1 Profissionalização da Psicologia: os testes psicológicos Psicologia.

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Profissionalização da Psicologia:

os testes psicológicos

Psicologia

2O Laboratório de Wundt em Leipzig, 1879

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Augustusplatz em Leipzig em 1880Autor desconhecido.

4Augustusplatz em 2007

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Prédio da Universidade de Leipzig, primeiro local do Instituto de Psicologia - Laboratório de Psicologia Experimental

6Herder Institut, Universidade de Leipzig, 2007

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Wilhelm Wundt em seu aniversário de 70 anos e seus colaboradores Da esquerda pra direita, primeira fila: Eleonore Wundt, Erich Mosch, Oswald Külpe, Gustav Störring, August Kirschmann, ??; Fila do meio: Emil Kraepelin, Wilhelm Wundt, Sophie Wundt, Reinecke; Fila de baixo: Max Wundt, Wilhelm Wirth

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Wilhelm Wundt e seus colaboradores, Foto ~1908 (Da direita pra esquerda: Ottmar Dittrich, Wilhelm Wirth, Wilhelm Wundt,

Otto Klemm, Friedrich Sander)

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Wilhelm Wundt

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www.psych.uni-halle.de/.../chapters/wundt.htm

Fonte das fotos antigas:

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Da Experimentação para a Avaliação Psicológica

• Laboratório de Wundt “substitui experimentação fisiológica pela experimentação direta de eventos mentais através do método da introspecção”.

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E. B. Titchener 1867-1927 Clark University (1909), Harvard (1917) Cornell

Psicologia experimental

James McKeen Cattell

1860-1944 Pensilvânia e Columbia

Estatística e testes individuais

G. S. Hall 1844-1924 Johns Hopkins e Clark

Psicologia do Desenvolvimento

H. Judd 1873-1946 Chicago Educação

E. A. Pace 1861-1938 The Catholic University of America

Psicologia Escolástica e Aristotélica

G. W. Patrick 1857-1949 Iowa Moral e Pedagogia

R. Pintner 1884-1942 Columbia University

Testes Psicológicos

W. D. Scott 1869-1955 Northwestern Psicologia IndustrialL. Witmer 1867-1956 Pensilvânia Clínica Psicológica

para Crianças

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Experimentação >> Teste• Experimentação: pretende descobrir a

natureza de uma função psíquica (qual é seu mecanismo, quais são as leis que regem tal função...)

• Teste: permite calcular em que medida um sujeito possui uma determinada função, a qual é comparada com a média do grupo dos indivíduos submetidos ao mesmo instrumento.

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Psicometria

• Campo que prima por medir e estudar quantitativamente os fenômenos psíquicos;

• Esse processo conduz à elaboração de escalas estatísticas utilizadas em muitos testes.

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Testes Psicológicos

• Nomenclatura usada para diferentes tipos de instrumentos

• “Teste psicotécnico” - exemplo de nomenclatura não aceita de forma unânime no contexto da psicologia acadêmica

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Testes Psicológicos

• Testes objetivos: – Herdeiros da psicologia diferencial de

Galton

• Testes “expressivos” e projetivos:– Herdeiros de outra vertente da psicologia -

a “psicologia dos estados mórbidos”

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Testes Objetivos

• Instrumento que mensura quantitativamente um determinado comportamento, traço de personalidade, função cognitiva e/ou intelectual.

• Seu resultado independe do julgamento subjetivo do avaliador.

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Testes Objetivos

• Tipos:– Testes de Inteligência– Testes de aptidão– Testes de interesse– Testes de personalidade

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Testes de Inteligência

• Hermann Ebbinghaus (1850-1909)– Sílabas sem sentido

• Investigação precisa e experimental sobre a memória após ler Elementos de Psicofísica de Fechner.

– Escreve artigo sobre a aplicação de testes de inteligência em escolas

– Modelo: Provas de completar lacunas

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Testes de Inteligência• Francis Galton (1822 - 1911)

– International Health Exibition - Londres– Influência das descobertas de Charles

Darwin– Análise das raças em termos de

adaptação (dons especiais se perpetuam nas famílias - sugere aprimorar a linhagem do Homo Sapiens Sapiens)

– Inclinação para a quantificação: inventa o Coeficiente de Correlação (Karl Pearson será seu sucessor)

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James McKeen Cattell

EUA: “movimento dos testes” • Interesse em medir diferenças

individuais• Pioneiro no uso do termo “Teste

Mental”• Medidas da capacidade

intelectual por meio de testes de tempo de reação e discriminação sensorial (Galton)

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Exemplos de testes de Cattell

• Julgamento de 10s• Divisão de uma linha de 50cm• Número de letras repetidas com uma só

audição

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Alfred Binet– Laboratório de Psicologia Fisiológica

na Sorbonne– Aluno de Charcot– Modelo de laboratório no Brasil– Criador da primeira escala

psicométrica do desenvolvimento da inteligência - incentivo do governo francês.

– Escala Binet-Simon (1905/08)- bateria de testes que permite a classificação de indivíduos em níveis distintos de desenvolvimento mental.

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Escala Binet-SimonAs concepções teóricas de Binet que davam

sustentação à sua escala foram totalmente ignoradas quando entraram nos EUA:– Recurso prático e aproximativo para identificar crianças

com problemas de aprendizagem e/ou ligeiramente retardadas, com fins de indicar estudo especial e não de criar uma hierarquia para enquadrá-las;

– A escala não mede inteligência, a qual não é definida como inata e tampouco se constitui como uma teoria do intelecto

– Os resultados obtidos na escala servem para enfatizar possibilidades de aprimoramento das capacidades a partir de uma escola especial adequada.

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Nível Intelectual Geral - Quociente de Inteligência

IC - IM = NIG (Nível Intelectual Geral da criança)

• William Stern em 1912 modifica a escala e propõe quociente intelectual geral

QI = IM/IC x 100

• Henry Goddard nos EUA: criador do termo “débil mental” (feeble-minded), criou taxonomia hierarquizada a partir da escala de Binet: – débeis mentais = indivíduos com IM de 8-12 anos– imbecis = IM de 3-7 anos– idiotas = IM < 3 anos.

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Deslocamento de função da Escala de Binet

• Finalidade em Binet: indicar nível médio de desenvolvimento mental da criança

• Nova finalidade: concepção biológica de inteligência: QI como função de aptidão hereditária.

• Retorno do pensamento de Galton: eugenia

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Exemplos de testagem de Binet• Uma criança de 3 anos deveria estar apta a:

– Mostrar nariz, olhos e boca;– Repetir dois algarismos;– Enumerar objetos de uma figura;– Dar nome e sobrenome;– Repetir uma frase de 6 sílabas.

• Uma criança de 6 anos deveria estar apta a:– Comparar 2 objetos de memória;– Contar de 20 a 0;– Indicar omissões de partes de figuras;– Dizer o dia da semana e do mês;– Repetir 5 algarismos.

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Cattell (EUA) x Binet (França)

• Para Binet: a melhor maneira de fazer testagem dos processos mentais superiores era medindo-os direta e globalmente

• Para Cattell: melhor fazê-lo através das faculdades sensoriais simples (como o tempo de realção e concentração)

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Clark Wissler em Columbia

• 1901: Clark Wissler, em “As correlações dos testes físicos e mentais”, utilizou valores obtidos por Cattell. O artigo concluiu que as correlações existentes entre os vários testes de execução sensorial e mental aplicados nos estudantes da universidade eram desprezíveis.

Esse artigo decretou a vitória de Binet sobre Cattell.

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Testes de Aptidão

• Binet concebia inteligência como aptidão unitária e a media objetivamente para obter um escore.

• Thurstone, nos EUA: estabelece inter-relações entre os testes de aptidões.

• Técnicas estatísticas de Análise Fatorial (Pearson em 1901 e Thurstone, posteriormente)

• Atuação de psicólogos na seleção e classificação de pessoal militar: I Guerra Mundial

• Diagnosticar capacidade da pessoa no desempenho de dada tarefa.– Ex: teste de aptidão mecânica: mensura rapidez nos

movimentos, destreza manual, coordenação motora fina...

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A história da testagem psicológica no Brasil

• surge como uma versão do movimento europeu e norte-americano início do século XX e se confunde com a própria história da Psicologia no país.

1. Psicologia como novo campo de estudo das faculdades de medicina

• Psicofisiologia acerca do Homem, por Francisco Tavares da Cunha (em Salvador, no ano de 1851)

• Proposições a respeito da Inteligência, por José Augusto César de Menezes (no Rio de Janeiro, no ano de 1843)

• Fernandes Figueira, médico pediatra, utilizou, pela primeira vez, um teste de inteligência com pacientes do Hospício Nacional em 1913 (A escala Binet-Simon)

• José Joaquim Medeiros e Albuquerque publicou “Psicologia de um Neurologista – Freud e suas teorias sexuais” (1919) e o primeiro livro de testes denominado “Tests” (1924)

2. Uso de métodos da psicologia nas escolas normais

• Em 1914, é inaugurado o Laboratório de Pedagogia Experimental na Escola Normal, cujo foco eram os estudos de memória, inteligência infantil e psicomotricidade.

• Isaias Alves fez a adaptação brasileira da escala Binet-Simon em 1924.

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A história da testagem psicológica no Brasil

3. Surgimento de centros de pesquisa psicobiológica junto aos laboratórios em instituições relacionadas à área de saúde – surge o primeiro Laboratório de Psicologia do Hospital Nacional de Alienados em 1907.

• Laboratório de psicologia, situado na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico - BH, chefiado por Helena Antipoff (inteligência geral, aprendizagem, memória, psicomotricidade, julgamento social e julgamento moral, personalidade).

• Em São Paulo, no ano de 1927, Henri Pierón lecionou Psicologia Experimental e Psicometria.

• Laboratório de Psicologia Educacional (Serviço de Psicologia Aplicada na Faculdade de Educação – SP, em 1932) com cursos de aperfeiçoamento e especialização de psicologia no Instituto de Educação – RJ

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A história da testagem psicológica no Brasil

• Em 1951, o ISOP-SP iniciou o exame de candidatos para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por meio de entrevistas, provas de aptidão e personalidade.

• Em 1962, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAM) estendeu o exame psicotécnico a todos os candidatos a CNH

4. Entre 1970 e 1990, Pasquali e Alchieri (2001) retrataram um momento de expansão da Psicologia, mas marcado por crises. Enquanto surgiam cursos de pós-graduação, que possibilitaram o aumento do ensino e de pesquisas em avaliação psicológica, faltavam docentes qualificados.

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A história da testagem psicológica no Brasil

5. De 1990 até hoje, as repercussões negativas dos testes psicológicos, resultantes dos processos judiciais contrários aos resultados de avaliações psicológicas, geraram a mobilização de alguns profissionais, pesquisadores e, em especial, do CFP

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A história da testagem psicológica no Brasil

Escalas de diferenciação de Thurstone•  As escalas de Thurstone podem ser adotadas para medir atitudes

em relação a qualquer objeto. Construção da escalaa )  Coleciona-se algumas centenas de itens (frases) relacionados ao conceito

em estudo.  Seleciona-se um número razoável de juízes.b ) Cada juiz classifica cada item em um de onze grupos, de acordo com o seu

julgamento da “favorabilidade” do item para com o conceito em estudo.c )  Aos onze grupos são associados valores numéricos se 1 a 11. O valor de

cada item nesta escala de onze posições é obtido calculando-se a sua posição mediana (ou às vezes média) para o conjunto de juízes. Os valores assim obtidos para cada item são verificados em relação à sua dispersão de julgamento entre os juízes. Itens sobre os quais os juízes estavam muito discordantes entre si, são excluídos.

d ) Escolhe-se dentre todos os itens aqueles que se apresentam equidistantes uns dos outros. Isto em geral resulta em uns 20 itens que passam a formar a escala a ser usada. Os valores desta escala para cada item são aqueles obtidos no item (c) acima.

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Escalas de diferenciação de Thurstone

Aplicação da escala a )  Os itens da escala são apresentados em ordem

aleatória e o entrevistado deve responder quais os itens com os quais ele concorda.

b ) A média (ou mediana) dos valores de escala dos itens com os quais o entrevistado concordou, medem o grau de favorabilidade de sua atitude em relação ao conceito.

Análise dos dadosa )  Se a escala usada é considerada ordinal, as estatísticas

como mediana podem ser usadas para ordenar os respondentes.

b ) Se se admite a obtenção de uma escala de intervalo, é possível falar-se em distância do julgamento entre os respondentes.

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Escala de adição de likertConstrução da escalaa )  O pesquisador coleciona um grande número de itens considerados

relevantes ao conceito em estudo.b ) Estes itens são aplicados a um grupo de entrevistados

representativos da população a quem se destina a escala a ser construída. Cada item é classificado por cada um dos entrevistados em uma escala de cinco pontos do tipo concorda – discorda , aprova – reprova, etc.

c )  A atitude mais favorável em relação ao item (pode também ser o “discordo” de uma frase negativa ao conceito) é atribuída uma nota de uma escala de cinco posições (+2, +1, 0, -1, -2, ou 5, 4, 3, 2, 1).

d ) A medida da favorabilidade de cada indivíduo é obtida somando-se o valor dos pontos atribuídos aos itens.

e )  O pesquisador seleciona os itens que foram melhor discriminados (notas altas e notas baixas), o que resulta em itens nitidamente favoráveis e desfavoráveis ao conceito para a maioria dos indivíduos.

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Aplicação da escalaa )  Os entrevistados são subordinados aos

itens (c) e (d) acima.b ) A partir de suas medidas de favorabilidade

os entrevistados são ordenados.Análise dos dados Obtem-se sempre uma escala ordinal e as

análises possíveis são aqueles pertinentes a estes tipo de escalas (mediana, percentil, correlação por pontos).

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Escala de adição de likert

Escala cumulativa de Gutman Construção da escalaa )  Os itens podem ser dispostos no questionário, formando a escala de

intensidade contínua, crescente em certa direção, ou os itens podem ser apresentados aleatóriamente.

b ) As respostas desejadas a cada item podem ser concordo ou discordo, ou apresentar um número maior de escolhas: três, quatro ou cinco.

c )  No caso de duas posições, as manifestações de concordo (ou discordo) somente, indicam o grau de atitude do indivíduo em relação ao conceito através da soma dos itens que ele concordou. No caso de mais de duas opções, atribuem-se valores a estas, e a soma destes valores para todos os itens representa à sua valorização do conceito.

Análise dos dadosA ênfase principal é a obtenção de itens que formem uma escala

unidimensional. As análises possíveis pertencem às do tipo usado em escalas ordinais.

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Escala de classificação Q de Stephenson

Construção da escalaa )  Cada entrevistado classifica um grande número de itens

em onze (às vezes nove) grupos, de menos favorável à mais favorável.

b ) O número de itens a serem colocados em cada grupo é pré – estabelecido de modo a formar uma aproximação à distribuição normal de itens.

c )  A cada item é atribuído o valor correspondente ao grupo onde foi classificado.

Análise dos dados da escalaa )  Não se calcula valores médios ou medianos para cada

indivíduo.b ) Interessa o grau de semelhança entre as classificações de

diversos entrevistados. Para tanto, usa-se correlações por postos (ordenações).

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Escala de diferenciação semântica (OSGOOD)

Construção da escalaa )  Escolher o conceito para a avaliação.b ) Definir em qual das três (ou em todas) dimensões que se irá medir o conceito.

As dimensões são: avaliação (qualidade), potência (grau de força) e atividade.c )  Escolher as escalas de objetivos bipolares relevantes ao conceito em cada

dimensão.Aplicação do instrumentoa )  O formato padrão de uma escala é:Bom: ____: ____: ____: ____: ____: ____: ____: ____: Maub ) 50% das escalas apresentam o adjetivos negativo do lado direito.c )  As escalas dos adjetivos são apresentados em ordem aleatória.Análise dos dadosa )  Os pontos atribuídos em cada escala de adjetivos bipolares de 1 a 7 podem

ser somados:(1) dentro de cada dimensão para representar a avaliação de dimensão;(2) para um indivíduo para medir a sua avaliação do conceito; ou podem ser

usados isoladamente

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b ) O tipo de agregação adotado no item anterior irá determinar as análises a serem feitas que podem ser para verificar as relações entre conceitos, entre escalas, entre indivíduos ou combinações destes. É possível o uso de análise de variância.

Exemplo de adjetivos bipolaresativo/passivo                             importantes/sem importânciacurvo/reto                                  velho/novocom gosto/sem gosto                colorido/incolormasculino/feminino                    justo/injustoduro/suave                                moderno/antigoforte/fraco                                 comum/incomumbom/mau                                   conveniente/inconvenienteangular/redondo                        limpo/sujocalmo/excitante               grande/pequenofalso/verdadeiro                        barato/carorápido/lento                               cheio/vaziofeio/bonito                                 arrumado/desarrumadoPodem também ser adotadas expressões descritivas de atitudes.

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Escala de diferenciação semântica (OSGOOD)

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