria.
É importante salientar que os procedimentos de avaliação e reavaliação foram
realizados pelos acadêmicos do último semestre de fisioterapia da UNISUL- campus Tubarão.
Segue abaixo uma descrição resumida do procedimento de avaliação dos
parâmetros que serão analisados pela pesquisa.
Distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6): o indivíduo é
solicitado a permanecer sentado enquanto verifica-se os sinais vitais (pressão arterial,
freqüência cardíaca, freqüência respiratória, saturação de oxigênio, índice de percepção de
esforço), após é instruído que ele caminhe o mais rapidamente possível em um corredor de
trinta metros, durante 6 minutos. Nesse interim são monitorados a cada minuto, freqüência
cardíaca (FC), saturação de oxigênio (SpO2) e índice de percepção de esforço (IPE). Ao final
dos 6 minutos a distância percorrida é anotada e são verificados novamente os todos os sinais
vitais citados acima e nos três minutos subseqüentes. Instrumentos utilizados: oxímetro
Morry, esteto e esfígmo, escala adaptada de Borg.
Resistência/ força muscular de membros inferiores (MMII): o indivíduo é
solicitado a realizar agachamento com as mãos apoiadas no espaldar com flexão máxima de
90° de joelho. São anotados os números de repetições que o indivíduo consegue realizar.
Resistência/ força muscular de membros superiores (MMSS): o indivíduo é
instruído a apoiar os joelhos e as mãos no tatame e realizar uma flexão de cotovelo, abdução
horizontal de ombro e aproximação do tronco retificado no tatame, sendo anotados a
quantidade de repetições que o mesmo realizar.
30
Resistência abdominal: o indivíduo é solicitado a permanecer na postura em
decúbito dorsal com os joelhos fletidos. Com as mãos na região posterior da cabeça, sendo
instruído a flexionar o tronco (45°) e expirar. São anotados os números de repetições que ele
consegue realizar.
Força diafragmática: o indivíduo é instruído a permanecer em decúbito dorsal
com os joelhos fletidos, solicitando-se que ele inspire com elevação do abdômem. Caso o
mesmo não consiga realizar o movimento é dado uma classificação que varia de 0 a 3, sendo
que em 0 o indivíduo não realiza o movimento, 1 realiza um esboço de contração, 2 vence a
gravidade mas não uma resistência manual e 3 realiza o movimento e vence uma resistência
manual.
Pressão inspiratória máxima (Pimáx): o indivíduo é instruído a realizar uma
expiração máxima e com a boca adaptada ao bocal e utilizando o clipe nasal, inspira com sua
força máxima durante 2 à 3 segundos com oclusão da válvula do manovacuômetro, sendo
anotado este valor Maximo de pressão respiratória, utilizando a melhor de três manobras.
Instrumento utilizado: manovacuômetro Gerar, clipe nasal.
Pressão expiratória máxima (Pemáx): o individuo é instruído a realizar uma
inspiração máxima e com a boca adaptada ao bocal e utilizando o clip nasal, expira com sua
força máxima durante 2 a 3 segundos com oclusão da válvula do manovacuômetro, sendo
anotado este valor máximo de pressão respiratória, utilizando a melhor de três manobras.
Instrumento utilizado: manovacuômetro Gerar, clipe nasal.
Flexibilidade de cadeia posterior: o indivíduo é instruído a sentar no tatame com
os joelhos estendidos e planta dos pés encostadas no banco de Wells. Então é solicitado que
ele inspire e durante a expiração ele deve flexionar o tronco com os MMSS extendidos em
direção a base do banco de Wells, sendo verificado o valor obtido na escala. Instrumento
utilizado: banco de Wells.
Mobilidade torácica: são avaliados a circunferência torácica em três níveis, axilar,
xifoideana e umbilical. O indivíduo é solicitado a realizar uma inspiração máxima, com a fita
métrica verifica-se o valor obtido em cada nível, e novamente o mesmo realiza uma expiração
máxima e verifica-se novamente o valor obtido em cada nível. Instrumento utilizado: fita
métrica.
Índice de massa corpórea (IMC): divisão do peso em quilos pela altura ao
quadrado em centímetros. Formula: IMC = Peso (Kg)
Altura 2 (cm). Instrumento utilizado: balança e
estadiômetro Filisola.
31
Espirometria: o teste é realizado com o paciente sentado, seguindo os passos:
colocação do clipe nasal e acoplamento dos lábios ao bocal do espirômetro; logo, inicialmente
respiração normal; após, o final de uma expiração, solicitar que o paciente realize inspiração
forçada máxima, seguida, sem interrupção, de expiração rápida e forçada. Ao final da
inspiração máxima que precede a expiração forçada, a pausa inspiratória. O teste é repetido
até serem obtidas três curvas reprodutíveis, considerando-se satisfatório quando a forma da
curva é adequada, ou seja, quando é obtido o pico expiratório inicial mais elevado possível,
seguindo de queda homogênea de fluxos.
É importante salientar que o programa de exercícios supervisionados na Clínica
Escola compreendia: Treinamento aeróbico em bicicleta ou esteira ergométrica na intensidade
de 70% da freqüência cardíaca máxima (correspondendo a 40% do tempo total do
atendimento); alongamento geral (correspondendo a 20% do tempo total do atendimento);
fortalecimento muscular (correspondendo a 20% do tempo total do atendimento); Exercícios
respiratórios (correspondendo a 20% do tempo total do atendimento). Com freqüência de duas
a três vezes por semana com duração de cinqüenta minutos.
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS
Com base nos objetivos, foram analisadas a avaliação e reavaliação relacionadas à
aptidão física em indivíduos portadores de DPOC. Foram realizadas estatística descritiva
(média e desvio padrão) e inferencial (teste de wilcoxon, p<0,05) para análise dos dados.
32
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO
São apresentados neste capítulo os dados referentes à avaliação e reavaliação da
aptidão física de indivíduos portadores de DPOC atendidos na Clínica escola de Fisioterapia.
De acordo com a metodologia da pesquisa foram incluídos na composição desta
amostra 10 pacientes de um total de 19 pacientes, sendo 9 pacientes excluídos por não
preencherem os requisitos para a pesquisa.
Para melhor exposição dos dados os pacientes foram classificados e divididos em
grupos:
Geral: sendo composto por toda a amostra.
DPOC leve: pacientes com avaliação espirométrica de VEF1 > 60% do valor
previsto em combinação com um VEF1/CVF < 90%.
DPOC moderado: pacientes com avaliação espirométrica de VEF1 < 60% > 40%.
DPOC grave: pacientes com avaliação espirométrica de VEF1 com qualquer valor
geralmente inferior a 40%.
Desse modo o grupo geral inclui 10 pacientes sendo 8 homens e 2 mulheres com a
média etária 61,75 anos.
Segundo Oliveira, Jardim e Rufino (2000), a incidência da DPOC é maior em
homens que em mulheres e aumenta acentuadamente com a idade. As diferenças em relação a
sexo podem ser devidas à maior prevalência ao tabagismo e à maior exposição ocupacional
dos homens. Com o aumento do tabagismo entre as mulheres, estes dados podem vir a
modificar-se em futuro próximo. Temos de considerar a maior exposição das mulheres à
fumaça produzida pela combustão da lenha, utilizada ainda em muitas cozinhas de nosso país,
e que constituem possível fator na gênese da DPOC.
A doença geralmente acomete fumante, comumente com história de uso de
cigarros por muitos anos de vida, mais freqüente em homens de raça branca, com início das
manifestações em idades mais avançadas, geralmente após os 50 anos, todavia pode ser
encontrada em pessoas mais jovens, (STELMACH, 2000; WEISS; DEMEO; POSTMA,
2003).
O grupo DPOC leve incluiu 4 pacientes sendo todos com média etária de 63,25
anos.
O grupo DPOC moderado incluiu 4 pacientes sendo 2 homens e 2 mulheres com
faixa etária 58,5 anos.
33
O grupo DPOC grave incluiu 2 pacientes sendo 2 homens com faixa etária de 63,5
anos.
De acordo com essa classificação os dados foram expostos e comparados com a
capacidade cardiorrespiratória; força/ resistência muscular; flexibilidade/ mobilidade e
composição corporal.
4.1 CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA – TC6
A capacidade cardiorrespiratória foi analisada através do teste de caminhada de
seis minutos, sendo que este é aplicado em programas de reabilitação pulmonar com intuito de
avaliar a capacidade física, monitorar a efetividade do tratamento e estabelecer o prognóstico
de pacientes com DPOC (RODRIGUES; VIEGAS, 2002).
Abaixo estão demonstrados os 4 grupos, sendo que o valor previsto foi obtido
através da média do grupo geral, baseando-se nas fórmulas:
Homens: distância TC6 (m) = (7,57 x altura cm) – (5,02x idade) – (1,76 x peso kg) – 309m;
Mulheres: distância TC6 (m) = (2,11 x altura cm) – (2,29x peso kg) – (5,78 x idade) + 667m,
segundo Enright e Sherril, (1998) (Quadro 1 e Gráfico 1).
Quando analisado a capacidade cardiorrespiratória, sobre a óptica da estatística
utilizando o teste Wilcoxon (p<0,05) com valores reais do grupo geral, este revelou não existir
diferença nos resultados da avaliação para reavaliação no TC6.
Avaliação Reavaliação Valor Previsto Geral DPOC
leve DPOC mod.
DPOC grave
Geral DPOC leve
DPOC mod.
DPOC grave
TC6 506,66 ±
67,51
516 ±
59,67
540 ±
54,77
495 ± 30
510 ±
127,28
483 ±
67,01
450 ±
34,64
502,5 ±
66,52
510 ±
127,28 Quadro 1 – Média e desvio padrão da distância percorrida no TC6 (metros): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
34
400420440460480500520540560
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
ValorPrevisto
Avaliação Reavaliação
Dis
tân
cia
per
corr
ida
no
TC
6 (m
etro
s)
Gráfico 1 - Média da distância percorrida no TC6 (metros): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
Pode-se observar que os parâmetros da capacidade cardiorrespiratória, quando
comparado o valor previsto na avaliação do TC6 observou-se que no grupo geral, DPOC leve,
DPOC grave encontram-se acima do valor previsto, porém o grupo DPOC moderado
encontram-se abaixo do valor previsto. Na reavaliação o grupo geral, DPOC leve e DPOC
moderado encontram-se abaixo do valor previsto, porém o grupo DPOC grave manteve-se
acima do valor previsto.
Ao comparar avaliação e reavaliação no TC6 notou-se uma diminuição no DPOC
leve; pequeno aumento no DPOC moderado e manteve-se com o mesmo resultado o DPOC
grave na reavaliação.
Relacionando os grupos na avaliação do TC6, o DPOC leve manteve-se acima do
DPOC grave e este acima do DPOC moderado. Na reavaliação o DPOC grave manteve-se
acima do DPOC moderado e este acima do DPOC leve.
Paulin et al (2002), concluíram que o tratamento fisioterápico proporcionou muitos
benefícios aos pacientes, visto que após dois meses de fisioterapia eles apresentaram melhora
na qualidade de vida e aumento da capacidade de esforço medida pelo teste de distância
percorrida em seis minutos.
Guell (apud RODRIGUES; VIEGAS, 2002), em um estudo randomizado,
observaram que o teste de caminhada de seis minutos é um instrumento válido, devendo ser
considerado para avaliação funcional e manejo clínico a longo prazo do portador de DPOC.
35
Os autores concluíram que o teste de caminhada de seis minutos foi o principal indicador de
aumento da capacidade funcional na avaliação dos efeitos da reabilitação pulmonar.
Em estudos sobre o TC6, a influência do aprendizado é citada como fator de
interferência nos resultados e na reprodutibilidade do teste. Contudo, não encontramos
consenso da utilização do TC6 de aprendizado na aferição da capacidade funcional do
paciente portador de DPOC (RODRIGUES; MENDES; VIEGAS, 2004).
Segundo o mesmo autor, a falta de padronização do TC6, que pode influenciar os
resultados do teste e impossibilitar a comparação entre resultados obtidos em pesquisas
distintas, é uma questão que está inserida no contexto nacional.
Em nosso estudo, observamos, de modo geral, que todos os grupos apresentaram
boa condição aeróbica, visto que estiveram acima do valor previsto ou próximo deste, tanto na
avaliação e reavaliação, porém essa redução apresentada pelo DPOC leve na reavaliação pode
ser conseqüentes a falta de padronização do teste.
Os resultados apresentados pelos pacientes podem ser conseqüentes ao tempo
realizado de fisioterapia, proporcionando assim bom condicionamento através do exercício
físico.
4.2 FORÇA / RESISTÊNCIA MUSCULAR
A força muscular é definida como máxima força exercida por um músculo ou
grupo muscular em uma velocidade determinada. A medida da força tem aplicação no
monitoramento da melhora durante o programa de treinamento. Levando-se em consideração
que os programas de treinamento de força são utilizados por indivíduos de todas as idades e
diferentes níveis de aptidão física (ROBERGS; ROBERT, 2002).
Segundo o mesmo autor a resistência muscular é definida como a capacidade dos
músculos esqueléticos para sustentar contrações repetidas.
Estão demonstrados os 4 grupos, sendo que o valor previsto foi obtido através da
média do grupo geral, baseando-se nos valores previstos:
MMSS: Segundo Pollock e Wilmore (1993), os valores observados para o teste de
força muscular, através das repetições máximas (RM) realizadas, de acordo com o quadro
abaixo, através da média dos valores (Quadro 4 e Gráfico 2).
36
20-29 30-39 40-49 50-59 +60 Excelente > 48 > 39 > 34 > 29 > 19
Bom 34-48 25-39 20-34 15-29 5-19
Média 17-33 12-24 8-19 6-14 3-4
Regular 6-16 4-11 3-7 2-5 1-2
Fraco < 6 < 4 < 3 < 2 < 1
Quadro 2: Valores padrão para teste de apoio modificado de MMSS. Fonte: POLLOCK; WILMORE (1993).
MMII: De acordo com Heyward (2004), os valores de referência para testes de
resistência muscular, são dados em % da repetição máxima (RM). Consideramos em nosso
estudo, o valor de 15 repetições, pois corresponde a 70% da RM. Esse valor é compatível com
a força média prevista de 1,4 o peso corporal como referência para o leg-press (Quadro 4 e
Gráfico 2).
Abdominal: Segundo Sharpe, Liehmohn; Snodgrass (1988), os valores observados
para o teste força/ resistência muscular através das repetições máximas (RM) realizadas, de
acordo com a tabela abaixo, através da média dos valores (Quadro 4 e gráfico 2).
Homens / idade Mulheres / idade < 35 35-44 >45 < 35 35-44 > 45
Excelente 60 50 40 50 40 30 Bom 45 40 25 40 25 15 Regular 30 25 15 25 15 10 Fraco 15 10 5 10 6 4
Quadro 3: Valores padrão para teste de abdominal parcial. Fonte: SHARPE; LIEHMOHN; SNODGRASS (1988).�
Diafragma: De acordo com Azeredo (2000), os valores de referência para o teste ,
são graduados de 0 a 3, através da força muscular apresentada pelo diafragma (Quadro 5 e
Gráfico 3).
PI máx. e PE máx.: Segundo Pereira (2002), utilizou-se a seguintes fórmulas para
obter os valores expostos (Quadro 6 e Gráfico 4):
Homens: Pressão inspiratória máxima (Pimáx) = peso (kg) x 0,48 – idade x 0,80 + 120.
Pressão expiratória máxima (Pemáx) = 165,3 – 0,81 x idade.
37
Mulheres: Pressão inspiratória máxima (Pimáx) = 110,5 – idade x 0,49.
Pressão expiratória máxima (Pemáx) = 115,7 – 0,62 x idade.
Quando analisado a força/ resistência muscular, sobre a ótica da estatística
utilizando o teste wilcoxon (p<0,05) com valores reais do grupo geral, este revelou não existir
diferença nos resultados da avaliação para reavaliação de MMSS, MMII, diafragma, Pimáx. e
PE máx. Porém este teste revelou existir diferença nos resultados da avaliação para
reavaliação na abdominal.
Avaliação Reavaliação Valor Previsto Geral DPOC
leve DPOC mod.
DPOC grave
Geral DPOC leve
DPOC mod.
DPOC grave
MMSS 23,5 ±
5,99
16,8 ±
19,18
16,75 ±
22,19
15,75 ±
22,93
19 ±
15,56
14 ±
11,49
13,75 ±
9,95
13,5 ±
16,58
15,5 ±
7,78 MMII 15
± 0
19,3 ±
12,79
14,25 ±
9,43
25,25 ±
17,46
17,5 ±
6,36
25,7 ±
24,46
14,5 ±
8,66
29,25 ±
27,20
41 ±
43,84 Abdom. 38
± 4,22
16,8 ±
12,45
12 ±
3,56
25 ±
16,87
10 ±
7,07
28,5 ±
21,33
21,75 ±
14,86
32,5 ±
31,90
34 ±
8,49 Quadro 4 – Média e desvio padrão da força / resistência muscular dos MMSS, MMII e abdominal (repetições): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
38
05
1015202530354045
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
ValorPrevisto
Avaliação Reavaliação
Rep
etiç
ões
MMSS
MMII
Abdominal
Gráfico 2 – Média da força / resistência muscular dos MMSS, MMII e abdominal (repetições): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
Ao observar os parâmetros da força/ resistência muscular, quando comparado o
valor previsto na avaliação para MMSS observou-se que o grupo geral, DPOC leve, DPOC
moderado e DPOC grave encontram-se abaixo do valor previsto. Na reavaliação o grupo
geral, DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave mantiveram-se abaixo do valor previsto.
Ao comparar avaliação e reavaliação de MMSS notou-se uma diminuição no
grupo DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave na reavaliação.
Relacionando os grupos na avaliação de MMSS o DPOC grave manteve-se acima
do DPOC leve este acima do DPOC moderado. Na reavaliação DPOC grave manteve-se
acima do DPOC leve e este acima do DPOC moderado.
Comparando o valor previsto na avaliação para MMII observou-se que grupo
geral, DPOC moderado e DPOC grave encontram-se acima do valor previsto, porém o DPOC
leve encontra-se abaixo do valor previsto. Na reavaliação observou-se que o grupo geral,
DPOC moderado e DPOC grave encontram-se acima do valor previsto, porém o DPOC leve
manteve-se abaixo do valor previsto.
Comparando avaliação e reavaliação de MMII notou-se um aumento no grupo
DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave na reavaliação.
39
Relacionando os grupos na avaliação de MMII o DPOC moderado manteve-se
acima do DPOC grave e este acima do DPOC leve. Na reavaliação o DPOC grave manteve-se
acima do DPOC moderado e este acima do DPOC leve.
Comparando o valor previsto na avaliação para abdominal observou-se que o
grupo geral, DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave encontram-se abaixo do valor
previsto. Na reavaliação observou-se que o grupo geral, DPOC leve, DPOC moderado e
DPOC grave mantiveram-se abaixo do valor previsto.
Comparando avaliação e reavaliação de abdominal notou-se um aumento no grupo
DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave na reavaliação.
Relacionando os grupos na avaliação de abdominal o DPOC moderado manteve-se
acima do DPOC leve e este acima do DPOC grave. Na reavaliação o DPOC grave manteve-se
acima do DPOC moderado e este acima do DPOC leve.
O treinamento de MMSS pode ser um objetivo importante, já que os mesmos são
usados para muitas atividades da vida diária. Tem sido demonstrado que pacientes com
DPOC toleram pouco o exercicio de MMSS pelo fato de que seus músculos dos ombros e do
tórax participam tanto da respiração quanto do movimento dos membros superiores
(SEVERO; RECH, 2006).
O exercício aeróbio para MMII melhora a tolerância ao exercício, contudo tem
efeito pequeno no que se refere à atrofia e fraqueza musculares. Os benefícios do treino de
endurance de membros inferiores tem-se mostrado proporcional à intensidade com que ele é
realizado; exercícios feitos entre 60 e 80% da carga máxima de trabalho (W) apresentam
maior incremento da endurance que exercícios feitos em baixa intensidade. Menor acúmulo
de lactato e produção de CO2, resistência de quadríceps aumentada e evidência de aumento da
capacidade oxidativa mitocondrial após 12 semanas de treinamento são sinais claros de
adaptação muscular ao treino aeróbio (DOURADO; GODOY, 2004).
Segundo Regueiro et al (2006) nos indivíduos com DPOC, a resposta metabólica e
ventilatória durante atividades que envolvem a elevação dos membros superiores (MMSS)
explica o porquê de tais exercícios levarem à dessincronia do compartimento tóraco-
abdominal e à sensação de dispnéia em um curto período de tempo; se comparado à demanda
em exercícios de membros inferiores (MMII), pois sabe-se que nos exercícios de MMSS o
limiar de anaerobiose é atingido antes que os de MMII em relação à carga de trabalho e ao
aumento do VO2; e que esses indivíduos relatam maior limitação na realização de atividades
que envolvem a elevação de MMSS que a de MMII.
40
A partir dos resultados obtidos no estudo citado acima, conclui-se que durante a
realização de AVD que envolvem a elevação dos MMSS e o trabalho dos MMII, os
indivíduos com DPOC de obstrução moderada a grave, mesmo condicionados, apresentaram
baixa reserva metabólica e de freqüência cardíaca, o que pode explicar a fadiga por eles
relatada; e sugere-se que a baixa reserva ventilatória possa estar associada à sensação de
dispnéia.
Gosselink et al (apud DOURADO; GODOY, 2004) relata que a diminuição de
força em portadores de DPOC acontece principalmente nos membros inferiores, estes
mostraram que a diminuição de força de quadríceps é significativamente maior que a perda de
força de peitorais ou de grande dorsal e que, nos membros superiores, a redução da força é
maior nos músculos proximais do ombro.
Os músculos abdominais também podem contribuir com a inspiração contraindo
no final da expiração. Isso reduz o volume pulmonar término expiratório, de modo que a
parede torácica pode retrair para fora auxiliando o próximo esforço inspiratório. A elevação
da pressão abdominal aumenta tanto o comprimento quanto o raio da curvatura do diafragma.
Ambos os efeitos resultam numa maior pressão transdiafragmática numa determinada tensão
contrátil. Com qualquer aumento na demanda ventilatória, os pacientes com DPOC aumentam
significativamente o uso de seus músculos abdominais. A perda de uso efetivo desses
músculos acessórios coloca os pacientes com obstrução das vias aéreas em desvantagem
(SCANLAN; WILKINS; STOLLER, 2000).
Em nosso estudo, observamos, de modo geral, que os MMII estiveram acima ou
próximo do valor previsto, porém a abdominal e MMSS estiveram abaixo do valor previsto,
nos períodos de avaliação e reavaliação.
Os resultados apresentados pelos pacientes sugerem uma boa resistência muscular
em MMII, e pelo contrário, pouca resistência em MMSS e abdominal. Esse fato pode ser
resultante da falta de treinamento dessas regiões ou pela alteração da mecânica respiratória e
conseqüente dificuldade de contração desses grupos musculares.
41
Avaliação Reavaliação Valor Previsto Geral DPOC
leve DPOC mod.
DPOC grave
Geral DPOC leve
DPOC mod.
DPOC grave
Diafragma 3 ±
0,00
2,6 ±
0,52
2,75 ±
0,50
2,5 ±
0,58
2,5 ±
0,71
2,7 ±
0,48
2,75 ±
0,50
2,5 ±
0,58
3 ±
0,00 Quadro 5 – Médio e desvio padrão da força diafragmática: valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
2,22,32,42,52,62,72,82,9
33,1
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
ValorPrevisto
Avaliação Reavaliação
Forç
a di
afra
gmát
ica
Gráfico 3 – Média da força diafragmática: valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
Ao comparar o valor previsto na avaliação para diafragma observou-se que o
grupo geral, DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave encontram-se abaixo do valor
previsto. Na reavaliação o grupo geral, DPOC leve e DPOC moderado encontram-se abaixo
do valor previsto, porém o DPOC grave encontra-se com o valor previsto.
Comparando avaliação e reavaliação do diafragma notou-se que mantiveram o
mesmo resultado o DPOC leve e DPOC moderado e pequeno aumento no DPOC grave na
reavaliação.
Relacionando os grupos na avaliação do diafragma o DPOC leve manteve-se
acima do DPOC moderado e este com o mesmo valor do DPOC grave. Na reavaliação o
DPOC grave manteve-se acima do DPOC leve e este acima do DPOC moderado.
42
O diafragma é responsável por aproximadamente 75% da alteração do volume
torácico que ocorre durante a respiração calma. Durante a respiração normal, o diafragma se
move aproximadamente 1,5 cm. Num adulto médio, cada centímetro de movimento vertical
acarreta uma alteração de volume de aproximadamente 350 ml. Em níveis elevados de
ventilação, o diafragma pode se mover de 6 a 10 cm. A capacidade do diafragma em alterar o
volume torácico pode ser alterado quando uma doença pulmonar obstrutiva ou restritiva
encontra-se presente (SCANLAN; WILKINS; STOLLER, 2000).
A ventilação diafragmática é a técnica mais popular utilizada no treinamento
ventilatório e na reabilitação pulmonar de pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva
crônica, pois estes são instruídos de modo a relaxar sua musculatura ventilatória acessória,
realizando exercícios com profundidade e ritmo variáveis que estimulam a atividade cinética
do diafragma (AZEREDO, 2000).
Segundo o mesmo autor, mediante esse treinamento específico, os pacientes
procuram utilizar o diafragma como apoio muscular inspiratório e empregam a musculatura
abdominal para deslocar o ar para fora durante a expiração (ativa), num esforço que acaba
mobilizando o diafragma, o que permite um melhor posicionamento mecânico deste na
próxima inspiração.
Em nosso estudo, observamos, de modo geral, que em sua maioria todos os
valores, tanto na avaliação como na reavaliação estiveram abaixo do valor previsto, exceto o
grupo DPOC grave na reavaliação.
Os resultados apresentados pelos pacientes indicam, talvez, falta de treinamento
dessa região ou alteração da mecânica respiratória e conseqüente dificuldade de contração
dessa musculatura.
Avaliação Reavaliação Valor Previsto Geral DPOC
leve DPOC mod.
DPOC grave
Geral DPOC leve
DPOC mod.
DPOC grave
Pimáx 97,9532 ±
20,82
89 ±
28,36
103,75 ±
31,46
81,25 ±
27,80
75 ±
21,21
78 ±
40,29
53,75 ±
39,02
91,25 ±
41,71
100 ±
28,28 Pemáx 103,169
± 24,29
94 ±
49,20
106,25 ±
66,51
88,75 ±
43,28
80 ±
42,43
91,65 ±
44,38
72,875 ±
56,74
108,75 ±
40,90
95 ±
21,21 Quadro 6 – Média e desvio padrão das pressões respiratórias (cmH2O): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
43
0
20
40
60
80
100
120
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
ValorPrevisto
Avaliação Reavaliação
Pre
ssõe
s R
espi
rató
rias
(cm
H2O
)
Pimáx
Pemáx
Gráfico 4 – Média das pressões respiratórias (cmH2O): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
Ao comparar o valor previsto na avaliação para PI máx. observou-se que o grupo
geral, DPOC moderado e DPOC grave encontram-se acima do valor previsto, porém o DPOC
leve encontra-se acima do valor previsto. Na reavaliação o grupo geral, DPOC leve e DPOC
moderado encontram-se abaixo do valor previsto, porém o DPOC grave encontra-se acima do
valor previsto.
Comparando o valor previsto na avaliação para PE máx. observou-se que o grupo
geral, DPOC moderado e DPOC grave encontram-se abaixo do valor previsto, porém o
DPOC leve encontra-se acima do valor previsto. Na reavaliação o grupo geral, DPOC leve e
DPOC grave encontram-se abaixo do valor previsto, porém o DPOC moderado encontra-se
acima do valor previsto.
Ao comparar avaliação e reavaliação da PI máx. notou-se diminuição no DPOC
leve, aumento no DPOC moderado e DPOC grave na reavaliação.
Comparando avaliação e reavaliação da PE máx. notou-se diminuição no DPOC
leve, aumento no DPOC moderado e DPOC grave na reavaliação.
Relacionando os grupos na avaliação da PI máx. o DPOC leve manteve-se acima
do DPOC moderado e este acima do DPOC grave. Na reavaliação o DPOC grave manteve-se
acima do DPOC moderado e este acima do DPOC leve.
44
Relacionando os grupos na avaliação da PE máx. o DPOC leve manteve-se acima
do DPOC moderado e este acima do DPOC grave. Na reavaliação o DPOC moderado
manteve-se acima do DPOC grave e este acima do DPOC leve.
A evidência que a fraqueza muscular respiratória pode contribuir para a dispnéia e
limitação de exercícios na DPOC levou muitos investigadores a treinar músculos inspiratórios
em pacientes com DPOC na tentativa de reduzir a severidade da dispnéia e melhorar a
tolerância ao exercício (ROCHESTER; BRAUN apud WEINER et al, 2003).
Weiner et al (apud CELLI, 2001) realizaram um estudo com 36 pacientes com
DPOC, onde o grupo I recebeu treinamento muscular respiratório especifico combinado com
exercícios gerais de recondicionamento, o grupo II recebeu treinamento com exercícios
isoladamente e o grupo III não recebeu nenhum treinamento. O treinamento dos músculos
respiratórios melhorou a força e a resistência dos mesmos, mas os pacientes tratados com a
combinação de exercícios e treinamento muscular respiratório manifestaram aumento
significativo na tolerância ao exercício quando comparados com aqueles que apenas se
exercitaram.
Em nosso estudo, observamos, de modo geral, que em sua maioria os valores na Pi
máx. quanto na Pe máx. estiveram próximo ou acima do valor previsto, na avaliação e
reavaliação.
Os resultados apresentados pelos pacientes são conseqüentes ao tempo realizado
de fisioterapia, melhorando assim a força/ resistência muscular inspiratória e expiratória.
4.3 FLEXIBILIDADE / MOBILIDADE
A flexibilidade é definida coma o a capacidade funcional das articulações se
movimentarem através de uma amplitude plena de movimento (ADM). A ADM funcional
refere-se à capacidade de movimentar as articulações sem sofrer dor nem um limite para o
desempenho. A avaliação da flexibilidade é necessária por causa da redução associada no
desempenho das atividades de vida diária quando a mesma é inadequada (AMERICAN
COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2006).
Abaixo estão demonstrados os 4 grupos, sendo que o valor previsto foi obtido
através da média do grupo geral, baseando-se nos valores previstos:
Cadeia posterior: De acordo com Pollock e Wilmore (1993) os valores observados
para flexibilidade/ mobilidade é dado de acordo com a tabela abaixo, através da média dos
valores. (Quadro 8 e Gráfico 5).
45
Excelente > 22 Bom 19-21 Média 14-18
Regular 12-13
Fraco < 11
Quadro 7: Teste de sentar e alcançar, valores padrão de flexibilidade. Fonte: POLLOCK; WILMORE (1993).
Torácica: Segundo Evans (2003), os valores de referência para normalidade da
expansibilidade torácica são entre 3.75cm e 7.5cm. Indivíduos que possuem valores abaixo de
3.75 cm apresentam uma diminuição da expansibilidade, e aqueles com valores acima de
7.5cm possuem um aumento deste componente. Para o nosso estudo, o valor de referência
fixado foi 5 cm (Tabela 8 e Gráfico 5).
Quando analisado a flexibilidade/ mobilidade, sobre a óptica da estatística
utilizando o teste wilcoxon (p<0,05) com valores reais do grupo geral, este revelou não existir
diferença nos resultados da avaliação para reavaliação da cadeia posterior e torácica.
Avaliação Reavaliação Valor Previsto Geral DPOC
leve DPOC mod.
DPOC grave
Geral DPOC leve
DPOC mod.
DPOC grave
Cadeia posterior
22 ±
0,00
32,5 ±
15,62
33,75 ±
9,91
33,25 ±
24,89
28,5 ±
0,71
32,9 ±
18,22
37,25 ±
13,25
34,25 ±
19,96
21,5 ±
30,41 Torácica 5
± 0,00
2,528 ±
0,85
2,1625 ±
0,79
3,16 ±
0,58
1,995 ±
0,94
2,33 ±
0,88
2,4975 ±
1,23
2,58 ±
0,42
1,495 ±
0,23 Quadro 8 - Média e desvio padrão da flexibilidade da cadeia posterior e mobilidade torácica (centímetros): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
46
05
10152025303540
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
ValorPrevisto
Avaliação Reavaliação
Fle
xib
ilid
ade
/ Mo
bili
dad
e (c
m)
Cadeia Posterior
Torácica
Gráfico 5 – Média da flexibilidade da cadeia posterior e mobilidade torácica (centímetros): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
Ao observar os parâmetros da flexibilidade/ mobilidade quando comparado o valor
previsto na avaliação de cadeia posterior observou-se que o grupo geral, DPOC leve, DPOC
moderado e DPOC grave encontram-se acima do valor previsto. Na reavaliação o grupo geral,
DPOC leve e DPOC moderado encontram-se acima do valor previsto, porém o DPOC grave
encontra-se abaixo do valor previsto.
Comparando o valor previsto na avaliação de torácica observou-se que o grupo
geral, DPOC leve, DPOC moderado, DPOC grave encontram-se abaixo do valor previsto. Na
reavaliação o grupo geral, DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave encontram-se abaixo
do valor previsto.
Ao comparar avaliação e reavaliação da cadeia posterior notou-se aumento no
DPOC leve e DPOC moderado; diminuição no DPOC grave na reavaliação.
Comparando avaliação e reavaliação da torácica notou-se pequeno aumento no
DPOC leve; pequena diminuição no DPOC moderado e DPOC grave na reavaliação.
Relacionando os grupos na avaliação da cadeia posterior o DPOC leve manteve-se
acima do DPOC moderado e este acima do DPOC grave. Na reavaliação o DPOC leve
manteve-se acima do DPOC moderado e este acima do DPOC grave.
47
Relacionando os grupos na avaliação da torácica o DPOC moderado manteve-se
acima do DPOC leve e este acima do DPOC grave. Na reavaliação o DPOC moderado
manteve-se acima do DPOC leve e este acima do DPOC grave.
De acordo com Bounvince, Gonçalves e Batigália (apud ROSA el al., 2006), os
alongamentos são usados como parte dos programas de atividade física e reabilitação, por sua
ação sobre a mobilidade e na prevenção de lesões.
A avaliação da flexibilidade da cadeia posterior é necessária devido a redução
associada no desempenho das atividades da vida diária quando a mesma é inadequada.
Observando a flexibilidade nos músculos ísquiotibiais, do quadril e região lombossacra
(AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2006).
Um dos fatores que pode alterar a mobilidade tóraco-abdominal é a anatomia das
costelas, pois quanto mais oblíquas, mais amplo é o movimento que podem realizar. Como as
costelas superiores são menos oblíquas que as inferiores, menos movimento ocorre nessa
região. As costelas articulam-se com o esterno mediante cartilagens cujo comprimento vai
aumentando da 1ª à 10ª, e assim, a expansão da caixa torácica aumenta em função do
comprimento das cartilagens costais, e em conseqüência disto, a parte inferior do tórax é mais
móvel que a superior (TRIBASTONE, 2001).
O presente estudo realizado por Paulin, Brunetto e Carvalho (2003), mostrou que
exercícios direcionados ao aumento da mobilidade da caixa torácica melhoram a
expansibilidade torácica, a qualidade de vida e a capacidade submáxima de exercício, bem
como reduzem a dispnéia e os níveis de depressão em pacientes portadores de DPOC
moderada e grave.
Em nosso estudo, observamos, de modo geral, que a cadeia posterior esteve acima
do valor previsto, porém a torácica apresentou-se abaixo do valor previsto, na avaliação e
reavaliação.
Os resultados apresentados pelos pacientes indicam boa flexibilidade da cadeia
posterior e redução da mobilidade torácica. Esse fato sugere alteração da mecânica
respiratória resultante do próprio mecanismo fisiopatológico da DPOC.
4.4 COMPOSIÇÃO CORPORAL (IMC)
A composição corporal apresenta-se como um fator importante no planejamento
de exercícios físicos, sendo que sua avaliação é geralmente realizada para determinar e
48
monitorar a saúde e o estado de condicionamento físico de um indivíduo (ROBERGS;
ROBERT, 2002).
Abaixo estão demonstrados os 4 grupos, sendo que o valor previsto foi obtido
através da média do grupo geral, baseando-se nas fórmulas:
Composição corporal (IMC): De acordo com Petrosky (2003), a fórmula utilizada,
IMC = massa (Kg) / altura2 (metros), sendo que o valor previsto é de 20 à 25 e para este
estudo considerou-se a média de 22,5 (Quadro 9 e Gráfico 6) .
Avaliação Reavaliação Valor Previsto Geral DPOC
leve DPOC mod.
DPOC grave
Geral DPOC leve
DPOC mod.
DPOC grave
IMC 22,5 ±
2,50
27,189 ±
3,60
25,72 ±
2,74
27,315 ±
4,53
29,875 ±
3,03
27,189 ±
3,60
25,72 ±
2,74
27,315 ±
4,53
29,875 ±
3,03 Quadro 9 – Média e desvio padrão do índice de massa corpórea (kg/m2): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
0
5
10
15
20
25
30
35
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
Ger
al
DP
OC
leve
DP
OC
mod
erad
a
DP
OC
grav
e
ValorPrevisto
Avaliação Reavaliação
Índi
ce d
e M
assa
Cor
póre
a (k
g/m
2)
Gráfico 6 – Média do índice de massa corpórea (kg/m2): valor previsto, avaliação e reavaliação dos grupos geral, DPOC leve, DPOC moderada e DPOC grave. Fonte: autora.
Ao observar os parâmetros da composição corporal quando comparado o valor
previsto na avaliação da IMC observou-se que o grupo geral, DPOC leve, DPOC moderado e
49
DPOC grave encontram-se acima do valor previsto. Na reavaliação o grupo geral, DPOC
leve, DPOC moderado e DPOC grave encontram-se acima do valor previsto.
Ao comparar avaliação e reavaliação do IMC notou-se que mantiveram o mesmo
resultado o DPOC leve, DPOC moderado e DPOC grave na reavaliação.
Relacionando os grupos na avaliação do IMC o DPOC grave manteve-se acima do
DPOC moderado e este acima do DPOC leve. Na reavaliação o DPOC grave manteve-se
acima do DPOC moderado e este acima do DPOC leve.
De acordo com Dourado et al (2004) um fator importante que influencia o estado
de saúde em pacientes com DPOC é o índice de massa corpórea (IMC). Os pacientes com
DPOC que apresentam baixo IMC também mostram desempenho reduzido na qualidade de
vida.
Segundo o mesmo autor o estado nutricional de pacientes com DPOC, principalmente
naqueles com predomínio enfisematoso, há evidências da correlação entre a piora do estado
nutricional e prejuízos na qualidade de vida. Em seu estudo, foram obtidas correlações negativas
entre o IMC e os escores dos domínios "Impacto" e "Sintomas" e o escore "Total". Entretanto, os
resultados não mostraram nenhuma correlação significativa entre as variáveis.
Em nosso estudo, observamos, de modo geral, que os valores estiveram acima do
valor previsto tanto na avaliação e reavaliação. Contudo, esses resultados não indicam
obesidade, mas somente sobrepeso, IMC 25-30 segundo Robergs e Roberts (2002).
Os resultados apresentados pelos pacientes podem ser conseqüentes ao tempo
realizado de fisioterapia, proporcionando assim um nível regular de composição corporal.
50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um distúrbio pulmonar crônico,
caracterizado pela presença de uma obstrução do fluxo aéreo que costuma ser progressiva. O
indivíduo portador de DPOC diminui sua atividade física devido à piora progressiva da
função pulmonar, que é traduzida por dispnéia, percepção de cansaço ao realizar qualquer
forma de esforço físico mínimo, afetando assim sua qualidade de vida.
Sendo assim a reabilitação pulmonar através da fisioterapia apresenta objetivos
como a redução dos sintomas, a redução da perda funcional causada pela doença e otimização
das atividades físicas melhorando a independência funcional.
Através do presente estudo podemos observar que, de maneira geral, os pacientes
apresentaram um bom condicionamento físico. Um dado interessante é que a capacidade
física do grupo DPOC grave foi comparável aos resultados dos grupos DPOC leve e DPOC
moderada. Esse fato indica que a atividade física proporciona ganhos consideráveis em vários
aspectos da aptidão física em indivíduos pneumopatas crônicos.
Observamos, também, que houve pouca diferença entre avaliação e reavaliação, e
que quase todos os grupos mantiveram o nível próximo ou acima do previsto. Esse resultado
pode ser devido à realização de fisioterapia regular durante cerca de 2 anos pela maioria dos
pacientes.
Os resultados obtidos nesse trabalho nos acrescentam que uma atividade física
freqüente, traz benefícios, não somente para a população estudada, mas a população em geral.
Sugere-se que em próximos estudos a amostra seja composta por um número
maior de indivíduos.
51
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55
APÊNDICE
56
APÊNDICE – Instrumento de coleta de dados – ficha de avaliação
Nº____________ Nº prontuário_____________
DADOS IDENTIFICAÇÃO
Idade: __________ anos
Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino
Peso: _________kg Altura:__________cm
Etnia: _________
Diagnóstico:______________________________
Avaliação espirométrica:___________________________
Avaliação
Capacidade
cardiorrespiratória
Força/ Resistência muscular
Flexibilidade/ Mobilidade
Composição
corporal
TC6 MMSS MMII Abdominal Diafragma Pimáx Pemáx Cadeia Torácica IMC
posterior
Reavaliação
Capacidade
cardiorrespiratória
Força/ Resistência muscular
Flexibilidade/ Mobilidade
Composição
corporal
TC6 MMSS MMII Abdominal Diafragma Pimáx Pemáx Cadeia Torácica IMC
posterior
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