UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
NÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO SOBRE GESTÃO DAS POLÍTICAS DE DST/AIDS,
HEPATITESVIRAIS E TUBERCULOSE
FÁBIA LISBOA DE SOUZA
A VIGILÂNCIA DA SÍFILIS CONGÊNITA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI EM 2015:
DISCUSSÃO DA IMPORTÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO DOS CASOS
NITERÓI
2017
FÁBIA LISBOA DE SOUZA
A VIGILÂNCIA DA SÍFILIS CONGÊNITA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI EM 2015:
DISCUSSÃO DA IMPORTÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO DOS CASOS
Trabalho de conclusão de curso submetido ao Curso de Especialização sobre Gestão da Política de DST, AIDS, Hepatites Virais e Tuberculose – Educação a distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a obtenção do Grau de Especialista.
Orientador: KENIO COSTA DE LIMA
NITERÓI
2017
RESUMO
A sífilis congênita, embora seja um agravo evitável, continua se mantendo como um agravo de saúde pública importante, e suas elevadas taxas indicam problemas na atenção ao pré-natal. O Brasil é signatário junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)/ Organização Mundial de Saúde (OMS) para a eliminação da sífilis congênita nas Américas. A sífilis congênita é doença de notificação compulsória nacional desde 1986. Com vistas à eliminação da sífilis congênita, várias estratégias vêm sendo definidas no país. A Rede Cegonha foi uma estratégia lançada pelo Governo Federal em 2011, buscando, dentre outros, a ampliação do acesso e da melhoria da qualidade do pré-natal na Atenção Básica. Em 2014, a OPAS criou o Comitê Regional para Validação da Eliminação da Transmissão Materno-Infantil de HIV e sífilis. E em 2016, o MS apresentou a Agenda de Ações Estratégicas para Redução da Sífilis Congênita no Brasil. Uma das medidas é a instituição de comitês de investigação de transmissão vertical nos municípios. A discussão de casos de transmissão vertical pode levar à identificação de lacunas na prevenção no diagnóstico, na assistência, no tratamento e na vigilância, subsidiando intervenções para o controle de tais agravos. O município de Niterói possui, desde 2004, um questionário para investigação do pré-natal de casos de sífilis congênita notificados em residentes no município. O instrumento preenchido, devolvido para a coordenação de vigilância, é analisado por técnicos do setor com os objetivos de qualificar a ficha de investigação epidemiológica, qualificando assim o banco do SINAN municipal; identificar situações que envolvam comunicação direta com os serviços de saúde da rede básica para qualificar a assistência e a vigilância locais; e identificar problemas que precisem ser encaminhados através da gestão ou de outras ações de educação permanente. A proposta deste projeto de intervenção é reanalisar os 150 casos de sífilis congênita em residentes de Niterói, notificados em 2015, à luz dos critérios atuais de definição de caso do MS, de forma detalhada e sistematizada, para reavaliar o número absoluto de casos e a taxa de incidência. Pode-se perceber a importância e a necessidade de estratégias e ações na área de vigilância epidemiológica/vigilância em saúde no sentido da busca de validação da eliminação da sífilis congênita pelo alcance dos indicadores citados. A qualificação dos profissionais, do sistema de informações e a investigação dos casos são estratégias possíveis e indicadas para um diagnóstico situacional e para apontar caminhos em busca de um cuidado que leve ao alcance da meta.
PALAVRAS-CHAVE: SÍFILIS CONGÊNITA, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, INCIDÊNCIA
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 4
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 19
2.1 Objetivo geral..................................................................................................................... 19
2.2 Objetivos específicos......................................................................................................... 19
3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 20
3.1 Cenário do Projeto............................................................................................................. 20
3.2 Elementos do Plano de Intervenção................................................................................... 21
3.3 Fragilidades e oportunidades............................................................................................. 22
3.4 Processo de avaliação......................................................................................................... 22
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 24
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 25
ANEXOS................................................................................................................................. 28
4
1. INTRODUÇÃO
A sífilis congênita encontra-se no grupo de agravos crônicos, que necessitam de
investigação. E devem ser notificados somente os casos confirmados, observando-se os
critérios de definição de caso (BRASIL, 2009).
O Curso Básico de Vigilância Epidemiológica do MS que trata da transmissão vertical
do HIV e da sífilis (BRASIL, 2009), orienta que o primeiro passo é identificar a gestante e/ou
puérpera portadora de sífilis. O que também aparece na última versão do Guia de Vigilância
em Saúde do MS (BRASIL, 2014a) E os passos seguintes incluem a investigação completa e
necessitam de informações do pré-natal, tratamento anterior da mãe e da(s) parceria(s),
exames físico, laboratoriais e radiológicos da criança.
Didaticamente, tem-se que a investigação de sífilis congênita deverá ser desencadeada
nas seguintes situações: • toda criança, ou natimorto, ou aborto de mãe com sífilis (evidência
clínica e/ou laboratorial), diagnosticadas durante a gestação, o parto ou o puerpério; • todo
indivíduo com menos de 13 anos com suspeita clínica e/ou epidemiológica de sífilis congênita
(BRASIL, 2009, p. 54).
Importante discutir que, embora o documento acima aponte para a evidência clínica
e/ou laboratorial da mãe, o que também pode ser encontrado num dos protocolos mais
recentes do MS (BRASIL, 2016c, p. 103), o qual diz que o tratamento da sífilis congênita
neonatal envolve a avaliação da situação clínico-laboratorial da mãe, sabe-se que o
diagnóstico da sífilis deve se basear na evidência laboratorial associada à história clínico-
epidemiológica. Uma mulher com sífilis tratada na gestação em curso ou num momento
anterior, pode ter um VDRL (Venereal Diseases Research Laboratory) reagente na
maternidade, por ainda não ter passado tempo suficiente para que o mesmo estivesse com
títulos muito baixos ou fosse não reagente, ou por se tratar de cicatriz ou memória
imunológica.
O protocolo do MS, mesmo assim, enfatiza que todos os recém-nascidos de mães com
diagnóstico de sífilis na gestação ou no parto, ou na suspeita clínica de sífilis congênita,
“devem realizar a investigação para sífilis congênita, mesmo nos casos de mães
5
adequadamente tratadas, devido à possibilidade de falha terapêutica durante a gestação, que
pode ocorrer em cerca de 14% dos casos” (BRASIL, 2016, p.103).
Um artigo de grande relevância para a compreensão da vigilância da sífilis congênita
no Brasil foi publicado por Tayra et al. (2007) e lembra que nas ações de controle da sífilis
congênita, as ações de vigilância possibilitam a análise e a interpretação dos dados
representativos do contexto epidemiológico local. Também apontam que para um sistema de
vigilância ser estruturado e funcionar com eficiência e efetividade, deve haver normas
técnicas capazes de “uniformizar procedimentos e viabilizar a comparabilidade de dados e
informações” (TAYRA et al., 2007, p. 111).
Um dos conceitos de definição de caso diz que é aquilo que possibilita a identificação
de indivíduos que apresentam um agravo ou doença, levando à padronização de critérios para
o monitoramento das condições de saúde e para a descrição da ocorrência de uma
determinada doença em uma determinada população (TAYRA et al., 2007).
Lembram que a definição de caso de determinado agravo ou doença é dinâmica e pode
modificar-se ao longo do tempo, de acordo com mudanças nos conhecimentos específicos
relacionados aos aspectos clínicos e de avaliação complementar. Além das alterações do
contexto epidemiológico, com a “intenção de ampliar ou reduzir os parâmetros de entrada de
casos no sistema, aumentando ou diminuindo a sensibilidade e a especificidade” (TAYRA et
al., 2007, p.111), o que tem relação com as metas e etapas definidas para um programa de
controle de determinado agravo ou doença num país.
Em 1986, quando a sífilis congênita passa a ser de notificação compulsória no Brasil,
o critério utilizado para a classificação e definição de caso de sífilis congênita era o ‘critério
Kaufman’, que indicava classificar o caso como definido, provável, possível e improvável.
Entendia-se que nesse critério havia uma limitação de aplicação em saúde pública para fins de
vigilância epidemiológica pela sua considerável especificidade. Foram sendo realizadas
revisões dos critérios de classificação e definição de caso de sífilis congênita, percebendo que
havia uma multiplicidade de interpretações da definição de caso, e que eram necessários
critérios mais sensíveis, que permitissem, por exemplo, o tratamento dos neonatos antes que
eles tivessem alta hospitalar (TAYRA et al., 2007).
Em 1992, visando atender as metas pactuadas de eliminação da sífilis congênita,
houve no Brasil a elaboração de uma nova definição de caso de sífilis congênita, tomando
como a base a do CDC do EUA, cuja grande mudança foi a incorporação do critério de que
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‘toda criança cuja mãe teve sífilis não tratada ou inadequadamente tratada, independente de
presença de sinais, sintomas e resultados laboratoriais é um caso de sífilis congênita e deve
ser avaliada e tratada’ (TAYRA et al., 2007, p. 114).
Embora se reconheça que com essa definição de 1992, alguns recém-nascidos não
infectados pudessem ser incluídos como casos, esta definição tornou o sistema de notificação
muito mais eficiente, permitindo que fossem reconhecidos e notificados, desde o nascimento,
todos os recém-nascidos em risco para sífilis congênita (KOMKA; LAGO, 2007).
E assim, o enfoque na notificação, permitir, como aconteceu nos EUA, identificar as
causas, os fatores de risco e as regiões com maior prevalência, para as políticas e os
programas de eliminação de sífilis congênita conseguirem diminuir a incidência da doença
(KOMKA; LAGO, 2007).
Novas alterações na classificação e definição de caso de sífilis congênita ocorreram
em 1999 e em 2000, sendo que neste ano a classificação incluía a possibilidade de caso
presumível, confirmado, descartado e ignorado. Em 2003 houve nova revisão, e em 2004, a
nova definição, indicava que os casos que não preenchessem a definição não seriam
notificados no SINAN, não existindo mais os ‘descartados’.
Algumas ponderações em relação à definição mais sensível e às reflexões feitas por
Tayra et al. (2007): embora a taxa de transmissão vertical do Treponema pallidum seja
estimada, sem nenhuma intervenção, em torno de 30 a 90% dependendo da fase em que a mão
se encontra, a sensibilidade da definição se apoia no pressuposto de que 100% dos fetos são
infectados pela sífilis materna. Também se entende que um caso de sífilis congênita deve ser
utilizado como evento sentinela, mas busca-se com a definição mais sensível, aumentar a
notificação de casos assintomáticos ao nascimento. Ao que parece, nesse caso, não se tratam
de “casos de sífilis congênita”, mas de possíveis “casos de sífilis congênita”. Pode-se dizer
então, que são calculados indicadores, não a partir de casos de sífilis congênita, mas de
possíveis casos de sífilis congênita, de crianças possivelmente expostas ao T. pallidum?
Pode-se dizer que pelos dados do sistema de vigilância, as informações maternas
possibilitam conhecer os fatores operacionais que levaram à ocorrência dos casos (TAYRA et
al., 2007). Mas na prática, atualmente, não é isso que se identifica com as FIE de sífilis
congênita que chegam preenchidas pelas maternidades. Elas indicam, muitas vezes, um
tratamento materno inadequado ou não realizado, ou um tratamento do parceiro não realizado
7
ou ignorado, e após a investigação do pré-natal por outro instrumento, encontram-se outras
informações, que mudam a compreensão, análise e definição do caso.
O estudo de Costa et al. (2013) também identifica tal situação, quando verificaram
uma deficiência na ficha de notificação/investigação de casos de sífilis congênita por não
possuir a informação de quantas consultas de pré-natal a gestante realizou e não especificar os
critérios para se assinalar ‘pré-natal realizado’ na ficha. Então, pré-natal realizado pode ser
desde uma única consulta, em que não se tenham nem solicitado os exames da rotina de pré-
natal.
Destacam também a presença constante de dados ignorados ou em branco na ficha, o
que leva a pensar sobre como os profissionais de saúde têm se comportado frente ao
preenchimento de instrumentos de notificação. Ainda enfatizam a importância da notificação
no SINAN como um meio de controle da sífilis congênita, à medida que a coleta, a análise e a
disseminação de dados sobre os agravos de notificação compulsória traduz-se como um
recurso importante para o planejamento em saúde (COSTA et al., 2013).
Num estudo de confiabilidade entre uma base primária local e o SINAN de sífilis
congênita, analisou-se a qualidade do preenchimento de algumas variáveis consideradas
importantes para o propósito da eliminação da sífilis congênita. Em muitas destas variáveis,
encontrou-se o campo da ficha em branco ou assinalado como ignorado. As autoras acreditam
que isso expressa a importância creditada a determinado evento/agravo pelo médico
assistente, que pode ou não registrar certos dados (SARACENI et al., 2005).
Situação semelhante foi encontrada por Domingues et al. (2013), fichas com qualidade
de preenchimento variável e muitas vezes incompleto. Entendem que a melhoria no
preenchimento das fichas de notificação e investigação é fundamental para o melhor controle
da doença.
Enfatiza-se a necessidade de capacitações para os profissionais responsáveis pelo
preenchimento das informações e pela vigilância epidemiológica entenderem melhor seu
compromisso com o controle do agravo e sua ação de saúde no campo da vigilância. As
autoras destacam a necessidade de um plano para aprimorar a qualidade do banco de sífilis
congênita no SINAN para os vários níveis do sistema (SARACENI et al., 2005).
Importante destacar que as autoras realizaram a pesquisa com dados de 1999 e 2000,
quando a ficha de notificação/investigação de sífilis congênita continha nela mesma, dados
8
referentes ao pré-natal, como número de consultas, data do início, idade gestacional no início
do pré-natal e datas e resultados de exames do protocolo para sífilis – algumas informações
que não estão mais na ficha atual (atualizada em agosto de 2008). Essas são informações que
tem se procurado buscar com instrumentos complementares para investigar fatores associados
ao pré-natal que poderiam levar à transmissão vertical da sífilis.
Segundo alguns autores, municípios com menor disponibilidade de recursos têm
maiores chances de apresentar subnotificação em seus registros, o que dificulta o real
conhecimento da situação de saúde, e consequentemente, o planejamento de ações e o
monitoramento de indicadores (CARVALHO; BRITO, 2014).
O Guia de Vigilância em Saúde do MS, de 2014 (BRASIL, 2014a), trouxe alterações
na definição de caso de sífilis congênita, considerando a utilização dos testes rápidos
treponêmicos para sífilis no pré-natal e nas maternidades, e uma nova compreensão sobre o
parceiro da gestante para fins de definição de caso de sífilis congênita.
No capítulo sobre sífilis congênita diz que o tratamento da gestante será considerado
inadequado se o parceiro (s) sexual (is) com sífilis não for (em) tratado (s) ou tratado (s)
inadequadamente (BRASIL, 2014a). Este documento do MS serviu de base para duas outras
publicações do MS, de 2015, o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para
Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, já atualizado em
2016 (BRASIL, 2016c), e o PCDT para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e
Hepatites Virais (BRASIL, 2015).
O PCDT para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis
(BRASIL, 2016c), diz que “entende-se por tratamento inadequado o caso de parceiro (s)
sexual (is) com sífilis sintomática ou com testes imunológicos positivos não tratado (s) ou
tratado (s) inadequadamente”, e diz ainda que “a ausência da informação de tratamento da
parceria sexual deixa de ser um dos critérios de notificação de sífilis congênita” (PCDT, p.
23).
Para alguns autores a definição de caso de sífilis congênita de 2004 foi um estímulo à
necessária aproximação entre vigilância e assistência, apresentando-se como uma importante
estratégia, tanto para o reconhecimento da relevância da vigilância como para o avanço das
ações de intervenção e de controle da sífilis congênita no Brasil (PAZ et al., 2005).
9
Chama-se a atenção para que, embora o MS considere a subnotificação de casos de
sífilis congênita alta, os dados disponíveis indicam a elevada magnitude deste problema
(KOMKA; LAGO, 2007).
As autoras fizeram um trabalho no hospital de referência no município de
Palmas/Tocantins, realizando uma busca ativa dos casos de sífilis congênita no hospital em
2004. Encontraram 28 casos, mas em busca paralela no SINAN, apenas 10 (36%) estavam
notificados, os quatro abortos e um natimorto não tinham sido notificados.
Ainda em relação à subnotificação, Saraceni e Leal (2003) encontraram que, para as
mulheres positivas para sífilis identificadas nas campanhas de eliminação da sífilis congênita
no município do Rio de Janeiro em 1999 e 2000, apenas estavam no SINAN, dentre os recém-
nascidos esperados, 14,1% no primeiro ano e 10,4% no segundo ano.
Em relação aos parceiros, critério acrescentado na definição de 2004, dos 28 casos
estudados por Komka e Lago (2007) em 2004, em 18 casos não havia informação sobre o
tratamento dos parceiros e em 10 casos a informação era de ausência do tratamento, o que por
si só, já definiria então os casos de sífilis congênita do hospital neste ano.
Outro trabalho foi realizado na microrregião de Sumaré/SP, buscando através do
SINAN e de busca ativa em três hospitais da região, os casos de sífilis congênita de 2003 a
2005, e identificou 45 casos, sendo quatro identificados pela busca ativa, e notificados
retroativamente. As autoras encontraram tratamento do parceiro, “supostamente adequado”,
em apenas duas FIE (DONALÍSIO; FREIRE; MENDES, 2007, p. 171).
Num trabalho realizado em Vitória/ES, com 1.500 parturientes, verificou-se que entre
aquelas com resultado de VDRL positivo, somente 50% conseguiram levar o parceiro para
participar do pré-natal e ser orientado quanto ao tratamento da sífilis; um percentual menor
ainda conseguiu que o parceiro fosse testado e nem todos concordaram com o tratamento
(COSTA et al., 2013).
O estudo de Carvalho e Brito (2014) também mostrou num total de 598 casos de sífilis
congênita notificados de 2007 a 2010, que apenas 25,3% dos parceiros haviam recebido
tratamento. Domingues et al. (2013) também identificaram, analisando a trajetória assistencial
de 15 gestantes com sífilis, que 3 não viviam mais com o parceiro, havia registro de
10
tratamento não realizado no parceiro em 7 casos, e não havia registro da informação em 5
casos.
A melhora do sistema de busca e de notificação dos casos leva a uma percepção de um
‘aumento’ da prevalência/incidência, com base na subnotificação anterior, mas que é o
resultado de uma maior sensibilidade do critério, à época a definição de caso era a de 2004
(DONALÍSIO; FREIRE; MENDES, 2007).
Uma reflexão feita pelas autoras (DONALÍSIO; FREIRE; MENDES, 2007, p. 171)
corrobora com a ideia da importância da investigação dos casos. Elas observaram uma
precariedade de informações sobre o pré-natal na ficha de notificação e no prontuário
obstétrico, em relação principalmente, à revelação de diagnóstico tardio da sífilis na gestante,
e seu tratamento não realizado ou inadequado. Na experiência de Niterói, a investigação da
gestação também revela o contrário em algumas situações, como o tratamento materno e do
parceiro realizados no pré-natal. Em alguns casos, a gestante tendo recebido até mais de uma
série de 7.200.000 UI de penicilina benzatina durante o pré-natal.
No Uruguai, em 2012, foi realizado um estudo (QUIÑONES et al., 2014) para a
implantação, o estabelecimento, de um formulário de investigação para sífilis em gestante e
sífilis congênita, para possível aplicação em todo o território nacional. O formulário possuía
dados da unidade notificadora, dados da gestante, dados da gestação atual, tratamento dos
contatos e finalização da gestação, incluindo a história do recém-nascido.
Para completar o formulário, foram obtidos dados da história pelo Sistema de
Informação Perinatal, investigando a história clínica no hospital e entrevistando as pacientes
internadas. Concluíram que a aplicação do instrumento a nível nacional permitirá aos
responsáveis pelas políticas públicas definir estratégias que possam intervir na prevenção,
diagnóstico oportuno e tratamento da sífilis no país (QUIÑONES et al., 2014).
No Brasil, o Protocolo de Investigação de Transmissão Vertical do MS, publicado em
2014 (BRASIL, 2014b) também apresentou um instrumento de coleta de dados para viabilizar
a atuação dos comitês, a discussão de casos de transmissão vertical de sífilis, HIV e Hepatites
Virais e a definição de estratégias locais. Como dito acima, em Niterói, o instrumento para
investigação de casos já existia desde 2004, mas sem uma sistemática para análise e avaliação
do mesmo. As recentes reuniões do comitê também já apontaram para fragilidades na coleta
11
de informações pelos profissionais das maternidades, com precariedade dos registros nos
prontuários.
Para a sífilis na gestante, o processo de investigação acontece na atenção primária,
principal local para acontecer o diagnóstico nesse caso. É onde se dá a assistência pré-natal,
com o seguimento dos protocolos, e onde então, ocorrerá a notificação e investigação do caso.
E, por conseguinte, pelas ações de cuidado de pré-natal, poderá se evitar o caso de sífilis
congênita (SARACENI; MIRANDA, 2012).
A confiabilidade da notificação de um agravo é “dependente da capacidade de
profissionais de saúde diagnosticarem corretamente esses eventos” e para isso eles devem ser
“capacitados e terem conhecimento das normas técnicas ou normatizações, como a definição
de caso” (KOMKA; LAGO, 2007, p. 206).
Discutindo casos estimados e notificados, Saraceni e Miranda (2012, p. 494)
indicaram que “no momento em que a sífilis na gestação for um agravo controlado e a razão
observada/estimada se aproximar de 1,0, teremos então, uma diminuição real do número de
casos de sífilis congênita”. E neste caso, complementam as autoras, a razão para a sífilis
congênita se aproximará do zero. Isso expressará a meta de eliminação, que é uma incidência
menor do que 0,5 casos/1.000 nascidos vivos.
Interessante reforçar que isso tem relação com a definição de caso de sífilis congênita
em vigor no momento, pensando a situação do(s) parceiro (s), pois à medida que os estudos
identificam um número muito baixo de parceiros tratados ou sem informação, enquanto esta
variável estiver definindo um caso de sífilis congênita, é possível que, mesmo com todos os
esforços das equipes de saúde durante o pré-natal, seja difícil atingir a meta de eliminação da
sífilis congênita.
“A persistência de alta incidência da doença e de altas taxas de transmissão vertical,
mesmo após o aumento considerável da cobertura de assistência pré-natal e do número médio
de consultas” para Domingues et al. (2013, p. 155) indica que a qualidade da assistência ainda
é insatisfatória. As autoras também chamam a atenção para o que encontraram na literatura,
que são os casos decorrentes não da falha na atenção pré-natal, mas em decorrência de falha
terapêutica, infecção tardia ou reinfecção.
12
Estudando a efetividade das campanhas para eliminação da sífilis congênita no
município do Rio de Janeiro em 1999-2000 identificou-se que as rotinas de pré-natal não
estavam resolvendo o problema da sífilis congênita. Foram encontradas diferenças
significativas nas gestantes que sofreram intervenção das campanhas em relação às que não
sofreram (SARACENI; LEAL, 2003).
Concluiu-se que a ocorrência de sífilis congênita está associada ao manejo inadequado
dos casos durante o pré-natal, com perda de oportunidade para o diagnóstico e o tratamento,
ausência de aconselhamento, falta de tratamento do parceiro e tratamento incorreto dos casos
diagnosticados (DOMINGUES et al., 2013).
Considerando o objetivo de erradicação da sífilis congênita para o ano de 2000 em
Cuba, realizou-se um estudo sobre a sífilis congênita em algumas cidades do país, levando em
conta os casos notificados de 1990 a 1995. Encontraram que o maior número de casos
notificados no país neste período tinha sido em 1995, 18 casos, indicando uma taxa de
incidência de 1,6 casos por 10.000 habitantes. Importante perceber que já eram números
baixos, e o cálculo realizado à época não era nem por 1.000 nascidos vivos, mas por 10.000
habitantes (HAZ; REINOSO; 1998).
Os autores também chamaram a atenção para que o tempo entre o conhecimento da
positividade da sorologia e o início do tratamento não excedia as 24 horas em mais de 96%
das notificações. Outro fator bem diferente do que tem se visto em várias localidades no
Brasil, com demora no retorno do resultado dos exames e perda do tempo oportuno para
início do tratamento. E perceberam também a necessidade de mais capacitação sobre o tema
para médicos e enfermeiros.
Em junho de 2015, foi anunciado na sede da OPAS em Washington D.C., Cuba, como
o primeiro país do mundo a validar a eliminação da transmissão vertical do vírus do HIV e da
sífilis. O certificado de validação da erradicação da transmissão vertical do HIV e da sífilis foi
entregue ao ministro de Saúde Pública de Cuba, que correlacionou a conquista com o sistema
social do país e a vontade política. Foram definidos por um grupo de especialistas, quatro
critérios de avaliação: programas, serviços e gestão de saúde; qualidade dos laboratórios;
direitos humanos, igualdade de gênero e participação da comunidade; e verificação de dados e
avaliação de impacto com informações estratégicas e epidemiológicas. (ONU ANUNCIA...,
2015)
13
A OPAS/OMS têm trabalhado com parceiros em Cuba e em outros países nas
Américas desde 2010 para implementar uma iniciativa regional de eliminação da transmissão
vertical do HIV e da sífilis. Buscando alcançar esta meta, Cuba tem trabalhado, entre outros,
para garantir o acesso ao início do pré-natal, testagem para HIV e sífilis tanto para mulheres
grávidas como para seus parceiros e o tratamento para os que tiverem o diagnóstico positivo.
Isso como parte de um sistema de saúde equitativo, acessível e universal em que “os
programas de saúde materno-infantil são integrados à atenção em HIV e às infecções
sexualmente transmissíveis” (OMS VALIDA..., 2015, p. 2).
Os indicadores para validação no caso da sífilis são: indicador de impacto (devendo
ser atendido por pelo menos 1 ano) – taxa de transmissão vertical de sífilis menor que 50
casos por 100.000 nascidos vivos; e indicadores de processo (devendo ser atendidos por pelo
menos 2 anos) – ≥ 95% das mulheres grávidas com ao menos uma consulta de pré-natal; ≥
95% das mulheres grávidas testadas para sífilis; e ≥ 95% das mulheres grávidas
diagnosticadas com sífilis recebendo tratamento (SUÍÇA, 2014).
No Brasil, contribui também para o alcance da eliminação da sífilis congênita, a
instituição no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), da Rede Cegonha, uma rede de
cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção
humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento
seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011).
No seu componente pré-natal, inclui, dentre outras, ações que permitiriam a prevenção
da transmissão vertical da sífilis, como a realização de pré-natal na Unidade Básica de Saúde
(UBS) com captação precoce da gestante e qualificação da atenção; a realização dos exames
de pré-natal de risco habitual e de alto risco e acesso aos resultados em tempo oportuno; a
qualificação do sistema e da gestão da informação; e a prevenção e tratamento das
DST/HIV/Aids e Hepatites Virais.
Pode-se perceber a importância e a necessidade de estratégias e ações na área de
vigilância epidemiológica/vigilância em saúde no sentido da busca de validação da eliminação
da sífilis congênita pelo alcance dos indicadores citados. A qualificação dos profissionais, do
sistema de informações e a investigação dos casos são estratégias possíveis e indicadas para
um diagnóstico situacional e para apontar caminhos em busca de um cuidado que leve ao
alcance da meta.
14
A sífilis congênita, embora seja um agravo evitável, continua se mantendo como um
agravo de saúde pública importante, e suas elevadas taxas indicam problemas na atenção ao
pré-natal.
Foi publicado um trabalho em que se realizou a exploração da situação da sífilis e da
sífilis congênita nos países da região da América Latina e Caribe e suas tendências. Foram
enviados questionários para 20 países da região, buscando informações do período de 2003 a
2007 (GALBAN; BENZAKEN, 2007).
Alguns fatores encontrados como dificultadores para o controle dos agravos na região
foram: em mais da metade dos países há uma proporção elevada de casos de sífilis que se
estima sejam atendidos no setor informal; em alguns dos Estados onde a sífilis congênita é um
importante problema de saúde, ela não é uma enfermidade de notificação compulsória;
existem pelo menos 10 países cujas taxas de incidência de sífilis congênita estão acima de 0,5
casos/1.000 nascidos vivos; segundo a opinião de coordenadores de programas e especialistas
locais, a tendência das infecções por sífilis e sífilis congênita na metade dos países da região é
o aumento ou é desconhecida; a subnotificação na região é notória, foram notificados, em
2006, apensa um pequeno percentual do total de casos de sífilis e sífilis congênita estimados
para a área.
O Brasil é signatário junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)/
Organização Mundial de Saúde (OMS) para a eliminação da sífilis congênita nas Américas,
cuja meta seria atingir 0,5 caso/1.000 nascidos vivos até 2015, e deste modo, em 2007, o país
lançou o Plano Operacional para a Redução da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis
(BRASIL, 2014b).
Através da “Rede Cegonha”, estratégia lançada pelo Governo Federal em 2011, busca-
se, dentre outros, a ampliação do acesso e da melhoria da qualidade do pré-natal na Atenção
Básica, apoiando-se na oferta e na execução dos testes rápidos de HIV e da sífilis, para
promover um diagnóstico precoce dos agravos nas gestantes e um início oportuno das ações
de prevenção, com vistas na redução das taxas de transmissão vertical do HIV e na eliminação
da sífilis congênita (BRASIL, 2014b).
Em 2014, a OPAS criou o Comitê Regional para Validação da Eliminação da
Transmissão Materno-Infantil de HIV e sífilis, que certificará os países que atingirem as
metas definidas. Diante de todas as medidas disponíveis para a redução da transmissão
vertical do HIV e da sífilis e da continuada incidência de casos, uma das recomendações do
15
MS é a instituição de comitês de investigação de transmissão vertical nos municípios, visando
“analisar oportunidades perdidas de prevenção da transmissão vertical, identificar as possíveis
falhas e apontar medidas de intervenção” (BRASIL, 2014b, p.18).
Conforme apresentado no Protocolo de Investigação do MS, os encontros dos comitês
estaduais e municipais permitirão “mapear os problemas e propor soluções a partir de um
protocolo de investigação pré-estabelecido” (BRASIL, 2014b, p. 4).
Em 2016, o MS apresentou a Agenda de Ações Estratégicas para Redução da Sífilis
Congênita no Brasil, que estabelece prioridades e objetiva a “qualificação da atenção à saúde,
na prevenção, assistência, tratamento e vigilância da sífilis” (BRASIL, 2016b, p.9).
Foram definidos seis eixos de atuação com ações estratégicas para a redução da sífilis
congênita no Brasil, sendo eles: comunicação em saúde; educação permanente em saúde;
qualificação de informações estratégicas; fortalecimento da parceria do MS com outros atores;
ampliação dos comitês de investigação de transmissão vertical de HIV e sífilis; e certificação
de eliminação da transmissão vertical de HIV e/ou sífilis.
Entende-se que a discussão de casos de transmissão vertical pode levar à identificação
de lacunas na prevenção no diagnóstico, na assistência, no tratamento e na vigilância,
subsidiando intervenções para o controle de tais agravos (BRASIL, 2016b).
A sífilis congênita é doença de notificação compulsória nacional desde 1986 e a sífilis
em gestante desde 2005. Buscando aprimorar a vigilância epidemiológica desses agravos, o
Ministério da Saúde (MS) revisou a definição de caso de sífilis congênita e sífilis em gestante,
conforme se pode identificar no Guia de Vigilância em Saúde de 2014 (BRASIL, 2014, 2015,
2016c).
O Boletim de Sífilis do MS de 2016 apresenta que foram notificados 19.228 casos de
sífilis congênita em menores de 1 ano de idade no Brasil em 2015. A maioria, 42,6%,
residindo na região Sudeste. Observou-se uma taxa de incidência de 6,5 casos/1.000 nascidos
vivos no país, ficando a região Sudeste com uma taxa de 6,9, e o Estado do Rio de Janeiro
com 12,4 casos/1.000 nascidos vivos.
Buscando dados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do
município de Niterói, em 2015, foram notificados 150 casos de residentes no município, e
considerando a população de nascidos vivos de 2014, temos uma taxa de incidência de 23,2
casos/1.000 nascidos vivos. No ano de 2014, tinham sido 58 casos, com uma taxa de 9,0
16
casos/1.000 nascidos vivos. Este aumento expressivo da taxa de incidência em 2015 teve
íntima relação com a falta de penicilina benzatina para tratamento das gestantes com sífilis
durante o pré-natal.
No entanto, as taxas de incidência do país, da região Sudeste, do Estado do Rio de
Janeiro e do município de Niterói estão bastante distantes da meta de 0,5 casos/1.000 nascidos
vivos, que havia sido pactuada para 2015 com a OPAS/OMS.
O município de Niterói possui, desde 2004, um questionário para investigação do pré-
natal de casos de sífilis congênita notificados em residentes no município. Este instrumento
foi elaborado na época, pela assessoria municipal de DST/Aids e Hepatites Virais com a
coordenação do programa de saúde da mulher do município, e contém dados referentes a
diagnóstico de sífilis na gestante durante o pré-natal, tratamento da gestante, tratamento do
seu parceiro, seguimento após o tratamento, histórico gestacional, histórico de sífilis, e dados
da criança após o nascimento.
Em 2009, a partir da identificação de um número de casos de sífilis congênita no
município superior aos dos anos anteriores, 60 casos, foi realizado um grande encontro
municipal sobre sífilis congênita com profissionais da rede de básica de saúde, profissionais
das maternidades públicas e gestores, para uma análise conjunta da situação do agravo no
município, buscando identificar fatores causais, dificuldades de enfrentamento e definirem-se
estratégias e ações para o enfrentamento do mesmo.
Entendia-se que um fator importante a se considerar era a definição de caso de sífilis
congênita no país ser muito sensível, e o município possuir uma rede de saúde com uma
vigilância tradicionalmente forte, com ações descentralizadas para toda a rede. Mas para além
de ações que continuassem qualificando a vigilância do município, seria preciso definir ações
visando também à redução dos casos, intensificando a prevenção e o controle da sífilis na
gestação, com diagnóstico e tratamento oportunos.
Uma das estratégias definidas em tal encontro foi a criação de um grupo de trabalho
(GT) de sífilis congênita, que tivesse uma participação diversa e reuniões regulares, para
acompanhar a situação da sífilis congênita no município, identificando os problemas e as
soluções durante o processo.
O Protocolo de Investigação de Transmissão Vertical do MS, publicado em 2014,
também apresenta um instrumento de coleta de dados e diagnóstico para viabilizar a atuação
17
dos comitês, que a partir de discussões dos casos podem contribuir para a melhoria da
informação, permitindo avaliar os resultados da assistência prestada à gestante no pré-natal,
parto e puerpério (BRASIL, 2014b).
No município de Niterói, a partir de cada ficha de investigação epidemiológica (FIE)
de sífilis congênita de residente enviada por algum serviço para a coordenação de vigilância
em saúde do município, é encaminhado um questionário com uma cópia desta ficha para a
unidade de saúde da rede básica do território de residência indicado na ficha.
O instrumento devolvido para a coordenação de vigilância é analisado por técnicos do
setor com os objetivos de qualificar a FIE, qualificando assim o banco do SINAN municipal;
identificar situações que envolvam comunicação direta com os serviços de saúde da rede
básica para qualificar a assistência e a vigilância locais; e identificar problemas que precisem
ser encaminhados através da gestão ou de outras ações de educação permanente.
Estes casos investigados não vinham sendo discutidos sistematicamente e com
regularidade pelo GT de sífilis congênita. Questionada pela gerência estadual de DST/Aids e
Hepatites Virais do RJ quanto a ter um comitê de investigação de transmissão vertical no
município e já ciente da recomendação do MS desde 2014, a assessoria de DST/Aids e
Hepatites Virais de Niterói iniciou uma discussão quanto à criação do comitê de investigação
de transmissão vertical no município a partir do já existente GT de sífilis congênita.
Essa decisão foi tomada pelo grupo no segundo semestre de 2016, onde foi sugerida
para a reunião seguinte que a assessoria analisasse 10% dos 150 casos diagnosticados de
sífilis congênita em 2015 e notificados, e apresentasse na reunião seguinte para discussão.
Optando por uma sistemática que a cada 15 notificações de sífilis congênita de 2015, uma
seria selecionada para ser reanalisada, nas 15 selecionadas foram encontrados,
resumidamente, os seguintes resultados: em oito casos não havia sido devolvido o
questionário de investigação preenchido à coordenação de vigilância; dos sete casos em que
foi realizada a investigação pela unidade da rede básica, três poderiam ser descartados após
discussão no então instituído comitê de investigação de transmissão vertical; e em um caso, a
investigação mostrou ser a residência em outro município, que não Niterói.
Aqui se encontram as justificativas para este projeto de intervenção. Ficou evidente a
necessidade e a importância da revisão dos casos de sífilis congênita notificados no
município, considerando a identificação do preenchimento dos questionários de investigação
como estratégia fundamental para qualificar as ações de vigilância, para viabilizar as ações do
18
comitê e para a definição fidedigna do número absoluto e de taxa de incidência de sífilis
congênita do município em 2015.
19
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar todos os casos de Sífilis Congênita de residentes em Niterói diagnosticados
em 2015 e notificados.
2.2 Objetivos específicos
Identificar e selecionar pelo SINAN os casos de Sífilis Congênita de residentes em
Niterói diagnosticados em 2015 e notificados.
Analisar as FIE de Sífilis Congênita de residentes em Niterói diagnosticados em 2015
e notificados.
Identificar dentre todos os casos de Sífilis Congênita de residentes em Niterói
diagnosticados em 2015 e notificados, os que possuem investigação e proceder à
análise.
Recalcular a taxa de incidência de Sífilis Congênita do município para o ano de 2015.
20
3. METODOLOGIA
3.1 Cenário do projeto de intervenção
No organograma da Fundação Municipal de Saúde de Niterói, a Assessoria de
DST/Aids e Hepatites Virais encontra-se na Coordenação de Vigilância em Saúde (COVIG)
do município. Na COVIG, encontram-se as coordenações técnicas e a vigilância dos agravos
de notificação compulsória, e entre eles, a sífilis congênita. Também na COVIG está a
coordenação do SINAN e é onde se dá a alimentação do sistema, de forma centralizada.
Em sua maioria, as notificações de sífilis congênita chegam à COVIG provindas das
maternidades públicas existentes no município, da Maternidade Municipal Alzira Reis
(MMAR), da maternidade do Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL) e da maternidade do
Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP). Um número menor, e não com regularidade, é
proveniente do Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, referência infanto-juvenil no
município. Algumas vezes chegam fichas de maternidades da rede privada, e com menor
frequência chegam fichas da rede básica de saúde.
As FIE de sífilis congênita são analisadas e qualificadas por técnicos que trabalham
com vigilância na Assessoria de DST/Aids e Hepatites Virais, para em seguida serem
digitadas no SINAN. Como rotina municipal, para os casos com residência em Niterói, são
enviados para a unidade básica de referência no território um questionário de investigação e a
cópia da FIE de sífilis congênita.
A rede básica de saúde municipal, onde acontece atendimento de pré-natal (em uma
das policlínicas, o pré-natal de alto risco) é composta por 40 unidades da saúde da família,
incluindo uma equipe de consultório na rua, 07 unidades básicas de saúde e 08 policlínicas.
Além destas unidades municipais, também são realizadas consultas de pré-natal de alto risco
no HEAL e no HUAP. Estes são os serviços para os quais podem ser enviados os
questionários de investigação referentes aos casos de sífilis congênita notificados.
Nestes serviços, a investigação é realizada por profissionais que trabalham com o
programa local de saúde da mulher, por profissionais que trabalham localmente com
vigilância, por médico ou enfermeiro da estratégia de saúde da família, ou por algum
21
profissional que tenha prestado assistência direta à gestante no pré-natal. É solicitado que a
investigação seja realizada através de dados coletados no prontuário da paciente, através de
contato telefônico, de atendimento presencial com a paciente na unidade, ou até através de
visita domiciliar. E que posteriormente o questionário seja reencaminhado à COVIG para ser
analisado pelos técnicos responsáveis.
3.2 Elementos do plano de intervenção
Cada FIE de sífilis congênita que chega à Coordenação de Vigilância em Saúde do
município é analisada pelos técnicos responsáveis, qualificada e liberada para digitação no
SINAN. Estas fichas ficam arquivadas em meio físico na própria COVIG, e quando os
questionários de investigação dos casos retornam das unidades de realização do pré-natal do
território em questão, os mesmos são analisados e arquivados juntamente às fichas de sífilis
congênita originais referentes ao caso que foi investigado.
A análise das fichas e dos questionários para definição dos casos e para qualificação
dos dados se orienta pelos critérios de definição presentes nos protocolos do MS. A partir do
SINAN, a área técnica acessa e organiza os dados, podendo obter o número de casos
absolutos para um determinado período de tempo e podendo calcular indicadores
epidemiológicos, como a taxa de incidência de sífilis congênita.
Este projeto de intervenção apresenta como proposta revisar todos os casos de sífilis
congênita de residentes no município de Niterói notificados em 2015, a partir de consulta ao
SINAN e análise de todas as FIE e questionários de investigação preenchidos pelas unidades
de realização do pré-natal, que serão acessados nos arquivos da coordenação de vigilância em
saúde, para desta forma, poder também revisar o número absoluto de casos e a taxa de
incidência de sífilis congênita no município em 2015.
Tais informações são de grande valor para a qualificação da vigilância deste agravo no
município, para a compreensão fidedigna do cenário epidemiológico do município em relação
à sífilis congênita, bem como para subsidiar ações de educação permanente junto às unidades
da rede básica e às maternidades no sentido de qualificar a assistência e a vigilância locais.
22
3.3 Fragilidades e oportunidades
Este projeto de intervenção não necessita de investimentos financeiros, embora o
acesso aos computadores na COVIG seja limitado pelo número de máquinas funcionantes em
relação ao número de profissionais que necessitam delas para trabalhar. Assim, embora isso
pudesse representar uma fragilidade, trata-se de organizar o processo de trabalho. O mesmo
valendo para a questão do pouco tempo de trabalho disponível dos técnicos da vigilância para
a realização do projeto.
As reuniões do comitê levaram ao entendimento da necessidade de realização das
ações propostas através deste projeto de intervenção, pela percepção de que há ao mesmo
tempo uma fragilidade identificada na própria vigilância do agravo, talvez com a inserção no
SINAN de muito mais casos de sífilis congênita do que o que realmente deveria, e uma
oportunidade potencial de aprofundar no conhecimento e discussão acerca do controle do
agravo no município.
O número de fichas de investigação epidemiológica e de agravos analisadas e
qualificadas pelos técnicos da área da vigilância na assessoria de DST/Aids e Hepatites Virais
no município representa um montante importante, que muitas vezes não permite uma análise
mais apurada e qualificada. A proposta deste projeto de intervenção oferece a oportunidade de
rever o processo de trabalho e os conceitos relacionados à vigilância da sífilis congênita.
Embora possa parecer simples a análise dos casos seguindo os critérios de definição de
caso de sífilis congênita do MS, na prática, os critérios podem confundir, carecendo de
objetividade, e gerando insegurança no momento de decidir se um caso é ou não caso de
sífilis congênita. Este fator também pode se apresentar como uma fragilidade, mas ao mesmo
tempo é oportunidade de debater e esclarecer, inclusive junto ao MS, as dúvidas surgidas no
cotidiano de trabalho da vigilância da sífilis congênita.
3.4 Processo de avaliação
A avaliação se dará ao longo da implantação do projeto de intervenção, que seguirá
um cronograma, pois terá um tempo determinado para ser realizado, apresentando resultados
ao longo do processo e ao final do mesmo.
23
Então, a avaliação irá definindo se as etapas estarão sendo seguidas e completadas.
Como já se tem um levantamento prévio através do SINAN, do número de casos e FIE que
serão revisadas, que totalizam 150, e uma listagem de quais são estes casos, e o arquivo onde
estão, há uma proposta de que sejam revistos e analisados 10 casos por dia, devendo-se levar
15 dias para conclusão da revisão. Os dados da revisão serão organizados em uma planilha de
Microsoft Office Excel®, e de acordo com os critérios de definição de caso do MS, deverão
ser apresentados os dados finais revisados, com o número absoluto dos casos que de fato
atendam aos critérios do MS e o novo cálculo da taxa de incidência de sífilis congênita para o
município em 2015.
Para todas as ações envolvidas com o projeto definiu-se um tempo de 30 dias, o qual
também será avaliado no seu cumprimento.
24
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados epidemiológicos do MS de 2016 mostraram um aumento no número de
casos de sífilis congênita no Brasil. Com certeza, várias medidas precisam ser tomadas para
que se garanta o cuidado pré-natal com vistas à prevenção da sífilis congênita, como a
garantia do diagnóstico oportuno da sífilis durante a gestação e o tratamento dos casos
identificados com a medicação adequada.
Contudo, também há que se realizar um trabalho sério na área da vigilância deste
agravo, visando à uniformização das condutas pelo país, para que existam critérios claros de
definição de caso de sífilis congênita, e os números não sejam nem subestimados como se
compreende ser no Brasil pela subnotificação, nem superestimados pela falta de clareza em
relação ao que deve ser considerado um caso de sífilis congênita que alimentará o SINAN.
Tal fato, não deve ser entendido em função simplesmente de que os indicadores e
metas sejam atingidos, mas de que se tenham dados nacionais fidedignos que possam
subsidiar planos de ação para a eliminação da sífilis congênita no país.
Assim, instrumentos para investigação do pré-natal dos casos considerados sífilis
congênita e comitês de investigação da transmissão vertical se colocam como estratégias
importantes, permitindo a revisão e identificação dos casos que de fato devam ser inseridos no
SINAN. Qualificar as informações demanda qualificar métodos, rotinas, fluxos e
profissionais.
O que se espera com este projeto de intervenção é que a partir da revisão dos casos de
sífilis congênita entre residentes no município de Niterói, diagnosticados em 2015, possa-se
ter uma clareza dos dados do município, chegando-se a indicadores reais e fidedignos que
possam levar a uma análise também mais expressiva dos resultados locais, diante das várias
ações que as áreas técnicas vêm realizando com vistas à redução dos casos de sífilis congênita
no município.
25
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28
ANEXOS
Coordenação de Vigilância em Saúde
INVESTIGAÇÃO DA SÍFILIS CONGÊNITA
(informações do prontuário, visita domiciliar, contato com familiares e profissionais)
Unidade de Investigação: ________________________ Data de Investigação:__________
Dados da Gestante:
Nome:_______________________________________________________________
Data de Nascimento_____ /_____/_______ Idade__________
Estado Civil___________________________________________________________
Endereço:_____________________________________________________________
É atendida ou já foi atendida em alguma Unidade de Saúde da rede pública?
Sim ( ) Qual? ____________________________________________ Não ( )
Fez Pré-Natal?
29
Sim( ) Não ( ) Por que? ___________________________________________________
Local:____________________________________________________________________
Início do pré-natal: ____/____/____ Id. Gest. no início do pré-natal:_______________
Número de consultas:________________
Foi diagnosticado sífilis durante a gestação? Sim ( ) Não ( )
Foi solicitado VDRL na primeira consulta?
Sim ( ) Não ( ) Por que?_________________________________________________
Data da coleta: _____/_____/_____
Resultado: ___________________
Data da consulta em que ocorreu a entrega do resultado: _____/______/______
Foi tratada?
Sim ( ) Não ( ) Por que? ________________________________________________
Esquema de tratamento prescrito e realizado com datas:
30
________________________________________________________________________
Parceiro foi tratado?
Sim ( ) Não ( ) Por que? ________________________________________________
Esquema de tratamento prescrito e realizado com datas:
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
31
Foi solicitado VDRL no terceiro trimestre?
Sim ( ) Não ( ) Por que?_________________________________________________
Data da coleta _____/_____/_____
Resultado: ___________________
Data da consulta que ocorreu a entrega do resultado ______/______/______
Foi tratada?
Sim ( ) Não ( ) Por que? ________________________________________________
Esquema de tratamento prescrito e realizado com datas:
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Parceiro foi tratado?
Sim ( ) Não ( ) Por que? ________________________________________________
Esquema de tratamento prescrito e realizado com datas:
________________________________________________________________________
32
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Fez acompanhamento após o tratamento com VDRL mensal?
Sim ( ) datas e títulos: ______________________________________________________
Não ( ) Por que? __________________________________________________________
33
Número de Gestações:____ Nascidos Vivos:____ Natimortos:____ Abortos:____
Fez pré-natal nas gestações anteriores?
Sim ( ) Não ( ) Por que? ________________________________________________
Local de realização: ________________________________________________________
Já teve diagnóstico de sífilis anteriormente a esta gestação?
Sim ( ) Não ( )
Foi tratada?
Sim ( ) Não ( ) Por que? ________________________________________________
Esquema terapêutico realizado: ________________________________________________
Parceiro foi tratado?
Sim ( ) Não ( ) Por que? ________________________________________________
Esquema terapêutico realizado: ________________________________________________
Nome da Criança: __________________________________________________________
Data de Nascimento da criança: _____/_____/_____
34
Criança foi tratada no hospital? _______________________________________________
A criança está sendo acompanhada em alguma Unidade de Saúde?
Sim ( ) Nome da Unidade: _________________________________________________
Não( ) Por quê? ________________________________________________________
Resumo da história clínica atual da criança
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