UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
ROSEANNE AZEVEDO DE ALBUQUERQUE
MOTIVAÇÕES, AÇÕES ESTRATÉGICAS E BENEFÍCIOS
ENVOLVIDOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
NATAL - RN
2013
ROSEANNE AZEVEDO DE ALBUQUERQUE
MOTIVAÇÕES, AÇÕES ESTRATÉGICAS E BENEFÍCIOS
ENVOLVIDOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Strictu Sensu em Administração
daUniversidade Potiguar, como requisito para a
obtenção de título de Mestre em Administração.
ORIENTADOR: Prof. Kleber Cavalcanti
Nóbrega, Dr.
NATAL - RN
2013
A345mAlbuquerque, Roseanne Azevedo de. Motivações, ações estratégias e benefícios envolvidos em arranjos produtivos
locais / Roseanne Azevedo de Albuquerque. – Natal, 2013. 92f.
Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró - Reitoria Acadêmica.
Referências: f.77 - 84.
1. Administração – Dissertação. 2. Arranjo produtivo local.3. Motivações. 4. Ações estratégicas. 5. Benefícios. I. Título.
RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3)
DEDICATÓRIA
Aos empreendedores, pela vontade contínua de transformar ideias em riqueza.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela permissão de poder concluir mais essa etapa na minha vida.
Ao Professor Kleber Cavalcanti Nobrega, meu orientador, por ter compartilhado
o conhecimento, além do profissionalismo, comprometimento e clareza nos
procedimentos relativos ao processo de orientação desta dissertação.
À Professora Valdênia Apolinário por ter iluminado os caminhos que me
levaram aos APLs.
Aos empresários dos APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN que
possibilitaram a realização da pesquisa.
A minha família, pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha
vida.
“O que precisamos é de mais pessoas
especializadas no impossível”. Theodore Roethler
RESUMO
O estudo das relações de cooperação entre pequenas empresas, com o fim de promover
ganhos competitivos, passou a ser o centro das atenções a partir dos anos 70, com a
passagem do modelo de acumulação fordista para a produção flexível. Assim, as
empresas podem operar estabelecendo cooperações em arranjos produtivos locais
(APLs) com o fim de obter ganhos de competitividade. Neste contexto, esta pesquisa
tem como objetivo levantar e analisar motivações, ações estratégicas e benefícios
envolvidos em APLs do RN. A pesquisa é do tipo exploratório,de abordagem
quantitativa, realizadapara o segmento de panificação e cerâmica vermelha, o que a
configura como um estudo de caso. A coleta de dados ocorreu junto a 25 empresários
do APL de panificação e 23 empresários do APL de cerâmica vermelha, os quais fazem
parte do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias –
PROCOMPI.O estudo evidenciou que as principais motivações percebidas pelas
empresas estudadas, no APL de panificação e de cerâmica vermelha, são as
marshallianas e institucionais. No que diz respeito às principais ações estratégicas, no
segmento de panificação destacaram-se as perspectivas de aprendizado e crescimento e
clientes. Para o APL de cerâmica vermelha as perspectivas de ações estratégica em
evidencia foram as de aprendizado e crescimento e a perspectiva financeira. No âmbito
dos benefícios, as abordagens teóricas que se destacaram para o APL de panificação
foram o de milleu inovador e cluster e para o APL da cerâmica vermelha a de
milleuinovador e redes. Verificou-se que, para os dois segmentos, os empresários estão
envolvidos em um aglomerado produtivo motivados por vantagens oriundas do
território e pela necessidade de existir padronização das relações entre as empresas do
grupo.Observou-se também, que por serem empresas de pequeno porte e privadas, as
ações estratégicas na perspectiva de clientes e financeira se destacam.No âmbito dos
benefícios, os dois APLs apresentam como maior benefício à criação de um ambiente
inovador.
Palavras-chave: arranjo produtivo local, motivações, ações estratégicas, benefícios.
ABSTRACT
The study of cooperation among small businesses in order to promote competitive
gains, became the center of attention from the 70s, with the passage of the Fordist
model of accumulation for flexible production. Thus, companies can operate in
establishing cooperations local productive arrangements (LPAs) in order to gain
competitiveness. In this context, this research aims to survey and analyze motivations,
strategic actions and benefits involved in APLs RN. The research is exploratory,
quantitative approach, performed for the bakery segment and red pottery, which sets up
as a case study. Data collection occurred at the 25 entrepreneurs and 23 APL bakery
business APL red ceramic, which are part of the Support Programme for the
Competitiveness of Micro and Small Industries - PROCOMPI. The study showed that
the main motivations for companies studied in APL bakery and red ceramic, are the
Marshallian and institutional. With regard to key strategic actions in the bakery segment
highlights were learning and growth prospects and customers. For APL red ceramic
prospects for strategic actions in evidence were the learning and growth and financial
perspective. Within the scope of benefits, the theoretical approaches that stood out for
APL bakery were to milleu innovative cluster and the cluster of red ceramic milleu of
the innovative networks. It was found that, for both segments, entrepreneurs are
involved in a mass production driven by benefits derived from the territory and the need
for standardization of relations exist between the group companies. It was also observed
that for being small businesses and private strategic actions from the perspective of
clients and financial stand. Within the scope of benefits, the two clusters present as
biggest benefit to creating an innovative environment.
Keywords: local productive arrangement, motivations, strategic actions, benefits.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema Metodológico.......................................................................... 41
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Motivações envolvidas em aglomerações produtivas........................... 44
Quadro 2 – Ações estratégicas envolvidas em aglomerações produtivas................ 46
Quadro 3 – Benefícios envolvidos nas aglomerações produtivas............................ 47
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Médias das externalidades presentes no APL de Panificação............................. 50
Tabela 2 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas....... 51
Tabela 3 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais........ 52
Tabela 4 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais......... 53
Tabela 5- Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas..... 53
Tabela 6 - Médias das ações estratégicas presentes no APL de Panificação........................ 54
Tabela 7 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva
de aprendizado e crescimento...............................................................................................
55
Tabela 8 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva
de cliente...............................................................................................................................
55
Tabela 9 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva
de processos internos............................................................................................................
56
Tabela 10 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Panificação................... 57
Tabela 11 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de cluster................... 58
Tabela 12 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de rede....................... 58
Tabela 13 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de distrito
industrial...............................................................................................................................
59
Tabela14 - Médias das externalidades presentes no APL de Cerâmica Vermelha............... 60
Tabela 15 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais...... 60
Tabela 16 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas..... 61
Tabela 17 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais....... 62
Tabela 18 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas.. 63
Tabela 19- Médias das ações estratégicas presentes no APL de Cerâmica Vermelha......... 64
Tabela 20 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da
perspectiva de aprendizado e crescimento............................................................................
64
Tabela 21- Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva
de clientes.............................................................................................................................
65
Tabela 22 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da
perspectiva de processos.....................................................................................................
66
Tabela 23 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Cerâmica Vermelha..... 66
Tabela 24 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de redes.......... 67
Tabela 25- Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de cluster........ 68
Tabela 26- Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de distrito
industrial............................................................................................................................... 69
Tabela 27 - Médias das externalidades no APL de Panificação e Cerâmica Vermelha....... 70
Tabela 28- Médias das ações estratégicas do APL de Panificação e de Cerâmica
Vermelha............................................................................................................................... 71
Tabela 29 - Médias das abordagens teóricas do APL de Panificação e Cerâmica
Vermelha............................................................................................................................... 72
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 16
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................. 16
1.2 PROBLEMA ..................................................................................................... 19
1.3 OBJETIVOS....................................................................................................... 20
1.3.1Objetivo Geral............................................................................................... 20
1.3.2 Objetivos Específicos..................................................................................... 20
1.4 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 20
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO....................................................................... 23
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 24
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA............................................................
2.2 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS................................................................
2.3 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS.................................................................
2.4 ESTRATÉGIA E COMPETITIVIDADE..........................................................
2.5 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS..............................................................
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................
24
26
28
33
37
41
3.1 ESQUEMA METODOLÓGICO....................................................................... 41
3.2 TIPO DE PESQUISA......................................................................................... 42
3.3 UNIVERSO/AMOSTRA .................................................................................. 42
3.4 COLETA DE DADOS....................................................................................... 43
3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS............................................................................. 44
3.6 INSTRUMENTO DE PESQUISA..................................................................... 48
3.7 TRATAMENTO DOS DADOS......................................................................... 48
4 ANÁLISE DE RESULTADOS........................................................................... 50
4.1 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE PANIFICAÇÃO......................... 50
4.1.1Motivações percebidas pelos empresários do APL de Panificação.......... 50
4.1.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de
Panificação.............................................................................................................. 54
4.1.3 Benefícios identificados pelos empresários do APL de Panificação......... 57
4.2 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE CERÂMICA VERMELHA........ 59
4.2.1 Motivações percebidas pelos empresários do APL de Cerâmica
Vermelha.................................................................................................................
59
4.2.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de
Cerâmica Vermelha............................................................................................... 63
4.2.3Benefícios identificados pelos empresários do APL de Cerâmica
Vermelha................................................................................................................. 66
4.3 INTERFACES ENTRE O APL DE PANIFICAÇÃO E DE CERÂMICA
VERMELHA............................................................................................................ 69
4.3.1 Interfaces entre as externalidades do APL de Panificação e de
Cerâmica Vermelha............................................................................................... 70
4.3.2 Interfaces entre as ações estratégicas do APL de Panificação e de
Cerâmica Vermelha............................................................................................... 71
4.3.3 Interfaces entre os benefícios percebidos pelos empresários do APL de
Panificação e de Cerâmica Vermelha................................................................... 72
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 74
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 77
APENDICE............................................................................................................. 85
16
1 INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
O crescimento da economia de mercado até o início da década de 1970 – tanto
desenvolvidas, quanto em desenvolvimento – baseou-se em unidades produtivas
dedicadas à fabricação de bens em altos volumes, integradas verticalmente e
empregando processo de trabalho de característica taylorista-fordista. O modelo de
firma que emergiu desse regime de acumulação de capital obteve, por meio das grandes
plantas industriais, a ampliação da escala como meio de alcançar ganhos de
produtividade.
Este modelo de acumulação, denominado de produção em massa, apoiado pelo
modo de regulação keynesiano da economia entrou em crise com a chegada da chamada
“era do conhecimento” ou “mundo sem fronteiras”, época caracterizada pelo
neoliberalismo, processo de globalização e das grandes transformações pelas quais as
organizações vivem.
O paradigma econômico dos anos 70 colocou na ordem do dia o estudo das relações
de cooperação entre as empresas como uma das formas de resposta ao modelo de
acumulação flexível instalado, e que tem como principais características a capacidade
permanente de inovação e de adaptação às mudanças do ambiente de mercado, em vez
de controlá-lo.
O atual contexto globalizado e das rápidas mudanças tecnológicas criaram um novo
ambiente empresarial, onde as empresas procuram cada vez mais buscar alternativas
para se tornarem competitivas.
Nesta nova realidade, segundo Daft (1999), as pequenas empresas tem de descobrir
formas para englobar o paradoxo do século XXI de manter tudo funcionando e ao
mesmo tempo mudar tudo, fazer isso significa desenvolver a capacidade de elaboração
de estratégias, visando tornarem-se competitivas, zelando pela sua permanência, fixação
e expansão no mercado.
Para Borin (2006), a partir dos anos 80, o exame dos processos de globalização, da
integração dos mercados nacionais aos mercados mundiais e das alterações provocadas
pela introdução de novos paradigmas tecnológicos, e seus impactos territoriais, fizeram
parte de uma crescente literatura, em várias partes do mundo, ocasionando um resgate
conceitual de território, cuja proposta foi a de estudar as relações interfirmas imersas no
17
ambiente localizado, ou seja, no sistema de produção local. A constatação, em alguns
estudos, de que economias externas de aglomeração elevam a competitividade das
empresas e impulsionam o desenvolvimento, vem refletindo nas políticas públicas, que
passaram a desenhar ações, orientadas para a promoção do desenvolvimento local com
o foco, não na empresa individual, mas nas relações entre firmas e as demais
instituições situadas em espaço geográfico delimitado.
Ainda, conforme Borin (2006), existem diversas nomenclaturas (distritos industriais,
“clusters”, sistemas produtivos locais, “millieux inovateurs”) que definem uma
concentração setorial e espacial de empresas e que incorporam elementos relacionados à
intensidade das trocas intra-aglomeração, à existência de relações de cooperação, ao
grau de especialização e desintegração vertical da aglomeração e ao ambiente
institucional, para dar suporte ao desenvolvimento desses aglomerados.
Nesta linha de pensamento, Zdebski (2011), afirma que as empresas podem operar
estabelecendo cooperações em formatos de clusters, redes de empresas, arranjos
produtivos locais (APLs) ou aglomerados produtivos entre outros muitos conceitos que
se referem ao trabalho conjunto de empresas localizadas de forma geograficamente
próximas, visando alcançar desenvolvimento local e vantagem competitiva.
As empresas em rede complementam-se umas às outras nos planos técnicos (meio
produtivos) e comerciais (redes de distribuição) e decidem apoiar-se mutuamente em
prioridade. É uma escolha de estrutura bem adaptada às pequenas e médias empresas
para quem este tipo de associação é uma maneira de concretizar o lema “a união faz a
força” (OLAVE; AMATO NETO, 2001).
De modo específico, os Arranjos Produtivos Locais (APLs)são aglomerações
territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto
específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes
(CASSILATO; LASTRES, 2003).
Para os mesmos autores, os APLs envolvem a participação e a interação de
empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de
insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras,
clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação.
Assim, em um ambiente de APL a cooperação se torna relevante para o alcance de
ganhos competitivos, principalmente para as empresas de pequeno porte, tendo em vista
que isoladamente estas não têm condições favoráveis para superar os obstáculos de
18
maneira coletiva sem desperdício de esforços (AMATO, 2009; IACONO; NAGANO,
2010).
O bom desempenho do APL posterior à sua geração é de grande importância para as
empresas, para tanto, é preciso que estas empresas cooperem entre si de forma que os
relacionamentos sejam estruturados entre os agentes através de vínculos de cooperação
na busca da eficiência coletiva. Contudo, é importante ressaltar que embora o
relacionamento seja uma condição necessária para o desenvolvimento de um APL, não
é o suficiente para que ocorra a cooperação (COSTA; COSTA, 2007; ERBER, 2008).
Segundo Costa e Costa (2007) os agentes pertencentes ao arranjo produtivo não
necessariamente estabelecem relações de todos com todos, bem como é distinta a
freqüência dessas relações. Dessa forma, o resultado da ação coletiva pode ser afetado
de forma negativa.
Para Zdebski (2011), no que se refere à APL, além da cooperação também é
necessário que as partes trabalhem de maneira a obter eficiência coletiva, que num
ambiente mais abrangente garante a manutenção de ganhos competitivos. Sendo assim,
é preciso articular forças e certas qualificações técnicas e/ou organizacionais, entre
outras motivações, com o objetivo de aumentar a competitividade e eficiência produtiva
das empresas, promovendo também o desenvolvimento econômico e social local.
Por meio da cooperação aliada à eficiência coletiva, os ganhos de competitividade
podem gerar como benefícios a redução de custos, economia de escala, alcance de
novos segmentos ou nichos de mercado, difusão e ampliação do conhecimento a partir
de interação entre diversos agentes e fomento aos processos inovativos (IACONO E
NAGANO, 2010).
Dessa forma, a eficiência coletiva é formada e definida pela existência de dois
fatores, podendo eles ser identificados como fatores não planejados (externalidades) e
fatores deliberadamente planejados (ação conjunta por meio da cooperação vertical e
horizontal).
Para Schmitz (1997), as ações não planejadas ou incidentais surgem de forma não
intencional e da própria existência da aglomeração industrial. No segundo caso, a
eficiência coletiva deliberada é resultado de ações devidamente planejadas pelas
empresas conjuntamente e decorrem de construções sociais específicas.
De acordo com Costa (2007), no Brasil existem 958 APLs, sendo 59% pertencentes
ao setor primário, 5% ao setor terciário e 36% ao setor secundário. Do total de APLs,
ainda segundo o mesmo autor, 45% destes estão na região Nordeste.
19
Conforme Apolinário et. al. (2010), no estado do Rio Grande do Norte, as
organizações diretamente envolvidas com apoio a arranjos produtivos locais
identificaram trinta APLs no período 2008-2009. A classificação por atividades
econômicas revela que seis são voltados para atividades agrícolas, cinco em atividades
da pecuária, três da aqüicultura e pesca, dois da indústria extrativa mineral, doze da
indústria de transformação e dois voltados para atividades de turismo.
Neste contexto, a pesquisa desenvolvida buscou levantar e analisar motivações,
ações estratégicas e benefícios envolvidos em APLs do estado do Rio Grande do Norte,
por meio do estudo de dois APLs do segmento secundário: Panificação e Cerâmica
Vermelha.
1.2. PROBLEMA
A partir do que foi exposto percebe-se que os estudos sobre aglomerações
produtivas e, especificamente, Arranjos Produtivos Locais tem recebido atenção,
principalmente a partir dos anos 80, pela sua contribuição para o desenvolvimento
econômico e social local e incremento da competitividade, especialmente, das empresas
de pequeno porte.
Segundo Mendonça (2008), na literatura contemporânea, há diversos estudos sobre
Arranjos Produtivos Locais relacionados com a avaliçãodas características de arranjos e
suas contribuições para o desenvolvimento local/regional/nacional; com a identificação
de potencial de aglomerações empresariais em um setor específico; com o emprego de
metodologias para a identificação de arranjos produtivos locais, etc. Entretanto, existem
poucos estudos que busquem compreender a natureza do fenômeno, compreendendo a
formação, o desenvolvimento e a estruturação desses arranjos.
Ainda para o mesmo autor, o fato das empresas estarem agrupadas em determinado
aglomerado produtivo não garante a geração de vantagens provenientes de economias
externas e nem se pode afirmar que os benefícios trazidos por um determinado
aglomerado territorial poderão ser obtidos em outros aglomerados, uma vez que, os
aglomerados podem ter diferentes graus de desenvolvimento, de integração da cadeia
produtiva, de articulação, associativismo, de integração entre os agentes e instituições
locais e de capacidade para inovação.
20
Nesta linha de pensamento, para Costa e Costa (2007), os agentes pertencentes aos
arranjos produtivos estabelecem relações diferenciadas entre os seus componentes com
frequência distinta, o que determinará ou não a eficiência coletiva.
Dessa forma, a pesquisa a ser realizada tem o interesse em melhor compreender o
funcionamento dos APLs, ao levantar e analisar as motivações, ações estratégicas e
benefícios envolvidos nessa forma de aglomeração econômica, já que a inserção das
empresas em um APL não é o suficiente para que estas contemplem um bom
posicionamento competitivo no mercado.
Neste contexto, pode-se definir como o problema da pesquisa o seguinte
questionamento: quais as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos em
APLs?
1.3. OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Levantar e analisar as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos em
APLs.
1.3.2 Objetivos Específicos
Levantar as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos em
APLs;
Identificar as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos nos
APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN;
Analisar as interfaces entre as motivações, ações estratégicas e benefícios
envolvidos nos APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN.
1.4 JUSTIFICATIVA
No Brasil, segundo o Anuário do trabalho na micro e pequena empresa 2000 – 2010,
as micro e pequenas empresas foram responsáveis, na década, por 6,1 milhões de
empregos, o que reflete a importância deste tipo de organização na geração de renda.
21
Anualmente, são criados, no país, mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos
formais, sendo que desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas e
Empreendedores Individuais (EI). Os empreendimentos de micro e pequeno porte são
responsáveis por, pelo menos, dois terços do total das ocupações existentes no setor
privado da economia, o que revela ser a sobrevivência dessas empresas, condição
indispensável para o desenvolvimento econômico do País (SEBRAE, 2011).
Associada à relevância econômica deste tipo de organização, a necessidade de
promover estudos sobre alternativas de incremento da competitividade em micro e
pequenas empresas pode ser ressaltada pelas suas taxas de mortalidade, uma vez que,
sete em cada dez empresas sobrevivem no Brasil após 2 anos da abertura (SEBRAE,
2011).
Para Amato Neto (2000), uma das principais tendências da economia moderna, sob
o marco da globalização e da reestruturação industrial diz respeito às relações intra e
interempresas, particularmente aquelas que envolvem pequenas organizações.
A cooperação em rede entre pequenas e médias empresas é uma das formas como
estas empresas têm assegurado sua sobrevivência em um contexto marcado por
mudanças aceleradas nas tecnologias, mercados fragmentados e fronteiras invisíveis
para os agentes produtivos.
Nessa linha de pensamento, segundo Mendonça (2008), a partir das experiências da
Terceira Itália e Vale do Silício, as discussões sobre a importância de manifestações
territoriais, tem-se intensificado, no âmbito de sistemas produtivos locais, como forma
de organização da produção que promove o desenvolvimento local. O interesse por esse
tipo de organização esta relacionada com sua contribuição em termos de
competitividade, e por isso, tida como importante estratégia de sobrevivência para as
empresas de pequeno porte.
Para Cezarino e Campomar (2006), a competitividade das micro, pequenas e médias
empresas pode crescer por meio da participação em aglomerações de firmas engajadas
em atividades similares e até mesmo complementares. Na literatura nacional, as
aglomerações também são comumente chamadas de arranjos produtivos locais (APLs),
entre outras definições menos freqüentes.
Segundo Mendonça (2008), a compreensão deste tipo de organização
industrial/regional passou a ser importante na implementação de políticas de
desenvolvimento de regiões e países, na busca de estratégias que visem acelerar o ganho
de competitividade por meio da promoção, maturação e desenvolvimento de arranjos
22
produtivos locais. No Brasil, no âmbito do governo federal, a Política Industrial,
Tecnológica e de Comércio Exterior elegeu, dentre outras medidas, o fortalecimento dos
APLs como forma de contribuição ao desenvolvimento, buscando gerar capacitações,
para elevar a competitividade no cenário internacional.
A importância da produção regionalmente concentrada, no Brasil, pode ser também,
vista por meio da portaria nº 200, instituída em 03 de agosto de 2004 que determina
uma ação mais ampla, conjunta, entre os Ministérios de Estado do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior; do Planejamento, Orçamento e Gestão; da Ciência e
Tecnologia; e da Integração Nacional. Essa portaria instituiu o Grupo de Trabalho
Permanente em Arranjo Produtivo Local – GTP-APL, com a atribuição de elaborar e
propor diretrizes gerais para atuação coordenada do governo federal no apoio e
orientação a APLs para todo território nacional.
A partir deste contexto, a pesquisa desenvolvida buscou entender o funcionamento
de APLs no RN, verificando in loco a realidade acerca das motivações, ações
estratégicas e benefícios envolvidos no APL da cerâmica vermelha e de panificação do
RN.
Evidencia-se que, de acordo com o Banco do Nordeste (2010), o Brasil é um grande
produtor mundial de produtos cerâmicos, ao lado da Espanha, Itália e China. Os
produtos brasileiros gerados encontram-se distribuídos, em ordem de importância, nas
regiões Sudeste, Sul e Nordeste.
Com relação ao Nordeste, a produção está localizada principalmente nos Estados do
Ceará, Bahia e Pernambuco, vindo em seguida Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí.
A atividade ceramista é considerada uma das mais importantes para a economia do Rio
Grande do Norte e principal gerador de emprego e renda na maioria dos municípios em
que se localiza.
No que diz respeito o setor de panificação, este polo industrial está entre os seis
maiores segmentos industriais do país, sendo a região Nordeste responsável por 24% do
número de estabelecimentos, no país, e o Rio Grande do Norte, ocupar a sétima posição,
na distribuição de número de padarias por estado, conforme levantamento realizado pela
Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), em 2008.
Os APLs estudados foram escolhidos por critério de acessibilidade e fazem parte do
Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias – PROCOMPI
– resultado de uma parceria entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde 2004. Os
23
segmentos fazem parte da indústria tradicional, uma vez que este tipo de aglomerado,
por não nascer de uma infra-estrutura de Ciência e Tecnologia (C&T), em muitos casos,
não possui formas embrionárias de coordenação e de governança.
Assim, pretendeu-se com o trabalho, contribuir para ampliar o conhecimento sobre o
funcionamento de APLs e sua relevância para o incremento da competitividade em
empresas de pequeno porte.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Para atender aos objetivos da pesquisa, essa dissertação foi estruturada em cinco
capítulos. O primeiro, caracteriza-se pela parte introdutória com a contextualização
sobre a temática abordada, o problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos e a
justificativa.
O segundo capítulo compreende o referencial teórico que aborda primeiramente o
aspecto histórico que apresenta a substituição do modelo fordista pelo modelo flexível
de produção que trouxe, entre outros, a retomada da valorização da pequena empresa e o
estudo das relações de cooperação entre as empresas. Ainda nesse capítulo, é
apresentada a importância das micro e pequenas empresas e a facilidade que as mesmas
possuem em constituir arranjos organizacionais. A partir desse ponto foram levantados
os principais conceitos e definições relacionados a aglomerações produtivas e temas
como distrito industrial, cluster, redes, milleu inovador e arranjos produtivos locais,
elencando-se, por meio da literatura, motivações, ações estratégicas e benefícios
envolvidos em arranjos produtivos locais. Neste capítulo, foram identificadas as
variáveis analíticas que serviram de base para construção do instrumento de pesquisa
desse estudo e foi levantada a problemática da temática que norteia o desenvolvimento
do trabalho da pesquisa.
O terceiro capítulo apresenta a construção da metodologia utilizada, especificando o
tipo de pesquisa, o esquema metodológico, o universo/amostra da pesquisa, as variáveis
analíticas, explica como o instrumento de pesquisa foi construído e como os dados
foram coletados e tratados. No quarto capítulo são apresentados e discutidos os
resultados obtidos envolvendo os APLs de Panificação e Cerâmica Vermelha do RN.
Por último, o quinto capítulo tece comentários e considerações acerca da pesquisa e seus
resultados, apresentando as contribuições e limitações do trabalho.
24
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Na década de 1970, segundo Costa (2010), o estudo dos “novos espaços produtivos”
emerge como centro do debate contemporâneo, em função da ruptura do regime de
acumulação fordista e do modo de regulação keynesiano. No sentido de melhor
compreender como essa tendência passou a ser foco de atenção é necessário que se
explique a evolução histórica por meio das mudanças ocorridas no modo de acumulação
e formas de regulação da economia.
Para Costa (2010), a Primeira Revolução Industrial, ponto culminante da evolução
histórica, pode ser decomposta em três etapas: 1) na segunda metade do século XVIII,
caracterizada por um sistema chamado de putting-out system, aplicado basicamente na
indústria têxtil, onde os comerciantes compravam a matéria-prima e pagavam as
famílias para que em suas residências executassem tarefas específicas do processo
produtivo; 2) quando as diversas etapas do processo produtivo foram centralizadas em
um único lugar com o intuito de aumentar o controle da qualidade, a produtividade e
reduzir custos; 3) na primeira metade do século XIX, com a crescente mecanização da
produção e o acirramento da decomposição das tarefas entre trabalhadores.
Ainda para Costa (2010), na segunda metade do século XIX, com a alteração da
base energética - Segunda Revolução Industrial - surgiram os grandes conglomerados
industriais, marcando o início do sistema de produção em massa que se estendeu de
1870 a 1920. O regime de acumulação fordista ou sistema industrial moderno, do pós –
guerra até o início da década de 1970, está diretamente relacionado com a manutenção
de um amplo mercado consumidor, estabilidade e grandes investimentos, apoiados pelo
modo de regulação keynesiano.
De acordo com Harvey (2005), nos anos entreguerras o estado das relações de classe
no mundo capitalista não era propício à fácil aceitação por parte dos trabalhadores de
um sistema de produção que se apoiava em longas horas de trabalho puramente
rotinizado. Os trabalhadores queriam participar das decisões e não apenas executar
aquilo que outros decidiam.
Para Lima e Assis (2000), os movimentos sócio-políticos tinham como propósito
ampliar os direitos do cidadão e garantir melhores condições de vida ao indivíduo. São
exemplos destes: as lutas pela extensão do chamado estado do bem-estar-social; as
25
reivindicações por melhoria nos serviços de base (saúde, educação, moradia e
transporte) e as batalhas pela emancipação da mulher.
Até 1974, segundo Passos (1999), os padrões tecnológicos e os de gestão das
empresas capitalistas tinham fundamento nos desdobramentos e avanços ocorridos ao
longo deste século, tanto no que se refere ao padrão tecnológico eletro-mecânico dos
equipamentos do capital fixo, como no modelo fordista-taylorista de organização dos
processos de trabalho, e, ainda, da estrutura empresarial departamentalizada do
fayolismo.
De acordo com Castells (1999), os anos 70 trouxeram um novo paradigma
econômico, o qual configura a Terceira Revolução, baseado nas tecnologias da
informação, incluindo um conjunto de tecnologias em microeletrônica e seus
desdobramentos (informática, telemática, eletrônica de consumo, etc), novos materiais e
biotecnologia. A Terceira Revolução refere-se às tecnologias que transformam,
processam e comunicam informações em uma velocidade e capacidade cada vez
maiores, com custo cada vez menor, conectando e desconectando indivíduos, grupos,
regiões e países, conforme os interesses destes, numa rede mundial de recuperação e
distribuição de informações.
Este novo paradigma, de acordo com Passos (1999), vem sendo denominado sob as
mais variadas formas, em função da ênfase de cada autor em determinado aspecto. Os
modelos de gestão podem ser encontrados sob a designação de produção de alta
performance, fabricação enxuta, produção enxuta, ohnismo, automação flexível, just in
time/kan-ban e toyotismo, entre outros.
Conforme Borin (2006), a palavra-chave da organização industrial nos anos 80 foi
flexibilidade, a qual estava relacionada a fatores como intensificação da concorrência
internacional e mudanças na demanda do consumidor que suscitavam modificações no
sistema produtivo, como capacidade de fornecer uma maior variedade de produtos,
ciclos de produtos abreviados e ritmos de inovação acelerados.
Para Castells (1999), uma tendência do modo de acumulação flexível ou na
chamada pós-modernidade industrial, é a crise da empresa de grande porte,
conseqüência da crise da produção padronizada em massa, que faz renascer a produção
artesanal personalizada e especialização flexível, bem recebida pelas pequenas
empresas.
Este contexto de mudanças deu início a um novo padrão competitivo marcado pela
flexibilidade produtiva, pela adaptabilidade das fronteiras organizacionais e pela busca
26
constante de inovações, segundo Balestrin e Verschoore (2008). Para os mesmos
autores, os limites organizacionais tornaram-se maleáveis e imprecisos, caracterizando
as relações com outras empresas não apenas como transações de mercado, mas também
como formas de aprendizado, oportunidades tecnológicas e possibilidades de obter
ativos complementares. A dicotomia competição – cooperação passa a ser a marca das
relações econômicas capitalistas contemporâneas.
De acordo com Britto (2002), dentre os estudos de diferentes escolas de
pensamento, no que diz respeito à análise dos fatores envolvidos com um melhor
desempenho competitivo, observa-se uma crescente convergência na análise não apenas
da empresa individual, mas principalmente na investigação das relações entre as
empresas e entre estas e as demais instituições. Para o autor, a amplitude e a
complexidade das interdependências entre empresas tem sido estudada cada vez mais,
através da utilização de um recorte analítico baseado no conceito genérico de rede.
Essa questão também foi objeto da análise de Castells (1999), com base no
argumento de que as redes interorganizacionais aparecem sob diferentes formas, em
diferentes contextos e a partir de expressões culturais diversas. Exemplo disso são as
redes familiares nas sociedades chinesas; as redes de empresários oriundos de ricas
fontes tecnológicas dos meios de inovação, como no Vale do Silício; as redes
hierárquicas comunais do tipo keiretsu japonês; as redes organizacionais de unidades
empresariais descentralizadas de antigas empresas verticalmente integradas e forçadas a
se adaptarem às realidades atuais; as redes horizontais de cooperação, como as
existentes no norte da Itália, e as redes internacionais resultantes de alianças estratégicas
entre grandes empresas que operam em diversos países.
2.2 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Durante muito tempo, a teoria econômica não deu muita importância ao tema das
pequenas empresas e empreendedorismo, não só em função da indiscutível relevância
das grandes empresas, mas também por causa da inadequação metodológica da teoria
dominante (YOU, 1995; DI TOMMASO; DUBBINI, 2000).
Para Amaral Filho (2011), nas duas últimas décadas, o mundo assistiu ao forte
ressurgimento da importância das micro e pequenas empresas, mudando a certeza, pelo
menos para alguns setores, de que ser grande é muito vantajoso, diluindo a convicção de
que as grandes empresas são lugares seguros para o trabalho, onde estão as melhores
27
fontes de remuneração para o trabalhador, além da transformação ocorrida no ambiente
institucional e macroeconômico, em benefício do empreendedorismo e da rotina das
pequenas empresas.
Ainda para o mesmo autor, essas mudanças foram facilitadas, de forma significativa,
pelas transformações estruturais verificadas, especialmente na década de 1990,
destacando: a)crise do planejamento e da intervenção regionais centralizadores;
b)reestruturação do mercado; c)megametropolização, seguida pela emergência de
megaproblemas urbanos; d) globalização e abertura econômica; e)tecnologia da
informação e telecomunicações.
Neste sentido, o fato é que, atualmente, o empreendedorismo e as pequenas
empresas são tidas como motor do crescimento, fontes de muitos empregos e
promotores da competitividade (ACS; AUDRETSCH; STROM, 2009).
Neste contexto e de acordo com o SEBRAE (2011), o bom desempenho da
economia brasileira na última década, aliado às políticas de crédito, vem impulsionando
a ampliação das micro e pequenas empresas (MPEs) no país e confirmaram a expressiva
participação na estrutura produtiva nacional.
Evidencia-se que a partir da década de 90, as aceleradas mudanças do cenário
mundial, caracterizado por uma dinâmica e incerteza colocaram para as empresas,
independente da sua dimensão, o desafio constante de enfrentar a intensificação das
competições, aumento do poder do cliente e redução do ciclo dos produtos.
Em geral, segundo Casarotto Filho e Pires (1998), as grandes empresas têm
condições suficientes para dominar todas as etapas da cadeia de valor (logística, P&D,
produção, marketing). De modo contrário, este é um dos grandes problemas da pequena
e média empresa (PME), as quais não possuem competência para dominar todas as
etapas da cadeia de valor, como também, capacitação para gerir todas essas etapas.
Aliado a esse problema, as PMEs sofrem muitas dificuldades, de acordo com
Balestrin e Vargas (2004), no que se refere ao acesso à informação, ao alcance a novos
mercados, em obter melhores preços e vantagens na compra de matérias primas e
componentes, custos de reciclagem e treinamento da mão-de-obra, custos de
participação em feiras, custos de campanhas publicitárias, atualização tecnológica,
custos envolvidos na exportação de produtos, acesso a linhas de crédito e
financiamento, etc.
Apesar das desvantagens que as PMEs têm em relação às grandes empresas, Pikman
et al. (1998), apresentam como característica das PMEs, que as grandes empresas não
28
possuem, e que podem representar vantagem competitiva, a baixa intensidade de capital
e alta intensidade de mão-de-obra, o que faz com que elas tenham maiores condições de
fornecer produtos diferenciados e serviços que demandam alguma habilidade específica.
Para Silva (2004), as pequenas empresas têm demonstrado flexibilidade para
constituir arranjos organizacionais, valorizando a estrutura simples, mais dinâmica,
inovadora e sensível às exigências de mercado e prestando atendimento personalizado
ao consumidor.
Nesta linha de pensamento, para Amato Neto (2000), a formação e o
desenvolvimento de redes de empresas vem ganhando relevância não só para as
economias de vários países industrializados, como Itália, Japão e Alemanha, mas
também para os chamados países emergentes – México, Chile, Argentina e Brasil.
2.3 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS
A análise do período pós – 1970, segundo Costa (2007), demonstra um verdadeiro
despertar em relação aos estudos das atividades aglomeradas de pequenas e médias
empresas, as quais ganharam notoriedade em função da crise do paradigma fordista-
keynesiano e ascensão do modo de produção flexível.
A releitura sobre aglomerações produtivas, segundo Zdebski (2011), remonta aos
escritos do economista Alfred Marshall que destaca a importância das aglomerações
industriais, denominadas de “distritos industriais”, para o desenvolvimento das
pequenas empresas por estarem concentradas na manufatura de produtos específicos e
geograficamente próximas, apresentando economias externas e redução nos custos de
transação.
As externalidades são o que Marshall (1985), em sua análise dos distritos industriais
na Inglaterra, denominou de retornos crescentes de escala, que são externos à firma, mas
internos ao sistema local. Assim, a aglomeração de produtores especializados é capaz de
atrair outras empresas que atuam na mesma indústria ou de setores correlatos e de
apoio, promovendo ganhos de escala.
Para Susigan et. al. (2006), citado em Ribeiro e Pessanha (2010), as economias
externas, apontadas por Marshall, podem ser incidentais, decorrentes de: (a) existência
de um amplo contingente de mão-de-obra especializada e com habilidades específicas
ao sistema local; (b) presença e atração de um conjunto de fornecedores especializados
de matéria-prima, componentes e serviços, e (c) grande disseminação dos
29
conhecimentos, habilidades e informações, por meio de transbordamentos locais (spill-
overs), concernentes ao ramo de atividade dos produtores locais.
Neste contexto, para Mendonça (2008), as externalidades marshallianas são obtidas
por vantagens aglomerativas da escala territorial local, restritas aos ganhos de
especialização-localização e decorrentes de economias externas às firmas, mas internas
à aglomeração produtiva, sendo relacionadas com a forma de organização da produção.
De acordo com Fonseca Netto (2002), as externalidades marshallianas estão
relacionadas com: a) a oferta de mão-de-obra local/regional especializada; b) a presença
local/regional de fornecedores de matérias-primas e de bens de capital; c) a proximidade
de mercados (domésticos e internacionais); d) a disponibilidade de recursos naturais
específicos no local/região; e) a presença de economias de escala; f) a presença de infra-
estrutura física suficiente e adequada a produção; g) encadeamento à jusante, à
montante e horizontais extensivos no processo de produção; h) ganhos tecnológicos via
transbordamentos (spillovers) de conhecimento; i) o acesso fácil à informação.
Para Borin (2006), o fenômeno da Terceira Itália que engloba as micro-regiões:
Vêneto, Trentino, Friuli-Venezia, Giulia, Emília-Romagna, Toscana, Marche e parte da
Lobardia fez emergir outro bloco teórico influente, que apresenta estudos oriundos das
aglomerações produtivas tradicionais de pequenas e médias empresas, muitas das quais
familiares, sendo considerada uma versão dos distritos industriais marshallianos.
Segundo Lemos (2003), uma visão complementar a dos distritos italianos é o
conceito de milieu inovador, desenvolvido pela Escola de Ciência Regional de língua
francesa, por meio do Groupe de Recherche Européen sur les Milieux Innovateurs
(GREMI). Camagni (1991), define um milieu inovador como o local ou a complexa
rede de relações sociais em uma área geográfica limitada, que intensifica a capacidade
inovativa local pelo processo de aprendizado sinergético e coletivo.
Conforme Lemos (2003), a noção de milieux inovadores ressalta as relações criadas
entre os diferentes agentes de uma aglomeração local, que propiciam a formação de um
ambiente inovador, consideradas não apenas as relações econômicas, mas também as
sociais, culturais e psicológicas, inerentes a uma aglomeração específica.
Ao se inserir num aglomerado produtivo, a firma de menor porte passa a ter
oportunidade de se associar a uma gama de ligações locais envolvendo usuários,
produtores, setores produtores de conhecimento – tais como universidades e institutos
de P&D – e setores produtores de bens e serviços da economia. Esses setores produtores
30
do conhecimento estimulam o aprendizado e a inovação necessária para transformar as
indústrias tradicionais (NADVI, 1995; NADVI; SCHMITZ, 1997; UNCTAD, 1998).
Os estudos sobre inovação tem como referência Joseph Schumpeter, que desde
meados dos anos 50, atribuiu importância ao papel da mudança tecnológica na
configuração da firma e dos mercados, além de fornecer à inovação um lugar de
destaque na teoria do desenvolvimento econômico. Seus estudos não conseguiram
influenciar decisivamente o pensamento dominante a sua época sendo retomado através
da linha evolucionista ou neo-shumpeteriana (TIGRE, 1998).
Para Mendonça (2008), o aglomerado permite o desenvolvimento de
interdependências não comercializáveis, na forma de transmissão de conhecimento
tácito, não codificado e intencional. As externalidades schumpeterianas estão
relacionadas com a criação de um ambiente inovativo, caracterizado por: (a) elevado
número de pessoas envolvidas em atividades de design e inovação; b) elevado nível de
qualificação da mão de obra; (c) recorrentes trocas de pessoal entre fornecedores e
usuários; (d) proximidade com universidades e centros de pesquisa; (e) presença de
associações de classe e comerciais dedicadas à qualificação da força de trabalho,
capacitação tecnológica das firmas, assistência de rotina às atividades produtivas
técnicas e produtivas, comerciais e financeiras; (f) intensa cooperação entre firmas
competidoras.
Outro enfoque que ressalta a importância da articulação entre as empresas e que
incorpora a dimensão territorial é o de cluster. De acordo com Schmitz (1995), cluster é
uma concentração geográfica e setorial de empresas que não pressupõe necessariamente
a especialização e cooperação entre firmas. Para o mesmo autor, quando um cluster
desenvolve formas de colaboração que levam à intensificação da produção e da sua
capacidade de inovar, um distrito industrial será constituído.
Para Porter (1998), a partir dos trabalhos feitos nos distritos industriais italianos,
clusters são concentrações geográficas de organizações e instituições de certo setor,
abrangendo uma rede de indústrias inter-relacionadas e outras entidades importantes
para a competitividade. Segundo o mesmo autor, os clusters podem afetar a competição
de três formas: aumentando a produtividade das empresas, direcionado a inovação e
estimulando a formação de novos negócios.
Dentre as peculiaridades do cluster, Porter (1998), destaca o ganho de eficiência
coletiva, entendida como a vantagem competitiva derivada das economias externas
locais e da ação conjunta para o desenvolvimento local. Essas vantagens podem variar
31
de simples aumento de conhecimento sobre o mercado até intensa melhoria na
qualidade e na rapidez do desenvolvimento de produtos e conseqüente aumento de
faturamento.
Já de acordo com Lastres e Cassiolato (2005), cluster se refere à aglomeração
territorial de empresas, com características similares, enfatizando, em algumas
concepções, mais o aspecto da concorrência do que o da cooperação.
Outra abordagem sobre articulação entre empresas, e, consequência de um novo
ambiente de negócios globalmente interligado, conforme Balestrin e Verschoore (2008),
é o surgimento e evolução de redes. Para esses autores, a organização na forma de rede
de cooperação reúne empreendimentos com objetivos comuns, densamente inter-
relacionados, estando estruturada para desenvolver e manter ganhos coletivos, sem que
cada participante venha a perder sua autonomia de gestão.
Casarotto Filho e Pires (1998), apresentam dois tipos básicos de redes de empresas:
redes topdown e redes flexíveis. O primeiro tipo, a rede topdown, é composta de uma
empresa-mãe que coordena sua cadeia de fornecedores e subfornecedores em vários
níveis. Neste caso, o fornecedor é dependente das estratégias da empresa-mãe, não
tendo flexibilidade e poder de influência na rede.
O segundo tipo, a rede flexível, tem como característica a cooperação entre
empresas independentes, formando um consórcio que administra a rede como se fosse
uma grande empresa. Segundo os autores, as redes flexíveis possuem uma grande
variedade de tipos e estruturas funcionais, de acordo com o segmento de mercado em se
encontram, o produto envolvido e o nível de cooperação entre as empresas. Faz-se
necessário mencionar que o conceito de redes flexíveis se assemelha ao conceito de
cluster.
De acordo com Balestrin e Vargas (2004), três fatores ajudam a explicar o sucesso
das redes e pequenas empresas: as economias de escala por meio de redes, a confiança e
a cooperação que existem com a competição, e o estado de bem estar social causado
pelo aumento da eficiência coletiva de setores industriais regionais.
A viabilidade econômica das redes podem ser explicados pela ênfase na economia
dos custos de transação. Conforme Mendonça (2008), e de acordo com a Teoria dos
Custos de Transação, a vantagem que o mercado oferece em termos de economia de
escala é reduzido pelos custos crescentes derivados de negociar, redigir, implementar e
verificar a execução adequada das cláusulas contratuais (os custos de transação).
32
Schmitz (1997), mostra que os custos de transação podem ser reduzidos por meio da
eficiência coletiva conquistada pela colaboração horizontal.
Para Lemos et. al. (2003), as externalidades transacionais que são externas às
firmas, porém internas ao aglomerado produtivo estão relacionadas com: a) existência
de cooperação entre firmas competidoras baseada em relações de confiança altamente
desenvolvidas ; b) existência de potencial de cooperação para complementar recursos e
aprendizagem; c) presença de eficiência coletiva que reduz os custos de transação; d)
existência de contatos entre empresas formais e informais; e) presença de confiança
recíproca entre os atores; f) existência de contratos mais flexíveis; g) trocas frequentes
de informações e conhecimento entre os atores locais de forma não codificada; h)
influência da governança interna; i) contribuição da governança interna de modo a
facilitar o processo de compras, vendas e marketing em conjunto.
No sentido de reduzir os custos de transação e coordenar as atividades humanas, as
sociedades desenvolvem as instituições, dotadas de um conjunto de regras formais e
informais que para Bueno (2004), passa a fazer parte da matriz institucional das
sociedades, cuja dinâmica será sempre path dependency.
A teoria institucional, segundo Balestrin e Verschoore (2008), buscou tratar a
dependência como um conceito central na configuração das redes, no entanto, a
dependência não é de recursos materiais, e sim, de recursos de legitimação. Assim, as
organizações buscam ganhar legitimidade no momento de estruturar-se em redes. Esses
estudos focam os mecanismos institucionais pelos quais as relações interorganizacionais
são iniciadas, negociadas, desenhadas, coordenadas, monitoradas, adaptadas e
terminadas.
O acesso a um ambiente institucional fortalecido e propício pode contribuir para a
sobrevivência e o crescimento dos aglomerados produtivos, podendo ocorrer por meio:
a) da criação de instituições que favorecem a interação entre empresas, reduzindo a
assimetria de informação e, conseqüentemente, os custos de transação (STORPER,
1995); b) da criação de aspectos culturais, estreitando laços de confiança, interação
social, identidade e objetivos comuns (PIORE; SABEL, 1984); c) da criação de
instituições políticas e sociais de apoio, estimulando o desenvolvimento de atividades
de parceria e transformando as redes em sistemas mais amplos de inovação e de
produção, em nível local, regional e nacional (BEST, 1990; PIORE; SABEL, 1984;
MORGAN; SAYER, 1988; STORPER; SCOTT, 1993); d) da redução dos custos
relacionados à informação e à comunicação, reduzindo riscos associados à introdução
33
de novos produtos e reduzindo o tempo da inovação, por meio das relações
estabelecidas entre usuários e produtores (LUNDVAL, 1988); e) do desenvolvimento de
políticas voltadas para aproximar os APLs às instituições de ensino, pesquisa e agentes
econômicos, permitindo oportunidades de aprendizado por interação (TIGRE, 2006,
MAILLAT; KELBIR, 1999, CASSIOLATO; LASTRES, 2003).
Por fim é importante salientar que as diversas abordagens teóricas não devem ser
vistas como excludentes e sim como complementares com o objetivo de fazer uma
leitura mais completa da complexidade do conceito de aglomerados produtivos.
2.4 ESTRATÉGIA E COMPETITIVIDADE
Segundo Soares (1999), a gênese da palavra estratégia, no nível empresarial, pode
ser encontrada após a Segunda Guerra Mundial, quando o ambiente das organizações
passou a ser instável, demonstrando que não era possível que todas as empresas
tivessem um crescimento indefinido, em um mercado cujos limites passaram a ser
móveis. A essência da estratégia, no mundo das organizações, consiste em enfrentar a
concorrência.
Nesse sentido, a estratégia representa a escolha de um caminho de ação, uma vez
definidos os objetivos, para que a empresa possa utilizar, adequadamente, os recursos
físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a sua sobrevivência, manutenção,
crescimento e desenvolvimento no mercado.
Nessa linha de pensamento, Ansoff e McDonnell (1993), conceituam estratégia
como as regras e diretrizes para a decisão, que orientam o processo de desenvolvimento
de uma organização. As decisões estratégicas são aquelas que permitem a empresa se
desenvolver e perseguir seus objetivos da melhor forma possível, considerando-se suas
relações com o ambiente em que se insere.
Para Porter (1991), estratégia competitiva “é a busca de uma posição competitiva
favorável em uma indústria, a arena fundamental onde ocorre a concorrência. A
estratégia competitiva visa estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as
forças que determinam a concorrência da indústria.”
De acordo ainda com Porter (1991), estratégia é criar uma posição exclusiva e
valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades. A estratégia está preocupada
com objetivos de longo prazo e os meios para alcançá-los que afetam o sistema como
um todo. Esta definição caracteriza a estratégia como o elemento que conecta os
34
objetivos em longo prazo, às metas e ações, dentro de um processo sistêmico, que
envolve toda a organização, estabelecendo, por sua vez, uma conexão com os recursos
necessários para sua efetiva implementação.
Mintzberg (2004), oferece mais uma definição do termo estratégia, aplicada aos
negócios, conhecida no meio acadêmico como os "5 P's”, através de cinco definições de
estratégia, a saber, : plano - uma direção a seguir -, padrão – consistência de
comportamento ao longo do tempo-, posição - definição de determinados produtos em
determinados mercados - , perspectiva – maneira da organização fazer as coisas -,
pretexto – manobra específica para desconcertar o concorrente. As perspectivas
sistematizadas por Mintzberg (2004), podem ser complementares umas das outras,
consoante à situação em análise, não sendo incompatíveis entre si. Por isso,
normalmente utilizam-se em simultâneo, algumas das perspectivas analisadas quando se
define um conceito de estratégia. Vale destacar que a estratégia atinge toda a empresa,
procurando definir a direção e orientando à empresa competitivamente.
A partir do estudo da estratégia como plano e padrão, Mintzberg et. al. (2000),
afirmou que as intenções plenamente realizadas podem ser chamadas de estratégias
deliberadas e as não realizadas de estratégias irrealizadas. A estratégia emergente surge
quando um padrão realizado não era pretendido e foram tomadas providências que
convergiram com o tempo para algum tipo de consistência ou padrão. Assim, poucas ou
nenhuma estratégias são puramente deliberadas ou emergentes. A primeira significa
aprendizado zero e a segunda representa controle zero.
Para Mintzberg (1998), a imagem que melhor representa o processo de elaboração
de uma estratégia é a criação artesanal, pois a arte requer as qualidades tradicionais de
habilidade, dedicação e perfeição, que se manifestam no domínio dos detalhes.
A observação e a análise de clusters de negócios, sob a ótica da estratégia, sugerem
que esse tipo de agrupamento manifesta uma natureza sistêmica, cujo reconhecimento
conduz a uma compreensão mais ampla do próprio fenômeno cluster. Nesse sentido,
Zaccarelli et. al. (2008) afirmam que o conjunto de empresas de um cluster forma um
sistema, que pode ser entendido como uma entidade supra-empresarial, e que, embora
essa entidade possa ser considerada “uma abstração”, ela apresenta comportamento com
características próprias, que não existem nas empresas isoladamente. Esses
pesquisadores definem entidade supraempresarial como um sistema instituído pelo
relacionamento entre um conjunto de negócios ligados a um produto, linha, categoria ou
35
mercado, que apresenta efeitos sistêmicos de amplificação da capacidade competitiva
do sistema e de seus componentes em relação a empresas situadas externas a ele.
Segundo uma perspectiva sistêmica de análise, para Cassiollato e Lastres (2003), a
competitividade da firma não depende apenas de sua conduta individual, mas também
de variáveis macroeconômicas, político-institucionais, reguladoras, sociais e de infra-
estrutura, em níveis local, nacional e internacional.
Para os mesmos autores, essa compreensão supõe que o aproveitamento das
sinergias coletivas geradas pelas interações entre empresas e destas com os demais
atores do ambiente onde se localizam – envolvendo cooperação e processos de
aprendizado e inovação interativos – são determinantes da competitividade desses
aglomerados produtivos. Daí porque tal abordagem vem sendo crescentemente adotada
em políticas orientadas para ampliação da competitividade de países e regiões.
Para Borin (2006), nos últimos anos, crescente importância tem sido atribuída à
consolidação de sistemas produtivos como fator de incremento à competitividade da
indústria, além, de alguns estudos revelarem que a participação de pequenas empresas
nesses sistemas possibilita o acesso a recursos e competências especializadas
disponíveis em escala local, o que permite o aprofundamento de processos de
aprendizado e favorece uma inserção mais dinâmica às empresas, numa concorrência
que se intensifica e se torna mais globalizada.
Ainda para a mesma autora, as novas condições competitivas, impõem desafios
específicos à sobrevivência de pequenas empresas, geralmente mais vulneráveis no que
se refere a canais de suprimento comercialização e financiamento. Neste contexto,
existem evidências de que a inserção de pequenas empresas em sistemas produtivos
reforça suas possibilidades de sobrevivência e crescimento, na medida em que favorece
a capacitação produtiva e tecnológica dessas empresas e amplia suas possibilidades de
acesso àqueles canais.
Os benefícios que um aglomerado produtivo pode propiciar são vários, como, por
exemplo, o acesso facilitado à matéria-prima e à mão de obra especializada (LASTRES;
CASSIOLATO, 2005); à economias de escala; ao desenvolvimento de barreiras aos
novos entrantes (FERREIRA JUNIOR; TEIXEIRA, 2007); à redução dos custos de
transação; à redução de custos em pesquisas; à promoção do desenvolvimento local
(ANDRIGHI; HOFFMAMM, 2008), entre outros. Entre os diversos benefícios que
podem ser identificados, os que sobressaem na literatura sobre as vantagens da
proximidade geográfica referem-se à disseminação da informação, à transferência do
36
conhecimento e ao aprendizado organizacional (BALESTRIN; FAYARD, 2003;
HOFFMANN, MOLINA-MORALES; MARTINEZ-FERNANDEZ, 2004).
Conforme Garcia et al. (2004), as vantagens competitivas das empresas em
aglomerações industriais são de duas naturezas: as economias externas puras, de caráter
incidental, e as ações conjuntas que são estabelecidas pelos agentes econômicos.
Para os mesmos autores, as economias externas são provenientes do extenso
processo de divisão do trabalho encontrado nos sistemas locais de produção e da
especialização dos produtores, o que motiva a manutenção de interações entre os atores
econômicos de forma mais frequente, e, leva, por meio da interação, ao
desenvolvimento de um processo local de aprendizado. Os benefícios são apropriados
pelo conjunto dos produtores, mesmo que de forma assimétrica, de acordo com a
capacidade de comando da cadeia local (e global) de produção.
Conforme Schmitz (1997), a concentração das empresas em aglomerações
industriais é capaz de proporcionar um maior escopo para o estabelecimento de ações
conjuntas deliberadas, que são resultado de construções sociais específicas dos agentes
locais e se transformam em importantes ganhos de competitividade para as empresas.
Amato Neto (2000), ressalta que a cooperação interempresarial pode viabilizar o
atendimento de uma série de necessidades das empresas que seriam de difícil satisfação
se as empresas atuassem isoladamente, destacando: a) a combinação de competências e
know-how de outras empresas; b) um menor custo na realização de pesquisas
tecnológicas; c) compartilhamento do desenvolvimento de conhecimentos adquiridos;
d)compartilhamento de recursos; e) partilhar riscos e custos de explorar novas
oportunidades; f) fortalecer o poder de compra; g) obter mais força para participar de
mercados internacionais.
Além das economias externas incidentais, entretanto, os agentes locais (empresas e
instituições) podem reforçar sua capacidade competitiva por meio de ações conjuntas
deliberadas, tais como compra de matérias primas, promoção de cursos de capacitação
gerencial e formação profissional, criação de consórcios de exportação, contratação de
serviços especializados, estabelecimento de centros tecnológicos de uso coletivo,
cooperativas de crédito, entre outros. A conjugação das economias externas incidentais
com as obtidas por ações conjuntas deliberadas resulta na chamada “eficiência
coletiva”, principal determinante da capacidade competitiva das empresas locais
(SCHMITZ; NADVI, 1999).
37
Para Costa (2007), o desenvolvimento de um arranjo produtivo não é algo pré-
concebível. As ações implementadas devem condizer com as especificidades locais e
serem política e socialmente respaldadas, tanto no âmbito interno quanto externo. O
mesmo autor, ressalta algumas ações a serem implementadas nos aglomerados
produtivos, com vistas ao seu desenvolvimento, como: a) aglutinação dos produtores em
cooperativas e associações de modo que as compras realizadas aos fornecedores possam
ser conjunta; b) estruturar central de armazenamento; c) reciclar e aproveitar resíduos;
d) extrair racionalmente os recursos naturais; e) ações de responsabilidade social; f)
reorganizar as linhas de produção; g) estimular ações inovativas; h) utilizar
equipamentos de modo coletivo; i) aproximar os aglomerados de instituições
acadêmicas e de pesquisas; j) desenvolver novos equipamentos; k) ofertar capacitação
técnica; l) divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas; m)
padronizar as embalagens e os produtos; n) elaborar programa de marketing; o)
implementar controle de qualidade; p) criar design moderno e competitivo para os
produtos; q) elaborar estudos de mercados; r) elaborar banco de potenciais clientes.
Todas as ações citadas, de acordo com Costa (2007), cabem à própria iniciativa
privada e ao grupo gestor do aglomerado produtivo, podendo ser complementadas com
um programa estatal de incentivo. Nesse sentido, ao Estado, além da sua participação
indireta por intermédio de seus representantes, cabe executar qualquer esforço que
garanta aos produtores regionais o acesso a mercados extra-regionais e criar uma infra-
estrutura econômica que dê suporte as ações implementadas.
2.5 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Na literatura, conforme Costa e Costa (2007), a denominação 'arranjo produtivo
local' está associada aos estudos sobre clusters e distritos industriais realizados
principalmente por economistas italianos, com o objetivo de analisar o desenvolvimento
daquele país a partir dos anos de 1970.
Para Pannicia (1998), clusters e distritos industriais são formas da organização
produtiva cujas manifestações apresentam caráter histórico, resultante de
entrelaçamento de ambiente econômico, de elementos culturais e de relações sociais
particulares, apresentando características associadas à história do território sob o qual se
desenvolvem. Assim, ao se estudar situações reais, constata-se uma variedade de
configurações, decorrentes da presença mais ou menos desenvolvida daqueles atributos.
38
Já para Costa e Maior (2006), clusters, arranjos produtivos locais e distritos
industriais são denominações parecidas e as diferenciações entre elas são provenientes
das suas origens teóricas e abordagens sobre a análise do grau de relação entre os
membros do agrupamento e vertentes oriundos dele.
Segundo Borin (2006), independente da nomenclatura - distrito industrial; clusters;
milieu inovador; sistema produtivo local; ou arranjo produtivo local, redes de empresas,
o que deve chamar a atenção são os elementos estruturantes comuns para o
desenvolvimento de um arranjo produtivo.
Ainda de acordo com Borin (2006), os diversos trabalhos realizados em países como
Itália, Brasil, México, França, Estados Unidos etc., para quaisquer que sejam as
diferentes denominações utilizadas o grau de especialização ou a amplitude das
cooperações interempresas, colocaram em foco a importância das estruturas sociais que
condicionam as atividades econômicas, o peso da história e das tradições locais de
cooperação, a influência de instituições baseadas em regras, formais ou informais, em
valores e em representações que organizam a comunidade humana de trabalho.
Conforme Costa e Costa (2007), a expressão arranjo produtivo local (APL) é empregada
para representar uma forma de organização industrial cuja estrutura é constituída por um
aglomerado de empresas – de um modo geral de pequeno e médio porte – localizadas
territorialmente e relacionadas entre si, onde existe pouca presença de barreiras à
entrada seja de capital, de conhecimento, técnico, ou de outra natureza qualquer; por
apresentar um produto representativo, em torno do qual se desenvolvem atividades
subsidiárias a montante e a jusante; ter uma institucionalidade constituída por
associações empresariais, sindicatos, organizações fornecedoras de serviços reais,
governo local, além de se poder encontrar, ainda, normas, cultura e valores que dão
identidade específica ao local.
Segundo Cassiolato e Lastres (2003), o termo APL é originalmente brasileiro,
adotado, inclusive, em publicações oficiais do governo federal, como estratégia
prioritária dentro das políticas de desenvolvimento, sendo sua identificação e
implementação proveniente das bases teóricas de distritos industriais. Para os mesmos
autores, a formação de arranjos e sistemas produtivos locais encontra-se geralmente
relacionada a trajetórias históricas de construção de identidades e de formação de
vínculos territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social, cultural, política e
econômica comum. O desenvolvimento dos arranjos é favorecido em ambientes
propícios à interação, à cooperação e à confiança entre os atores.
39
Para Barbosa (2004), o conceito de arranjos produtivos locais refere-se ao
agrupamento ou aglomeração de empresas, que concentradas geograficamente,
especializam-se na produção ou no desenvolvimento de um determinado produto, seja
primário, secundário ou terciário. Já para Sampaio e Mundim (2004), o arranjo
produtivo local é composto por uma microrrede principal que tem como função incubar
outras microrredes, constituindo, assim, encadeamentos produtivos para frente e para
trás.
De acordo com Tavares et. al. (2010), é possível identificar alguns elementos
convergentes entre as várias definições. De maneira geral, as aglomerações produtivas
são geralmente definidas a partir de quatro elementos principais: a) concentração
espacial de empresas que executam atividades semelhantes e complementares, b)
conjunto de instituições locais públicas e privadas que apoiam as empresas locais, c)
existência de vínculos interorganizacionais verticais e horizontais e d) concordância
ampla em torno de normas gerais de conduta fundamentados por vínculos sociais e
culturais.
Levando em consideração que os APLs podem apresentar diferenciações
significativas, em virtude da sua capacidade dinâmica, Mytelka e Farinelli (2000),
dividem os APLs (cluster) em informais, organizados e inovativos. Os APLs informais
geralmente são formados por um grande número de pequenas empresas, com baixo
nível tecnológico, cujos gestores possuem pouca ou nenhuma capacidade e formação
gerencial, proporcionando, por um lado, uma dinâmica acentuada na geração de
emprego e, por outro lado, dificultando o processo de cooperação interfirmas.
Ainda para esses autores, os APLs organizados são constituídos, geralmente, por
PMEs, onde a capacidade tecnológica encontra-se em expansão, a mão-de-obra recebe
treinamento constante e a capacidade gerencial tende a se elevar com o passar do tempo,
sendo sua principal característica a capacidade de coordenação entre as empresas.
Para Mytelka e Farinelli (2000), os APLs inovativos são baseados em setores nos
quais a capacidade inovativa é a grande chave de seu desempenho, caracterizado por
elevada capacidade gerencial e adaptativa, nível e treinamento da mão de obra acima da
média, vinculação estreita ao mercado externo, além de um elevado grau de confiança e
cooperação entre os agentes. Para os autores, os informais e os organizados são a forma
predominante nos países periféricos, sendo os inovativos a forma mais encontrada nos
países centrais.
40
De acordo com Tristão (2000), a importância de um cluster ou APL está em
viabilizar ações que permitam enfrentar e criar alternativas para as empresas em face da
concorrência desenfreada que a globalização de mercado impôs aos diversos setores da
economia. Essas ações levam ao aumento da produtividade, pois possibilitam, por meio
da integração de empresas, o alcance de matéria-prima, mão-de-obra, maquinário,
informação, produtos e serviços mais qualitativos e até inovadores .
41
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 ESQUEMA METODOLÓGICO
Para alcance dos objetivos da pesquisa, foram realizados os procedimentos
metodológicos apresentados na Figura 1. A princípio, foi realizada uma revisão da
literatura que proporcionou elencar variáveis analíticas presentes no instrumento de
pesquisa utilizado na coleta dos dados, os quais foram tratados e tiveram seus resultados
analisados.
Figura 1 – Esquema Metodológico
Fonte: Elaborado pelo autor
Revisão da literatura
sobre estratégia e
competitividade
Revisão da literatura
sobre aglomerações
produtivas
Revisão da literatura
sobre arranjos
produtivos locais
Identificação das motivações, ações
estratégicas e benefícios envolvidos em APLs
na teoria
Definição das variáveis analíticas
Coleta dos dados nos
APLs de Cerâmica
Vermelha e
Panificação
Construção do
instrumento de
pesquisa
Análise dos
Resultados
Tratamento
dos dados
Considerações
finais
Contextualização
histórica
Revisão da literatura
sobre micro e
pequenas empresas
Validação do
Instrumento de
pesquisa
42
3.2 TIPO DE PESQUISA
A pesquisa, a partir do seu objetivo, é do tipo exploratório por permitir identificar
através do levantamento bibliográfico e aplicação de questionários com as lideranças
das empresas participantes dos arranjos produtivos locais de Cerâmica Vermelha e de
Panificação do RN, o estudo das motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos
nesses APLs. Para Malhotra (2001), a pesquisa exploratória, é a que tem como objetivo
prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa.
Assim, o propósito da pesquisa não foi o de fornecer uma resposta definitiva ao
problema e sim proporcionar maiores esclarecimentos sobre o funcionamento dos APLs
no RN.
Por se tratar de uma pesquisa que descreve as características da população dos dois
APLs, o trabalho pode ser classificado como descritivo, de natureza aplicada e cuja
modalidade é de um estudo de caso, uma vez que, o objeto de estudo, é específico, bem
delimitado, contextualizado em tempo e lugar.
No sentido de cumprir o objetivo geral do trabalho foram utilizados como
procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica, embasada em conceitos sobre
aglomerações produtivas, micro e pequenas empresas, estratégia e competitividade e
arranjos produtivos locais, além da pesquisa de campo com a aplicação de
questionários.
A abordagem da pesquisa foi do tipo quantitativa por tratar-se de uma pesquisa
voltada para elementos quantificados pelo instrumento de pesquisa (questionário).
3.3 UNIVERSO/AMOSTRA
A pesquisa foi realizada com todos os empresários do APL de Cerâmica Vermelha e
de Panificação do RN, o que configura uma pesquisa censitária. Cada APL compreende
25 micro e pequenas empresas, totalizando 50 empresas. A área de abrangência do APL
de Cerâmica Vermelha compreende os municípios de Parelhas, Carnaúba dos Dantas,
Acari, Cruzeta, Jardim de Piranhas, Itajá, Assú, Apodi, Mossoró, Tangará, Goianinha,
Macaíba e São Gonçalo do Amarante. Já o APL de Panificação tem como abrangência
os municípios de Natal, Parnamirim e Macaíba.
43
Os APLs estudados fazem parte do Programa de Apoio à Competitividade das
Micro e Pequenas Indústrias – PROCOMPI – resultado de uma parceria entre o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Confederação
Nacional da Indústria (CNI), desde 2004, cuja governança é realizada pelo Instituto
Euvaldo Lodi – IEL/RN e SEBRAE/RN e onde todas as empresas tem faturamento
anual bruto de até R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).
3.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados fez uso das seguintes técnicas: a) pesquisa bibliográfica que,
segundo Oliveira (1999), visa o conhecimento de contribuições científicas; b) aplicação
de questionário, estruturado em função de itens verificados no referencial teórico e
apresentado no apêndice deste trabalho.
O procedimento de pesquisa bibliográfica compreendeu o levantamento, seleção e
fichamento das contribuições científicas relativas ao tema, buscando o entendimento do
assunto em questão, ao se organizar e revisar as bases conceituais relativas a
aglomerações produtivas, arranjo produtivo local, estratégia e micro e pequenas
empresas.
Como critérios direcionadores da literatura pesquisada foram utilizados artigos
dissertações e teses tomando como ponto de partida o uso das palavras “arranjos
produtivos locais e micro e pequenas empresas”, no título dos trabalhos. Como fontes
principais de pesquisa foram consultadas dissertações e teses recentes (2007 - 2011),
nas áreas de engenharia de produção, administração e economia, além de artigos
nacionais publicados, principalmente, em eventos (Encontro Nacional de Engenharia de
Produção – ENEGEP; Encontro Nacional da ANPAD - EnANPAD) e revistas
científicas. Além disso, foram consultadas publicações de instituições como CEPAL,
SEBRAE e IPEA e artigos publicados no período 2007 – 2011, na RAE, Revista de
Economia e Anais do SIMPEP.
Os dados primários foram levantados através da pesquisa de campo, in loco, em
reunião dos APLs, com a presença da pesquisadora, com duração de duas horas, e
compreendeu a aplicação de questionário estruturado destinado as lideranças/gestores
das empresas dos APLs. Antes da aplicação final dos questionários, os mesmos foram
validados com dois empresários do segmento de panificação e cerâmica vermelha, com
o fim de verificar o entendimento do conteúdo do instrumento de pesquisa. No APL de
44
panificação foram respondidos 17 questionários de 25 empresas o que corresponde a
68% de questionários respondidos, sendo que 14 ou 82% dos questionários foram
considerados válidos, uma vez que três questionários foram respondidos de forma
incompleta. No APL de Cerâmica Vermelha foram respondidos 19 questionários de 23
empresas, ou seja, 83% dos questionários, sendo 100% considerados válidos. Na data da
aplicação dos questionários, o APL de cerâmica vermelha não mais contava com 25
empresas e sim com 23, pois duas empresas desistiram de participar do PROCOMPI.
3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS
As variáveis analíticas foram elencadas a partir do procedimento da pesquisa
bibliográfica que subsidiou a construção do referencial teórico, como descritas nos
quadros 1, 2 e 3.
Quadro 1 – Motivações envolvidas em aglomerações produtivas Externalidades Motivações Referência
Marshallianas
A oferta de mão-de-obra especializada
local
Susigan et. al. (2006, apud
Ribeiro e Pessanha, 2010);
Fonseca Neto (2002);
Mendonça (2008);
Marshall (1985).
A presença de fornecedores no
local/região
Susigan et. al. (2006, apud
Ribeiro e Pessanha, 2010);
Fonseca Neto (2002).
Proximidade de mercados domésticos e
internacionais
Fonseca Neto (2002).
Disponibilidade de recursos naturais Fonseca Neto (2002)
Presença de economias de escala Fonseca Neto (2002);Marshall
(1985).
Infra-estrutura física adequada a
produção
Fonseca Neto (2002).
Encadeamento à jusante, à montante e
horizontal
Fonseca Neto (2002).
Existência de disseminação da
informação
Fonseca Neto (2002);
Susigan et. al. (2006, apud
Ribeiro e Pessanha, 2010).
Acesso fácil à informação. Fonseca Neto (2002);
Susigan et. al. (2006, apud
Ribeiro e Pessanha, 2010).
Schumpeterianas
Existência de um elevado número de
pessoas engajadas em atividades de
inovação
Camagni (1991); Lemos (2003);
Mendonça (2008).
Existência de nível elevado de
qualificação da mão de obra.
Mendonça (2008.)
Presença de complexa rede de relações
sociais
Camagni (1991); Lemos (2003).
45
Externalidades Motivações Referência
Schumpeterianas
Proximidade com universidades e
centros de pesquisa.
Nadvi (1995); Nadvi e Schmitz
(1997); Mendonça
(2008);UNCTAD (1998).
Presença de associações de classe e
comerciais dedicadas à qualificação da
força de trabalho
Mendonça (2008).
Presença de associações de classe e
comerciais dedicadas capacitação
tecnológica das firmas
Mendonça (2008).
Presença de associações de classe e
comerciais dedicadas assistência de
rotina às atividades produtivas,
comerciais e financeiras.
Mendonça (2008).
Presença de uma cooperação intensa
entre firmas competidoras
Mendonça (2008).
Transacionais
Presença de relações de confiança
desenvolvidas.
Lemos et. al. (2003);
Balestrin e Vargas (2004).
Existência de potencial de cooperação
para complementar recursos e
aprendizagem.
Lemos et. al. (2003)
Presença de eficiência coletiva Schmitz(1997);Mendonça(2008)
Contatos entre empresas formais e
informais.
Lemos et. al. (2003)
Presença de confiança recíproca entre os
atores.
Lemos et. al. (2003)
Trocas frequentes de informações e
conhecimento entre os atores locais de
forma não codificada.
Lemos et. al. (2003)
Influência da governança interna de
modo a facilitar o processo de compras,
vendas e marketing.
Lemos et. al. (2003)
Institucionais
Existência de instituições que favorecem
a interação entre empresas
Storper, (1995).
Existência de aspectos culturais que
estreitam os laços de confiança.
Piore e Sabel (1984).
Existência de objetivos comuns. Piore e Sabel (1984).
Existência de instituições políticas e
sociais de apoio de apoio a atividades de
parceria.
Best (1990); Piore e Sabel
(1984); Morgan e Sayer (1988);
Storper e Scott (1993).
Existências de relações estabelecidas
entre usuários e produtores.
Lundval (1988).
Institucionais
Existência de políticas voltadas para
aproximar os APLs às instituições de
ensino e pesquisa.
Tigre (2006)
Maillat & Kelbir, (1999);
Cassiolato e Lastres (2003).
46
Quadro 2 – Ações estratégicas envolvidas em aglomerações produtivas Ações estratégicas (*) Referência
Compras de matérias – primas em conjunto.
SCHMITZ E NADVI, 1999
Promoção de cursos de capacitação gerencial e formação
profissional.
Criação de consórcios de exportação.
Contratação de serviços especializados.
Estabelecimento de centros tecnológicos de uso coletivo.
Estabelecimento de cooperativas de crédito.
Estruturar central de armazenamento. Costa (2007)
Reciclar e aproveitar resíduos.
Extrair racionalmente os recursos naturais.
Realizar ações de responsabilidade social.
Reorganizar as linhas de produção.
Estimular ações inovativas.
Utilizar equipamentos de modo coletivo.
Aproximar os aglomerados de instituições acadêmicas e
de pesquisas.
Desenvolver novos equipamentos.
Divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das
empresas.
Padronizar as embalagens e os produtos.
Elaborar programa de marketing.
Implementar controle de qualidade.
Criar design moderno e competitivo para os produtos.
Elaborar estudos de mercados.
Elaborar banco de potenciais clientes.
(*) As ações estratégicas foram elencadas a partir de estudos de casos de segmentos específicos
de APLs, por isso não são relacionadas com abordagens teóricas.
47
Quadro 3 – Benefícios envolvidos nas aglomerações produtivas Tipo de
Aglomeração
Benefícios Referência
Distrito
Industrial
Redução dos custos de transação. Zdebski (2011);
Andrighi e Hoffmann (2008);
Schmitz (1997);
Iacono e Nagano (2010).
Acesso facilitado à matéria-prima. Lastres e Cassiolato
(2005);Tristão (2000).
Retornos crescentes de escala. Marshall (1985).
Acesso facilitado à mão de obra especializada. Marshall (1985);
Lastres e Cassiolato
(2005); Tristão (2000).
Promoção do desenvolvimento local. Andrighi e Hoffmamm (2008);
Zdebski (2011);
Mendonça (2008).
Cluster Aumento da produtividade das empresas. Porter (1998);
Tristão (2000).
Estímulo à formação de novos negócios. Porter (1998).
Aumento do faturamento. Porter (1998).
Redes Compartilhamento de riscos. Amato Neto (2000).
Alcance de novos mercados. Iacono e Nagano (2010).
Compartilhamento de conhecimento. Amato Neto (2000).
Compartilhamento de recursos. Amato Neto (2000).
Fortalecimento do poder de compra. Amato Neto (2000).
Desenvolvimento de barreiras aos novos
entrantes.
Ferreira Junior e Teixeira
(2007).
Redução de custos em pesquisas. Andrighi e Hoffmann (2008);
Amato Neto (2000).
Disseminação da informação. Balestrin e Fayard
(2003); Hofmann, Molina -
Morales e Martinez- Fernandez
(2004).
Transferência do conhecimento e do
aprendizado organizacional.
Balestrin e Fayard
(2003);
Hofmann, Molina - Morales e
Martinez- Fernandez (2004);
Amato Neto (2000);
Zdebski (2011);
Iacono e Nagano (2010).
Millieu
inovador
Maior capacidade inovativa. Camagni (1991);
Tristão (2000).
48
3.6 INSTRUMENTO DE PESQUISA
O instrumento de pesquisa é constituído de quatro blocos, com número de questões
diferenciado, construído a partir das variáveis analíticas listadas nos quadros 1, 2 e 3.
O primeiro bloco tem o objetivo de identificar a empresa que faz parte do APL. O
segundo bloco refere-se às motivações, o terceiro às ações estratégicas e o quarto é
relativo aos benefícios.
O instrumento de pesquisa utiliza a escala Likert de 11 pontos, variando de zero a
dez, ou seja, cada questão apresenta onze alternativas de resposta, onde (0) possui nível
incipiente, evoluindo gradualmente para (10), que assume um valor representativo de
motivação, ação estratégica e benefício.
As motivações (bloco 2) foram elencadas a partir das externalidades marshallianas
(questões 1 a 10), shumpeterianas (questões 11 a 18), transacionais (questões 19 a 28) e
institucionais (questões 29 a 34). O bloco 2 do instrumento foi redesenhado com base
no questionário elaborado por Fabricio Molica de Mendonça, no trabalho que tem o
título de “ Formação, Desenvolvimento e Estruturação de Arranjos Produtivos Locais
da Indústria Tradicional do Estado de Minas Gerais”, no quadro condicionantes
territoriais.
As ações estratégicas (bloco 3 – questões 1 a 23) foram elencadas a partir de
necessidades de segmentos específicos encontrados em teses e dissertações relativas a
estudos de caso em APLs, por isso não seguem escolas ou abordagens teóricas.
Os benefícios (bloco 4 – questões 1 a 19) foram listados a partir das diferentes
abordagens de aglomerações produtivas (distrito industrial, cluster, redes de empresas e
milleu inovador).
3.7 TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados coletados foram tabulados e tratados por meio dos métodos inerentes a
estatística descritiva, uma vez que se trata de uma pesquisa censitária, com a utilização
do programa Excel.
A estatística descritiva compreende um conjunto de métodos para a organização,
apresentação e descrição de dados representativos do comportamento de uma variável,
podendo ser utilizados tabelas, gráficos e medidas que resumem a distribuição desta
variável.
49
Os resultados, para fins de análise foram dispostos em tabelas, contendo as médias
dos grupos de variáveis analíticas, dispostas em ordem decrescente, como também
foram apresentadas as médias de cada variável analítica. As médias calculadas
significaram o grau de concordância dos entrevistados em relação às afirmações
contidas no instrumento de pesquisa.
A análise foi realizada comparando o grupo de variáveis que ficou acima da média
geral e o grupo que ficou abaixo da média geral. Na análise das variáveis, foram
destacadas as que mais contribuíram para alavancar a média geral e as que mais
contribuíram para que a média tivesse um baixo desempenho.
50
4 ANALISE DOS RESULTADOS
4.1 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE PANIFICAÇÃO
4.1.1Motivações percebidas pelos empresários do APL de Panificação
No processo de identificação das motivações, as externalidades, presentes nas
micro e pequenas empresas de panificação estudadas, são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Médias das externalidades presentes no APL de Panificação
Externalidades Médias
Marshallianas 7,06
Institucionais 6,80
Transacionais 5,46
Shumpeterianas 5,29
Média Geral 6,13
Fonte: Pesquisa
A partir da Tabela 1 verifica-se que a maior média encontrada, quando
comparada com média geral dos questionários aplicados, é das externalidades
marshallianas (7,06), o que sugere que as motivações envolvidas no APL de
panificação são provenientes de vantagens da escala territorial local, ou seja, dos ganhos
de especialização-localização, como afirma Mendonça (2008).
Dentre as variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas
destacaram-se como motivações, por possuir média acima de 7,06, a proximidade em
relação ao mercado doméstico (9,36); existência de disseminação da informação (8,86),
de relacionamentos cooperativos entre as empresas que fazem a cadeia de valor (8,79);
existência no local de infraestrutura física adequada à produção (8,14), a presença de
fornecedores no local de matéria – prima (7,71) eacesso fácil à informação (7,64),
como pode ser verificado na Tabela 2.
51
Tabela 2 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas
Questões Variáveis analíticas Médias
4 Proximidade de mercados domésticos e internacionais 9,36
10 Existência de disseminação da informação 8,86
9 Encadeamento à jusante, à montante e horizontais 8,79
8 Infraestrutura física adequada á produção 8,14
2
A presença de fornecedores no local de matéria -
prima 7,71
7 Acesso fácil à informação 7,64
3
A presença de fornecedores no local de máquinas e
equipamentos 6,07
6 Presença de economias de escala 5,79
5 Disponibilidade de recursos naturais 4,64
1 A oferta de mão de obra especializada local 3,57
Média Geral 7,06 Fonte: Pesquisa
O destaque das externalidades marshallianas, no segmento de panificação,
sugere que as motivações ou condicionantes territoriais servem como vantagens
competitivas locacionais (proximidade em relação ao mercado doméstico, existência no
local de infraestrutura física adequada à produção, a presença de fornecedores no local
de matéria – prima) favoráveis à formação do aglomerado, considerando ainda, que uma
aglomeração de produtores especializados é capaz de atrair outras empresas do mesmo
segmento econômico e de apoio à produção, o que segundo Marshall (1985), promove
ganhos de escala.
Nesse caso, o resultado sugere, ainda, que o desempenho da firma pode ser
fortalecido ou influenciado pelo desempenho geral da indústria (existência de
disseminação da informação, acesso fácil à informação), ou seja, em um aglomerado
econômico formado por empresas de pequeno porte, o desenvolvimento da empresa, de
forma isolada, tem dependência do desenvolvimento do conjunto das fábricas que são
do mesmo gênero e estão localizadas na vizinhança.
As externalidades institucionais, que apresentaram a segunda maior média
(6,80), estão relacionadas à dependência de recursos de legitimação, segundo Balestrin e
Verschoore (2008). As variáveis analíticas que apresentaram média acima de 6,80, na
composição das externalidades institucionais, como pode ser visto na Tabela 3,
evidenciam a existência de objetivos comuns (8,50), de relações estabelecidas entre
clientes e produtores (8,07), de instituições que favorecem a interação entre as empresas
52
(7,29) e da existência do apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de
parceria (6,93).
Tabela 3 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais
Questões Variáveis analíticas Médias
31 Existem objetivos comuns 8,50
33 Existem relações estabelecidas entre clientes e produtores 8,07
29 Existem instituições que favorecem a interação entre as empresas 7,29
32
Existe apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de
parceria 6,93
30 Existem aspectos culturais que fortalecem os laços de confiança 5,50
34
Há políticas voltadas para aproximar os APLs às instituições de ensino
e pesquisa 4,50
Média Geral 6,80 Fonte: Pesquisa
A princípio, é possível compreender o destaque obtido pelas externalidades
institucionais, uma vez que, as empresas são de pequeno porte e a busca pela
legitimidade pode ser facilitada por um grupo de firmas, em vez da atuação isolada de
empresas. O destaque da existência de objetivos comuns sugere a valorização do
potencial de cooperação, evidenciando, no entanto, que a presença de sujeitos que
favoreçam a interação entre as empresas e apoiem o desenvolvimento de atividades de
parceria não significa a existência do fortalecimento dos laços de confiança, conforme
indica o resultado encontrado.
Por outro lado, os outros dois tipos de externalidades que apresentaram resultado
abaixo da média geral foram as externalidades transacionais (5,46) e as shumpeterianas
(5,29). No que se refere às externalidades transacionais, evidencia-se que as variáveis
analíticas que apresentaram menor média, apresentadas na Tabela 4, são relativas à
influência da governança no processo de compras (1,29) e de vendas (4,0), o contato
entre empresas formais e informais (4,93) e a presença de confiança recíproca entre os
atores (5,21).
De um modo geral, o resultado encontrado para as externalidades transacionais
indica que as empresas apresentam pontos restritivos à cooperação, situação já apontada
nas externalidades institucionais, onde foi encontrado um potencial para cooperação,
mas fracas relações de confiança, sendo esta última ratificada nas externalidades
transacionais. O contato entre as empresas formais e informais indica a partir do
entendimento do tipo de relação de confiança apresentado, que a competição prevalece
sobre a cooperação. Outro ponto de destaque diz respeito à presença da governança do
53
APL, a qual, de acordo com o resultado, não tem reduzido os custos de transação
esperados em compras e vendas.
Tabela 4 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais
Questões Variáveis analíticas Médias
21
Existência de potencial de cooperação para complementar
recursos 6,93
25
Trocas frequentes de informações e conhecimento entre os
atores locais de forma não codificada 6,93
22
Existência de potencial de cooperação para complementar
aprendizagem 6,71
20 Presença de eficiência coletiva 6,57
19 Presença de relações de confiança desenvolvidas 6,07
28
Influência da governança interna de modo a facilitar o
processo de marketing 5,93
24 Presença de confiança recíproca entre os atores 5,21
23 Contatos entre empresas formais e informais 4,93
27
Influência da governança interna de modo a facilitar o
processo de vendas 4,00
26
Influência da governança interna de modo a facilitar o
processo de compras 1,29
Média Geral 5,46 Fonte: Pesquisa
Já para as externalidades shumpeterianas, as variáveis analíticas que
apresentaram média abaixo da média geral, de acordo com a Tabela 5, foram a presença
de complexa rede de relações sociais (1,21) e existência de nível elevado de
qualificação da mão de obra (3,07).
Tabela 5 – Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas
Questões Variáveis analíticas Médias
17
Presença de associações de classe e comerciais dedicadas a assistência de
rotina às atividades produtivas, comerciais e financeiras. 7,93
14 Proximidade com universidades e centros de pesquisa 6,93
15
Presença de associações de classes e comerciais dedicadas a qualificação da
força de trabalho. 6,29
11
Existência de um elevado número de pessoas engajadas em atividades de
inovação 5,86
18 Presença de uma cooperação intensa entre firmas competidoras. 5,57
16
Presença de associações de classes e comerciais dedicadas a capacitação
tecnológica das firmas 5,50
12 Existência de nível elevado de qualificação da mão de obra 3,07
13 Presença de complexa rede de relações sociais 1,21
Média Geral 5,29 Fonte: Pesquisa
54
O resultado encontrado pode ser explicado a partir da compreensão que em
empresas de pequeno porte a qualificação da mão de obra, geralmente, ocorre na rotina
da produção, para o trabalho requerido, não havendo um elevado nível de qualificação
dos empregados, propício à criação do ambiente inovativo. O destaque para a baixa
presença de complexa rede de relações sociais pode representar a dificuldade de troca
de informações, de conhecimento entre empresas e sujeitos que produzem conteúdo de
maior valor agregado, uma vez que os recursos para acesso a esse conteúdo e rede, são
escassos para as pequenas empresas.
4.1.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de Panificação
As ações estratégicas identificadas foram agrupadas de acordo com as quatro
perspectivas do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton (2004), apresentadas na Tabela
6.
Tabela 6 - Médias das ações estratégicas presentes no APL de Panificação
Ações estratégicas Médias
Financeira 6,36
Clientes 8,27
Processos 7,91
Aprendizado e crescimento 8,73
Média Geral 8,11
Fonte: Pesquisa
Os resultados encontrados apresentam como médias acima da média geral a
perspectiva de aprendizado e crescimento (8,73) e dos clientes (8,27). No âmbito do
aprendizado e crescimento, como pode ser visto na Tabela 7, os empresários percebem
como principais ações estratégicas o estímulo a ações de inovação (9,29), a promoção
de capacitação gerencial e formação profissional (9,21) e aaproximação dos
aglomerados de instituições acadêmicas e de pesquisas (8,93).
55
Tabela 7 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva
de aprendizado e crescimento Questões Variáveis analíticas Médias
12 Estimular ações inovativas 9,29
2 Promoção de cursos de capacitação gerencial e formação profissional 9,21
23 Aproximar os aglomerados de instituições acadêmicas e de pesquisas 8,93
14 Desenvolvimento de novos equipamentos 7,50
Média Geral 8,73 Fonte: Pesquisa
As ações estratégicas compreendidas no grupo aprendizado e crescimento são as
percebidas, pelos empresários, como as que podem desenvolver os empregados,
tecnologia e cultura relacionada, principalmente, à inovação.
Para Ansoff e McDonnell (1993), a estratégia orienta o processo de
desenvolvimento de uma organização, ou seja, é um processo decisório com o fim de
criar valor. Assim, parece existir uma relação entre as motivações shumpeterianas que
apresentaram última posição, dentre as motivações do APL de panificação e as ações
estratégicas de aprendizado e crescimento. As empresas de panificação estudadas não
estão envolvidas em um aglomerado porque o grupo oferece, a priori, inovação. Pelo
contrário, esta situação se configura como um processo crítico que necessita de uma
ação deliberada para o APL, ou seja, uma ação estratégica.
No que se refere à perspectiva dos clientes, evidenciam-se as ações de divulgar
os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas (9,36); elaborar programas de
marketing (9,29), criar design moderno e competitivo para os produtos (9,29), elaborar
estudos de mercado (9,14), elaborar banco de potenciais clientes (9,00) e padronizar as
embalagens e os produtos (8,50), apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva
de cliente
Questões Variáveis analíticas Médias
15 Divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas 9,36
18 Elaborar programas de marketing 9,29
20 Criar design moderno e competitivo para os produtos 9,29
21 Elaborar de estudos de mercado 9,14
22 Elaborar banco de potenciais clientes 9,00
17 Padronizar as embalagens e os produtos 8,50
10 Realizar ações de responsabilidade social 7,43
3 Criação de consórcios de exportação 4,14
Média Geral 8,27 Fonte: Pesquisa
56
A perspectiva do cliente como segunda maior média, revela preocupação com o
desempenho da empresa em relação ao mercado. A partir do entendimento de que na
empresa privada o objetivo maior costuma ser o lucro, percebe-se que em empresas de
pequeno porte, onde na maioria dos casos, proprietários se confundem com gestores, o
interesse pelo lucro, provavelmente, domina as decisões da empresa, explicando a
atenção com o mercado.
No que diz respeito à perspectiva de processos de ações estratégia, destacam-se,
como pode ser visto na Tabela 9, as ações de padronizar as embalagens e os produtos
(9,50); padronizar as embalagens e os produtos (9,43); compras de matérias - prima em
conjunto (9,14); reorganizar as linhas de produção (9,07); estabelecimento de centros
tecnológicos de forma coletiva (9,0); contratação de serviços especializados (8,86);
reciclagem e aproveitamento de resíduos (8,07).
Tabela 9 - Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da perspectiva
de processos internos
Questões Variáveis analíticas Médias
16 Padronizar as embalagens e os produtos 9,50
19 Implementar controle de qualidade 9,43
1 Compras de matérias - prima em conjunto 9,14
11 Reorganizar as linhas de produção 9,07
5 Estabelecimento de centros tecnológicos de forma coletiva 9,00
4 Contratação de serviços especializados 8,86
9 Reciclagem e aproveitamento de resíduos 8,07
7 Estruturar central de armazenamento 7,21
8 Extrair racionalmente os recursos naturais 6,14
13 Utilizar equipamentos de forma coletiva 2,50
Média Geral 7,91 Fonte: Pesquisa
A posição em penúltimo lugar das ações estratégicas na perspectiva dos
processos pode ser relacionada com as externalidades transacionais, que também
obtiveram a mesma posição (terceiro lugar), uma vez que, entre as empresas estudadas
existe uma relação caracterizada mais pela competição do que pela cooperação, com
fracas relações de confiança.
No que diz respeito à perspectiva financeira, as empresas parecem não
apresentar grande interesse para o estabelecimento de uma cooperativo de crédito
(6,36), talvez em decorrência do segmento já ter realizado esforço nesse sentido e a
cooperativa ter fechado as suas atividades.
57
4.1.3 Benefícios identificados pelos empresários do APL de Panificação
Os benefícios identificados foram agrupados de acordo com as características
das abordagens teóricas relacionadas a aglomerações produtivas, apresentadas na Tabela
10.
Tabela 10 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Panificação
Abordagem teórica Médias
Milleu Inovador 8,86
Cluster 8,24
Redes 7,89
Distrito Industrial 6,91
Média Geral 7,74
Fonte: Pesquisa
A Tabela 10 apresenta que a maior média obtida, em relação às características de
aglomeração produtiva foi a do milleu inovador, a qual destaca a variável de capacidade
inovativa com a mesma média (8,86). Em termos de benefício, o resultado significa que
na percepção dos empresários, a maior vantagem para a empresa estabelecer relações de
cooperação em um grupo de empresas refere-se à formação de um ambiente inovador.
Este resultado sugere que embora os empresários participem de uma aglomeração
econômica movidos por vantagens territoriais (externalidades marshallianas), percebem
que o maior benefício de participar de um APL seria criar um ambiente inovador,
ratificando o resultado da maior média encontrada, nas ações estratégicas, ser a
aprendizado e crescimento e a menor média observada nas motivações ser a das
externalidades shumpeterianas.
As características de cluster aparecem como a segunda maior média (8,24),
destacando-se o aumento do faturamento (8,57) e o estímulo à formação de novos
negócios (8,36), como principais benefícios, como pode ser observado na Tabela 11.
58
Tabela 11 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de cluster
Questões Variáveis analíticas Médias
8 Aumento do faturamento 8,57
7 Estímulo à formação de novos negócios 8,36
6 Aumento da produtividade das empresas 7,79
Média Geral 8,24 Fonte: Pesquisa
Nesse caso, também, o resultado pode ser relacionado com o resultado das ações
estratégicas que se referem à perspectiva de clientes, segunda maior média,
evidenciando a preocupação da empresa em criar valor para o seu cliente e com o seu
desempenho no mercado. Ressalta-se ainda, que de acordo com Schmitz (1995), cluster
não pressupõe necessariamente a especialização e cooperação entre firmas, situação
evidenciada pelo resultado das externalidades transacionais com a baixa presença de
confiança recíproca entre os atores, embora exista um potencial de cooperação por meio
dos objetivos comuns, variável encontrada nas externalidades institucionais.
Para as redes (média de 7,89) que também obtiveram posição acima da média
geral das abordagens (7,74), as variáveis analíticas que se destacaram foram a de
compartilhamento de conhecimento (9,07), compartilhamento de riscos (8,86), alcance
de novos mercados (8,64), compartilhamento de recursos (8,57), transferência do
conhecimento (8,07), fortalecimento do poder de compra (8,0) e disseminação da
informação (8,0), como pode ser visto na Tabela 12.
Tabela12 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de rede
Questões Variáveis analíticas Médias
11 Compartilhamento de conhecimento 9,07
9 Compartilhamento de riscos 8,86
10 Alcance de novos mercados 8,64
12 Compartilhamento de recursos 8,57
17 Transferência do conhecimento 8,07
13 Fortalecimento do poder de compra 8,00
16 Disseminação da informação 8,00
18 Transferência do aprendizado organizacional 7,86
15 Redução de custos em pesquisas 7,14
14 Desenvolvimento de barreiras aos novos entrantes 4,71
Média Geral 7,89 Fonte: Pesquisa
A possível configuração de rede para as empresas estudadas aponta para o que o
que Casarotto e Pires (1998) classificou como redes flexíveis, uma vez que, a
59
cooperação ocorre entre empresas independentes, conceito que se assemelha a definição
de cluster e cuja viabilidade está na ênfase da economia dos custos de transação.
Nesse sentido, observa-se que a posição da abordagem de redes, é da mesma
ordem (terceiro lugar) que as externalidades transacionais, o que sugere que a maioria
das variáveis analíticas destacadas na abordagem de redes necessita de relações de
confiança fortalecidas, não destacadas na pesquisa.
Com média abaixo da média geral é verificada a abordagem de distrito industrial
(6,91), destacando-se como inferiores a média o acesso facilitado à matéria prima (5,43)
e acesso facilitado à mão de obra especializada (5,71), conforme Tabela 13.
Tabela 13 - Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem de distrito industrial
Questões Variáveis analíticas Médias
1 Redução dos custos de transação 8,57
5 Promoção do desenvolvimento local 7,64
4 Retornos crescentes de escala 7,50
3 Acesso facilitado à mão de obra especializada 5,71
2 Acesso facilitado à matéria prima 5,43
Média Geral 6,91 Fonte: Pesquisa
Segundo Schmitz (1995), quando um cluster desenvolve formas de cooperação
que levam à intensificação da produção e da sua capacidade de inovar, um distrito
industrial está formado. A partir dessa afirmação, compreende-se a posição do distrito
industrial, considerando o resultado das externalidades shumpeterianas e transacionais,
ou seja, as empresas estudadas apresentam necessidade de criar um ambiente inovativo,
por meio de estratégias de aprendizado e crescimento, além de desenvolver laços de
confiança.
4.2 RESULTADOS RELATIVOS AO APL DE CERÂMICA VERMELHA
4.2.1 Motivações percebidas pelos empresários do APL de Cerâmica Vermelha
As externalidades, presentes nas micro e pequenas empresas de cerâmica
vermelha estudadas, são apresentadas na Tabela 14.
60
Tabela 14 - Médias das externalidades presentes no APL de Cerâmica Vermelha
Externalidades Médias
Institucionais 6,07
Marshallianas 5,91
Transacionais 4,69
Shumpeterianas 4,64
Média geral 5,28
Fonte: Pesquisa
Dentre as externalidades encontradas no APL de cerâmica vermelha, destacam-
se as institucionais (6,07) e marshallianas (5,91), por apresentarem média acima da
média geral de todas as motivações (5,28). Como pode ser visto na Tabela 15, para as
externalidades institucionais, as variáveis analíticas que ficaram acima da média (6,07)
são relativas à existência de relações estabelecidas entre clientes e produtores (7,35), de
objetivos comuns (7,18), de instituições que favorecem a interação entre empresas
(6,33) e de apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de parceria (6,18).
Tabela 15 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades institucionais
Questões Variáveis analíticas Médias
33 Existem relações estabelecidas entre clientes e produtores 7,35
31 Existem objetivos comuns 7,18
29 Existem instituições que favorecem a interação entre as empresas 6,33
32
Existe apoio de instituições no desenvolvimento de atividades de
parceria 6,18
30 Existem aspectos culturais que fortalecem os laços de confiança 5,06
34
Há políticas voltadas para aproximar os APLs às instituições de ensino e
pesquisa 4,00
Média Geral 6,07 Fonte: Pesquisa
Em função das externalidades institucionais constituírem a maior média entre as
motivações observadas, pode-se deduzir que dentre as principais motivações para o
envolvimento dos empresários da cerâmica vermelha em um APL, diz respeito à
existência de instituições (Sindicato, Federação das Indústrias, SEBRAE, IEL, etc) que
podem facilitar ou promover o aumento do processo de desenvolvimento endógeno.
Este desenvolvimento ocorre quando as instituições fazem a interlocução entre as
empresas e entre estas e estruturas de suporte, proporcionando aprendizado coletivo,
geração e disseminação de conhecimento e inovação. Evidencia-se também, que o
61
resultado encontrado indica que as empresas de cerâmica vermelha tem potencial de
cooperação (existência de objetivos comuns), embora os aspectos culturais não
fortaleçam os laços de confiança.
Conforme Tabela 16, para as externalidades marshallianas, as variáveis
analíticas que apresentaram média acima de 5,91 foram disponibilidade de recursos
naturais (7,12), infraestrutura física adequada a produção (7,12), presença de
fornecedores no local de matéria – prima (6,94), proximidade de mercados domésticos e
internacionais (6,47), presença de economias de escala (6,12), existência de
disseminação da informação (6,06) e encadeamento à jusante, à montante e horizontais
(5,71).
Tabela 16 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades marshallianas
Questões Variáveis analíticas Médias
5 Disponibilidade de recursos naturais 7,12
8 Infraestrutura física adequada à produção 7,12
2 A presença de fornecedores no local de matéria - prima 6,94
4 Proximidade de mercados domésticos e internacionais 6,47
6 Presença de economias de escala 6,12
10 Existência de disseminação da informação 6,06
9 Encadeamento à jusante, à montante e horizontais 5,94
7 Acesso fácil à informação 5,71
1 A oferta de mão de obra especializada local 5,06
3 A presença de fornecedores no local de máquinas e equipamentos 2,53
Média Geral 5,91 Fonte: Pesquisa
As externalidades marshallianas como segunda maior média sugere que os
empresários percebem como motivações os atributos advindos do território onde estão
localizados. Evidencia-se ainda, que o resultado encontrado, pode indicar que esses
atributos ou ativos do local não são independentes, uma vez que, as variáveis analíticas
em destaque obedecem a uma ordem, iniciando com a disponibilidade de recursos
naturais, seguida de infraestrutura adequada para a produção, presença de fornecedores
de matéria – prima e proximidade com o mercado consumidor. Observa-se ainda que o
destaque da variável “disponibilidade de recursos naturais” revela a importância que a
região tem, uma vez que, é rica em argila, matéria – prima necessária para o tipo de
indústria estudada. Pode-se dizer que o território funciona, nesse caso, como uma força
produtiva que alimenta e reforça a capacidade de cada empresa dentro do APL.
62
A análise dos resultados, sob o ponto de vista, das externalidades que
apresentaram média abaixo da média geral evidencia as externalidades transacionais
(4,69) e shumpeterianas (4,64).
De acordo com a Tabela 17, as variáveis analíticas que ficaram abaixo da média
das externalidades transacionais (4,69) são: existência de potencial de cooperação para
complementar recursos (4,35), presença de confiança recíproca entre os atores (4,0),
contatos entre empresas formais e informais (3,94), contatos entre empresas formais e
informais (3,65) e influência da governança interna de modo a facilitar o processo de
compras (2,24).
Tabela 17 - Média das variáveis analíticas contidas nas externalidades transacionais
Questões Variáveis analíticas Médias
25
Trocas frequentes de informações e conhecimento entre os atores locais
de forma não codificada 6,71
20 Presença de eficiência coletiva 6,06
28
Influência da governança interna de modo a facilitar o processo de
marketing 5,53
22
Existência de potencial de cooperação para complementar
aprendizagem 5,29
19 Presença de relações de confiança desenvolvidas 5,18
21 Existência de potencial de cooperação para complementar recursos 4,35
24 Presença de confiança recíproca entre os atores 4,00
23 Contatos entre empresas formais e informais 3,94
27
Influência da governança interna de modo a facilitar o processo de
vendas 3,65
26
Influência da governança interna de modo a facilitar o processo de
compras 2,24
Média Geral 4,69 Fonte: Pesquisa
O resultado encontrado para as externalidades transacionais (terceira posição)
sugere que embora exista cooperação, de acordo com as externalidades institucionais,
esta não é suficiente para reduzir os custos de transação, e por isso não se configura na
principal motivação para os empresários participarem de um APL. Nesse caso percebe-
se ainda, a fraca presença de confiança mútua entre os empresários e uma pequena
contribuição da governança no processo de vendas e de compras.
Para as externalidades shumpeterianas, as variáveis analíticas que ficaram
abaixo da média (4,64) e apresentadas na Tabela 18, foram: existência de um elevado
número de pessoas engajadas em atividades de inovação (4,06), existência de nível
63
elevado de qualificação da mão de obra (4,06), presença de complexa rede de relações
sociais (2,12).
Tabela 18 - Médias das variáveis analíticas contidas nas externalidades shumpeterianas
Questões Variáveis analíticas Médias
14 Proximidade com universidades e centros de pesquisa 6,47
18 Presença de uma cooperação intensa entre firmas competidoras. 5,82
16
Presença de associações de classes e comerciais dedicadas à capacitação
tecnológica das firmas 5,24
15
Presença de associações de classes e comerciais dedicadas à qualificação
da força de trabalho. 4,71
17
Presença de associações de classe e comerciais dedicadas à assistência de
rotina às atividades produtivas, comerciais e financeiras. 4,65
11
Existência de um elevado número de pessoas engajadas em atividades de
inovação 4,06
12 Existência de nível elevado de qualificação da mão de obra 4,06
13 Presença de complexa rede de relações sociais 2,12
Média Geral 4,64 Fonte: Pesquisa
O resultado encontrado sugere que o ambiente inovador não se configura como uma
das principais motivações para os empresários do segmento de cerâmica vermelha
participarem de um APL, talvez por esse ambiente não existir na região onde as
empresas estão localizadas. Isso porque, para haver um ambiente inovador é necessário
a existência de pessoas qualificadas engajadas no desenvolvimento da base técnica
produtiva, em um processo complexo de interação com outras firmas e instituições,
variáveis de menor desempenho, conforme resultado encontrado na pesquisa.
4.2.2 Ações estratégicas identificadas pelos empresários do APL de Cerâmica
Vermelha
As ações estratégicas identificadas e agrupadas de acordo com as quatro
perspectivas do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton (2004), do APL de cerâmica
vermelha estão contidas na Tabela 19.
64
Tabela 19 - Médias das ações estratégicas presentes no APL de Cerâmica Vermelha
Ações estratégicas Médias
Financeira 7,24
Clientes 7,04
Processos 6,58
Aprendizado e crescimento 7,76
Média geral 6,97
Fonte: Pesquisa
No âmbito da perspectiva de aprendizado e crescimento destacam-se, por
estarem acima da média (7,76), as variáveis analíticas de estimular ações inovativas
(8,0) e promoção de cursos de capacitação gerencial e formação profissional (7,82),
conforme Tabela 20.
Tabela 20 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da
perspectiva de aprendizado e crescimento
Questões Variáveis analíticas Médias
12 Estimular ações inovativas 8,00
2 Promoção de cursos de capacitação gerencial e formação profissional 7,82
14 Desenvolvimento de novos equipamentos 7,65
23 Aproximar os aglomerados de instituições acadêmicas e de pesquisas 7,59
Média Geral 7,76 Fonte: Pesquisa
A partir do entendimento que a região onde as empresas estão localizadas não
oferece um ambiente inovador, conforme observado quando da análise das
externalidades shumpeterianas, é natural que os empresários percebam como estratégico
estabelecer ações que permitam a inovação, fundamental para a competitividade das
empresas.
Do ponto de vista da perspectiva financeira as empresas percebem como
estratégico o estabelecimento de cooperativas de crédito (7,24), revelando a necessidade
de captação de recursos, talvez em decorrência de não conseguirem reduzir custos de
transação ou de precisarem financiar ações de inovações.
Conforme Tabela 21, na perspectiva de clientes, as variáveis analíticas que se
destacam por estarem acima da média (7,04), são: padronizar as embalagens e os
produtos (8,18), divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das empresas
(7,88), realizar ações de responsabilidade social (7,65), elaborar programas de
65
marketing (7,47), elaborar de estudos de mercado (7,47), elaborar banco de potenciais
clientes (7,35), criar design moderno e competitivo para os produtos (7,06).
Tabela 21 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da
perspectiva de clientes
Questões Variáveis analíticas Médias
17 Padronizar as embalagens e os produtos 8,18
15
Divulgar os produtos dos aglomerados e as atividades das
empresas 7,88
10 Realizar ações de responsabilidade social 7,65
18 Elaborar programas de marketing 7,47
21 Elaborar de estudos de mercado 7,47
22 Elaborar banco de potenciais clientes 7,35
20 Criar design moderno e competitivo para os produtos 7,06
3 Criação de consórcios de exportação 3,24
Média Geral 7,04 Fonte: Pesquisa
Na perspectiva de clientes, como explicitado na Tabela 21, sete de oito ações
estratégicas se posicionaram acima da média geral (7,04). Apenas a variável criação de
consórcios de exportação (3,24) se posicionou abaixo da média geral, talvez por que o
segmento não realize atividades de exportação, sendo as ações, na sua maioria,
percebidas pelos empresários como importantes. Nesse contexto, observa-se que as
ações estratégicas relativas aos clientes, por gerar valor econômico para a empresa, tem
sua posição alinhada com a percepção dos empresários da necessidade de captação de
recursos, apresentada pela perspectiva financeira. Evidencia-se que um bom
desempenho no mercado, junto aos clientes tem como uma das consequências o
crescimento dos recursos financeiros.
Por fim, as variáveis analíticas que se destacam por ter a média abaixo da média
da perspectiva de processos (6,58), conforme Tabela 22, são: implementar controle de
qualidade (8,65), extrair racionalmente os recursos naturais (8,12), reorganizar as linhas
de produção (7,71), contratação de serviços especializados (7,35), estabelecimento de
centros tecnológicos de forma coletiva (7,24) e reciclagem e aproveitamento de resíduos
(7,24).
66
Tabela 22 – Médias das variáveis analíticas contidas nas ações estratégicas da
perspectiva de processos
Questões Variáveis analíticas Médias
19 Implementar controle de qualidade 8,65
8 Extrair racionalmente os recursos naturais 8,12
11 Reorganizar as linhas de produção 7,71
4 Contratação de serviços especializados 7,35
5 Estabelecimento de centros tecnológicos de forma coletiva 7,24
9 Reciclagem e aproveitamento de resíduos 7,24
13 Utilizar equipamentos de forma coletiva 5,71
1 Compras de matérias- prima em conjunto 5,53
7 Estruturar central de armazenamento 4,35
16 Padronizar as embalagens e os produtos 3,88
Média Geral 6,58 Fonte: Pesquisa
O resultado encontrado sugere que as ações estratégicas de processos são
percebidas como de menor prioridade pelos empresários para serem tomadas pelo
grupo, talvez porque isso implica em conhecimento do modo de operar de cada
empresa, o que só é possível compartilhar quando as relações de confiança são
recíprocas e existem contatos formais e informais entre as empresas, situação não
detectada nas externalidades transacionais. Evidencia-se também que de acordo com as
externalidades institucionais, as empresas estudadas necessitam de instituições para
intermediar as relações entre elas.
4.2.3Benefícios identificados pelos empresários do APL de Cerâmica Vermelha
Os benefícios identificados foram agrupados de acordo com as características
das abordagens teóricas relacionadas a aglomerações produtivas, apresentadas na Tabela
23.
Tabela 23 - Médias das abordagens teóricas presentes no APL de Cerâmica Vermelha
Abordagem teórica Médias
Milleu Inovador 7,76
Redes 6,57
Cluster 6,47
Distrito Industrial 5,78
Média Geral 6,41
Fonte: Pesquisa
67
De acordo com a Tabela 23 os principais benefícios percebidos pelos
empresários estão relacionados com as características da abordagem teórica de milleu
inovador que apresenta a maior média (7,76) quando comparada com a média geral
(6,41) e que destaca a variável de capacidade inovativa com a mesma média (7,76). Este
resultado indica que para os empresários a maior vantagem em participar de um APL é
criar um ambiente que gere inovação. Isso condiz com os resultados encontrados nas
externalidades shumpeterianas e na perspectiva das ações estratégicas de aprendizado e
crescimento.
No que diz respeito à abordagem de redes, as variáveis analíticas, apresentadas
na Tabela 24, que obtiveram média acima de 6,57, são: compartilhamento de
conhecimento (8,71), transferência do conhecimento (7,59), alcance de novos mercados
(7,47), transferência do aprendizado organizacional (7,29), disseminação da informação
(6,88) e redução de custos em pesquisas (6,71).
Tabela 24 – Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de redes
Questões Variáveis analíticas Médias
11 Compartilhamento de conhecimento 8,71
17 Transferência do conhecimento 7,59
10 Alcance de novos mercados 7,47
18 Transferência do aprendizado organizacional 7,29
16 Disseminação da informação 6,88
15 Redução de custos em pesquisas 6,71
9 Compartilhamento de riscos 6,24
12 Compartilhamento de recursos 5,06
13 Fortalecimento do poder de compra 4,94
14 Desenvolvimento de barreiras aos novos entrantes 4,82
Média Geral 6,57 Fonte: Pesquisa
Na pesquisa realizada, e a partir da compreensão de Casaroto Filho e Pires
(1998) as empresas são independentes entre si, possuindo flexibilidade e influência no
grupo de empresas, o que significa que a abordagem de redes é do tipo flexível. O
resultado encontrado sugere que os empresários percebem como vantagem o
conhecimento coletivo destacado pelas variáveis/benefícios de compartilhamento de
conhecimento e transferência do conhecimento. Isso também ratifica a necessidade de
inovação, ressaltada nas motivações apresentadas pelas externalidades shumpeterianas e
nas ações estratégicas da perspectiva de aprendizado e crescimento. Evidencia-se ainda,
68
que no novo modelo de competição baseado no conhecimento, é fundamental o
relacionamento entre as empresas, principalmente as de pequeno porte, onde a maioria
do conhecimento é tácito e só pode ser passado adiante através da cooperação e laços de
confiança entre as firmas.
Conforme Tabela 25, na abordagem de cluster que apresentou a terceira maior
média (6,47), destacam-se as variáveis analíticas de aumento da produtividade das
empresas (7,0) e estímulo à formação de novos negócios (6,71).
Tabela 25 – Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de cluster
Questões Variáveis analíticas Médias
6 Aumento da produtividade das empresas 7,00
7 Estímulo à formação de novos negócios 6,71
8 Aumento do faturamento 5,71
Média Geral 6,47 Fonte: Pesquisa
Para Porter (1998), dentre as peculiaridades do cluster destaca-se o ganho de
eficiência derivada das economias externas locais e da ação conjunta das empresas.
Nesse caso, os empresários percebem a existência das vantagens locacionais,
apresentadas pelas externalidades marshallianas, mas de acordo com as motivações
shumpeterianas não existe um ambiente inovador, propício a uma eficiência econômica.
Talvez essa relação explique os benefícios da abordagem de cluster se posicionarem em
terceiro lugar, principalmente, no que diz respeito à variável analítica de aumento da
produtividade apresentar a maior média (7,0), quando comparada aa média geral (6,47).
O resultado da abordagem de cluster também pode ser relacionado com o
resultado das ações estratégicas que se referem à perspectiva de clientes, ratificando a
atenção da empresa em criar valor para o seu cliente e captar recursos.
Por fim, a abordagem de distrito industrial apresentou média (5,78) abaixo da
média geral (6,41), destacando, por terem menor desempenho, as variáveis analíticas de
acesso facilitado à matéria – prima (1,88) e o acesso facilitado à mão de obra
especializada, como apresentado na Tabela 26.
69
Tabela 26 – Médias das variáveis analíticas contidas na abordagem teórica de distrito
industrial
Questões Variáveis analíticas Médias
5 Promoção do desenvolvimento local 7,47
4 Retornos crescentes de escala 6,94
1 Redução dos custos de transação 6,88
3 Acesso facilitado à mão de obra especializada 5,71
2 Acesso facilitado à matéria prima 1,88
Média Geral 5,78 Fonte: Pesquisa
O resultado revela que os benefícios percebidos pelos empresários não são o
acesso facilitado à mão –obra especializada e à matéria – prima, uma vez que, essas são
motivações advindas do local, já analisadas nas externalidades marshallianas. Para os
empresários os retornos de escala, redução dos custos de transação e desenvolvimento
local são benefícios mais bem avaliados, porém representam consequência da
capacidade de inovar e de formas desenvolvidas de cooperação ainda não encontradas
no APL da cerâmica vermelha, conforme visto nas motivações reveladas pelas
externalidades shumpeterianas e transacionais.
4.3 INTERFACES ENTRE O APL DE PANIFICAÇÃO E DE CERÂMICA
VERMELHA
Os APLs de panificação e cerâmica vermelha, por serem, principalmente, de
segmentos econômicos diferentes, possuem características específicas no que diz
respeito a número e tipo de agentes econômicos envolvidos, forma de interação desses
agentes, grau de desenvolvimento do APL, evolução histórica e contexto econômico,
social e cultural.
Neste contexto, a análise desenvolvida buscou verificar possíveis interfaces
entre os dois APLs, por meio de uma comparação dos resultados encontrados no que diz
respeito às externalidades ou motivações, ações estratégicas e benefícios percebidos
pelos empresários.
70
4.3.1 Interfaces entre as externalidades do APL de Panificação e de Cerâmica
Vermelha
Os resultados das externalidades dos dois segmentos, panificação e cerâmica
vermelha, estão apresentadas na Tabela 27.
Tabela 27 – Médias das externalidades no APL de Panificação e Cerâmica Vermelha
Externalidades Médias
Panificação Cerâmica Vermelha
Marshallianas 7,06 5,91
Shumpeterianas 5,29 4,64
Transacionais 5,46 4,69
Institucionais 6,80 6,07
Média Geral 6,13 5,28 Fonte: Pesquisa
De acordo com o resultado encontrado, verifica-se que para o APL de
panificação as principais motivações são as marshallianas (7,06) e as institucionais
(6,8), enquanto que para o APL de cerâmica vermelha, embora o resultado contemple as
mesmas externalidades, a ordem das motivações se inverte, sendo as externalidades
institucionais em primeiro lugar com média de 6,07, seguida pela externalidades
marshallianas (5,91).
Estes resultados sugerem que, embora os APLs sejam de segmentos diferentes,
os empresários percebem nos atributos do território, motivação para estarem envolvidos
em um grupo. E como este é formado por pequenas empresas, existe a busca por
legitimação revelada pela externalidades institucionais.
Percebe-se que, para os dois segmentos o resultado das motivações transacionais
se posicionou em terceiro lugar. Isso pode ser explicado pela presença de potencial de
cooperação, explicitado pela variável de existência de objetivos comuns, nos dois
aglomerados produtivos, mas com baixo desempenho, também nos dois APLs, da
variável analítica de laços de confiança recíproca, o que se configura como restrição
para redução de custos de transação.
Por fim, os dois APLs apresentaram as externalidades shumpeterianas em último
lugar, indicando que nos dois segmentos o ambiente inovador não é a principal
motivação para participação em um aglomerado produtivo, uma vez que, conforme
análise individual dos segmentos, o baixo desempenho das variáveis analíticas mão-de-
71
obra com alta qualificação e presença de rede complexa de relacionamento, sugerem
uma baixa capacidade inovativa.
4.3.2 Interfaces entre as ações estratégicas do APL de Panificação e de Cerâmica
Vermelha
A análise comparativa entre o APL de panificação e cerâmica vermelha, no que
diz respeito às ações estratégicas, foi realizada a partir dos dados contidos na Tabela 28.
Tabela 28 – Médias das ações estratégicas do APL de Panificação e de Cerâmica
Vermelha
Estratégias Médias
Panificação Cerâmica Vermelha
Financeira 6,36 7,24
Clientes 8,27 7,04
Processos 7,91 6,58
Aprendizado e crescimento 8,73 7,76
Média Geral 8,11 6,97 Fonte: Pesquisa
A partir da Tabela 28, verifica-se que para os dois segmentos estudados as ações
estratégicas contidas na perspectiva de aprendizado e crescimento ocupam a primeira
posição, por conterem as maiores médias em relação à média geral de cada APL.
O resultado sugere que em função das externalidades shumpeterianas ocuparem
o grupo de variáveis analíticas que representa a menor motivação para os empresários
estarem em um APL, este pode ser o motivo pelo qual as firmas percebam como
necessário realizar ações estratégicas para criar um ambiente inovador.
Para o segmento de panificação o segundo grupo de ações estratégicas foi a
perspectiva de clientes e para os empresários de cerâmica vermelha, a perspectiva
financeira. Este resultado pode ser explicado pela preocupação das empresas dos dois
APLs com o desempenho em relação ao mercado e consequentemente com a
necessidade de aumentar faturamento e lucro, considerando que as empresas são de
pequeno porte e precisam buscar sua sobrevivência e manutenção no mercado.
O resultado encontrado para a perspectiva de processos, terceiro lugar para
panificação e quarto lugar para cerâmica vermelha, pode ser explicado no baixo
72
desempenho da relação de confiança entre as empresas, nos dois segmentos, já
verificada por meio das externalidades transacionais.
4.3.3 Interfaces entre os benefícios percebidos pelos empresários do APL de
Panificação e de Cerâmica Vermelha
Tabela 29 – Médias das abordagens teóricas do APL de Panificação e Cerâmica
Vermelha.
Abordagem Teórica Médias
Panificação Cerâmica Vermelha
Milleu Inovador 8,86 7,76
Cluster 8,24 6,47
Redes 7,89 6,57
Distrito Industrial 6,91 5,78
Média Geral 7,74 6,41
O resultado apresentado na Tabela 29 indica que os empresários dos dois APLs
percebem como principais benefícios, conforme média alcançada nos dois segmentos
(panificação, 8,86; cerâmica vermelha, 7,76), os advindos da abordagem teórica do
milleu inovador, onde a vantagem de estar envolvido em um grupo é a de criar uma
maior capacidade inovativa. Esse resultado, a partir da compreensão do que afirma
Borin (2006), revela que a participação de pequenas empresas em arranjos produtivos
locais pode favorecer o acesso a recursos e competências especializadas permitindo o
aprofundamento de processos de aprendizado, o que permite uma melhor participação
das empresas no mercado.
Uma segunda análise diz respeito à observação de que os resultados apresentam
ordem contrária para panificação e cerâmica vermelha, quando se verifica a segunda
posição da abordagem teórica, em relação aos benefícios. Assim, para panificação o
cluster apresenta segundo lugar para panificação (8,24) e redes terceiro lugar (7,89),
ocorrendo justamente o inverso para cerâmica vermelha, redes (6,57) em segundo lugar
e cluster (6,47) em terceiro lugar. Considerando que para Lastres e Cassiolato (2005),
cluster refere-se a uma aglomeração que enfatiza mais o aspecto da concorrência que o
da cooperação e redes, segundo Balestrin e Verschoore (2008), diz respeito a
empreendimentos densamente relacionados, pode-se sugerir que o APL de panificação
73
apresenta mais competição entre as empresas do mesmo grupo do que as empresas que
fazem parte do APL de cerâmica vermelha.
Já quanto ao resultado da abordagem de distrito industrial, verifica-se que os
empresários percebem, em último lugar, os benefícios dessa abordagem, apresentando
panificação média de 6,91 e cerâmica vermelha de 5,78. De acordo com Schmitz
(1995), quando existem formas de colaboração que levam a intensificação da produção
e da capacidade de inovar um distrito industrial será constituído, ou seja, os dois APLs,
ainda não estão em um patamar de cooperação e inovação que promovam os benefícios
advindos da forma de aglomeração denominada de distrito industrial.
74
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta dissertação pretendeu contribuir para uma maior compreensão do
funcionamento dos APLs, buscando, em primeiro lugar levantar as motivações, ações
estratégicas e benefícios envolvidos em APLs. Acredita-se que esse objetivo específico
foi alcançado, uma vez que foram elencadas por meio da pesquisa bibliográfica as
variáveis analíticas referentes às motivações, ações estratégicas e benefícios, base
necessária para construção do instrumento de pesquisa que foi aplicado no segmento de
Panificação e de Cerâmica Vermelha.
Em relação ao segundo objetivo específico, o estudo dos APLs de panificação e
cerâmica vermelha do RN evidenciou que as principais motivações percebidas pelas
empresas estudadas são as marshallianas e institucionais, ou seja, as empresas estão
envolvidas em uma aglomeração econômica motivadas por vantagens provenientes da
localização e pela busca de legitimidade proporcionada pela formação de um grupo, em
vez de uma atuação isolada, notadamente, por serem empresas de pequeno porte.
Observou-se que para o APL de panificação as motivações marshallianas
apresentaram destaque para variáveis analíticas que enfatizam a relação com o mercado
e para as motivações institucionais, as variáveis que apresentam um potencial para a
cooperação. Já para o APL de cerâmica vermelha, as motivações marshallianas
destacam variáveis relacionadas à disponibilidade de recursos produtivos na região e
para as institucionais, as variáveis que apresentam possibilidade de cooperação, como
identificado no APL de panificação. Isso indica que a indústria de cerâmica vermelha
tem nos atributos do território uma maior motivação ou relação para ocorrência da
produção.
No que diz respeito às principais ações estratégicas, no segmento de panificação
destacaram-se as perspectivas de aprendizado e crescimento e clientes. Isso sugere que
pode existir uma relação entre as principais motivações marshallianas encontradas
nesse APL e a perspectiva de clientes, como também de uma relação entre a perspectiva
de aprendizado e crescimento e as externalidades shumpeterianas, uma vez que é
natural que ações estratégicas sejam condizentes com as especificidades da região/local.
Para o APL de cerâmica vermelha as perspectivas de ações estratégicas que ficaram
em evidencia foram as de aprendizado e crescimento e a perspectiva financeira. Em
igual análise ao APL de panificação, o resultado encontrado pode indicar uma relação
entre as externalidades shumpeterianas e a perspectiva de aprendizado e crescimento,
75
evidenciando que o ambiente inovador na região, não sendo a principal motivação para
estar em um APL, pode requerer exatamente ações que promovam a inovação. O
destaque fornecido à perspectiva financeira pelos empresários pode indicar a
necessidade de captação de recursos, situação que pode ser considerada normal, uma
vez que o estudo tem como foco pequenas empresas privadas.
No âmbito dos benefícios, as abordagens teóricas que se destacaram para o APL de
panificação foram o de milleu inovador e cluster. Assim, as empresas percebem que o
maior benefício em estar no APL é o de criar um ambiente inovador, resultado que
ratifica a perspectiva de aprendizado e crescimento encontrada, nas ações estratégicas e
a posição fornecida, pelos empresários, para as externalidades shumpeterianas. Os
benefícios de cluster, percebidos pelos empresários indicam uma relação com as ações
estratégicas de clientes, uma vez que se referem a variáveis analíticas de aumento do
faturamento e estímulo à formação de novos negócios.
O APL da cerâmica vermelha apresenta como principais benefícios, os advindos das
abordagens teóricas de milleu inovador e redes. O resultado, como analisado no APL de
panificação sugere uma relação entre essa abordagem, às ações estratégicas de
aprendizado e crescimento e as externalidades shumpeterianas. No que concerne os
benefícios originados das redes, evidencia-se que este tipo de aglomeração para ser
viabilizado necessita de densos laços de cooperação, revelando que as empresas do APL
de cerâmica vermelha seja menos competitivo, dentro do grupo, do que as empresas de
panificação, que preferiram os benefícios do cluster.
No que diz respeito, às possíveis interfaces entre os dois APLs, terceiro objetivo
específico, verificou-se que, para os dois segmentos, os empresários estão envolvidos
em um aglomerado produtivo motivados por vantagens oriundas do território e pela
necessidade de existir uma coordenação e ou padronização das relações entre as
empresas do grupo, na busca por uma melhor representação dos seus interesses, já que
são de pequeno porte. Evidenciou-se também, que por serem empresas de pequeno porte
e privadas, as ações estratégicas na perspectiva de clientes e financeira se destacam,
revelando uma busca por recursos e mercado, além das ações referentes ao grupo
aprendizado e crescimento, uma vez que, parece existir uma necessidade de se ter uma
capacidade inovativa. No que diz respeito os benefícios, os dois APLs apresentam a
necessidade de criar um ambiente inovador como maior benefício, evidenciado pelo
milleu inovador, destacando para a panificação uma maior competição do que
cooperação, situação que se inverte na análise da cerâmica vermelha. Em função do
76
alcance dos três objetivos específicos acredita-se que o objetivo geral do trabalho foi
cumprido.
Em termos de contribuição, é necessário evidenciar que em todo referencial
bibliográfico estudado não foi encontrado trabalho que tratasse dos três grupos de
variáveis (motivações, ações estratégicas e benefícios) em uma única pesquisa.
Ressalta-se então, além dos resultados encontrados para o APL de Panificação e
Cerâmica Vermelha, a construção de um instrumento de pesquisa que pode ser aplicado
em outros segmentos econômicos que trata dos três grupos de variáveis analíticas
citadas acima.
No que diz respeito às limitações da pesquisa, observa-se que os resultados
encontrados se aplicam apenas às aglomerações econômicas pesquisadas.
Especificamente para o grupo de variáveis dos benefícios, estes foram relacionados com
abordagens teóricas e por isso não apresentam dados empresariais que demonstram
desempenho, o que configura outra limitação do trabalho.
Como recomendações para outras pesquisas, os resultados revelam explicações e
interfaces que podem ser verificadas por meio da ampliação do universo da pesquisa, o
que se sugere como forma de melhor compreensão do fenômeno estudado.
Outra pesquisa a ser desenvolvida poderia contemplar a aplicação do mesmo
instrumento de pesquisa no mesmo segmento econômico trabalhado, localizado em
outro território, permitindo um estudo comparativo para uma mesma indústria.
Dessa forma, observa-se que é possível ainda realizar várias outras pesquisas, o que
evidencia que muito ainda pode ser investigado sobre Arranjos Produtivos Locais.
77
REFERÊNCIAS
ABIP, Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria; ITPC, Instituto
Tecnológico da Panificação e Confeitaria; SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas. Estudo de Tendências: perspectivas para a Panificação e
Confeitaria. Julho, 2009.
ACS, Z. J.; AUDRETSCH,D.; STROM, R. J. (Org.). Entrepreneurship, Growth, and
Public Policy.UK: Cambridge University Press, 2009.
AMARAL FILHO, J. do. Micro e pequenas empresas (MPEs) e construção social do
mercado. Textos para Discussão CEPAL-IPEA, 36. CEPAL. Escritório no Brasil/IPEA
Brasília, DF, 2011.
AMATO NETO, J. Gestão de sistemas locais de produção e inovação
(clusters/APLs): um modelo de referência. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais:
oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2000.
ANDRIGHI, F. F.; HOFFMAMM, V. E. Aglomeração territorial no turismo: uma
avaliação dos atores sociais na destinação turística de Urubici/SC. Cultur: Revista de
Cultura e Turismo, n.2, 2008.
APOLINÁRIO, V.; SILVA, M. L. da; GARCIA, O. L.; MATOS, J. F.; SILVA D. da;
ARAÚJO, R. dos S. A. P.; OLIVEIRA, E. P. de; SILVA, Y. C. de L. e.
Caracterização, Análise e Sugestões para Adensamento das Políticas de Apoio a
APLs Implementadas nos Estados Rio Grande do Norte.RedeSist, 2010.
ANSOFF, H. I. ;MCDONNEL, E. J. Implantando a administração estratégica. São
Paulo: Atlas, 1993
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A. Informe Setorial Cerâmica Vermelha –
Outubro/2010.
BARBOSA, L. C. Arranjos produtivos locais: uma estratégia de política industrial. In:
CAPORALI, R.; VOLKER, P. (eds). Metodologia de desenvolvimento de arranjos
produtivos locais: projeto PROMOS – SEBRAE – BID versão 2.0. SEBRAE, Brasília,
2004.
78
BALESTRIN, A.; VARGAS, L. M. A Dimensão Estratégica das Redes Horizontais
de PMEs: Teorizações e Evidências. RAC, Edição Especial 2004: 203-227.
BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, Jorge. Redes de Cooperação Empresarial:
estratégias de gestão na nova economia. Porto Alegre: Bookman, 2008.
BALESTRIN, A.; FAYARD, P. (2003). Redes interorganizacionais como espaço de
criação de conhecimento. In: XXVII Encontro da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Administração. Anais, Atibaia: ANPAD.
BEST, M. The new competition institutions of industrial restructuring. Cambridge:
Polity Press, 1990.
BORIN, E. C. P. O SEBRAE e os arranjos produtivos locais: o caso de Nova
Friburgo/RJ. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) - Universidade
Federal do Rio de Janeiro; RJ, 2006.
BRITTO, J. Cooperação interindustrial e redes de empresas. In: KUPFER, D.;
HASENCLEVER, L. Economia Industrial Fundamentos Teóricos e Práticos no
Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002.
BUENO, N. P. Lógica da ação coletiva, instituições e crescimento econômico: uma
resenha temática sobre a nova economia institucional. Economia, Niterói, v. 5, n. 2, p.
361-420, 2004.
CAMAGNI, R. Innovation networks. London: GREMI, Belhaven Press, 1991.
CASAROTTO FILHO, N.; PIRES, L. H. Redes de pequenas e médias empresas e
desenvolvimento local:estratégias para a conquista da competitividade global com base
na experiência italiana. São Paulo: Atlas, 1998.
CASSIOLATO, J. E., LASTRES, H. M. M.; MACIEL, M. L. (org.). Pequena
empresa: Cooperação e Desenvolvimento Local.Rio de Janeiro:Relume Dumará, 2003.
CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura - a sociedade em
rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
79
CEZARINO, L. O.; CAMPOMAR, M. C. Vantagem competitiva para micro,
pequenas e médias empresas: clusters e APL. E&G Economia e Gestão: Belo
Horizonte, v. 6, n. 12, p. 143-158, jun. 2006.
COSTA, E. J. M. Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento
Regional. Brasília: Mais Gráfica, 2010.
COSTA, E. J. M. Políticas Públicas e o Desenvolvimento de Arranjos Produtivos
Locais em Regiões Periféricas. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) - Instituto de
Economia da Universidade Estadual de Campinas; Campinas/SP, 2007.
COSTA, A. B.; COSTA, B. M. Cooperação e Capital Social em Arranjos Produtivos
Locais.Revista de Desenvolvimento Econômico: Ano IX, No.15, p. 51- 60, 2007.
COSTA, H; SOUTO-MAIOR, A. Sistemas produtivos locais em turismo:
relacionamentos estratégicos e aglomeração territorial como vantagens competitivas.
Revista OIT, vol 1, 22p. 2006.
DAFT, R. Administração. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
DI TOMMASO, M. R.; DUBBINI, S. Towards a theory of the small firm: theorical
aspects and some policy implications. Serie Desarrollo Produtivo, n. 87, Santiago:
Cepal, 2000.
ERBER, F. S. Eficiência coletiva em arranjos produtivos locais industriais:
comentando o conceito. Nova Economia [online]: v.18, n.1, pp. 11-31, 2008.
FERREIRA JUNIOR, I.; TEIXEIRA, R. M. Redes de pequenas empresas: a aplicação
de uma tipologia em uma rede de supermercados. Revista de Administração Mackenzie.
8(3), 128-152, 2007.
FONSECA NETTO, H.P. Análise e avaliação de sistemas territoriais de produção e
inovação organizacional. Rio de Janeiro: Edital Faperj-05/2000 – Programa Cientista
do Nosso Estado, ago. 2002. (Relatório final do projeto de pesquisa).
GARCIA R.; Motta F. G.; AMATO NETO J.Uma análise das características da
estrutura de governança em sistemas locais de produção e suas relações com a
cadeia global. Gestão e Produção, v.11,n.3,p. 343 -354, 2004.
HARVEY, D. Condição Pós – Moderna. São Paulo: Loyola, 2005.
80
HOFFMANN, V. E.; MOLINA-MORALES, F. X.; MARTÍNEZ-FERNADEZ, M. T.
Redes de empresas: Uma tipologia para sua classificação. In XXVIII Encontro da
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Anais,
Curitiba: ANPAD, 2004.
IACONO, A.; NAGANO, M.S. Interação e cooperação em Arranjos Produtivos
Locais de Micro e Pequenas Empresas. Revista da Micro e Pequena Empresa: v.3,
n.3, p.4-19, 2010.
LASTRES, H.M.M.; CASSIOLATO, J. E Glossário de arranjos e sistemas
produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005.
LEMOS, C. Micro, pequenas e médias empresas no Brasil: novos requerimentos de
políticas para a promoção de sistemas produtivos locais. Tese (Doutorado em
Ciências) – Universidade Federal do Rio de Janeiro; Rio de Janeiro/ RJ, 2003.
LEMOS, M. B.; SANTOS, F.; CROCCO, M. Arranjos produtivos locais sob ambientes
periféricos: os condicionantes territoriais das externalidades restringidas e negativas. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA – ANPEC, 31. Porto Seguro.
Anais.Porto Seguro, BA, 2003. p. 01-20.
LIMA, M. H. de; ASSIS, M. Pesquisa e análise da demanda por educação
profissional. Série SENAI formação de formadores. 2 ed. Brasília: SENAI/DN, p. 58-
83, 2000.
LUNDVAL, B. A. Innovation as an interactive process: from user-producer interaction
to the national system of innovation. In: DOSI, G. et al. (Eds.). Technical change and
economic theory. Londres: Pinter Publishers, 1988. p. 349-369.
MAILLAT, D.; KELBIR, L. Learning region et systemes territoriaux de production.
Revue d' Conomie et Urbaine, v.3, p. 429-448, 1999.
MALHOTRA, NARESH, K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3.
ed.Porto Alegre: Bookman, 2001.
MARSHALL, A. Princípios de economia. 3. ed.São Paulo: Nova Cultural, 1985.730 p.
81
MENDONÇA, F. M. Formação, desenvolvimento e estruturação de arranjos
produtivos locais da indústria tradicional do Estado de Minas Gerais. Tese
(Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro/RJ,2008.
MINTZBERG, Henry. Ascensão e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre:
Bookman, 2004.
MINTZBERG, Henry. AHLSTRAND, Bruce. LAMPEL, Joseph. Safári de estratégia;
Um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MINTZBERG, Henry. A criação artesanal da estratégia. In.: Montegomery, C. A.;
Porter, M. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
MORGAN, K.; SAYER, A. Microcircuits of capital: sunrise industry and uneven
development. Boulder (CO): [S.l.]: Westview Press, 1988.
MYTELKA; FARINELLI, F. Local clusters:innovation systems and sustained
competitiveness. NT 05 Projeto Arranjos e Sistemas Produtivos Locais e as Novas
Políticas de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico. [S.l.]: RedeSist/IE/UFRJ,
BNDES, Finep, 2000.
NADVI, K.; SCHMITZ, H. SME responses to global challenges: case studies of private
and public initiatives. In: Seminar on new trends and challenges in industrial policy.
Viena: UNIDO, Oct. 1997.
NADVI, K. Industrial clusters and networks: case studies of SME growth and
innovation, case studies prepared for the UNIDO small and médium industries
branch.[S.l.]: UNIDO, 1995.
OLAVE, M. E. L.; AMATO NETO, J. Redes de Cooperação Produtiva:uma
estratégia de competitividade e sobrevivência para pequenas e média empresas. Gestão
e Produção.v.8, n.3. p. 289 – 303.São Paulo, 2001.
OLIVEIRA, S. L. de. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI,
TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1999.
PANICCIA, I. One, a hundred, thousands of industrial districts. Organizational
variety in local networks of small and medium-sized enterprises'. Organization Studies,
19/4: 667-699, 1998.
82
PASSOS, C. A. K. Novos Modelos de Gestão e as Informações. In: LASTRES, H. M.
M.; ALBAGLI, S. Informação e globalização na era do conhecimento (org). Rio de
Janeiro: Campus, 1999, p. 58-83.
PIORE, M.; SABEL, C. The second industrial divide. [S.l.]: Basic Books, 1984.
PIKMAN, M., FERREIRA, N. R., AMATO NETO, J. Identificação e formação de
redes de cooperação produtiva: um estudo de caso. In: Encontro Nacional de
Engenharia de Produção, 18., Niterói - RJ, 1998. Anais... Niterói: UFF.TEP, 1998.
PORTER, M. E. Clusters and the new economics of competition. Harvard Business
Review. Boston, EUA, v. 76, n. 6, p. 77-90, november – december, 1998.
_________. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da
concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
RIBEIRO, A. das C.; PESSANHA L. A.Mapeamento do aglomerado “complexo
portuário do açu” e identificação das ações internalizadoras de externalidades
marshallianas.XXX Encontro Nacional de Engenharia de Produção. São Carlos/SP; 12
a 15 de outubro de 2010.
SAMPAIO, C. A. C.; MUNDIM, S. A. Arranjo produtivo local (APL) para a
promoção do turismo voltado para o ecológico comunitário na área da lagoa de
Ibiraquera (Garopaba e Ibiraquera – SC): um experimento em comunidades
localizadas em zona costeira, sob o enfoque do Ecodesenvolvimento. Anaisdo VII
ENTBI. Curitiba/PR, 2004.
SCHMITZ, Hubert; NADVI, Khalid. Clustering and industrialization: introduction.
World Development, Oxford, v. 27, n. 9, p. 1503-1514, 1999.
SCHMITZ, H. (1997). Collective efficiency and increasing returns. IDS Working
Paper, Brighton, IDS, n. 50, march, 1997.
SCHMITZ, H. Collective efficience: growth path for small-scale industry. Journal of
Development Studies, v. 31, n. 4, p. 529-566, 1995.
SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; Taxas de
sobrevivências nas empresas do Brasil. Brasília, DF; 2011.
83
SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Org.); DIEESE,
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos [responsável pela
elaboração da pesquisa, dos textos, tabelas e gráficos]. Anuário do trabalho na micro
e pequena empresa: 2010-2011. 4. ed.; Brasília, DF, 2011.
SILVA, C. A. V. da. Redes de cooperação de micro e pequenas empresas: um estudo
das atividades de logística no setor metalúrgico de Sertãozinho – SP. SP.2004. 199f.
Dissertação (Mestrado em engenharia da Produção) – Universidade de São Paulo,
Escola de Engenharia de São Carlos.
SOARES, Antonio Carlos S. Qualidade; Estratégia de competitividade industrial –
uma análise na indústria sul brasileira [Dissertação de Mestrado em Engenharia de
Produção]. Florianópolis: UFSC, 1999.
STORPER, M. Regional economies as relational assets. Paper prepared for
presentation to the association des Sciences Régionales de Langue Française. Toulouse,
30 Aug./Sept. 1995
STORPER, M.; E SCOTT, A. Pathways to industrial and regional development.
Londres: Routledge, 1993.
TAVARES, B.; ANTONIALLIL. M.; SANTOSM. I. P. dos;Influência das
características das aglomerações sobre a geração de externalidades para as
empresas. Revista Ibero-Americana de Estratégia - RIAE, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 115-
142, mai./ago. 2010.
TIGRE, P.B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro:
Campus, 2006.
TIGRE, P. B. Inovação e teoria da firma em três paradigmas. Revista de Economia
Contemporânea, nº 3, Jan – Jun, 1998.
TRISTÃO, H. M. Cluster e a Cadeia Produtiva de Calçados de Franca. Texto
apresentado no Primeiro Fórum de Competitividade do Sapato em Franca, SP, 2000.
YOU, J.I. Small firms in economic theory. Cambridge Journal of Economics, 19, p.
441-462, 1995.
UNCTAD. Promoting and sustaining SMEs clusters and networks for
development, expert meeting on clustering and networking for SME development.
Genebra, Sep.1998. p. 2-4.
84
VERGARA, S. C. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005.
ZACCARELLI, S. B.; TELLES, R.; SIQUEIRA, J.P.L.; BOAVENTURA, J.M.G.;
DONAIRE, D. Clusters e redes de negócios: uma nova visão para a gestão dos
negócios. São Paulo: Atlas, 2008.
ZDEBSKI, D. C. Identificação do grau de maturidade de estratégias:um estudo em
dois aglomerados produtivos do estado do Paraná.Ponta Grossa, PR.Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Ponta Grossa,PR, 2011.
85
APENDICE
86
Universidade Potiguar
Mestrado Profissional em Administração
QUESTIONÁRIO
Obrigada por participar desta pesquisa.
Nosso objetivo é entender melhor as motivações, ações estratégicas e benefícios envolvidos no
APL em que a sua empresa faz parte.
Os dados desta pesquisa serão tabulados e apresentados de forma anônima.
Não existem respostas corretas ou incorretas.
O questionário está estruturado em 4 blocos, com as orientações de resposta contidas em cada
bloco.
Bloco 1
O primeiro bloco do questionário, composto de 7 itens, tem a intenção de identificar a sua
empresa como participante de um grupo de empresas.
1 Nome da Empresa:
2 Ramo de atividade:
3 Ano de Fundação:
4
Município de Localização:
5 Principais produtos:
6 Participa do PROCOMPI ( ) SIM ( ) NÃO
7 Possui faturamento bruto anual de até R$ 3.600.000,00 ( ) SIM ( ) NÃO
87
Bloco 2
Neste bloco são listadas possíveis motivações que levaram a sua empresa a participar de um
aglomerado (grupo) de empresas.
Para cada item foi utilizada uma escala com 11 pontos, variando de 0 (zero) até 10 (dez), que
indica o seu grau de concordância em relação a afirmação descrita.
(0) Indica que você DISCORDA FORTEMENTE da afirmação relacionada à motivação
apresentada e 10 (dez) indica que você CONCORDA FORTEMENTE com a afirmação relativa
à motivação. Pode ser marcado qualquer valor da escala, caso seu grau de concordância seja
intermediário.
D
isco
rdo
fort
emen
te
Co
nco
rdo
fort
emen
te
Motivações 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1
A região onde a empresa está
localizada tem disponibilidade de mão
de obra especializada para o setor.
2
Existe na região disponibilidade de
fornecedores de matéria primas
diversas para o segmento produtivo.
3
Existe na região disponibilidade de
fornecedores de máquinas e
equipamentos relativos à produção.
4 Existe proximidade do mercado
consumidor (nacional e internacional).
5
Na região, existe disponibilidade de
recursos naturais específicos para a
produção.
6 Há economias de escala
7 Existe fácil acesso a informação
8
Há infra-estrutura adequada à
produção (energia, telecomunicações,
meios de transporte, etc).
9 Existe encadeamento produtivo (para
frente e para trás).
10 Há disseminação da informação.
11
Na região existe um elevado número
de pessoas envolvidas com atividades
de inovação
12 Existe proximidade com universidades
e centros de pesquisa.
13 Existe elevada qualificação da mão de
obra.
88
Dis
cord
o
fort
emen
te
Co
nco
rdo
fort
emen
te
Motivações 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
14
Há associações de classe e comerciais
envolvidas com a qualificação da força
de trabalho.
15
Existem associações de classe e
comerciais dedicadas à assistência das
rotinas técnicas e produtivas,
comerciais e financeiras.
16
Existem associações de classe e
comerciais envolvidas com a
capacitação tecnológica das firmas.
17 Há uma rede de relações sociais.
18 Existe intensa cooperação entre as
empresas.
19 Existem relações de confiança.
20 Existe eficiência coletiva.
21 Existe potencial de cooperação para
complementar recursos.
22 Existe potencial de cooperação para
complementar aprendizagem.
23 Existem contatos entre empresas
formais e informais.
24 Há confiança recíproca entre os atores.
25 Há trocas frequentes de informações e
conhecimento de modo informal.
26
A governança (IEL/SEBRAE)
contribui de modo a facilitar o
processo de compras.
27
A governança (IEL/SEBRAE)
contribui de modo a facilitar o
processo vendas.
28
A governança (IEL/SEBRAE)
contribui de modo a facilitar o
processo de marketing.
29 Existem instituições que favorecem a
interação entre empresas.
30 Existem aspectos culturais que
fortalecem os laços de confiança.
31 Existem objetivos comuns.
32
Existe apoio de instituições no
desenvolvimento de atividades de
parceria.
33 Existem relações estabelecidas entre
usuários e produtores
34
Há políticas voltadas para aproximar
os APLs às instituições de ensino e
pesquisa.
89
Se existem outras motivações, que não foram descritas neste questionário, favor listá-las abaixo:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Bloco 3
Neste bloco são listadas possíveis ações estratégicas que você percebe como necessárias para
aumentar a competitividade das empresas que fazem parte do aglomerado (grupo) de empresas
que você faz parte.
Para cada item foi utilizada uma escala com 11 pontos, variando de 0 (zero) até 10 (dez), que
indica o seu grau de concordância em relação a afirmação descrita.
(0) Indica que você DISCORDA FORTEMENTE da afirmação relacionada à ação estratégica
apresentada e 10 (dez) indica que você CONCORDA FORTEMENTE com a afirmação relativa
à ação estratégica. Pode ser marcado qualquer valor da escala, caso seu grau de concordância
seja intermediário.
Dis
cord
o
fort
emen
te
Co
nco
rdo
fort
emen
te
Ações estratégicas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 Realização de compras conjunta.
2 Promoção de cursos de qualificação
profissional.
3 Criação de consórcios de exportação.
4 Contratação de serviços
especializados.
5 Uso de centros tecnológicos de forma
coletiva.
6 Estabelecimento de cooperativas de
crédito.
7 Estruturação de central de
armazenamento.
8 Extração racional dos recursos
naturais.
9 Reciclagem e aproveitamento de
resíduos.
10 Ações de responsabilidade social.
11 Reorganização das linhas de produção.
12 Ações de estímulo à inovação.
90
Dis
cord
o
fort
emen
te
Co
nco
rdo
fort
emen
te
Ações estratégicas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
13
Utilização de equipamentos de forma
coletiva.
14 Desenvolvimento de novos
equipamentos.
15 Divulgação dos produtos das
empresas.
16 Padronização de embalagens.
17 Padronização de produtos.
18
Elaboração de programas de
marketing.
19 Implementação de controle de
qualidade.
20 Criação de design moderno para os
produtos.
21 Elaboração de estudos de mercado.
22
Criação de banco de informações sobre
potenciais clientes.
23
Ações de aproximação das empresas
de Instituições acadêmicas e de
pesquisa.
Se existem outras ações estratégicas que você percebe como necessárias para aumentar a
competitividade das empresas do aglomerado (grupo) produtivo que você faz parte e, não foram
descritas neste questionário, favor listá-las abaixo:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
91
Bloco 4
Neste bloco são listados possíveis benefícios que a sua empresa obtém ao participar de um
aglomerado (grupo) de empresas.
Para cada item foi utilizada uma escala com 11 pontos, variando de 0 (zero) até 10 (dez), que
indica o seu grau de concordância em relação a afirmação descrita.
(0) Indica que você DISCORDA FORTEMENTE da afirmação relacionada ao benfício
apresentada e 10 (dez) indica que você CONCORDA FORTEMENTE com a afirmação relativa
ao benefício. Pode ser marcado qualquer valor da escala, caso seu grau de concordância seja
intermediário.
D
isco
rdo
fort
emen
te
Co
nco
rdo
fort
emen
te
Benefícios 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Redução dos custos de transação
(negociação, contratos, etc).
2 Acesso facilitado à matéria-prima.
3 Acesso facilitado à mão de obra
especializada.
4 Retornos crescentes de escala.
5 Promoção do desenvolvimento local.
6 Aumento da produtividade das
empresas.
7 Estímulo à formação de novos
negócios.
8 Aumento do faturamento.
9 Compartilhamento dos riscos.
10 Alcance de novos mercados.
11 Compartilhamento de conhecimento.
12 Compartilhamento de recursos.
13 Fortalecimento do poder de compra.
14 Desenvolvimento de barreiras aos
novos entrantes.
15 Redução de custos em pesquisas.
16 Disseminação da informação.
17 Transferência do conhecimento.
18 Transferência do aprendizado
organizacional.
19 Maior capacidade inovativa.
92
Se existem outros benefícios que não foram descritos neste questionário, favor listá-los abaixo:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Top Related