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Universidade Federal do Rio Grande de Sul – UFRGSInstituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde - IATS
Eficácia e segurança do uso de hipoglicemiantes orais no manejo da diabetes mellitus gestacional
Porto Alegre, Julho de 2013
Universidade Federal do Rio Grande de Sul – UFRGSInstituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde - IATS
Eficácia e segurança do uso de hipoglicemiantes orais no manejo da diabetes mellitus gestacional
Parecer Técnico Científico do Curso de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde – IATS/UFRGS apresentado como requisito parcial para obtenção do título especialista em Avaliação de Tecnologias em Saúde.
Orientador: Drª Eliana Marcia Da Ros Wendland
Porto Alegre, Julho de 2013
2013. IATS/UFRGS
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada à fonte e que não
seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área
técnica. Este parecer é de caráter informativo e não reflete necessariamente a opinião
dos pesquisadores do IATS.
Este estudo não expressa decisão formal para fins de incorporação no Sistema Único de
Saúde (SUS).
AUTORES: ¹Eliana Marcia da Ros Wendland (IATS)
²Matheus William Becker (IATS)
1 - Graduada em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul , residência em ginecologia e obstetrícia no Grupo Hospital Conceição Hospital Fêmina; mestre e doutora em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pós-doutorado em epidemiologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora adjunta do departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2 - Graduado em Farmácia pelo Centro Universitário Metodista IPA, especialista em farmácia hospitalar pelo Hospital Moinhos de Vento. Farmacêutico do Grupo Hospitalar Conceição - Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse:
Nenhum dos autores recebe qualquer patrocínio da indústria ou participa de qualquer
entidade de especialidade ou de pacientes que possa ser incluído em estudos clínicos e
que possa representar potencial conflito de interesse.
1
ÍNDICE
1. Resumo executivo ................................................................................................3
2. Contexto ..............................................................................................................4
3. Pergunta ...............................................................................................................5
4. Introdução ............................................................................................................6
5. Aspectos epidemiológicos, demográficos e sociais ..............................................6
6. Descrição da tecnologia avaliada e das alternativas .............................................7
7. Bases de dados e estratégia de busca .................................................................12
8. Critérios de seleção e exclusão de artigos ..........................................................13
9. Avaliação da qualidade da evidência .................................................................14
10. Resultados dos estudos selecionados ...............................................................15
11. Interpretação dos resultados .............................................................................19
12. Recomendações .................................................................................................21
13. Referências bibliográficas .................................................................................22
14. Anexos................................................................................................................28
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1. RESUMO EXECUTIVO
Tecnologia: Hipoglicemiantes orais
Indicação: Diabetes gestacional
Caracterização da tecnologia: Medicamentos hipoglicemiantes orais tem a
característica de diminuir a glicose sérica. As classes Os medicamentos com melhor
perfil de utilização são a Metformina e a Glibenclamida.s Sulfoniuréias e as Biguanidas.
As sulfoniluréiasGlibenclamida agem principalmente nos receptores da membrana
plasmática das células beta do pâncreas, sobre os canais de potássio sensíveis ao ATP,
reduzindo a permeabilidade destas células ao potássio, causando a despolarização e a
entrada de cálcio ionizado aumentando a secreção da insulina. As Metformina
biguanidas aumentam a captação de glicose no músculo esquelético, aumentam a
sensibilidade à insulina, reduzem a absorção intestinal de glicose, diminuiem a
gliconeogênese, e diminuindo a liberação hepática de glicose.
Pergunta: O uso de hipoglicemiantes orais é seguro e eficaz no tratamento da diabete
gestacional?
Busca e análise de evidências científicas: Foram pesquisadas as bases The Cochrane
Library, Tripdatabase, Medline via Pubmed, Lilacs, York CRD e Embase com objetivo
de encontrar revisões sistemáticas de ensaios clínicos com ou sem metanálise que
compararam os hipoglicemiantes orais a outras opões terapêuticas no manejo da diabete
gestacional.
Resumo dos resultados dos estudos selecionados: O uso dos hipoglicemiantes orais
esta associada a uma redução de 53 % na taxa de cesariana (RR0,46 / IC95% 0,27 a
0,77) e a uma redução do ganho de peso na gestação 0,47 Kg [IC95% -0,77 a -0,16]
quando comparado ao uso de insulina. A metformina pareceu aumentar a taxa de
nascimento pré-termo(OR 1,74 / IC95% 1,13 a 2,68) comparada a insulina. A
Glibenclamida foi associada aumento de peso ao nascer (111,1g / IC95% 18,60 a
203,63) comparada a insulina. O controle glicêmico e os diversos outros desfechos
maternos e infantis não obtiveram diferenças significativas.
Recomendações: O uso dos hipoglicemiantes orais está indicado nas pacientes
3
portadoras de diabetes gestacional. No entanto algumas considerações devem ser
levadas em conta como fatores de risco prévio para nascimento pré-termo e o aumento
de peso ao nascer.
EXECUTIVE SUMMARY
Technology: Oral hypoglycemic agents
Note: Gestational Diabetes
Characterization of technology: oral hypoglycemic drugs has the characteristic of
decreasing serum glucose. Medicines with best usage profile are metformin and
glibenclamide. Glibenclamide The acts mainly in plasma membrane receptors of
pancreatic beta cells by increasing secretion of insulin. Metformin increases glucose
uptake in skeletal muscle, increases insulin sensitivity, reduces intestinal absorption of
glucose, decrease gluconeogenesis and decreases hepatic glucose release.
Question: The use of oral hypoglycemic agents is safe and effective in the treatment of
gestational diabetes?
Search and analysis of scientific evidence: bases were searched The Cochrane Library,
Tripdatabase, Medline via Pubmed, Embase, York CRD and Lilacs in order to find
systematic reviews of clinical trials with or without meta-analysis that compared to
other oral hypoglycemic therapeutic options in the management of diabetes Gestational.
Summary of the results of the selected studies: The use of oral hypoglycemic agents is
associated with a reduction of 53% in the rate of cesarean section (RR0, 46/95% CI 0.27
and 0.77) and a reduction in weight gain during pregnancy 0, 47 kg [95% CI -0.77 to -
0.16] compared the use of insulin. Metformin appeared to increase the rate of preterm
birth (OR 1.74 / 95% CI 1.13 to 2.68) compared to insulin. The glibenclamide was
associated with increased birth weight (111.1 g / 95% CI 18.60 to 203.63) compared to
insulin. Glycemic control and several other maternal and child outcomes did not obtain
significant differences. Recommendations: The use of oral hypoglycemic agents is
indicated in patients with gestational diabetes. However some considerations must be
taken into account as risk factors prior to preterm birth and increased birth weight.
4
2. CONTEXTO
A prevalência do diabetes mellitus tipo 2 está aumentando de forma exponencial,
adquirindo características epidêmicas em diversos países, particularmente os em
desenvolvimento. Nas Américas, o número de indivíduos com diabetes foi estimado em
35 milhões para o ano 2000 e projetado para 64 milhões em 2025. Nos países
desenvolvidos, o aumento ocorrerá principalmente nas faixas etárias mais avançadas,
decorrente do aumento da esperança de vida e do crescimento populacional; nos países
em desenvolvimento, o aumento será observado em todas as faixas etárias,
principalmente no grupo de 45-64 anos onde sua prevalência deverá triplicar,
duplicando nas faixas etárias de 20-44 e 65 e mais anos (KING, 1998). No Brasil, no
final da década de 1980, estimou-se que o diabetes ocorria em cerca de 8% da
população, de 30 a 69 anos de idade, residente em áreas metropolitanas brasileiras. Essa
prevalência variava de 3% a 17% entre as faixas de 30-39 e de 60-69 anos. A
prevalência da tolerância à glicose diminuída era igualmente de 8%, variando de 6 a
11% entre as mesmas faixas etárias (MALERBI & FRANCO, 1992). Quando a
intolerância é diagnosticada durante a gravidez é denominada diabete gestacional (DG)
(METZGER, 2008). A incidência da DG varia de 1 a 14% dependendo da população
estudada e o método diagnóstico. No sistema único de saúde (SUS) a incidência de DG
em mulheres acima de 20 anos é de 7,6% (SCHMIDT, 2002). Os medicamentos
fornecidos para a diabetes tipo 2: metformina e glibenclamida, dispensados pelas
farmácias públicas municipais e também disponíveis na política pública "aqui tem
farmácia popular", têm sido alvo de estudos para identificar alguma evidência no uso
em diabete gestacional. Este uso parece ser de grande interesse no sistema único de
saude (SUS) vendo que os dois medicamentos tem baixo custo quando comparado com
outras terapias medicamentosas. No entanto há poucos estudos de boa qualidade
metodológica e uma discrepância de resultados na utilização destes medicamentos na
diabetes gestacional Com crescentes índices de prevalência se fez necessário criação de
estratégias para combater os altos índices de mortalidade e incapacidade gerados pela
diabetes. No entanto mesmo com as tecnologias avançadas de tratamento e políticas
públicas voltadas a prevenção e tratamento da diabetes, ainda não é possível de fato
controlar as consequências letais e a grande carga de doença imposta ao sistema de
saúde. Além de início lento e de difícil percepção semiológica a diabetes está ligada a
5
fatores socioeconômicos e culturais como elevação da expectativa de vida, maus hábitos
alimentares, obesidade, sedentarismo, entre outros. Apesar da diabetes ser extensamente
estudada, o seu aparecimento na gestação gera muitas dúvidas como: qual eficácia e
segurança de novas tecnologias diagnósticas e terapêuticas? qual impacto na qualidade
de vida da paciente? quais estratégias de prevenção e mudanças de hábitos de vida no
contexto sociocultural devem ser orientadas? Estas, entre outras dúvidas, devem ser
esclarecidas para o estabelecimento de diretrizes com níveis de evidência adequados e
robustos que resultem em avanços no combate as complicações e mortalidade por
diabetes. Este parecer, realizado como pré-requisito a obtenção do título de especialista
em Avaliação em Tecnologias de saúde (ATS) visa procurar as principais evidências de
eficácia e segurança do uso de hipoglicemiantes na diabete gestacional.
3. PERGUNTA
O objetivo deste PTC é analisar as evidências científicas disponíveis atualmente sobre a
eficácia e segurança dos hipoglicemiantes no tratamento da diabete gestacional.
Para elaboração da pergunta foram estruturados elementos norteadores conforme o
quadro 1.
População Pacientes com diagnóstico de diabete gestacionalIntervenção (Tecnologia) Hipoglicemiante oral no tratamento da diabetes gestacionalComparação Hipoglicemiante oral x insulinoterapia
Hipoglicemiante oral x aconselhamento dietéticoDesfecho (Outcome) Desfechos maternos: controle de glicemia, morbidade,
indução de parto, hipoglicemia, pré-eclâmpsia, qualidade de vida, redução de ganho de peso durante a gestação,;Defeschos infantis: mortalidade, distócia de ombro, internação em unidade intensiva neonatal, macrossomia fetal, complicações respiratórias, hipoglicemia neonatal;
Pergunta: O uso de hipoglicemiantes é seguro e eficaz no tratamento da diabete
gestacional?
6
4. INTRODUÇÃO
4.1 Aspectos epidemiológicos, demográficos e sociais
A gravidez caracteriza-se pelo aumento progressivo das necessidades e da resistência à
insulina. A desregulação hormonal da gestação é observada em mulheres e já foi
comprovada em animais (CALDERON, 1994). A diabetes gestacional (DG) ocorre
quando a intolerância a carboidratos inicia durante a gravidez (METZGER, 2008).
Gestantes que desenvolvem diabetes gestacional comumente evoluem para diabetes do
tipo 2 ao longo da vida adulta. Admite-se que cerca de 50% a 60% das mulheres que
desenvolvem diabetes na gravidez apresentam hiperglicemia persistente no pós-parto,
caracterizada como diabetes mellitus tipo 2.( Em mulheres com comprometimento
funcional das ilhotas de Langerhans ocorre a intolerância a carboidratos. Quando esta
intolerância é diagnosticada durante a gravidez é denominada diabete gestacional (DG)
(METZGER, 2008). A incidência da DG varia de 1 a 14% dependendo da população
estudada e o método diagnóstico. No sistema único de saúde (SUS) a incidência de DG
em mulheres acima de 20 anos é de 7,6% (SCHMIDT, 2002). Não há um consenso
sobre o critério diagnóstico da DG, devido a grande divergência entre os estudos. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda para o diagnóstico da diabete
gestacional, o uso das glicemias de jejum e de duas horas. O ponto de corte para a
glicemia de jejum é o de diabetes fora da gestação, 126mg/dl; e para a glicemia de duas
horas, é o da tolerância à glicose diminuída fora da gestação, 140 mg/dl. No Brasil, o
Ministério da Saúde recomenda que todas as gestantes sejam rastreadas para diabetes
7
melitus gestacional na primeira consulta pré-natal, através de glicemia de jejum, sendo
este repetido na vigésima semana. No entanto segundo a Sociedade Brasileira de
Diabetes se a glicemia for abaixo de 92mg/dL é necessário realizar o teste de tolerância
a glicose nas 24ª e 28ª semanas de gestação, estando entre 92mg/dL e 125mg/dL é
estabelecido diagnóstico de diabetes gestacional, estando acima de 125mg/dL
considerado diabetes pregresso. As glicemias diagnósticas de diabetes mellitus no teste
de sobrecarga de glicose seria de 180mg/dL na primeira hora e 153/dL na segunda hora
(METZGER, 2010).
O diagnóstico desta alteração metabólica previne riscos maternos e fetais decorrentes da
baixa tolerância à glicose (RUDGE, 2000). A gestante portadora de DG não tratada tem
maior risco de rotura prematura de membranas, parto pré-termo, feto com apresentação
pélvica e feto macrossômico (YANG, 2002). Há também risco elevado de pré-eclâmpsia
nessas pacientes (PETTITT, 2002). Com relação ao feto, além da macrossomia, os
riscos para o desenvolvimento de síndrome de angústia respiratória, cardiomiopatia,
icterícia, hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia e policitemia com
hiperviscosidade sangüínea, encontram-se fortemente aumentados (AMERICAN, 2004;
JONES, 2001). O resultado perinatal está diretamente relacionado ao controle
metabólico materno, com evidência de redução de 59% de distócia de ombro, 52,4% de
macrossomia, 39 % de desordens hipertensivas, 14,3% de óbito fetal, e 8,2% de má
formações em gestantes com controle metabólico não adequado, caracterizado por
média glicêmica superior a 130 mg/dl no terceiro trimestre (RUDGE, 1995;
FALAVIGNA, 2012).
O tratamento da DG visa o bom controle glicêmico, dentre os benefícios estão a
diminuição morbidade e mortalidade além de possível melhora da qualidade de vida
relatada pelas mulheres(CROWTHER, 2005) O tratamento pode ser feito com dieta
associada ou não a exercícios físicos. A insulinoterapia é indicada quando há falha de
controle glicêmico com a terapia não medicamentosa. A insulina é efetiva em controlar
a glicemia materna, porém se caracteriza em terapia mais cara, inconveniente, e
necessita de habilidades para a administração. Os hipoglicemiantes orais (HO) são
utilizados para o controle da glicemia em pacientes diabéticos e apresentam bom perfil
de utilização nesta população. A terapia com hipoglicemiante oral é utilizada no SUS
como "off label", termo conhecido por utilização fora da indicação de bula. Atualmente
o tratamento no SUS segue o manual técnico de gestação de alto risco. Em grávidas
com diabetes gestacional, o tratamento com insulina deve ser indicado se após duas
8
semanas de dieta os níveis glicêmicos permanecerem elevados, ou seja, glicemia de
jejum maior ou igual a a 95mg/dL e 1 hora pós-prandial maior ou igual a 140mg/dL. As
doses iniciais devem ser de 0,3 a 0,5U/Kg/dia, preferencialmente em mais de uma dose
diária. Dividir o total de unidades em duas ou três doses iguais de insulina NPH,
aplicadas às 7h e 22h, ou às 7h, 12h e 22h(BRASIL, 2012). O custo da insulina humana
regular segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) sem
levar em conta o imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços
(ICMS) é em média R$ 24,00 o frasco com 3 ml. O medicamento metformina 1 G 30
comprimidos custa ao governo em média R$ 9,00. O medicamento Glibenclamida 5mg
com 30 comprimidos tem seu custo na faixa de R$ 3,50 (BRAASIL, 2013). O fator
custo se mostra favorável aos hipoglicemiantes orais, porém Mmesmo havendo diversos
estudos comparando as terapias hipoglicemiantes na DG, ainda há controvérsia na
literatura pela dificuldade de encontrar forte evidência neste grupo de pacientes. As
questões éticas e o potencial de vieses dos estudos ainda são um desafio para se definir
um tratamento eficaz, seguro e com qualidade para a paciente gestante. Neste contexto
este parecer tem como objetivo, reunir a melhor qualidade de evidência acerca da
eficácia e segurança dos hipoglicemiantes orais no tratamento da diabete gestacional
(SBD, 2009)
4.2 Descrição dos medicamentos avaliados e alternativas terapêuticas
Hipoglicemiantes
Os antidiabéticos orais constituem a primeira escolha para o tratamento do DM-2 não
responsivos às medidas não farmacológicas isoladas, uma vez que promovem, com
controle glicêmico, redução na incidência de complicações, têm boa aceitação pelos
pacientes e são fáceis de ser administrados. Os hipoglicemiantes orais classificam-se de
acordo com o seu mecanismo de ação em: Sulfoniluréias – Meglitinidas – Biguanidas -
Inibidores da alfa-glicosidase –Tiazolidinadionas – Estimulantes da secreção de insulina
não-sulfoniluréia ou análogos da meglitinida – Derivados da D-fenilalanina - Inibidores
da enzima DPP-4 (dipeptidilpeptidase). Dentre os representantes da classe, os que mais
se destacam com bom perfil de utilização são as sulfoniluréias e as biguanidas.
Sulfoniluréias
9
As sulfoniuréias são os medicamentos de eleição nos diabéticos de tipo 2 que não se
beneficiam exclusivamente de dieta e exercício. Tem seu mecanismo agindo
principalmente nos receptores da membrana plasmática das células beta do pâncreas,
sobre os canais de potássio sensíveis ao ATP, reduzindo a permeabilidade destas células
ao potássio, causando a despolarização e a entrada de cálcio ionizado aumentando a
secreção da insulina. Todos os representantes têm eficácia similar, diferindo apenas em
suas características farmacocinéticas. As sulfoniluréias são divididas em primeira e
segunda geração. As antigas sulfoniluréias (clorpropamida, tolbutamida),
comparativamente à dieta isolada, reduziram HbA1c, mas se associaram a maiores taxas
de hipoglicemia e ganho de peso. Novas sulfoniluréias (glimepirida, glipizida),
comparadas a placebo, melhoraram os níveis de HbA1c após 12-14 semanas, sem
aumentar a incidência de hipoglicemia. Observou-se, no entanto, aumento no ganho de
peso com glimepirida (CAMPBEL, 2005). Além da hipoglicemia, outros efeitos
adversos menos frequentes são reações hematológicas (leucopenia, trombocitopenia e
anemia hemolítica), cutâneas (rash, prurido, púrpura), pulmonares, sintomas
gastrintestinais (náusea, vômitos), colestase com ou sem icterícia, retenção hídrica,
hiponatremia e reação tipo dissulfiram. Os três últimos ocorrem mais com o uso de
clorpropamida (KATZUNG, 2007).
Biguanidas
Os dois principais representantes desse grupo são a metformina e a fenformina,
entretanto esta última foi retirada do mercado no Brasil, uma vez que leva a um maior
risco de acidose láctica quando comparado à metformina. A metformina é o
medicamento de escolha para os pacientes obesos com resistência a insulina, pois não
provoca hipoglicemia e não aumenta o peso corporal. Não existe uma explicação clara e
completa do mecanismo de ação das biguanidas, no entanto atualmente os possíveis
mecanismos propostos são: redução da gliconeogênese hepática e renal; redução da
absorção de glicose pelo trato gastrointestinal, com aumento da conversão da glicose em
lactato pelos enterócitos; redução dos níveis plasmáticos de glucagon; estimulação
direta da glicólise nos tecidos, com aumento da remoção da glicose do sangue. O estudo
United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS) demonstrou que o tratamento
intensificado pela metformina reduz 29% das complicações microvasculares e 32% dos
10
desfechos combinados do diabetes, enquanto que pela insulina e sulfoniluréias, apenas
25% e 12%, respectivamente; quanto à redução de eventos cardiovasculares e
mortalidade, apenas o tratamento intensivo com a metformina e o controle intensivo da
hipertensão mostraram-se efetivos (BRASIL, 2006). Os efeitos tóxicos mais comuns
são gastrointestinais e são observados em até 20% dos pacientes. As biguanidas são
contraindicadas para pacientes com doença renal, alcoolismo, doença hepática, ou
condições que predisponham a anoxia tecidual em razão do risco aumentado desta
classe induzir acidose-láctica. (KATZUNG, 2007)
Alternativas terapêuticas
Dieta
Uma revisão sistemática revelou que mais de 70% das portadoras de DMG apresentam
hiperglicemia leve e, em geral, são tratadas exclusivamente com dieta (BRODY, 2003).
As orientações dietéticas dependem do peso e da altura maternos e sua individualização
deve considerar a realidade socioeconômica e cultural da paciente. Além de ser
consistente com metas pré estabelecidas de controle glicêmico, a dieta deve incluir a
provisão adequada de calorias e nutrientes para preencher as necessidades da gestação.
Convencionalmente, o aconselhamento nutricional preconiza a ingestão de cerca de
55% de carboidratos, 20% de proteínas e 25% de lipídios (gorduras saturadas <10%),
com fracionamento das calorias em seis refeições diárias: café da manhã (10%), lanche
da manhã (10%), almoço (30%), lanche da tarde (10%), jantar (30%) e ceia (10%).
Segundo Franz 2002 as pacientes não obesas devem ingerir em média 30 kcal/kg/dia,
tendo como base o peso pré-gestacional. Para as gestantes obesas (IMC>30 kg/m2), a
restrição de 30-33% (~25 kcal/kg/dia) resulta na redução da hiperglicemia e dos
triglicerídeos plasmáticos sem aumentar a ocorrência de cetonúria. (FRANZ, 2002)
Um estudo prospectivo não randomizado demonstrou que a restrição de carboidratos
(35-40% de calorias) em portadoras de DMG resulta em melhor controle glicêmico,
menor necessidade de insulina e reduções da incidência de crescimento intrauterino
restrito e de indicações de cesariana por desproporção cefalopélvica e macrossomia
(MAJOR, 1998).
11
Exercícios
O exercício aeróbico tem sido consistentemente mostrado para melhorar o controle de
glicose, aumentar a sensibilidade à insulina, e melhorar os fatores de risco
cardiovasculares, tais como a adiposidade visceral, perfil lipídico, a rigidez arterial, e a
função endotelial. Consistente com esta evidência, a American Diabetes Association
(ADA) recomenda que os indivíduos com diabetes tipo 2 realizem pelo menos 150
minutos de intensidade moderada de exercício aeróbico e / ou, pelo menos, 90 minutos
de exercício aeróbico vigoroso por semana (ADA). Em um estudo randomizado que
avaliou os efeitos dos exercícios físicos em pacientes portadoras de sobrepeso (>25
kg/m2) e DMG foi demonstrado que, no grupo tratado com dieta associada aos
exercícios físicos, ocorreu menor prescrição de insulina (p<0,05) e maior intervalo entre
o momento do diagnóstico e o início da insulinoterapia (p<0,05) em relação às gestantes
submetidas apenas à dieta (SILVEIRA, 2012).
Insulinoterapia
A insulina exógena tem como princípio mimetizar a secreção normal endógena que
consiste em dois componentes: nível basal mais baixo, secretado entre refeições,
durante a noite e em jejum; nível mais alto pós-prandial. Vários esquemas de
administração tentam alcançar este perfil, empregando uma ou mais insulinas. A
chamada terapia basal utiliza uma ou duas injeções diárias de insulinas de ação
intermediária ou prolongada. A terapia de bolus constitui-se de múltiplas injeções
diárias de insulinas de ação rápida, geralmente administradas junto às refeições. A
terapia bifásica combina insulinas de diferentes durações em pré-misturas. No caso de
diabéticos tipo 1 existe possibilidade de se utilizar uma bomba de infusão. O objetivo é
manter o controle glicêmico, sem oscilações entre hiper e hipoglicemias. A insulina
regular é solúvel com início de ação entre 30 e 60 minutos, com pico de ação entre 2 e 4
horas e término entre 6 e 10 horas quando usada por via subcutânea, normalmente, é
indicada no tratamento da cetoacidose diabética e também associada com insulina
humana de ação intermediária ou com análogos basais no período de 20 a 30 minutos
pré-refeições, com o objetivo de reduzir o pico de glicemia pós-prandial. Os Análogos
de insulina de ação rápida lispro e a asparte, mostram propriedades farmacocinética e
farmacodinâmica similares. Em uso subcutâneo, ambos têm início entre 5 e 15 minutos
12
com pico entre 1 e 2 horas e término de ação entre 4 a 6 horas. São opções indicadas
para as bombas de infusão contínua subcutânea de insulina, imediatamente antes das
refeições em esquema basal/bólus e também, em picos hiperglicêmicos esporádicos ao
longo do dia. As insulinas de ação intermediária e lenta, NPH, apresentam início de ação
entre 1 e 2 horas com pico entre 4 e 8 horas e término entre 12 e 20 horas. São usadas
em regimes basais em duas ou mais aplicações diárias. Podem ser misturadas à insulina
regular na mesma seringa para facilitar a adesão da insulinoterapia, principalmente em
crianças na fase pré-escolar. Os Análogos de insulina basal, glargina e detemir,
apresentam uma farmacodinâmica e a farmacocinética mais previsíveis e os picos são
pouco pronunciados quando comparadas com as insulinas NPH e lenta. Apresentam
início de ação entre 1 e 2 horas, atingem o platô de ação biológica entre 4 e 6 horas com
término de efeito entre 20 e 24 horas (HIRSCH, 2005).
7. BASE DE DADOS E ESTRATÉGIAS DE BUSCA
As estratégias de busca realizada nas bases de dados eletrônicas pesquisadas estão
descritas no quadro 1.
13
Quadro1 – Busca bibliográfica realizada em 09/05/2013
Base de dados Estratégia de busca Estudos
Medline (via Pubmed)(("Diabetes, Gestational"[Mesh]) AND "Hypoglycemic Agents"[Mesh])Filtro: metanálise e revisão sistemática
26
The Cochrane Library diabetes and gestational and hypoglycemic drugs 20Trip Database diabetes and gestational and hypoglycemic drugs 12
Embase diabetes and gestational and hypoglycemic drugsFiltro: revisão sistemática 35
Lilacs diabetes and gestational and hypoglycemic drug 6York CRD diabetes and gestational and hypoglycemic drug 0
Outras buscas foram realizadas através das referências dos artigos selecionados nas
bases de dados.
8. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E EXCLUSÃO DE ARTIGOS
Critérios de inclusão:
14
-Revisões sistemáticas com e sem metanálise de ensaios clínicos controlados e estudos
de coorte que avaliaram a segurança e eficácia da terapia com medicamento
hipoglicemiante na diabetes gestacional.
-Revisões sistemáticas com e sem metanálise de ensaios clínicos controlados e estudos
de coorte que comparem a terapia hipoglicemiante oral a qualquer outra terapia
hipoglicemiante.
OBS.: Não foram utilizados ensaios clínicos randomizados (ECR) pela pluralidade metodológica
dos estudos, a dificuldade de agrupamento dos desfechos e esquemas terapêuticos utilizados,
além da baixa qualidade metodológica de grande parte dos estudos.
Critérios de exclusão:
-Tipo de estudo: estudos revisão narrativa de literatura; estudos piloto, de fase I ou II;
guias ou diretrizes de manejo da diabete gestacional, apenas resumo.
-Tipo de paciente: avaliação de hipoglicemiantes em outras doenças, pacientes com
diabetes tipo II prévio ou diabetes tipo I, paciente não gestante.
15
9. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA EVIDÊNCIA
Para a avaliação da qualidade da evidência apresentada, utilizou-se o modelo para
avaliação da qualidade de revisão sistemática proposto pelas Diretrizes Metodológicas
para Elaboração de Pareceres Técnico-Científicos do Ministério da Saúde, baseada na
tabela de nível de evidência do Oxford Centre for Evidence Based Medicine.
Quadro 2. Parâmetros para avaliação da qualidade das revisões sistemáticas incluídas.
Parâmetro Dhulkotia 2010
Moretti 2008
Gui 2013
Nisreen 2009
Tuuli 2012
A revisão se baseou numa pergunta
estruturada, explícita e sensível?
sim sim Sim Sim ND
A busca por estudos relevantes foi
detalhada e completa?
sim sim sim Sim Sim
Os estudos primáriosApresentavam
qualidade metodológica
adequada para a pergunta?
sim sim Sim Sim ND
A avaliação dos estudosIncluídos pode ser
reproduzida?
sim sim sim Sim NA
Os resultados foram semelhantes de estudo
para estudo?
não NA não não NA
O estudo apresentou estimativa de precisão
para os efeitos do tratamento/exposição?
sim sim sim Sim Sim
O desfecho apresentado pelo estudo é relevante
clinicamente?
sim sim sim Sim Sim
Os potenciais conflitos de interesse foram
declarados?
não não não sim NA
ND - Não declara NA - Não se aplica
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10. RESULTADO DOS ESTUDOS SELECIONADOS
Tabela 1 - Dados de desfechos dos estudos comparando o uso de hipoglicemiantes orais X insulina
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Estudo Estudos incluídos N Comparaçõesincluídas Desfechos/IC95%
NISREEN 2009 8 ECR 1418
AcarboseMetformina
Glibenclamida X
Insulina
Taxa de cesariana (n=90)RR 0,46 [IC95%0,27 a 0,77]
Hipoglicemia neonatal em bebês com mães tratadas com insulina(n=114)RR 7,68 [IC95%1,47 a 40,22]
Redução da idade gestacional ao nascer (n=144) 0,05 anos [IC95% -0,52 a 0,42]
Distocia de ombro (n=63)RR 0,34 [IC95%0,01 a 8,13]
Aumento do peso ao nascer (n=51) 244,40 g [IC95%-15,61 a 504,41]
DHULKOTIA 2010 6 ECR 1388
MetforminaGlibenclamida
XInsulina
Cesariana de mães que utilizaram HO(n= 1354) OR 0,91 [IC95%0,68 a 1,22]
Hipoglicemia neonatal (n= 1356) OR 1,59 [IC95%0,70 a 3,62 ]
Aumento do controle glicêmico 1.31mg/dl [IC95%-0,81 a 3,43]
Aumento do controle glicêmico pós prandial 0.80mg/dl [IC95%-3,26 a 4,86]
Aumento do peso ao nascer 56,11g [IC95% -42,62 a 154,84]
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11. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Desfechos maternos
Na maior parte dos desfechos analisados não foram encontradas diferenças
significativas. Nisreen e cols encontraram uma diminuição na taxa de cesariana nas
mulheres que utilizaram HO (RR:0,46/0,27-0,77), não houve diferença significativa de
indução de trabalho de parto, hemorragia pós-parto e entrega vaginal operatória . Tulli e
cols não encontraram diferença significativa, no entanto sua análise foi apenas do HO
glibenclamida, excluindo os resultados da metformina e outros encontrados na
literatura. Gui e cols relatam uma diferença do ganho de peso -0,47 [-0,77 a -0,16] das
gestantes que utilizaram metformina comparadas as que utilizaram insulina
possibilitando um benefício, visto que a obesidade é fator de risco para diversas doenças
metabólicas, no entanto entre as pacientes que utilizaram metformina a chance de nascer
pré-termo foi aumentada em relação a insulina (OR 1,74/ IC95% 1,13 a 2,68). Os outros
três estudos incluídos não encontraram diferença significativas entre os desfechos
maternos entre os dois grupos. Dhulkotia e cols, no entanto demonstra a preferência
materna pela terapia oral com possível impacto na qualidade de vida destas pacientes.
Neste estudo o autor descreve que em seis estudos selecionados cada um destes adotou
critérios diferentes para o diagnóstico da DG, o que demonstra uma dificuldade
metodológica de agrupar os estudos na seleção destes. Diante dos resultados dos estudos
selecionados parece haver uma situação favorável aos HO visto que este diminuiu taxa
de cesariana e o ganho de peso da gestante quando analisada a metformina, apesar de
parecer antecipar o parto. No entanto os estudos apresentam variações entre si que ainda
não há evidência de uma toxicidade definida, mas todos demonstram uma boa eficácia
dos HO no controle glicêmico.
Desfechos neonatais
Estudos apresentam resultados conflitantes em relação a toxicidade e teratogenicidade
dos HO no entanto um estudo demonstra insignificante a passagem de glibenclaida
através da placenta para ao feto (ELLIOTT, 1991). Numa revisão sistemática com dados
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animais e humanos tanto glibenclamida quanto metformina são classificadas com baixo
risco de teratogenicidade e como compatíveis com amamentação (FEIG, 2007). Em
crianças de mães tratadas com insulina foi encontrada alta taxa de hipoglicemia quando
comparadas com crianças de mães tratadas com HO (Nisreen e cols RR:7,68
IC95%1,47 a 40,22) e (Nicholson e cols. 8,1% x 3,3%). Tulli e cols encontraram
associação do uso de glibenclamida com aumento do peso ao nascer com diferença de
111,1/ IC95%18,60 a 203,63 e ressaltaram que a amplitude dos intervalos de confiança
dos estudos ainda os mantém inconclusivos. Os outros três estudos não encontraram
diferenças significativas nos desfechos infantis dos grupos comparados. Em relação aos
desfechos infantis algumas questões ainda não estão claras como a possibilidade de
macrossomia. Em relação aos desfechos infantis os estudos pecam na falta de
acompanhamento a longo prazo, apenas considerando os desfechos a curto prazo. Ainda
não há evidência de segurança para o bebê, levando em conta os desfechos de longo
prazo. Os desfechos de curto prazo são mais documentados e estudados, porém
apresentam baixos níveis de evidência.
Fragilidades dos estudos
Dentre as fragilidades dos estudos selecionados pode-se citar a pluralidade do critério
diagnóstico para diabetes gestacional; Segundo Schimidt a incidência de diabetes gestacional
em mulheres > 20 anos no SUS foi de 7,6% pelo critério estabelecido pela OMS, no entanto
avaliando sob o critério da sociedade americana de diabetes (ADA) esta taxa foi de 2,3%.
Somente após a publicação do estudo "HAPO" um estudo observacional onde foram
observadas 25.000 mulheres entre 2000 e 2006 que se conseguiu definir o nível de glicemia
materna relacionado com os desfechos. Os resultados deste estudo evidenciaram a
necessidade de uma nova discussão sobre o diagnóstico da DG. Em 2009 novos critérios
diagnósticos foram estabelecidos pelas sociedades e associações. Mesmo com estes novos
critérios nenhum dos estudos selecionados obteve o mesmo critério para a determinação da
diabetes gestacional; mesmo com o consenso dos critérios diagnóstico os diversos grupos de
pesquisa ainda divergem em suas abordagens no momento de diagnosticar a doença
dificultando a análise dos resultados.A falta de seguimento dos desfechos a longo prazo é outro
fator que deveria ser levada em conta para determinar a segurança com mais precisão.
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12. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Quadro 3 - conclusão dos estudos selecionados
Autor ConclusãoNICHOLSON
2009Não há diferença nos desfechos mensurados entre a utilização de Glibenclamida/Metformina e insulina em mulheres com Diabetes Gestacional.
GUI 2013 Metformina é comparável com insulina no controle glicêmico e desfechos neonatais. Além de ser melhor aceita pelas mulheres com diabetes gestacional.
MORETTI 2008
Os dados não sugerem riscos perinatais com glibenclamida, no entanto faltam estudos mais consistentes para avaliar segurança e eficácia.
TULLI 2012 Glibenclamida está associada com alto peso ao nascer. Os desfechos maternos e infantis encontrados são limitados pela baixa qualidade dos estudos.
DHULKOTIA 2010
Não há diferença entre controle glicêmico e desfechos quando comparados hipoglicemiantes orais e insulina.
NISREEN 2009
Após diagnosticada, a Diabete gestacional deve ser tratada. No entanto a decisão sobre a escolha entre tratamento dietético ou medicamentos ainda não é clara. O efeito do tratamento específico sobre desfechos a longo prazo na mãe e na criança também não é claro.
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Este PTC buscou avaliar a eficácia e segurança dos hipoglicemiantes orais na diabetes
gestacional.
O uso dos hipoglicemiantes orais está indicado nas pacientes portadoras de diabetes
gestacional. No entanto algumas considerações devem ser levadas em conta como
fatores de risco prévio para nascimento pré-termo e aumento do peso ao nascer
macrossomia. Os desfechos a curto prazo não parecem sofrer variações significativas
quando comparados entre terapia com insulina e HO. No entanto os estudo existentes
ainda apresentam grandes limitações para definirem a prática mais adequada. Estudos
com maior consistência metodológica são necessários para definir a melhor escolha de
tratamento assim como o acompanhamento dos possíveis desfechos a longo prazo à mãe
e ao bebê.
13. REFERÊNCIAS
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14. ANEXOS
Fluxograma da seleção dos estudos
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