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Índice INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2 ANTIGA VILA - Almeirim ......................................................................................... 3 ALMEIRIM Antes e depois ................................................................................... 4 A MINHA INFÂNCIA Almeirim antigamente ......................................................... 6 MIGRAÇÃO Almeirim antigamente ...................................................................... 6 CHEIAS Almeirim antigamente ............................................................................ 8 USOS E COSTUMES Almeirim antigamente ....................................................... 9 A MINHA RESIDÊNCIA Actualmente ................................................................. 14 BREVE HISTÓRIA DE ALMEIRIM ........................................................................ 15 PDM - Almeirim ..................................................................................................... 17 REDES VIÁRIAS DE ALMEIRIM .......................................................................... 17 EMIGRAÇÃO - IMIGRAÇÃO ................................................................................. 18 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 21 WEBGRAFIA ........................................................................................................ 21

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Índice

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2

ANTIGA VILA - Almeirim ......................................................................................... 3

ALMEIRIM – Antes e depois ................................................................................... 4

A MINHA INFÂNCIA – Almeirim antigamente ......................................................... 6

MIGRAÇÃO – Almeirim antigamente ...................................................................... 6

CHEIAS – Almeirim antigamente ............................................................................ 8

USOS E COSTUMES – Almeirim antigamente ....................................................... 9

A MINHA RESIDÊNCIA – Actualmente ................................................................. 14

BREVE HISTÓRIA DE ALMEIRIM ........................................................................ 15

PDM - Almeirim ..................................................................................................... 17

REDES VIÁRIAS DE ALMEIRIM .......................................................................... 17

EMIGRAÇÃO - IMIGRAÇÃO ................................................................................. 18

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 21

WEBGRAFIA ........................................................................................................ 21

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Introdução

Escolhi este tema para poder evidenciar ao mesmo tempo, não só o tipo de

casa, se é que lhe poderemos hoje chamar casa, que existia em épocas

passadas, assim como a maneira de viver a vida dia a dia trabalhando e

fazendo normalmente uma única refeição decente por dia e poupando cada

tostão, para mais tarde poderem finalmente ter uma vida mais tranquila e sem

sobressaltos. Como estamos numa época passada, também é importante falar

sobre a história da Vila de Almeirim, a sua importância histórica, as casas

típicas dos fazendeiros e os costumes antigos das gentes da nossa terra.

Devido à inexistência de património devido a terramotos, a memória das gentes

da Vila foi esquecendo a importância que a Vila de Almeirim representou na

construção de uma Nação. Daí a necessidade da sensibilização a professores

das escolas para que os alunos possam ter actividades extra curriculares onde

possam ser integrados projectos identificadores da Cidade de Almeirim como o

conhecimento da sua história, das suas gentes e das suas identidades.

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ANTIGA VILA – Almeirim

Almeirim era uma vila Rústica, pacata, situada no coração do Ribatejo, no vale

do Tejo, espraia-se ao longo da margem esquerda do Rio Tejo até à Ribeira de

Muge, era uma planície com pequenas elevações na zona da charneca.

Em 1411, D. João I manda construir um Paço Real mesmo às portas da

Coutada de Almeirim.

D. João II, em 1483, legitima a criação da vila realenga, concedendo aos seus

moradores uma carta de privilégios, que o pelouro da Cultura da Câmara

Municipal de Almeirim edita em 1998.

Almeirim foi residência real; aqui reuniram-se Cortes e ocorreram importantes

factos da nossa História, desempenhando na época um papel de relevo nos

destinos de Portugal.

Com o abandono do Paço Real, a vida perdeu ostentação, os seus palácios

foram destruídos pelos terramotos. Os que resistiram, foram-se degradando ao

longo dos anos a e sua feição social, com a chegada dos colonos para

desbravar a terra, alterou-se profundamente.

O Fazendeiro de Almeirim é originário dos primórdios da colonização da

charneca. Gentes vindas das Beiras e Norte do País por volta de 1850,

formando as Fazendas ou Foros de Almeirim e os Foros de Benfica, e fixaram-

se nas terras cedidas pelos latifundiários ou pelo município, mediante o

pagamento ou renda, hoje todos remidos.

Constituídos os Foros ou Fazendas, os colonos passaram a chamar-se

Fazendeiros. A sua habitação típica consta de uma casa de rés-do-chão, com

uma porta de entrada com um corredor ao meio e ladeada de duas janelas,

com divisões de um lado e outro. Na mesma estrutura da casa situava-se a

adega, com um portão largo para a entrada da besta e carroça, uma janela

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para a rua e dois lagares, seguidos de tonéis de madeira, mais tarde

substituídos por depósitos de cimento armado, aéreos ou subterrâneos.

No quintal e fora da habitação, tinham uma cozinha com uma chaminé grande,

para cozinhar com lenha de cepa numa caldeira em cima de uma trempe1 de

ferro e aquecer a família nas noites de Inverno e, quando matavam os porcos,

era no fumeiro que eram colocadas as chouriças, morcelas e farinheiras, base

da alimentação da família do Fazendeiro. Também no quintal e junto à cozinha

com a chaminé, havia normalmente um forno para cozer o pão e um poço em

parceria com um vizinho para abastecimento de água, que era retirada por uma

roldana com uma corda e um balde de zinco.

Ao fundo do quintal havia o palheiro para o animal, a arrecadação de feno e da

palha, um telheiro para utensílios e para a carroça, a capoeira para os animais

de criação e um rodeio para os porcos.

ALMEIRIM – Antes e depois

Olhando para trás aí uns quarenta anos e fazendo eu uma comparação de

como era a minha cidade, nessa a época chamada Vila de Almeirim, verifico

que hoje em nada se compara com esses tempos longínquos. Onde antes

havia casas com hortas, de onde as pessoas retiravam o que necessitavam

como base da sua alimentação, hoje existem jardins com imensas flores e

relva. As estradas eram geralmente de pedras batidas, chamada “ Calçada à

Portuguesa” que ainda se encontra algumas ruas com essa calçada, ou eram

simplesmente de terra batida. Só as estradas principais eram alcatroadas, hoje

em dia já não há ruas nem estradas de terra batida. Com o aumento e

deslocação dos carros e das estradas alcatroadas, perdeu-se algumas das

tradições que existiam na época, como as tradicionais fogueiras de

rosmaninho, as bonecas de papel preparadas com enchimento de ervas do

mato prontas a estalar quando colocavam a boneca na fogueira, e também as

tradicionais marchas populares que se ensaiavam na época. No mês de Junho

1 Peça metálica com três pés, utilizada para se colocar em cima do lume, na qual se coloca a panela.

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quando se faziam estas festas tradicionais de S.António, as ruas de Almeirim

eram todas enfeitadas com bandeiras de papel às cores de uma ponta à outra

da rua e toda a Vila tinha um cheirinho bom a rosmaninho. Hoje, muitas das

casas térreas e típicas de antigamente, foram substituídas por grandes prédios

com vários andares, por vivendas ou por prédios com primeiro andar. Os

materiais de construção também foram evoluindo. Os tectos das casas já não

são só em madeira como antigamente, levam vigas de cimento e tijoleiras, que

são cimentados e alisados e levam uma sanca em cimento ou em gesso à volta

do tecto.

O chão antigo de cimento ou de tábuas de madeira, deu lugar ao mosaico

brilhante de vários tamanhos e cores, ou chão de madeira trabalhada e

envernizada. Não esquecendo das variedades de azulejos que hoje existem

para decoração principal de casas de banho e cozinhas.

Casas típicas já as há muito poucas, mas ainda se encontra uma ou outra,

onde ainda se encontra muitas dessas casas è na região de Fazendas de

Almeirim.

As casas de hoje em nada se comparam com as de antigamente. Aprecio e

digo sinceramente que dificilmente saberia lidar e tocar com a minha vida para

a frente sem as comodidades e sem os utensílios de agora, mas, esse conforto

pagasse caro. Para podermos ter tempo para tudo, contratamos uma

empregada para nos fazer as lidas da casa, o que não é muito viável nos

tempos de crise que correm, ou nos habituamos a viver apressadamente como

acontece com a maioria das pessoas, limitando muitas vezes o nosso tempo só

a casa trabalho e trabalho casa, restando muito pouco tempo para passear,

visitar museus e passar pelo menos uma semana de férias, que tento a todo o

custo não falhar uma vez por ano para a família poder aliviar do stress.

Antigamente as pessoas conseguiam viver com muito pouco, eram felizes e

nunca me lembro de ouvir alguém queixar-se de stress.

A MINHA INFÂNCIA – Almeirim antigamente

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Quando tinha sete ou oito anos costumava ir de carroça com o meu avô para a

alameda, um terreno junto às margens do Tejo onde o meu avô cultivava

tomate, melão e melancias. O tomate era para vender para a fábrica da

“Campal” assim se chamava na altura, e o melão e a melancia era para vender

no mercado da Praça Municipal e por vezes

também vendiam em casa. Na época da

apanha do tomate, que era em meados do

mês de Agosto, migravam gentes de Glória

do Ribatejo ou da região do Alentejo, para a

apanha do tomate, vinham também fazer a

campanha do tomate para a COMPAL. As mulheres e homens Alentejanos que

vinham para a fábrica da COMPAL trabalhar para as linhas do tomate, ficavam

em casas de madeira construídas propositadamente para esse fim. Muitas

dessas pessoas, homens e mulheres, desde então por cá ficaram e arranjaram

família.

MIGRAÇÃO – Almeirim antigamente

Como Almeirim tinha uma grande área de vinha cultivada, a população era

pouca para amanhar esses campos, por isso havia a necessidade de ranchos

migratórios, vindo de outras regiões do país. Estes ranchos vinham de regiões

mais pobres: Pombal, Castro d`Aire, Figueiró dos Vinhos, eram conhecidos por

“borrões”, “gaibéus”, ou “bimbos”. Na época das vindimas, e no fim de um dia

de trabalho, no quartel onde estavam alojadas, as raparigas ainda tinham

forças e organizavam um bailarico ao som de uma concertina tocada por um

homem do rancho.

Os rapazes novos e dançarinos de Almeirim não perdiam a oportunidade de

dar uns pés de dança, e diziam:

“Hoje vamos ao baile das

barroas2, em tal parte!”. E claro

2 Designação dada a pessoas provenientes de bairros de regiões do interior.

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que as coisas, às vezes, não corriam muito bem e acabava tudo à pancada.

Como o terreno de cultivo do meu avô era muito grande, ele contratava sempre

mulheres da Glória do Ribatejo ou Alentejanas para fazerem a apanha do

tomate.

Perto do terreno de cultivo do meu avô moravam alguns pescadores que se

dedicavam à pesca do peixe do rio como a fataça, peixe muito abundante

naquela época. Lembro-me que a primeira coisa que eu fazia quando chegava

à alameda com o meu avô era ir direitinha para a casa de um dos pescadores,

o Sr. Gregório, para brincar com as suas duas filhas, a Clara e a Maria

Florinda. A casa do Sr. Gregório era de madeira, a própria casa estava

suspensa por uns grandes pés também feitos em madeira para ficar protegida

das cheias que nessa altura vinham praticamente todos os Invernos. Lá dentro

de casa havia um compartimento só com uma cama para o Sr. Gregório e para

a esposa D. Laura, noutro compartimento havia outra cama onde dormiam a

Clara e a Maria Florinda e havia só mais um espaço muito pequeno que servia

quase como cozinha e para guardar as mercearias que vinham a pé comprar à

Vila. As camas não eram como as de agora, eram só um colchão suspenso por

três ferros a que chamavam tarimba. Lembro-me de ter visto uma “enfusa” ou

quarta em barro com água, tendo como tampa uma rolha grande feita de

cortiça. O recipiente estava colocado num canto escuro da casa, para manter a

água sempre fresca. Para cozinhar acendiam uma fogueira na rua, colocavam

um suporte em ferro chamada “trempe”3que era composto por três ferros

ligados a uma outra parte em ferro redonda para colocar a panela em cima, era

assim que faziam as deliciosas caldeiradas de peixe, normalmente eram

confeccionadas só ao Domingo, durante a semana comiam normalmente peixe

assado em cima de um bocado de pão de milho. Muito mais tarde quando

conseguiram poupar e juntar algum dinheiro com a venda de peixe no

mercado, construíram então uma pequena casa em cimento, num terreno por

cima do dique, para ficarem protegidos das cheias. Hoje, o que mais me

3 Peça metálica com três pés, utilizada para se colocar em cima do lume, na qual se coloca a panela.

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comove ao recordar tudo isto, é o simples facto de naquela época as pessoas

terem tão pouco e serem tão felizes.

CHEIAS – Almeirim antigamente

No final do ano de 1935, registou-se a primeira grande cheia no campo de

Almeirim e nada fazia prever que mais sete inundariam a vasta campina

ribatejana, interrompendo o trânsito entre Santarém e Almeirim durante

quarenta e sete dias, a ultima das quais a 28 de Abril de 1936. As cheias em

Almeirim eram frequentes e para quem residia na Pontinha, no cruzamento da

Rua de Santarém com

o Largo General

Guerra e a Rua doa

Apóstolos, a água

atingia níveis de dois

metros acima da

estrada.

Era um pesadelo para os residentes que abandonavam as suas casas e

quando as águas desciam, os soalhos e paredes ficavam cheias de “lorda”4,

pelo que tinham que ser lavadas com vassouras e aguardar a secagem.

Quando havia cheias, o único meio de transporte entre Almeirim e Santarém e

vice-versa, eram os barcos dos pescadores. A Direcção-Geral de Hidráulica do

Tejo contratava estes barqueiros para efectuarem o transporte de pessoas e

pequenas mercadorias entre Almeirim e Tapada. Os passageiros davam uma

gorjeta e ajudavam os pescadores nos remos ou na vara, principalmente na

saída de Almeirim para o campo, ou na passagem da vala, onde a corrente era

muito forte.

A passagem do Rio Tejo pelas portas de Vila Velha de Ródão era o ponto de

referência da altura das águas nos campos do Ribatejo. Quando as águas

4 Massa pegajosa de origem orgânica – mistura de água com argila, areia e vegetação em decomposição.

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atingiam o nível de altura de 12 metros, era certo e sabido que havia corte de

estrada entre Almeirim e Santarém; quando chegava aos 17 metros atingia a

casa do Álvaro Pina; aos 20 metros entrava no Largo General Guerra; e aos 24

metros ligava com a água que vinha de S. Roque pela Rua da Rega e Rua da

Fonte.

Com a construção de barragens houve uma mudança radical das cheias na

vasta campina ribatejana. Passamos a ter menos inundações, mas ficámos

dependentes das descargas da água acumulada nas albufeiras e perdeu-se o

controlo da altura que as cheias atingiam nos campos do Ribatejo.

USOS E COSTUMES – Almeirim antigamente

Perto da alameda passando ao dique e à cova dos choupos, também morava

a minha madrinha, irmã do meu

avô. O meu padrinho era guarda

das vinhas da casa Vasco Santos

Andrade, por isso tinham de ficar

noite e dia a guardar as vinhas das

redondezas para o qual era pago.

Tinham também umas pequenas

casas em madeira, o chão era de terra batida até na zona onde dormiam.

Colocavam mantas no chão para que as noites não fossem tão frias e a cama

estava também suspensa em três ferros “ tarimba “ e traves em madeira para

suster o colchão de pano. O material de enchimento do colchão de pano, era

constituído por cascas secas da massaroca do milho que eram desfiadas

propositadamente para esse fim. Lembro-me perfeitamente como se fosse

hoje, da estrada marcada pelas rodas da carroça, onde de cada lado havia

pereiras que davam maravilhosos frutos de cores desde o amarelo, ao laranja e

vermelho e eram deliciosos, ainda me lembro do cheiro dessas peras que

nunca mais consegui encontrar no mercado para comprar. Perto da casa da

minha madrinha havia também um poço com um tanque grande ao lado, junto

do tanque havia também uma figueira que dava figos enormes, de cor roxa.

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Havia uma capoeira com algumas galinhas que comiam fruta, restos de comida

e também verduras apanhadas pela minha madrinha por vezes com algumas

cobras à mistura. Adorava andar no campo, mas tinha muito medo dos répteis

que abundavam naquela zona como as cobras, lagartos, salamandras e até

das lagartixas eu tinha medo. A minha madrinha vinha uma vez por mês a

Almeirim fazer compras ao Sr. José da loja que tinha uma mercearia perto do

Jardim. Atravessava a zona das vinhas, a estrada do meio, passava à ponte da

vala até à mercearia sempre a pé, era necessário quase o dia inteiro para ir e

vir, não esquecendo que no

caminho se volta vinha

também muito carregada

com as mercearias

compradas. Alguns dias por

semana a minha madrinha

fazia também a venda de

sardinhas no mercado

municipal e lembro-me que

ela aproveitava as sardinhas moídas as quais já não vendia, para levar para

casa, assar e comer, juntamente com o tão saboroso pão de milho, esta era

muitas vezes a principal e única refeição que faziam, à excepção de quando o

meu pai e a minha mãe nos levavam lá. Aí eram normalmente confeccionadas

batatas cozidas com bacalhau e ovo cozido a acompanhar, mas só ao meu

padrinho e ao meu pai era colocado azeite nas batatas, devido ao facto de

serem os homens da casa e o azeite estar

muito caro. Os anos foram passando e com o

dinheiro que pouparam compraram mais tarde

uma casa com paredes e chão em cimento,

ainda em bom estado em Almeirim, já para se

precaverem com a chegada da reforma. A

construção da casa era feita de tijolo burro,

tinha dois quartos, um deles era interior mas tinha uma telha de vidro para dar

claridade para o seu interior, tinha também uma sala grande que se tornava

ainda maior devido à pouca mobília espalhada por ela, o chão era de cimento

alisado e não tinha tecto falso, eram só as paredes e o telhado. Havia uma

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casinha pequena de lume com chão de pedras redondas batidas, onde a minha

madrinha cozinhava e fazia o café que estava sempre pronto a servir, era só

aquecer um pouco num púcaro de esmalte. Era aí nessa casinha que a minha

madrinha colocava a minha prenda de Natal todos os anos e era praticamente

sempre a mesma coisa, uma caneca em barro e uns rebocados lá dentro,

houve um ano que me deram um anel de ouro que ainda guardo com muito

amor e carinho. Como era quase sempre só essa prenda que recebia, para

mim era sempre muito especial.

O meu avô nem sempre viveu na casa

onde cresci, inicialmente viveu num terreno

ao lado numa barraca de tábuas onde

cresceram os seus dois filhos. Foi com

muito esforço e dedicação ao trabalho que

conseguiu muito mais tarde comprar a

casa. Inicialmente como criador de gado

conseguiu comprar o terreno onde

construiu a barraca, mais tarde como

criador de gado e agricultor e também com a ajuda da minha avó que criava

porcos e vendia-os, trabalhando e poupando ao longo de muitos anos

conseguiu comprar a casa onde cresci.

Na casa do meu avô onde morava toda a minha família, também ocupava

juntamente com a minha irmã mais velha um quarto interior só com uma cama

de armação de ferro e uma mesinha de cabeceira. A casa era de construção

antiga, talvez fosse outrora de algum “Fazendeiro”, pelo menos a construção

era idêntica. A casa foi construída com tijolo burro, o tecto era forrado com

madeira, tendo também uma telha de vidro no quarto interior para dar claridade

durante o dia. O chão era de cimento pintado de uma cor encarniçada que

ficava bem bonito e cheiroso quando eu o encerava. Inicialmente também não

havia casa de banho, só mais tarde foi construída uma fossa e uma casota de

madeira que o meu pai improvisou, onde foi colocado um chuveiro que de

Verão dava água aquecida, proveniente do recipiente com água colocado por

cima da casota e que era aquecida pelo calor do sol. No Inverno ninguém

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tomava banho de chuveiro porque a água estava fria. Colocávamos água a

aquecer na fogueira e tomávamos banho dentro de uma celha ou num alguidar

em plástico.

Havia duas cozinhas no quintal, uma delas, a mais antiga, ainda tinha os paus

na chaminé onde outrora se penduravam os enchidos, como, a chouriça, a

morcela e farinheira a corar no fumeiro. Uma das cozinhas era onde cozinhava

a minha avó e a outra era onde cozinhava a minha mãe, muitas das vezes não

cozinhava por falta de dinheiro ou por ter discutido com o meu pai. O que nos

valia era o meu avô e a minha avó que nos chamavam, a mim e à minha irmã

para jantarmos.

A minha avó cozinhava num fogareiro com carvão e fazia deliciosas sopas de

feijão com couves e carne de porco que trazia da praça, muita dessa carne

muitas vezes trocada por hortaliça, lembro-me que o meu avô ralhava muito

por ela teimar em colocar nas sopas o caldo de galinha mesmo sabendo que o

meu avô não queria que ela o colocasse, ela dizia que com o caldo de galinha

a sopa ficava muito mais saborosa e o meu avô dizia que lhe fazia mal à

saúde. Na casa havia também um enorme quintal, assim como uma horta

enorme rodeada por vinhas. A seguir às cozinhas havia um forno de cozer pão

que mais tarde foi demolido, uma galinheira com muitas galinhas, um rodeio

com porcos, o palheiro onde estava a égua chamada “Bonita” e onde o meu

avô colocava a carroça e os arreios, comida para a égua e onde ficava a minha

cadela que eu adorava, chamada “ Flora”. Afastado da casa, já no terreno da

horta ficava o poço e um tanque enorme onde eram lavadas as hortaliças que

um dia antes da venda eram apanhadas pela tardinha. Eram lavadas e

colocadas a jeito na carroça, para que no dia seguinte logo muito cedo, as

levassem para vender, no mercado municipal de Almeirim. O tanque também

servia de piscina para mim e para as minhas irmãs, nas poucas vezes que o

meu avô deixava.

Ao fim de um tempo de começar a trabalhar, combinamos por todos, eu, o meu

pai a minha mãe e as minhas duas irmãs mais novas, o meu cunhado e a

minha irmã mais velha com os seus dois filhos que ficaram todos a morar com

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os meus pais, dividirmos as contas por três e, para se fazer obras num celeiro

grande que o meu avô tinha mandado construir para arrecadação de batatas e

outros géneros.

Fizemos as obras, dois quartos e um corredor que dava para a sala de estar.

Paguei a terça parte dessa obras e fiquei apenas com um quarto, o outro

quarto foi para a minha irmã mais velha, que mais tarde tratou de juntamente

com o marido de comprar mobílias e sofás para preencher a sala de estar,

como se a sala fosse deles. Os meus pais ficaram na parte das casas velhas e

a pouco pouco o clima foi ficando pesado, havendo por vezes muitas

discussões que passados alguns anos foi ficando cada vez mais enervante e

desgastante. Era muita gente junta, por isso pouco a pouco fui pensando em

comprar uma casa. No espaço que antigamente era só vinhas e oliveiras

começaram a ser construídos prédios por uma cooperativa de Almeirim,

inscrevi-me nessa cooperativa e consegui comprar um apartamento a pagar

em vinte e cinco anos, que é a casa onde moro hoje com a minha família.

A MINHA RESIDÊNCIA – Actualmente

A minha casa tem três quartos, um deles transformei em estúdio, tem uma sala

grande, uma cozinha que nem é grande nem pequena e uma casa de banho

que comparada com as das actuais construções posso considerá-la grande.

Inicialmente o chão era de parquet e só ficava bonito se fosse encerado no

mínimo uma vez por mês, devido á falta de tempo e também às faculdades

físicas, no ano passado modificamos todo o chão da casa. Nos quartos

colocamos chão flutuante e no resto da casa um mosaico igual, à excepção da

casa de banho que também foi remodelada mas com outras cores de mosaico

a condizer com a cor dos azulejos. A cozinha também foi modifica da.

Inicialmente só tinha dois armários por cima e outros dois por baixo, foram

colocados mais armários em volta de todo o espaço disponível da cozinha.

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Quando passeio pela minha cidade, tenho poucos motivos para apontar maus

exemplos de construção, no entanto, e pese o facto de não ser entendida na

matéria, verifico que alguns andares excedem claramente a altura,

comparativamente com os restantes que estão em seu redor, a isto chamo um

erro de enquadramento paisagista. Posso até estar enganada, no entanto,

nada me diz que este ou aquele exemplo não choque em termos visuais. Estou

a falar obviamente dos edifícios junto às piscinas.

São tão poucos os maus exemplos urbanísticos que conheço, mas saliento

outro mau exemplo. Este tem simplesmente a ver com os edifícios públicos.

Embora sejam edifícios antigos, não significa que não possam ser rectificados

e adaptados às novas realidades. Estou a falar das rampas de acesso a

deficientes na Repartição de Finanças de Almeirim, na Conservatória do

Registo Civil e Câmara de Almeirim, sendo que a Câmara foi o último edifício a

ser recuperado sem contemplar estas obrigatoriedades arquitectónicas. Os

bons exemplos destas necessárias adaptações arquitectónicas aconteceram

em quase todos os Bancos e nos CTT o que, na minha opinião, foram bem

conseguidas em face do existente.

Consegui nessa época há mais ou menos vinte anos comprar a minha casa por

quatro mil e seiscentos e seis contos, o que não conseguiria fazer hoje porque

o custo de um apartamento normal em Almeirim custa hoje em dia os mais

baratos rondam os oitenta ou noventa mil euros, se for em Lisboa por exemplo

são muito mais caros. Existem neste

momento pessoas a morar em casas de

renda em Lisboa a pagarem cerca de

500 euros por mês. Por isso cada vez

mais existem pessoas a trabalhar em

Lisboa e compraram casa em Almeirim,

porque chegaram à conclusão que as

casas em zonas Rurais são mais

baratas e compensa ir e vir todos os dias nos transportes públicos, além de que

têm ao redor da casa muito mais tranquilidade.

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A zona onde moro é uma zona muito bonita e

ainda muito tranquila, as janelas da minha sala

e dos dois quartos estão voltadas para uma

zona verde constituída por muitas árvores, um

“Radical Park”, um campo de ténis, um lago,

uma esplanada, uma zona de lazer e um parque infantil. Temos actualmente

em Almeirim um centro de saúde a funcionar, uma escola primária, uma escola

preparatória e uma escola secundária, existe ainda um projecto a concluir com

prazo já definido de uma outra escola. Temos também acesso a transporte no

“TUA”5, um projecto de êxito da Câmara Municipal colocado à disposição do

cidadão, que consiste numa mini carreira que fornece a preços acessíveis a

deslocação de pessoas que não dispõem de veículo próprio ou que estão

incapazes de os conduzirem, a diferentes lugares da Cidade. Existe um

cinema, que neste momento está a ser usado para exibir peças de teatro e

revistas.

Adoro viver em Almeirim e tenho muito orgulho da História da minha terra.

Muitas pessoas desconhecem a História da Vila de Almeirim, dada a

inexistência de património que restou dessa época, destruído por terramotos.

As últimas três décadas de Almeirim, caracterizam-se por profundas alterações

na disposição no seu aglomerado urbanos, falo não só de Almeirim, mas

também das restantes freguesias, resultando na sua diversidade agora

podemos constatar. Sem fazer qualquer tipo de consulta, posso afirmar que

são inegáveis as alterações que se operaram em todo o Concelho de Almeirim.

Se em muitos Concelhos a população diminuiu, a do Concelho de Almeirim

manteve-se, ou aumentou ligeiramente, tendo em conta os últimos censos que

tive acesso.

Tenho-me apercebido no esforço desenvolvido por parte de alguns

proprietários em efectuar obras de conservação no seu património, como a

finalidade de aluguer ou até mesmo pelo gosto da traça original. Pena que não

haja mais incentivos a estas iniciativas. Tenho a certeza que se houvesse

incentivos por parte do Estado, destas iniciativas resultaria a diminuição do

abandono da população, o seu envelhecimento, assim como a perda de

5 TUA – Transportes Urbanos de Almeirim

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Antiga Vila de Almeirim Página 16

importância da actividade agrícola. Problemas que todos os dias, ouvimos falar

e que nos levam a pensar o que fazer. É certamente difícil encontrar respostas

concretas e encontrar soluções viáveis para atenuar tais debilidades, mas é

nesse sentido que se encetam novas estratégias de dinamização dos espaços

rurais.

Os planos de desenvolvimento rural para o concelho de Almeirim e

concretamente, para as quatro freguesias, passariam pela valorização da base

económica rural, desenvolvendo actividades complementares à actividade

agrícola, como sejam o Turismo em Espaço Rural em que grande parte das

Casas Agrícolas podiam tem um papel fundamental, o artesanato ou outras

pequenas indústrias transformadoras de produtos agrícolas, como o pão

caseiro, ou até mesmo a caça. A inexistência de casas de Turismo Rural no

concelho, revela porém, a pouca apetência que o concelho tem ainda para este

tipo de actividades turísticas.

Valorizar a base económica rural poderia também passar por melhorias da

produção agrícola, promovendo junto com as associações de agricultores

parcerias em que os turistas pudessem participar nas vindimas e na produção

do vinho, facilitando a aposta na qualidade, recurso a novas formas de

produção e mesmo em produtos únicos. Na verdade, actualmente, existem no

concelho poucos produtos certificados, apenas se encontram uma cooperativa

ENCHERIM, cujos produtos possuem um rótulo de denominação própria.

O PDM DE ALMEIRIM

Actualmente na maioria das grandes cidades, para se construir uma casa

temos de percorrer quase uma via-sacra. O mesmo, felizmente não sucede na

nossa cidade, cujo PDM, há muito é utilizado. Não creio que em alguns

momentos este mesmo instrumento de administração territorial não tenha sido

violado, ou posto em causa por alguns construtores sem escrúpulos.

Quando se pretende construir uma moradia no nosso Concelho o primeiro

passo a desenvolver é junto da Câmara, pois è esta que tem a tutela

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administrativa, e, em principio será lá que se obtêm as primeiras impressões

sobre o que é possível edificar num determinado lugar do Concelho, Chama-se

parecer prévio. Com este documento, onde se incluem as regras, passa-se

então para a fase de elaboração de um projecto arquitectónico que será

submetido a apreciação dos serviços técnicos da Câmara. Se o deferimento for

favorável, è pedido o projecto de estabilidade, acústico, térmico, rede de água.

Só depois de tudo aprovado è que è passada a respectiva licença de

construção. Esta licença só pode ser levantada por um construtor devidamente

habilitado.

REDES VIÁRIAS – Almeirim

Devido ao aumento da população da Cidade de Almeirim, a autarquia tem

vindo a responder eficazmente às necessidades dos seus habitantes, criando

espaços alternativos de estacionamento, disponibilizando bicicletas de

utilização gratuita e, por último, o reforço em mais uma linha de transportes

públicos. Dado isto os condutores acabam por estacionar os seus veículos em

locais apropriados, utilizando os transportes alternativos.

Com o desenvolvimento da cidade, concretamente o crescimento horizontal, foi

necessário repensar toda a rede de circulação na cidade e periferia. Atenta a

estas alterações esteve sempre a autarquia, que em determinado momento,

pôs em prática um conjunto de regras de sinalização na cidade, que veio

permitir uma melhor fluidez no tráfego. Porém, estas alterações não foram

inocentes, pois com esta reorganização de circulação foi possível criar uma

rede de transportes urbanos quase gratuita. Esta rede, além de no primeiro ano

ter excedido todas as expectativas de procura, fez com que fosse criada uma

segunda linha (AZUL). Sobre as duas linhas, pode-se informar que a Linha

Verde é a mais utilizada, devido ao facto da mesma ligar as zonas comerciais e

escolares, nomeadamente; Hipermercados e Escolas.

A Linha Azul é a menos utilizada. Julga-se que para este facto contribuir muito

um menor número de passagens pelas zonas de Comercio, mas também,

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porque serve essencialmente o centro de Saúde, Finanças e Câmara,

Cemitério e Juntas de Freguesia.

BREVE HISTÓRIA DE ALMEIRIM

“… São Vicente verdadeiro

Em Almeirim naceo também,

São Fernando em Santarém,

E são João em Aveiro,

Isto sei eu muito bem.”

(Gil Vicente – Auto da Festa)

Almeirim é uma Vila antiga, existem vestígios da

presença humana em Almeirim desde a pré-

história, também na época Lusitânia, romana,

visigótica e árabe. Mas a história moderna de

Almeirim começa com a Coutada real e a

construção do Paço a partir do ano de 1411,

devido à decisão do rei D. João I o rei que o povo

escolheu. Existem documentos datados de 1423

com referência a Almeirim, que comprovam que

Almeirim era um lugar onde D. João I exercia a

sua função de governante, juntamente com a sua determinação pela arte de

caçar. Foram criadas coutadas e a caça começa a ser um alimento apreciado e

desejado, começa a aparecer nas feiras e passa a ser um bem comercial.

Almeirim foi também o lugar privilegiado pela nova mentalidade da nova família

real através de D. João I que fazia questão de mostrar a todo o povo a

vantagem de saber ler e escrever e acabar com a organização política e social

que limitava a criatividade humana, chamada Idade Média.

No século XV nas coutadas de Almeirim D. Duarte transforma a arte de caçar,

num instrumento de formação, exercício e treino militar.

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As coutadas também deram um importante contributo no inicio da politica

expansionista ao fornecer madeira para a construção naval da frota Portuguesa

do inicio da expansão marítima. Não esquecer também a cultura do vinho, com

a obra de drenagem e enxugo dos campos de Almeirim, Alpiarça e do Cartaxo.

A ponte D. Luís que ligou a Vila de Almeirim ao mercado e ao mundo.

O Fazendeiro de Almeirim, classe dominante nos costumes da época e no

cultivo das terras. Os comerciantes, e não esquecer também o Património da

antiga Junta Nacional do vinho, assim como a vinha Fernão Pires, vinha urbana

de Fazendas de Almeirim.

Neste momento o que está a ser feito na defesa de todo este património

histórico, é a existência de uma publicação escrita na Net chamado “ Desafio

de Almeirim”, e que tem como objectivo a valorização da história, dos costumes

e tradições de Almeirim, das suas famílias e das suas obras. É um projecto que

pretende dar

conhecimento, fazer

divulgação do

património cultural e

preservação das

obras e costumes do

passado. A história

de Almeirim não é

conhecida nem

valorizada,

constituindo por isso

uma enorme

limitação no seu

desenvolvimento. O

objectivo deste

projecto é também o

de sensibilizar os professores das escolas para que os alunos possam ter

actividades extra curriculares onde possam ser integrados projectos

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Antiga Vila de Almeirim Página 20

identificadores da Cidade como o conhecimento da sua história, das suas

gentes e das suas identidades.

Já existem alguns passos positivos no sentido dos nossos costumes antigos e

da nossa história, que são as novas rotundas onde colocaram a vinha e o

Aranhol.

EMIGRAÇÃO – IMIGRAÇÃO

Almeirim assistiu a um enorme fluxo de emigrantes a partir de finais dos anos

50, para países europeus, principalmente para França.

Portugal foi durante séculos, um país onde a maior parte da população se viu

forçada a emigrar para poder sobreviver.

Ainda hoje a história de cada uma das enumeras comunidades portuguesas

existentes por todo o mundo nos dão conta

dessa realidade.

Nos últimos vinte anos, Portugal também se

tornou destino para muitos imigrantes.

Mas os primeiros imigrantes Africanos,

muitos deles a viver recentemente connosco em Almeirim, chegaram no início

dos anos 70, provenientes das antigas colónias portuguesas, quando começou

a haver escocês de mão-de-obra na construção civil. Esta imigração foi

promovida pelo estado português, para compensar a falta de mão-de-obra em

resultado da emigração.

Depois do 25 de Abril o número de imigrantes foi aumentando, sobretudo na

década de oitenta com as redes de trabalho ilegal, nomeadamente para a

construção civil.

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O total de imigrantes Africanos legalizados em finais do ano de 2002, ascendia

a mais de 120 mil pessoas.

O número de imigrantes ilegais era provavelmente o dobro, normalmente a

viverem em condições miseráveis, em bairros clandestinos à volta de Lisboa

(Almada, Loures, Amadora, Sintra).

Nos últimos vinte anos Portugal foi procurado mais por habitantes de países de

lusófonos, mas actualmente è mais procurado por pessoas oriundas de países

do leste da Europa.

O número de imigrantes legais em Portugal, atinge 388.258 em meados de

2002. A situação torna-se difícil de ser controlada devido à acção das redes de

imigração clandestina.

O contributo dos imigrantes para a economia nacional é muito positivo.

Segundo cálculos do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do

BPI, a parcela do crescimento luso, entre 1996 e 2005, explicada pela

imigração líquida, atingiu 18%. Se considerarmos o período entre 2001 e 2005,

os números são ainda mais expressivos, ascendendo a 89%, no caso

Português.

Além deste contributo para a economia nacional, o imigrante principalmente o

Africano também nos deram outros contributos para a nossa sociedade. Na

gastronomia, temos hoje o prazer de poder apreciar a comida africana, como

por exemplo a picanha. Temos também a nível cultural, as danças e alguns

costumes africanos, que nos trouxeram. Os Africanos têm um enorme talento

para o ritmo, para o movimento e para a dança, o “Samba”, o “Kuduro” e

danças tribais africanas, foram alguns dos contributos que nos trouxeram.

Os imigrantes Africanos não nos trouxeram só contributos positivos, também

existem os negativos, como a violência e morte que dia a dia se vão

evidenciando dia a dia e cada vez mais nos noticiários, sobre brigas de

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Africanos com gentes de etnias ciganas, grupos de etnia negra já misturados

com brancos, a matar e a assustar pessoas...

Actualmente fazem parte da comunidade lusófona Portugal, Cabo Verde,

Angola, Guiné-bissau, S. Tomé e Príncipe, Moçambique, Brasil e Timor Leste.

Cada um destes países tem a sua cultura, a sua tradição a sua culinária, o seu

folclore, os seus usos e costumes, mas têm em comum a língua portuguesa. O

português actualmente tem mais de 200 milhões de pessoas a utilizar a língua

de Camões, sendo a quinta língua mais falado no mundo e a terceira mais

falada no mundo ocidental. Por isso, não será difícil perceber as razões que

levam tantas e tantas pessoas a procurarem o nosso país para viver, ensinar

ou aprender, trabalhar e fazer turismo.

A nossa língua permite isso mesmo, uma interpenetração de usos e costumes,

uma aproximação, que só é possível graças à nossa língua, o Português.

Portugal é considerado ser ainda um país tranquilo e acolhedor, mas até

quando?

Cada dia que passa mais falta de respeito existe por parte dos jovens, que

cada vez mais se interessa por brigas e desacatos, incendiando carros que

nem são deles, sem nem sequer pensarem que muitos ou todos os carros que

podem estar a incendiar podem não estar pagos ainda, e que o dono desses

carros pode ficar a pagar esse carro sem o ter, ficando sem recursos para

comprar outro carro para se poder deslocar.

Com a existência da crise, falta de emprego,

imigrantes ilegais sem emprego e a viverem em

condições miseráveis, todos estes conflitos têm

tendência a complicarem-se cada vez mais.

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BIBLIOGRAFIA

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Couto, Guilherme Tiago – “Breve Noticia de Almeirim” – ADPTCCA/1991

Ferreira, Ulisses Pina – “Foi isto Almeirim” – CRIAL/2004

Pina, Henriques Leonor – “Os Papéis de S. Roque” – EDIÇÕES COSMOS

WEBGRAFIA

http://Imigrantes.no.sapo.pt/pag2.html 19-05-2009

http://desafiodealmeirim.blogspot.com 19-05-2009