500 Perguntas Mamao

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Mamão

Transcript of 500 Perguntas Mamao

  • O produtor pergunta, a Embrapa responde

  • Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Mandioca e Fruticultura

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    2a ediorevista e atualizada

    O produtor pergunta, a Embrapa responde

    Jorge Luiz Loyola Dantas Davi Theodoro JunghansJuliana Firmino de Lima

    Editores Tcnicos

    Embrapa Braslia, DF

    2013

  • 4Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Mandioca e FruticulturaRua Embrapa, s/nCEP 44380-000 Cruz das Almas, BAFone: (75) 3312-8000Fax: (75) 3312-8097www.cnpmf.sac@embrapa.br sac@cnpmf.embrapa.br

    Unidade responsvel pelo contedo

    Embrapa Mandioca e Fruticultura

    Comit Local de Publicaes

    PresidenteAldo Vilar Trindade

    Secretria-executivaMaria da Conceio Pereira Borba dos Santos

    MembrosAntonio Alberto Rocha Oliveiraurea Fabiana Apolinrio de AlbuquerqueCludia Fortes FerreiraHerminio Souza RochaJacqueline Camolese de ArajoMarcio Eduardo Canto PereiraTullio Raphael Pereira de PduaLa ngela Assis CunhaLucidalva Ribeiro Gonalves Pinheiro

    Embrapa Informao TecnolgicaParque Estao Biolgica (PqEB)Av. W3 Norte (Final)CEP 70770-901 Braslia, DFFone: (61) 3448-4236Fax: (61) 3448-2494www.embrapa.br/livraria livraria@embrapa.br

    Unidade responsvel pela edio

    Coordenao editorialSelma Lcia Lira BeltroLucilene Maria de AndradeNilda Maria da Cunha Sette

    Superviso editorialJosmria Madalena Lopes

    Reviso de textoEduardo Freitas de SouzaRafael de S Cavalcanti

    Projeto grfico da coleoMayara Rosa Carneiro

    Editorao eletrnicaPaula Cristina Rodrigues Franco

    Ilustraes do textoJ. Rafael e Bia Melo

    Arte-final da capaPaula Cristina Rodrigues Franco

    Foto da capaNilton Fritzons Sanches

    1 edio1 impresso (2003): 3.000 exemplares2 impresso (2008): 1.000 exemplares3 impresso (2012): 1.000 exemplaresEdio especial para o Fome Zero (2004): 1.500 exemplaresEdio especial para o Fome Zero (2007): 1.500 exemplaresEdio especial para o Fome Zero Quilombolas (2010): 440 exemplaresEdio especial para o Fome Zero Quilombolas (2010): 380 exemplares

    2 edio1 impresso (2013): 1.000 exemplares

    Todos os direitos reservadosA reproduo no autorizada desta publicao, no todo

    ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Embrapa Informao Tecnolgica

    Mamo : o produtor pergunta, a Embrapa responde / Jorge Luiz Loyola Dantas, Davi Theodoro Junghans, Juliana Firmino de Lima, editores tcnicos. 2 ed. Braslia, DF : Embrapa, 2013. 170 p. : il. Color. ; 16 cm x 22 cm. - (Coleo 500 perguntas, 500 respostas).

    ISBN 978-85-7035-246-0

    1. Fruta tropical. 2. Cultura. 3. Melhoramento gentico. I. Dantas, Jorge Luiz Loyola. II. Junghans, Davi Theodoro. III. Lima, Juliana Firmino de. IV. Embrapa Informao Tecnolgica. V. Coleo.

    CDD 634.651 Embrapa 2013

  • 5Autores

    Aldo Vilar TrindadeEngenheiro-agrnomo, doutor em Microbiologia do Solo, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Antonio Alberto Rocha OliveiraEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Antnio da Silva SouzaEngenheiro-agrnomo, doutor em Biologia Celular, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Antonio Souza do NascimentoEngenheiro-agrnomo, doutor em Entomologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Arlene Maria Gomes OliveiraEngenheira-agrnoma, mestra em Fertilidade do Solo, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Ceclia Helena Silvino Prata RitzingerEngenheira-agrnoma, Ph.D. em Nematologia, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Cristiane de Jesus BarbosaEngenheira-agrnoma, mestra em Fitopatologia, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Davi Theodoro JunghansEngenheiro-agrnomo, doutor em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Dilson da Cunha CostaEngenheiro-agrnomo, mestre em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, Braslia, DF

    Eliseth de Souza VianaEconomista domstica, doutora em Microbiologia Agrcola, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Eugnio Ferreira CoelhoEngenheiro-agrcola, doutor em Irrigao e Drenagem, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Fernando Csar Akira Urbano MatsuuraEngenheiro-agrnomo, mestre em Tecnologia de Alimentos, coordenador do Escritrio de Negcios de Campinas da Embrapa Transferncia de Tecnologia, Campinas, SP

  • Hermes Peixoto Santos FilhoEngenheiro-agrnomo, mestre em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Joo Roberto Pereira OliveiraEngenheiro-agrnomo, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Jorge Luiz Loyola DantasEngenheiro-agrnomo, doutor em Fitomelhoramento, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Jos da Silva SouzaEngenheiro-agrnomo, mestre em Economia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Jos Eduardo Borges de CarvalhoEngenheiro-agrnomo, doutor em Plantas Daninhas, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Jos Geraldo Ferreira da SilvaEngenheiro-agrcola, doutor em Engenharia Agrcola, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia Tcnica e Extenso Rural (Incaper), Vitria, ES

    Juliana Firmino de LimaEngenheira-agrnoma, doutora em Cincias Agrrias, professora da Escola de Negcios do Estado da Bahia (Eneb), Feira de Santana, BA

    Luiz Francisco da Silva SouzaEngenheiro-agrnomo, mestre em Fertilidade do Solo, pesquisador aposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Marcelo Bezerra LimaEngenheiro-agrnomo, mestre em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Marcio Eduardo Canto PereiraEngenheiro-agrnomo, doutor em Fisiologia e Manejo Ps-Colheita, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Marilene FancelliEngenheira-agrnoma, doutora em Entomologia, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Marlia Ieda da Silveira Folegatti MatsuuraEngenheira-agrnoma, mestra em Tecnologia de Alimentos, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Jaguarina, SP

    Nilton Fritzons SanchesEngenheiro-agrnomo, mestre em Entomologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

  • Paulo Ernesto Meissner FilhoEngenheiro-agrnomo, doutor em Virologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Ronielli Cardoso ReisEngenheira de alimentos, doutora em Cincia e Tecnologia de Alimentos, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

    Valdique Martins Medina (in memoriam)Engenheiro-agrnomo, mestre em Fisiologia Ps-Colheita, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA

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  • 9Apresentao

    O cultivo do mamoeiro um desafio para quem produz, comercializa e desenvolve tecnologia, pois uma cultura exigente em nutrientes e gua, afetada por pragas de difcil manejo e que demanda cuidados especficos na ps-colheita. Por meio de seu trabalho, a equipe tcnica que pesquisa a cultura busca solues para os problemas que so mais crticos e para um cultivo sustent-vel. Disponibilizar informaes na forma de perguntas e respostas uma das maneiras de levar os resultados obtidos pela pesquisa ao cliente, que busca orientao para suas demandas.

    Por isso esta publicao, estruturada na forma de perguntas e respostas, em verso revista e atualizada, concebida 10 anos aps sua primeira edio. Nesse perodo, novas tecnologias de cultivo e processamento da produo surgiram, acompanhando as demandas da sociedade.

    As perguntas deste livro so resultado de coleta durante fei-ras agropecurias, seminrios, dias de campo e palestras, de deman-das enviadas pelos diversos clientes ao Servio de Atendimento ao Cliente (SAC) desta Unidade e de interpretaes dos pesquisadores, fruto de suas experincias individuais.

    Assim, buscamos realizar nossa misso de gerar e disponibi-lizar tecnologias, na forma de um conjunto atualizado de informa-es, que se aproxime ao mximo dos principais anseios de quem produz e comercializa o mamo, para que o resultado seja um produto de melhor oferta e qualidade para o consumidor.

    Domingo Haroldo Rudolfo Conrado ReinhardtChefe-Geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura

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    Sumrio

    Introduo................................................................... 13

    1 Variedades e Caractersticas da Planta......................... 15

    2 Clima, Solo, Calagem e Adubao.............................. 29

    3 Propagao e Produo de Mudas.............................. 51

    4 Plantio, Tratos Culturais e Culturas Intercalares............ 65

    5 Irrigao e Fertirrigao............................................... 79

    6 Doenas...................................................................... 95

    7 Pragas......................................................................... 121

    8 Colheita e Ps-Colheita............................................. 139

    9 Formas de Processamento......................................... 151

    10 Comercializao, Aspectos Econmicos e Custos de Produo................................................................... 159

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    Introduo

    O mamoeiro (Carica papaya L.) uma das principais fruteiras das regies tropicais e subtropicais do mundo, sendo seu fruto bas-tante consumido in natura ou industrializado. O mamo destaca-se por seu elevado valor nutricional, sendo rico em acares e compos-tos bioativos, como os carotenoides e a vitamina C, e apresenta sa-bor e aroma agradveis pela presena de compostos volteis. Quan-do verde, o mamo apresenta elevados teores da enzima papana, empregada nas indstrias alimentcia, farmacutica e de cosmticos. Da planta tambm extrada a carpana, um ativador cardaco.

    Na produo de mamo, o Brasil se destaca como o segun-do maior produtor, superado apenas pela ndia. As condies de desenvolvimento da cultura do mamoeiro no Pas so excelentes, pois h possibilidade de cultivo e de produo em todas as regies, o ano inteiro. Em rea colhida de 34.379 hectares, foi produzido um volume de 1,87 milho de toneladas da fruta no ano agrcola de 2010, correspondendo a 16,67% da produo mundial. As prin-cipais regies produtoras so o Nordeste e Sudeste, com destaque para os estados da Bahia, Esprito Santo, Rio Grande do Norte e Ce-ar, que so responsveis por aproximadamente 92% da produo nacional, sendo a Bahia o primeiro produtor brasileiro.

    A importncia social da cultura do mamoeiro tambm de grande relevncia, por ser geradora de empregos (diretos e indire-tos) e renda, haja vista a absoro de mo de obra durante o ano todo, j que os tratos culturais, a colheita e a comercializao so efetuadas de maneira contnua nas lavouras, alm de os plantios serem renovados, em mdia, a cada 2 ou 3 anos, garantindo a per-manncia do homem no campo e contribuindo para a reduo do xodo rural.

    A pesquisa atua em diferentes reas do conhecimento, ge-rando alternativas tecnolgicas para o cultivo mais adequado do

  • mamoeiro. Merecem destaque os trabalhos de melhoramento ge-ntico, manejo do solo, controle integrado de pragas, doenas e de plantas invasoras, alm de alternativas de agregao de valor ao produto, por meio do manejo ps-colheita e do processamento da fruta.

    Sistemas de produo integrada j esto disponveis e o cul-tivo de mamo orgnico est sendo avaliado para permitir maior grau de sustentabilidade ao agronegcio do mamoeiro. A pesquisa tambm uma das responsveis pelo estabelecimento do System Approach, conjunto de prticas que permitem a exportao da fru-ta para mercados mais exigentes. Apesar da grande produo, o Brasil no o maior exportador, mas tem aumentado o volume de vendas para o mercado externo nos ltimos anos.

    Para a elaborao deste livro, a equipe de pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura empenhou-se em formular respostas claras e simples, capazes de esclarecer de maneira com-pleta as dvidas de agricultores e de tcnicos, sobre os diferentes aspectos da produo do mamo, desde o preparo do solo at a comercializao do produto.

    Esta nova edio da publicao, revista e atualizada, consti-tui, sem dvida, um reforo tcnico importante para o agronegcio do mamo e promover maior interao dos diversos segmentos da cadeia produtiva dessa cultura.

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    1 Variedades e Caractersticas da Planta

    Jorge Luiz Loyola DantasAntnio da Silva Souza

    Davi Theodoro JunghansJuliana Firmino de Lima

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    1 Quais as caractersticas da famlia Caricaceae?

    Essa famlia de dicotiledneas possui, atualmente, seis gneros e tem uma distribuio anfiatlntica, com 2 espcies na frica Tropical e aproximadamente 33 espcies nas Amricas Central e do Sul. O gnero Carica possui uma nica espcie, a C. papaya.

    As duas espcies africanas, pertencentes ao gnero Cylicomorpha, so rvores de grande porte e so localizadas na frica ocidental (C. solmsii) e na frica Oriental (C. parviflora).

    O gnero monotpico Horovitzia (H. cnidoscoloides) endmico no Mxico. O gnero Jarilla (do Mxico e Guatemala) compreende trs espcies de arbustos perenes. J o Jacaratia atualmente possui oito espcies, que ocorrem do sul do Brasil ao Mxico.

    Finalmente, o gnero Vasconcellea compreende 20 espcies, das quais 19 so arbreas ou arbustivas e 1 trepadeira.

    2 Qual o centro de origem do mamoeiro?

    O mamoeiro (Carica papaya) representa uma espcie isolada, que divergiu dos seus parentes prximos h aproximadamente 25 milhes de anos.

    Seu centro de origem provavelmente o Noroeste da Amrica do Sul, vertente oriental dos Andes, mais precisamente a Bacia Amaznica Superior, onde sua diversidade gentica mxima, estendendo-se at a Amrica Central e sul do Mxico.

    3 Como ocorreu a disperso do mamoeiro na Amrica?

    Os exploradores espanhis provavelmente foram responsveis pela disperso inicial do mamoeiro, alm da sua distribuio mesoamericana.

    Foram 500 anos de seleo para tamanho, forma e cor de fruto, combinada com autofecundaes e endogamia de indivduos

  • 17

    com flores hermafroditas (com cromossomo Y no funcional), o que provavelmente explica a pequena diversidade gentica no mamoeiro cultivado.

    4 Quantas colees de Carica spp. existem no mundo e qual a finalidade?

    Existem aproximadamente 30 colees de Carica spp. em todo o mundo, com a finalidade de conservar, caracterizar e avaliar o germoplasma existente.

    A conservao oferece suporte aos trabalhos de melhoramento gentico e possibilita intercmbio de germoplasma e preservao da variabilidade gentica.

    5 Que caractersticas agronmicas devem ser consideradas no melhoramento gentico do mamoeiro?

    No melhoramento gentico, devem ser consideradas estas caractersticas:

    Resistncia a pragas e doenas.

    Resistncia a agentes abiticos.

    Ausncia ou ocorrncia mnima de flores hermafroditas carpeloides (carpeloidia) e de flores hermafroditas pentandras (pentandria).

    Frutificao precoce, vigorosa e com altura inferior a 90 cm.

    Produo igual ou superior s cultivares atualmente utilizadas.

    Peso mdio de fruto de 350 g a 600 g (Grupo Solo) ou 800 g a 1.100 g (Grupo Formosa).

    Casca lisa e sem manchas.

    Polpa vermelho-alaranjada.

    Cavidade ovariana pequena e em formato de estrela.

  • 18

    6 Quais os objetivos principais do Programa de Melhoramento Gentico da Embrapa Mandioca e Fruticultura?

    Os objetivos principais do programa so: Explorar a mxima variabilidade gentica da espcie

    Carica papaya e de outras espcies e gneros afins, mediante caracterizao e avaliao de germoplasma.

    Obter e recomendar linhagens ou hbridos adaptados s condies edafoclimticas das principais regies produtoras, tolerantes e/ou resistentes a vrus (vrus-da-mancha-anelar e meleira), fungos (varola, podrido-do-p e antracnose) e pragas (caros e broca) e com caractersticas agronmicas desejveis.

    7 Qual a diferena entre uma linhagem pura e um hbrido?

    Linhagens ou linhas puras so gentipos de elevado nvel de homozigose, que caracteriza a uniformidade gentica. Por sua vez, a denominao de hbrido dada a uma semente ou planta resultante do cruzamento entre parentais diferentes. O hbrido rene, num mesmo indivduo, as caractersticas encontradas isoladamente em dois indivduos.

    No caso do mamoeiro, importante reunir, numa mesma variedade, as caractersticas de maior produtividade, menor porte, resistncia a doenas e longevidade ps-colheita dos frutos.

    8 Quais as variedades de mamoeiro cujas sementes no devem ser aproveitadas para novos plantios? Por qu?

    As sementes das variedades hbridas, como a Tainung n 1 e a Calimosa (Uenf/Caliman 01), no devem ser aproveitadas para um novo plantio, por haver segregao de suas caractersticas na gerao F2.

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    Nesse caso, as plantas obtidas a partir de sementes de frutos hbridos sero muito diferentes entre si e acarretaro perda de produtividade.

    9 Como so agrupadas as variedades de mamoeiro?

    As variedades de mamoeiro so classificadas em dois grupos, Solo e Formosa:

    O grupo Solo, no qual se encontra a maioria das cultivares de mamoeiro utilizadas no mundo, apresenta frutos com peso mdio de 350 g a 600 g.

    O grupo Formosa composto por mamoeiros que apresentam frutos com peso mdio de 800 g a 1.100 g.

    10 Quais so as principais variedades de mamoeiro cultivadas no Brasil?

    No grupo Solo, destacam-se as cultivares:

    Sunrise Solo.

    Golden.

    Improved Sunrise Solo Line 72/12.

    Baixinho de Santa Amlia.

    Taiwan.

    Kapoho Solo.

    Waimanalo.

    Higgins.

    No grupo Formosa, destaca-se como a cultivar economica-mente mais importante:

    Hbrido F1 Tainung n 1.

  • 20

    11 Por quais outros nomes a variedade Sunrise Solo conhecida no Brasil?

    conhecida no Brasil tambm como mamo Hava, Papaya ou Amaznia.

    12 Quais so as principais caractersticas da cultivar Sunrise Solo?

    A cultivar Sunrise Solo apresenta estas caractersticas:

    O fruto proveniente de flor feminina ovalado e o de flor hermafrodita piriforme.

    O peso mdio de 500 g.

    A casca lisa e firme.

    A polpa vermelho-alaranjada, de boa qualidade e cavidade interna estrelada.

    A florao inicia-se com 3 a 4 meses de idade, com altura de insero das flores de 70 cm a 80 cm.

    A produo tem incio 8 a 10 meses aps o plantio, produzindo em mdia 45 t/ha/ano.

    13 Quais so as principais caractersticas da cultivar Improved Sunrise Solo Line 72/12?

    Conhecida comumente como mamo Hava, suas caractersticas so semelhantes ao Sunrise Solo, tendo como vantagem adicional a maior resistncia ao transporte e ao armazenamento. Sua produtividade mdia est em torno de 40 t/ha/ano.

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    14 Quais so as principais caractersticas da variedade Baixinho de Santa Amlia?

    A variedade Baixinho de Santa Amlia caracteriza-se por: Possuir porte baixo.

    Altura de insero das primeiras flores em torno de 50 cm a 70 cm.

    Incio da produo ao 8 ms aps o plantio.

    Frutos de polpa vermelho-alaranjada pouco firmes, com tamanho mdio de 550 g.

    15 Quais so as principais caractersticas da variedade Kapoho Solo?

    A variedade Kapoho Solo caracteriza-se por: Possuir frutos com polpa firme.

    Casca lisa.

    Formato piriforme.

    Colorao amarela.

    Peso entre 380 g e 520 g.

    Iniciar a frutificao quando em torno de 130 cm de altura.

    16 Quais so as principais caractersticas da variedade Higgins?

    As principais caractersticas so: A emisso das primeiras flores ocorre em torno de 80 cm

    de altura.

    Os frutos possuem polpa firme, com peso entre 400 g e 530 g.

    Os teores de slidos solveis totais variam, em mdia, de 13,5% a 14,5%.

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    Alta tolerncia ao vrus da mancha-anelar do mamoeiro e suscetvel podrido-das-razes.

    17 Quais so as principais caractersticas da variedade Waimanalo?

    As principais caractersticas so: Apresenta frutificao a 80 cm da superfcie do solo.

    Possui alta tolerncia podrido-das-razes.

    Seus frutos tm casca lisa, fina e brilhante.

    So de excelente qualidade e de alto rendimento.

    18 Quais so as principais caractersticas da variedade Golden?

    As principais caractersticas so: Frutos hermafroditas de formato piriforme.

    Cor da polpa rosa-salmo.

    Cavidade interna estrelada, casca lisa, tamanho uniforme, com peso mdio de 450 g e excelente aspecto visual.

    Boa aceitao no mercado internacional.

    Teor de slidos solveis nos frutos e produtividade inferiores ao Sunrise Solo.

    19 Quais so as principais caractersticas da variedade Taiwan?

    As principais caractersticas so: Linhagem do Sunrise Solo, com um porte mais baixo,

    alta produtividade e boa qualidade dos frutos colhidos no vero.

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    Frutos com polpa vermelho-alaranjada.

    Peso mdio entre 400 g e 600 g.

    Formato piriforme a ovalado e cavidade interna estrelada.

    20 Quais so as principais caractersticas do hbrido Tainung n 1?

    As principais caractersticas so: Plantas relativamente mais altas e com frutos mais pesados.

    Produtividade mdia em torno de 60 t/ha/ano.

    Fruto com polpa de timo sabor.

    Boa resistncia ao transporte.

    21 O que ocasionou o aumento da produo comercial de mamoeiro no Brasil, a partir de 1976/1977?

    A cultura retomou sua importncia econmica para o Brasil, em virtude principalmente da introduo de cultivares do grupo Solo e de hbridos do grupo Formosa, notadamente nos estados do Par, Bahia e Esprito Santo.

    Vale ressaltar que a simples introduo de cultivares do grupo Solo provocou uma significativa expanso da comercializao do fruto, em funo de sua grande aceitao tanto no mercado interno quanto no externo.

    22 Qual a influncia do vigor da planta na sua capacidade de produo?

    O vigor da planta tem influncia dire-ta no nmero e peso dos frutos produzidos. As plantas mais vigorosas florescem preco-

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    cemente e produzem frutos que amadurecem antes dos frutos pro-venientes de plantas mais fracas. Elas apresentam frutos em desen-volvimento permanente e a quantidade produzida sempre maior, quando comparadas com plantas de hastes com dimetros meno-res.

    23 Por que uma boa cobertura de folhas uma caracterstica importante numa planta de mamoeiro?

    Uma completa cobertura de folhas no mamoeiro uma das caractersticas desejveis no melhoramento, j que uma rea foliar abundante tem influncia di-reta na fotossntese da planta e protege os frutos e o tronco das queimaduras causadas pelo sol, principalmente duran-te o vero.

    24 Qual a produtividade mdia das principais cultivares utilizadas no Brasil?

    A produtividade mdia das cultivares a seguinte: Sunrise Solo, 45 t/ha/ano.

    Golden, 40 t/ha/ano.

    Hbrido F1 Tainung n 1, 60 t/ha/ano.

    25 Quais as caractersticas de frutos de mamo que no apresentam sementes?

    Para uma mesma variedade e local, os frutos de mamo sem sementes so geralmente de menor peso e tamanho, apresentam menor espessura de polpa e tm qualidade inferior em relao aos frutos que contm um grande nmero de sementes.

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    26 Quando so emitidas as primeiras flores no mamoeiro?

    As primeiras flores do mamoeiro so emitidas cerca de 3 a 4 meses aps o plantio.

    27 Quais so os tipos de flores do mamoeiro?

    O mamoeiro apresenta trs tipos bsicos de flores: as femininas, as masculinas e as hermafroditas.

    As plantas masculinas possuem flores masculinas organizadas em inflorescncias de longos pednculos. As flores masculinas podem apresentar rgo feminino rudimentar, que eventualmente se torna funcional e produz frutos deformados, chamados mamo macho ou mamo de corda, sem valor comercial.

    As plantas femininas possuem flores femininas isoladas ou em grupo de 2 a 3, inseridas diretamente no caule. Seus frutos so arredondados a ligeiramente ovais.

    Finalmente, as plantas hermafroditas possuem flores com rgos masculinos e femininos na mesma flor e no dependem de outras para a polinizao. Seus frutos podem ser cilndricos (preferidos comercialmente) ou arredondados.

    28 Quais so as caractersticas das flores masculinas?

    As flores masculinas apresentam pednculo comprido, e so localizadas distante das axilas das folhas; as bases das ptalas so unidas, formando um tubo estreito e longo, apresentando no pice as ptalas livres.

    29 Quais so as caractersticas das flores femininas?

    As flores femininas possuem pednculo curto, localizadas bem junto da axila das folhas; tambm ptalas totalmente livres at a parte inferior da corola e s apresentam rgos femininos.

  • 26

    30 Quais so as caractersticas das flores hermafroditas?

    As flores hermafroditas possuem pednculo curto e ptalas soldadas na base at metade do seu comprimento. Podem ter forma alongada (elongata) ou arredondada (pentndrica). Seus frutos podem ser cilndricos ou arredondados. Frutos cilndricos so os mais importantes na produo comercial.

    31 A polinizao um fator limitante na produo do mamoeiro?

    No, pois a polinizao do mamoeiro feita principalmente pelo vento, que pode transportar os gros de plen a distncias de at dois quilmetros.

    32 O tipo de flor exerce influncia no formato do fruto?

    Sim. As flores hermafroditas elongatas resultam em frutos piriformes, mais valorizados nos mercados interno e externo. As flores femininas resultam em frutos de maior tamanho e formato arredondado.

    33 Qual o formato de fruto preferido pelos mercados interno e externo?

    Os mercados interno e externo preferem frutos de for-mato piriforme, caractersticos de plantas com flores hermafro-ditas; portanto, so frutos de maior valor comercial.

    34 Por que ocorre a formao de frutos carpeloides?

    Os frutos carpeloides so formados a partir de flores herma-froditas com formato intermedirio entre a elongata e a pentndrica

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    e resultam da transformao dos estames em carpelos, de forma que carpelos normais ficam suprimidos ou em diferentes graus de desen-volvimento e originam frutos defor-mados, conhecidos popularmente por cara-de-gato. O aparecimen-to desses frutos est relacionado com fatores genticos, os quais so afetados por condies do ambien-

    te, como maiores altitudes, menores temperaturas mnimas, particularmente mudanas de temperatura, que ocorrem duran-te os meses mais quentes, e excesso de nitrognio e de umida-de no solo.

    35 Quais so as causas genticas da esterilidade feminina?

    A esterilidade pode ter diferentes causas genticas:

    Mutaes gnicas.

    Aberraes cromossmicas.

    Incompatibilidade gnica ou cromossmica entre os genomas parentais de um determinado hbrido.

    36 O que o ovocarpismo?

    O ovocarpismo uma anomalia que aparece na polpa dos frutos de mamo, consistindo na formao de pequenos mamilos no interior do prprio fruto.

    Externamente, o fruto com ovocarpismo no apresenta nenhuma diferena em relao aos frutos normais.

    Essa deformao da polpa, observada quando o fruto cortado para o consumo in natura ou para processamento, deprecia a sua qualidade.

  • 28

    37 O que causa o ovocarpismo nos frutos de mamo?

    O ovocarpismo ocorre quando um carpelo permanece dentro da cavidade ovariana, ocupando o lugar de um vulo na placenta.

    A ocorrncia de ovrios intraovarianos pode se originar de estruturas rudimentares do pistilo ou de placentas em posies normalmente ocupadas pelos vulos.

    Acredita-se que essa anomalia se deve a um efeito superestimulativo da polinizao, resultando na formao de frutos anormais dentro de frutos normais.

  • 29

    2 Clima, Solo, Calagem e Adubao

    Luiz Francisco da Silva SouzaArlene Maria Gomes Oliveira

    Jorge Luiz Loyola DantasAldo Vilar Trindade

  • 30

    38 Qual a faixa de temperatura ideal para o cultivo do ma-moeiro?

    O mamoeiro uma planta tipicamente tropical, vegetando bem em regies de alta insolao, com temperaturas variando de 22 C a 26 C.

    39 Por que no se deve implantar pomares de mamoeiro em locais onde ocorram temperaturas inferiores a 15 C?

    Em temperaturas inferiores a 15 C, o mamoeiro: Paralisa seu desenvolvimento vegetativo.

    Reduz o florescimento.

    Atrasa a maturao.

    Produz frutos de baixa qualidade.

    40 Quais so os efeitos provocados pelos ventos frios e pelas geadas nos plantios de mamoeiro?

    Os ventos frios e geadas provocam a queima das folhas, reduzindo a rea de fotossntese e, consequentemente, a produo.

    41 Quais so os efeitos provocados pelos ventos fortes nos plantios de mamoeiro?

    Os ventos fortes, quando no provocam tombamento das plantas, rasgam folhas e causam a queda de flores, afetando o

  • 31

    crescimento e produo do mamoeiro, exigindo-se a implantao de quebra-ventos.

    42 A altitude um fator limitante para a cultura do mamoeiro?

    Em geral, a altitude recomendada para plantios de mamoeiro das variedades cultivadas no Brasil de at 200 m acima do nvel do mar. Entretanto, em latitudes menores, o mamoeiro pode ser cultivado em altitudes mais elevadas.

    43 Quais as consequncias do encharcamento do solo para o mamoeiro?

    Nessas condies as plantas apresentam-se estioladas, com desprendimento prematuro das folhas inferiores, amarelecimento das folhas mais jovens, troncos finos, desenvolvimento atrasado e produes reduzidas. Solos com problemas de encharcamento proporcionam tambm maior incidncia da doena podrido-do-colo-do-mamoeiro, causada por fungos do gnero Phytophthora.

    44 Qual a umidade relativa ideal para o desenvolvimento do mamoeiro?

    A umidade relativa entre 60% e 85% adequada para o mamoeiro.

    45 Por que devem ser evitados plantios em locais que apresentam alta umidade relativa e baixa temperatura?

    A umidade elevada associada a temperaturas relativamente baixas predispe a cultura a um forte ataque de fungos e vrus.

  • 32

    46 Quais os ndices pluviomtricos mais adequados ao cultivo do mamoeiro?

    O mamoeiro vegeta bem em regies com pluviosidade entre 1.800 mm e 2.000 mm anuais, bem distribuda ao lon-go do ano.

    47 O nmero de horas de sol por dia exerce alguma influncia sobre os plantios de mamoeiro?

    Este fator parece no exercer grande influncia sobre os plantios de mamoeiro; contudo, recomenda-se uma boa exposio das plantas luz solar.

    48 Qual deve ser a orientao do plantio em relao luminosidade?

    O mamoeiro no suporta sombreamento, recomendando-se a disposio das fileiras de plantas no sentido leste-oeste.

    49 Quais so os solos mais adequados para o plantio de mamoeiro?

    So os que apresentam textura mdia, ou seja, com 15% a 35% de argila e mais de 15% de areia.

    50 Em que tipo de solo o mamoeiro no deve ser plantado?

    Deve-se evitar os solos muito argilosos, pouco profundos ou localizados em baixadas, pelo fato de encharcarem com facilidade na poca de chuvas intensas.

  • 33

    51

    No caso de plantio em locais com ocorrncia de muita chuva, o que se deve fazer para minimizar os possveis problemas relacionados conservao do solo e ao desenvolvimento das plantas?

    Nessa situao, recomendada a utilizao de prticas de manejo e conservao de solo que permitam a melhoria da estrutura desses solos.

    Objetivando evitar o acmulo de gua prximo s razes, recomenda-se efetuar o plantio em curva de nvel, em reas com pequena declividade, de no mximo 8%.

    52 Qual a faixa de pH do solo mais adequada para um bom desenvolvimento do mamoeiro?

    A faixa de pH do solo mais adequada de 5,5 a 6,7.

    53 Quais so os procedimentos recomendados para a coleta de amostras de solo visando anlise de fertilidade?

    A rea deve ser dividida em ta-lhes uniformes, retirando-se, em zi-gue-zague, cerca de 20 subamostras por rea homognea.

    Essas subamostras devem ser cuidadosamente misturadas, retiran-do-se da uma amostra (em torno de 250 mL a 500 mL de solo), a ser acon-dicionada em saco plstico limpo ou caixa de papelo, devidamente iden-

    tificada e encaminhada ao laboratrio.Havendo um questionrio, preench-lo com todas as

    informaes solicitadas sobre a rea, remetendo-o ao laboratrio junto com a amostra. Tais informaes sero importantes para as recomendaes de calagem e/ou adubao.

  • 34

    As amostras devem ser retiradas na profundidade de 0 cm a 20 cm. Sendo possvel, tambm conveniente a amostragem na profundidade de 20 cm a 40 cm, para que se possa ter tambm uma avaliao da fertilidade do solo na subsuperfcie. Contudo, deve-se ressaltar que as recomendaes de calagem e/ou adubao so baseadas prioritariamente na amostragem feita na profundidade de 0 cm a 20 cm.

    54 Quando se deve fazer a coleta da amostra de solo?

    Esta operao deve ser feita quando o solo apresentar alguma umidade, pois quando seco o trabalho mais difcil e demorado.

    igualmente importante que a amostragem seja efetuada com bastante antecedncia em relao ao preparo do solo/plantio (3 a 6 meses antes), de modo que, havendo recomendao de calagem, a aplicao e incorporao do corretivo possa ser feita simultanea-mente s prticas de preparo do solo.

    55 Como fazer a amostragem do solo em reas onde o mamoeiro j est plantado e adubado?

    O procedimento o mesmo usado para reas no plantadas. Contudo, deve-se ter o cuidado de no coletar as amostras nas faixas onde os adubos foram anteriormente aplicados, para evitar, em funo do poder residual dos fertilizantes, uma falsa avaliao da fertilidade do solo. Recomenda-se colet-las fora dessas faixas, buscando amostrar a regio para onde o sistema radicular dever se expandir.

    56 Qual o momento mais adequado para o preparo de solo que visa ao plantio do mamoeiro?

    O solo deve ser preparado quando a sua umidade estiver na faixa frivel (mido), o que pode ser identificado ao se pegar um torro na profundidade de trabalho dos implementos agrcolas, e

  • 35

    com uma leve presso entre os dedos, o mesmo se desfizer sem oferecer resistncia.

    57 Quais so as operaes para o preparo do solo?

    As operaes para preparo do solo consistem em uma arao e duas gradagens, sendo estas efetuadas 20 a 30 dias aps a primeira operao.

    58 Que procedimentos devero ser adotados se o solo apresentar uma camada compactada na zona de crescimento das razes?

    Detectar quais as prticas culturais que causaram a compactao e procurar alternativas para a substituio dessas prticas.

    Alm disso, no preparo inicial do solo, utilizar, em lugar do arado de discos, o arado de aiveca ou escarificadores (descompactao mais superficial). Em solos com horizontes adensados/compactados, recomenda-se realizar a subsolagem a 50 cm de

    profundidade. Essa prtica exige: Correo de toda a rea com calcrio e gesso na proporo

    5:1, incorporado com arado ou escarificador.

    Esperar 30 dias e semear a lano leguminosas com sistema radicular profundo, adaptadas regio.

    Realizar a roagem na fase da florao das leguminosas.

    Fazer a subsolagem em toda a rea.

  • 36

    Manter a rea em pousio, sem entrada de mquinas ou pastoreio por 50 a 60 dias.

    Evitar a incorporao da massa verde ao solo por meio de grade, pois isso causa compactao subsuperficial, provocando impedimento fsico para o desenvolvimento do sistema radicular, e apresenta-se como primeira barreira para a infiltrao da gua no solo.

    59 Quando deve ser feito o controle de formigas savas em reas que sero plantadas com mamoeiro?

    O controle de savas deve ser feito antes da arao do solo, sendo esse procedimento fundamental para evitar perdas de plantas no incio de formao do pomar, que oneram os custos em funo da necessidade de replantios.

    60 O que um corretivo de solo e como feita a sua aplicao?

    Corretivo todo produto que contm substncias capazes de corrigir uma ou mais caractersticas do solo desfavorveis s plantas. Entre os produtos que satisfazem a esses requisitos encontramos os calcrios calcticos ou dolomticos, a cal virgem agrcola, a cal hidratada agrcola, as escrias e o calcrio calcinado agrcola.

    Sua aplicao no solo feita por meio de mquinas apropriadas ou manualmente a lano, seguindo-se a incorporao a uma profundidade de mais ou menos 30 cm.

    61 Quais so as caractersticas de um bom corretivo de solo?

    Um bom corretivo deve ter elevado poder de neutralizao da acidez do solo, associado a uma alta velocidade de reao.

    Os carbonatos, xidos e hidrxidos de clcio ou magnsio so as principais substncias neutralizantes da acidez presentes nos corretivos, conferindo-lhes diferentes poderes de neutralizao.

  • 37

    A velocidade de reao no solo basicamente determinada pela granulao do material (materiais mais finos reagem mais rapidamente).

    62 Quando deve ser feita a calagem?

    A calagem deve ser feita 2 a 3 meses antes do plantio do mamoeiro, de preferncia na ocasio das operaes de preparo do solo (antes das araes e/ou gradagens), para melhor incorporao do calcrio.

    A umidade do solo favorece a reao do corretivo, sendo aconselhvel a sua aplicao antes do incio da estao chuvosa.

    63 Qual o tipo de calcrio que deve ser utilizado para a calagem no solo?

    Deve-se dar preferncia ao calcrio dolomtico, por apresentar, alm do clcio, o nutriente magnsio em sua composio.

    64 Qual a importncia do magnsio?

    Por fazer parte da molcula da clorofila, o magnsio de fundamental importncia na fotossntese realizada pelas plantas. tambm importante no metabolismo energtico da planta, atuando como ativador de enzimas.

    65 Qual a quantidade de calcrio a ser utilizada antes do plantio do mamoeiro?

    A quantidade de calcrio a ser utilizada deve ser sempre determinada em funo dos resultados da anlise do solo de cada rea.

    A determinao da quantidade de calcrio para a cultura do mamo se baseia em critrios que buscam a elevao dos teores de clcio e magnsio e a eliminao do alumnio txico, e/ou a elevao da saturao por bases para a faixa de 70% a 80%.

  • 38

    Os diversos estados produtores contam com recomendaes especficas sobre esse tema.

    66 Como feita a calagem em pomares j estabelecidos?

    Em pomares j estabelecidos, a aplicao do calcrio, que deve ser distribudo uniformemente sobre a superfcie do solo, tem a grande inconvenincia das dificuldades quanto incorporao, que pode danificar muito o sistema radicular do mamoeiro.

    Por sua vez, a no incorporao retarda os benefcios da correo, pela necessidade de maior tempo para a reao do corretivo e para que seu efeito se faa sentir em profundidade.

    67 Qual a utilidade do gesso agrcola?

    O gesso agrcola complementa a calagem, reduzindo a saturao de alumnio, principalmente nas camadas subsuperficiais.

    Ele no corrige a acidez do solo, isto , no altera o pH; por isso, no substitui o calcrio.

    Assim, o gesso deve ser usado em solos onde as camadas subsuperficiais apresentam deficincia de clcio e/ou toxidez de alumnio.

    68 Como e quando se aplica o gesso agrcola?

    O gesso agrcola pode ser aplicado em conjunto com o calcrio ou isoladamente, aps a aplicao deste.

    As aplicaes isoladas se justificam quando existem diferenas muito grandes entre as quantidades a serem aplicadas dos dois materiais, o que pode dificultar a homogeneizao da mistura e, consequentemente, a uniformidade da distribuio.

    Quando o gesso aplicado como adubo (fonte de clcio e enxofre), justifica-se tambm a aplicao isolada, de forma localizada.

  • 39

    69 Quais as quantidades de adubo a serem usadas no plantio e em cobertura?

    Devem ser seguidas as reco-mendaes dos rgos de pesquisa e extenso da regio onde ser implan-tada a cultura, baseando-se, sempre que possvel, na anlise qumica do solo e/ou da planta.

    Pode haver necessidade de adaptaes em tais recomendaes, para adequ-las aos sistemas de pro-

    duo praticados. Contudo, no se deve abrir mo de ferramentas valiosas como os resultados analticos do solo e/ou da planta, como base para as recomendaes.

    70 Quando e em que condies devem ser realizadas as adubaes em cobertura?

    A adubao de cobertura deve ser feita quando o solo estiver mido, colocando-se o adubo em crculo, distribudo em toda a

    rea localizada entre o tronco e a parte mediana da projeo da copa do mamoeiro.

    As adubaes em cobertura, pela via slida, devem ser efetuadas em intervalos mensais ou de 2 em 2 meses, de acordo com o regime de chuvas da regio.

    A aplicao de fertilizantes via gua de irrigao (fertirrigao) feita com maior frequncia, com intervalos quinzenais ou at semanais (ver Captulo 5).

  • 40

    71 Por que os adubos nitrogenados e potssicos so aplicados de forma parcelada?

    Os adubos nitrogenados e potssicos, quando aplicados ao solo, esto sujeitos a perdas diversas, tais como lixiviao, arrastamento superficial, volatilizao e desnitrificao.

    Para reduzir essas perdas, recomenda-se o parcelamento (fracionamento) da adubao. Isto possibilita que as plantas possam aproveitar ao mximo o nitrognio e o potssio incorporados ao solo.

    Os adubos fosfatados, por estarem menos sujeitos a essas perdas, exigem parcelamentos menores.

    72 Qual a vantagem do superfosfato simples sobre o superfosfato triplo?

    Ambos so adubos fosfatados prontamente solveis em gua e, portanto, indicados para utilizao na cultura do mamo, planta de elevada taxa de crescimento e frutificao constante.

    A vantagem do superfosfato simples que, alm do fsforo (18% de P2O5), ele contm de 18% a 20% de clcio e de 10% a 12% de enxofre, ao passo que o superfosfato triplo (42% de P2O5) contm apenas de 12% a 14% de clcio e nenhum enxofre.

    73 Qual o micronutriente mais exigido pelo mamoeiro?

    O boro (B) o micronutriente mais exigido pelo mamoeiro, influindo na produo e qualidade dos frutos. A demanda mais acentuada pelo boro no perodo de frutificao.

    74 Quais as consequncias e os sintomas da deficincia de boro no mamoeiro?

    A deficincia de boro em mamoeiro provoca um maior abortamento de flores em perodos de estiagem, com prejuzos para

  • 41

    a produo. Em plantas deficientes, os frutos so mal formados, encaroados e podem apresentar exsudao de ltex pela casca em alguns poucos pontos.

    75 Quais as recomendaes para aplicao de micronu-trientes em mamoeiro?

    O suprimento de micronutrientes pode ser feito no plantio, pela via slida, utilizando-se adubos comerciais. Por exemplo: aplicando-se na cova de 50 g a 100 g de FTE Br-8 ou FTE Br-9, com base sempre na concentrao de boro do produto de 1,0 g a 2,5 g de B/cova.

    Quando no for feita aplicao na cova, e/ou as plantas apresentarem sintoma de deficincia, pode-se recorrer ao seguinte esquema:

    Boro Preventivamente, usar soluo de cido brico a 0,25% (H3BO3 17,5% de B), pulverizando-se as folhas duas vezes por ano. Corretivamente, aplicar 1,13 g de B no solo (6,5 g de cido brico/planta) na projeo da copa, acompanhada de pulverizaes foliares com soluo de cido brico a 0,25%, de dois em dois meses, at o desaparecimento dos sintomas nos frutos novos.

    Zinco soluo de sulfato de zinco a 0,5% (ZnSO4 7H2O, 21% de Zn).

    76 Quais so os fatores que podem influir negativamente no processo de absoro dos nutrientes pelas plantas?

    Estes fatores podem prejudicar o processo de absoro dos nutrientes pelas plantas:

    As condies adversas do meio ambiente, como o estresse hdrico.

    A incidncia de pragas ou doenas no sistema radicular.

  • 42

    77 Para que serve a anlise foliar?

    A anlise foliar tem como principal finalidade o conhecimento do estado nutricional da planta, permitindo, por consequncia, a confirmao ou no de deficincias diagnosticadas por sintomas visuais e tambm avaliaes sobre a absoro dos nutrientes aplicados sob a forma de fertilizantes.

    78 Quais so os procedimentos adotados na coleta de folhas de mamoeiro para anlise foliar?

    Os procedimentos so os seguintes:

    Coletar somente folhas sadias, num total de 12 para formar uma amostra, para cada talho uniforme do plantio (formado por plantas de uma mesma cultivar, com a mesma idade, plantadas numa unidade de solo e submetidas aos mesmos tratos culturais e fitossanitrios).

    reas com plantas clorticas, solos, cultivares e idades diferentes devem ser amostradas separadamente.

    Deve-se retirar apenas as folhas que apresentarem em sua axila uma flor prestes a abrir ou recentemente abertas.

    Colocar as folhas num saco de papel comum, encami-nhando-as para os laboratrios de anlise o mais rapida-mente possvel.

    Se no houver o encaminhamento imediato ao laboratrio (prazo mximo de dois dias entre a coleta e a chegada ao destino), conveniente que as amostras sejam lavadas e submetidas a uma pr-secagem ao sol, dentro dos prprios sacos, at se tornarem quebradias.

    Identificar a amostra, de forma que se possa posteriormente correlacionar com a rea amostrada.

  • 43

    79 Como so interpretados os resultados das anlises de folhas do mamoeiro?

    Os resultados analticos so interpretados com bases em teores foliares considerados adequados para cada um dos nutrientes.

    Cabe destacar, em relao ao mamoeiro, que existem tabelas de interpretao que consideram a folha

    como um todo e tabelas que consideram apenas a anlise dos pecolos. Portanto, importante saber qual o material foi efetivamente analisado, para a correta interpretao.

    80 O que o Sistema Integrado de Diagnose e Recomendao (Dris)?

    O Dris (em ingls, Diagnosis and Recommendation Integrated System) um sistema de avaliao do estado nutricional das culturas que se apoia basicamente em anlises qumicas de tecidos vegetais e nas relaes entre os diversos nutrientes.

    Tem como objetivo maior contribuir para recomendaes de adubaes mais adequadas correo de desequilbrios nutricionais, que podem comprometer a produo do ponto quantitativo e/ou qualitativo.

    81 Quais so as vantagens do uso do Dris na cultura do mamo?

    As principais vantagens do Dris resultam do fato de ele trabalhar as relaes entre nutrientes.

    Ressalva-se que os ndices calculados a partir das concentra-es dos nutrientes, tomados dois a dois, so considerados melho-res indicadores de desequilbrios nutricionais do que a concentra-o de um nutriente isoladamente.

  • 44

    Como consequncia, os mencionados ndices permitem uma avaliao mais acurada sobre as limitaes causadas pelos diversos nutrientes, tanto por deficincia quanto por excesso, possibilitando aes corretivas mais adequadas.

    82 Quais as principais limitaes para o uso do Dris?

    Para que possa ser adequadamente utilizado, o sistema depende de alguns requisitos fundamentais, como:

    Existncia de bases de dados amplas e confiveis sobre a cultura, de preferncia no mbito da regio produtora onde se pretende intervir, incluindo-se a a identificao de todos os fatores que afetam a produo (quantitativa e qualitativa).

    Estabelecimento e calibrao de normas ou dados de referncia.

    Acesso a recursos de informtica (computadores e programas especficos).

    A impossibilidade de atendimento a tais requisitos pode dificultar a utilizao do Dris como ferramenta de uso direto na orientao tcnica aos produtores rurais.

    83 O mamoeiro responde bem adubao orgnica?

    A cultura do mamo bastante responsiva aplicao de adubos orgnicos. Portanto, sempre que economicamente vivel, os produtores devem utilizar adubos orgnicos nos seus plantios.

    84 Quais so as vantagens dos adubos orgnicos para a cultura do mamoeiro?

    Os adubos orgnicos: Suplementam as plantas em elementos nutritivos.

  • 45

    Melhoram a capacidade de reteno de gua e nutrientes pelo solo.

    Favorecem a atividade microbiolgica do solo.

    Propiciam melhor agregao das partculas do solo, melhorando seu arejamento.

    Para suprir as necessidades de nutrientes das plantas, seriam necessrias quantidades elevadas de adubos orgnicos, o que inviabiliza seu uso exclusivo.

    85 Quais so os adubos orgnicos mais utilizados?

    Os adubos orgnicos mais utilizados nos plantios de mamoeiro so as tortas de mamona e cacau, estercos de gado e galinha, alm de outros compostos diversos. Normalmente, so utilizados os adubos orgnicos mais disponveis na regio, de modo a evitar o transporte a grandes distncias.

    86 importante saber a origem do esterco utilizado na adubao orgnica do mamoeiro?

    O conhecimento da origem do esterco de suma importncia, visto que alguns estercos podem conter elevados teores de sdio e potssio, que inibem a absoro de gua pela planta e de nutrientes como clcio e magnsio. Tambm podem apresentar herbicidas hormonais, que provocam toxidez s plantas de mamoeiro. Essas caractersticas so mais comuns em esterco proveniente de gado em confinamento.

    Adubos orgnicos mal fermentados tambm devem ser evitados, pois afetam a germinao das sementes nos viveiros e o desenvolvimento das mudas em campo, podendo at causar a morte de plantas.

  • 46

    87 Quais os procedimentos adotados em relao a adubos orgnicos mal fermentados (no curtidos)?

    Nesse caso, os adubos devem ser aplicados na cova com uma antecedncia mnima de 60 dias.

    88 Por que no se deve utilizar res-tos de mamoeiro como orgni-co para novos plantios?

    Adubos orgnicos produzidos a partir de restos de mamoeiro inibem o desenvolvimento de mudas do prprio mamoeiro.

    89 A adubao verde pode ser utilizada nos plantios de mamoeiro?

    Sim. A adubao verde pode ser utilizada, trazendo os seguintes benefcios:

    Aumenta o teor de nitrognio no solo.

    Melhora a estrutura do solo.

    Aumenta a capacidade de reteno de gua no solo e reduz a evaporao.

    Protege o solo contra a eroso e insolao.

    Melhora o ambiente para os microrganismos do solo.

    Melhora o aproveitamento de nutrientes pela decomposi-o de matria orgnica.

    Reduz as despesas com capinas.

    Eleva a capacidade de troca de ctions e o poder tampo do solo.

    No caso da ocorrncia de camadas adensadas no solo,

  • 47

    podem contribuir para o rompimento dessas camadas, em funo da agressividade do sistema radicular de algumas plantas utilizadas nessa prtica.

    90 Quais so as caractersticas desejveis de uma leguminosa empregada como adubo verde na cultura do mamo?

    As leguminosas empregadas como adubo verde devem ter as seguintes caractersticas:

    Rpido crescimento inicial para abafar as plantas invasoras e produzir grande quantidade de massa verde.

    Baixa exigncia em tratos culturais.

    Resistncia s pragas e doenas.

    Disponibilidade de sementes no mercado.

    Grande capacidade de fixao de nitrognio atmosfrico.

    Fcil incorporao ao solo.

    91 Por que a adubao verde no muito utilizada na cultura do mamoeiro?

    As principais restries so a falta de informaes sobre adequao das espcies s prticas de manejo da cultura do mamoeiro e falta de sementes de espcies avaliadas para as condies de clima e solo das regies produtoras de mamo no Brasil. A falta de ampla divulgao dos benefcios que a adubao verde propicia outra importante restrio.

    92 Qual o papel das leguminosas na substituio da adubao nitrogenada?

    As leguminosas fazem associaes com bactrias do gnero Rhizobium, incorporando em seus tecidos, por meio da fixao

  • 48

    biolgica, o nitrognio atmosfrico, que posteriormente aproveitado pela cultura explorada economicamente.

    93 A quantidade de nitrognio fixada pelas bactrias do gnero Rhizobium suficiente para suprir a necessidade do mamoeiro?

    No. O que a bactria fixa de nitrognio no o suficiente, havendo necessidade de complementao via adubao mineral.

    94 Para o estabelecimento de associaes mamoeiro x legu-minosas, quando devem ser plantadas as duas culturas?

    As leguminosas devem ser plantadas depois que o mamoeiro estiver estabelecido em campo, no mnimo 60 dias aps o transplantio das mudas.

    95 Quais as leguminosas que podem ser utilizadas em consorciao com o mamoeiro?

    Feijo-de-porco (Canavalia ensiformis), Crotalaria juncea, guand (Cajanus cajan) e caupi (Vigna sp.), entre outras.

    96 Quais os cuidados que se deve ter no estabelecimento do consrcio mamoeiro x leguminosas?

    As leguminosas podem competir por gua com o mamoeiro e, por isso, em plantios no irrigados s se deve plantar leguminosas de ciclo curto e na poca das chuvas.

    No devem ser utilizadas leguminosas que possuam hbito grimpante agressivo, como as mucunas, feijo-bravo-do-Cear e kudzu tropical, pois o controle difcil e oneroso.

  • 49

    97 O que so micorrizas e como elas podem favorecer o crescimento e produo do mamoeiro?

    As micorrizas so estruturas originadas da associao entre as razes e fungos benficos, formando uma rede no solo, que aumenta a capacidade da planta de absorver nutrientes que tenham baixa mobilidade no solo, a exemplo do zinco, do cobre e principalmente do fsforo. Tambm pode ocorrer maior absoro de potssio, que um nutriente bastante exigido pela cultura.

    98 As associaes micorrzicas beneficiam igualmente todas as variedades de mamoeiro?

    As associaes micorrzicas tendem sempre a ser benficas para o mamoeiro, contudo umas variedades podem se beneficiar mais do que outras. Por exemplo: o hbrido Tainung n 1 apresenta menor produo de razes do que as variedades Sunrise Solo e Improved Sunrise Solo Line 72/12, gerando maior necessidade de associao com fungos micorrzicos.

  • 51

    3 Propagao e Produo de Mudas

    Joo Roberto Pereira OliveiraAldo Vilar Trindade

    Marcelo Bezerra LimaJorge Luiz Loyola Dantas

  • 52

    99 Quais as formas de propagao do mamoeiro?

    O mamoeiro pode ser propagado por meio de sementes, estaquia e enxertia.

    100 Qual o mtodo de propagao mais utilizado?

    Para as condies brasileiras, o uso de sementes o meio de propagao mais utilizado, por ser um mtodo barato e de fcil execuo.

    101 As sementes podem ser retiradas de qualquer planta de mamoeiro?

    No. As sementes s podem ser retiradas de linhagens ou linhas puras, como as cultivares:

    Sunrise Solo.

    Improved Sunrise Solo Line 72/12.

    Golden.

    Taiwan.

    Kapoho Solo.

    Waimanalo.

    Higgins.

    Baixinho de Santa Amlia.

    102 Quem produz as sementes de cultivares do grupo Solo?

    O prprio produtor pode produzir sementes de variedades do grupo Solo, haja vista que so linhas puras.

  • 53

    103 Quem produz as sementes do hbrido F1 Tainung n 1?

    As sementes do hbrido F1 Tainung n 1 so produzidas em Taiwan, na sia, a partir de parentais mantidos sob rigoroso sigilo.

    104 Como podem ser adquiridas as sementes do hbrido F1 Tainung n 1?

    Por se tratar de um hbrido F1, as sementes devem ser adquiridas a cada novo plantio em estabelecimentos comerciais agrcolas, evitando-se a segregao gentica em geraes F2, F3, Fn etc.

    105 Quais os caracteres que devem ser observados visando seleo de plantas para a retirada de sementes?

    As sementes devem ser retiradas de frutos provenientes de flo-res autopolinizadas, produzidas por plantas hermafroditas, de boa sanidade, baixa altura de insero das primeiras flores, precocidade, alta produtividade e que produzam frutos comerciais tpicos da varie-dade, ou seja, frutos piriformes provenientes de flores hermafroditas.

    Esse processo deve ser contnuo, executado ao longo de todo o ciclo da cultura. No se deve retirar sementes de plantas que apresen-tem carpeloidia, pentandria e esterilidade de vero.

    106 Por que devem ser evitados frutos carpeloides e/ou pentndricos?

    Esses frutos no so aceitos comercialmente e, dessa forma, tm de ser desbastados precocemente.

    107 Como se faz a retirada de sementes do fruto de mamoeiro?

    Para a retirada de sementes: Os frutos devem ser colhidos maduros.

  • 54

    Os frutos devem ser cortados superficialmente com uma faca no muito afiada, para no danificar as sementes.

    Com o auxlio de uma colher, as sementes devem ser retiradas, colocadas em uma peneira e lavadas em gua corrente, para retirar a mucilagem que as envolve.

    Logo aps, deve-se formar uma camada fina de sementes sobre folhas de jornal ou sobre pano, que absorve o excesso de umidade, deixando-se secar sombra.

    108 Em quanto tempo as sementes coletadas podero ser utilizadas?

    Aps 2 a 3 dias as sementes j podem ser plantadas ou ento tratadas com fungicidas e postas sob conservao.

    109 Qual o mtodo de conservao das sementes?

    As sementes so conservadas em sacos plsticos, na parte inferior de ge-ladeiras domsticas (6 C a 8 C).

    110 Por quanto tempo as sementes podem ser conservadas em geladeiras domsticas?

    As sementes podem ser conservadas por um perodo de 6 a 12 meses.

    111 Por que deve ser realizado o isolamento das flores hermafroditas no processo de produo de sementes?

    Para evitar contaminao por plen estranho. Existindo cultivares diferentes plantadas a distncias inferiores a 2 km das

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    plantas matrizes hermafroditas, utilizadas para coleta de sementes, estas devero ter suas flores protegidas.Nota: considera-se 2 km o correspondente mxima disperso do plen do mamoeiro pelos agentes polinizadores.

    112 Como feito o isolamento das flores hermafroditas?

    Deve-se isolar as flores com sacos de papel para o controle da polinizao.

    Como as flores selecionadas so hermafroditas, vo se autopolinizar, assegurando a carga gentica da planta selecionada, evitando contaminao por plen de plantas que apresentem caractersticas indesejveis.

    Quando o fruto estiver formado, o saco de papel deve ser retirado, identificando-se o fruto com um barbante ou fio colorido.

    113 Qual o recipiente mais utilizado para a produo de mudas?

    Em alguns casos, ainda se usa a germinao em leiras ou canteiros, com posterior repicagem para os recipientes de produo de mudas.

    Entretanto, normalmente a semeadura feita em sacos plsti-cos, bandejas de isopor e tubetes.

    O saco de polietileno o mais utilizado, nas dimenses de 7,0 cm x 18,5 cm x 0,006 cm ou 15 cm x 25 cm x 0,006 cm, correspondentes a largura, altura e espessura, respectivamente.

    114 Qual o substrato mais utilizado para produo de mudas de mamoeiro?

    Utiliza-se como substrato uma mistura de terra, areia e esterco de curral curtido na proporo de 3:1:1 ou 2:1:1. Quando se tem uma terra mais arenosa no h necessidade de adio da areia.

    Como alternativa mais cara, porm de fcil utilizao o substrato obtido por compostagem de materiais vegetais e estrumes

  • 56

    curtidos, enriquecido com fertilizantes. Trata-se de um substrato seguro em relao a contaminantes de solo, equilibrado em nutrientes, com textura fina e leve.

    115 H necessidade de complementao mineral do solo?

    Recomenda-se por 1 m (1.000 L) de substrato a utilizao de: 540 g a 720 g de P2O5 (preferencialmente na forma de superfosfato simples), 200 L a 300 L de esterco de curral e 10 kg a 15 kg de calcrio dolomtico.

    sempre conveniente a anlise do solo utilizado para o preparo do substrato, de modo que se possa fazer ajustes nas recomendaes, se necessrio.

    Apesar de ser uma prtica comum, a complementao mineral com fsforo e potssio no necessria se o esterco estiver bem curtido e for aplicado na proporo recomendada.

    116 Quais os cuidados que se deve ter com o preparo do subs-trato para minimizar o aparecimento de doenas?

    O substrato deve ser trata-do para eliminar a ocorrncia de patgenos que causam do-enas nas fases da germinao e no desenvolvimento inicial das mudas, como os fungos Pythium, Fusarium, Rhizoctonia e Phytophthora.

    117 Como pode ser feito o tratamento do substrato?

    O preparo de substratos fundamental para a obteno de mudas de qualidade. Alm de ter caractersticas fsicas e nutricionais adequadas, necessrio que o substrato seja isento de microrganismos fitopatognicos, causadores de doenas nas plantas.

  • 57

    Como alternativa, em contraposio aos produtos qumicos, uma boa ferramenta para tratar o solo o solarizador que consiste, basicamente, de uma caixa de madeira com tubos metlicos ou de PVC e uma cobertura de plstico transparente, que permite a entrada dos raios solares.

    O solo colocado nos tubos pela abertura superior e, aps o tratamento de um dia de radiao plena, retirado pela parte inferior, podendo ser imediatamente utilizado.

    O solarizador tem a finalidade de controlar as doenas causadas por microrganismos habitantes do solo em substituio a produtos qumicos que contaminam o ambiente e causam riscos aos agricultores.

    118 Para a produo de mudas em tubetes, pode ser utilizado o mesmo substrato?

    No. Deve-se utilizar substratos leves, sem adio de terra, formados pela mistura de diversos tipos de resduos orgnicos como turfa, vermiculita, esterco, casca de rvores e vermicomposto. Nesses casos, por ser o volume do tubete muito pequeno, a complementao mineral necessria.

    119 Quais as vantagens da produo de mudas em tubetes?

    As vantagens das mudas produzidas em tubetes so:

    Mais facilidade no transporte.

    Menos gasto de substrato.

    Ocupao de menos espao no viveiro.

    Uso de menos mo de obra.Entretanto, a muda tem de estar bem

    enraizada para permitir a sua retirada com o substrato aderido s razes.

  • 58

    120 Onde o viveiro deve ser construdo?

    O viveiro deve ser instalado em local de fcil acesso, em terreno de boa drenagem, plano ou levemente ondulado, distante de outros plantios de mamoeiro ou estradas e prximos a fontes de gua de boa qualidade.

    121 Como os viveiros podem ser construdos?

    Os viveiros podem ser feitos a cu aberto, com cobertura alta (aproximadamente 2 m) ou com cobertura baixa (apro-ximadamente 80 cm do solo), que ainda mais eco-nmica e protege apenas os canteiros.

    122 Quais os materiais que podem ser utilizados, a baixo custo, para fazer a cobertura do viveiro?

    Nos viveiros cobertos pode-se utilizar materiais como folhas de palmeiras, capins e ripados de bambu ou madeira, procu-rando-se, neste ltimo caso, orientar as ripas no sentido Norte-Sul.

    123 Qual a quantidade de luz solar que deve penetrar pela cobertura do viveiro?

    Qualquer que seja a cobertura utilizada, dever permitir que as mudas recebam 50% de radiao solar. Essa cobertura deve ser eliminada medida que as mudas se aproximam da poca de plantio, o que indica que coberturas fixas no so apropriadas.

  • 59

    124 Qual deve ser o tamanho das leiras ou canteiros?

    As leiras ou canteiros devem ter de 1,00 m a 1,20 m de largura e comprimento varivel, dependendo das dimenses do viveiro.

    Entre elas deve-se deixar um corredor de 0,50 m ou 0,60 m, que permita ao viveirista o deslocamento necessrio realizao dos tratos culturais e fitossanitrios.

    125 Como deve ser feita a semeadura de cultivares do grupo Solo?

    Para as cultivares do grupo Solo, so colocadas 2 a 3 sementes por saco, garantindo, assim, a germinao de pelo menos uma semente.

    126 Como deve ser feita a semeadura do hbrido F1 Tainung n 1?

    Para o hbrido do grupo Formosa, por causa do elevado custo das sementes, em geral se planta apenas uma semente por saco.

    127 Quantas mudas excedentes devem ser produzidas para assegurar um plantio uniforme?

    Deve-se produzir um excedente de aproximadamente 15% de mudas em relao ao plantio previsto, para compensar falhas na germinao, perdas no viveiro e replantio no campo.

    128 Como definir a quantidade de sementes necessria implantao de um hectare de mamoeiro com cultivares do grupo Solo, no espaamento de 3,0 m x 2,0 m?

    Para implantao de pomar com variedades do grupo Solo, deve-se considerar que:

    Um grama de sementes da cultivar Sunrise Solo contm

  • 60

    aproximadamente 60 sementes.

    Um hectare de mamoeiro no espaamento 3,0 m x 2,0 m contm 1.666 plantas.

    Sero utilizadas 2 sementes por saquinho, no viveiro, e 2 mudas por cova, no campo.

    Ser produzido um excedente de 15% de mudas.Aplica-se a frmula:

    V-se que sero necessrios 130 g de sementes para o plantio de um hectare de mamoeiro.

    Nessas mesmas condies, caso sejam utilizadas trs sementes por saquinho, no viveiro, e trs mudas por cova, no campo; devem ser adquiridos 300 g de sementes para o plantio de um hectare de mamoeiro.

    129 Como definir a quantidade de sementes necessria implantao de um hectare de mamoeiro com variedades do grupo Formosa, no espaamento de 3,0 m x 3,0 m?

    Para a implantao de pomar com hbrido do grupo Formosa, deve-se considerar que:

    Um grama de sementes do hbrido Tainung n 1 contm aproximadamente 60 semen-tes.

    Um hectare de mamoeiro no espaamento 3,0 m x 3,0 m contm 1.111 plantas.

    Ser utilizada uma semente por saquinho, no viveiro, e uma muda por cova, no campo.

  • 61

    Ser produzido um excedente de 15% de mudas.

    Aplica-se a frmula:

    V-se que sero necessrios 22 g de sementes para o plantio de um hectare de mamoeiro.

    130 Com quantos dias as sementes de mamoeiro comeam a germinar?

    A germinao ocorre aproximadamente 10 a 20 dias aps a semeadura. Esse perodo varia de acordo com a temperatura do ambiente.

    131 Quais as prticas culturais empregadas na produo de mudas do mamoeiro?

    As prticas culturais so:

    Desbaste no viveiro.

    Controle fitossanitrio.

    Irrigao.

    Seleo de mudas.

    Adubao.

    Plantio em campo.

    132 Em que consiste o desbaste de mudas no viveiro?

    O desbaste consiste na eliminao de mudas excedentes em cada saquinho, deixando-se apenas uma muda por saco, a mais vigorosa.

  • 62

    133 Quando deve ser feito o desbaste de mudas no viveiro?

    O desbaste deve ser feito quando as mudas apresentarem altura de 3 cm a 5 cm.

    134 Mudas desbastadas podem ser utilizadas de alguma forma?

    As mudas desbastadas podem ser aproveitadas, replantando-as nos saquinhos em que ocorreu completa falha de germinao.

    135 Quantas vezes por dia devem ser irrigados os viveiros com cobertura?

    Em viveiros cobertos, as irrigaes devem ser dirias, sem excessos.

    Para evitar danos s mudas, deve-se usar preferencialmente sistemas de irrigao que causem baixo impacto, como irrigadores com crivos finos ou sistemas de microasperso.

    136 Quantas vezes por dia devem ser irrigados os viveiros sem cobertura?

    No perodo menos chuvoso, os viveiros descobertos devem ser irrigados no mnimo duas vezes ao dia.

    137 Quando deve ser iniciada a seleo das mudas para o plantio?

    A seleo das mudas para o plantio deve ter incio entre 20 e 30 dias aps a germinao das sementes.

    As mudas devem: Ser vigorosas.

    Estar livres de pragas e doenas.

    Ter altura de 15 cm a 20 cm.

  • 63

    138 Com quantos dias a muda est pronta para ir ao campo?

    Considerando o incio da semeadura, uma muda estar pronta para ser levada ao campo com 30 a 50 dias.

    139 Como deve ser feito o transporte de mudas de mamoeiro?

    O transporte de mudas de mamoeiro deve ser feito em contentores de madeira ou plsticos. Caso sejam utilizados caminhes para o transporte dos contentores, a carroceria deve ter alguma cobertura para proteger as mudas da ao dos ventos e dos raios solares.

    140 Em que consiste o mtodo de propagao do mamoeiro por estaquia?

    Consiste na propagao vegetativa do mamoeiro a partir de brotaes laterais.

    um mtodo com grande potencial de aplicao comercial, pois possibilita a obteno de plantas novas, completas e com alta fidelidade gentica, alm de favorecer uma maior precocidade de frutificao, quando comparadas com plantas obtidas por meio de sementes.

  • 65

    4 Plantio, Tratos Culturais e Culturas Intercalares

    Joo Roberto Pereira OliveiraJos Eduardo Borges de Carvalho

    Marcelo Bezerra Lima

  • 66

    141 Os plantios de mamoeiro podem ser realizados em qualquer poca do ano?

    Sim, desde que os plantios estejam sob condies de irrigao.

    142 Que condies devem ser observadas para plantio do mamoeiro em reas no irrigadas?

    Em reas sem irrigao, as mudas devem ser levadas para campo no incio das chuvas e plantadas em dias nublados ou chuvosos.

    143 A produo se inicia quantos meses aps o plantio?

    O mamoeiro inicia sua produo cerca de 8 a 10 meses aps o plantio das mudas no campo, dependendo da regio.

    144 A implantao da lavoura pode ser planejada para iniciar a produo quando os preos do mamo estiverem em alta?

    Por ser uma fruteira de ciclo relativamente curto, e conside-rando que a produo inicia em torno de 8 a 10 meses aps o plantio, pode-se planejar a implantao da lavoura de forma a iniciar a produo quando os preos do mamo estiverem em alta e, dessa forma, obter maior nmero de colheitas com melho-res preos.

  • 67

    145 Todos os plantios de mamoeiro podem ser planejados para direcionar a produo para pocas de preos mais elevados?

    No. Somente os plantios irrigados ou que se encontrem em regies com boa distribuio pluviomtrica permitem tal planeja-mento.

    146 A vegetao nativa deve ser queimada no preparo da rea para o plantio do mamoeiro?

    No. A vegeta-o nativa no deve ser queimada, pois o fogo provoca a des-truio da matria or-gnica e dos microrga-nismos do solo.

    O desmatamento deve ser realizado cortando-se, inicial-

    mente, as plantas de porte mais elevado para o aproveitamento da madeira e, em seguida, procedendo-se a derrubada de vege-tao remanescente, utilizando-se tratores ou meios manuais.

    importante atentar para a legislao especfica quanto ao desmatamento.

    147 Quais fatores podem influenciar na determinao do espaamento?

    O espaamento pode variar principalmente em funo de: Tipo de solo.

    Sistema de cultivo.

    Clima.

  • 68

    Cultivar.

    Tratos culturais.

    148 Qual o procedimento a ser adotado para a marcao da rea se o terreno for plano?

    Marcar as linhas no sentido de maior comprimento do terreno para facilitar os trabalhos das mquinas agrcolas.

    149 Qual o procedimento a ser adotado para marcao da rea se o terreno for declivoso?

    Marcar as linhas de plantio de acordo com as curvas de nvel.

    150 Como se faz a marcao da rea de cultivo e do local das covas?

    Para a marcao da rea, usa-se o princpio do tringulo-retngulo:

    Faz-se um tringulo com lados de 3 m, 4 m e 5 m para orientao das duas linhas bsicas.

    Crava-se um piquete ao solo e estende-se uma linha, no sentido Leste/Oeste, usando-se um arame de 4 m.

    No sentido Norte/Sul, coloca-se outro piquete, a uma distncia de 3 m; o outro lado do tringulo deve ter, portanto, 5 m.

    Aps a orientao das linhas bsicas, procede-se marcao da rea usando-se arames e piquetes, nos espaamentos recomendados para o plantio da cultura, sendo executadas manualmente ou com a utilizao de teodolito, no caso de grandes reas.

  • 69

    151 Como ocorre a distribuio de fileiras no plantio do mamoeiro?

    O mamoeiro pode ser plantado nos sistemas de fileiras simples e fileiras duplas.

    152 Quais os espaamentos mais indicados no sistema de fileiras simples?

    Os espaamentos de plantio no sistema de fileiras simples variam de 3,00 m a 4,00 m entre linhas e de 1,80 m a 2,50 m entre plantas dentro das linhas.

    153 Quais os espaamentos mais indicados no sistema de fileiras duplas?

    No sistema de fileiras duplas, os espaamentos entre duas fileiras variam de 3,60 m a 4,00 m e, entre plantas dentro das fileiras, de 1,80 m a 2,50 m.

    154 Quais os espaamentos recomendados para variedades do grupo Solo no sistema de fileiras simples?

    Recomenda-se utilizar os espaamentos de 3,00 m x 2,00 m a 3,00 m x 2,50 m.

    155 Quais os espaamentos recomendados para variedades do grupo Solo no sistema de fileiras duplas?

    Devem ser utilizados os espaamentos de:

    4,0 m x 2,0 m x 2,0 m.

  • 70

    4,0 m x 2,0 m x 1,8 m.

    4,0 m x 1,8 m x 1,8 m.

    3,8 m x 2,0 m x 2,0 m.

    3,8 m x 2,0 m x 1,8 m.

    3,6 m x 2,0 m x 2,0 m.

    3,6 m x 1,8 m x 1,8 m.

    156 Qual o espaamento recomendado para hbridos do grupo Formosa no sistema de fileiras simples?

    Recomenda-se a adoo do espaamento 4,0 m x 2,0 m.

    157 Qual o espaamento indicado para hbridos do grupo Formosa no sistema de fileiras duplas?

    Deve ser utilizado o espaamento de 4,0 m x 2,5 m x 2,5 m.

    158 Por que no se deve utilizar espaamentos menores que os recomendados?

    Deve-se evitar espaamentos menores do que os recomenda-dos, pois as plantas tendem a ficar muito altas quando adensadas.

    159 O que deve ser feito no caso de se utilizar espaamentos entre as linhas que no permitam o trfego de mquinas?

    Neste caso, deve ser deixada a cada 4 a 6 linhas uma distncia maior, compatvel com o trfego de mquinas e implementos, para facilitar os trabalhos de adubao, controle de doenas e pragas, colheita e transporte de frutos.

  • 71

    160 Como feito o plantio do mamoeiro?

    Alm do plantio em covas, o mamoeiro pode tambm ser plantado em camalhes ou em sulcos, que so abertos com o auxlio de tratores, a uma profundidade de 30 cm a 40 cm.

    161 Qual a dimenso das covas para o plantio?

    As covas devem apresentar dimenses de 30 cm x 30 cm x 30 cm.

    162 Qual o perodo mais indicado para a abertura das covas?

    O preparo das covas deve ser feito um ms antes do plantio.

    163 Como so feitas a abertura, a adubao e o enchimento da cova?

    A abertura da cova consiste na formao de uma estrutura arejada que permita muda o seu desenvolvimento inicial. Para isso, utilizam-se cavadores simples ou articulados, enxadas e trados mecnicos.

    Na ocasio da abertura, mistura-se a camada superficial da terra com a quantidade de adubo fosfatado e orgnico definida pela anlise de solo. Essa mistura colocada no fundo da cova, ao passo que a terra da camada inferior usada para completar o enchimento. A superfcie da cova deve ficar no mesmo nvel do solo.

    164 Como deve ser o procedimento do plantio?

    No campo, as mudas devem ser retiradas com torro dos recipientes (sacos de polietileno ou tubetes) e colocadas na cova ou no sulco, com o colo (regio de transio entre o caule e as razes)

  • 72

    da planta ao nvel do solo. Em seguida, deve-se aproximar terra s mudas, comprimindo-as com cuidado.

    165 Por que, no caso de variedades do grupo Solo, devem ser plantadas trs mudas por cova?

    Devem ser plantadas trs mudas por cova para que haja maior probabilidade de que uma dessas mudas tenha flores hermafroditas, que originam frutos com formato piriforme, de maior valor comercial.

    166 Como deve ser feita a disposio das trs mudas de variedades do grupo Solo na cova?

    As mudas devem ser dispostas na cova com uma distncia de 20 cm uma das outras, formando um tringulo.

    Quando o plantio for em sulcos, as mudas devem ser plantadas no sentido da linha do sulco.

    167 Quantas mudas por cova devem ser plantadas para hbridos do grupo Formosa?

    Para os mamoeiro do grupo Formosa, planta-se apenas uma muda por cova em funo do elevado custo das sementes, que so importadas.

    168 Em que consiste o processo de sexagem das mudas?

    A sexagem das mudas um processo de identificao do sexo da planta.

    Eliminam-se duas das trs plantas do grupo Solo plantadas por cova (desbaste), por ocasio do florescimento, deixando-se na cova apenas a muda que possuir a flor hermafrodita.

  • 73

    169 Como feita a identificao do sexo das plantas para o desbaste?

    feita por anlise visual da morfologia da flor.

    170 Por que o desbaste de plantas s feito prioritariamente em mamoeiros do grupo Solo?

    Porque somente em lavouras com variedades deste grupo so plantadas duas a trs mudas por cova e pelo fato de o consumidor de mamo Solo absorver principalmente frutos provenientes de plantas hermafroditas.

    171 O que deve ser considerado na escolha de uma cultura intercalar para o mamoeiro?

    Devem ser observados vrios aspectos, tais como: Identificao de cultu-

    ras apropriadas.

    Espaamentos compat-veis.

    Ciclo da cultura.

    Sistema de manejo das culturas associadas.

    172 O mamoeiro pode ser consorciado com culturas permanentes?

    Por apresentar um ciclo relativamente curto, em mdia 2 a 3 anos de vida, o mamoeiro pode ser consorciado com culturas per-manentes, as quais sero formadas a um custo relativamente baixo, uma vez que a irrigao, limpeza do mato e adubao podero ser comuns s culturas consorciadas.

  • 74

    173 O mamoeiro pode ser consorciado com culturas de ciclo curto?

    Sim. Verificam-se em pomares comerciais vrios consrcios de mamoeiro com plantas de ciclo mais curto, a exemplo de milho, arroz, feijo, batata-doce, amendoim, leguminosas para adubao verde etc.

    174 Por que no devemos plantar mamoeiro em consrcio com cucurbitceas (abbora, melancia, melo, pepino etc.)?

    Essas plantas no podem ser consorciadas com mamoeiro por serem hospedeiras dos pulges, que transmitem o vrus da mancha- anelar.

    175 Quais so as principais culturas utilizadas em consrcio com o mamoeiro?

    O mamoeiro utilizado como cultura intercalar nos plantios de acerola, macadmia, caf, abacate, graviola, manga, citros, coco e goiaba, principalmente.

    176 Qual a forma mais tcnica e econmica para se fazer o controle de plantas daninhas?

    O controle integra-do, pela associao de mtodos qumicos, mec-nicos e biolgico, tecni-camente uma das formas mais econmicas de con-trole das plantas daninhas.

  • 75

    No perodo de deficincia de gua no solo (estresse hdrico), deve-se usar herbicidas ps-emergentes na linha de plantio e grade/herbicida e/ou roadeira nas ruas.

    No perodo das guas pode-se manter a vegetao natural roada ou plantar leguminosas nas ruas.

    177 Como deve ser feito o controle das plantas daninhas no pomar de mamoeiro?

    O controle das plantas infestantes pode ser feito mediante capinas manuais ou mecanizadas, com o uso de grades ou roadeiras, ou ainda, com capina qumica, preferencialmente com herbicidas ps-emergentes para formao de cobertura morta protetora do solo.

    178 O uso de grades recomendado at quantos meses aps o plantio do mamoeiro?

    Em caso estritamente necessrio, a utilizao de grades s pode ser feita at o sexto ms aps o plantio. Deve ser evitado o uso de grade no controle do mato em mamoeiro plantado nos solos mistos como os dos Tabuleiros Costeiros.

    Dentro de um enfoque mais moderno e conservacionista, deve- se manejar coberturas vegetais, como leguminosas ou a prpria vege-tao espontnea (plantas companheiras), no controle integrado de plantas infestantes.

    Nas pocas de muita deficincia de gua no solo, nos plantios de sequeiro, recomenda-se a roagem dessas coberturas para forma-o de cobertura morta, evitando sua competio por gua com o mamoeiro.

    179 Quais so os cuidados que se deve ter para que a capina qumica no prejudique o desenvolvimento do mamoeiro?

    Deve-se ter os seguintes cuidados: Evitar o contato do herbicida com as partes verdes da casca

    da planta ou das folhas, pois o mamoeiro altamente

  • 76

    sensvel a diversos herbicidas, em especial aos sistmicos, que se translocam junto com a seiva elaborada at os stios de ao.

    Fazer as pulverizaes com cuidado, especialmente nos dias de vento.

    Regular o pulverizador para garantir a aplicao da dose adequada dos herbicidas, evitando fitotoxicidade ao mamoeiro.

    180 Qual o perodo do ano no qual o produtor deve concentrar o controle das plantas infestantes nas linhas da cultura do mamo nas condies dos Tabuleiros Costeiros?

    Estima-se como o mais indicado para essa regio o perodo a partir de setembro/outubro at abril/maio do prximo ano.

    181 Por que as brotaes laterais ao longo da haste do mamoeiro devem ser eliminadas?

    A eliminao das brotaes laterais (desbrota) deve ser efetuada para evitar a reduo no crescimento das plantas, pela concorrncia por nutrientes e gua, e maior incidncia de doenas e pragas, especialmente o caro-branco.

    182 Quando deve ser realizada a desbrota?

    A desbrota deve ser realizada a partir dos 30 dias aps o plantio, com repetio da prtica sempre que necessrio.

  • 77

    183 Por que se recomenda o desbaste de frutos?

    Essa prtica tem por finalidade a eliminao de frutos defeituosos, com tamanho reduzido e com pednculos muito curtos, pois a forma, o tamanho e o peso dos frutos so fatores limitantes na comercializao do mamo.

    184 Quando deve ser iniciado o desbaste dos frutos?

    Essa prtica deve ser implementada a partir do incio da frutificao.

    185 Qual deve ser a periodicidade de realizao do desbaste de frutos?

    O desbaste de frutos deve ser feito pelo menos uma vez por ms, com frutos ainda verdes e pequenos.

    186 Quantos frutos devem ser deixados por axila?

    Como norma de orientao ao desbaste, recomenda-se que sejam deixados um ou dois frutos por axila.

    187 Por que no inverno (perodo de chuvas ou mais frio) a prtica de desbaste mais exigida?

    Por causa do maior intervalo entre o florescimento e a maturao do fruto.

    188 Quanto tempo o fruto demora para amadurecer?

    O tempo de maturao dos frutos pode variar entre 140 a 180 dias e, em regies mais frias, pode at levar 210 dias entre o florescimento e a colheita dos frutos.

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    Como os frutos demoram mais tempo para amadurecer no outono/inverno; nesse perodo, eles crescero bem mais que aqueles que se desenvolvem no vero.

    189 Qual o perodo de vida til de um pomar de mamoeiros?

    O perodo de vida til de um pomar economicamente vivel varia de 2,5 a 3 anos, a depender dos tratos culturais e fitossanitrios dispensados lavoura.

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    5 Irrigao e Fertirrigao

    Eugnio Ferreira CoelhoJos Geraldo Ferreira da SilvaLuiz Francisco da Silva Souza

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    190 O que tem levado os produtores de mamo a adotar a irrigao como tecnologia indispensvel?

    A instabilidade climtica, que tem resultado em dficits hdricos nos solos cada vez mais acentuados, no tem permitido o suprimento adequado de gua cultura do mamoeiro. Dessa forma, para no ficar merc das chuvas e dar maior segurana ao investimento, os produtores tm optado pela expanso dos plantios sob condies de irrigao.

    191 Em regies onde a precipitao supera 1.200 mm, necessria a irrigao?

    Nas regies de alta demanda evapotranspiromtrica (semiri-do), mesmo a esse nvel de precipitao anual, necessrio irrigar se a precipitao mensal for inferior a 80 mm/ms.

    Nas outras regies, a irrigao ser necessria, principalmente no vero, se a precipitao mensal for inferior a 60 mm/ms.

    192 Quais so as vantagens da irrigao nos plantios de mamoeiro?

    A irrigao corrige o dficit hdrico do solo, permitindo que a planta mantenha um fluxo de gua e nutrientes do solo para as folhas. Isso faz com que as plantas fiquem mais vigorosas, com frutos de maior tamanho e de melhor qualidade, e com uma maior cobertura de folhas.

    Todas essas vantagens so tradu-zidas no aumento da produtividade e na melhor qualidade da fruta. Outra vantagem adicional a distribuio de adubos via gua de irrigao.

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    193 Qual o aumento de produtividade em reas irrigadas?

    No mamoeiro Sunrise Solo, a produtividade em reas de sequeiro , em mdia, de 45 t/ha/ano, enquanto em reas irrigadas essa mdia varia de 60 t/ha/ano a 90 t/ha/ano.

    194 Quais os cuidados que o produtor deve ter para a adoo da tecnologia de irrigao?

    A adoo de irrigao no mamoeiro deve ser respaldada por recomendaes adequadas de manejo de gua, que levam em considerao o clima, o solo, o sistema de irrigao e a qualidade da gua. S assim possvel o uso racional dela, isto , em nveis que resultem em alta produtividade fsica e econmica da cultura.

    195 Quais os mtodos de irrigao que podem ser utilizados no mamoeiro e quais os mais indicados?

    Os mtodos de irrigao utilizados para a cultura do mamoeiro so os mais variados, desde a irrigao por superfcie at a irrigao localizada.

    Os mais indicados so o gotejamento e a microasperso, pois permitem maior uniformidade na distribuio com baixa presso, no causando danos planta, e propiciam maior economia de gua.

    196 Por que os mtodos de irrigao por superfcie no so comuns para a cultura do mamoeiro?

    Em virtude principalmente da baixa eficincia, com gastos elevados de gua para compensar as perdas por percolao, alm da maior mo de obra requerida.

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    197 Quais so os parmetros que devem ser observados na implantao de um sistema de irrigao por superfcie em uma rea de mamoeiro?

    Os mtodos de irrigao por superfcie no tm sido comuns mas, se usados, deve ser dada ateno especial reteno de gua, textura do solo e topografia do terreno.

    As melhores condies para o sistema de irrigao por superfcie so: solos de textura mdia a argilosos e com pequena declividade (menor que 4%), sem irregularidades (ondulaes, ou altos e baixos).

    198 E a asperso convencional, poderia ser utilizada? Como?

    A asperso convencional pode e tem sido usada tanto funcionando com aspersores convencionais, como com uso de sistemas mveis (autopropelido e piv central).

    Para a asperso convencional, recomenda-se aspersores de baixa presso sob copa, no caso espaados de 12 m x 12 m, com presso de 200 kPa a 350 kPa e vazo de 0,6 m/h a 0,9 m/h.

    199 O piv central tem sido usado na cultura do mamoeiro?

    Sim. O piv central tem sido usado em algumas regies produtoras. Os mais comuns so dimensionados para uma rea de aproximadamente 53 ha. No caso do piv central ou linear, os sistemas vm considerar a localizao do jato dgua prximo das plantas ou entre as plantas a meia altura do solo medium elevation spray application (Mesa) e low elevation spray application (Lesa) , ou mesmo trazendo os tubos de descida junto ao solo low energy precision application (Lepa).

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    200 Que outro sistema de irrigao por asperso pode ser utilizado em plantios de mamoeiro?

    O autopropelido tambm tem sido usado na irrigao do mamoeiro, nas presses entre 500 kPa a 800 kPa, irrigando, normalmente, uma faixa de 100 m x 400 m, a uma taxa de aplicao de 5 mm/h a 35 mm/h, correspondendo a vazes entre 30 m/h a 200 m/h.

    201 Quais os problemas provocados pelos mtodos de asperso com alta presso nos plantios de mamoeiro?

    O impacto do jato de gua com a planta contribui para o aumento da queda das flores e propicia condies microclimticas favorveis ao apareci-mento de doenas e pragas.

    Alm disso, pode resultar em baixa uniformidade na distribuio e acarretar altos teores de gua no solo em alguns setores, resultando em queda de produtividade.

    202 Qual o sistema de irrigao localizada mais adequado ao mamoeiro, o gotejamento ou a microasperso?

    Os sistemas de gotejamento e microasperso podem fornecer planta o mesmo volume de gua, mas em rea ou volume de solo diferentes. Na microasperso a rea molhada superior ao gotejamento, com maior volume de solo para crescimento das razes. Microasperso com emissores de vazo superior a 50 L/h resultam em maior produtividade que o sistema de gotejamento com uma linha lateral por fileira de plantas e em produtividades prximas s obtidas sob gotejamento com duas linhas laterais por fileira de planta e emissores em faixa contnua.

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    203 Quais as faixas de presso e vazo de funcionamento dos microaspersores?

    O sistema de microasperso pode funcionar com presses, que variam de 100 kPa a 300 kPa, e vazes variando de 30 L/h a 175 L/h.

    204 Quais as disposies mais comuns dos microaspersores em mamoeiro?

    As disposies so normalmente de um microaspersor para duas a quatro plantas, sendo esperada uma uniformidade de distribuio de gua acima de 85%.

    205 Quais as faixas de presso e vazo de funcionamento do sistema de irrigao por gotejamento?

    O gotejamento funciona na faixa de presso de 50 kPa a 250 kPa, emitindo gua a vazes que variam de 1 L/h a 8 L/h.

    206 Considerando o gotejamento e a microasperso, qual o sistema mais indicado para o mamoeiro?

    A microasperso promove melhores condies nas relaes solo-gua-planta para o desenvolvimento e produo do ma