UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2009/2010
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA
GABRIEL RUIZ DE OLIVEIRA
INICIAÇÃO CIENTÍFICA – BOLSA UFPR/TN / EDITAL IC 2009-2010
PLANO DE TRABALHO:
Elementos de Avaliação da Qualidade Ambiental
em Interiores e Design
Relatório apresentado à Coordenadoria de Iniciação Científica e Integração Acadêmica da Universidade Federal do Paraná – UFPR por ocasião da conclusão das atividades de Iniciação Científica – Edital 2009-2010.
NOME DO ORIENTADOR:
Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
TÍTULO DO PROJETO:
Casa Saudável: Elementos de Qualidade Ambiental em Interiores e Design
BANPESQ/THALES: 2009023513
CURITIBA
2010
1
1 TÍTULO
Elementos de Avaliação da Qualidade Ambiental em Interiores e Design
2 RESUMO
Esta pesquisa investiga, identifica e exemplifica de que forma os conceitos de
sustentabilidade e qualidade ambiental tem sido incorporados na arquitetura de interiores e no
design de mobiliário contemporâneo. Com base em uma conceituação geral, procurou selecionar,
descrever e analisar 03 (três) exemplares de interiorismo e design sustentável, avaliando seus
principais elementos de sustentabilidade socioambiental e tomando-os como diretrizes para a
arquitetura habitacional no país e região.
Trata-se de uma pesquisa exploratória de fontes web e bibliográficas com a análise de
casos selecionados e avaliados a partir de suas características funcionais, formais e tecnológicas.
Como resultado, apresenta-se a importância de considerar todas as etapas que envolvem o
projeto, desde a seleção dos materiais, o processo de fabricação e a destinação dos resíduos
após sua vida útil até a influência do espaço/produto sobre o ser humano, considerando suas
necessidades de adaptação e conforto. Conclui-se que tanto a casa saudável quanto o Ecodesign
são frutos de uma junção de fatores que excede a simples combinação de peças ou materiais
reciclados e/ou considerados ecológicos.
3 OBJETIVOS
De modo geral, esta pesquisa de iniciação científica busca fazer um estudo bibliográfico
sobre a conceituação geral de qualidade ambiental em interiores e design (mobiliário), avaliando
os elementos que influenciam o chamado Ecodesign, de modo a definir diretrizes básicas para a
concepção e projeto de mobiliário residencial, inserindo-os na discussão sobre arquitetura
sustentável.
De modo específico, intenta-se selecionar, descrever e analisar 03 (três) exemplares de
arquitetura de interiores e design sustentável, avaliando seus principais elementos de
sustentabilidade socioambiental e tomando-os como diretrizes para a arquitetura habitacional no
país e região.
2
4 INTRODUÇÃO
A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS define saúde como um estado de completo
bem-estar físico, mental e social. Por sua vez, Edwards (2005) extrapola essa definição para o
campo da arquitetura, a fim de caracterizar um ambiente como sendo saudável. Para ele, é
necessário que este ambiente seja confortável, livre de contaminações, adaptado e estimulante.
Desde 1983, quando a OMS cunhou o termo Síndrome do Edifício Doente, passou-se a
considerar uma edificação insalubre quando seu ambiente apresenta-se contaminado, o que pode
ser verificado quando há ventilação inadequada, produtos tóxicos liberados de carpetes e
madeiras compensadas, fumaça de cigarros, temperatura ora fria, ora quente demais, além de
outros indicadores (Quadro I). A lista das enfermidades que edifícios nessa condição podem
provocar é bem grande, incluindo: dor de cabeça; irritação, secura, dor nos olhos e
lacrimejamento; constipação e irritação nasal; dor e irritação na garganta; dificuldade respiratória e
sensação de opressão; fadiga; letargia; secura, coceira e irritação na pele; dificuldade de
concentração (CARDOSO, 1992).
Quadro I – As origens dos males em edifícios fechados.
Ventilação inadequada (pouca circulação de ar fresco inadequado, controle precário de umidade e temperatura)
68%
Contaminação externa (gás de escapamento de veículos) 10%
Contaminação do ambiente interno (fumaça de cigarros, fotocopiadoras)
5%
Materiais de construção (formaldeído de colas) 2%
Causas desconhecidas 15%
Fonte: CARDOSO, 1992.
Para que um ambiente apresente bons índices de conforto – tanto térmico, quanto
lumínico, de umidade ou de ventilação –, o uso da tecnologia como ferramenta é essencial.
Todavia, a tecnologia não é o único elemento capaz de influenciar a qualidade de vida de um
ambiente, devendo ser considerada pelo projetista em conjunto com outras condicionantes como,
por exemplo, uma orientação adequada que maximize o aproveitamento de luz e ventilação
natural (EDWARDS, 2005).
A escolha dos materiais utilizados também influencia a sensação de conforto do ambiente,
conforme Corrado (1999), uma vez que os materiais naturais, como a madeira não tratada ou a
palha trançada, contribuem para criar um microclima adequado, posto que regulam a umidade:
absorvem-na quando é excesiva; e a devolvem quando o ar se seca. Muitas vezes ambientes
eficientes do ponto de vista energético são considerados saudáveis. Essa afirmação, porém, não
considera o fato de muitos materiais industrializados emitirem contaminantes químicos, como
ocorrem com certos plásticos, tintas e metais.
3
A União Européia possui rígida legislação exigindo o uso de materiais que não sejam
nocivos à saúde e produzam pouco impacto ambiental. Em geral, são os materiais naturais que
atendem essas exigências.
Evitar acabamentos artificiais no interior é uma boa estratégia para reduzir o impacto ambiental. Tintas sintéticas e carpetes modernos geralmente têm alta energia incorporada e são antiecológicos. Sua frequente substituição também contribui para o impacto ambiental negativo de acabamentos e acessórios (ROAF, 2006, p.69).
Crianças pequenas são especialmente suscetíveis a agentes tóxicos. Portanto,
recomenda-se evitar a aplicação de produtos químicos no piso e reduzir o tempo de uso da
televisão e do forno microondas em residências com crianças (CORRADO, 1999).
Para que um ambiente seja considerado saudável, é importante que ele também seja
adaptado às necessidades locais. Para isso, orienta-se evitar, durante o processo de projeto,
exclusividades funcionais, buscando, pelo contrário, espaços simples e flexíveis a mudanças no
estilo de vida, uma vez que a forma costuma durar mais do que a função original proposta para o
edifício (EDWARDS, 2005).
Ainda buscando uma melhor adaptação do ambiente às pessoas, porém em escala um
pouco menor, surge o conceito de ergonomia1. Os objetos utilizados no dia-a-dia, dentre os quais
se destacam a cama, o colchão e os assentos, podem atuar de maneira benéfica ou nociva à
saúde, devendo ser bem estudados e analisados em termos de materiais e proporções
(CORRADO, 1999).
Existe ainda uma dimensão psicológica que a arquitetura deve ser capaz de influenciar
para ser considerada saudável. Fruto do trabalho excessivo e da perda do contato com a
natureza, o estresse elevado pode ser reduzido pelo aproveitamento de luz natural nos ambientes,
pela aplicação adequada de paisagismo e pela interação da residência com o ambiente externo.
Possibilitar um controle manual individual das condições ambientais de iluminação e ventilação
também se mostra uma boa alternativa (EDWARDS, 2005).
Há diversos indicadores que quantificam o impacto ambiental da habitação, porém, mais
importante do que esses valores, é a consciência de que, para ser considerado saudável e
influenciar positivamente a saúde física e psicológica de seus habitantes, um edifício deve
associar, além da eficiência energética, bem estar social e prosperidade econômica. Ou seja, o
projetista tem a tarefa de associar, em um mesmo programa, questões físicas, sociais e culturais.
1 Ergonomia consiste no conjunto de conhecimentos que se tem a respeito do desempenho do homem em atividade, a
fim de aplicá-los à concepção de tarefas; de instrumentos e máquinas; de sistemas de produção e de espaços arquitetônicos. Etimologicamente, a palavra vem da junção dos vocábulos ergos (= trabalho) e nomos (= leis, medidas),
equivalendo assim ao “conjunto das leis que regem o trabalho humano”, ou ainda, das normas que se referem à adaptação tecnológica do homem – tanto no binômio homem/máquina como homem/ambiente (FALZON, 2007).
4
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Desde a difusão do Relatório Brundtland2 (1987) e especialmente a partir da Eco’92 –
importante conferência da ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU ocorrida no Rio de Janeiro –,
o conceito de sustentabilidade vem se disseminando em todo o mundo, acabando por adquirir
destaque fundamental nesta primeira década do século XXI. Segundo Robinson apud Helene e
Bicudo (1994), sustentabilidade consistiria na persistência de determinadas características
necessárias e desejáveis do sistema sociopolítico e do meio ambiente natural, de modo que suas
capacidades de suporte fossem mantidas o maior tempo possível, garantindo um equilíbrio entre
crescimento populacional e bem-estar da sociedade, além de preservação da natureza.
Em outras palavras, pode-se dizer que algo somente é sustentável se for durável no tempo
e no espaço, o que ecologicamente significa ter condições de atender às necessidades das
populações com vistas à disponibilidade de recursos naturais e de tecnologia adequada para o
beneficiamento destes. Ou seja, a sustentabilidade predispõe um controle que visa à
sobrevivência futura: a durabilidade tanto física como socioeconômica. Sem essa forma de
previsão de limites, todas as sociedades correriam o risco de entrarem em colapso (ALVA, 1997).
Em consequência, por desenvolvimento sustentável compreende-se aquele que concilia
crescimento econômico, preservação do meio ambiente e melhoria das condições sociais
(KAZAZIAN, 2005). Já no âmbito dos projetos de arquitetura, entende-se por sustentabilidade o
desafio de relacionar as dimensões social, estética e construtiva de um edifício com o meio
ambiente em todos os níveis, desde sua implantação no lote, plantas e cortes até detalhes
construtivos (EDWARDS, 2005).
A construção sustentável tem grande influência sobre a qualidade de vida de seus
usuários, bem como é responsável por um menor consumo de energia e água. Além dessas
condicionantes, é importante que as etapas de fabricação do edifício sejam racionalizadas,
evitando custos operacionais excessivos e redução dos desperdícios, visando à eficiência (PAIVA,
2009). Logo, uma habitação sustentável seria aquela que cria comunidades duráveis e eficientes
em consumo de recursos e trabalho humano, sendo seu projeto mais que a disposição física dos
elementos. Na busca por grande vida útil e flexibilidade às mudanças no estilo de vida, o projetista
deve associar aspectos físicos e socioambientais em um mesmo programa, garantindo
prosperidade econômica, bem-estar social e saúde.
2 Este relatório foi elaborado por uma comissão oriunda da ONU e estabeleceu, em seu famoso documento Our
common future, publicado em 1991, que desenvolvimento sustentável significaria “suprir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações suprirem as necessidades de seu tempo”. Isto significa que seria preciso, a partir de então, incorporar no planejamento não apenas fatores econômicos, mas também variáveis socioambientais, considerando as consequências das ações em longo prazo e resultados em curto prazo. Isto tem um rebatimento direto nas atividades de arquitetura e construção civil (CASTELNOU, 2005).
5
A ANÁLISE DO CICLO DE VIDA – ACV trata-se de um instrumento técnico que busca
mensurar critérios de sustentabilidade e princípios ecológicos aplicados em um produto ou
edificação, medindo custos de energia de manutenção e reutilização de seus materiais e seus
respectivos impactos de construção, uso e eliminação. Segundo Edwards (2005), a ACV é uma
ferramenta muito útil que auxilia o projeto e a gestão de edifícios, adequando-os a legislações
futuras mais restritivas.
Dentre suas vantagens, essa análise permite considerar diferentes impactos e custos de
reciclagem ao longo do tempo, além de avaliar o impacto ambiental do edifício integralmente – ou
de suas partes –, considerando sua fabricação, construção e manutenção. Por outro lado, porém,
tal avaliação somente permite a análise individual dos materiais na construção, desconsiderando a
relação entre eles. Outrossim, mais um critério útil na determinação do grau de sustentabilidade
de um material equivale à sua energia incorporada, mas esta expressa apenas 10% da energia
consumida pelo edifício ao longo de sua vida útil e, portanto, deve ser considerado junto às taxas
de contaminação e comprometimento dos recursos futuros, especialmente a água.
Outras ferramentas de análise se um produto ou construção é sustentável ou não
consideram fatores diversos, tais como seu impacto sobre a saúde e o aquecimento global; ou
ainda os riscos ambientais causados pela extração, transporte e uso dos materiais. De qualquer
forma, quando se realiza a análise do impacto provocado pelos materiais empregados, deve-se
sempre considerar todos os processos envolvidos, inclusive sua eliminação e as consequências
desses processos em nível local e global. Tais indicadores, apesar de serem muito úteis, não
apontam soluções, mas ajudam a tomar decisões de projeto sensatas (EDWARDS, 2005).
Desde meados da década de 1970, as questões ambientais vêm chamando a atenção dos
projetistas e designers, que passaram a se sensibilizar cada vez mais com a discussão ecológica,
a qual já vinha sendo gestada por eventos e publicações que denunciavam os impactos do
desenvolvimento tecnológico sobre o meio ambiente3. A crise mundial do petróleo, acontecida por
volta de 1975, fez aumentar a preocupação com o aspecto finito dos recursos naturais do mundo,
o que foi intensificado por vários desastres ambientais que se seguiram, destacando-se o de
Chernobyl, ocorrido em 1987. Isto tudo, somado à percepção de que a industrialização estava
contribuindo aceleradamente para o aquecimento global e outras catástrofes, conduziu ao
surgimento nos anos 80 do termo Ecodesign ou Green Design para descrever uma abordagem
holística e ambientalmente responsável ao design.
3 Em 1961, o sociólogo Vance Packard (1914-96) foi um dos primeiros a criticar a cultura consumista em seu livro The
waste makers, o qual condenava, de maneira particular, a prática do “construir-em-obsolência”. A este livro seguiu o da jornalista e bióloga Rachel Carson (1907-64), Silent spring, de 1962, que foi o primeiro best-seller a popularizar o debate sobre o ambiente e a fomentar a conscientização ecológica, alertando para a crescente perda da qualidade de vida produzida pelo uso indiscriminado e excessivo dos produtos químicos – em especial o DDT e outros agrotóxicos –; e os efeitos desse emprego sobre o meio ambiente. Mais tarde, Victor Papanek (1927-1999) estabeleceu a relação entre conscientização ecológica e desenho industrial, em Design for a real world, de 1967, onde reclamava soluções radicais do design que prestassem atenção ao meio ambiente (CASTELNOU, 2005).
6
O Green Design preocupa-se em minimizar o desperdício e o uso de energia e materiais e leva em consideração o ciclo de vida completo do produto, incluindo: a extração de materiais brutos e o impacto do seu processamento; a energia requerida no processo de fabrico juntamente com qualquer produto derivado negativo; a energia requerida para e os efeitos do sistema de distribuição; o tempo de vida do produto; recuperação das componentes e a eficiência da reciclagem; e os principais efeitos da sua libertação na natureza através, por exemplo, de aterros e incinerações (FIELL & FIELL, 2000, p.300).
De acordo com Papanek (1995), por exercer influência direta sobre a ecologia, a atividade
de design de produtos deve refletir sobre sua atuação, correlacionando as necessidades
humanas, culturais e ecológicas. Segundo ele, existem 06 (seis) ciclos na criação de qualquer
objeto industrializado em que o design deve apresentar respostas adequadas: a escolha dos
materiais, o processo de fabricação, a embalagem, o acabamento, o transporte e, finalmente, o
descarte.
A escolha dos materiais que serão utilizados no produto é essencial, pois tem
consequências a longo prazo. Para auxiliar nessa escolha, deve ser feita uma análise do ciclo de
vida dos materiais. Esse indicador relaciona o esgotamento dos recursos naturais finitos, a
produção de gases nocivos e a destruição de habitats ou extinção de espécies, além da poluição
produzida, tanto no ar, no solo ou na água, como também quanto à poluição sonora e visual.
Assim, é recomendável que o uso de derivados do petróleo e de metais pesados como chumbo,
mercúrio, cromo e cádmio sejam evitados, tanto por se tratarem de recursos finitos, quanto por
apresentarem risco à saúde humana.
Em relação ao processo de fabrico, o qual envolve as etapas pelas quais o produto deve
ser submetido, o designer deve analisar cada uma delas a fim de evitar situações que exponham
o ambiente e os trabalhadores a substâncias e resíduos tóxicos nocivos (Quadro II) ou de
qualquer ordem, inclusive radioativos. Já em relação à embalagem, esta deve garantir a
integridade do produto durante seu transporte, comércio e distribuição, além de servir de poderoso
instrumento de comercialização. Porém, o empacotamento excessivo, apesar de muitas vezes
conferir um aspecto de luxo ao produto, é prejudicial ao meio ambiente por ter sua utilidade
limitada e geralmente ser descartável. Segundo Papanek (1995), materiais de difícil
reaproveitamento, como plásticos esponjosos e papéis lustrosos; ou que geram resíduos tóxicos
para o ambiente, como o uso de cloro no branqueamento de fibras de celulose na produção de
papel, devem ter seu uso reduzido ao máximo.
Quadro II – Termos para materiais, produtos ou processos nocivos.
Cancerígeno: pode provocar cancro quer no fabrico quer no uso
Mutagênico: pode provocar mutações genéticas nos seres humanos ou outros organismos
Neurotóxicos: podem atacar o sistema nervoso dos seres humanos ou de outros animais
Biocida: destruidor do meio ambiente e da ecologia.
Fonte: PAPANEK, 1995.
7
Quanto ao acabamento de um produto industrial, uma vez que a maior parte dos bens-de-
consumo disponível no mercado utiliza matérias-primas insubstituíveis, é questionável, segundo o
autor, a existência de diversas versões para um mesmo produto, porém de marcas diferentes ou
similares, devido à ameaça que estes produtos representam para o meio ambiente. Nestes
termos, não se justifica no Ecodesign a criação de versões masculina/feminina de alguns produtos
– tais como sabonetes, xampus e desodorantes – nem variantes por estações de ano ou “estilo de
vida”, o que promoveria o consumo e incentivaria o desperdício.
O ciclo de transporte de produtos e materiais, ainda conforme Papanek (1995), também
contribui para a poluição e impacto ao meio ambiente, pois consome combustíveis fósseis e
demanda a construção de grandes centros de logística. Tendo isto em vista e buscando a
sustentabilidade socioambiental, materias-primas utilizadas em grande volume devem ser obtidas
de locais próximos ao canteiro de obras ou local de produção e beneficiamento – em, no máximo,
10 km –, de modo a reduzir o impacto ambiental com transporte (EDWARDS, 2005).
Por último, mas não menos importante, as consequências que os produtos geram após
terminada sua vida útil também carecem de reflexão. A enorme quantidade de material descartado
e desperdiçado anualmente no mundo representa um grande esbanjamento de materiais que
poderiam ser reciclados. Por sua vez, devido à escassez de recursos, regiões mais pobres
destacam-se no reaproveitamento desses materiais. Porém, prevê-se uma crescente necessidade
de desenvolver novos produtos que possibilitem uma fácil substituição e reciclagem, além de
permitirem o uso de fontes alternativas de energia.
Embora a reciclagem possa reduzir o consumo de energia, não o minimiza; e em certa
medida pode de fato ser vista como o perpetuar da cultura do “jogar fora”. De acordo com Fiell e
Fiell (2000), o aumento da durabilidade de um produto, por outro lado, minimiza o desperdício e o
consumo de energia – “duplicando o tempo de vida dos produtos, o seu impacto ambiental pode
ser reduzido a metade” (p. 300).
Apesar de já existirem diversos casos de sucesso no mundo, nos quais materiais naturais
e fontes renováveis de energia são empregados para atender uma necessidade local, a
viabilização dessas tecnologias e produtos somente é possível através de uma relação saudável
entre designers, indústriais e representantes políticos.
Um fato comprovado é que os sentimentos individuais de culpa ou vergonha contribuíram pouco para mudar a responsabilidade coletiva, governamental ou profissional. Cada novo conhecimento da crise ambiental conduz à “normalização” do apocalipse verde – aquecimento global, chuva ácida, esgotamento do solo ou da água e toxificação da terra (PAPANEK, 1995, p.51).
De nada adianta tomar conhecimento dos perigos ambientais de hoje em relação aos padrões de
consumo global se essa preocupação não se refletir em posturas práticas de responsabilidade
8
ética e social. A adoção dessa nova perspectiva ecológica deve enfatizar além da qualidade e
durabilidade dos objetos, suas consequências sociais e econômicas4.
Para favorecer o desenvolvimento de projetos e produtos com bons índices de
sustentabilidade, algumas orientações são sugeridas. Primeiramente, segundo Edwards (2005),
os materiais utilizados em maiores quantidades – tanto de volume, quanto de massa – devem ter
origem local. Além de reduzir custos e impactos ambientais com transporte, essa postura também
permite preservar as técnicas de construção locais. Já aqueles materiais cuja maior parte da
energia incorporada está relacionada à fabricação, podem ser trazidos de distâncias maiores,
preferindo recursos com maior potencial de reciclagem, ou seja, aqueles cujo potencial de
reutilização mantenha o nível de energia incorporada durante sua vida útil, até seu descarte.
Reduzir o consumo de energia através de técnicas de conservação; ou ainda pela adoção
de soluções alternativas, como sistemas solares e eólicos, deve ser uma prioridade de projeto.
Entretanto, na opinião de Roaf (2006), essa análise não é tão simples e envolve diversos fatores
simultâneos. Casas de estrutura em madeira, por exemplo, possuem menor energia incorporada
que as casas em concreto e tijolo, porém possuem pior desempenho em conforto ambiental
devido à ausência de massa térmica. É necessário, portanto, quantificar esses valores
adequadamente, a fim de tomar decisões corretas de projeto.
São várias as opções de materiais que existem para a obtenção de uma casa saudável,
mas ainda existe muita discrepância sobre sua validade geral. Pode-se, ao menos, montar um
quadro geral com algumas sugestões (Quadro III). Outras soluções que melhoram a qualidade de
vida em ambientes internos são plantas pouco profundas e átrios envidraçados, pois permitem
uma melhor utilização de luz e ventilação naturais. Além disso, o correto aproveitamento da
capacidade térmica dos materiais empregados nos edifícios permite reduzir significativamente o
uso de ar condicionado (EDWARDS, 2005).
De qualquer modo, a relação ambiental excede os conceitos da arquitetura e do design,
carecendo também de um equilíbrio com fatores sociais e econômicos na criação de comunidades
sustentáveis. Exemplificando, a sociedade contemporânea associou os conceitos de conforto e
sofisticação a objetos de acabamento rebuscado e caro com pouca – quiçá nenhuma –
preocupação ambiental. Para reverter esse quadro, faz-se necessária uma reformulação de
conceitos, que valorize os materiais naturais e as técnicas locais combinando-as com alta
tecnologia para criar edifícios eficientes (EDWARDS, 2005; ROAF, 2006).
4 Paralelamente, a obtenção de um ambiente saudável e ecologicamente comprometido também depende de novas
tomadas de posturas quanto ao próprio estilo de vida, ou melhor, à forma de se utilizar este ambiente, adquirindo-se consciência ambiental em relação a padrões correntes de uso e consumo, mais voltados à economia e ao respeito à natureza. De acordo com Dean (2003), há várias formas de contribuir com a sustentabilidade socioambiental, não somente alterando seu habitat, mas também o modo de ocupá-lo, buscando, por exemplo: economizar materiais e energia; reciclar e evitar o desperdício; promover atividades físicas e exercitar-se; consumir e incentivar o consumo de produtos “verdes”; conviver harmoniosamente com todos; e ser mais responsável e auto-suficiente.
9
Quadro III – Materiais de bem com o meio ambiente.
Fundação Embora o cimento seja muito combatido devido à quantidade de poluentes emitida em sua fabricação, a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO
PORTLAND – ABCP garante que as indústrias a ela associadas têm filtros capazes de reter 99,9 % dos gases nocivos à saúde e ao meio ambiente, recomendando-se, para o concreto da fundação, os cimentos CP III e CP IV, que liberam bem menos poluentes do que o cimento tradicional, além de utilizarem resíduos da indústria siderúrgica e de carvão em seu fabrico.
Estrutura São boas opções as madeiras de reflorestamento e de manejo, além do bambu, que tem ótima resistência, crescimento rápido e baixo impacto. O aço – leve, durável e resistente –, é outra alternativa: quando é usado no concreto armado, 80% desse material provém de sucata.
Paredes Indicam-se geralmente madeira, bambu e terra. Porém, as construções em pau-a-pique, adobe ou taipa de pilão somente são recomendadas se a terra for retirada do próprio terreno ou de locais próximos; e se a extração não tiver impacto negativo no meio. Já os tijolos de solo-cimento oferecem a vantagem de não serem queimados em fornos, que consomem madeira.
Embora os vidros sejam recomendados por sua capacidade de deixar passar luz e calor, proporcionando uma economia de energia significativa, sua fabricação libera muitos poluentes e gasta energia, exigindo que suas indústrias substituam óleo por gás natural, bem menos poluidor. Como o vidro é reutilizável, vale procurar reciclá-lo.
Cobertura Condenam-se as telhas de fibrocimento pelo amianto provocar danos à saúde quando inalado durante o fabrico. Embora a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DAS INDÚSTRIAS E DISTRIBUIDORES DE PRODUTOS DE FIBROCIMENTO – ABIFIBRO garanta que toma as precauções necessárias para proteger seus operários, este material vem sendo substituído pelo polipropileno.
Há telhas produzidas com fibras vegetais, com embalagens do tipo longa-vida e com aparas de tubos de pasta de dente. Compostas de 25% de alumínio e 75% de plástico, suportam até 250 kg/m
2 e tem baixa
transmissão de calor. Quanto às telhas de alumínio, estas são criticadas pelo gasto energético necessário à sua produção, feita da bauxita. Contudo, têm a seu favor o fato de serem recicladas infinitamente e usarem nesse processo de transformação apenas 5% da energia gasta na produção, de acordo com a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO ALUMÍNIO – ABAL.
Instalações hidráulicas Preferem-se equipamentos que evitem desperdício de água, como as torneiras com arejadores ou com sensores de presença, que reduzem o consumo de água em até 77%. Já existem também válvulas de descarga que controlam o fluxo, acionando somente 6 litros.
Quanto aos encanamentos, as tubulações de esgoto feitas de garrafas plásticas (PET) reutilizam o material e ainda geram empregos para os catadores de embalagens. As tubulações de PVC, que causam polêmica por levarem estabilizantes à base de chumbo na produção, já começaram a ser fabricadas com outros tipos de estabilizante, de cálcio-zinco.
Pintura Optam-se por esmaltes e vernizes produzidos à base de garrafas PET. Esse recurso reduz o consumo de matérias-primas – provenientes do petróleo, principalmente – e evita o acúmulo das embalagens no meio ambiente. Existem também as tintas fabricadas sem os compostos orgânicos voláteis (COVs), substâncias nocivas à saúde que são emitidas pelas paredes recém-pintadas, pelas colas, pelos solventes e até por produtos de limpeza e tendem a ficar impregnadas em móveis e cortinas. Uma terceira opção são os produtos à base de água, que têm no máximo 2% de COVs em sua formulação.
Piso Madeiras certificadas e de reflorestamento também estão disponíveis para assoalhos ou decks. Cerâmica e porcelanato, cuja produção envolvia muito gasto de água, também estão sintonizados com as necessidades atuais. Segundo a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE CERÂMICA PARA
REVESTIMENTO – ANFACER, as empresas tomam medidas para tratar seus efluentes gasosos e líquidos, além de reutilizar água. Hoje, 80% do volume de água requerido pelas indústrias volta para a produção.
Fonte: VILLAÇA, 2004 (adaptado).
10
6 MATERIAIS E METODOS
De caráter exploratório, esta pesquisa, baseada em revisão bibliográfica e estudo de
casos, realizou-se por meio da investigação, seleção e coleta de fontes impressas, tais como
artigos, periódicos e livros, nacionais e internacionais; ou ainda publicadas on line, que tratavam
direta ou indiretamente sobre a concepção da casa saudável. Além de material para registro
computacional, gráfico e fotográfico, utilizou-se as instalações físicas destinadas ao docente-
adjunto, autor do projeto e lotado na subárea de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo, em
Regime de Dedicação Exclusiva, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, com a
participação de 01 (um) discente do curso de graduação, autor do presente relatório.
Em suma, a metodologia de pesquisa seguiu as seguintes etapas:
a) Revisão Bibliográfica e Coleta de Dados:
Esta etapa baseou-se na pesquisa bibliográfica sobre o conceito de casa saudável,
situando-a dentro da discussão contemporânea de arquitetura sustentável e do Green
Design. Foram feitas a seleção de informações, coleta e síntese das idéias já publicadas,
tanto em meios impressos como eletrônicos, de modo a organizar um banco de dados a
ser utilizados nas próximas fases.
b) Seleção e Mapeamento de Obras:
Esta etapa envolveu a identificação e descrição de 03 (três) exemplares de arquitetura e
design considerados “saudáveis” divulgados pelos círculos acadêmicos e profissionais, nas
quais se destacou o rebatimento na prática das teorias e conceitos arquitetônicos que
defendem e disseminam a idéia de qualidade ambiental.
c) Análise e Avaliação dos Casos:
Fase que consistiu na reflexão crítica sobre os exemplares selecionados, onde se fez a
descrição, seleção e análise das características funcionais, formais, espaciais e
tecnológicas que se constituem no rebatimento prático das premissas de sustentabilidade
e qualidade ambiental no design, arquitetura e construção civil. Os resultados são
apresentados na seqüência em forma de FICHAS DE ESTUDOS I, II e III.
d) Conclusão e Redação Final:
O fechamento deu-se através da elaboração deste RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA, além de
material expositivo por ocasião do 18º Evento de Iniciação Científica da UFPR – EVINCI,
previsto para outubro de 2010.
11
7 RESULTADOS
A partir da pesquisa realizada, foi possível selecionar 03 (três) exemplares para a
descrição e a análise do rebatimento na prática dos pressupostos teóricos da arquitetura saudável
e do Green Design. Como critérios de seleção, adotou-se: a relação dos produtos com todos os
ciclos de criação, desde a escolha dos materiais até o descarte dado a eles, uma vez que o ciclo
de vida útil do produto tenha se encerrado; e a relevância e proximidade dos casos estudados
com a realidade dos desafios encontrados na produção arquitetônica e moveleira atual no Brasil.
Também contribuiu para a escolha dos exemplares um entendimento holístico de
sustentabilidade, o qual não se restringisse à simples adoção de materiais naturais ou reciclados,
mas que considerasse os efeitos desses materiais para a qualidade de vida dos usuários.
Assim, foram selecionadas as seguintes obras:
Caso I: Residência de veraneio em Maresias SP
Caso II: Pano Gueto, São João Batista SC
Caso III: Chaise Bordelaise, Bordeaux (França)
Em seguida – e com base no material coletado em fontes webgráficas e/ou com os
próprios arquitetos –, fez-se a descrição formal, funcional e técnica de cada obra. Procurou-se
limitar a explanação de modo objetivo e esquemático, abordando as principais características e
elementos definidores da qualidade ambiental nessas obras. Para isso, foram elaboradas 03 (três)
FICHAS DE ESTUDOS I, II e III, apresentadas na sequência.
8 DISCUSSÃO
O CASO I corresponde a um exemplo da aplicação dos conceitos de arquitetura sustentável
em uma residência em Maresias, no litoral norte do Estado de São Paulo. Sua construção foi feita
a partir de projeto dos arquitetos Carlito Colhado e Renata Pascucci; e possui como principal
característica a elevação da residência sobre pilotis, garantindo o conforto térmico necessário ao
clima da região e protegendo a estrutura de eucaliptos da umidade. O CASO II corresponde ao
Pano Gueto, criado pela arquiteta Karin Wittmann Wilsmann, do escritório Gueto, sendo um tecido
voltado a mobiliário e revestimento, produzido a partir da reutilização de resíduos de couro da
indústria calçadista do interior de Santa Catarina, o que valorizou as tradições e a mão-de-obra
local. Por fim, o CASO III refere-se a uma poltrona apresentada na exposição Arc en Reve, em
Bordeaux, França, por um conjunto de profissionais multidisciplinares, caracterizando-se pelo uso
de pequena variedade de peças, oriundas de madeiras destinadas ao descarte.
12
ESTUDO DE CASO I Residência de veraneio Carlito Colhado e Renata Pascucci
2008/09 – Maresias, SP (BRASIL)
Com o objetivo de morar perto do mar em uma residência simples e econômica que associasse
trabalho e qualidade de vida, no litoral norte de São Paulo, esta casa, localizada em um terreno
envolto por Mata Atlântica, foi projetada sobre palafitas, de modo a protegê-la das eventuais
cheias do rio Bracaia. Após reuniões com engenheiros calculistas, a escolha do tipo de fundação
e a modulação estrutural foram planejadas a fim de não ser preciso derrubar nenhuma árvore. As
grandes aberturas da casa reduzem o uso de iluminação artificial e equipamentos de refrigeração.
1 2
3 4 5
1∙2 Exterior - Planta
Construção elevada sobre pilotis (preservação do entorno e proteção das enchentes do rio)
Estrutura feita de troncos de eucalipto certificados (material renovável que gera menos resíduos)
Uso de telhas translúcidas em partes da varanda (iluminação natural)
Fluidez espacial com mínima utilização de divisórias (integração de ambientes que permite melhor iluminação e ventilação)
3∙4∙5 Interior - Revestimentos
Revestimento da sala com cimento queimado (alta durabilidade e baixa produção de resíduos)
Pintura das paredes com tintas e vernizes à base d’água (menor quantidade de COV’s)
Escolha de mobiliário com madeira sem revestimento e palha trançada (regulagem do nível de umidade, adequação climática e ergonomia)
13
ESTUDO DE CASO II PANO GUETO Karin Wittmann Wilsmann
2002/03 – São João Batista, SC (BRASIL)
Buscando reutilizar parte dos resíduos de couro gerados pela indústria sapateira, transformando-
os em matéria-prima para revestimentos e mobiliário, além de aproveitar a mão-de-obra disponível
no local, o Pano Gueto mantém as qualidades do couro devido à sua origem. Podendo ser
aplicado em variados usos, tais como móveis, tapetes e peças de decoração, suas dimensões
também são otimizadas, evitando quebra e sobras de material. No Projeto São João Batista SC,
buscou-se a valorização cultural de tradições regionais, desenvolvendo-se uma nova atividade,
independente do artesanato e festas já exploradas no Estado de Santa Catarina, mas que lhes
agregasse valor, acabando por obter o primeiro lugar na categoria Têxteis e Revestimentos do
PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA, em 2003, além de ter sido finalista no PRÊMIO
ECODESIGN FIESP/CIESP em 2002.
13 14 15
16 17
11∙12∙13 Personalização - Aplicações
Material durável e atóxico (manutenção das características do produto original)
Possibilidade de personalização (sustentabilidade socioeconômica)
Reutilização de resíduos que seriam descartados em aterros industriais (aumento do ciclo de vida do produto)
Uso de peças de dimensões racionalizadas, evitando perdas desnecessárias (economia e redução de desperdícios)
14∙15 Projeto São João Batista SC
Valorização contextualizada das tradições culturais locais (preocupação ecológica e cultural)
Utilização de mão-de-obra ociosa local (caráter social da sustentabilidade)
Conscientização da população sobre a importância da preservação ambiental (consciência ecológica)
14
ESTUDO DE CASO II CHAISE BORDELAISE Markus Bader, Axel Timm, Laure Severac e Fabian Jaggi
2009/10 – Bordeaux (FRANÇA)
Esta poltrona foi projetada de forma participativa para a exposição de interiores de Arc en Reve,
realizada em Bordeaux, na França. Seu projeto segue os seguintes princípios: facilidade de
execução e transporte, conforto, uso de apenas três comprimentos de tábuas e atratividade
comercial. O material empregado são tábuas de madeira que precisaram ser cortadas e
processadas após a destruição de um bosque próximo a Bordeaux por uma grande tempestade. A
dimensão das tábuas utilizadas são 100mm de largura e 18mm de espessura com comprimentos
variados em 60cm (treze tábuas), 90cm (quatro tábuas) e 45cm (duas tábuas).
6 7
8 9 10
11 12
6∙7 Esquema de peças e montagem
Utilização de peças com dimensões padronizadas (economia e diminuição de perdas de materiais)
Reutilização de material destinado a descarte (ampliação do ciclo de vida do material)
8∙9∙10 Diferentes usos
Emprego tanto em ambientes externos quanto internos (maior flexibilidade de usos)
Facilidade de transporte (economia e sustentabilidade socioambiental)
11∙12 Personalização
Uso da madeira em estado natural (valorização estética de produtos renováveis e naturais)
Possibilidade de customização do produto (competividade e atratividade comercial)
15
9 CONCLUSÕES
Em prosseguimento às pesquisas iniciadas em 2007 e 2008 e já finalizadas, sobre
arquitetura residencial ecológica no mundo e no Brasil, este trabalho de iniciação científica buscou
analisar o mesmo tema, mas desta vez aplicado a ambientes internos e design de mobiliário. Para
tanto, fez-se necessário o estudo dos diversos elementos que compõem o desenvolvimento
sustentável, tais como critérios de avaliação ambiental e análise das etapas de desenvolvimento
de produtos.
Sustentabilidade, quando aplicada ao design de mobiliário ou à arquitetura de interiores, é
mais do que apenas uma combinação de materiais naturais ou reciclados, envolvendo aspectos
que abrangem toda a vida útil dos seus componentes, desde a sua exploração e origem, até a
forma como seus resíduos finais são descartados. Além dos aspectos físicos do material, cada
vez mais se tem valorizado a relação do produto ou espaço com as pessoas que o utilizam. Por
conta disso, conceitos de conforto ambiental e ergonomia têm incorporado a discussão ambiental,
bem como aspectos econômicos, sociais e culturais, os quais garantem a perpetuação de
determinada técnica ou produto; além da sua respectiva aceitação pela população. Foi possível,
por meio desta pesquisa, constatar a crescente valorização dos fatores humanos desde as etapas
iniciais de projeto, bem como a busca por soluções que reaproveitem a grande quantidade de
resíduos destinados ao descarte.
A partir do embasamento teórico e do reconhecimento de tendências do Ecodesign de
produto e de interiores, foram selecionados 03 (três) casos, em que foram percebidos elementos
em comum e outros diferentes entre si. O primeiro caso analisado, a residência de veraneio em
Maresias SP, de Carlito Colhado e Renata Pascucci, demonstra a importância do planejamento
em todas as etapas da construção civil, desde a implantação, até a seleção dos revestimentos
internos, a fim de reduzir custos e desperdícios. No segundo caso, o Pano Gueto, composto por
retalhos industriais e desenvolvido pela arquiteta Karin Wittmann Wilsmann, proporciona renda a
uma parcela ociosa da população, além de conscientizá-la da importância da preservação
ambiental. Por fim, Markus Bader e sua equipe conseguiram desenvolver a chaise Bordelaise, o
terceiro caso analisado, a partir de um pequeno número de peças distintas, racionalizando o
processo de fabricação e criando um destino para um grande lote de madeiras condenado ao
desperdício e à destruição.
Procurando despertar o interesse pela área da sustentabilidade aplicada à arquitetura e
design, este estudo permitiu a continuidade em pesquisas de iniciação científica, através da
revisão de literatura, delimitação de objeto, seleção e análise de casos. Além disso, possibilitou
uma maior reflexão e a consequente valorização das premissas de sustentabilidade aplicadas ao
design e ambientes internos, abrindo perspectivas para novos campos de investigação.
16
10 REFERÊNCIAS
ALVA, E. N. Metrópoles (in)sustentáveis. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997.
CARDOSO, F. Doenças de concreto e vidro. In: REVISTA SUPER INTERESSANTE. São Paulo: Ed. Abril, fev.1992. p.18-23.
CASTELNOU, A. M. N. Ecotopias urbanas: imagem e consumo dos parques curitibanos. Curitiba: Tese de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento, UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARANÁ – UFPR, 2005.
CORRADO, M. La casa ecológica. Barcelona: De Vecchi, 1999.
DEAN, A. M. Green by design: creating a home for sustainable living. Layton UT: Gibbs Smith, 2003.
EDWARDS, B. Guía básica de la sustentabiblidad. Barcelona: Gustavo Gili, 2005.
FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
FIELL, C.; FIELL, P. Design do século XX. Köln: Benedikt Taschen, 2000.
HELENE, M. E. M.; BICUDO, M. B. Sociedades sustentáveis. São Paulo: Scipione, 1994.
KAZAZIAN, T. (ORG.). Design e desenvolvimento sustentável: haverá a idade das coisas leves. São Paulo: SENAC, 2006.
PAPANEK, V. Arquitetura & design: ecologia e ética. Lisboa: Edições 70, 1995
PAIVA, C. Residência de alta qualidade ambiental. In: REVISTA FINESTRA. São Paulo, n. 57, abr./maio/jun.2009. p. 76-78.
ROAF, S. Ecohouse: a casa ambientalmente saudável. 2a. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
STRONGMAN, C. La casa sostenible. Barcelona: Océano, 2009.
VILLAÇA, L. V. Materiais de bem com o meio ambiente. In: REVISTA ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO. São Paulo: Abril, nov.2004. p. 82-85
11 FONTES DE ILUSTRAÇÕES
Figuras 1 ∙ 2 ∙ 3 ∙ 4 ∙ 5 REVISTA CASA E CONSTRUÇÃO. São Paulo, n. 48, abr./maio/jun.2009. p. 56-63.
Figuras 6 ∙ 7 8 9 10 11 12 RAUMLABOR BERLIN. Disponível em: <http://www.raumlabor.net/?p=2017>. Acesso em: 10.jul.2010.
Figuras 13 14 15 16 17
GUETO ECODESIGN DE PRODUTO. Disponível em: < http://www.gueto.com.br/produtos.asp>. Acesso em: 27.jul.2010.
17
12 RELATÓRIO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Este trabalho de iniciação científica cumpriu o cronograma inicial, permitindo atingir os objetivos
estabelecidos, não ocorrendo atrasos e imprevistos. Seu desenvolvimento junto ao professor-orientador
permitiu a complementação e publicação de material didático do curso de arquitetura e urbanismo da
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR, a apostila “Arquitetura e Sustentabilidade”, a ser aplicada
tanto no ensino de graduação, na área de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo, assim como no
curso de pós-graduação stricto sensu (mestrado) em Construção Civil, subárea de Qualidade do
Ambiente Construído, ofertado pelo DCC-UFPR.
13 APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR
O aluno de iniciação científica, matriculado regularmente no 3º ano de graduação em Arquitetura
e Urbanismo da UFPR, apresentou grande interesse, iniciativa e dedicação na elaboração das tarefas
indicadas pelo professor-orientador, cumprindo integralmente o cronograma e permitindo o
desenvolvimento satisfatório da pesquisa. Por se tratar de um trabalho introdutório sobre o tema, assim
como pela vastidão de questões possíveis de serem abordadas em investigações nesse campo de
pesquisa, considera-se que os resultados atingidos foram adequados aos meios utilizados e aos fins
pretendidos, ou seja, servirem de complementação à pesquisa desenvolvida pelo docente intitulada
“Arquitetura e Sustentabilidade: Bases Conceituais para o Projeto Ecológico”, iniciada em 2006.
Esta pesquisa contribuiu ao interesse do acadêmico prosseguir a aplicação futura dos
pressupostos da arquitetura sustentável na(s) área(s) de:
APERFEIÇOAMENTO MESTRADO
CENTRO DE PESQUISA MERCADO DE TRABALHO
OUTROS: ___________________________________________________________
___________________________________________________________
14 DATA E ASSINATURAS
Curitiba, 14 de agosto de 2010
_________________________________________________
Gabriel Ruiz de Oliveira
_________________________________________________
Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto
Top Related