Índice
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2
ANTIGA VILA - Almeirim ......................................................................................... 3
ALMEIRIM – Antes e depois ................................................................................... 4
A MINHA INFÂNCIA – Almeirim antigamente ......................................................... 6
MIGRAÇÃO – Almeirim antigamente ...................................................................... 6
CHEIAS – Almeirim antigamente ............................................................................ 8
USOS E COSTUMES – Almeirim antigamente ....................................................... 9
A MINHA RESIDÊNCIA – Actualmente ................................................................. 14
BREVE HISTÓRIA DE ALMEIRIM ........................................................................ 15
PDM - Almeirim ..................................................................................................... 17
REDES VIÁRIAS DE ALMEIRIM .......................................................................... 17
EMIGRAÇÃO - IMIGRAÇÃO ................................................................................. 18
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 21
WEBGRAFIA ........................................................................................................ 21
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Introdução
Escolhi este tema para poder evidenciar ao mesmo tempo, não só o tipo de
casa, se é que lhe poderemos hoje chamar casa, que existia em épocas
passadas, assim como a maneira de viver a vida dia a dia trabalhando e
fazendo normalmente uma única refeição decente por dia e poupando cada
tostão, para mais tarde poderem finalmente ter uma vida mais tranquila e sem
sobressaltos. Como estamos numa época passada, também é importante falar
sobre a história da Vila de Almeirim, a sua importância histórica, as casas
típicas dos fazendeiros e os costumes antigos das gentes da nossa terra.
Devido à inexistência de património devido a terramotos, a memória das gentes
da Vila foi esquecendo a importância que a Vila de Almeirim representou na
construção de uma Nação. Daí a necessidade da sensibilização a professores
das escolas para que os alunos possam ter actividades extra curriculares onde
possam ser integrados projectos identificadores da Cidade de Almeirim como o
conhecimento da sua história, das suas gentes e das suas identidades.
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ANTIGA VILA – Almeirim
Almeirim era uma vila Rústica, pacata, situada no coração do Ribatejo, no vale
do Tejo, espraia-se ao longo da margem esquerda do Rio Tejo até à Ribeira de
Muge, era uma planície com pequenas elevações na zona da charneca.
Em 1411, D. João I manda construir um Paço Real mesmo às portas da
Coutada de Almeirim.
D. João II, em 1483, legitima a criação da vila realenga, concedendo aos seus
moradores uma carta de privilégios, que o pelouro da Cultura da Câmara
Municipal de Almeirim edita em 1998.
Almeirim foi residência real; aqui reuniram-se Cortes e ocorreram importantes
factos da nossa História, desempenhando na época um papel de relevo nos
destinos de Portugal.
Com o abandono do Paço Real, a vida perdeu ostentação, os seus palácios
foram destruídos pelos terramotos. Os que resistiram, foram-se degradando ao
longo dos anos a e sua feição social, com a chegada dos colonos para
desbravar a terra, alterou-se profundamente.
O Fazendeiro de Almeirim é originário dos primórdios da colonização da
charneca. Gentes vindas das Beiras e Norte do País por volta de 1850,
formando as Fazendas ou Foros de Almeirim e os Foros de Benfica, e fixaram-
se nas terras cedidas pelos latifundiários ou pelo município, mediante o
pagamento ou renda, hoje todos remidos.
Constituídos os Foros ou Fazendas, os colonos passaram a chamar-se
Fazendeiros. A sua habitação típica consta de uma casa de rés-do-chão, com
uma porta de entrada com um corredor ao meio e ladeada de duas janelas,
com divisões de um lado e outro. Na mesma estrutura da casa situava-se a
adega, com um portão largo para a entrada da besta e carroça, uma janela
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para a rua e dois lagares, seguidos de tonéis de madeira, mais tarde
substituídos por depósitos de cimento armado, aéreos ou subterrâneos.
No quintal e fora da habitação, tinham uma cozinha com uma chaminé grande,
para cozinhar com lenha de cepa numa caldeira em cima de uma trempe1 de
ferro e aquecer a família nas noites de Inverno e, quando matavam os porcos,
era no fumeiro que eram colocadas as chouriças, morcelas e farinheiras, base
da alimentação da família do Fazendeiro. Também no quintal e junto à cozinha
com a chaminé, havia normalmente um forno para cozer o pão e um poço em
parceria com um vizinho para abastecimento de água, que era retirada por uma
roldana com uma corda e um balde de zinco.
Ao fundo do quintal havia o palheiro para o animal, a arrecadação de feno e da
palha, um telheiro para utensílios e para a carroça, a capoeira para os animais
de criação e um rodeio para os porcos.
ALMEIRIM – Antes e depois
Olhando para trás aí uns quarenta anos e fazendo eu uma comparação de
como era a minha cidade, nessa a época chamada Vila de Almeirim, verifico
que hoje em nada se compara com esses tempos longínquos. Onde antes
havia casas com hortas, de onde as pessoas retiravam o que necessitavam
como base da sua alimentação, hoje existem jardins com imensas flores e
relva. As estradas eram geralmente de pedras batidas, chamada “ Calçada à
Portuguesa” que ainda se encontra algumas ruas com essa calçada, ou eram
simplesmente de terra batida. Só as estradas principais eram alcatroadas, hoje
em dia já não há ruas nem estradas de terra batida. Com o aumento e
deslocação dos carros e das estradas alcatroadas, perdeu-se algumas das
tradições que existiam na época, como as tradicionais fogueiras de
rosmaninho, as bonecas de papel preparadas com enchimento de ervas do
mato prontas a estalar quando colocavam a boneca na fogueira, e também as
tradicionais marchas populares que se ensaiavam na época. No mês de Junho
1 Peça metálica com três pés, utilizada para se colocar em cima do lume, na qual se coloca a panela.
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quando se faziam estas festas tradicionais de S.António, as ruas de Almeirim
eram todas enfeitadas com bandeiras de papel às cores de uma ponta à outra
da rua e toda a Vila tinha um cheirinho bom a rosmaninho. Hoje, muitas das
casas térreas e típicas de antigamente, foram substituídas por grandes prédios
com vários andares, por vivendas ou por prédios com primeiro andar. Os
materiais de construção também foram evoluindo. Os tectos das casas já não
são só em madeira como antigamente, levam vigas de cimento e tijoleiras, que
são cimentados e alisados e levam uma sanca em cimento ou em gesso à volta
do tecto.
O chão antigo de cimento ou de tábuas de madeira, deu lugar ao mosaico
brilhante de vários tamanhos e cores, ou chão de madeira trabalhada e
envernizada. Não esquecendo das variedades de azulejos que hoje existem
para decoração principal de casas de banho e cozinhas.
Casas típicas já as há muito poucas, mas ainda se encontra uma ou outra,
onde ainda se encontra muitas dessas casas è na região de Fazendas de
Almeirim.
As casas de hoje em nada se comparam com as de antigamente. Aprecio e
digo sinceramente que dificilmente saberia lidar e tocar com a minha vida para
a frente sem as comodidades e sem os utensílios de agora, mas, esse conforto
pagasse caro. Para podermos ter tempo para tudo, contratamos uma
empregada para nos fazer as lidas da casa, o que não é muito viável nos
tempos de crise que correm, ou nos habituamos a viver apressadamente como
acontece com a maioria das pessoas, limitando muitas vezes o nosso tempo só
a casa trabalho e trabalho casa, restando muito pouco tempo para passear,
visitar museus e passar pelo menos uma semana de férias, que tento a todo o
custo não falhar uma vez por ano para a família poder aliviar do stress.
Antigamente as pessoas conseguiam viver com muito pouco, eram felizes e
nunca me lembro de ouvir alguém queixar-se de stress.
A MINHA INFÂNCIA – Almeirim antigamente
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Quando tinha sete ou oito anos costumava ir de carroça com o meu avô para a
alameda, um terreno junto às margens do Tejo onde o meu avô cultivava
tomate, melão e melancias. O tomate era para vender para a fábrica da
“Campal” assim se chamava na altura, e o melão e a melancia era para vender
no mercado da Praça Municipal e por vezes
também vendiam em casa. Na época da
apanha do tomate, que era em meados do
mês de Agosto, migravam gentes de Glória
do Ribatejo ou da região do Alentejo, para a
apanha do tomate, vinham também fazer a
campanha do tomate para a COMPAL. As mulheres e homens Alentejanos que
vinham para a fábrica da COMPAL trabalhar para as linhas do tomate, ficavam
em casas de madeira construídas propositadamente para esse fim. Muitas
dessas pessoas, homens e mulheres, desde então por cá ficaram e arranjaram
família.
MIGRAÇÃO – Almeirim antigamente
Como Almeirim tinha uma grande área de vinha cultivada, a população era
pouca para amanhar esses campos, por isso havia a necessidade de ranchos
migratórios, vindo de outras regiões do país. Estes ranchos vinham de regiões
mais pobres: Pombal, Castro d`Aire, Figueiró dos Vinhos, eram conhecidos por
“borrões”, “gaibéus”, ou “bimbos”. Na época das vindimas, e no fim de um dia
de trabalho, no quartel onde estavam alojadas, as raparigas ainda tinham
forças e organizavam um bailarico ao som de uma concertina tocada por um
homem do rancho.
Os rapazes novos e dançarinos de Almeirim não perdiam a oportunidade de
dar uns pés de dança, e diziam:
“Hoje vamos ao baile das
barroas2, em tal parte!”. E claro
2 Designação dada a pessoas provenientes de bairros de regiões do interior.
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que as coisas, às vezes, não corriam muito bem e acabava tudo à pancada.
Como o terreno de cultivo do meu avô era muito grande, ele contratava sempre
mulheres da Glória do Ribatejo ou Alentejanas para fazerem a apanha do
tomate.
Perto do terreno de cultivo do meu avô moravam alguns pescadores que se
dedicavam à pesca do peixe do rio como a fataça, peixe muito abundante
naquela época. Lembro-me que a primeira coisa que eu fazia quando chegava
à alameda com o meu avô era ir direitinha para a casa de um dos pescadores,
o Sr. Gregório, para brincar com as suas duas filhas, a Clara e a Maria
Florinda. A casa do Sr. Gregório era de madeira, a própria casa estava
suspensa por uns grandes pés também feitos em madeira para ficar protegida
das cheias que nessa altura vinham praticamente todos os Invernos. Lá dentro
de casa havia um compartimento só com uma cama para o Sr. Gregório e para
a esposa D. Laura, noutro compartimento havia outra cama onde dormiam a
Clara e a Maria Florinda e havia só mais um espaço muito pequeno que servia
quase como cozinha e para guardar as mercearias que vinham a pé comprar à
Vila. As camas não eram como as de agora, eram só um colchão suspenso por
três ferros a que chamavam tarimba. Lembro-me de ter visto uma “enfusa” ou
quarta em barro com água, tendo como tampa uma rolha grande feita de
cortiça. O recipiente estava colocado num canto escuro da casa, para manter a
água sempre fresca. Para cozinhar acendiam uma fogueira na rua, colocavam
um suporte em ferro chamada “trempe”3que era composto por três ferros
ligados a uma outra parte em ferro redonda para colocar a panela em cima, era
assim que faziam as deliciosas caldeiradas de peixe, normalmente eram
confeccionadas só ao Domingo, durante a semana comiam normalmente peixe
assado em cima de um bocado de pão de milho. Muito mais tarde quando
conseguiram poupar e juntar algum dinheiro com a venda de peixe no
mercado, construíram então uma pequena casa em cimento, num terreno por
cima do dique, para ficarem protegidos das cheias. Hoje, o que mais me
3 Peça metálica com três pés, utilizada para se colocar em cima do lume, na qual se coloca a panela.
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comove ao recordar tudo isto, é o simples facto de naquela época as pessoas
terem tão pouco e serem tão felizes.
CHEIAS – Almeirim antigamente
No final do ano de 1935, registou-se a primeira grande cheia no campo de
Almeirim e nada fazia prever que mais sete inundariam a vasta campina
ribatejana, interrompendo o trânsito entre Santarém e Almeirim durante
quarenta e sete dias, a ultima das quais a 28 de Abril de 1936. As cheias em
Almeirim eram frequentes e para quem residia na Pontinha, no cruzamento da
Rua de Santarém com
o Largo General
Guerra e a Rua doa
Apóstolos, a água
atingia níveis de dois
metros acima da
estrada.
Era um pesadelo para os residentes que abandonavam as suas casas e
quando as águas desciam, os soalhos e paredes ficavam cheias de “lorda”4,
pelo que tinham que ser lavadas com vassouras e aguardar a secagem.
Quando havia cheias, o único meio de transporte entre Almeirim e Santarém e
vice-versa, eram os barcos dos pescadores. A Direcção-Geral de Hidráulica do
Tejo contratava estes barqueiros para efectuarem o transporte de pessoas e
pequenas mercadorias entre Almeirim e Tapada. Os passageiros davam uma
gorjeta e ajudavam os pescadores nos remos ou na vara, principalmente na
saída de Almeirim para o campo, ou na passagem da vala, onde a corrente era
muito forte.
A passagem do Rio Tejo pelas portas de Vila Velha de Ródão era o ponto de
referência da altura das águas nos campos do Ribatejo. Quando as águas
4 Massa pegajosa de origem orgânica – mistura de água com argila, areia e vegetação em decomposição.
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atingiam o nível de altura de 12 metros, era certo e sabido que havia corte de
estrada entre Almeirim e Santarém; quando chegava aos 17 metros atingia a
casa do Álvaro Pina; aos 20 metros entrava no Largo General Guerra; e aos 24
metros ligava com a água que vinha de S. Roque pela Rua da Rega e Rua da
Fonte.
Com a construção de barragens houve uma mudança radical das cheias na
vasta campina ribatejana. Passamos a ter menos inundações, mas ficámos
dependentes das descargas da água acumulada nas albufeiras e perdeu-se o
controlo da altura que as cheias atingiam nos campos do Ribatejo.
USOS E COSTUMES – Almeirim antigamente
Perto da alameda passando ao dique e à cova dos choupos, também morava
a minha madrinha, irmã do meu
avô. O meu padrinho era guarda
das vinhas da casa Vasco Santos
Andrade, por isso tinham de ficar
noite e dia a guardar as vinhas das
redondezas para o qual era pago.
Tinham também umas pequenas
casas em madeira, o chão era de terra batida até na zona onde dormiam.
Colocavam mantas no chão para que as noites não fossem tão frias e a cama
estava também suspensa em três ferros “ tarimba “ e traves em madeira para
suster o colchão de pano. O material de enchimento do colchão de pano, era
constituído por cascas secas da massaroca do milho que eram desfiadas
propositadamente para esse fim. Lembro-me perfeitamente como se fosse
hoje, da estrada marcada pelas rodas da carroça, onde de cada lado havia
pereiras que davam maravilhosos frutos de cores desde o amarelo, ao laranja e
vermelho e eram deliciosos, ainda me lembro do cheiro dessas peras que
nunca mais consegui encontrar no mercado para comprar. Perto da casa da
minha madrinha havia também um poço com um tanque grande ao lado, junto
do tanque havia também uma figueira que dava figos enormes, de cor roxa.
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Havia uma capoeira com algumas galinhas que comiam fruta, restos de comida
e também verduras apanhadas pela minha madrinha por vezes com algumas
cobras à mistura. Adorava andar no campo, mas tinha muito medo dos répteis
que abundavam naquela zona como as cobras, lagartos, salamandras e até
das lagartixas eu tinha medo. A minha madrinha vinha uma vez por mês a
Almeirim fazer compras ao Sr. José da loja que tinha uma mercearia perto do
Jardim. Atravessava a zona das vinhas, a estrada do meio, passava à ponte da
vala até à mercearia sempre a pé, era necessário quase o dia inteiro para ir e
vir, não esquecendo que no
caminho se volta vinha
também muito carregada
com as mercearias
compradas. Alguns dias por
semana a minha madrinha
fazia também a venda de
sardinhas no mercado
municipal e lembro-me que
ela aproveitava as sardinhas moídas as quais já não vendia, para levar para
casa, assar e comer, juntamente com o tão saboroso pão de milho, esta era
muitas vezes a principal e única refeição que faziam, à excepção de quando o
meu pai e a minha mãe nos levavam lá. Aí eram normalmente confeccionadas
batatas cozidas com bacalhau e ovo cozido a acompanhar, mas só ao meu
padrinho e ao meu pai era colocado azeite nas batatas, devido ao facto de
serem os homens da casa e o azeite estar
muito caro. Os anos foram passando e com o
dinheiro que pouparam compraram mais tarde
uma casa com paredes e chão em cimento,
ainda em bom estado em Almeirim, já para se
precaverem com a chegada da reforma. A
construção da casa era feita de tijolo burro,
tinha dois quartos, um deles era interior mas tinha uma telha de vidro para dar
claridade para o seu interior, tinha também uma sala grande que se tornava
ainda maior devido à pouca mobília espalhada por ela, o chão era de cimento
alisado e não tinha tecto falso, eram só as paredes e o telhado. Havia uma
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casinha pequena de lume com chão de pedras redondas batidas, onde a minha
madrinha cozinhava e fazia o café que estava sempre pronto a servir, era só
aquecer um pouco num púcaro de esmalte. Era aí nessa casinha que a minha
madrinha colocava a minha prenda de Natal todos os anos e era praticamente
sempre a mesma coisa, uma caneca em barro e uns rebocados lá dentro,
houve um ano que me deram um anel de ouro que ainda guardo com muito
amor e carinho. Como era quase sempre só essa prenda que recebia, para
mim era sempre muito especial.
O meu avô nem sempre viveu na casa
onde cresci, inicialmente viveu num terreno
ao lado numa barraca de tábuas onde
cresceram os seus dois filhos. Foi com
muito esforço e dedicação ao trabalho que
conseguiu muito mais tarde comprar a
casa. Inicialmente como criador de gado
conseguiu comprar o terreno onde
construiu a barraca, mais tarde como
criador de gado e agricultor e também com a ajuda da minha avó que criava
porcos e vendia-os, trabalhando e poupando ao longo de muitos anos
conseguiu comprar a casa onde cresci.
Na casa do meu avô onde morava toda a minha família, também ocupava
juntamente com a minha irmã mais velha um quarto interior só com uma cama
de armação de ferro e uma mesinha de cabeceira. A casa era de construção
antiga, talvez fosse outrora de algum “Fazendeiro”, pelo menos a construção
era idêntica. A casa foi construída com tijolo burro, o tecto era forrado com
madeira, tendo também uma telha de vidro no quarto interior para dar claridade
durante o dia. O chão era de cimento pintado de uma cor encarniçada que
ficava bem bonito e cheiroso quando eu o encerava. Inicialmente também não
havia casa de banho, só mais tarde foi construída uma fossa e uma casota de
madeira que o meu pai improvisou, onde foi colocado um chuveiro que de
Verão dava água aquecida, proveniente do recipiente com água colocado por
cima da casota e que era aquecida pelo calor do sol. No Inverno ninguém
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tomava banho de chuveiro porque a água estava fria. Colocávamos água a
aquecer na fogueira e tomávamos banho dentro de uma celha ou num alguidar
em plástico.
Havia duas cozinhas no quintal, uma delas, a mais antiga, ainda tinha os paus
na chaminé onde outrora se penduravam os enchidos, como, a chouriça, a
morcela e farinheira a corar no fumeiro. Uma das cozinhas era onde cozinhava
a minha avó e a outra era onde cozinhava a minha mãe, muitas das vezes não
cozinhava por falta de dinheiro ou por ter discutido com o meu pai. O que nos
valia era o meu avô e a minha avó que nos chamavam, a mim e à minha irmã
para jantarmos.
A minha avó cozinhava num fogareiro com carvão e fazia deliciosas sopas de
feijão com couves e carne de porco que trazia da praça, muita dessa carne
muitas vezes trocada por hortaliça, lembro-me que o meu avô ralhava muito
por ela teimar em colocar nas sopas o caldo de galinha mesmo sabendo que o
meu avô não queria que ela o colocasse, ela dizia que com o caldo de galinha
a sopa ficava muito mais saborosa e o meu avô dizia que lhe fazia mal à
saúde. Na casa havia também um enorme quintal, assim como uma horta
enorme rodeada por vinhas. A seguir às cozinhas havia um forno de cozer pão
que mais tarde foi demolido, uma galinheira com muitas galinhas, um rodeio
com porcos, o palheiro onde estava a égua chamada “Bonita” e onde o meu
avô colocava a carroça e os arreios, comida para a égua e onde ficava a minha
cadela que eu adorava, chamada “ Flora”. Afastado da casa, já no terreno da
horta ficava o poço e um tanque enorme onde eram lavadas as hortaliças que
um dia antes da venda eram apanhadas pela tardinha. Eram lavadas e
colocadas a jeito na carroça, para que no dia seguinte logo muito cedo, as
levassem para vender, no mercado municipal de Almeirim. O tanque também
servia de piscina para mim e para as minhas irmãs, nas poucas vezes que o
meu avô deixava.
Ao fim de um tempo de começar a trabalhar, combinamos por todos, eu, o meu
pai a minha mãe e as minhas duas irmãs mais novas, o meu cunhado e a
minha irmã mais velha com os seus dois filhos que ficaram todos a morar com
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os meus pais, dividirmos as contas por três e, para se fazer obras num celeiro
grande que o meu avô tinha mandado construir para arrecadação de batatas e
outros géneros.
Fizemos as obras, dois quartos e um corredor que dava para a sala de estar.
Paguei a terça parte dessa obras e fiquei apenas com um quarto, o outro
quarto foi para a minha irmã mais velha, que mais tarde tratou de juntamente
com o marido de comprar mobílias e sofás para preencher a sala de estar,
como se a sala fosse deles. Os meus pais ficaram na parte das casas velhas e
a pouco pouco o clima foi ficando pesado, havendo por vezes muitas
discussões que passados alguns anos foi ficando cada vez mais enervante e
desgastante. Era muita gente junta, por isso pouco a pouco fui pensando em
comprar uma casa. No espaço que antigamente era só vinhas e oliveiras
começaram a ser construídos prédios por uma cooperativa de Almeirim,
inscrevi-me nessa cooperativa e consegui comprar um apartamento a pagar
em vinte e cinco anos, que é a casa onde moro hoje com a minha família.
A MINHA RESIDÊNCIA – Actualmente
A minha casa tem três quartos, um deles transformei em estúdio, tem uma sala
grande, uma cozinha que nem é grande nem pequena e uma casa de banho
que comparada com as das actuais construções posso considerá-la grande.
Inicialmente o chão era de parquet e só ficava bonito se fosse encerado no
mínimo uma vez por mês, devido á falta de tempo e também às faculdades
físicas, no ano passado modificamos todo o chão da casa. Nos quartos
colocamos chão flutuante e no resto da casa um mosaico igual, à excepção da
casa de banho que também foi remodelada mas com outras cores de mosaico
a condizer com a cor dos azulejos. A cozinha também foi modifica da.
Inicialmente só tinha dois armários por cima e outros dois por baixo, foram
colocados mais armários em volta de todo o espaço disponível da cozinha.
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Quando passeio pela minha cidade, tenho poucos motivos para apontar maus
exemplos de construção, no entanto, e pese o facto de não ser entendida na
matéria, verifico que alguns andares excedem claramente a altura,
comparativamente com os restantes que estão em seu redor, a isto chamo um
erro de enquadramento paisagista. Posso até estar enganada, no entanto,
nada me diz que este ou aquele exemplo não choque em termos visuais. Estou
a falar obviamente dos edifícios junto às piscinas.
São tão poucos os maus exemplos urbanísticos que conheço, mas saliento
outro mau exemplo. Este tem simplesmente a ver com os edifícios públicos.
Embora sejam edifícios antigos, não significa que não possam ser rectificados
e adaptados às novas realidades. Estou a falar das rampas de acesso a
deficientes na Repartição de Finanças de Almeirim, na Conservatória do
Registo Civil e Câmara de Almeirim, sendo que a Câmara foi o último edifício a
ser recuperado sem contemplar estas obrigatoriedades arquitectónicas. Os
bons exemplos destas necessárias adaptações arquitectónicas aconteceram
em quase todos os Bancos e nos CTT o que, na minha opinião, foram bem
conseguidas em face do existente.
Consegui nessa época há mais ou menos vinte anos comprar a minha casa por
quatro mil e seiscentos e seis contos, o que não conseguiria fazer hoje porque
o custo de um apartamento normal em Almeirim custa hoje em dia os mais
baratos rondam os oitenta ou noventa mil euros, se for em Lisboa por exemplo
são muito mais caros. Existem neste
momento pessoas a morar em casas de
renda em Lisboa a pagarem cerca de
500 euros por mês. Por isso cada vez
mais existem pessoas a trabalhar em
Lisboa e compraram casa em Almeirim,
porque chegaram à conclusão que as
casas em zonas Rurais são mais
baratas e compensa ir e vir todos os dias nos transportes públicos, além de que
têm ao redor da casa muito mais tranquilidade.
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A zona onde moro é uma zona muito bonita e
ainda muito tranquila, as janelas da minha sala
e dos dois quartos estão voltadas para uma
zona verde constituída por muitas árvores, um
“Radical Park”, um campo de ténis, um lago,
uma esplanada, uma zona de lazer e um parque infantil. Temos actualmente
em Almeirim um centro de saúde a funcionar, uma escola primária, uma escola
preparatória e uma escola secundária, existe ainda um projecto a concluir com
prazo já definido de uma outra escola. Temos também acesso a transporte no
“TUA”5, um projecto de êxito da Câmara Municipal colocado à disposição do
cidadão, que consiste numa mini carreira que fornece a preços acessíveis a
deslocação de pessoas que não dispõem de veículo próprio ou que estão
incapazes de os conduzirem, a diferentes lugares da Cidade. Existe um
cinema, que neste momento está a ser usado para exibir peças de teatro e
revistas.
Adoro viver em Almeirim e tenho muito orgulho da História da minha terra.
Muitas pessoas desconhecem a História da Vila de Almeirim, dada a
inexistência de património que restou dessa época, destruído por terramotos.
As últimas três décadas de Almeirim, caracterizam-se por profundas alterações
na disposição no seu aglomerado urbanos, falo não só de Almeirim, mas
também das restantes freguesias, resultando na sua diversidade agora
podemos constatar. Sem fazer qualquer tipo de consulta, posso afirmar que
são inegáveis as alterações que se operaram em todo o Concelho de Almeirim.
Se em muitos Concelhos a população diminuiu, a do Concelho de Almeirim
manteve-se, ou aumentou ligeiramente, tendo em conta os últimos censos que
tive acesso.
Tenho-me apercebido no esforço desenvolvido por parte de alguns
proprietários em efectuar obras de conservação no seu património, como a
finalidade de aluguer ou até mesmo pelo gosto da traça original. Pena que não
haja mais incentivos a estas iniciativas. Tenho a certeza que se houvesse
incentivos por parte do Estado, destas iniciativas resultaria a diminuição do
abandono da população, o seu envelhecimento, assim como a perda de
5 TUA – Transportes Urbanos de Almeirim
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importância da actividade agrícola. Problemas que todos os dias, ouvimos falar
e que nos levam a pensar o que fazer. É certamente difícil encontrar respostas
concretas e encontrar soluções viáveis para atenuar tais debilidades, mas é
nesse sentido que se encetam novas estratégias de dinamização dos espaços
rurais.
Os planos de desenvolvimento rural para o concelho de Almeirim e
concretamente, para as quatro freguesias, passariam pela valorização da base
económica rural, desenvolvendo actividades complementares à actividade
agrícola, como sejam o Turismo em Espaço Rural em que grande parte das
Casas Agrícolas podiam tem um papel fundamental, o artesanato ou outras
pequenas indústrias transformadoras de produtos agrícolas, como o pão
caseiro, ou até mesmo a caça. A inexistência de casas de Turismo Rural no
concelho, revela porém, a pouca apetência que o concelho tem ainda para este
tipo de actividades turísticas.
Valorizar a base económica rural poderia também passar por melhorias da
produção agrícola, promovendo junto com as associações de agricultores
parcerias em que os turistas pudessem participar nas vindimas e na produção
do vinho, facilitando a aposta na qualidade, recurso a novas formas de
produção e mesmo em produtos únicos. Na verdade, actualmente, existem no
concelho poucos produtos certificados, apenas se encontram uma cooperativa
ENCHERIM, cujos produtos possuem um rótulo de denominação própria.
O PDM DE ALMEIRIM
Actualmente na maioria das grandes cidades, para se construir uma casa
temos de percorrer quase uma via-sacra. O mesmo, felizmente não sucede na
nossa cidade, cujo PDM, há muito é utilizado. Não creio que em alguns
momentos este mesmo instrumento de administração territorial não tenha sido
violado, ou posto em causa por alguns construtores sem escrúpulos.
Quando se pretende construir uma moradia no nosso Concelho o primeiro
passo a desenvolver é junto da Câmara, pois è esta que tem a tutela
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administrativa, e, em principio será lá que se obtêm as primeiras impressões
sobre o que é possível edificar num determinado lugar do Concelho, Chama-se
parecer prévio. Com este documento, onde se incluem as regras, passa-se
então para a fase de elaboração de um projecto arquitectónico que será
submetido a apreciação dos serviços técnicos da Câmara. Se o deferimento for
favorável, è pedido o projecto de estabilidade, acústico, térmico, rede de água.
Só depois de tudo aprovado è que è passada a respectiva licença de
construção. Esta licença só pode ser levantada por um construtor devidamente
habilitado.
REDES VIÁRIAS – Almeirim
Devido ao aumento da população da Cidade de Almeirim, a autarquia tem
vindo a responder eficazmente às necessidades dos seus habitantes, criando
espaços alternativos de estacionamento, disponibilizando bicicletas de
utilização gratuita e, por último, o reforço em mais uma linha de transportes
públicos. Dado isto os condutores acabam por estacionar os seus veículos em
locais apropriados, utilizando os transportes alternativos.
Com o desenvolvimento da cidade, concretamente o crescimento horizontal, foi
necessário repensar toda a rede de circulação na cidade e periferia. Atenta a
estas alterações esteve sempre a autarquia, que em determinado momento,
pôs em prática um conjunto de regras de sinalização na cidade, que veio
permitir uma melhor fluidez no tráfego. Porém, estas alterações não foram
inocentes, pois com esta reorganização de circulação foi possível criar uma
rede de transportes urbanos quase gratuita. Esta rede, além de no primeiro ano
ter excedido todas as expectativas de procura, fez com que fosse criada uma
segunda linha (AZUL). Sobre as duas linhas, pode-se informar que a Linha
Verde é a mais utilizada, devido ao facto da mesma ligar as zonas comerciais e
escolares, nomeadamente; Hipermercados e Escolas.
A Linha Azul é a menos utilizada. Julga-se que para este facto contribuir muito
um menor número de passagens pelas zonas de Comercio, mas também,
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porque serve essencialmente o centro de Saúde, Finanças e Câmara,
Cemitério e Juntas de Freguesia.
BREVE HISTÓRIA DE ALMEIRIM
“… São Vicente verdadeiro
Em Almeirim naceo também,
São Fernando em Santarém,
E são João em Aveiro,
Isto sei eu muito bem.”
(Gil Vicente – Auto da Festa)
Almeirim é uma Vila antiga, existem vestígios da
presença humana em Almeirim desde a pré-
história, também na época Lusitânia, romana,
visigótica e árabe. Mas a história moderna de
Almeirim começa com a Coutada real e a
construção do Paço a partir do ano de 1411,
devido à decisão do rei D. João I o rei que o povo
escolheu. Existem documentos datados de 1423
com referência a Almeirim, que comprovam que
Almeirim era um lugar onde D. João I exercia a
sua função de governante, juntamente com a sua determinação pela arte de
caçar. Foram criadas coutadas e a caça começa a ser um alimento apreciado e
desejado, começa a aparecer nas feiras e passa a ser um bem comercial.
Almeirim foi também o lugar privilegiado pela nova mentalidade da nova família
real através de D. João I que fazia questão de mostrar a todo o povo a
vantagem de saber ler e escrever e acabar com a organização política e social
que limitava a criatividade humana, chamada Idade Média.
No século XV nas coutadas de Almeirim D. Duarte transforma a arte de caçar,
num instrumento de formação, exercício e treino militar.
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As coutadas também deram um importante contributo no inicio da politica
expansionista ao fornecer madeira para a construção naval da frota Portuguesa
do inicio da expansão marítima. Não esquecer também a cultura do vinho, com
a obra de drenagem e enxugo dos campos de Almeirim, Alpiarça e do Cartaxo.
A ponte D. Luís que ligou a Vila de Almeirim ao mercado e ao mundo.
O Fazendeiro de Almeirim, classe dominante nos costumes da época e no
cultivo das terras. Os comerciantes, e não esquecer também o Património da
antiga Junta Nacional do vinho, assim como a vinha Fernão Pires, vinha urbana
de Fazendas de Almeirim.
Neste momento o que está a ser feito na defesa de todo este património
histórico, é a existência de uma publicação escrita na Net chamado “ Desafio
de Almeirim”, e que tem como objectivo a valorização da história, dos costumes
e tradições de Almeirim, das suas famílias e das suas obras. É um projecto que
pretende dar
conhecimento, fazer
divulgação do
património cultural e
preservação das
obras e costumes do
passado. A história
de Almeirim não é
conhecida nem
valorizada,
constituindo por isso
uma enorme
limitação no seu
desenvolvimento. O
objectivo deste
projecto é também o
de sensibilizar os professores das escolas para que os alunos possam ter
actividades extra curriculares onde possam ser integrados projectos
Urbanismo e Mobilidade
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identificadores da Cidade como o conhecimento da sua história, das suas
gentes e das suas identidades.
Já existem alguns passos positivos no sentido dos nossos costumes antigos e
da nossa história, que são as novas rotundas onde colocaram a vinha e o
Aranhol.
EMIGRAÇÃO – IMIGRAÇÃO
Almeirim assistiu a um enorme fluxo de emigrantes a partir de finais dos anos
50, para países europeus, principalmente para França.
Portugal foi durante séculos, um país onde a maior parte da população se viu
forçada a emigrar para poder sobreviver.
Ainda hoje a história de cada uma das enumeras comunidades portuguesas
existentes por todo o mundo nos dão conta
dessa realidade.
Nos últimos vinte anos, Portugal também se
tornou destino para muitos imigrantes.
Mas os primeiros imigrantes Africanos,
muitos deles a viver recentemente connosco em Almeirim, chegaram no início
dos anos 70, provenientes das antigas colónias portuguesas, quando começou
a haver escocês de mão-de-obra na construção civil. Esta imigração foi
promovida pelo estado português, para compensar a falta de mão-de-obra em
resultado da emigração.
Depois do 25 de Abril o número de imigrantes foi aumentando, sobretudo na
década de oitenta com as redes de trabalho ilegal, nomeadamente para a
construção civil.
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O total de imigrantes Africanos legalizados em finais do ano de 2002, ascendia
a mais de 120 mil pessoas.
O número de imigrantes ilegais era provavelmente o dobro, normalmente a
viverem em condições miseráveis, em bairros clandestinos à volta de Lisboa
(Almada, Loures, Amadora, Sintra).
Nos últimos vinte anos Portugal foi procurado mais por habitantes de países de
lusófonos, mas actualmente è mais procurado por pessoas oriundas de países
do leste da Europa.
O número de imigrantes legais em Portugal, atinge 388.258 em meados de
2002. A situação torna-se difícil de ser controlada devido à acção das redes de
imigração clandestina.
O contributo dos imigrantes para a economia nacional é muito positivo.
Segundo cálculos do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do
BPI, a parcela do crescimento luso, entre 1996 e 2005, explicada pela
imigração líquida, atingiu 18%. Se considerarmos o período entre 2001 e 2005,
os números são ainda mais expressivos, ascendendo a 89%, no caso
Português.
Além deste contributo para a economia nacional, o imigrante principalmente o
Africano também nos deram outros contributos para a nossa sociedade. Na
gastronomia, temos hoje o prazer de poder apreciar a comida africana, como
por exemplo a picanha. Temos também a nível cultural, as danças e alguns
costumes africanos, que nos trouxeram. Os Africanos têm um enorme talento
para o ritmo, para o movimento e para a dança, o “Samba”, o “Kuduro” e
danças tribais africanas, foram alguns dos contributos que nos trouxeram.
Os imigrantes Africanos não nos trouxeram só contributos positivos, também
existem os negativos, como a violência e morte que dia a dia se vão
evidenciando dia a dia e cada vez mais nos noticiários, sobre brigas de
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Africanos com gentes de etnias ciganas, grupos de etnia negra já misturados
com brancos, a matar e a assustar pessoas...
Actualmente fazem parte da comunidade lusófona Portugal, Cabo Verde,
Angola, Guiné-bissau, S. Tomé e Príncipe, Moçambique, Brasil e Timor Leste.
Cada um destes países tem a sua cultura, a sua tradição a sua culinária, o seu
folclore, os seus usos e costumes, mas têm em comum a língua portuguesa. O
português actualmente tem mais de 200 milhões de pessoas a utilizar a língua
de Camões, sendo a quinta língua mais falado no mundo e a terceira mais
falada no mundo ocidental. Por isso, não será difícil perceber as razões que
levam tantas e tantas pessoas a procurarem o nosso país para viver, ensinar
ou aprender, trabalhar e fazer turismo.
A nossa língua permite isso mesmo, uma interpenetração de usos e costumes,
uma aproximação, que só é possível graças à nossa língua, o Português.
Portugal é considerado ser ainda um país tranquilo e acolhedor, mas até
quando?
Cada dia que passa mais falta de respeito existe por parte dos jovens, que
cada vez mais se interessa por brigas e desacatos, incendiando carros que
nem são deles, sem nem sequer pensarem que muitos ou todos os carros que
podem estar a incendiar podem não estar pagos ainda, e que o dono desses
carros pode ficar a pagar esse carro sem o ter, ficando sem recursos para
comprar outro carro para se poder deslocar.
Com a existência da crise, falta de emprego,
imigrantes ilegais sem emprego e a viverem em
condições miseráveis, todos estes conflitos têm
tendência a complicarem-se cada vez mais.
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BIBLIOGRAFIA
AAVV , “No coração da Lezíria – HESTIA EDITORES
Couto, Guilherme Tiago – “Breve Noticia de Almeirim” – ADPTCCA/1991
Ferreira, Ulisses Pina – “Foi isto Almeirim” – CRIAL/2004
Pina, Henriques Leonor – “Os Papéis de S. Roque” – EDIÇÕES COSMOS
WEBGRAFIA
http://Imigrantes.no.sapo.pt/pag2.html 19-05-2009
http://desafiodealmeirim.blogspot.com 19-05-2009
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